Curso 201247 Aula 09 Fa68 Simplificado
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Autor:
Equipe Português Estratégia
Concursos, Felipe Luccas
05 de Maio de 2022
Índice
1) Noções Iniciais de Tipologia Textual
..............................................................................................................................................................................................3
2) Tipo x Gênero
..............................................................................................................................................................................................4
3) Narração
..............................................................................................................................................................................................6
4) Descrição
..............................................................................................................................................................................................
14
5) Injunção
..............................................................................................................................................................................................
15
6) Dissertação
..............................................................................................................................................................................................
17
7) Funções da Linguagem
..............................................................................................................................................................................................
23
11) Intertextualidade
..............................................................................................................................................................................................
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CONSIDERAÇÕES INICIAIS
Olá, pessoal!
Professora e Coach Patrícia Manzato aqui para estudarmos o tópico mais cobrado nos concursos públicos:
interpretação de textos e gêneros textuais!
A tipologia textual se refere fundamentalmente ao tipo de texto e a sua estrutura e apresentação. Diferencia-
se um tipo do outro pela presença de traços linguísticos predominantes.
Normalmente, em concursos públicos, as bancas examinadoras têm cobrado com mais profundidade o tipo
dissertação e suas subvariantes argumentativa e expositiva.
A descrição quase não é cobrada, por ser muito fácil de identificar, mas também deve ser estudada, pois
permeia os outros tipos de texto e pode induzir o aluno a marcar que um texto é uma descrição pura...
Por fim, se quiser conhecer melhor meu trabalho e ter ainda mais dicas de Estudos e de Língua Portuguesa,
me siga nas redes sociais
Grande abraço e ótimos estudos!
Profª Patrícia Manzato
@prof.patriciamanzato
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TIPO X GÊNERO
Gênero textual é um conjunto de características comuns de um texto. É um conceito mais específico que o
conceito de “tipo” textual, que se define fundamentalmente pela “finalidade”.
Um gênero narrativo que tem sido bastante cobrado é a crônica, que se caracteriza por apresentar reflexões
sobre fatos cotidianos, da vida social, do dia a dia, aparentemente banais. Dentro dessa temática, pode ser
humorística, crítica, intimista. Geralmente é narrada em primeira pessoa e transmite a visão particular do
autor. Sua linguagem é direta e geralmente informal, registrando a fala literal e espontânea dos personagens.
Pode haver presença de lirismo e ironia. Contudo, há crônicas de alguns autores, especialmente clássicos,
em que se verifica registro formal e erudito da língua.
Antes de detalhar cada um dos tipos, vamos relembrar a diferença entre Tipo e Gênero:
Gênero Textual
==144f2==
Tipo Textual
(Modo de Organização) características próprias
para situações específicas)
Em suma, os tipos textuais principais são poucos, mas os gêneros são inúmeros e estão sempre surgindo
novos, de modo a abranger as novas “situações comunicativas”.
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culta.
Comentários:
Questão um pouco mais técnica. Vejamos as alternativas:
A) ERRADA. É o contrário: a tipologia é que auxilia os gêneros.
B) ERRADA. Não há essa classificação para tipologia textual.
C) CERTA.
D) ERRADA. O site, o blog, o chat, o e-mail são exemplos de gêneros textuais.
E) ERRADA. O nível de linguagem depende do gênero a ser utilizado. Gabarito letra C.
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NARRAÇÃO
A narração tem a finalidade de contar uma história, isto é, retratar acontecimentos, reais ou imaginários,
sucessivos num lapso temporal, de forma linear ou não linear. É dinâmica, pois traz uma mudança de estado,
uma sequência de fatos, uma relação de antes e depois.
Os elementos da narrativa são narrador, enredo, tempo (quando), lugar/espaço (onde), personagens
(quem) e um encadeamento de eventos (o quê) que se desenvolvem ou se complicam até um clímax e um
posterior desfecho.
Por narrar acontecimentos em sequência no tempo-espaço, o tempo verbal predominante é o pretérito
perfeito, embora também possa ocorrer o pretérito imperfeito ou até o presente, quando se pretende
aproximar os acontecimentos do tempo da narração.
Não há uma estrutura rígida para a construção de um enredo, contudo a narrativa normalmente parte de
um “fato narrativo inicial”, um evento que dá a referência inicial a partir do qual o enredo vai se desenvolver.
Deve haver uma relação de causalidade entre os eventos, uma integração lógica das ações e
acontecimentos, pois o relato de vários eventos desconexos não constitui um enredo, que deve ter uma
unidade lógica.
O enredo da narrativa geralmente vai partir de um estado inicial de harmonia, que será interrompido por
um fato gerador de desarmonia e conflito, que causará a busca por uma solução. Então, essa busca se
desenrolará em várias outras ações e outros conflitos, até um clímax e um desfecho da história. Basta pensar
em qualquer filme ou romance e perceberemos esse desenvolvimento. A banca não costuma cobrar isso de
forma teórica, mas pode perguntar sobre a motivação dos personagens.
Não há uma sequência rígida: as narrações podem ocorrer de forma muito simplificada,
resumidas ao relato de algumas poucas ações sequenciais.
A característica mais marcante de uma narração é a sequência temporal. A passagem do tempo narrativo
geralmente se explicita por meio de advérbios de tempo, orações temporais, tempos verbais específicos.
Contudo, pode vir implícita:
João deixou uma panela de feijão no fogo e foi à padaria comprar pão. Quando voltou,
antes de entrar em casa, parou para brincar com seu cachorro e então sentiu um cheiro
forte. Ao entrar em casa, percebeu que o feijão queimara. Desligou o fogo e gritou um
palavrão bem alto.
Observe as marcas temporais: os verbos estão conjugados no pretérito perfeito, indicando ações
perfeitamente concluídas. Os advérbios de tempo “antes”, “depois” e as orações temporais “quando voltou”
e “ao entrar” sinalizam explicitamente a distribuição das ações na linha cronológica. Em “desligou o fogo E
gritou”, o “E” aditivo é uma marca implícita da passagem do tempo, pois também indica uma ação seguida
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da outra.
As narrativas podem seguir cronologias irregulares, tempos psicológicos, em que os eventos são narrados
dentro da consciência do narrador e não coincidem com o tempo real. Também podem ser contadas de trás
para frente, em “flashback”.
O ritmo da narrativa também pode variar, podemos ter uma “narrativa direta”, que se desenvolve
rapidamente, com foco em levar o leitor diretamente ao desfecho. Esse é o caso das piadas, anedotas,
tirinhas.
Também podemos ter uma “narrativa indireta”, que se desenvolve de forma mais lenta, com muitas
interrupções e digressões do narrador, com rodeios, devaneios, pausas para descrições e intercalação de
subnarrativas de eventos secundários. Esse é o estilo de narração de grandes obras, como “Memórias
Póstumas de Brás Cubas” de Machado de Assis e “Dom Quixote” de Miguel de Cervantes.
Quanto ao elemento “personagens”, é importante lembrar que são seres humanos ou humanizados
(entidades personificadas, com atitude humana). Podem ser principais e secundários, de acordo com sua
==144f2==
importância na narrativa.
O personagem protagonista é um dos principais e conduz a ação. Sua experiência é o foco da narrativa, que
geralmente se funda na solução de um conflito ou busca do personagem principal.
O personagem antagonista é aquele que se opõe ao objetivo do protagonista. Suas ações geram obstáculos
que ajudam a desenvolver a narrativa em outras ações e outras subtramas. Pessoal, isso é bem simples, basta
pensar nos “heróis” e “vilões” dos filmes e quadrinhos.
Os principais gêneros textuais narrativos são charges, piadas, contos, novelas, crônicas e romances.
Tipos de narrador
O narrador pode apresentar diversos graus de interferência na história.
Pode ser um narrador personagem, que conta a história em primeira pessoa e faz parte dela. Sua fala
também pode vir registrada como a de um personagem comum, reproduzida literalmente ou indiretamente,
com a pontuação pertinente. A narrativa em primeira pessoa é impregnada pela opinião e pelas impressões
do narrador. Veja o exemplo:
"Não tínhamos dinheiro para passagem de ônibus a próxima cidade, de modo que meu
amigo sugeriu irmos de trem de carga, a condução dos espertos. Quando anoiteceu,
corremos a nos esconder num vagão vazio. Ofegantes, fechamos a pesada porta e nos
estendemos sobre o chão. Estávamos cansados e famintos."
Pode ser um narrador observador, que narra a história em terceira pessoa, como se a assistisse de fora, traz
o relato de uma testemunha.
"...Ele andava calmamente, a rua estava escura dificultando sua caminhada, mas ele
parecia não se importar, andava lentamente como se a escuridão não o assustasse..."
Por fim, pode ser um narrador onisciente, que não só narra a história, mas também tem pleno conhecimento
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do pensamento e das emoções dos personagens, bem como sobre o passado e o futuro dos acontecimentos.
Não há segredos para ele, pode desvelar a tendência e a personalidade dos personagens, mesmo que esses
mesmos não saibam. Ele conhece a verdade da narrativa.
“Ele sofria como um tolo desde a despedida dela. Dizia para si mesmo um milhão de vezes
que ela um dia voltaria. Mas no fundo, o idiota se obrigava a acreditar nesta imbecil
fantasia. Afinal, era a única coisa que o impedia de estourar os próprios miolos”.
Discurso direto
É narrado em primeira pessoa, retratando as exatas palavras dos personagens.
Caracteriza-se pelo uso de verbos dicendi ou declarativos, como dizer, falar, afirmar, ponderar, retrucar,
redarguir, replicar, perguntar, responder, pensar, refletir, indagar e outros que exerçam essa função. A
pontuação se caracteriza pela presença de dois pontos, travessões ou aspas para isolar as falas, que são
claramente alternadas, bem como de sinais gráficos, como interjeições, interrogações e exclamações, para
indicar o sentimento que as permeia.
"- Por que veio tão tarde? perguntou-lhe Sofia, logo que apareceu à porta do jardim, em
Santa Teresa.
- Sempre é tarde para os amigos, replicou Sofia, em ar de censura."
(Machado de Assis, Quincas Borba, cap. XXXIV)
Discurso indireto
É narrado em terceira pessoa e o narrador incorpora a fala dos personagens a sua própria fala, também
utilizando os verbos de elocução (discendi ou declarativos) como dizer, falar, afirmar, ponderar, retrucar,
redarguir, replicar, perguntar, responder, pensar, refletir, indagar.
Trata-se de uma paráfrase, uma reescritura das falas, agindo o narrador como intérprete e informante do
que foi dito. Geralmente traz uma oração subordinada substantiva, com a conjunção "que".
“A certo ponto da conversação, Glória me disse que desejava muito conhecer Carlota e
perguntou por que não a levei comigo."
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Por ser o discurso mais difícil de ser percebido, vamos sintetizar suas principais características:
✓ As falas das personagens (feitas na 1ª pessoa) surgem espontaneamente dentro discurso do narrado
(na 3ª pessoa);
✓ Não há marcas que indiquem a separação das falas do narrador e da personagem;
✓ Não é introduzido por verbos de elocução, nem por sinais de pontuação ou conjunções;
✓ Por vezes, é difícil delimitar o início e o fim da voz da personagem, já que está inserida dentro da voz
do narrador;
✓ O discurso do narrador transmite o sentido do discurso da personagem;
✓ O narrador é onisciente de todas as falas, sentimentos, reações e pensamentos da personagem.
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Discursos
Alteração na pontuação:
Frases interrogativas, exclamativas e
Frases declarativas
imperativas ( "" ! ? -)
Pretérito mais-que-perfeito do
Pretérito perfeito do indicativo
indicativo
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Observe que a conversão do discurso direto para o indireto está sinalizada principalmente pelo verbo
“declarativo” (verbo discendi), ou seja, aquele que introduz a fala (disse, declarou, afirmou, respondeu,
retrucou etc), seguido da oração com conjunção integrante "que", "quem".
Então, muitas vezes somente o verbo declarativo é passado para o discurso indireto e os verbos do restante
da fala são mantidos nos tempos originais.
— “Pedro não desistirá” — disse João. (Discurso Direto)
João disse que Pedro não desistiria.
João disse que Pedro não desistirá.
Opinião do autor/narrador
Percebemos que o discurso direto é mais objetivo, pois narra falas literais, exatamente como proferidas, de
modo que o leitor pode julgar por si mesmo a atitude dos personagens. Então, o discurso direto ajuda a
construir “veracidade” e “credibilidade” no que foi dito.
Já no discurso indireto e indireto livre, o narrador divide com o leitor seu próprio ponto de vista, sua própria
leitura dos fatos. Inclusive, ao recontar as falas dos outros, já pode estar inserindo seu viés na própria escolha
das palavras.
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Nesse contexto, a opinião do narrador (ou do locutor de um texto argumentativo) pode ser verificada em
algumas pistas, palavras que indicam em algum nível as verdadeiras impressões sobre o que se fala. Essas
expressões que indicam ponto de vista são chamadas de “modalizadores”:
Ex: Pedro infelizmente não tinha chegado ainda, devia estar no maldito trânsito e fatalmente
perderia o início do evento que lutara para organizar.
No exemplo acima, os advérbios “infelizmente” e “fatalmente” indicam que o locutor considera negativos o
acontecimento de perder o início do evento. Então, tais expressões revelam um viés “afetivo” e “subjetivo”.
O advérbio “ainda” indica que há na fala expectativa ou convicção de que ele já deveria ter chegado. Se o
advérbio utilizado fosse “já” (ele já chegou), o sentido seria outro e revelaria a visão de que ele chegou mais
rápido que o esperado.
O verbo “devia” foi usado como um modalizador, para indicar “possibilidade/probabilidade”, de modo que
sabemos que não há certeza absoluta naquela declaração. Se fosse usado outro verbo, como “poderia”, ou
um uma forma verbal mais categórica, como “estava”, os sentidos seriam outros e a visão do fato pareceria
outra.
O adjetivo “maldito” expressa verdadeiro rancor contra o “trânsito”.
O verbo “lutar” também indica que o autor considera o ato de “organizar” o evento uma tarefa difícil, que
exigia esforço e encontrava oposição, enfim, uma luta.
Esses são apenas alguns indícios de opinião do narrador/autor, examinados num pequeno período. No texto,
qualquer estrutura ou classe de palavras (verbos, adjetivos, advérbios, palavras denotativas, interjeições)
pode ser vestígio de uma opinião subjacente.
O que foi dito acima não é exclusivo para “narradores”: vale para a opinião do autor em dissertações,
argumentações, propagandas, artigos, matérias jornalísticas e qualquer gênero textual.
Cuidado, não é qualquer adjetivo ou advérbio que necessariamente indica um juízo de valor! Muitas vezes
eles têm caráter mais objetivo, embasado em uma situação concreta. É preciso analisar o contexto e as
opções da questão.
Transposto para o discurso indireto, o trecho transcrito acima assume a seguinte redação: "Torres Homem
dizia que propriedade de escravos é uma monstruosa violação do direito natural."
Comentários:
O trecho original está no discurso direto, no qual o autor faz uso dos "verbos de elocução" ("dizer"). Para a
conversão para o discurso indireto, teremos que fazer a conversão para a 3ª pessoa, já que há intervenção
do narrador no discurso, pois utiliza as suas próprias palavras para reproduzir as falas dos personagens.
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O correto seria: "Torres Homem dizia que propriedade de escravos era uma monstruosa violação do direito
natural.". Questão incorreta.
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DESCRIÇÃO
Descrever é caracterizar, relatar em detalhes características de pessoas, objetos, imagens, cenas, situações,
emoções, sentimentos. A descrição é uma pormenorização estática, uma pausa no tempo, geralmente uma
interrupção da narração, para apresentação de traços dos seres. Para isso, se utiliza de muitos adjetivos,
verbos de ligação que indicam estado e orações e locuções adjetivas para caracterização.
O tempo mais usual é o pretérito imperfeito, por indicar uma ação continuada ou rotineira: era, fazia, estava,
parecia...
A descrição quase sempre está presente em outros tipos textuais, assim como dificilmente é encontrada na
sua forma pura, de modo que também é comumente permeada por trechos narrativos ou dissertativos. Nas
provas de concurso, o mais comum é a descrição aparecer dentro de uma narração.
Difere-se fundamentalmente da narração por trazer acontecimentos simultâneos, que ocorrem ao mesmo
tempo, sem progressão temporal e sem relação de anterioridade e posterioridade. As ações podem
descrever uma rotina, ações habituais, sem foco narrativo.
A descrição está para uma foto, assim como a narração está para um filme.
Além disso, a descrição é o tipo textual que predomina em gêneros como manuais, propagandas, biografias,
relatórios, definições e verbetes, tutoriais.
Vejamos agora essas características nos textos que vêm sendo cobrados:
(PGE-PE / 2019)
Passávamos férias na fazenda da Jureia, que ficava na região de lindas propriedades cafeeiras. Íamos de
automóvel até Barra do Piraí, onde pegávamos um carro de boi. Lembro-me do aboio do condutor, a pé, ao
lado dos animais, com uma vara: “Xô, Marinheiro! Vâmu, Teimoso!”. Tenho ótimas recordações de lá e uma
foto da qual gosto muito, da minha infância, às gargalhadas, vestindo um macacão que minha própria mãe
costurava, com bastante capricho. Ela fazia um para cada dia da semana, assim, eu podia me esbaldar e me
sujar à vontade, porque sempre teria um macacão limpo para usar no dia seguinte.
Jô Soares. O livro de Jô: uma autobiografia
desautorizada. São Paulo: Companhia das Letras, 2017.
O texto é essencialmente descritivo, pois detalha lembranças acerca das viagens de férias que a personagem
e sua família faziam com frequência durante a sua infância.
Comentários:
Essencialmente, predominantemente, principalmente o texto é narrativo, pois há clara sucessão de fatos e
objetivo último de contar uma história, narrar uma sequência de ações ao longo do tempo.
Questão incorreta.
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INJUNÇÃO
O texto injuntivo traz instruções ao leitor para realizar certa tarefa. Ensina, orienta, interpela ou obriga o
leitor a fazer alguma coisa.
Sua principal característica é apresentar verbos no imperativo, em comandos neutros, genéricos e
impessoais, para prescrever alguma ação do leitor. O uso do infinitivo impessoal também é usado como
estratégia de neutralidade, pois omite o agente:
Ex: Passo 1, remover a embalagem. Passo 2, inserir CD de instalação.
Observamos esse tipo textual em gêneros como leis, regulamentos, contratos, manuais de instrução, receitas de bolo,
tutoriais.
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Comentários:
O texto claramente é injuntivo / instrucional: é um passo a passo de como tirar manchas difíceis. Gabarito:
Letra C.
==144f2==
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DISSERTAÇÃO
Agora veremos o assunto mais importante desta aula e talvez deste curso. Digo isso porque a dissertação é
o tipo textual mais cobrado, tanto em tipologia quando nas questões de português que trazem textos.
Conhecer a estruturação desse tipo vai ser vital na interpretação em geral, pois aprenderemos as estratégias
argumentativas que são objeto de questões de compreensão e das provas discursivas, além de ficarmos
familiares com a estruturação correta de um parágrafo e de um texto.
O texto dissertativo basicamente expõe ideias, razões, teorias, raciocínios, abstrações, por meio de relações
lógicas sequenciadas no texto, dentro de uma estrutura específica (introdução, desenvolvimento e
conclusão), sem necessária progressão temporal. Por ser neutra, atemporal e clara, marca-se pelo uso dos
verbos no presente, porque indicam verdades universais: “a água ferve a 100 graus”; “a terra gira em torno
do sol”.
A dissertação pode ser objetiva, também chamada de expositiva; ou subjetiva, também chamada de
argumentativa ou opinativa. Veremos também que há subtipos para um texto argumentativo e para um
texto expositivo.
Na maioria das provas, a banca espera que o candidato saiba identificar textos dissertativos com diferentes
finalidades.
"Com a pandemia, o planejamento de diversos certames previstos para 2020 acabou sendo
prejudicado. Por outro lado, já está sendo observada uma abertura gradual da economia
em alguns Estados, fato que deve se replicar no resto do Brasil."
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textual. Não é por trazer relato de um crime que um texto com clara finalidade de trazer informação nova
ao leitor (sobre uma ação da polícia, por exemplo) deve ser classificado como uma narrativa.
Atentem para isso, pois quase todo texto dissertativo traz elementos de outra tipologia.
Operadores argumentativos
Para comprovar sua opinião e sua tese, o autor deverá estabelecer algumas relações de sentido para
relacionar suas ideias e seus raciocínios. Para isso, poderá usar conectivos diversos, conjunções, advérbios,
palavras denotativas.
As conjunções são operadores argumentativos, pois ajudam a construir argumentos e relações lógicas
diversas. Em suma, introduzem ideias e argumentos, estabelecendo entre eles relações de tempo,
concessão, condição, proporcionalidade, comparação, conformidade, causa, consequência, adição,
alternância, conclusão, explicação, oposição.
Advérbios e palavras denotativas também funcionam como operadores argumentativos, pois estabelecem
entre argumentos relações de inclusão, exclusão, retificação, realce, prioridade, predominância, relevância,
esclarecimento.
Não vou aprofundar muito aqui, pois já vimos essas relações todas no estudo das classes (conjunções,
advérbios, preposições, palavras denotativas), mas é bom saber que a banca pode chamar de “operadores
argumentativos ou discursivos” esses termos e os sentidos que estabelecem na construção do texto.
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Dessa forma, podemos dizer que as conjunções aditivas são operadores que “somam argumentos”, as
conjunções adversativas “opõem argumentos”, as alternativas “excluem ou alternam” argumentos, assim
por diante.
A estrutura argumentativa
Como dito, a dissertação argumentativa traz uma progressão lógica de argumentos. Em nível estrutural, essa
progressão toma a forma de introdução, desenvolvimento e conclusão.
Na introdução, o autor apresenta o tema, a ideia principal, sua tese.
No desenvolvimento, o autor traz argumentos de apoio ao convencimento.
Na conclusão, o autor retoma a ideia central, apresentada na introdução, e consolida seu raciocínio. Nesse
parágrafo, geralmente ele oferece soluções para os problemas discutidos, faz constatações e reitera sua
opinião de forma mais incisiva.
Existe grande liberdade na forma com que os autores constroem suas argumentações. Alguns autores
concluem logo no início, depois justificam sua posição, outros trazem sua tese somente no final.
Vejamos em detalhes cada uma dessas partes.
Introdução
A introdução deve conter a tese, ou seja, uma afirmação que deverá ser sustentada no decorrer dos
parágrafos. Se o autor pudesse sintetizar todo seu texto numa sentença, essa seria sua tese.
A opinião do autor aqui aparece de modo brando e será reiterada de modo forte na conclusão.
Também é na introdução que o autor tenta seduzir o leitor, captar seu interesse, atraindo-o para continuar
lendo.
Desenvolvimento
No desenvolvimento deve constar a fundamentação da opinião “levantada” na introdução.
A ideia central de um parágrafo de desenvolvimento é chamada de tópico frasal ou pequena tese. Ele é a
síntese do argumento, a ideia mais importante do parágrafo, e geralmente vem no início (não
necessariamente).
É importante destacar que o parágrafo segue uma estrutura análoga ao texto argumentativo como um todo,
ou seja, o parágrafo de desenvolvimento também tem a sua introdução, que geralmente coincide com o
tópico frasal.
O período seguinte deve trazer uma ampliação desse tópico, sustentando-o por meio de argumentos e
contra-argumentos, raciocínios lógicos, exemplos, comparações, narrativas, citações de autoridades, dados
estatísticos ou outra forma de desenvolvimento. Por fim, pode haver uma conclusão que retoma a ideia-
núcleo ou anuncia o tópico frasal do próximo argumento.
A estrutura do parágrafo argumentativo pode ser vista assim:
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Cada argumento deve vir separado em um parágrafo, por clareza e por destacar mais
ainda a estrutura dissertativo-argumentativa.
Essa regra é tão importante que as bancas geralmente descontam pontos por parágrafos
que trazem mais de uma ideia.
Para ilustrar essa teoria, vamos focar no segundo parágrafo de desenvolvimento retirado da prova da CVM:
Sintetizando a progressão lógica e estrutural desse texto, temos: a) As fontes renováveis são importantes, b)
mas, serão apenas um complemento, pois não estão distribuídas de forma regular pelo mundo, conforme
exemplos, c) portanto, não são capazes de substituir o petróleo. Veja que a estrutura de um único parágrafo
reflete a macroestrutura do texto dissertativo-argumentativo.
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FUNÇÕES DA LINGUAGEM
A comunicação ocorre na interação de vários elementos integrados: um emissor, uma mensagem, um
receptor para essa mensagem, que tem um tema, um assunto, um contexto, um referente.
Há outros elementos: a mensagem é transmitida por determinado “meio”, um “canal”, e utiliza um
determinado sistema de signos conhecidos pelas partes, chamado “código”.
No contexto de “adequação” ou “inadequação” de uma variante linguística, temos que ponderar qual é a
finalidade daquela situação comunicativa, que se reflete em diversas “funções da linguagem”.
A depender do objetivo, a linguagem vai “focar” em algum dos elementos envolvidos na comunicação. Às
vezes, o foco do discurso recai sobre o conteúdo do texto; às vezes, sobre a forma que esse conteúdo é
passado. Pode também recair sobre o assunto em si.
Vejamos a característica principal de cada função da linguagem.
FUNÇÃO EMOTIVA:
O foco recai sobre o próprio “emissor”.
O “eu” é o centro da mensagem, que se apresenta como subjetiva e pessoal. Por esse motivo, reflete o ânimo
e as emoções.
Essa função da linguagem predomina em poemas líricos e em prosa intimista.
Como marcas textuais, temos o uso de interjeições, exclamações, reticências, vocativos, verbos em primeira
pessoa, adjetivos valorativos.
Sinto que viver é inevitável. Posso na primavera ficar horas sentada fumando, apenas sendo. Ser
às vezes sangra. Mas não há como não sangrar pois é no sangue que sinto a primavera. Dói. A
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primavera me dá coisas. Dá do que viver E sinto que um dia na primavera é que vou morrer de
amor pungente e coração enfraquecido.
(Clarice Lispector)
FUNÇÃO FÁTICA:
O foco da mensagem recai sobre o próprio “canal” em que ela é transmitida. Visa a testar, estabelecer,
manter ou encerrar a comunicação.
Nessa função se encaixam as saudações, os iniciadores de conversa, os marcadores conversacionais de
confirmação: alô? Tá ouvindo? Tudo bem? Como vai? Dá licença? Certo? Ok? Entendeu? Todos comigo? Hein?
Falou... Ok.. Bom dia...
Vejamos a tirinha:
Note que na tirinha do Cascão e do Cebolinha, o efeito de humor é construído justamente pelo uso da função
fática.
FUNÇÃO APELATIVA OU CONATIVA:
O foco recai sobre o interlocutor, o ouvinte. A finalidade é convencê-lo ou influenciá-lo. Por isso, é permeada
por discurso em segunda pessoa (Tu e Você) e verbos no imperativo.
Por objetivar induzir o ouvinte a fazer algo, esta é a linguagem predominante em sermões e em propaganda.
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Um texto pode ter indícios de várias funções de linguagem, mas uma será considerada
predominante.
Por exemplo, um texto poético pode também estar permeado pela linguagem emotiva, com
muitas referências ao próprio narrador/eu-lírico e seus sentimentos. Porém, a função
predominante será a poética.
Vejamos alguns exemplos de poesia e anúncio criativo que exploram essa função:
“...Eu, que tantas vezes não tenho tido paciência para tomar banho,
Eu, que tantas vezes tenho sido ridículo, absurdo,
Que tenho enrolado os pés publicamente nos tapetes das etiquetas,
Que tenho sido grotesco, mesquinho, submisso e arrogante,
Que tenho sofrido enxovalhos e calado,
Que quando não tenho calado, tenho sido mais ridículo ainda...”
(Fernando Pessoa, Poema em linha reta)
FUNÇÃO METALINGUÍSTICA:
O foco está no código utilizado na transmissão da mensagem. O código é usado para explicar o próprio
código, ou seja, a língua explica a língua.
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Esta aula é um exemplo, pois uso a linguagem para falar sobre a própria linguagem. Além disso,
encontraremos a metalinguagem em verbetes de dicionários, em resenhas, em manuais de redação e
gramáticas, em filmes que falam de filmes, em atores que interpretam atores, em poemas que falam sobre
a poesia.
A metalinguagem também ocorre em outras formas de expressão que não a prosa e a poesia. Observe as
figuras abaixo:
==144f2==
Para finalizar e facilitar seu entendimento e memorização, deixo aqui um resumo das funções que acabamos
de estudar:
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bem nítido o alvo incerto para que marchamos, na bruma do futuro fugidio. Quanta penetração! Quanto
amor! Que estudo e saber não lhe eram exigidos! Era preciso tudo, tudo! A Teologia e a Física, a Alquimia! ...
Era preciso saber tudo e sentir tudo! Era na verdade um vasto e levantado ofício!
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Uma boa interpretação de textos pressupõe uma série de conhecimentos e habilidades, anteriores ao texto
em si.
O leitor precisa reconhecer:
✓ o contexto (situação/situacionalidade);
✓ a finalidade principal do texto: se é informar, narrar, descrever, e como essa intenção se materializa
(intencionalidade discursiva);
✓ a linguagem: se é literal ou figurada; irônica; se tem um propósito estético, poético, lírico, além da
sua mensagem principal;
✓ informações implícitas, quando há;
✓ referência a informações fora do texto ou a outros textos e se essas referências são parte do
conhecimento de mundo do leitor (para que possa entender aceitar essa mensagem –
aceitabilidade).
Enfim... Há muitos conceitos subjacentes à construção de um texto. A partir de agora, veremos os principais.
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Em prova, é comum a banca trazer textos “mistos”, “híbridos”, com elementos verbais e não verbais, ao
mesmo tempo. Teremos então imagens e palavras. Vejamos:
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INTERTEXTUALIDADE
Basicamente, a intertextualidade é comunicação/diálogo entre textos (texto escrito, música, pintura, obra
audiovisual...), isto é, ocorre intertextualidade quando um texto faz referência a outro, de forma implícita
(de forma oculta, de modo que o leitor depende de seu conhecimento de mundo para identificar a
referência) ou explícita (por exemplo, numa citação direta, com identificação da autoria do outro texto
citado).
Vejamos as principais formas de intertextualidade:
Citação: É a reprodução do discurso alheio, normalmente entre aspas e com indicação da autoria.
Epígrafe: Citação curta colocada em uma página no início da obra ou destacada no início de um capítulo.
Normalmente abre uma narrativa com a reprodução de frase célebre que anuncia ou resume a temática do
capítulo/obra que se inicia.
Se um homem tem um talento e não tem capacidade de usá-lo, ele fracassou. Se ele tem
um talento e usa somente a metade deste, ele fracassou parcialmente. Se ele tem um
talento e de certa forma aprende a usá-lo em sua totalidade, ele triunfou gloriosamente e
obteve uma satisfação e um triunfo que poucos homens conhecerão.
Thomas Wolfe
Minha janela não passa de um quadrado Minha janela não passa de um quadrado
A gente só vê cimento armado A gente só vê Sérgio Dourado
Onde antes se via o Redentor Onde antes se via o Redentor
É, meu amigo, só resta uma certeza É, meu amigo Só resta uma certeza
É preciso acabar com a natureza É preciso acabar com a natureza
É melhor lotear o nosso amor É melhor lotear o nosso amor
Original - Carta ao Tom 74 - Paródia “Carta do Tom” –
Toquinho e Vinícius de Morais Chico Buarque
Veja exemplos famosos, com linguagem também não verbal.
