GRADUAÇÃO AULA 01 e 02 EDUCAÇÃO INCLUSIVA
GRADUAÇÃO AULA 01 e 02 EDUCAÇÃO INCLUSIVA
GRADUAÇÃO AULA 01 e 02 EDUCAÇÃO INCLUSIVA
2023
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SÚMARIO
AULA 01:
Maria do Socorro Alencar Nunes Macedo; Ana Caroline de Almeida; Magda Dezotti.
1.2. OS FUNDAMENTOS PSICOLÓGICOS: …………………………………………….…...05
REFERENCIAS ..................................................................................................................20
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AULA 01
Mas afinal, por que a pessoa com deficiência tem direito a frequentar a escola comum? Por
que ela tem direito a apreender? Quais são os fundamentos filosóficos, psicológicos e legais
dos que defendem a inclusão escolar das pessoas com deficiências?
Por isso, numa perspectiva de escola inclusiva, o ambiente escolar deve representar,
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com a maior fidelidade possível, a diversidade dos indivíduos que compõem a sociedade.
São as diferenças que possibilitam enriquecer as experiências curriculares e que ajudam a
melhor assimilar o conhecimento que se materializa nas disciplinas do currículo. Somente
numa escola em que a sociedade, sempre plural e heterogênea, esteja equitativamente
representada, com alunos com deficiências ou não, é que o currículo escolar pode cumprir
sua função: construir a cidadania e preparar os alunos para viverem em harmonia fora da
escola, dotados de habilidades e competências que a experiência de escola e o
conhecimento nela construído os ajudou a desenvolver.
Nessa concepção de escola que não exclui ninguém, em que a deficiência, seja ela
qual for, não deve constituir barreira para a criança permanecer na escola e aprender, vem
assumindo particular importância e papel decisivo o atendimento educacional especializado,
que tem como pressuposto fundamental o direito da criança com deficiência a frequentar a
escola comum e de nela progredir, dentro de seus limites e possibilidades.
A LBI é uma grande conquista na medida em que vai na contramão desse passado
histórico, definindo a deficiência como atributo que não pode ser descolado do contexto, uma
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vez que se dá na interação de uma pessoa que possui uma ou mais características que
divergem do padrão com barreiras.
Em outras palavras, a deficiência – seja ela de que ordem for – só existe na relação
com um mundo repleto de impedimentos para a plena inclusão da pessoa que a possui.
As barreiras podem ser arquitetônicas (portas estreitas, banheiros não adaptados, por
exemplo); urbanísticas (calçada desnivelada, falta de piso tátil e sinal sonoro em semáforos,
entre outros); nos transportes (ausência de rampas e corrimão); na comunicação (ausência
de libras, legendas, texto alternativo etc.); tecnológicas(que impedem o acesso as novas
tecnologias como garantia para qualidades de ensino.
As barreiras atitudinais são um conjunto de preconceitos e predisposições contrárias
à presença e inclusão de pessoas com deficiência na sociedade. Imaginar que uma criança
com deficiência atrapalha o processo de ensino e aprendizagem de outros estudantes é um
dos exemplos mais contundentes e comuns dessa discriminação, como reproduzia o
antigo ministro da Educação, Milton Ribeiro.
As conquistas legais nesse campo consolidaram, contudo, a corresponsabilidade
entre Estado e sociedade na eliminação de barreiras, de modo a possibilitar que pessoas
com deficiência se desenvolvam de maneira autônoma e independente. Pensando nas
implicações diretas desse debate para a educação, Rodrigo Hübner Mendes –
superintendente do Instituto Rodrigo Mendes, referência na promoção de práticas inclusivas
– compreende que:
“No âmbito da educação, tal perspectiva gera impactos contundentes no modo
de pensar o acolhimento das diferenças humanas no ambiente escolar, uma
vez que desconstrói o cômodo argumento de que a escola e os professores
estão dispostos a atender ao aluno com deficiência desde que ele se adapte ao
modelo presente. (...) Além disso, a convenção esclarece que as pessoas com
deficiência não devem ser excluídas do sistema educacional geral sob
alegação de deficiência. Ao contrário, devem ter acesso ao ensino em
igualdade de condições com os demais estudantes, de modo a conviver
plenamente com toda a comunidade escolar.”
Médio brasileiro, somente 0,68% das matrículas é ocupada por pessoas desse
segmento social. Precisamos mudar esse cenário.”
Esse tema é muito oportuno, tendo em vista que estamos na fase de implementação
da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), o que envolve traduzir em práticas
pedagógicas os currículos que foram criados pelos estados e municípios. O fato de
um estudante ter uma deficiência não pode servir de desculpa para que ele seja
privado do conteúdo na sua íntegra, mesmo que isso envolva flexibilizações ou
diversificações de estratégias pedagógicas. O terceiro fator é a existência de altas
expectativas para todos os alunos, independentemente de suas particularidades.”
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Esse processo descrito por Henriques cria uma limitação artificial dos horizontes
possíveis para jovens e adultos com deficiência. Um levantamento do Instituto Alana
coordenado pelo Dr. Thomas Hehir, da Escola de Educação de Harvard, demonstrou como
o modelo de escola segregada gera pessoas com maior dependência da família e dos
serviços sociais e menos integração ao mundo do trabalho e do ensino superior. Além disso,
o estudo acompanhou 68 mil estudantes com deficiência e, através de um modelo
comparativo, foi capaz de demonstrar que em escolas e classes segregadas havia uma
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“Nos mobilizamos para estar mais perto das famílias, estreitando esse vínculo,
pois é uma parceria para o desenvolvimento do aprendizado. É a família que
dá o feedback para que o professor possa planejar novas ações, articulado ao
professor do AEE, para que possamos eliminar as barreiras e o estudante tenha
garantido o direito à aprendizagem. É importante reforçar o desenho universal
da aprendizagem como instrumento para todos. Temos que pensar no
estudante com deficiência, no estudante em situação de vulnerabilidade, no
estudante com deficiência que também está em situação de vulnerabilidade e
nos demais estudantes, como o estudante que está com um problema
emocional, por exemplo.”
Enquanto as redes de ensino ainda lidam com a necessidade de adaptar aulas, tanto
remotas quanto presenciais, às exigências sanitárias impostas pelo atual contexto, outros
desafios põem em risco os direitos dos estudantes com deficiência em nosso país. Em
setembro de 2020, o atual governou promulgou o Decreto nº 10.502, que instituiu a Política
Nacional de Educação Especial. A medida prevê, entre outras coisas, o retrocesso ao modelo
de integração segregada, com escolas e classes especiais. Suspenso em caráter preliminar
por decisão do Superior Tribunal Federal (STF) desde dezembro de 2020, o decreto aguarda
uma decisão definitiva da corte, infelizmente.
Além de seguir um modelo duramente criticado por especialistas, familiares e
organizações que atuam em defesa dos direitos das pessoas com deficiência, o decreto pode
retroceder muito as conquistas da educação inclusiva consolidadas nas últimas décadas. Ao
determinar salas e escolas especiais, o decreto divide a previsão orçamentária,
desestimulando o investimento para inclusão em escolas e classes regulares. Dessa forma,
abre-se o precedente para que o Estado não custeie as adaptações necessárias à diminuição
das barreiras para os estudantes com deficiência nas escolas.
REFERENCIAS:
ATIVIDADE 01
Anotações: