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Hip Nose

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NEUROFISIOLOGIA DA DOR E TÉCNICAS DE MODULÇAO COM HIPNOSE – NEUROPSICOLOGIA SEM NEURA 1

Sumário
Neurofisiologia da Hipnose ..........................................................................................................4
Relaxamento, Imaginação e Indução Hipnótica .....................................................................12
O que é Hipnose? .......................................................................................................................15
Teorias de estado ...................................................................................................................15
Teorias de Não Estado ............................................................................................................16
Posso ser hipnotizado?...........................................................................................................17
Tipos De Hipnose........................................................................................................................18
Breve História Da Hipnose ......................................................................................................19
Mitos da Hipnose .......................................................................................................................22
Conceito De Hipnose ..................................................................................................................23
Características Psicológicas ....................................................................................................23
Vamos Começar! ........................................................................................................................23
Etapas Da Hipnose..................................................................................................................24
Rapport ..............................................................................................................................24
Pre-Talk ..............................................................................................................................24
Princípios importantes ...........................................................................................................24
Sim! Sim! Sim! (Yes Set)......................................................................................................25
Acompanhar e Conduzir .....................................................................................................25
Verdade banal, evidente, sem alcance. ..............................................................................25
Voz Hipnótica .........................................................................................................................26
Loop Hipnótico .......................................................................................................................26
Testes De Suscetibilidade .......................................................................................................27
Pseudo Hipnose ..................................................................................................................28
Ideias Chaves Da Terapia Ericksoniana .......................................................................................35
Técnicas Básicas .........................................................................................................................36
Induções Hipnóticas Tradicionais ...........................................................................................36
Indução De Relaxamento Progressivo ................................................................................36
Indução Da Respiração .......................................................................................................38
Indução De Um Lugar Agradável (Local Seguro) .................................................................39
Teste Da Levitação Das Mãos .............................................................................................40
Induções Rápidas ...................................................................................................................42
A indução de Elman ............................................................................................................42
Auto hipnose ..............................................................................................................................43

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Hipnose Clínica ...........................................................................................................................44
Ab-Reações.............................................................................................................................44
Controlando a Dor ......................................................................................................................44
Submodalidades .....................................................................................................................45
Sala de Controles ....................................................................................................................46
Anestesia Hipnótica ................................................................................................................46
Ancoragem .................................................................................................................................47
O “Despertar”.............................................................................................................................48

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Neurofisiologia da Hipnose

Previamente à adoção de técnicas de imageamento, as pistas neurológicas eram


seguidas por meio de testes cognitivos aplicados a sujeitos que se enquadravam em
diferentes escalas de suscetibilidade hipnótica, a fim de determinar alterações nos
processos neurológicos, em especial no hemisfério cerebral esquerdo (GRUZELIER,
John.; WARREN, Kristen., 1993)1.
Atualmente é possível observar em tempo real a atividade encefálica por meio das
diversas técnicas de imageamento, em especial a ressonância magnética funcional (fMRI)
e a tomografia por emissão de pósitrons (PET).
Podemos citar comparações em testes básicos de atenção seletiva e mediação de
conflitos, como o clássico teste de interferência de Stroop, porém agora vistos sob uma
nova ótica, possibilitando visualizar as alterações em áreas responsáveis pela associação
de palavras, cores e formas, tais como o giro fusiforme e núcleo pulvinar (LIFSHITZ,
Michael.; RAZ, Amir., 2015)2.
Uma das vertentes mais intrigantes na investigação rumo à compreensão dos
fenômenos hipnóticos é sem dúvida a que envolve a percepção de dor, pois são
observadas alterações nas atividades, especialmente, do córtex somatossensorial e do
giro cingulado anterior. (STÜBNER, Sebastian Schulz. et al., 2004)3.
Teorias da regulação da cognição sugerem um sistema com dois componentes: um
para implementar o controle e outro para monitorar o desempenho e sinalizar quando são
necessários ajustes no controle.
Uma dupla dissociação foi encontrada. Durante a preparação da tarefa, o córtex
pré-frontal dorsolateral (dLPFC) se tornou mais ativo, consistente com um papel na
implementação do controle. Em contraste, o córtex cingulado anterior (ACC) se tornou mais
ativo ao lidar com estímulos incongruentes, consistentes com um papel no monitoramento
do desempenho (MACDONALD, Andre. W. et al., 2000)4.
Mais notavelmente o ACC dorsal (dACC), responde a ocorrência de conflitos no
processamento da informação, por exemplo de competição de resposta (BOTVINICK,
Matthew M. et al., 2004)5.
No geral, é tido que o monitoramento de conflitos serve para traduzir a ocorrência
de conflitos em ajustes compensatórios no controle: o sistema de monitoramento de
conflitos primeiro avalia os níveis atuais de conflito, então passa informações aos centros
responsáveis pelo controle, acionando-os para ajustar a força de sua influência no
processamento (BOTVINICK, Matthew M. et al., 2001)6.

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Cabe agora discutir a forma como a hipnose permite uma dissociação entre o
controle cognitivo e o monitoramento de conflitos nos processos dos córtex pré-frontais.
Um estudo utilizou fMRI (Ressonância magnética funcional) para investigar
diferenças na morfologia cerebral entre pessoas com alta e baixa hipnotizabilidade mostrou
que a porção anterior do corpo caloso é maior em pessoas altamente hipnotizáveis. Dado
o papel do corpo caloso anterior, sendo ponte aos cótices frontais, conferindo flexibilidade
cognitiva e controle executivo, essas porções rostrais maiores podem contribuir para as
habilidades excepcionais de alta hipnotizáveis. (HORTON, James E. et al., 2004)7
Num estudo com participantes de baixa e alta suscetibilidade hipnótica, antes e
após indução hipnótica. Os dados da fMRI revelaram que a atividade do ACC, quando
relacionado ao monitoramento de conflitos, variou com hipnose e suscetibilidade hipnótica,
onde os participantes altamente suscetíveis mostraram um aumento de atividade neural
na condição de hipnose em relação à linha de base e tanto quanto aos sujeitos com baixa
suscetibilidade. Por outro lado, a atividade de LPFC (Córtex pré-frontal lateral), relacionada
ao controle cognitivo, não diferiu entre os grupos e condições. Estes dados foram
complementados por uma diminuição na conectividade funcional - coerência de banda
gama EEG (Eletroencefalograma) - entre linha média e a lateral esquerda em indivíduos
altamente suscetíveis após hipnose. Estes resultados sugerem que as diferenças
individuais na suscetibilidade hipnótica estão ligadas à eficiência do sistema de atenção
frontal, e que a condição hipnótica é caracterizada por uma dissociação funcional dos
processos de monitoramento de conflitos e controle cognitivo. (EGNER, Tobias et al.,
2005)8
Estudos também indicam que a atividade talâmica se correlaciona com a atividade
do ACC relacionada à hipnose, locais específicos no tronco cerebral e no ACC mostraram
covariações com a atividade talâmica.
Os resultados das análises de regressão sugerem que atividade no tronco cerebral,
no tálamo e no ACC contribuem para a experiência de ser hipnotizado. As correlações
negativas específicas do relaxamento no tronco encefálico mesencefálico e no tálamo
podem refletir a já bem estabelecida contribuição do tronco encefálico e núcleos talâmicos
para a regulação da vigília e excitação cortical.
Embora o estado hipnótico e estados do sono sejam claramente distintos, certos
mecanismos neurofisiológicos podem estar envolvidos em certo grau para a produção de
ambos os estados.
São observados fortes aumentos relacionados ao relaxamento no giro pré-central
bilateral e recíprocas diminuições nas áreas somatossensoriais (S1, S2 e ínsula)
(RAINVILLE, Pierre et al., 2002)9.

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Estudos mais recentes, porém, demonstram uma diminuição da atividade do ACC
durante a hipnose, o que a princípio parece contradizer o que vinha sendo encontrado até
então.
Aqui, porém, cabe uma distinção essencial entre esses estudos, apesar de todos
eles utilizarem o teste de Stroop como base para a avaliação, nos estudos anteriores não
existiu uma sugetão pós-hipnótica, apenas foram realizados os testes após uma indução
padronizada e avaliadas as respostas de interferência de Stroop. Já nos estudos
posteriores o uso de uma sugestão pós-hipnótica, que leva a uma redução de conflito,
estaria associada a inibição da atividade do ACC.
Os dados da fMRI revelaram que, sob sugestão pós-hipnótica, tanto o ACC quanto
áreas visuais apresentaram atividade reduzida em pessoas altamente hipnotizável em
comparação com nenhuma sugestão ou pessoas com baixa suscetibilidade hipnótica.
Gravações de eletrodos no couro cabeludo em sujeitos altamente hipnotizáveis também
mostraram reduções na ativação da região posterior sob sugestão, indicando alterações
no sistema visual. Essas descobertas abrem caminho para comprender como a sugestão
afeta o controle cognitivo pela modulação da atividade áreas específicas do cérebro,
incluindo os módulos visuais iniciais, e fornece mais substrato científico relacionando os
efeitos neurais da sugestão. (RAZ, Amir; FAN, Jin; POSNER, Michael I., 2005)10
Apesar de não haver, ainda, um veredito em relação a atividade do ACC,
(JAMIESON, Graham. A.; WOODY, Erik, 2007)11 o ponto comum entre os estudos é a
maior dissociação entre as áreas, o que, aparentemente, permite uma maior
“maleabilidade” do controle cognitivo, de forma independente do monitoramento de
conflitos.
Existem muitos estudos disponíveis na literatura acadêmica desde os centrados na
modulação de percepção de dor, seja na modulação da nocicepção em si, quanto, na
modulação da percepção emocional da dor. Em outros casos, alucinações visuais e
auditivas são exploradas de forma a mensurar a modulação da atividade nos córtices
sensoriais primários. Existem ainda diversos estudos no que tange a volição motora.
Uma das descobertas recentes mais atraentes para abordar esta questão envolve
o trabalho de Pierre Rainville e seus colegas da Universidade de Montreal. Em uma série
de estudos de analgesia hipnótica utilizando tomografia por emissão de pósitrons (PET),
eles demonstraram que simplesmente mudando as palavras usadas para induzir analgesia
hipnótica para dor experimentalmente induzida, eles poderiam afetar o fluxo sanguíneo em
diferentes regiões do cérebro.
Uma instrução hipnótica para diminuição da percepção da dor produziu analgesia
associada a redução do fluxo sanguíneo no córtex somatossensorial (S1), enquanto uma
instrução em que a dor continuaria presente, mas não incomodaria mais a pessoa,
produziu analgesia associada a redução da atividade no córtex cingulado anterior.

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A tomografia por emissão de pósitrons revelou mudanças significativas na atividade
evocada pela dor no córtex cingulado anterior, consistente com a codificação da percepção
do desagradável, enquanto que a ativação do córtex somatossensorial primário
permaneceu inalterada. (RAINVILLE, Pierre et al., 1997)12.
Essas descobertas são intrigantes porque ilustram não apenas alterações da
atividade cerebral concomitante com analgesia induzida hipnoticamente, mas também que
as palavras usadas para induzir a analgesia ativa diferentes vias para a redução da dor
afetando as dimensões sensoriais ou afetivas da dor. O córtex cingulado anterior está
envolvido na atenção focalizada, mas também media a saída do sistema límbico, que é o
caminho envolvido na ansiedade relacionada à dor e depressão.
Esses estudos ressaltam a importância da formulação e natureza específicas de
instruções hipnóticas ao estudar seus correlatos neurofisiológicos. Uma palavra aqui ou ali
em hipnose significa ativação cerebral aqui ou ali.
Quando ilusões foram induzidas hipnoticamente afetando a visão de cores foram
observadas alterações bidirecional no fluxo sanguíneo nas regiões corticais de
processamento de cores. indivíduos altamente hipnotizáveis foram convidados a ver uma
figura com padrões de cores como se fosse colorido (controle), uma figura com padrões
em escala de cinza como se fosse colorido, uma figura com padrões em escala de cinza
como se fosse escala de cinza (controle) e uma figura com padrões de cores como se
fosse escala de cinza. Utilizando PET foram identificadas as regiões fusiformes / lingual
(área de identificação de cores), analisando os resultados quando os sujeitos foram
convidados simplesmente a perceber cor como cor comparado quando eles foram
convidados a perceber cinza como cinza. Quando os sujeitos foram hipnotizados, tanto o
hemisfério direito quanto o esquerdo foram ativados quando eles foram convidados a
perceber cor, tanto quando foram realmente mostrados a cor ou o estímulo em escala de
cinza. Essas mesmas regiões apresentaram menor ativação quando o os sujeitos foram
instruídos a ver a escala de cinza, mostrando, como estimulos reais, tanto a cor quanto a
escala de cinza. (KOSSLYN et al., 2000)
Estas alterações do fluxo sanguíneo na “região de cor” do hemisfério esquerdo
foram obtidas somente durante a hipnose formal, enquanto as alterações do fluxo
sanguíneo no hemisfério direito foram obtidas mesmo quando os sujeitos não estavam
formalmente hipnotizados.
Estes resultados apoiam a alegação de que a hipnose é um estado psicológico com
correlatos neurais distintos e não apenas o resultado da adoção de um papel, porém, é
muito prematuro fazer qualquer alegação além dessa simples constatação.
Outras evidências apontam para a modulação da rede modo padrão, que envolvem
regiões que incluem a região ventral do córtex cingulado anterior (vACC) e o córtex
cingulado posterior (PCC).

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A rede de modo padrão se mostra ativa enquanto estamos “no estado de repouso”,
duas hipóteses são consideradas a hipótese da sentinela e a hipótese da atividade mental
interna, ou “mentação” (mentation). A ideia por trás da hipótese da sentinela é que, mesmo
quando estamos em repouso, devemos monitorar nosso ambiente de modo amplo; por sua
vez, quando estamos ativos, focamos nossa atenção naquilo em que estamos envolvidos
no momento. A hipótese da atividade mental interna estabelece que a rede no modo
padrão seja a base do pensamento e da recordação, o tipo de devaneio que fazemos
enquanto estamos sentados e quietos (BEAR, Mark F, 2017).
Esse estado parece ser inibido durante processamento cognitivo e está
inversamente relacionado à atividade das regiões pré-frontais laterais. Há evidências de
que esta atividade de modo padrão também é inibida pelo processamento sensorial e
motor.
Além disso, há evidências de que atividade do modo padrão envolve
especificamente a auto referência.
Isso leva à hipótese de que uma coisa que pode distinguir aqueles com alta
hipnotizabilidade é uma capacidade excepcional de inibir a atividade da rede de modo
padrão durante o processamento perceptivo e cognitivo.
A perda completa da autoconsciência observada nos estados hipnóticos, incluindo
a regressão de idade e até mesmo a "progressão" da idade, sugere uma habilidade
incomum de inibir a autoconsciência.
A abordagem na perspectiva da rede de modo padrão sugere que há um equilibrio
inverso entre a atividade auto reflexiva e cognitiva/perceptiva, sugerindo que aqueles que
melhor podem inibir a atividade da rede de modo padrão podem ser mais eficazes em
tarefas cognitivas e perceptivas.
Esta eficiência em inibir a percepção do agente da ação, talvez através da
diminuição da atividade do vACC e do PCC e aumento da atividade do ACC medial, bem
como do córtex pré-frontal lateral. Poderia indicar que indivíduos altamente hipnotizáveis
se destacam na inibição da rede de modo padrão e, portanto, possuem maior capacidade
de alterar a função sensorial e motora. Ao mesmo tempo como eles experimentariam
menos autoconsciência de suas atividades teriam uma sensação de involuntariedade.
Outros sistemas anatômicos que também parecem estarem envolvidos na
alteração da percepção, através da hipnose, incluem as vias talâmicas, dados os efeitos
especialmente fortes da hipnose na dor, que também é processado no tálamo e na
substância cinzenta periaquedutal (PAG) (BEAR, Mark F, 2017).
Além das condições de dor crônica, um número significativo de pacientes relata
sintomas, como paralisa, anestesias, perdas auditivas e distúrbios da fala, que à primeira
vista parecem ter uma causa neurológica, mas muitas vezes suas causas não pode ser

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encontrado. Sintomas medicamente inexplicáveis como estes foram inicialmente descritos
como "histéricos", e a semelhança entre esses sintomas e os fenômenos produzidos pela
sugestão em hipnose tem sido notado muitas vezes (TALLABS, Felipe A., 2005)
O rótulo "histeria" para estes tipos de sintomas inexplicáveis atualmente foi
substituido pelo termo "transtorno de conversão". A hipnose tem sido utilizada como uma
ferramenta para tentar entender os sintomas do transtorno de conversão.
Um estudo PET investigou uma paciente do sexo feminino com um transtorno de
conversão que causava a paralisia da perna esquerda. Quando a paciente tentava
movimentar o membro paralisado, ocorria uma ativação incomum do ACC direito e córtex
orbitofrontal direito (OFCd) e uma falha das ativações que eram esperadas no córtex
sensório-motor contralateral, além disso a tentativa em mover a perna paralisada levou a
ativações de áreas relacionadas ao movimento, incluindo dLPFC esquerdo e os
hemisférios cerebelares bilateralmente, o que é novamente uma prova contra o possível
fingimento. Nenhuma ativação de áreas pré-motoras direitas ou do córtex sensório-motor
primário foi observado, consistente com a falta de qualquer indicação de excitação
muscular na perna esquerda ruim que foi acompanhada por eletromiografia de superfície
contínua (EMG) (MARSHALL, John C. et al., 1997). Um padrão semelhante de ativações
cerebrais foi encontrado em um estudo PET subsequente onde a sugestão em hipnose foi
utilizada para criar uma paralisia similar da perna esquerda em um participante voluntário
de moderada a alta sugestionabilidade hipnótica (HALLIGAN, Peter W. et al.,2000).
Aparentemente, o ACC e o córtex orbitofrontal (OFC) desenvolvem algum tipo de
inibição funcional das ações no membro afetado. Isso fortemente indica que OFC é de fato
uma área que funcionalmente se correlaciona com sugestionabilidade. Pesquisas
adicionais sobre os mecanismos do OFC são necessárias para elucidar o alcance exato
características funcionais.
Em conjunto, esses dois estudos fornecem evidências novas e mais diretas em
apoio à visão sugerida onde fenômenos hipnóticos podem compartilhar mecanismos
cerebrais em comum com os sintomas do transtorno de conversão. Obviamente, porém,
são necessárias novas evidências e estudos que possam trazer maior compreensão dessa
abordagem.
Usando paralisia hipnótica como um experimento análogo da condição clínica,
investigou esse dilema usando PET. Os participantes estiveram hipnotizados durante toda
a sessão e durante metade do tempo foi sugerida uma paralisia da perna esquerda
hipnoticamente. No restante do tempo, ambas as pernas estavam normais, mas foram
instruídos a simular o mesmo sintoma, com a oferta de uma recompensa financeira se eles
fossem bem sucedidos ao fazê-lo de forma convincente. A ordem das duas condições foi
intercalada no grupo. Exames neurológicos por um observador independente não
conseguiram diferenciar entre a paralisia hipnótica e a condições de paralisia fingida.

NEUROFISIOLOGIA DA DOR E TÉCNICAS DE MODULÇAO COM HIPNOSE – NEUROPSICOLOGIA SEM NEURA 9


Padrões de ativação cerebral, no entanto, foram diferentes, com maior atividade no córtex
orbitofrontal direito na condição da paralisia hipnótica e com ativações dos cerebelo direito,
tálamo esquerdo e putâmen esquerdo. Na paralisia fingida, aumento da atividade foi
encontrado no córtex pré-frontal ventrolateral esquerdo e em algumas estruturas corticais
na região posterior do hemisfério direito. Estes resultados apoiam a visão de que as
paralisias relatadas nos dois estudos anteriores foram subjetivamente "reais" e não foram
produtos de fingimento (WARD, Nick S. et al., 2003).
Há mais um estudo de neuroimagem envolvendo hipnose com enfoque na volição
em relação ao movimento, mas neste caso o ponto de interesse estava nas sensações
anormais de passividade ou perda de autonomia associada a atos motores "voluntários".
Uma parte significativa da justificativa para conduzir este estudo reside no fato de que
condições como esquizofrenia e os efeitos da lesão cerebral são comumente
acompanhados pela experiência de perda de controle volitivo sobre os movimentos do
corpo. Estas condições manifestam-se na clínica de forma variada sendo identificadas
como controle motor anômalo e uma experiência análoga pode ser produzida por sugestão
em hipnose na forma de movimentos "ideomotores". O estudo, investigou os processos
cerebrais subjacentes aos sentimentos de passividade ou controle alienígena em seis
participantes altamente hipnotizáveis, enquanto era feita o monitoramento com PET.
Durante a sessão, movimentos verticais repetitivos de braços foram produzidos: (1)
voluntariamente; (2) passivamente (usando uma polia); ou (3) pela sugestão de que o
braço seria movido passivamente pela polia (quando na verdade a polia não estava
atuando). A última sugestão produz o experiência de controle "alienígena", com o
movimento de braços auto-produzido sendo atribuído a polia e não ao “eu”. Como
esperado, os movimentos voluntários do braço e os movimentos passivos sugeridos do
braço foram acompanhados por ativações contralaterais de áreas de controle motor como
o córtex sensório-motor e pré-motor, refletindo o fato de que eles eram movimentos auto-
produzidos. No entanto, além desses ativações do córtex motor, os movimentos passivos
gerados por sugestão estavam associados ao aumento nas atividades, bilaterais, no
cerebelo e no córtex parietal, que acompanharam também o verdadeiro movimentos
passivos produzidos pela polia. Os movimentos sugeridos hipnoticamente do braço foram,
portanto, acompanhados por atividade cerebral que é normalmente associada a
movimentos verdadeiramente passivos produzido por um agente externo (BLAKEMORE,
SJ. et al., 2003). Este resultado dá suporte diretamente as previsões de um modelo
cognitivo de controle motor que explica a diferença em termos neuropsicológicos entre as
ações atribuídas ao “eu” e aquelas atribuída a um agente externo, em termos de
conseqüências sensoriais projetadas da ação (MIALL, R. C. e WOLPERT, D. M., 1996).
Na esquizofrenia e algumas outras condições, indivíduos não só podem atribuir
erroneamente as fontes de suas próprias ações, como podem confundir suas próprias
experiências auditivas, criadas internamente, com estímulos gerados por agentes
externos. Utilizando PET para explorar formas semelhantes destas experiências auditivas
NEUROFISIOLOGIA DA DOR E TÉCNICAS DE MODULÇAO COM HIPNOSE – NEUROPSICOLOGIA SEM NEURA 10
alucinatórias geradas por sugestão após em hipnose, um grupo experimental de oito
participantes altamente hipnotizáveis, permanecendo hipnotizados durante toda a sessão
a atividade cerebral foi medida quando eles: (1) estavam ouvindo uma voz gravada em fita;
(2) foi dito que a gravação da fita seria tocada para eles quando na verdade nenhum som
foi transmitido (eles alucinaram a voz); e (3) quando eles estavam imaginando a voz
gravada "como vividamente quanto possível. A principal conclusão foi que ativações
significativas foram encontradas no ACC direito quando os participantes estavam
realmente ouvindo a voz na fita e quando estavam alucinando a voz, mas não quando
estavam imaginando. Houve correlações significativas entre essas ativações de ACC e
classificações tanto da "clareza" quanto da "externalidade" da experiência alucinada.
Ativações semelhantes de ACC foram observadas em esquizofrênicos durante as
alucinações, no entanto, sugerindo que a alucinação hipnótica pode servir como um
modelo experimentalmente controlável para testar hipóteses sobre os mecanismos
subjacentes às experiências alucinatórias em esquizofrenia. (SZECHTMAN, Henry et al.,
1998).
As induções hipnóticas frequentemente envolvem a intrução de fechar os olhos
(embora isso não seja necessário), o que pode inibir a centro vigilância e atenção da região
posterior do encéfalo, próximo ao córtex occipital. Caminhos do tálamo para este centro
são claramente definido. Isso pode mudar a balanço da atenção, tendo como consequência
o estreitamento no foco de atenção e uma maior ativação das regiões encefálicas mais
anteriores, mecanismos semelhantes aos descrito enquanto sonhamos podem ocorrer
(HOBSON, Alan J. e STICKGOLD, Robert, 1995). Os sonhos, ou ao menos alguns de seus
aspectos, são vistos como associações e memórias do córtex cerebral, causadas por
descargas aleatórias da ponte durante o sono REM. Assim, os neurônios da ponte, via
tálamo, ativam várias áreas do córtex cerebral, suscitam imagens ou emoções bem
conhecidas, e o córtex, então, tenta sintetizar as imagens disparatadas em um todo
sensato. (BEAR, Mark F, 2017).
Muito do poder do estado hipnótico envolve o aceitação acrítica do implausível; por
exemplo, ser capaz de reduzir ou eliminar a dor quando o estímulo desagradável
permanece presente.
Em geral, nós respondemos a imagens e manipulamos palavras, enquanto que em
hipnose respondemos às palavras e manipulamos imagens. hipnose parece envolver uma
inversão dos nossos meios habituais de processamento de palavras e imagens (SPIEGEL,
David, 1998).
Os diferentes componentes da indução hipnótica (absorção versus relaxamento) e
o conteúdo da instrução hipnótica (alucinação versus imaginação) pode alterar a natureza
da experiência hipnótica. Essa idéia é intrigante, pois, sugere que a natureza do estado
hipnótico e do conteúdo de instruções hipnóticas podem reforçar ou interferir um com o
outro.
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Sugestão hipnótica que requer mecanismos mentais de imagens e atenção dividida
para reduzir a percepção da dor são acompanhados por esforço cognitivo pronunciado
para redução da dor isso se reflete em uma atenuação menos pronunciada da atividade
nos sistemas cognitivo-emocionais. Aparentemente, a experiência de absorção está
associado com o aumento da ativação do tálamo, tronco cerebral ponte-mesencefálico e o
ACC rostral. Sentimentos de mero relaxamento são associado a níveis mais baixos de
atividade nessas regiões do cérebro (RAINVILLE, Pierre e PRICE, Donald D., 2003).