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==144f2==
Paráfrase: é a criação de um texto a partir de outro, é uma reescritura de ideias com outras palavras. A
paráfrase não tem finalidade humorística, mas sim reproduz, preserva e confirma a ideologia do texto
original.
Tradução: é a reprodução de um texto de uma língua para outra.
Referência/Alusão: é uma referência a outro texto, mas de forma vaga, indireta, sem indicação. Depende do
conhecimento de mundo do leitor para fazer sentido.
Ex: “Profissão Mestre Adverte: dar aulas pode ser prejudicial à saúde”.
Veja que há referência insinuada às propagandas do Ministério da Saúde acerca do cigarro.
Essas definições e exemplos são de difícil diferenciação em muitos casos, então a banca
pode muito bem não diferenciar precisamente os conceitos. O importante é reconhecer
que são todas formas de intertextualidade, de comunicação entre textos.
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Cidadão-usuário: A fatura da minha conta de água dos cinco últimos meses não passava de R$ 90,00, mas a
desse mês veio R$ 280,00! Eu não sei se tem um vazamento na caixa ou se o relógio de medição quebrou.”
Atendente: “Pelo que o senhor está me relatando, o senhor está com dúvida na sua conta de água e pode ter
um problema com a sua instalação.
Cidadão-usuário: “Sim, é isso mesmo!”
Nesse trecho de conversa, o atendente utilizou de um recurso denominado paródia.
Comentários:
Da análise da conversa, percebemos que o atendente repetiu o que o cliente disse, por meio da utilização
de outras palavras, de modo a tornar a compreensão mais fácil. Tal recurso é a “paráfrase". Lembre-se que
a paródia tem a finalidade humorística, irônica. Questão incorreta.
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INTERPRETAÇÃO E COMPREENSÃO
Embora muitos alunos os tratem por sinônimos, interpretar e compreender são ações diferentes. Sem
filosofar muito, para efeito de prova, interpretar é ser capaz de depreender informações do texto, deduzir
baseado em pistas, inferir um subtexto, que não está explícito, mas está pressuposto.
Compreender, por sua vez, seria localizar uma informação explícita no texto e não depende de nenhuma
inferência, porque está clara.
Essa diferença aparece nos enunciados, quando a banca nos informa se uma questão deve ser resolvida por
recorrência (compreensão) ou por inferência (interpretação).
Veremos aqui uma breve distinção teórica e depois partiremos para as questões, porque só aprendemos a
interpretar lendo e interpretando.
Recorrência:
O leitor deve buscar no texto aquela informação, sabendo que a resposta estará escrita
com outras palavras, em forma de paráfrase, ou seja, de uma reescritura. É o tipo mais
comum: a resposta está direta e literal no texto.
Inferência:
O leitor deve fazer deduções a partir do texto. O fundamento da dedução será um
pressuposto, ou seja, uma pista, vestígios que o texto traz. Deduzir além das pistas do texto
é extrapolar. Geralmente questões de inferência trazem o seguinte enunciado:
“depreende-se das ideias do texto”.
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==144f2==
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Pense assim: se é um "novo processo evolutivo", significa que havia um antigo processo evolutivo que era
considerado. Portanto, não se pode dizer que "o âmbito da biologia e da genética não inclui processos que
se possam reconhecer como propriamente evolutivos". Questão incorreta.
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Extrapolar:
Esse é o erro mais comum. O texto vai até um limite e o examinador oferece uma assertiva que “vai além”
desse limite.
O examinador inventa aspectos que não estão contidos no texto e o candidato, por não ter entendido bem
o texto, preenche essas lacunas com a imaginação, fazendo outras associações, à margem do texto,
estimulado pela assertiva errada. O exemplo mais perigoso é a extrapolação com informação verdadeira,
mas que não está no texto.
Limitar e Restringir:
É o contrário da extrapolação. Geralmente se manifesta na supressão de informação essencial para o texto.
A assertiva reducionista omite parte do que foi dito ou restringe o fato discutido a um universo menor de
possibilidades.
Acrescentar opinião:
Nesse tipo de assertiva errada, o examinador parafraseia parte do texto, mas acrescenta um pouco da sua
própria opinião, opinião esta que não foi externada pelo autor.
A armadilha dessas afirmativas está em embutir uma opinião que não está no texto, mas que está na
consciência coletiva, pelo fato de ser um clichê ou senso comum que o candidato possa compartilhar.
Contradizer o texto.
O texto original diz “A” e o texto parafraseado da assertiva errada diz “Não A” ou “B”.
Para disfarçar essa contradição, a banca usará muitas palavras do texto, fará uma paráfrase muito
semelhante, mas com um vocábulo crucial que fará o sentido ficar inverso ao do texto.
Tangenciar o tema.
O examinador cria uma assertiva que aparentemente se relaciona ao tema, mas fala de outro assunto,
remotamente correlato. No mundo dos fatos, aqueles dois temas podem até ser afins, mas no texto não se
falou do segundo, só do primeiro; então houve fuga ao tema.
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Atualmente o mundo atingiu um nível muito alto de desemprego, fato que só havia acontecido, em
proporções similares, após a crise de 29.
Segundo os órgãos internacionais, existem hoje, aproximadamente, 850 milhões de pessoas
desempregadas, algumas profissões foram superadas outras extintas, o crescimento constante de
tecnologias provoca alterações no mercado de trabalho em todo o mundo.
Até mesmo em países de terceiro mundo, as fábricas e indústrias estão sofisticadas e modernas. As
empresas são obrigadas a investir maciçamente em tecnologia para garantir rapidez e melhorar a qualidade,
itens necessários em um mercado tão competitivo.
De acordo com os fragmentos abaixo, julgue os itens:
I- Consoante algumas instituições internacionais, um número próximo de 850 milhões de pessoas estão
desempregadas, pois o desenvolvimento das tecnologias de automação modificou profundamente as
relações de trabalho, aumentando a rotatividade nos postos de trabalho.
II- Segundo o autor, o desemprego no Brasil atingiu um nível muito alto, algo que só ocorrera após a
==144f2==
depressão de 1929.
III- Fábricas em países de terceiro mundo, ao contrário do que possa parecer, ostentam plantas modernas,
em que há grandes investimentos em tecnologia, pois esse é um fator necessário para sobreviver num
mercado competitivo, assim como a qualidade da mão de obra.
IV- De acordo com organismos internacionais, há aproximadamente 850 milhões de desempregados, tendo
em vista que algumas profissões foram superadas e extintas, além do fato de que o crescimento constante
de tecnologias provoca manutenção das relações de trabalho no mercado em todo o mundo. Tal nível de
desemprego é sem precedentes na história.
V- Os investimentos em tecnologia são um grande fator para a deterioração dos benefícios trabalhistas,
constitucionalmente garantidos, acentuando a condição de hipossuficiente dos operários das modernas e
sofisticadas fábricas em todo o mundo.
Comentários:
I- No primeiro item, há extrapolação. O texto não menciona nada sobre automação nem sobre rotatividade
de trabalho; embora seja possível fazer essas associações à luz do tema “desemprego” isso foi além do que
estava escrito no texto. Essas informações não estão contidas.
II- Houve redução drástica da abrangência do tema. O autor fala do desemprego em todo o mundo; a
assertiva somente menciona o Brasil, tornando o universo da discussão muito restrito.
III- Esse “ao contrário do que possa parecer” é opinião do examinador levemente embutida no item. O texto
não diz claramente que as fábricas parecem menos modernas. Pelo contrário, diz que até as fábricas em
países de terceiro mundo estão sofisticadas; então poderíamos até entender um sentido concessivo de que
não é esperado que essas fábricas sejam modernas, mas isso é diferente de dizer que “não parecem”
modernas. também foi acrescentada uma outra opinião: que “a qualidade da mão de obra é tão importante
quanto a tecnologia”. Essas opiniões são compartilhadas por muitas pessoas, então o candidato pode se
identificar e marcar o item como certo. Contudo, não constam no texto escrito.
IV- O item é quase todo igual ao texto original, mas no finalzinho traz uma informação oposta: “o crescimento
constante de tecnologias provoca manutenção das relações de trabalho”. Não há manutenção, há mudanças
constantes, nas palavras do autor, há “alterações”. Também contradiz o texto a parte: “Tal nível de
desemprego é sem precedentes na história”. Isso não é verdade, pois também houve desemprego alto após
a crise de 29, conforme o texto.
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V- O tema do texto é o aumento do desemprego. Esta assertiva menciona indiretamente a tecnologia, mas
foca em outro tema: “direitos trabalhistas”. Embora remotamente relacionados, houve fuga ao objeto
principal do texto.
Dessa forma, observamos que, embora todas as alternativas tragam palavras muito semelhantes às do texto,
todos os itens estão errados. Gabarito EEEEE.
Viram, pessoal? É assim que a banca trabalha para enganar você: muda pequenas partes do texto, subtraindo
ou acrescentando informações com o propósito de mudar o sentido da assertiva.
Agora que já vimos toda a teoria, é hora de Praticar!
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Para obter os efeitos do humor ácido que caracteriza suas crônicas, Luis Fernando Veríssimo explora nesse
texto, metodicamente,
(A) uma sequência de invenções imaginárias, às quais se atribui uma importância que efetivamente elas não
poderiam ter.
(B) o critério da fantasia histórica, pela qual se considera que todas as invenções nasceram da vocação
humana para o humor.
(C) o contraste entre motivações falsas e motivações verdadeiras nas criações humanas, de modo que o
leitor não consiga distinguir umas das outras.
(D) uma série diferenciada de impulsos humanos que nos permitem atestar a finalidade real das invenções
da modernidade.
(E) a desproporção entre a grande importância de diferentes criações humanas e um mesmo motivo trivial
que as teria impulsionado.
Comentários:
Vejamos:
a) Incorreto. As invenções são reais, não imaginárias.
b) Incorreto. Não há fantasia histórica, as invenções são reais.
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c) Incorreto. No texto, a razão apresentada como verdadeira é a preguiça. Ele não apresenta motivações
falsas para fazer contraste e o humor não se baseia nisso.
d) Incorreto. Não há uma série diferenciada de impulsos humanos; segundo o texto, o impulso é único: a
preguiça.
e) Correto. Aqui está a fonte de humor do texto, pensar que as grandes invenções humanas teriam sido
motivadas por algo nada nobre ou grandioso: o mero sentimento da preguiça. Gabarito letra E.
2. (FCC / ALAP / ASS. LEGISLATIVO / 2020)
ILUMINAÇÃO − 7:800$000
A Prefeitura foi intrujada quando, em 1920, aqui se firmou um contrato para o fornecimento de luz. Apesar
de ser o negócio referente a claridade, julgo que assinaram aquilo às escuras. É um BLUFF*. Pagamos até a
luz que a lua nos dá.
*BLUFF expressão inglesa que foi aportuguesada como “blefe”: atitude enganadora, em jogo de cartas, que
busca iludir o adversário.
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digitais, que permitem a assinatura de contratos e o pagamento de impostos, por exemplo. Programas
similares em Cingapura e Amsterdã tentam criar uma espécie de “governo 4.0”.
Além disso, a tecnologia vai permitir uma melhora na governança. Plataformas digitais possibilitam acesso,
abertura e transparência às operações de governos locais e provavelmente irão mudar a forma como os
governos interagem com as pessoas.
(Adaptado de: “5 previsões para a cidade do futuro, segundo o Fórum Econômico Mundial”. Disponível em:
https://epocanegocios.globo.com)
Mas o sucesso tem sempre um custo − e as cidades não são exceção, segundo análise do Fórum Econômico
Mundial. (2º parágrafo)
Nesse trecho, constata-se a presença de uma
(A) incoerência.
(B) retificação.
(C) generalização.
(D) hipótese.
(E) recomendação.
Comentários:
A afirmação: “o sucesso sempre tem um curso” é uma generalização, pois não prevê nenhuma exceção, isto
é, sugere que o sucesso nunca é totalmente positivo. Gabarito letra C.
4. (FCC / TRT 15º REGIÃO / TÉCNICO / 2018)
Você concorda com Edward O. Wilson que “a natureza humana é um conjunto de predisposições genéticas”?
Acredito que predisposições genéticas existem, mas, na grande maioria dos casos, não passam de
exatamente isso: predisposições.
Mantendo-se a correção e, em linhas gerais, o sentido, as frases acima encontram-se transpostas para o
discurso indireto em
a) À pergunta: – Você concorda com Edward O. Wilson que “a natureza humana é um conjunto de
predisposições genéticas”?, responde a entrevistada: – Acredito que predisposições genéticas existem, mas,
na grande maioria dos casos, não passam de exatamente isso: predisposições.
b) Questionada se concordava com Edward O. Wilson sobre a natureza humana ser um conjunto de
predisposições genéticas, a entrevistada respondeu que acreditava na existência de tais predisposições, que,
todavia, na grande maioria dos casos não seriam mais do que isso.
c) À pergunta de, se concordaria com Edward O. Wilson que “a natureza humana é um conjunto de
predisposições genéticas”, respondeu a entrevistada que acreditaria que predisposições genéticas
existissem, mas que, na grande maioria dos casos, não passariam disso.
d) Em resposta à pergunta sobre sua concordância com Edward O. Wilson – que teria dito que a natureza
humana é um conjunto de predisposições genéticas – a entrevistada respondeu: “ Acredito que
predisposições genéticas existem, mas, na grande maioria dos casos, não passam de exatamente isso:
predisposições”.
e) Ao ser perguntada se concordava com Edward O. Wilson, a respeito de que a natureza humana é um
conjunto de predisposições genéticas, a entrevistada responde que, na maioria dos casos, acreditava em tais
predisposições, mas que não passariam de serem predisposições.
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Comentários:
O discurso direto reproduz literalmente o que foi dito, palavra a palavra. O discurso indireto “reporta” a fala,
de maneira mediada por um narrador, com devidas adaptações decorrentes de ter o discurso virado uma
narração de algo passado. A fala então vem em forma de oração subordinada ligada a um verbo declarativo.
A conversão correta está em:
Questionada se concordava com Edward O. Wilson sobre a natureza humana ser um conjunto de
predisposições genéticas, a entrevistada respondeu que acreditava na existência de tais predisposições, que,
todavia, na grande maioria dos casos não seriam mais do que isso.
Os verbos que estavam no presente na fala literal passam para o pretérito imperfeito. O verbo no futuro do
pretérito: “seriam” foi utilizado pelo tom de fato não absolutamente certo na fala da autora, pois ela diz
“acredito”. Gabarito: Letra B.
5. (FCC / COPERGÁS / ADMINISTRADOR / 2016)
A velhinha contrabandista
Todos os dias uma velhinha atravessava a ponte entre dois países, de bicicleta e carregando uma bolsa. E
todos os dias era revistada pelos guardas da fronteira, à procura de contrabando. Os guardas tinham certeza
que a velhinha era contrabandista, mas revistavam a velhinha, revistavam a sua bolsa e nunca encontravam
nada. Todos os dias a mesma coisa: nada. Até que um dia um dos guardas decidiu seguir a velhinha, para
flagrá-la vendendo a muamba, ficar sabendo o que ela contrabandeava e, principalmente, como. E seguiu a
velhinha até o seu próspero comércio de bicicletas e bolsas.
Como todas as fábulas, esta traz uma lição, só nos cabendo descobrir qual. Significa que quem se
concentra no mal aparentemente disfarçado descuida do mal disfarçado de aparente, ou que muita atenção
ao detalhe atrapalha a percepção do todo, ou que o hábito de só pensar o óbvio é a pior forma de distração.
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O problema da letra C é a segunda metade: não há “sua contestação no confronto com outro fato”. A
narrativa não é “contestada”, é reafirmada. Não há esse “confronto” com outro fato, sequer podemos dizer
que há outro fato. A segunda parte é uma confirmação da moral da fábula: “Como todas as fábulas, esta traz
uma lição”. Confronto haveria se a segunda parte desmentisse ou desafiasse a premissa da primeira parte.
O que ocorre é uma constatação: assim como ocorre na parte 1 (guardas foram enganados pela velhinha
várias vezes), ocorre na parte 2 (outras “fábulas” hipotéticas em que “só pensar o óbvio é a pior forma de
distração”). As duas metades se alinham, não se confrontam.
A “elucidação aberta em hipóteses” se refere ao esclarecimento (“significa que”) da moral da história, do
“erro” dos guardas, dividida (aberta) em alternativas (hipóteses):
1) quem se concentra no mal aparentemente disfarçado descuida do mal disfarçado de aparente,
2) ou que muita atenção ao detalhe atrapalha a percepção do todo,
3) ou que o hábito de só pensar o óbvio é a pior forma de distração.
Dessa forma, o gabarito é a letra B.
6. (FCC / ISS SÃO LUIZ / AUD. FISCAL DE TRIBUTOS / 2018)
A vida privada não é uma realidade natural, dada desde a origem dos tempos: é uma realidade histórica.
A história da vida privada é, em primeiro lugar, a história de sua definição: como evoluiu sua distinção na
sociedade francesa do século XX? Como o domínio da vida privada variou em seu conteúdo e abrangência?
A questão é tanto mais importante na medida em que não é certo que seu contorno tenha o mesmo
sentido em todos os meios sociais. Para a burguesia da Belle Époque1, não há nenhuma dúvida: o “muro da
vida privada” separa claramente os domínios. Por trás desse muro protetor, a vida privada e a família
coincidem com bastante exatidão. Esse domínio abrange as fortunas, a saúde, os costumes, a religião: se os
pais que querem casar os filhos consultam o notário ou o pároco para “tomar informações” sobre a família
de um eventual pretendente, é porque a família oculta cuidadosamente ao público o tio fracassado, o irmão
de costumes dissolutos e o montante das rendas. E Jaurès2, respondendo a um deputado socialista que lhe
censurava a comunhão solene da filha: “Meu caro colega, você sem dúvida faz o que quer de sua mulher, eu
não”, marcava com grande precisão a fronteira entre sua existência de político e sua vida privada.
Essa separação era organizada por uma densa teia de prescrições. A baronesa Staffe3, por exemplo, cita:
“Quanto menos relações mantemos com a vizinhança, mais merecemos a estima e consideração dos que nos
cercam”, “não devemos falar de assuntos íntimos com os parentes ou amigos que viajam conosco na
presença de desconhecidos”. O apartamento ou a casa burguesa, aliás, se caracterizam por uma nítida
diferença entre as salas para as visitas e os demais aposentos. O lugar da família propriamente dita não é o
salão: as crianças não entram no aposento quando há visitas e, como explica a baronesa, as fotos de família
ficariam deslocadas nesse recinto. Ademais, as salas de visitas não são abertas a todos. Se toda dama da boa
sociedade tem seu “dia” de receber − em 1907, são 178 em Nevers4 −, a visita à esposa de um figurão supõe
uma apresentação prévia. As salas de recepção estabelecem, portanto, um espaço de transição para a vida
privada propriamente dita.
(Adaptado de: PROST, Antoine. Fronteiras e espaços do privado. In: PROST, Antoine; VINCENT, Gérard (orgs.).
História da vida privada 5: Da Primeira Guerra a nossos dias. Trad. Denise Bottmann. São Paulo: Companhia das
Letras, 2009, p. 14 e 15.)
Obs.:
1 Período de cultura cosmopolita na história da Europa que vai de fins do século XIX até a eclosão da Primeira
Guerra Mundial.
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No processo argumentativo,
(A) a consulta dos pais é mencionada porque constitui a causa de as famílias ocultarem cuidadosamente ao
público fatos que poderiam ser considerados socialmente nocivos. (2º parágrafo)
(B) a resposta de Jaurès é citada para, na composição do painel da vida francesa, destacar que, já em fins do
século XIX e começo do XX, havia críticas a políticos que usavam a vida particular para alavancar suas
pretensões de homem público. (2º parágrafo)
(C) a presença do advérbio aliás sinaliza um oportuno acréscimo ao já dito acerca dos domínios da vida
privada, agora demarcados pelo próprio espaço físico da burguesia francesa do século XX. (3º parágrafo)
(D) a menção a família propriamente dita delimita, no contexto do objeto focalizado, a referência a “aqueles
que descendem de um casal”. (3º parágrafo)
(E) a alusão a notário ou pároco faz parte da caracterização da sociedade da Belle Époque, com o intuito de
demonstrar que a eles cabia, respectivamente, a responsabilidade pelas fortunas e pela vida religiosa das
famílias. (2º parágrafo)
Comentários:
Vejamos:
a) Incorreto. A consulta aos párocos é na verdade a consequência de esconderem os “podres” do público.
Então, para saber os fatos socialmente nocivos que eram ocultados, era necessário então consultar pessoas
que tivessem acesso privilegiado à intimidade da família (vida privada).
b) Incorreto. A resposta foi mencionada para marcar “com grande precisão a fronteira entre sua existência
de político e sua vida privada.”
c) Correto. A expressão “aliás” indica um acréscimo de informação sobre a limitação física entre vida pública
e privada na casa das famílias burguesas.
d) Incorreto. “Família” delimita toda a família e sua vida privada.
e) Incorreto. A alusão serve para indicar pessoas específicas que tinham, em razão de suas atribuições, acesso
à vida privada das famílias. Gabarito letra C.
7. (FCC / SEFAZ-GO / AUDITOR / 2018)
Os deuses de Delfos
Segundo a mitologia, Zeus teria designado uma medida apropriada e um justo limite para cada ser: o
governo do mundo coincide assim com uma harmonia precisa e mensurável, expressa nos quatro motes
escritos nas paredes do templo de Delfos: “O mais justo é o mais belo”, “Observa o limite”, “Odeia a hybris
(arrogância)”, “Nada em excesso”. Sobre estas regras se funda o senso comum grego da Beleza, em acordo
com uma visão do mundo que interpreta a ordem e a harmonia como aquilo que impõe um limite ao
“bocejante Caos”, de cuja goela saiu, segundo Hesíodo, o mundo. Esta visão é colocada sob a proteção de
Apolo, que, de fato, é representado entre as Musas no frontão ocidental do templo de Delfos.
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Mas no mesmo templo (século IV a.C.), no frontão oriental figura Dioniso, deus do caos e da desenfreada
infração de toda regra. Essa coabitação de duas divindades antitéticas não é casual, embora só tenha sido
tematizada na idade moderna, com Nietzsche. Em geral, ela exprime a possibilidade, sempre presente e
verificando-se periodicamente, da irrupção do caos na beleza da harmonia. Mais especificamente,
expressam-se aqui algumas antíteses significativas que permanecem sem solução dentro da concepção grega
da Beleza, que se mostra bem mais complexa e problemática do que as simplificações operadas pela tradição
clássica.
Uma primeira antítese é aquela entre beleza e percepção sensível. Se de fato a Beleza é perceptível, mas
não completamente, pois nem tudo nela se exprime em formas sensíveis, abre-se uma perigosa oposição
entre Aparência e Beleza: oposição que os artistas tentarão manter entreaberta, mas que um filósofo como
Heráclito abrirá em toda a sua amplidão, afirmando que a Beleza harmônica do mundo se evidencia como
casual desordem. Uma segunda antítese é aquela entre som e visão, as duas formas perceptivas privilegiadas
pela concepção grega (provavelmente porque, ao contrário do cheiro e do sabor, são recondutíveis a medidas
e ordens numéricas): embora se reconheça à música o privilégio de exprimir a alma, é somente às formas
==144f2==
visíveis que se aplica a definição de belo (Kalón) como “aquilo que agrada e atrai”. Desordem e música vão,
assim, constituir uma espécie de lado obscuro da Beleza apolínea harmônica e visível e como tais colocam-se
na esfera de ação de Dioniso.
Esta diferença é compreensível se pensarmos que uma estátua devia representar uma “ideia”
(presumindo, portanto, uma pacata contemplação), enquanto a música era entendida como algo que suscita
paixões.
(ECO, Umberto. História da beleza. Trad. Eliana Aguiar. Rio de Janeiro, Record, 2004, p. 55-56)
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(E) Correta. O ponto central do texto são oposições na concepção grega de beleza, as quais se ligam à
combinação dos princípios de ordem (Apolo) e caos (Dionísio). Gabarito letra E.
8. (FCC / TRT 14ª REGIÃO / 2016)
Era uma vez...
As crianças de hoje parecem nascer já familiarizadas com todas as engenhocas eletrônicas que estarão no
centro de suas vidas. Jogos, internet, e-mails, músicas, textos, fotos, tudo está à disposição à qualquer hora
do dia e da noite, ao alcance dos dedos. Era de se esperar que um velho recurso para se entreter e ensinar
crianças como adultos − contar histórias − estivesse vencido, morto e enterrado. Ledo engano. Não é
incomum que meninos abandonem subitamente sua conexão digital para ouvirem da viva voz de alguém
uma história anunciada pela vetusta entrada do “Era uma vez...".
Nas narrativas orais − talvez o mais antigo e proveitoso deleite da nossa civilização – a presença do
narrador faz toda a diferença. As inflexões da voz, os gestos, os trejeitos faciais, os silêncios estratégicos, o
ritmo das palavras – tudo é vivo, sensível e vibrante. A conexão se estabelece diretamente entre pessoas de
carne e osso, a situação é única e os momentos decorrem em tempo real e bem marcado. O ouvinte sente
que o narrador se interessa por sua escuta, o narrador sabe-se valorizado pela atenção de quem o ouve, a
narrativa os une como num caloroso laço de vozes e de palavras.
As histórias clássicas ganham novo sabor a cada modo de contar, na arte de cada intérprete. Não é isso,
também, o que se busca num teatro? Nas narrações, as palavras suscitam imagens íntimas em quem as ouve,
e esse ouvinte pode, se quiser, interromper o narrador para esclarecer um detalhe, emitir um juízo ou
simplesmente uma interjeição. Havendo vários ouvintes, forma-se uma roda viva, uma cadeia de atenções
que dá ainda mais corpo à história narrada. Nesses momentos, é como se o fogo das nossas primitivas
cavernas se acendesse, para que em volta dele todos comungássemos o encanto e a magia que está em
contar e ouvir histórias. Na época da informática, a voz milenar dos narradores parece se fazer atual e
eterna.
O recurso da progressão de elementos com o fito de dar força a um argumento é utilizado pelo autor no
interior mesmo do seguinte segmento:
a) As crianças de hoje parecem nascer já familiarizadas com todas as engenhocas eletrônicas que estarão no
centro de suas vidas. (1º parágrafo)
b) A conexão se estabelece diretamente entre pessoas de carne e osso, a situação é única e os momentos
decorrem em tempo real e bem marcado. (2º parágrafo)
c) O ouvinte sente que o narrador se interessa por sua escuta (...). (2º parágrafo)
d) Nas narrações, as palavras suscitam imagens íntimas em quem as ouve (...). (3º parágrafo)
e) Nesses momentos, é como se o fogo das nossas primitivas cavernas se acendesse, para que em volta dele
todos comungássemos o encanto (...). (3º parágrafo)
Comentários:
Essa é uma questão que deve ser resolvida pelo bom senso, não há grandes teorias por trás dela. Sabemos
que a progressão é o “fio condutor de um texto”. O texto “caminha” na sucessão de informação nova com
informação que já foi mencionada no texto, ou seja, vai progredindo nesse movimento novo-velho.
O autor usa uma sequência de argumentos para defender que a arte de contar histórias “à moda antiga”,
oralmente numa roda, ainda tem sua magia nesse mundo de tecnologia.
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Observe a progressão: 1) A conexão se estabelece diretamente entre pessoas de carne e osso 2) a situação
é única 3) e os momentos decorrem em tempo real e bem marcado.
Agora observe os elementos argumentativos anteriores que estão sendo retomados:
1) A conexão se estabelece diretamente entre pessoas de carne e osso (presença do narrador faz toda a
diferença) 2) a situação é única (As inflexões da voz, os gestos, os trejeitos faciais, os silêncios estratégicos)
3) e os momentos decorrem em tempo real e bem marcado (ritmo das palavras).
Por fim, para “matar” essa questão mais facilmente, bastava procurar a opção em que há uma progressão
(sequência: a, b e c). A única que traz essa estrutura sequenciada é a letra B.
9. (FCC / SEDU-ES / PROFESSOR / 2016)
As enchentes de minha infância
Rubem Braga
Sim, nossa casa era muito bonita, verde, com uma tamareira junto à varanda, mas eu invejava os que
moravam do outro lado da rua, onde as casas dão fundos para o rio. Como a casa dos Martins, como a casa
dos Leão, que depois foi dos Medeiros, depois de nossa tia, casa com varanda fresquinha dando para o rio.
Quando começavam as chuvas a gente ia toda manhã lá no quintal deles ver até onde chegara a enchente.
As águas barrentas subiam primeiro até a altura da cerca dos fundos, depois às bananeiras, vinham subindo
o quintal, entravam pelo porão. Mais de uma vez, no meio da noite, o volume do rio cresceu tanto que a
família defronte teve medo.
Então vinham todos dormir em nossa casa. Isso para nós era uma festa, aquela faina de arrumar camas
nas salas, aquela intimidade improvisada e alegre. Parecia que as pessoas ficavam todas contentes, riam
muito; como se fazia café e se tomava café tarde da noite! E às vezes o rio atravessava a rua, entrava pelo
nosso porão, e me lembro que nós, os meninos, torcíamos para ele subir mais e mais. Sim, éramos a favor da
enchente, ficávamos tristes de manhãzinha quando, mal saltando da cama, íamos correndo para ver que o
rio baixara um palmo – aquilo era uma traição, uma fraqueza do Itapemirim. Às vezes chegava alguém a
cavalo, dizia que lá, para cima do Castelo, tinha caído chuva muita, anunciava águas nas cabeceiras, então
dormíamos sonhando que a enchente ia outra vez crescer, queríamos sempre que aquela fosse a maior de
todas as enchentes.
Há a presença do discurso indireto em:
a) Eu invejava os que moravam do outro lado da rua, onde as casas dão fundos para o rio.
b) Quando começavam as chuvas a gente ia toda manhã lá no quintal deles ver até onde chegara a enchente.
c) Então vinham todos dormir em nossa casa.
d) Parecia que as pessoas ficavam todas contentes, riam muito; como se fazia café e se tomava café tarde da
noite!
e) Às vezes chegava alguém a cavalo, dizia que lá, para cima do Castelo, tinha caído chuva muita.
Comentários:
O discurso indireto se caracteriza pela reprodução das falas das personagens, em terceira pessoa, com auxílio
de verbos discendi (dizer, responder, perguntar, retrucar), pela subordinação, por meio da conjunção
integrante “que”.
a) Eu invejava (primeira pessoa) os que moravam do outro lado da rua, onde as casas dão fundos para o rio.
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b) Quando começavam as chuvas a gente (primeira pessoa; equivale a “nós”) ia toda manhã lá no quintal
deles ver até onde chegara a enchente.
c) Então vinham todos dormir em nossa (primeira pessoa; equivale a “nós”) casa.
d) Parecia que as pessoas ficavam todas contentes, riam muito; como se fazia café e se tomava café tarde da
noite! (o verbo parecer tem como sujeito a oração que vem depois dele; porém, podemos perceber o autor
fala em primeira pessoa, se incluindo nas ações. Além disso, o ponto de exclamação denuncia o discurso
direto, que se caracteriza por essa pontuação, para expressar a emoção da fala). No discurso indireto, o verbo
é que iria expressar a emoção daquela fala (falou, gritou, sussurrou, esbravejou, confessou, admitiu...)
e) Às vezes chegava alguém (terceira pessoa) a cavalo, dizia (ele: terceira pessoa) que lá, para cima do Castelo,
tinha caído chuva muita. Gabarito letra E.
