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Sequencia Didática-Variação Linguistica

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PROPOSTA DE AO PARA VARIAO LINGUSTICA NO ENSINO FUNDAMENTAL 1

Vanessa de Lima Fernandes Mota 248797

Introduo Tendo em vista a desmitificao da lngua portuguesa como um sistema padronizado e homogneo, faz-se necessrio abordar no ensino da lngua as caractersticas de variao presentes na linguagem, deixando claro, assim, que a mesma sofre influncias culturais das mais variadas formas. Para que se desfaa todo preconceito lingustico e a noo equivocada da lngua portuguesa como algo homogneo, preciso entend-la como Monteiro (2010:35) a define: A lngua um produto social, que engloba convenes estabelecidas por um determinado grupo social. Desta maneira, a lngua deve ser estudada sempre de forma contextualizada, de acordo com o grupo social que a est utilizando, seus costumes, cultura e histria. Apesar de j se saber que a lngua um produto social, que ao longo do tempo, da histria e das mais diferentes comunidades vem sofrendo alteraes e modificandose constantemente, ainda h uma prtica educativa que elege um tipo de linguagem para ser estudado nas escolas. Com isso, perpetua-se a variao lingustica classificada como norma culta ou padro. Diante disso, para essa proposta de ao foram selecionados gneros textuais que no utilizam necessariamente a variedade culta da lngua, a fim de no somente valorizar as outras variaes, como tambm de ter um parmetro para comparaes acessvel e prximo realidade da criana. O gnero textual piada foi escolhido para abrir a proposta, pois o mesmo tem caractersticas relevantes para o incio do processo de alfabetizao, ele um texto pequeno e, em geral, memorizado por aqueles que o utilizam, bem como est associado diverso e humor. Segundo Santos (2010:113) o gnero piada pode servir a vrios propsitos pedaggicos, de acordo com excerto abaixo:
O objetivo global da insero dos gneros na escola consiste na aquisio de condutas de linguagem inseridas em um contexto bem definido. Os objetivos gerais para o trabalho didtico com a piada so: a) desenvolvimento das capacidades de leitura; b)

desenvolvimento das capacidades de escrita; c) tomada de conscincia da relevncia da intertextualidade; d) aproximao com a lngua por meio da percepo de sua dinamicidade (variao lingustica, desusos, nveis de adequao, etc); e) aprender o tipo textual narrativo; f) explorar a multiplicidade de efeitos de sentido; g) aprender a lidar com a ambiguidade e com outros recursos (jogos fonolgicos, morfolgicos, lexicais, etc.).

Nesse caso, ento, o objetivo principal de trabalhar com piada seria focar naquilo que autora coloca como aproximao com a lngua por meio da percepo de sua dinamicidade (variao lingustica, desusos, nveis de adequao, etc). O gnero textual de histrias em quadrinhos no formato de gibis tambm foi escolhido por ser dinmico e ter sries inteiras voltadas para um pblico especfico, por exemplo, crianas e adolescentes. Alm disso, esse gnero possui uma caracterstica narrativa, baseada em dilogos constantes entre as personagens, o que facilmente identificado e compreendido por crianas, o que as motiva a participar. Assim, nesse gnero pode ser encontrada uma variao lingustica tpica de certa idade, o que leva ao estudo da variao etria. J o gnero textual das cartas e e-mail importante do ponto de vista de sua atualidade e envolvimento no dia-a-dia das crianas e adolescentes. Esse gnero tambm possibilita o estudo especfico da adequao da linguagem de acordo com certo propsito e certo pblico, portanto possvel trabalhar tanto a linguagem coloquial como a culta, demonstrando que a escolha da linguagem deve ser feita de acordo com seu contexto de uso.