Relaxamento, Imaginação e Indução Hipnótica


Em outro estudo, que envolvia a percepção de dor, o procedimento de indução à
hipnose, que foi descrito para os participantes como "relaxamento profundo" ao invés de
"hipnose", consistia de uma fixação ocular e fechamento dos olhos seguido por sugestões
de corpo pesado e sensações agradáveis, a partir das pálpebras e se espalhando por todo
o corpo, e então imagens como estar deitado em uma praia e ouvindo o oceano foram
introduzidas. Para a condição de não-hipnose os participantes foram convidados a pensar
em "algo bom" e se envolver em imagens prazerosas.
Sem hipnose, foi percebida atividade, em resposta ao estímulo doloroso, na rede
de dor - ínsula, ACC e córtex sensitivo primário. Na condição de hipnose, houve ativação
nos núcleos da base, mas atividade reduzida na ínsula, no giro cingulado medial e no
córtex sensitivo primário. Além disso, a ativação no ACC esquerdo foi significativamente
maior sob hipnose ao passo que a atividade do ACC direito permaneceu inalterada.
Este estudo mostra que a instrução de relaxar seguida de um procedimento
hipnótico de indução é mais eficaz do que simplesmente pensar em imagens positivas sem
uma indução hipnótica. Se estas diferenças são devidas a efeitos do procedimento de
indução hipnótica, às diferentes tarefas mentais envolvidas na duas condições não fica
totalmente claro. (SCHULTZ-STUBNER, Sebastian et al., 2004).
Há boas evidências, no entanto, de que um procedimento hipnótico de indução
pode melhorar a capacidade de resposta à sugestão, especialmente se o procedimento é
rotulado como "hipnose”. Pode ser que o rótulo "hipnose" funcione como uma meta-
sugestão que serve para sugerir que a capacidade de resposta de um indivíduo às
sugestões deverá mostrar um aumento nas respostas aos procedimentos seguintes, uma
vez atrelados a esse rótulo. " (GANDHI, Balaganesh e OAKLEY, David A., 2005).
A percepção é sempre uma combinação de entrada sensorial bruta e memória -
imagens armazenadas facilitar o reconhecimento de padrões (KOSSLYN, Stephen M. e
KOENIG, Olivier, 1992)
Assim, toda percepção é parte alucinação, e esses paradigmas hipnóticos parecem
criar uma competição entre percepção e imaginação. Assim, analogamente a explicação
NEUROFISIOLOGIA DA DOR E TÉCNICAS DE MODULÇAO COM HIPNOSE – NEUROPSICOLOGIA SEM NEURA 12
de sonhar, como uma espécie de processamento perceptivo sem as percepções, o estado
hipnótico pode ser caracterizado como um tipo diferente de processamento da percepção
com apenas uma percepção parcial que é alterada pela expectativa e memória, portanto,
alucinação hipnótica e alteração da percepção (HOBSON, Alan J. e STICKGOLD, Robert,
1995).
Portanto, a hipnose é apoiada por uma atividade neural que permite uma atenção
altamente focada, uma capacidade de manipular a entrada sensorial e uma redução na
autoconsciência. Envolve atividade cognitiva intensa que é ao mesmo tempo
experimentado relativamente sem esforço. Representa um aumento da gestão subjetiva
da experiência envolvendo intensificação da imaginação.
Neste momento, há pouco acordo sobre a independência das sugestões cotidianas
não hipnóticas e responsividade hipnótica. Alguns afirmam que existe pouca diferenciação
entre sugestionabilidade e hipnotizabilidade afirmando que "sugestionabilidade hipnótica é
simplesmente sugestionabilidade não hipnótica aumentada pela prontidão em responder e
modificado pelas mudanças na expectativa e motivação produzidas pelo contexto
hipnótico".
Especificamente, destacamos as maneiras pelas quais o sugestionabilidade não
hipnótica do cotidiano e hipnotizabilidade são fenômenos únicos, e como o termo
sugestionabilidade é, de muitas maneiras, enganosa. Pelo contrário, a multidão das
maneiras pelas quais as pessoas respondem à sugestão implica muitos tipos, em vez de
apenas um tipo, de sugestão ou sugestionabilidade. Em outras palavras, pode haver tantos
tipos de sugestões como existem tipos de comunicação.
Esta é provavelmente uma característica adaptativa de ser humano, que preserva
recursos cognitivos e atencionais à nossa disposição. Não podemos nos dar ao luxo de
estar conscientes de tudo simultaneamente nos influenciando, caso assim fosse, não
conseguiríamos tomar qualquer decisão e ação - ficaríamos aprisionados a tantos
estímulos externos e internos.
Conclui-se que apesar de já existirem muitas respostas, uma quantidade muito
maior de perguntas persiste e ainda novos questionamentos surgem mostrando que,
apesar de um longo caminho já ter sido trilhado, muita ainda há pela frente.
Conforme foi visto, dentro de um escopo delimitado, a hipnose como procedimento
e a hipnose como produto, podem existir sem que uma necessariamente esteja atrelada a
outra. Utilizando da definição de hipnose como produto, onde uma alteração da percepção
da realidade pode ser alcançada num processo meramente imaginativo, torna-se
totalmente dispensável a hipnose como processo. Dispensando, portanto, todo contexto
ritualístico, inclusive da indução. Explicando, ainda mais, a possibilidade da hipnose do
dia-a-dia. Não é possível, no entanto, desenhar uma conclusão firme sobre o papel do

NEUROFISIOLOGIA DA DOR E TÉCNICAS DE MODULÇAO COM HIPNOSE – NEUROPSICOLOGIA SEM NEURA 13


procedimento hipnótico de indução ou o "estado hipnótico" em produzir as diferenças nas
ativações cerebrais observado entre os estados hipnótico e o estado de alerta.
Fica evidente, porém, através dos estudos, que existem claras distinções entre
sujeitos altamente hipnotizáveis e os que apresentam baixa suscetibilidade à hipnose.
Surgindo, portanto, hipóteses que vão desde predisposições genéticas até diferenças
neuroanatomicas que poderiam estar correlacionadas às diferenças entre os sujeitos.
Apesar de todo o nosso encéfalo estar envolvido, de uma forma ou de outra, no
contexto da hipnose, invariavelmente todos estudos trazem um ponto em comum, a
importância crucial do ACC na mediação dos fenômenos.

NEUROFISIOLOGIA DA DOR E TÉCNICAS DE MODULÇAO COM HIPNOSE – NEUROPSICOLOGIA SEM NEURA 14


O que é Hipnose?

Não existe uma forma simples de dizer o que é a hipnose.


Hipnose, assim como memória, por exemplo, é um termo “amplo” que rotula
inúmeros fenômenos, que apesar de distintos, são colocados todos num mesmo balaio.
O termo "hipnose" (hipnos = sono + osis = ação ou processo) deve o seu nome ao
médico e pesquisador britânico James Braid (1795-1860), que o introduziu, pois acreditou
tratar-se de uma espécie de sono induzido (Hipnos era também o nome do deus grego do
sono). Quando tal equívoco foi reconhecido, o termo já estava consagrado, e permaneceu
nos usos científico e popular.
As definições de hipnose costumam ser divididas em dois tipos: as teorias que
consideram a hipnose um estado alterado de consciência e teorias que consideram a
hipnose como um fenômeno de atenção concentrada, que ocorre naturalmente várias
vezes por dia, todos os dias. O primeiro grupo é conhecido como “teorias de estado” e o
segundo grupo como “teorias de não estado”.

Teorias de estado
A teoria Neodissociativa de Hilgard13141516 é um excelente exemplo das teorias de
estado. Ele propõe que as induções hipnóticas são capazes de criar uma divisão das
funções executivas encefálicas. Onde, parte das funções executivas funcionam
normalmente, mas não é capaz de representar-se na “consciência” devido a existência de
uma “barreira amnésica”.
“Sugestões eficazes do hipnotista podem tomar grande parte do controle normal do
sujeito. Ou seja, o hipnotista pode influenciar as funções executivas do sujeito e mudar os
arranjos hierárquicos das suas subestruturas. Isto é o que acontece quando, no contexto
hipnótico, ocorrem alterações nos controles motores, percepção e as memórias são
distorcidas e alucinações podem ser percebidas como uma realidade externa.”
(HILGARD,1991)
A perspectiva moderna Neodissociativa baseia-se no conceito de dissociação
cunhado pelo filósofo e psicólogo Pierre Janet. A dissociação se refere a uma ampla gama
de experiências de desconexão com a realidade imediata a partir de experiências físicas e
emocionais. Essa dissociação aconteceria em um espectro que variaria em vários níveis.
A teoria da dissociação ganhou força na tentativa de explicar o suposto fenômeno de
personalidades múltiplas. No entanto, alguns pesquisadores17 reinterpretaram a hipnose
como uma espécie de fenômeno dissociativo. De acordo com esses autores, a dissociação
parcial das estruturas cognitivas do cérebro facilitaria a hipnose.

NEUROFISIOLOGIA DA DOR E TÉCNICAS DE MODULÇAO COM HIPNOSE – NEUROPSICOLOGIA SEM NEURA 15


Alguns pesquisadores realizaram alguns experimentos que parecem confirmar as
teorias de estado. Usando um EEG, foi observado que indivíduos altamente hipnotizáveis
apresentam maior frequência de ondas Teta no seu dia-a-dia: seja acordado ou em “transe”
do que os indivíduos do grupo controle, estejam eles de olhos abertos ou fechados18.
Milton Erickson foi um dos primeiros pesquisadores a conceber a hipnose como um
estado dissociativo decorrente de uma intensa concentração. Dessa maneira, qualquer
estado de alta concentração em que ignoramos o ambiente em que estamos inseridos
seria um estado de “transe hipnótico”.
Como por exemplo quando estamos tão envolvidos assistindo um filme, que nem
sequer percebemos passar o tempo e nem respondemos se alguém nos chama! Ou ainda,
quando estamos dirigindo para o clube naquele sábado de manhã e de repente
percebemos que estamos indo em direção ao trabalho, sem querer, pois, estávamos
focados em “pensamentos internos” e estávamos dirigindo no “piloto automático”.

Teorias de Não Estado


Dentre as teorias de não estado, uma se destaca: a behaviorista. O behaviorismo
é uma linha de pensamento da psicologia que se baseia na ideia de que todas as ações
humanas podem ser explicadas em termos de reflexos condicionados por recompensa e
punição. B. F. Skinner, apesar de não ter sido o fundador da corrente behaviorista, foi
responsável pela sistematização da teoria, tornando-se um dos seus principais expoentes.
Em um dos seus livros, “O comportamento verbal”, Skinner utiliza-se da sua teoria para
explicar a aquisição da linguagem. Nessa obra, Skinner aborda os fenômenos hipnóticos
sob essa ótica comportamental. Veja a seguir algumas de suas considerações sobre o
fenômeno.
“Por enquanto a hipnose, ainda não foi bem compreendida, mas ela parece
exemplificar uma grande "crença" no sentido presente. Por um momento, o mundo se
reduz a estímulos verbais que se encontram praticamente sob o controle completo do
sujeito hipnotizado. Um comportamento característico de ouvintes aparece numa forma
dramaticamente intensa. A reação aos estímulos verbais, claramente localizada, é
semelhante à concentração conseguida por um livro. Macaulay afirmou, em sua última
doença, que um livro interessante atuava como analgésico.
Em certa medida, as mesmas condições de "crença" governam um simples reflexo
condicionado. Quando a cozinheira anuncia jantar! O ouvinte pode responder de duas
maneiras: salivando, ou respondendo de alguma outra forma com os músculos lisos ou as
glândulas, ele demonstra o condicionamento pavloviano; dirigindo-se à mesa e sentando-
se, ele demonstra um operante discriminado reforçado em ocasiões passadas
semelhantes. Sua crença na criada, no sentido de força de qualquer dos tipos de reação,

NEUROFISIOLOGIA DA DOR E TÉCNICAS DE MODULÇAO COM HIPNOSE – NEUROPSICOLOGIA SEM NEURA 16


será influenciada pelas propriedades da resposta jantar. Se a cozinheira deixou que o
assado se queimasse ou não se saiu bem em algum dos pratos, e por isso diz Jantar com
uma voz hesitante, o ouvinte pode caminhar para a mesa com menos entusiasmo e com a
boca seca. (...)” O comportamento frequentemente dramático do ouvinte sob hipnose é um
caso extremo de instrução. As técnicas para induzir o estado hipnótico são ricas em
mandos e as sugestões hipnóticas costumam assumir a mesma forma. Se damos ao
sujeito hipnotizado um mata-moscas e dizemos “Isto é um guarda-chuva”, ele transfere
aquilo que poderíamos chamar de comportamento-guarda-chuva para o mata-moscas.
Nossa resposta é uma espécie de instrução ou definição ampliada: Aja como se isto fosse
um guarda-chuva. Se em seguida dissermos está chovendo, ele pode transferir seu
comportamento apropriado aos dias de chuva para a cena atual e talvez segure o mata-
moscas como se fosse um guarda-chuva. (Estas afirmações não constituem, é claro, uma
explicação sobre a hipnose, melhor ou pior do que as afirmações precedentes sobre o
comportamento verbal; elas apenas classificam as instruções hipnóticas de acordo com
contingências verbais mais generalizadas. Os processos hipnóticos intensificam o controle
verbal, com exclusão de outras formas de estimulação. Os resultados excepcionais obtidos
sob hipnose não diferem em espécie do comportamento normal do ouvinte.) (SKINNER,
1978)19.
Dessa maneira, Skinner sugere que as pessoas que que estão hipnotizadas não
estão em um estado alterado de consciência, mas estão apenas representando um papel
que lhes é sugerido. É importante ressaltar que o termo “representar um papel” não implica
em fingimento.

Posso ser hipnotizado?


Para estudar qualquer fenômeno corretamente é preciso criar alguma ferramenta
para medi-lo. No caso de hipnose, o critério utilizado são as escalas de susceptibilidade à
hipnose de Stanford. As escalas de Stanford, como elas são frequentemente chamadas,
foram criados em 1950 na Universidade de Stanford pelos psicólogos André M.
Weitzenhoffer e Ernest R. Hilgard e até hoje são usadas para determinar a medida em que
o sujeito responde à hipnose.
Essas escalas de susceptibilidade baseiam-se em um protocolo com uma série de
dinâmicas de hipnose, em ordem crescente do estado hipnótico. Ou seja, começam pelos
números de sugestão mais simples, como os elevação de um braço estendido e vão
gradualmente tornando-se mais complexos, como os de alucinações sensoriais. A escala
de Stanford varia de 0 (indivíduos que não respondem a nenhuma das sugestões) até 12
(indivíduos mais suscetíveis). Metade das pessoas tem pontuação na faixa intermediária
(entre 5 e 7) e 95 por cento da população recebe uma pontuação de pelo menos 1 20.

NEUROFISIOLOGIA DA DOR E TÉCNICAS DE MODULÇAO COM HIPNOSE – NEUROPSICOLOGIA SEM NEURA 17


Uma pesquisa21 identificou os tipos de sugestões mais utilizadas e a respectiva
suscetibilidade em uma amostra.

Existem várias críticas em relação a essas escalas. A principal crítica é que,


durante sua criação, não foram levados em conta diversos elementos subjetivos como o
nível do rapport entre o sujeito e o hipnotista, o contexto da aplicação desses testes, dentre
outros. No entanto, apesar dessas críticas, essas escalas ainda possuem grande utilidade
em estudos estatísticos, visto que podem nos dar uma boa noção sobre a maneira como
a suscetibilidade se distribui em uma população, sendo essenciais para muitas das
pesquisas acadêmicas.

Tipos De Hipnose

Hoje em dia muito se fala em vários tipos e “sobrenomes” para a hipnose. O que
podemos diferenciar é a forma como abordar as induções e sugestões, então temos a
Hipnose Clássica, tendo como seu principal representante Dave Elman (1900 – 1967),
terapeuta americano que ficou famoso pelos seus métodos de indução e por treinar
diversos médicos e dentistas. A principal característica deste modelo é que as sugestões
são diretas; e a Hipnose Ericksoniana, tendo como representante Milton Hyland Erickson
(1901 – 1980), psiquiatra norte americano que nunca se identificou com nenhuma
abordagem psicoterapêutica da psicologia e se utilizava de sugestões indiretas em forma
de metáforas durante as sessões de terapia, pois acreditava que todo ser humano já possui
dentro de si os recursos necessários para a resolução de seus problemas, e que o
terapeuta seria apenas um catalisador deste processo. Apesar de serem estilos diferentes,
ambas possuem técnicas que podem se complementar.

NEUROFISIOLOGIA DA DOR E TÉCNICAS DE MODULÇAO COM HIPNOSE – NEUROPSICOLOGIA SEM NEURA 18


Figura 25 – Principais Nomes da Hipnose Atual - (Fonte: Internet – Domínio Público)

Breve História Da Hipnose


Os fenômenos hipnóticos provavelmente encantam a humanidade há milhares de
anos. No entanto, apesar de ser um estudo milenar, a hipnose nunca encontrou fácil
aceitação. Toda sua história sempre foi inundada pela controvérsia e conflitos.
Séc. XVIII aC. – China
Induzia-se um certo tipo de transe hipnótico para se buscar a aproximação entre os
pacientes e seus antepassados.

Séc. XV aC. – Egito


Talvez o registro mais antigo da hipnose é a partir do Papiro Ebers, datados de 1.500 a.C.
Esse papiro egípcio relata com detalhes várias técnicas que são bem próximas daquelas
que utilizamos nos dias de hoje. Os sacerdotes induziam um certo tipo de estado hipnótico.

Mitologia Grega
Asclépios aprendeu com Centauro Quíron um tipo de sono especial que curava as
pessoas.

Séc. XI - Avicena (980-1037)


Sábio filósofo e médico iraniano acreditava que a imaginação era capaz de enfermar e de
curar pessoas.

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Séc. XVI - Paracelsus (1493-1541)
acreditava na influência magnética das estrelas na cura das pessoas doentes.

Séc. XVIII – Franz Anton Mesmer (1734-1815)


Inaugurou a fase científica da hipnose. O início da história formal da hipnose se deu em
1765 com os trabalhos de Mesmer com seu magnetismo animal.

Outros autores:
O abade Lenoble
Paracelsus
Jan Batist V. Helmont (1579-1644)
Robert Fludd
James C. Maxwell (1831-1879)
Padre Kircher
Greatrake
Jan Joseph Gassner- Marquês de Puységur (1751-1825) – um discípulo de Mesmer que
descobre o sonambulismo artificial.
Pe. José Custódio de Faria (1755-1819) - mais conhecido como abade Faria. Teve contato
com as ideias de Mesmer, defendeu-as e sustentou a ideia de que o transe se assemelhava
ao sono.

Séc. XIX
-James Braid (1795-1860) - cunhou o termo HIPNOTISMO. Do grego Hipnos-Sono.
-James Esdaile - médico inglês, utilizou as técnicas de Mesmer para fazer cirurgias sem
anestesia durante a Guerra na Índia. Publicou o livro “Mesmerismo na Índia”, em 1850.
-A Escola de Nancy (de Liébeault, de Bernheim e de Coué) - Considerava o estado de
transe como normal ao invés de patológico.
Acreditava que a mudança acontecia de forma não consciente, através da intervenção da
vontade e que a sugestão operava somente quando encontrava um eco interno
(autossugestão).
-A Escola de Salpêtière (Charcot) - onde Freud fora fazer seus estudos, considerava o
estado de transe como algo que só acontecia com o estado patológico. Charcot (1825-
1899) estudou pacientes histéricos e considerou o transe como um estado patológico de
dissociação.
-Ambroise A. Liebault (1823-1904) - assemelhava o transe ao sono, só que o transe
resultava de sugestões diretas.

NEUROFISIOLOGIA DA DOR E TÉCNICAS DE MODULÇAO COM HIPNOSE – NEUROPSICOLOGIA SEM NEURA 20


-Hyppolyte Bernheim (1840-1919) - considerava o transe um estado de “reforçada
sugestibilidade causada por sugestões”. Liébault e Bernheim confluíram para a ideia de
transe e sugestibilidade.

Séc. XX
-Ivan Pavlov (1849-1936) - Transe ⇒ “sono incompleto”, causado por sugestões
hipnóticas. As sugestões provocariam uma excitação em algumas partes do córtex cerebral
e inibição em outras partes. Criador da indução reflexológica.

-Pierre Janet (1849-1947) - descreveu o transe como dissociação. Introduziu o termo


subconsciente para diferenciá-lo do inconsciente.

-Freud, nesta época, fez seus estudos junto aos casos de histeria de Charcot e acabou
por abandonar a hipnose, depois de muitos estudos com Breuer. Fazem a correlação de
hipnose com patologia. Freud abandonou a hipnose e partiu para associação livre.

1918 - No Congresso de Psicanálise de Budapeste - frisou a importância de aliar a


psicanálise à hipnose.
1938 - Falou da legitimidade de alguns fenômenos hipnóticos – no Esboço de Psicanálise.

-Ernest Simmel - psicanalista alemão (1918) - desenvolveu a hipnoanálise.

-Clark L.Hull (1984-1952) - professor de Psicologia em Yale, interessou-se pelos aspectos


experimentais da hipnose. Autor do livro, “Hypnosisand and Sugestibility” - considerava os
fenômenos hipnóticos como uma resposta adquirida, igual aos hábitos. Teoria da
aprendizagem: repetição associativa, condicionamento e formação de hábito.

-Kris (1952) - regressão dirigida a serviço do ego. - André M. Waitzenhoffer (1921-1953) -


reforça o conceito da aprendizagem, mas caracteriza o transe como experiência
naturalista.

-Milton H. Erickson (1901-1980) - percebeu a natureza multidimensional do transe, que


se modifica experencialmente de pessoa para pessoa.

NEUROFISIOLOGIA DA DOR E TÉCNICAS DE MODULÇAO COM HIPNOSE – NEUROPSICOLOGIA SEM NEURA 21


Mitos da Hipnose

1. Na hipnose estamos dormindo?


Não. Apesar de a maioria dos hipnotistas usar a palavra “durma” e “sono” durante o
processo, isto são apenas metáforas para que o sujeito entenda que deve relaxar
profundamente, COMO SE FOSSE dormir.
A atividade cerebral de uma pessoa hipnotizada é tão alta quanto alguém que se
encontra em vigília.

2. Na hipnose, eu perco a consciência?


Não. Durante a hipnose as pessoas estão conscientes do que está acontecendo no meio
ambiente em torno, e com a atenção concentrada no hipnotista e na sua voz. Os
hipnotizados continuam ouvindo tudo ao redor.

3. Hipnose é considerada uma técnica esotérica?


Não. Hipnose é um fenômeno neurofisiológico legítimo, onde o funcionamento do cérebro
possui características muito especiais.

4. Todos são hipnotizáveis?


Sim, todos. Considerando que a hipnose ocorre na vida diária, todas as pessoas são
hipnotizáveis em algum momento, em alguma situação e em certas circunstâncias.
Porém, existem pessoas que são naturalmente mais sensíveis do que outras.

5. Existe pessoas que não podem ser hipnotizadas?


Sim. Sujeitos com transtornos mentais psicóticos e epiléticos devem ser evitadas. Isto
não significa que não possam ser hipnotizados, porém exige habilidades mais avançadas
do hipnotista, que não serão abordadas neste curso.

6. Uma pessoa pode “não voltar” do transe?


Voltar de onde? O sujeito não vai para lugar nenhum! Não existe nenhum relato de
alguém que ficou preso no “transe” e nunca mais saiu.

7. Segredos podem ser revelados?


Possuímos um mecanismo de vigilância que preserva nossa integridade e não permite
que seja revelado algo que não estejamos dispostos a falar durante a sessão.

NEUROFISIOLOGIA DA DOR E TÉCNICAS DE MODULÇAO COM HIPNOSE – NEUROPSICOLOGIA SEM NEURA 22


Conceito De Hipnose
- Uso da Linguagem para alterar a percepção a realidade

Características Psicológicas
Mesmo sendo uma experiência altamente subjetiva, podemos citar algumas características
comuns em diferentes sujeitos.

Atenção seletiva: a habilidade de focalizar a atenção numa parte da experiência e


desligar-se do resto.
Dissociação: é a espinha dorsal da hipnose.
Aumento da responsividade à Sugestão: com o rapport (aliança terapêutica), a atenção
e a dissociação estabelecidos, possibilitamos uma maior capacidade de respostas às
sugestões.

Vamos Começar!

Para que você se torne um bom hipnotista, seja atuando em qualquer área, tenha
sempre algo em mente: hipnose não é infalível!
Por se tratar de um fenômeno psíquico, é de extrema importância que o voluntário
se envolva ativamente no processo e o hipnotista esteja seguro do que vai fazer, caso
contrário se tornará mais difícil que algo aconteça. Seja numa apresentação de palco,
demonstração na rua ou na clínica, é importante que o hipnotista saiba contornar uma
situação que não saiu como o esperado e reverter para que se obtenha sucesso. Vários
fatores podem contribuir para a “falha”: fatores ambientais, falta de concentração do
voluntário, falta de confiança no hipnotista, estado emocional do sujeito naquele momento,
dentre outros. Para isso, é necessário que se conheça e domine várias técnicas, pois a
indução que é eficaz para uma pessoa pode não surtir nenhum efeito em outra, e vice-
versa. Quando se tem apenas um martelo na mão, todo problema em sua frente será visto
como prego, e as coisas não são bem assim. Tenha sempre um conjunto de ferramentas
à sua disposição!

NEUROFISIOLOGIA DA DOR E TÉCNICAS DE MODULÇAO COM HIPNOSE – NEUROPSICOLOGIA SEM NEURA 23


Etapas Da Hipnose
Rapport

“Rapport é a capacidade de entrar no mundo de alguém, fazê-lo sentir que você


o entende e que vocês têm um forte laço em comum. É a capacidade de ir totalmente do
seu mapa do mundo para o mapa do mundo dele. É a essência da comunicação bem-
sucedida.” (Anthony Robbins)
Rapport significa vínculo, confiança e empatia. É o elo que liga o sujeito ao
hipnotista e permite que a experiência seja em conformidade por ambas as partes.

Pre-Talk

Pre-talk é a conversa prévia que ocorre antes da hipnose. Para isso é necessário
abordar um sujeito e convidá-lo a experiência. Neste ponto, é importante que você explique
rapidamente sobre o que é a hipnose e fale sobre alguns dos mitos mais comuns que
possa causar algum receio. Falar que ele não perderá o controle, não fará nada que seja
contra sua vontade, não revelará segredos e nem ficará hipnotizado para sempre
geralmente são o suficiente para tranquilizar e aumentar a receptividade do sujeito.
Durante o pre-talk é o momento em que você deve mostrar que realmente entende
do assunto, domina todas as técnicas necessárias e que vai hipnotizá-lo com segurança,
pois isso já faz parte de seu cotidiano.
Também deixe explícito que a experiência a qual ele passará será inesquecível e
trará benefícios a ele. O hipnotista inglês Igor Ledochowski ensina que é importante termos
sempre um pensamento em mente: “queremos proporcionar algo PARA a pessoa, e não
queremos algo DELE.”
Se mesmo depois de ter tudo esclarecido, a pessoa demonstrar que realmente não
deseja passar pela experiência, não insista. Em caso de ainda haver algum receio ou
medo, pergunte o que lhe está passando pela cabeça e esclareça, sempre passando o
maior conforto e segurança possível.

Princípios importantes
A seguir, veja alguns conceitos essenciais e que podem ser introduzidos a qualquer
momento em suas rotinas, para potencializá-las.

NEUROFISIOLOGIA DA DOR E TÉCNICAS DE MODULÇAO COM HIPNOSE – NEUROPSICOLOGIA SEM NEURA 24


Sim! Sim! Sim! (Yes Set)

Em hipnose, é importante que o sujeito tenha engajamento e conformidade em


relação aos comandos que você irá dirigir ao sujeito. Uma das formas de se conseguir isso
é por meio de algo conhecido como “yes set”. Em português, seria algo como “contexto do
sim”.
O princípio por trás do “yes set” é bem simples. Você faz perguntas óbvias cuja
resposta certamente será um “sim”. Além disso, pode simplesmente dar pequenos
comandos. Ao obedecê-los, ela está automaticamente dizendo um “sim” aos seus
comandos. O ideal é que, antes de qualquer teste de suscetibilidade, o sujeito já tenha tido
“sim” ou obedecido a algum de seus comandos por no mínimo quatro vezes.
Esse é o motivo pelo qual os hipnotistas geralmente iniciam a hipnose pedindo para
os sujeitos deixarem os pés juntos no chão (primeiro sim), juntarem as mãos (segundo
sim), esticarem os braços (terceiro sim) e assim por diante. Quando estou hipnotizando
alguém, frequentemente peço para o sujeito mudar de lugar: “Venha para cá”. Esse
costuma ser o primeiro dos meus “sim”.
A seguir, você aprenderá sobre os truísmos. Eles possuem o mesmo objetivo do
“yes set”.