10. (FCC / TRT 15ª REGIÃO / ANALISTA JUDICIÁRIO / 2016)
Eu pertenço a uma família de profetas après coup, post factum*, depois do gato morto, ou como melhor
nome tenha em holandês. Por isso digo, e juro se necessário for, que toda a história desta lei de 13 de maio
estava por mim prevista, tanto que na segunda-feira, antes mesmo dos debates, tratei de alforriar um
molecote que tinha, pessoa de seus dezoito anos, mais ou menos. Alforriá-lo era nada; entendi que, perdido
por mil, perdido por mil e quinhentos, e dei um jantar.
Neste jantar, a que meus amigos deram o nome de banquete, em falta de outro melhor, reuni umas cinco
pessoas, conquanto as notícias dissessem trinta e três (anos de Cristo), no intuito de lhe dar um aspecto
simbólico.
No golpe do meio (coup du milieu, mas eu prefiro falar a minha língua), levantei-me eu com a taça de
champanha e declarei que acompanhando as ideias pregadas por Cristo, há dezoito séculos, restituía a
liberdade ao meu escravo Pancrácio; que entendia que a nação inteira devia acompanhar as mesmas ideias
e imitar o meu exemplo; finalmente, que a liberdade era um dom de Deus, que os homens não podiam roubar
sem pecado.
Pancrácio, que estava à espreita, entrou na sala, como um furacão, e veio abraçar-me os pés. Um dos meus
amigos (creio que é ainda meu sobrinho) pegou de outra taça, e pediu à ilustre assembleia que
correspondesse ao ato que acabava de publicar, brindando ao primeiro dos cariocas. Ouvi cabisbaixo; fiz
outro discurso agradecendo, e entreguei a carta ao molecote. Todos os lenços comovidos apanharam as
lágrimas de admiração. Caí na cadeira e não vi mais nada. De noite, recebi muitos cartões. Creio que estão
pintando o meu retrato, e suponho que a óleo.
No dia seguinte, chamei o Pancrácio e disse-lhe com rara franqueza:
-Tu és livre, podes ir para onde quiseres. Aqui tens casa amiga, já conhecida e tens mais um ordenado, um
ordenado que...
-Oh! meu senhô! fico.
-...Um ordenado pequeno, mas que há de crescer. Tudo cresce neste mundo; tu cresceste imensamente.
Quando nasceste, eras um pirralho deste tamanho; hoje estás mais alto que eu. Deixa ver; olha, és mais alto
quatro dedos...
-Artura não qué dizê nada, não, senhô...
-Pequeno ordenado, repito, uns seis mil réis; mas é de grão em grão que a galinha enche o seu papo. Tu vales
muito mais que uma galinha. Justamente. Pois seis mil réis. No fim de um ano, se andares bem, conta com
oito. Oito ou sete.
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Pancrácio aceitou tudo; aceitou até um peteleco que lhe dei no dia seguinte, por me não escovar bem as
botas; efeitos da liberdade. Mas eu expliquei-lhe que o peteleco, sendo um impulso natural, não podia anular
o direito civil adquirido por um título que lhe dei. Ele continuava livre, eu de mau humor; eram dois estados
naturais, quase divinos.
Tudo compreendeu o meu bom Pancrácio; daí pra cá, tenho-lhe despedido alguns pontapés, um ou outro
puxão de orelhas, e chamo-lhe besta quando lhe não chamo filho do diabo; cousas todas que ele recebe
humildemente, e (Deus me perdoe!) creio que até alegre. [...]
Com recurso à subordinação das orações, o 5º e o 6º parágrafos estão reescritos corretamente em:
A) No dia seguinte, chamei o Pancrácio e disse-lhe com rara franqueza, que és livre, podes ir para onde
quiseres, além de que aqui tens casa amiga, já conhecida e tens mais um ordenado, um ordenado que..
B) No dia seguinte, chamei o Pancrácio e disse-lhe, com rara franqueza, que era livre e podia ir para onde
quisesse; que aqui, no entanto, tinha casa amiga, já conhecida, além de ter mais um ordenado, um ordenado
que...
C) No dia seguinte, chamei o Pancrácio e disse-lhe com rara franqueza: Tu és livre; por isso, podes ir para
onde quiseres, ao passo que aqui tens casa amiga, já conhecida e tens mais um ordenado, um ordenado
que...
D) No dia seguinte, chamei o Pancrácio e disse-lhe, com rara franqueza, que seria livre, poderia ir para onde
queria, mas que aqui teria casa amiga, já conhecida, além de ter mais um ordenado, um ordenado que...
E) No dia seguinte, chamei o Pancrácio e disse-lhe com rara franqueza, que fosse livre e pudesse ir para onde
quisesse; aqui, no entanto, teria casa amiga, já conhecida, com que teria mais um ordenado, um ordenado
que...
Comentários:
Quem estudou a teoria logo percebeu que a banca quer a passagem de um discurso direto (reprodução
literal, dito em primeira pessoa) para o discurso indireto (recontado, reproduzido em terceira pessoa). A dita
“subordinação” entre os parágrafos ocorre pela presença da conjunção subordinativa integrante “que” no
discurso indireto, por exemplo:
Discurso direto:
Maria disse:
— Quero almoçar sushi hoje.
João respondeu:
— Prefiro churrasco.
A passagem para o discurso indireto seria assim:
Maria disse que queria almoçar sushi naquele dia. (oração subordinada com função de objeto direto => quem
diz, diz algo>disse [isto])
João respondeu que preferia churrasco. (oração subordinada com função de objeto direto => quem diz, diz
algo>disse [isto])
Agora que você já entendeu o que de fato a questão está pedindo, vamos aplicar a mesma técnica ao 5º e
6º parágrafos.
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apresentados explicitamente: A lama de rejeitos se move a cerca de 1,2 quilômetro por hora desde o dia 5.
Gabarito letra C.
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Para obter os efeitos do humor ácido que caracteriza suas crônicas, Luis Fernando Veríssimo explora nesse
texto, metodicamente,
(A) uma sequência de invenções imaginárias, às quais se atribui uma importância que efetivamente elas não
poderiam ter.
(B) o critério da fantasia histórica, pela qual se considera que todas as invenções nasceram da vocação
humana para o humor.
(C) o contraste entre motivações falsas e motivações verdadeiras nas criações humanas, de modo que o
leitor não consiga distinguir umas das outras.
(D) uma série diferenciada de impulsos humanos que nos permitem atestar a finalidade real das invenções
da modernidade.
(E) a desproporção entre a grande importância de diferentes criações humanas e um mesmo motivo trivial
que as teria impulsionado.
2. (FCC / ALAP / ASS. LEGISLATIVO / 2020)
ILUMINAÇÃO − 7:800$000
A Prefeitura foi intrujada quando, em 1920, aqui se firmou um contrato para o fornecimento de luz. Apesar
de ser o negócio referente a claridade, julgo que assinaram aquilo às escuras. É um BLUFF*. Pagamos até a
luz que a lua nos dá.
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*BLUFF expressão inglesa que foi aportuguesada como “blefe”: atitude enganadora, em jogo de cartas, que
busca iludir o adversário.
Mas o sucesso tem sempre um custo − e as cidades não são exceção, segundo análise do Fórum Econômico
Mundial. (2º parágrafo)
Nesse trecho, constata-se a presença de uma
(A) incoerência.
(B) retificação.
(C) generalização.
(D) hipótese.
(E) recomendação.
4. (FCC / TRT 15º REGIÃO / TÉCNICO / 2018)
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Você concorda com Edward O. Wilson que “a natureza humana é um conjunto de predisposições genéticas”?
Acredito que predisposições genéticas existem, mas, na grande maioria dos casos, não passam de
exatamente isso: predisposições.
Mantendo-se a correção e, em linhas gerais, o sentido, as frases acima encontram-se transpostas para o
discurso indireto em
a) À pergunta: – Você concorda com Edward O. Wilson que “a natureza humana é um conjunto de
predisposições genéticas”?, responde a entrevistada: – Acredito que predisposições genéticas existem, mas,
na grande maioria dos casos, não passam de exatamente isso: predisposições.
b) Questionada se concordava com Edward O. Wilson sobre a natureza humana ser um conjunto de
predisposições genéticas, a entrevistada respondeu que acreditava na existência de tais predisposições, que,
todavia, na grande maioria dos casos não seriam mais do que isso.
c) À pergunta de, se concordaria com Edward O. Wilson que “a natureza humana é um conjunto de
predisposições genéticas”, respondeu a entrevistada que acreditaria que predisposições genéticas
existissem, mas que, na grande maioria dos casos, não passariam disso.
d) Em resposta à pergunta sobre sua concordância com Edward O. Wilson – que teria dito que a natureza
humana é um conjunto de predisposições genéticas – a entrevistada respondeu: “ Acredito que
predisposições genéticas existem, mas, na grande maioria dos casos, não passam de exatamente isso:
predisposições”.
e) Ao ser perguntada se concordava com Edward O. Wilson, a respeito de que a natureza humana é um
conjunto de predisposições genéticas, a entrevistada responde que, na maioria dos casos, acreditava em tais
predisposições, mas que não passariam de serem predisposições.
5. (FCC / COPERGÁS / ADMINISTRADOR / 2016)
A velhinha contrabandista
Todos os dias uma velhinha atravessava a ponte entre dois países, de bicicleta e carregando uma bolsa. E
todos os dias era revistada pelos guardas da fronteira, à procura de contrabando. Os guardas tinham certeza
que a velhinha era contrabandista, mas revistavam a velhinha, revistavam a sua bolsa e nunca encontravam
nada. Todos os dias a mesma coisa: nada. Até que um dia um dos guardas decidiu seguir a velhinha, para
flagrá-la vendendo a muamba, ficar sabendo o que ela contrabandeava e, principalmente, como. E seguiu a
velhinha até o seu próspero comércio de bicicletas e bolsas.
Como todas as fábulas, esta traz uma lição, só nos cabendo descobrir qual. Significa que quem se
concentra no mal aparentemente disfarçado descuida do mal disfarçado de aparente, ou que muita atenção
ao detalhe atrapalha a percepção do todo, ou que o hábito de só pensar o óbvio é a pior forma de distração.
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A vida privada não é uma realidade natural, dada desde a origem dos tempos: é uma realidade histórica.
A história da vida privada é, em primeiro lugar, a história de sua definição: como evoluiu sua distinção na
sociedade francesa do século XX? Como o domínio da vida privada variou em seu conteúdo e abrangência?