Objetivos
Trabalhar com as variao geogrfica muito significativo levando em considerao a diversidade cultural do Brasil e como isso est associado a sua extenso territorial. Especialmente, essa variao contribui para o processo de construo da identidade cidad do aluno, ao tornar conhecido o seu pas. A variao etria contribui para o estudo das diferentes fases da vida humana e suas particularidades, no caso, essa variao pode contribuir para o entendimento da fase especfica dos alunos e seus conflitos com as outras geraes. J a variao lingustica de norma culta e coloquial tem contribuies especiais para o estudo de uma linguagem de prestgio, que permite ao aluno uma participao

efetiva na sociedade, de forma crtica e consciente. Do contrrio, como Monteiro(2010:52) coloca:


A instituio escolar, ao negar criana ou ao adulto das classes trabalhadoras a apropriao da lngua padro com certeza, no lhes oferecer ferramentas intelectuais para a apresentao de uma verdadeira participao futura no cotidiano, Objetivando mudanas das estruturas sociais.

Procedimentos Metodolgicos

Sequncia de atividade: variao lingustica geogrfica Gnero textual: Piada Atividade 1: Sensibilizao Pedir antecipadamente que os alunos tragam decoradas algumas piadas contadas por seus pais, irmos ou amigos para apresentarem em sala de aula. Dividir o nmero de apresentaes dos alunos ao longo dos dias que o professor for trabalhar com esse gnero, destinar o perodo inicial da aula para isso. Atividade 2: Discutindo a variedade brasileira Na primeira aula, o professor fica por ltimo para ler uma parte do material disponibilizado no anexo 1 desse trabalho, ento ele deve escolher um texto

relacionado a uma regio do Brasil. Para o esse momento, os alunos devem fechar seus olhos e prestar muita ateno no que a professora ir contar, para depois tentar apontar algo que no comum na fala deles. Nesse dilogo, o professor deve iniciar a discusso sobre a variedade presente em nosso pas, as diferentes regies e costumes, podendo, inclusive, apresentar em slides fotos da cultura e espao trabalhados no dia. Atividade 3: Identificar palavras conhecidas e desconhecidas com smbolos diferentes Aps estabelecer esse primeiro dilogo, o professor pode escrever na lousa a parte de seu texto lido e partir para a identificao das palavras no quadro apontadas pelos alunos anteriormente. Atividade 4: Substituio de palavras

Perguntar como poderiam ser substitudas certas palavras no comuns para todo mundo e fazer as devidas substituies com os alunos, para que depois eles registrem. Proceder da mesma forma com cada parte da piada relacionada a uma regio brasileira. Atividade 5: Apresentar norma culta Selecionar as palavras que os alunos j conheciam e verificar como elas esto escritas e so faladas e comparar com a norma padro. Ao fim do estudo de toda a piada e sequncia, discutir com os alunos os objetivos de uma piada e suas caractersticas, bem como pedir para eles criarem uma piada prpria. Sequncia de atividade: variao lingustica etria Gnero textual: histria em quadrinhos Atividade 1: Leitura de sequncia de histria em quadrinho O professor deve ler uma primeira sequncia de histria em quadrinho do gibi Turma da Monica Jovem, aps isso discutir com os alunos quem so as personagens e suas caractersticas. Nesse ponto o professor no pode deixar de questionar a possvel idade das personagens e como os alunos chegaram a essa concluso, provavelmente a linguagem aparecer como um fator. Os alunos devem registrar o levantamento feito de cada personagem. Atividade 2: Encontro dos personagens jovens com outros mais velhos Nessa atividade, deve-se tirar cpias da imagem das personagens juntamente com algumas falas caractersticas da idade dadas a elas por seu autor. Os alunos devem tentar identificar palavras que so tpicas do vocabulrio adolescente atual. Depois disso, os alunos devem inventar um dilogo entre essas personagens e pessoas mais velhas, como seus pais ou avs, demonstrando a diferena de idade na linguagem. Atividade 3: Inventando o Turma da Mnica Adultos A ltima atividade deve pedir para que os alunos criem um episdio em que a Turma da Mnica j toda adulta e est em um ambiente de trabalho, assim eles devero adequar a linguagem de acordo com o contexto criado para as personagens. O professor deve discutir com os alunos os elementos da histria em quadrinho para que os alunos possam cri-la.