Acompanhar e Conduzir

“Acompanhar” refere-se ao feedback que o hipnotista dá ao sujeito durante o


processo hipnótico. Esse feedback baseia-se na enumeração de sensações,
comportamentos ou até mesmo pensamentos reais do sujeito. Segundo Milton Erickson, é
uma comunicação baseada em truísmos. Vamos a um exemplo que permita uma melhor
identificação de cada um desses processos. Imagine que você deseja que alguém tenha
uma vontade irresistível de coçar-se. Nesse caso, você não pode simplesmente dizer:
“você está com uma vontade irresistível de coçar-se”. Antes de tentar “conduzir”, é preciso
que você faça referência a alguns truísmos. Após “acompanhar” vários desses truísmos,
você finalmente procura “conduzir”.

Verdade banal, evidente, sem alcance.

Truísmo é a forma mais simples de sugestão: são verdades inquestionáveis que


são sugeridas ao sujeito. Geralmente, baseiam-se na descrição de fatos relacionados ao
comportamento do paciente. Os truísmos são essenciais para a manutenção do ciclo
hipnótico.

NEUROFISIOLOGIA DA DOR E TÉCNICAS DE MODULÇAO COM HIPNOSE – NEUROPSICOLOGIA SEM NEURA 25


“Conduzir” refere-se a sensações, comportamentos ou até mesmo pensamentos
que o hipnotista deseja eliciar no sujeito a ser hipnotizado.

Voz Hipnótica
Isso pode variar de acordo com o estilo do hipnotista. Temos as seguintes vozes na
hipnose:
Paternal: É uma voz mais autoritária e firme, muito útil para a hipnose clássica.
Maternal: É uma voz mais doce, permissiva, muito usada na hipnose ericksoniana.
Robótica: É uma voz firme, porém sem sentimentos na voz. Muito pouco usada
atualmente.
Sensual: É uma voz mais cantada, como se você fosse realmente seduzir a pessoa, mas
não no sentido sexual. Fabio Puentes faz muito bem o uso dessa voz.
Encontre o timbre e modulação de voz que achar mais autêntico com sua
personalidade e procure não ficar muito caricato quando precisar mudar sua voz
devido as circunstâncias, contexto ou paciente.

Loop Hipnótico
James Tripp, em seu artigo “Hypnosis Beyond the Trance Myth”, fala sobre o loop
hipnótico, um mecanismo fundamental no fenômeno hipnótico.
Ele se trata de um loop perpétuo que ocorre naturalmente no processo cognitivo, e
como hipnotista você deve aproveitar isso e usar para levar o sujeito até a realidade
alterada que deseja que ele entre, seja em um contexto de entretenimento ou na clínica. O
loop é composto por 4 elementos: CRENÇA, IMAGINAÇÃO, FISIOLOGIA e
EXPERIÊNCIA.
E ainda existe um outro elemento fundamental para alimentar o loop:
EXPECTATIVA.
Quando se gera a expectativa de que algo diferente vai acontecer, conseguimos
catalisar os processos e torná-los mais fortes quando os fenômenos acontecerem.
Levando em consideração que hipnose não se trata de CONTROLE mental, e sim
de INFLUÊNCIA mental, podemos inserir o sujeito nesse loop em qualquer um dos 4
pontos.

NEUROFISIOLOGIA DA DOR E TÉCNICAS DE MODULÇAO COM HIPNOSE – NEUROPSICOLOGIA SEM NEURA 26


Por exemplo, quando fazemos a rotina da mão colada e damos a sugestão de que
estamos passando uma cola muito forte entre seus dedos, estimulamos sua imaginação e
nos utilizamos do fator fisiológico que naturalmente mantém as mãos presas devido à
posição em que se encontram. Consequentemente, o sujeito vive uma experiência de que
as mãos estão realmente coladas e aumenta sua crença de aquilo que está acontecendo
é real.
Esse ciclo se repete durante todo o processo e devemos manter o sujeito sempre
dentro deste loop para que as experiências sejam ainda melhores.

Figura 26 – Loop Hipnótico

Testes De Suscetibilidade
Depois de você ter estabelecido um rapport com seu voluntário e feito um pre-talk
adequado, está na hora de começar o processo hipnótico propriamente dito.
O primeiro passo é aconselhável que se teste como está a suscetibilidade da
pessoa no momento, e existem algumas técnicas para isso, que detalharei em seguida.
Tenha em mente que caso a pessoa “não passe” no primeiro teste ou em nenhum
consecutivo, isso não significa que ela não pode ou não tem capacidade de ser
hipnotizada, talvez o contexto em que vocês se encontram não seja o mais adequado
naquele momento, pois existem pessoas que não se sentem à vontade na frente de outras
ou em determinados tipos de locais.

NEUROFISIOLOGIA DA DOR E TÉCNICAS DE MODULÇAO COM HIPNOSE – NEUROPSICOLOGIA SEM NEURA 27


Deixe isso esclarecido para que ela não saia com uma falsa crença limitante.
É muito importante que, além de saber aplicar as técnicas, você adquira a percepção de
ler os resultados e utilizar os feedbacks a seu favor.

Pseudo Hipnose22

São técnicas que envolvem elementos puramente fisiológicos e que “enganam” a


mente do sujeito se transformando em hipnose de verdade por fazerem eles entrarem em
um loop hipnótico.
As pseudo hipnoses servem também para o hipnotista avaliar o grau de
suscetibilidade e o nível de resposta a sugestões dos sujeitos. Geralmente as pessoas que
respondem muito bem a esses testes serão facilmente hipnotizadas mais tarde.
Agora na clínica, o fato de seu paciente não colar a mão, não significa que o mesmo
não terá sucesso. Você terá tempo para conhecê-lo melhor e descobrir outros caminhos.
Obs.: Apesar de falarmos que estas rotinas são “testes”. Recomendo que na hora
se apresentá-las aos candidatos a entrar em hipnose que chame de “ensaio”, pois,” teste”
implica em “falha” e nós não queremos que o sujeito pense que irá falhar.
Dedos magnéticos

ROTEIRO:
Sente-se confortavelmente nessa cadeira. [Após o sujeito assentar-se, diga]
Isso mesmo. Agora, junte suas mãos e entrelace seus dedos dessa maneira, como se você
estivesse orando.
É importante que você deixe os polegares cruzados. [Mostre seus polegares
cruzados.] [Após ele mostrar as mãos juntas e os dedos entrelaçados corretamente, diga]
Agora, estenda os dedos indicadores e aponte-os para cima, mantendo-os afastados em
cerca de três centímetros. [Mantenha seus dedos entrelaçados e coloque os dedos
indicadores da maneira identificada na foto abaixo]

NEUROFISIOLOGIA DA DOR E TÉCNICAS DE MODULÇAO COM HIPNOSE – NEUROPSICOLOGIA SEM NEURA 28


Figura 27 – Dedos Magnéticos

Não olhe diretamente para os dedos, concentre-se apenas no espaço entre eles.
Concentre-se nesse espaço e imagine que estou colocando dois imãs bem poderosos em
cada um desses dedos.
Imagine a força magnética desses imãs. Esses imãs são tão poderosos que você
sente uma força irresistível atraindo seus dedos. À medida que os dedos se aproximam,
você sente que essa força aumenta mais e mais. Seus dedos vão se aproximando cada
vez mais... e mais... Eles continuam se aproximando, até que, eventualmente, podem se
tocar.

Algumas considerações
Existem algumas variações dessa Pseudo-Hipnose. Em vez de imãs, alguns
hipnotistas sugerem a imaginação de um elástico bem forte aproximando os dedos
indicadores do sujeito. Em uma outra variação, sugere-se a imaginação de um parafuso
apertando os dedos um contra o outro, de forma que eles se aproximem. Obviamente, você
pode utilizar a sugestão da maneira que achar mais conveniente.
Ao sugerir ao sujeito que ele foque o olhar no espaço entre seus dedos, você
favorece o processo hipnótico. Como você aprenderá posteriormente, a fixação do olhar é
uma das técnicas para induções hipnóticas. Ou seja, ainda que essa seja uma rotina de
pseudo-hipnose, ela pode ser utilizada para a indução hipnótica propriamente dita.
Essa dinâmica é baseada em um movimento automático. Na verdade, a posição
inicial dos indicadores nesse exercício é muito desconfortável. Ou seja, os dedos
NEUROFISIOLOGIA DA DOR E TÉCNICAS DE MODULÇAO COM HIPNOSE – NEUROPSICOLOGIA SEM NEURA 29
inevitavelmente irão se aproximar, nem que seja apenas um pouco. Caso esteja realizando
essa dinâmica com uma única pessoa, utilize dos truísmos para potencializar o exercício.
No momento em que os dedos começarem a se mover, você pode dizer: “Seus
dedos começam a se atrair...” Caso o sujeito seja um pouco resistente, você também pode
utilizar-se dos truísmos para favorecer a sugestão. Por exemplo, caso os dedos não
estejam se aproximando, você pode sugerir ao sujeito uma sensação de controle: “Seus
dedos começarão a mexer em breve, mas você e a sua imaginação que determinarão o
momento exato para isso acontecer”.
Existem basicamente três resultados possíveis para essa Pseudo-Hipnose.
a) Os dedos se aproximam apenas um pouco. Caso o sujeito a ser hipnotizado aproxime
os dedos apenas um pouco, é um sinal de que ele, apesar de participativo, ele não se
envolveu com sua sugestão.
b) Os dedos se aproximam e rapidamente se unem. Como dito anteriormente, os dedos
irão se aproximar automaticamente. No entanto, se o sujeito aproximar os dedos muito
rapidamente é sinal de que você conseguiu sugestioná-lo. Nesse caso, você pode
aproveitar e realizar alguma indução hipnótica e o posterior aprofundamento. De acordo
com a receptividade do sujeito, a Pseudo-Hipnose pode tornar-se hipnose de verdade.
c) Os dedos se afastam ou permanecem completamente imóveis. Em alguns casos,
os dedos vão permanecer completamente imóveis ou até mesmo ir na direção oposta. Isso
normalmente significa que o sujeito, por algum motivo, está lutando contra as suas
sugestões.

Mãos coladas I

ROTEIRO
Fiquem todos de pé e juntem suas mãos e entrelacem seus dedos dessa maneira.
[Nesse momento, junte suas mãos da forma mostrada na foto abaixo e mostre para o
público]

NEUROFISIOLOGIA DA DOR E TÉCNICAS DE MODULÇAO COM HIPNOSE – NEUROPSICOLOGIA SEM NEURA 30


Figura 28 – Mãos Coladas I

Estique seus braços ao máximo e levante-os até suas mãos ficarem pouco acima
da sua cabeça.
Isso! Agora, mantenha sua mão e seus dedos bem apertados... Deixe seus braços
os mais esticados que conseguir e fixe seu olhar em um de seus dedos.... Enquanto você
mantém sua mão bem apertada, imagine que existe uma cola muito forte e muito poderosa
escorrendo entre seus dedos.
Enquanto mantém o seu olhar fixado em um de seus dedos, você vai percebendo
que suas mãos e seus dedos vão ficando cada vez mais colados...Estique ainda mais seus
braços e continue com o olhar fixado em um de seus dedos... Farei uma contagem de 1 a
5...
A cada número, seus dedos estarão dez vezes mais colados... Quando chegarmos
ao número 5, você vai tentar descolar suas mãos e não vai conseguir.
1...A cola está secando e seus dedos estão ficando completamente colados.
[Enquanto avança na contagem, aumente a imperatividade de seu discurso]
2...A cola está quase seca e seus dedos estão completamente colados...
Completamente colados...
3... A cola já está completamente seca e seus dedos já estão completamente
colados... Quanto mais você tentar descolar os dedos, mais colados eles vão ficar... Mais
colados...

NEUROFISIOLOGIA DA DOR E TÉCNICAS DE MODULÇAO COM HIPNOSE – NEUROPSICOLOGIA SEM NEURA 31


4... Quanto mais você tentar descolar os dedos ou suas mãos, mais colados eles
vão ficar... Cada vez mais colados...
5... Tente descolar seus dedos, mas sem conseguir... Quanto mais força você faz,
mais colados eles ficam... Cada vez mais colados... Completamente colados... Tente soltar
suas mãos, mas sem conseguir.
Algumas considerações
Essa é certamente uma das rotinas mais utilizadas nos espetáculos de hipnose (ao
menos, nos programas de TV). Essa rotina possui um forte elemento fisiológico: ao esticar
os braços, torna-se mais difícil de se abrir os dedos. Obviamente, o script poderá ser
adaptado de acordo com sua preferência. No entanto, existem alguns pontos que
favorecem o sucesso dessa rotina. O primeiro desses pontos essenciais é a fixação do
olhar. Ao dirigir o olhar para um ponto específico, fica mais fácil manter o sujeito
concentrado em suas sugestões.
Os outros detalhes importantes estão contidos nessa frase:
“5...Tente descolar seus dedos, mas sem conseguir....” Observe que o comando
diz para eles “tentarem” descolar os dedos. Ao mencionar “tentarem”, você já dá a
impressão de que eles não vão conseguir. A impossibilidade de descolarem as mãos é
reforçada pela expressão: “mas sem conseguir”.
Antes de iniciar a rotina, peça, o ideal é que você peça para os sujeitos tirarem seus
anéis. Algumas pessoas podem manter as mãos tão presas, que podem até se machucar
se tiverem usando anéis muito grandes.

Mãos coladas II

ROTEIRO
Fiquem todos de pé e juntem suas mãos e entrelacem seus dedos dessa maneira.
[Nesse momento, junte suas mãos da forma mostrada na foto abaixo e mostre para o
público]

NEUROFISIOLOGIA DA DOR E TÉCNICAS DE MODULÇAO COM HIPNOSE – NEUROPSICOLOGIA SEM NEURA 32


Figura 29 – Mãos Coladas II

Estique seus braços e mantenha sua mão e seus dedos bem apertados...
Deixe-a a mais apertada que conseguir e fixe seu olhar em um de seus dedos...
Enquanto você mantém sua mão bem apertada, imagine que existe uma cola muito
forte e muito poderosa escorrendo entre seus dedos...
Enquanto mantém o seu olhar fixado em um de seus dedos, você vai percebendo
que suas mãos e seus dedos vão ficando cada vez mais colados...
Farei uma contagem de 1 a 5... A cada número, seus dedos estarão dez vezes
mais colados.... Quando chegarmos ao número 5, você vai tentar descolar suas mãos, mas
não vai conseguir.
1...A cola está secando e seus dedos estão ficando completamente colados.
[Enquanto avança a contagem, aumente a imperatividade de seu discurso]
2...A cola está quase seca e seus dedos estão completamente colados...
Completamente colados...
3... A cola já está completamente seca e seus dedos já estão completamente
colados. ... Quanto mais você tentar descolar os dedos, mais colados eles vão ficar.... Mais
colados...
4... Quanto mais você tentar descolar os dedos ou suas mãos, mais colados eles
vão ficar... Cada vez mais colados...
5...Tente descolar seus dedos, mas sem conseguir... Quanto mais força você faz,
mais colados eles ficam...Cada vez mais colados...Completamente colados...
NEUROFISIOLOGIA DA DOR E TÉCNICAS DE MODULÇAO COM HIPNOSE – NEUROPSICOLOGIA SEM NEURA 33
Algumas considerações
Essa rotina possui alguns elementos relacionados ao movimento ideomotor. No
entanto, é bem menos automática do que a outra rotina de mãos coladas. Algumas
pessoas respondem tão bem a essa rotina que, se você não der algum comando, elas vão
permanecer coladas por bastante tempo.

Mãos magnéticas

ROTEIRO
Fiquem todos de pé e estiquem seus braços e suas mãos dessa forma.
[Após os sujeitos levantarem-se, estique seus braços horizontalmente no nível dos ombros,
com as palmas das mãos abertas e voltadas uma para a outra, conforme a figura abaixo.]

Figura 30 – Mãos Magnéticas

Ótimo! Mantenham-se nessa posição, inspirem profundamente, segurem o ar e


fechem seus olhos... Enquanto você expira lentamente, imagine que cada palma da sua
mão possui um imã muito poderoso...
Inspire profundamente novamente e, ao soltar o ar, imagine a força que esses imãs
fazem...Expire bem lentamente... E imagine a forte atração que as suas mãos fazem entre
si... Imagine que suas mãos estão se aproximando cada vez mais... Farei uma contagem
de 1 a 5.
A cada número que eu contar, a atração entre elas será multiplicada por dez...
1...Suas mãos se atraem muito mais e estão cada vez mais próximas.

NEUROFISIOLOGIA DA DOR E TÉCNICAS DE MODULÇAO COM HIPNOSE – NEUROPSICOLOGIA SEM NEURA 34


2...A atração é ainda mais forte e elas estão cada vez mais próximas, se atraindo
mais e mais.
3...A atração está cada vez mais forte. Cada vez mais forte...
4... A atração entre elas está ainda maior. Imagine a força que o imã de cada mão
faz e sinta a atração entre suas mãos. Elas vão se aproximando, vão se aproximando,
cada vez mais.
5...Suas mãos vão se aproximando, até que elas vão acabar se encontrando e você
vai ficando cada vez mais relaxado...
Algumas considerações
Essa rotina possui alguns elementos relacionados ao movimento ideomotor.
No entanto, ela possui bem menos elementos fisiológicos do que as rotinas
anteriores. Ao aplicar essa rotina, utilize-se ao máximo dos truísmos. Ou seja, ao primeiro
sinal da movimentação das mãos, você pode dizer: “Suas mãos começam a mover-se”.
Caso esteja realizando essa rotina com uma única pessoa e ela demorar a responder,
utilize o truísmo: “Suas mãos estão magnetizadas e começarão a mover apenas quando
você desejar”.

Ideias Chaves Da Terapia Ericksoniana


1. Cada pessoa é ímpar
O terapeuta deve ajudar o paciente a fazer uso de suas próprias circunstâncias e
“ferramentas” para seu autodesenvolvimento. O terapeuta deve entrar no processo num
estado de ignorância. Deve guardar seus modelos e se tornar aluno e aceitar e utilizar os
modelos do paciente.

2. A hipnose é um processo experiencial de comunicação de ideias


A indução comunica ideias e elicia cadeias de pensamentos e associações dentro
da pessoa, que levam a respostas comportamentais. Deve-se direcionar a atenção do
paciente aos processos dentro dele mesmo, às próprias sensações de seu corpo, às suas
memórias, emoções, pensamentos, sentimentos e ideias, aprendizagem e experiências
anteriores.
Comunicar ideias tem como objetivo obter participação experiencial.

3. Cada pessoa tem recursos gerativos

NEUROFISIOLOGIA DA DOR E TÉCNICAS DE MODULÇAO COM HIPNOSE – NEUROPSICOLOGIA SEM NEURA 35


As pessoas têm mais habilidades e recursos do que podem imaginar. O terapeuta
não deve tentar acrescentar nada ao paciente. Ao contrário, o ajuda a usar as habilidades
e recursos que possui.

4. A abordagem Ericksoniana tem um direcionamento voltado para o alinhamento do


curso, em vez de para a correção do erro
Erickson dava ênfase nos objetivos e necessidades de self atual, não no
entendimento do passado. A abordagem não tenta corrigir “problemas”, mas operar
soluções por meio da identificação e expansão de limites, avaliando e utilizando os
processos presentes.

Técnicas Básicas
- Relaxamento progressivo
- Lugar seguro
- Respiração
- Levitação das mãos
- Cores
- Visualização e imagens

Induções Hipnóticas Tradicionais


“Os três requisitos para a hipnose são: (1) o consentimento do sujeito; (2) A comunicação
entre o operador e o sujeito, e (3) a libertação do medo ou relutância por parte do sujeito
de confiar no operador. Uma vez que estes são os únicos requisitos, é óbvio que esses
autores estão errados quando dizem que qualquer técnica de fixação ocular específica, por
exemplo, é a única maneira confiável para induzir o transe. Na realidade, não existe um
limite para o número de técnicas que podem ser utilizadas para desencadear a resposta
desejada; pode-se dizer que não há nenhuma maneira em que você não pode hipnotizar
uma pessoa, uma vez que você sabe como utilizar sugestão.” Dave Elman, hipnotista norte
americano
As formas de induzir a hipnose são quase incontáveis. Ainda que alguns métodos sejam
mais lentos do que outros, todos podem ser usados

Indução De Relaxamento Progressivo

Quando vamos fazer uma indução, lembremo-nos de alguns princípios


fundamentais para o estabelecimento do confiança Terapeuta e Paciente.
Motivação: é muito importante o paciente estar motivado para querer algo novo
que vai ajudá-lo. Desenvolva a motivação antes. Vemos que é muito fácil colocar um

NEUROFISIOLOGIA DA DOR E TÉCNICAS DE MODULÇAO COM HIPNOSE – NEUROPSICOLOGIA SEM NEURA 36


queimado ou uma pessoa com dor em transe; há uma motivação enorme para sair do
sofrimento.
RAPPORT: a segurança ao dizer “vem comigo”, para que a pessoa possa segui-lo
como um guia, um “lanterninha” de cinema que indica os lugares onde o cliente possa se
“assentar”; ela precisa confiar, se entregar. Têm pessoas com maior dificuldade entrega.
Necessitam de controle. Dê-lhe o controle e ela se colocará em uma forma especial para
relaxar, porque RELAXAR O CORPO AJUDA A RELAXAR A MENTE.
Então estabeleça que o que vocês vão fazer é um relaxamento e que ele é
proveitoso de todas as maneiras. Tire as dúvidas sobre o que a pessoa entende por
hipnose, se ela já foi hipnotizada antes, se já fez algum curso de controle da mente, ioga,
etc. você fará uma comparação mostrando que o caminho é o mesmo. Tire as dúvidas
quanto aos mitos caso a pessoa os tenha.
Assim, depois de motivá-la, estabelecer a confiança, você pode colocá-la numa
posição confortável. Sentada de preferência, muitas vezes, quando a pessoa se deita,
passa direto ao sono.
Ao se posicionarem, você pode começar respirando profunda e suavemente e
fechando seus olhos por alguns segundos. Se a pessoa o seguir ela já está responsiva.
Roteiro:
Você pode fechar seus olhos... Permita-se respirar profundamente, calmamente e
sinta sua respiração ... Como é gostoso poder parar por alguns instantes... dar-se algum
tempo... um tempo para se voltar para você mesmo ... De olhos fechados para fora... você
pode abrir os seus olhos internos... olhos que vão poder olhar (sentir) você lá dentro...
Respire... inspirando calmamente... soltamente... abrindo o peito para uma nova
inspiração... Fazendo sua própria viagem de conforto...Inspirando... abrindo o peito... um
novo fôlego... Expirando... Expressando ... aquilo que fica preso lá dentro... À medida que
você faz esta respiração solta/mente... gostosa... você pode ir se soltando aí no sofá
(cadeira), sentindo o seu corpo, seus pensamentos... que partes estão mais tensas... Mas
não faça força... nem mesmo força para não fazer força... Deixe as coisas acontecerem
naturalmente... Até mesmo os pensamentos... sem julgamento. A respiração vai ajudando
você, levando oxigênio a todas as suas células... Abrindo... Soltando...
E aí dentro de você há um reservatório de bons recursos para ajudá-lo a se sentir bem,
agora!
E você pode ir percebendo seu corpo... ir soltando seus pés... Sinta os seus pés no chão,
dentro dos seus sapatos... você pode apoiar seus pés e se deixar ir para dentro mais e
mais... Que coisa boa é podermos nos apoiar.
Enquanto você solta seus pés e os sente... pode ir soltando as pernas... o
pensamento... aliviando cada tensão muscular... Pode ir sentindo as pernas apoiadas ao

NEUROFISIOLOGIA DA DOR E TÉCNICAS DE MODULÇAO COM HIPNOSE – NEUROPSICOLOGIA SEM NEURA 37


sofá (cadeira), deixando-as aí ficarem... Pode ir soltando quadris... abdômen... soltando
peso... tensão... Vai soltando o peito... a respiração... Soltando as costas nas costas do
sofá (cadeira), vértebra por vértebra... músculo por músculo... E o corpo... pescoço...
nuca... soltando, relaxando... aliviado. E você pode sentir a cabeça, os músculos da
cabeça, da face... que coisa boa que é poder se dar algum tempo... Tempo de revisão...
tempo de soltar... Tempo de aproveitar... Aproveite saudável/mente este momento... A esta
altura... eu vou observando mudanças em você... Enquanto eu fui falando... sua pulsação
mudou... seus batimentos cardíacos se tornaram mais compassados... seu rosto está com
uma expressão mais suave... (Observe bem antes de falar)
Assim, agora respire gostosamente e vá se trazendo serenamente ativo,
ativamente sereno, bem desperto aqui, de volta à sala... ouvindo os sons ao redor...
ouvindo a minha voz e se reorientando a este momento... mantendo o bem-estar... Se você
quiser pode se lembrar do que foi dito, ou pode esquecer de se lembrar... ou pode deixar
por conta da sua mente ir lembrando você daquilo que for necessário, no momento em que
for necessário...

Indução Da Respiração

A respiração é considerada uma boa metáfora de limpeza, saúde, vida. A


respiração processa mudanças de purificação e vida. A absorção será a focalização na
respiração do cliente.
... Agora se permita colocar-se à vontade... fechando os olhos... procurando
perceber sua respiração, como ela acontece em você... apenas repare... e vá soltando o
corpo no sofá (cadeira), sentindo seus pés apoiados ao chão... não fazendo força alguma...
calma/mente se deixando ir para dentro de você mesmo... deslizando... sentindo... A
respiração é algo que faz parte de nós... nos dá a vida a cada minuto que respiramos...
Levando na inspiração o oxigênio a todas as nossas células... a quantidade certa que elas
precisam para se multiplicar, mudar, viver... e retirando/digerindo... na expiração as toxinas
e o gás carbônico... levando vida nova... abrindo... soltando... Nós vamos fazer um
pequeno exercício de imaginação... em que você pode imaginar... visualizar... sentir... mas
não se esforce para fazê-lo... faça automaticamente... é um exercício de respiração... Traz
alívio e bem-estar... e você pode experienciar... Então você pode imaginar um céu muito
azul... de um azul muito suave, bonito e limpo... onde o ar também é azul...
... Imaginando... visualizando ou sentindo... o ar entrando azul na sua inspiração...
inspirando azul... sentindo seu peito se abrindo... o azul entrando e aliviando...
acalmando... levando os aspectos positivos... o bom... e deixando sair na expiração... um
ar cinza... carregando as toxinas que ficam presas lá dentro de você... entrando o azul que
acalma... abre o peito... alivia... dá fôlego... saindo os aspectos negativos... cinza... Isso...
experimente... Entrando o azul... que trabalha a angústia... o peito apertado...saindo o

NEUROFISIOLOGIA DA DOR E TÉCNICAS DE MODULÇAO COM HIPNOSE – NEUROPSICOLOGIA SEM NEURA 38


cinza... carregando... expressando o que fica preso lá dentro... Isso mesmo... permita-se
experienciar... abrir-se para o novo, o calmo, o azul, e deixar sair o que fica aí preso...
digerindo... respirando vida... paz... aprofundando seu bem-estar...
Passe para a ratificação. Ratifique as mudanças não só da respiração, mas as que você
observa, em cada detalhe.
Em seguida, utilize sua criatividade, elicie as possibilidades, os recursos da pessoa.
Você pode criar metáforas ou trabalhe com o que você achar melhor. Depois reintegre a
pessoa e reorientando-a para o estado de vigília.