Sequncia de atividade: variao lingustica culta e coloquial Gnero textual: carta e e-mail Atividade 1: Internet e suas funes Projetar a imagem de sites de relacionamento como Orkut, de aplicativos de conversa instantnea, bem como de caixas de entrada de e-mail. Perguntar aos alunos quem utiliza algum deles ou v outras pessoas utilizando; perguntar se sabem para que serve; como as pessoas se comunicam nesses meios; que tipo de linguagem utilizada, principalmente no MSN e Orkut. Entregar uma cpia com o layout do Orkut para que eles produzam seu perfil, escrevendo seus nomes, fazendo um autorretrato e descrevendo-se. Alm disso, essa pgina pode ter um espao para recados no qual alguns amigos da sala podero deixar seu recado, ao trocarem as folhas entre si. Atividade 2: Exemplo de E-MAIL entre amigos e de carta entre

desconhecidos(empresa-pessoa) O professor deve trazer exemplo de um e-mail escrito por um jovem para um amigo seu. Nesse e-mail necessrio que haja a linguagem coloquial e tpica da internet, com vrias abreviaes. Discutir as partes de um e-mail e as peculiaridades desse, de acordo com o contexto do e-mail. Da mesma forma deve ser realizado com a carta. Nessa atividade, deve haver uma cruzadinha, a qual os alunos s conseguiro preencher se identificarem as palavras correspondentes s abreviaes presentes no email. No laboratrio de informtica o professor pode ensinar os alunos a criarem e-mails e trocarem entre si. Atividade3: Um e-mail formal para algum desconhecido Nessa ltima atividade os alunos devero escrever uma mensagem para o criador da Turma da Mnica, a fim de dizerem o quanto gostam do gibi e qual a personagem preferida e por qu. O professor deve auxiliar os alunos a utilizarem a lngua padro.

Prticas Avaliativas
Em cada sequncia, o produto final ser a avaliao do professor. Na primeira sequncia haver a criao de uma piada; na segunda, a criao de um episdio de

histria em quadrinho da Turma da Mnica- adultos; na terceira, o e-mail formal para Maurcio de Souza em seu site ser a avaliao do professor.

Referncias Bibliogrficas
Monteiro, Maria Iolanda. Alfabetizao e Letramento na fase inicial da escolarizao. EdUFSCar: So Carlos, 2010 Santos, Ngila Machado Pires. Piada: Caracterizao e conceituao de um gnero. A MARgem - Revista Eletrnica de Cincias Humanas, Letras e Artes / ISSN 2175-2516. Seo Estudos, Uberlndia ano 3, n. 6, p. 109-116, jul./dez. 2010.

Anexo 1
Assaltante nordestino: - Ei, bichim...isso um assalto... Arriba os brao e num se bula nem faa muganga... Arrebola o dinheiro no mato e no faa pantim se no enfio a peixeira no teu bucho e boto teu fato pra fora! perdo, meu Padim Cio, mais que t com uma fome da molstia...

Assaltante mineiro - s, presteno... Isso um assarto, uai... Levanta os brao e fica quetim quesse trem na minha mo t cheio de bala... Mi pass logo os trocado que eu num t bo hoje. Vai andando, uai! T esperando o qu, uai!!

Assaltante carioca - Seguinte bicho... Tu te deu mal. isso um assalto. Passa a grana e levanta os brao rap... No fica de bobeira que eu atiro bem pra... Vai andando e, se olha pra trs, vira presunto...

Assaltante baiano - , meu rei...(longa pausa) Isso um assalto...(longa pausa) Levanta os brao, mas no se avexe no...(longa pausa) Se num quiser nem precisa levanta, pra num fic cansado... Vai passando a grana, bem devagarinho... (longa pausa) No esquenta, meu irmozinho (longa pausa) vou deixa teus documento na encruzilhada...

Assaltante paulista - Orra, meu... isso um assalto, meu... Levanta os brao, meu... Passa a grana logo, meu... Mais rpido, meu, que ainda preciso peg a bilheteria aberta pra compra o ingresso do jogo do Corintia, meu... P, se manda, meu...

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