Indução De Um Lugar Agradável (Local Seguro)

Esta é uma indução para proporcionar ao cliente um tipo de lugar de proteção. Ele
pode usar esta técnica para fazer auto hipnose, para se colocar neste local protegido em
momentos de ansiedade ou insegurança.
Comece por uma indução natural, do modo que você quiser, não necessariamente
como vai escrito nesse roteiro. Depois de estar com o seu cliente já confortável e
responsivo.
...Permita-se ficar à vontade... colocando-se confortavelmente no sofá (cadeira)...
e você sabe que, ao fechar seus olhos... você pode abrir seus olhos internos... os olhos da
mente que vão observar seus sentimentos... o que está passando lá dentro... é mais uma
oportunidade para você se permitir descobrir uma forma de ficar com segurança com você
mesmo... Assim, daqui... pouco a pouco... você vai indo para dentro... entrando em contato
com sensações/sentimentos de conforto e bem-estar... Você vai respirando... abrindo o
peito na inspiração...levando a vida... oxigênio... um fôlego novo... à medida que você
inspira...sua mente vai acomodando seu corpo confortavelmente no sofá... e vai lhe
levando para uma viagem... sensações/sentimentos... porque sua mente sabe dos
caminhos... lugares que conduzem ao bem estar... e você pode ir desfrutando protegida
de um estado de bem estar aí dentro de você... inspirando... oxigênio... paz...
tranquilidade... expirando... gás carbônico... sentimentos apertados... aliviando...
Ratifique:
...Daqui onde estou, eu já observo mudanças em você... no ritmo respiratório... mais
suave... no seu tônus muscular... mais solto... suave... deslizando... desfrutando
protegidamente... na sua face mais relaxada...Que coisa boa desfrutar de um bem-estar...
Elicie:
E você pode aumentar sua segurança, seu bem estar... imagine... visualize... um
lugar especial... agradável... pode ser um lugar conhecido ou imaginário... pode ser
uma praia, um mar agradável... ou pode ser o alto de uma montanha... ou talvez um

NEUROFISIOLOGIA DA DOR E TÉCNICAS DE MODULÇAO COM HIPNOSE – NEUROPSICOLOGIA SEM NEURA 39


vale com um rio ou um campo com flores... pode ser o que você quiser... até mesmo
seu quarto... mas se deixe imaginar este lugar em cada detalhe... a cor do céu... que
mais lhe agradar... a temperatura do ambiente que mais lhe agradar... a brisa do ar?
O tempo está gostoso... permita-se visualizar cada partezinha deste lugar só seu... cada
planta... cada flor... se há água... como é essa água... a cor... os barulhos... se há
animais/passarinhos... Veja lá o que você quiser... e se coloque neste lugar... num cantinho
agradável... protegidamente confortado... com paz e tranquilidade... desfrutando do bem
estar de poder ficar à vontade... respirando... soltando... e deixando que sua mente
sabiamente amiga possa trabalhar para você agora... E assim, toda vez que você se sentir
com vontade, você pode ir para esse lugarzinho aí dentro de você... protegidamente
recuperar seu fôlego, sua energia... seu bem estar... Vou lhe dar alguns minutos... utilize-
os como todo o tempo do mundo... para você curtir um bem estar protegidamente...
curtindo... soltando... desfrutando... (dê dois minutinhos, mais ou menos, de acordo com
cada pessoa). Faça apenas um sinal com a cabeça que você está lá no seu lugar agradável
para que eu possa saber logo que você o visualizar... e agora... você pode ir voltando
devagarzinho... se trazendo serenamente bem desperto e cheio de energia aqui para a
sala agora... respirando uma, duas ou três vezes vá voltando... completamente alerta e
bem disposto... sabendo que você pode voltar a este lugar agradável sempre que
necessitar... ele é seu... até mesmo criar outros novos lugares ao seu agrado... Voltando
bem disposto, para um resto de dia agradável, onde você levará este bem estar que é uma
conquista sua...

Teste Da Levitação Das Mãos

Mostrar ao cliente que ele é capaz de fazer muitas coisas que ele pensa que não
consegue. A levitação das mãos é uma resposta ideomotora. Um fenômeno hipnótico que
acontece naturalmente e que, ao ser sugestionado na indução, vem como reposta. Os
iniciantes têm um certo receio de fazê-lo, porque acham que vão falhar, que seu cliente
não responderá. É preciso, antes de tudo, em qualquer indução, estabelecer o rapport.
Muitas vezes a resposta é demorada. É preciso dar tempo para que o cliente
responda. Pode ser que, depois de algum tempo, quando você acha que o cliente não vai
mais responder, venha a resposta. Por outras vezes o cliente apenas alucina que levitou a
mão, que o fez; mas na verdade, ele só alucinou. Você observou e o cliente manteve a
mão abaixada. Mesmo assim, ao terminar, o cliente lhe diz que a levitação foi ótima.
Juntou-se aí outro fenômeno hipnótico, a alucinação positiva. Por isso, espere e investigue
como foi este exercício para o seu cliente. Normalmente a resposta vem.
Existem várias formas de provocar levitação das mãos, segue abaixo um exemplo:
Daqui a pouco, vou tocar nas costas da sua mão esquerda, quando tocar, essa mão
começará a ficar muito leve, tão leve que começará a levitar, a subir em direção ao seu

NEUROFISIOLOGIA DA DOR E TÉCNICAS DE MODULÇAO COM HIPNOSE – NEUROPSICOLOGIA SEM NEURA 40


rosto, como se estivesse sendo puxada por balões…*toque na mão esquerda*… agora a
mão começa a ficar muito leve, imagine que há balões a puxando… isso… ela começa a
se mexer, desse jeito… mais leve… e enquanto sobe, você começa sentir uma sensação
boa… que vai ficando melhor… este estado vai ficando mais fundo e quanto mais sua mão
sobe, melhor você se sente… ainda melhor… A mão sabe o caminho de chegar ao rosto
sozinha... ela vai indo... (à medida que ela for subindo) ... isso mesmo... experienciando
fazer algo novo... a sensação de leveza e bem-estar vai acompanhando você... Você pode
experimentar mover e fazer algo novo... e tocá-lo de uma forma especial e agradável...
sentindo... tocando... movendo... e aos pouquinhos, depois de tocar seu rosto e senti-lo...
você pode ir descendo sua mão até tocar seu colo novamente... E agora, depois desta
agradável experiência... você pode ir voltando devagarinho aqui para a sala... bem
disposto... serenamente alerta... respirando saudavelmente...
Quando a pessoa não levitar mude um pouco para: ... Mas se sua mão preferir ficar
quietinha neste momento... também deixe-a experienciar a sensação agradável de se
permitir repousar como está... Virão outros momentos de fazer movimentos lá dentro, na
hora mais oportuna para você... desfrutando protegidamente deste descanso gostoso...
A levitação de mão é feita para ver até que ponto o sujeito recebe como seu algo
que se sugere como uma indicação de comportamento. Você tem uma base para observar
o que é necessário fazer para que mudanças ocorram.

NEUROFISIOLOGIA DA DOR E TÉCNICAS DE MODULÇAO COM HIPNOSE – NEUROPSICOLOGIA SEM NEURA 41


Induções Rápidas
Quando se precisa dar alguma celeridade ao processo hipnótico, as induções por
quebra de padrão costumam ser as mais utilizadas.
Veja a seguir, algumas das rotinas de induções rápidas mais comuns.

A indução de Elman

A indução de Elman, apesar de ser relativamente lenta (pode levar em torno de


dois minutos para acontecer), é extremamente poderosa.
ROTEIRO
[Essa rotina deve ser realizada com o sujeito assentado] Por favor, assente-se nessa
cadeira.
[Após ele assentar-se] Muito bem. Agora, descanse seus braços e suas mãos sobre suas
coxas.
Essa rotina envolverá alguns toques no pulso, ombro e testa do sujeito. Lembre-se de
alertá-lo quanto a isso.
Inspire profundamente e segure o ar... [aguarde cerca de dois segundos] Isso...
Enquanto solta o ar, feche os olhos e relaxe. Eu quero que você relaxe todos os pequenos
músculos e nervos e em torno de seus olhos. Eu quero que você os relaxe a ponto de que,
enquanto o relaxamento continuar, eles simplesmente mantenham-se fechados... Quando
achar que seu relaxamento já chegou a esse ponto, faça um pequeno teste e verifique que
seus olhos realmente não abrem devido a todo esse relaxamento... Aguarde a testagem.
Se o sujeito abrir os olhos, não se preocupe. Basta que você reaja normalmente e diga]
Muito bem.
Você se lembra quando eu disse que hipnose é um processo inteiramente
consciente? Você quis abrir seus olhos e eles se abriram. Agora, quero que você faça um
teste diferente. No primeiro teste, você os testou para ver se eles abririam. Agora, quero
que você realize um segundo teste, um teste de que eles não vão funcionar. E quando
você tiver certeza que eles não abrirão, prove para si mesmo que você é capaz de tentar
e não os abrir. Tente mais uma vez e prove para si mesmo que eles não abrirão. [Alguns
sujeitos abrirão os olhos ainda mais uma vez. Nesse caso, você pode simplesmente
encaixar outra rotina de indução completamente diferente. Após verificar uma tentativa
frustrada de abrir os olhos (geralmente ela é caracterizada pelo levantar das sobrancelhas
ou vibração das pálpebras), faça uma pausa de cerca de dois segundos e continue] Muito
bom. Não precisa mais testar... e relaxe-os novamente... E permita que todo o relaxamento
que seus olhos estão sentindo vá em direção a pontas dos seus pés...Como uma onda

NEUROFISIOLOGIA DA DOR E TÉCNICAS DE MODULÇAO COM HIPNOSE – NEUROPSICOLOGIA SEM NEURA 42


bem quente de relaxamento...Muito bom...Em instantes, vou pedir para você abrir seus
olhos...e fechá-los novamente... Quando fechá-los novamente, você entrará em um
relaxamento dez vezes maior do que o que você está sentindo agora... [Antes de dar o
comando para o sujeito abrir os olhos, coloque sua mão com a palma aberta e os dedos
cerrados, tapando o olhar do sujeito. Ao tapar o olhar do sujeito, você dificulta o sujeito a
ajustar o foco do olhar, favorecendo o relaxamento. Além disso, você evita que o sujeito
se distraia com algo da sala. Enquanto o sujeito mantiver os olhos abertos, continue
tapando sua visão com a palma da sua mão.
Em algum momento, não agora, vou levantar este braço pelo pulso e quero que
você imagine-o totalmente pesado e relaxado, como um pano molhado... quando este
braço cair, você relaxa 10x mais... (levante o braço e verifique o relaxamento)... muito
bem... agora que já relaxou seu corpo, precisamos relaxar sua mente... para isso,
vou pedir que daqui a pouco inicie uma contagem regressiva a partir de 100 em voz alta
bem devagar... a cada contagem, imagine e permita que esses números vão sumindo e
deixando de ser importantes... quando estiver próximo do 95, 94 ou bem antes disso,
permita que eles desapareçam totalmente e você entre em um estado ainda mais relaxado
e se sinta ainda melhor... pode começar... (cliente começa a contagem)... eles vão
sumindo, sumindo, sumindo... (continue até que a contagem pare)... muito bem, agora você
está pronto para acessar sua mente inconsciente e permitir que ela trabalhe da melhor
forma possível para alcançar seus objetivos...”

Auto hipnose
Imagine ter a capacidade de se sentir bem sempre que você quiser. Imagine ser
capaz de acalmar seus nervos quando todo mundo ao seu redor está tenso e em pânico.
Imagine como seria bom poder controlar a dor. Nesse capítulo, você aprenderá auto
hipnose e será capaz de realizar tudo isso e muito mais. Na auto hipnose, você fará a sua
própria indução e aprofundamento hipnóticos, tornando sua mente extremamente
receptiva às sugestões que você criará para si mesmo.
Após conhecer hipnose, parece inevitável considerar a possibilidade de se induzir
a hipnose em si mesmo. Braid parece ter sido o primeiro a utilizar da auto hipnose com
sucesso com o fim de aliviar a dor. O método de indução hipnótico de Braid era a fixação
e o cansaço ocular, como bem explica Karl Weissmann23:
Por sua vez, Braid, ao menos no princípio de sua carreira, usava vencer o paciente
pelo cansaço ocular. Era o método de fascinação prolongada. À maneira da maioria dos
nossos contemporâneos, hipnotizava pelo olhar. Enquanto o sujeito cansava o nervo ótico,
ao ponto de congestionar os olhos, lacrimejar e sentir dor de cabeça, Braid lhe
recomendava concentrar sua mente na ideia do sono. Braid mudou de tática já quase no
fim de sua carreira, quando descobriu que podia hipnotizar cegos ou pessoas em recintos
NEUROFISIOLOGIA DA DOR E TÉCNICAS DE MODULÇAO COM HIPNOSE – NEUROPSICOLOGIA SEM NEURA 43
completamente escuros. Percebeu que o importante não era o cansaço visual ou a
concentração ocular, mas, sim, a concentração mental.
Dessa observação, em diante passou a dar maior importância ao fator imaginação, em
relação ao qual ressaltava a preponderância da sugestão verbal e a do detalhe da voz.
(WEISSMAN,1958)

Hipnose Clínica
Ab-Reações
Lembre-se de instalar em seu cliente uma ancora de lugar seguro caso o cliente
tenha reações que fujam ao controle durante a sessão. Aplique a ancora se necessário.
Você pode dizer: A cena desaparece e você se concentra apenas na sua
respiração. Essa frase é recomendada por Igor Ledochowski e é muito eficaz o sujeito
facilmente responderá a suas novas sugestões. Se for um choro leve recomendo deixar o
paciente colocar as emoções para fora, deixe-o chorar um pouco e se o choro passar a ser
compulsivo mude as sugestões para que a cena desapareça e o faça sentir-se bem. É
importante ressaltar que quando isso ocorre não significa que o paciente está em perigo,
é apenas uma reação devido à expectativa trazido pelo paciente em relação à hipnose.
Por isso, seja habilidoso e calmo nestas situações.

Controlando a Dor
Independentemente de qual seja o tipo de dor, ela possuirá dois componentes
específicos: sensorial e afetivo (i.e. a maneira como nosso cérebro interpreta a dor
sensorial).
A dor sensorial fornece as principais pistas sobre a localização e características
específicas da dor tais como calor, frio, ardor, dor intermitente ou contínua. A dor sensorial
serve como proteção de nosso organismo e não deve ser eliminado sem que haja uma
avaliação médica sobre suas causas.
O componente afetivo da dor descreve o quanto a dor é perturbadora ou incômoda
para o paciente. Esse componente identifica o impacto e a interpretação da dor sensorial.
Por exemplo, a dor muscular normalmente sofrida por um atleta após um intenso
treinamento (tal como o levantamento de peso ou uma maratona) certamente dói, mas o
atleta não se incomoda tanto com isso. Ao menos, não se incomoda o mesmo tanto que
alguém que sofra uma dor equivalente sensorialmente, mas produzida por um ferimento
acidental. Da mesma forma, a dor do parto é sensorialmente intensa. No entanto, devido
à felicidade pelo nascimento do filho, geralmente não causa sofrimento algum. Por outro
lado, aquele mesmo atleta já acostumado com as dores naturalmente decorrentes de seu
treinamento, podem sofrer bastante com dores sensorialmente menores, mas que
NEUROFISIOLOGIA DA DOR E TÉCNICAS DE MODULÇAO COM HIPNOSE – NEUROPSICOLOGIA SEM NEURA 44
indiquem lesões que possam colocá-los de fora de alguma competição importante ou, até
mesmo, aposentá-los precocemente.
A dor pode ser controlada por meio de dois mecanismos distintos: distração e
dissociação. Os mecanismos de distração certamente são os mais conhecidos. Por
exemplo, não são raras as vezes em que os pais, ao levarem seus filhos para um
procedimento de vacinação, procuram chamar sua atenção de alguma forma, seja
conversando ou brincando com a criança. Os mecanismos dissociativos são aqueles que
conseguem inibir que a mente do sujeito identifique a dor sensorial, limitando bastante o
sofrimento.
Geralmente, a hipnose trabalha com ambos os dois mecanismos, tornando-se uma
ferramenta muito importante para o controle da dor, seja em terceiros ou em si mesmo, por
meio do auto hipnose. O roteiro a seguir pode ser adaptado para qualquer tipo de dor que
necessita de controle, principalmente em seu componente afetivo.

Submodalidades
Técnica das figuras geométricas
Pergunte a pessoa em que nível de encontra a dor dela numa escala de 0 a 10.
Digamos que a pessoa diga nível 8.
Pergunte a ela se essa dor tivesse uma cor que cor teria.
Se essa dor tivesse uma forma geométrica, qual seria?
Você poderia aqui perguntar também do peso e do tamanho. Mas vamos fazer
apenas com os elementos acima. Digamos que o paciente respondeu nível 8, cor vermelha
e um quadrado como sendo a figura geométrica.
Peça para que a pessoa diga onde está a dor e peça para que feche os olhos. “Isso,
agora com o poder de sua imaginação, traga essa imagem para frente os seus olhos, mas
continue de olhos fechados.
Agora imagine que esse quadrado, de número 8 e cor vermelha começa a se
modificar e vira um triângulo laranja de número 7. Muito bem! Agora ele vai se modificando
e vira um retângulo de número 6 e cor amarela. Isso! Agora vira um círculo de número 5 e
cor roxa, agora um quadrado de número 4 e cor azul, agora um quadrado bem menos de
número 3
verde, e agora vira um círculo de cor creme e número 2. Isso, e agora vira um
grãozinho de areia que começa a viajar em direção ao céu, saindo do planeta,
passando as estrelas, planetas e galáxias. Até que ele some completamente.....Abra os
olhos! Como se sente? Qual o nível daquela dor?”
Obs.: Uso “daquela” dor para dar a impressão que a dor está longe!

NEUROFISIOLOGIA DA DOR E TÉCNICAS DE MODULÇAO COM HIPNOSE – NEUROPSICOLOGIA SEM NEURA 45


Caso a pessoa não entenda de figuras geométricas, substitua o roteiro por frutas.
Pode começar com uma melancia, depois vira um melão, uma laranja, uma jabuticaba,
uma cereja e some! Ou então associar a dor de cabeça a um cão rottweiler ou pitbull, e
depois ir o transformando em um pastor alemão, labrador, um poodle, pug e por fim vira
um shih-tzu. Este mesmo cão pode dar uma “lambidinha na pessoa”. A mente da pessoa
entenderá que um shih-tzu que seria a representação metafórica da dor de cabeça não
poderá apresentar “dor”.
Obs.: O que importa é fazer com que o cérebro da pessoa crie uma associação de
que a dor de cabeça dela está representada nas figuras que vão diminuindo e sumindo.

Sala de Controles
(Técnica para pessoas que não gostam de passar o controle para o hipnotista.
Recomendo essa técnica para qualquer finalidade que queiramos regular no paciente, seja
aumentar ou diminuir a percepção da dor).
Imagine que você entrou em uma sala de controles da sua mente. Você
percebe que nessa sala existem inúmeros botões, alavancas e computadores
relacionados ao funcionamento de cada parte do seu corpo. Você então avista uma
alavanca maior responsável pelo nível de dor.
Pergunte a posição que ela marca, por exemplo ela marca uma posição de número
7 em uma escala de 0 a 10. Agora, pegue você mesmo com sua mão e puxe com toda sua
força, no seu tempo essa alavanca para trás e a deixe onde preferir, pode ser no 5, no 4
ou até mesmo no 0 se preferir.

Anestesia Hipnótica
Além de proporcionarmos analgesia (alívio de uma dor), também é possível,
através de sugestões, anestesiarmos alguma parte do corpo. Estas técnicas são muito
úteis em situações de procedimentos invasivos, como injeção, procedimentos estéticos,
procedimentos odontológicos, tatuagem, trocas de curativos etc. Para anestesiar, procure
resgatar experiências passadas que são familiares para a pessoa que você estiver
hipnotizando, como anestesia prévia em alguma parte do corpo, sensação de dormência,
formigamento, etc.
Use também metáforas que possam ser associadas a um desligamento na
percepção dolorosa, como uma luva de couro na mão, imaginar que o braço é feito de
borracha ou que existe um botão que desliga qualquer sensação de desconforto. Comece
sempre anestesiando uma das mãos e teste para comprovar que o incômodo está
reduzido. Após a testagem, peça para a pessoa passar a mão em qualquer outra parte do
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corpo que deseja anestesiar e fale que, ao fazer isso, esta mesma sensação de anestesia
será transferida.

Ancoragem
Ainda que o termo “ancoragem” seja relativamente recente, a ideia por trás dele, o
condicionamento clássico, é bem antiga. Com o objetivo de investigar a fisiologia da
digestão em cães, o fisiologista Ivan Pavlov (1849 –1936) desenvolveu um procedimento
que lhe permitia estudar os processos digestivos de animais por longos períodos. Esse
método se consistia no uso de uma mangueira inserida diretamente nas glândulas
salivares do animal. Dessa maneira, toda vez que a saliva era produzida, ela era
imediatamente captada, para ser posteriormente estudada. Toda vez que a comida era
apresentada aos cães, eles instintivamente salivavam.
No entanto, com o passar do tempo, Pavlov algo muito interessante. Ainda que na
ausência da comida, os cães passaram a salivar ao verem o técnico que normalmente os
alimentava. Isso motivou Pavlov a realizar outro experimento envolvendo seus cães.
Inicialmente, ele disparou uma sirene e observou que esse barulho não fazia seus cães
salivarem.
Em seguida, passou a disparar essa mesma sirene pouco antes de alimentá-los.
Com o passar do tempo, os cães passaram a salivar apenas ao ouvirem o disparar
da sirene, ainda que na ausência da comida. Pavlov chamou a comida de “estímulo
incondicionado” e a salivação decorrente da presença da comida foi chamada de “resposta
incondicionada”, visto que já aconteciam naturalmente em todos os cães. Instintivamente,
os cachorros já salivavam ao verem a comida. Em determinado momento, apenas o
disparar da sirene já era suficiente para os cães salivarem. Nesse caso, Pavlov chamou a
sirene de “estímulo condicionado” e a salivação tornou-se a “resposta condicionada”.
Ancoragem é um conceito que amplia o conceito de condicionamento clássico para
além das nossas reações fisiológicas. Ou seja, âncoras são estímulos condicionados que
fazem as pessoas terem respostas condicionadas das mais diversas: comportamentos,
emoções ou até mesmo pensamentos. Algumas ancoragens são compartilhadas
culturalmente, como o aperto de mão. Ao vermos a mão do sujeito, temos um
comportamento condicionado (apertamos a mão do sujeito).
Âncoras podem ser colocadas através do toque, som de voz, estalar de dedos,
movimentos das mãos, odores, gostos, posturas corporais, localização, voz, ambiente
físico, ou outros estímulos. Por exemplo, suponha que você esteja com saudades de seu
namorado (a). Nesse caso, várias âncoras foram colocadas, já que você se lembrará dele
(a) ao sentir algum perfume, ao ver uma foto dele, dentre vários outros estímulos
condicionados.

NEUROFISIOLOGIA DA DOR E TÉCNICAS DE MODULÇAO COM HIPNOSE – NEUROPSICOLOGIA SEM NEURA 47


A ancoragem é um processo natural e que acontece o tempo todo. No entanto,
podemos fazer a ancoragem propositalmente. Vamos supor que você deseja criar uma
ancoragem para potencializar a rotina de anestesia. Após a ancoragem, bastará que
“acione” a âncora toda vez que quiser potencializar essa sugestão.
Existem algumas regras para uma ancoragem eficaz.
1 – Permita que seu sujeito experiencie o estado desejado da forma mais intensa
o possível. Provavelmente, isso será obtido por meio de algum comando verbal específico.
2 – Insira o estímulo (âncora) no exato momento em que o sujeito tiver sua
experiência em sua forma mais intensa. É importante que eles aconteçam da maneira mais
simultânea o possível. Observe atentamente as reações fisiológicas do sujeito para
identificar se ele realmente está experienciando as sensações a serem ancoradas. Por
exemplo, suponha que o sujeito esteja extremamente relaxado. Nesse caso, você poderá
observar esse relaxamento pelo tônus dos músculos da face e a respiração do sujeito.
Geralmente, quando o sujeito começa a acessar a experiência desejada, é conveniente
colocar a âncora de forma mais leve. Conforme a experiência for se intensificando, a
âncora pode ir se intensificando também.
3 - Certifique-se que o estímulo pode ser repetido sempre da mesma forma.
4 – Faça alguns testes para ver se a ancoragem foi feita corretamente. Se a âncora
for um estalar de dedos seguidos de “durma” para o sujeito entrar em transe
imediatamente, faça alguns testes com o sujeito quando o sujeito estiver desperto. Estale
os dedos, diga “durma” e observe se a ancoragem foi realizada adequadamente.
Uma âncora muito utilizada durante a terapia é a existência de uma “cadeira da
hipnose” no seu consultório. Ou seja, uma cadeira usada especialmente para as consultas.
Geralmente, essa cadeira é bem distinta das cadeiras que vemos no nosso dia a dia: é
uma cadeira bem espaçosa, mais confortável e acolchoada. Ao verem a cadeira, os
sujeitos já ficam com a expectativa da experiência. À cada vez que virem a cadeira, essa
ancoragem vai se instalar mais e mais fortemente.

O “Despertar”
Como terminar a hipnose com segurança?
O objetivo é retirar todas as sugestões, deixando apenas a que queremos reforçar
e voltar o sujeito ao estado normal, com segurança. Devemos retirar as sugestões
“paralelas”, reforçar as âncoras que pretendemos deixar, conduzir ao estado normal de
forma progressiva.

NEUROFISIOLOGIA DA DOR E TÉCNICAS DE MODULÇAO COM HIPNOSE – NEUROPSICOLOGIA SEM NEURA 48


Exemplo: A partir de agora, todas as sugestões serão removidas menos a
sensação prazerosa que você pode acessar sempre que tocar sua mão dessa forma
(âncora). Você se sentirá totalmente alegre e satisfeito. Agora, contarei de 1 a 5, e no 5
você estará totalmente desperto, se sentindo ótimo e fantástico, muito melhor do que
estava quando chegou aqui:
1. Vai se preparando para estar presente no aqui e agora
2. Uma energia ativa todo seu corpo, fazendo você se sentir ótimo;
3. (Levante a cabeça) respira fundo, enchendo os pulmões de ar, se sentindo
incrível;
4. Seu corpo se sente ótimo, a respiração está ótima, olhos ótimos, a cabeça está
leve e ótima, mente em perfeito estado;
5. Abra os olhos, se sentindo fantástico, animado e energizado. Como você se
sente?

NEUROFISIOLOGIA DA DOR E TÉCNICAS DE MODULÇAO COM HIPNOSE – NEUROPSICOLOGIA SEM NEURA 49


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