A questão é tanto mais importante na medida em que não é certo que seu contorno tenha o mesmo
sentido em todos os meios sociais. Para a burguesia da Belle Époque1, não há nenhuma dúvida: o “muro da
vida privada” separa claramente os domínios. Por trás desse muro protetor, a vida privada e a família
coincidem com bastante exatidão. Esse domínio abrange as fortunas, a saúde, os costumes, a religião: se os
pais que querem casar os filhos consultam o notário ou o pároco para “tomar informações” sobre a família
de um eventual pretendente, é porque a família oculta cuidadosamente ao público o tio fracassado, o irmão
de costumes dissolutos e o montante das rendas. E Jaurès2, respondendo a um deputado socialista que lhe
censurava a comunhão solene da filha: “Meu caro colega, você sem dúvida faz o que quer de sua mulher, eu
não”, marcava com grande precisão a fronteira entre sua existência de político e sua vida privada.
Essa separação era organizada por uma densa teia de prescrições. A baronesa Staffe3, por exemplo, cita:
“Quanto menos relações mantemos com a vizinhança, mais merecemos a estima e consideração dos que nos
cercam”, “não devemos falar de assuntos íntimos com os parentes ou amigos que viajam conosco na
presença de desconhecidos”. O apartamento ou a casa burguesa, aliás, se caracterizam por uma nítida
diferença entre as salas para as visitas e os demais aposentos. O lugar da família propriamente dita não é o
salão: as crianças não entram no aposento quando há visitas e, como explica a baronesa, as fotos de família
ficariam deslocadas nesse recinto. Ademais, as salas de visitas não são abertas a todos. Se toda dama da boa
sociedade tem seu “dia” de receber − em 1907, são 178 em Nevers4 −, a visita à esposa de um figurão supõe
uma apresentação prévia. As salas de recepção estabelecem, portanto, um espaço de transição para a vida
privada propriamente dita.
(Adaptado de: PROST, Antoine. Fronteiras e espaços do privado. In: PROST, Antoine; VINCENT, Gérard (orgs.).
História da vida privada 5: Da Primeira Guerra a nossos dias. Trad. Denise Bottmann. São Paulo: Companhia das
Letras, 2009, p. 14 e 15.)
Obs.:
1 Período de cultura cosmopolita na história da Europa que vai de fins do século XIX até a eclosão da Primeira
Guerra Mundial.
2 Jean Léon Jaurès (1859-1914): político socialista francês.
3 Pseudônimo de Blanche-Augustine-Angèle Soyer (1843-1911), autora francesa, célebre em seu tempo pela
obra Uso do mundo, sobre como saber viver na sociedade moderna.
4 Região da França, ao sul-sudeste
No processo argumentativo,
(A) a consulta dos pais é mencionada porque constitui a causa de as famílias ocultarem cuidadosamente ao
público fatos que poderiam ser considerados socialmente nocivos. (2º parágrafo)
(B) a resposta de Jaurès é citada para, na composição do painel da vida francesa, destacar que, já em fins do
século XIX e começo do XX, havia críticas a políticos que usavam a vida particular para alavancar suas
pretensões de homem público. (2º parágrafo)
(C) a presença do advérbio aliás sinaliza um oportuno acréscimo ao já dito acerca dos domínios da vida
privada, agora demarcados pelo próprio espaço físico da burguesia francesa do século XX. (3º parágrafo)
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(D) a menção a família propriamente dita delimita, no contexto do objeto focalizado, a referência a “aqueles
que descendem de um casal”. (3º parágrafo)
(E) a alusão a notário ou pároco faz parte da caracterização da sociedade da Belle Époque, com o intuito de
demonstrar que a eles cabia, respectivamente, a responsabilidade pelas fortunas e pela vida religiosa das
famílias. (2º parágrafo)
7. (FCC / SEFAZ-GO / AUDITOR / 2018)
Os deuses de Delfos
Segundo a mitologia, Zeus teria designado uma medida apropriada e um justo limite para cada ser: o
governo do mundo coincide assim com uma harmonia precisa e mensurável, expressa nos quatro motes
escritos nas paredes do templo de Delfos: “O mais justo é o mais belo”, “Observa o limite”, “Odeia a hybris
(arrogância)”, “Nada em excesso”. Sobre estas regras se funda o senso comum grego da Beleza, em acordo
com uma visão do mundo que interpreta a ordem e a harmonia como aquilo que impõe um limite ao
“bocejante Caos”, de cuja goela saiu, segundo Hesíodo, o mundo. Esta visão é colocada sob a proteção de
==144f2==
Apolo, que, de fato, é representado entre as Musas no frontão ocidental do templo de Delfos.
Mas no mesmo templo (século IV a.C.), no frontão oriental figura Dioniso, deus do caos e da desenfreada
infração de toda regra. Essa coabitação de duas divindades antitéticas não é casual, embora só tenha sido
tematizada na idade moderna, com Nietzsche. Em geral, ela exprime a possibilidade, sempre presente e
verificando-se periodicamente, da irrupção do caos na beleza da harmonia. Mais especificamente,
expressam-se aqui algumas antíteses significativas que permanecem sem solução dentro da concepção grega
da Beleza, que se mostra bem mais complexa e problemática do que as simplificações operadas pela tradição
clássica.
Uma primeira antítese é aquela entre beleza e percepção sensível. Se de fato a Beleza é perceptível, mas
não completamente, pois nem tudo nela se exprime em formas sensíveis, abre-se uma perigosa oposição
entre Aparência e Beleza: oposição que os artistas tentarão manter entreaberta, mas que um filósofo como
Heráclito abrirá em toda a sua amplidão, afirmando que a Beleza harmônica do mundo se evidencia como
casual desordem. Uma segunda antítese é aquela entre som e visão, as duas formas perceptivas privilegiadas
pela concepção grega (provavelmente porque, ao contrário do cheiro e do sabor, são recondutíveis a medidas
e ordens numéricas): embora se reconheça à música o privilégio de exprimir a alma, é somente às formas
visíveis que se aplica a definição de belo (Kalón) como “aquilo que agrada e atrai”. Desordem e música vão,
assim, constituir uma espécie de lado obscuro da Beleza apolínea harmônica e visível e como tais colocam-se
na esfera de ação de Dioniso.
Esta diferença é compreensível se pensarmos que uma estátua devia representar uma “ideia”
(presumindo, portanto, uma pacata contemplação), enquanto a música era entendida como algo que suscita
paixões.
(ECO, Umberto. História da beleza. Trad. Eliana Aguiar. Rio de Janeiro, Record, 2004, p. 55-56)
O autor organiza sua argumentação de modo a expor, no
(A) quarto parágrafo, uma conclusão que reafirma o argumento expresso anteriormente de que no conceito
grego de beleza as oposições se nulificam.
(B) terceiro e no quarto parágrafo, a opinião de que a beleza apolínea tem sido progressivamente substituída
pelo conceito moderno de beleza dionisíaca.
(C) primeiro parágrafo, uma concepção moderna de beleza que se contrapõe ao senso comum grego ao
abarcar a ideia do caos criativo.
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(D) segundo parágrafo, uma visão inconsistente de beleza, ao contrariar os preceitos gregos de equilíbrio,
moderação e harmonia.
(E) terceiro parágrafo, oposições na concepção grega de beleza, as quais se ligam à combinação dos
princípios de ordem e caos.
8. (FCC / TRT 14ª REGIÃO / 2016)
Era uma vez...
As crianças de hoje parecem nascer já familiarizadas com todas as engenhocas eletrônicas que estarão no
centro de suas vidas. Jogos, internet, e-mails, músicas, textos, fotos, tudo está à disposição à qualquer hora
do dia e da noite, ao alcance dos dedos. Era de se esperar que um velho recurso para se entreter e ensinar
crianças como adultos − contar histórias − estivesse vencido, morto e enterrado. Ledo engano. Não é
incomum que meninos abandonem subitamente sua conexão digital para ouvirem da viva voz de alguém
uma história anunciada pela vetusta entrada do “Era uma vez...".
Nas narrativas orais − talvez o mais antigo e proveitoso deleite da nossa civilização – a presença do
narrador faz toda a diferença. As inflexões da voz, os gestos, os trejeitos faciais, os silêncios estratégicos, o
ritmo das palavras – tudo é vivo, sensível e vibrante. A conexão se estabelece diretamente entre pessoas de
carne e osso, a situação é única e os momentos decorrem em tempo real e bem marcado. O ouvinte sente
que o narrador se interessa por sua escuta, o narrador sabe-se valorizado pela atenção de quem o ouve, a
narrativa os une como num caloroso laço de vozes e de palavras.
As histórias clássicas ganham novo sabor a cada modo de contar, na arte de cada intérprete. Não é isso,
também, o que se busca num teatro? Nas narrações, as palavras suscitam imagens íntimas em quem as ouve,
e esse ouvinte pode, se quiser, interromper o narrador para esclarecer um detalhe, emitir um juízo ou
simplesmente uma interjeição. Havendo vários ouvintes, forma-se uma roda viva, uma cadeia de atenções
que dá ainda mais corpo à história narrada. Nesses momentos, é como se o fogo das nossas primitivas
cavernas se acendesse, para que em volta dele todos comungássemos o encanto e a magia que está em
contar e ouvir histórias. Na época da informática, a voz milenar dos narradores parece se fazer atual e
eterna.
O recurso da progressão de elementos com o fito de dar força a um argumento é utilizado pelo autor no
interior mesmo do seguinte segmento:
a) As crianças de hoje parecem nascer já familiarizadas com todas as engenhocas eletrônicas que estarão no
centro de suas vidas. (1º parágrafo)
b) A conexão se estabelece diretamente entre pessoas de carne e osso, a situação é única e os momentos
decorrem em tempo real e bem marcado. (2º parágrafo)
c) O ouvinte sente que o narrador se interessa por sua escuta (...). (2º parágrafo)
d) Nas narrações, as palavras suscitam imagens íntimas em quem as ouve (...). (3º parágrafo)
e) Nesses momentos, é como se o fogo das nossas primitivas cavernas se acendesse, para que em volta dele
todos comungássemos o encanto (...). (3º parágrafo)
9. (FCC / SEDU-ES / PROFESSOR / 2016)
As enchentes de minha infância
Rubem Braga
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Sim, nossa casa era muito bonita, verde, com uma tamareira junto à varanda, mas eu invejava os que
moravam do outro lado da rua, onde as casas dão fundos para o rio. Como a casa dos Martins, como a casa
dos Leão, que depois foi dos Medeiros, depois de nossa tia, casa com varanda fresquinha dando para o rio.
Quando começavam as chuvas a gente ia toda manhã lá no quintal deles ver até onde chegara a enchente.
As águas barrentas subiam primeiro até a altura da cerca dos fundos, depois às bananeiras, vinham subindo
o quintal, entravam pelo porão. Mais de uma vez, no meio da noite, o volume do rio cresceu tanto que a
família defronte teve medo.
Então vinham todos dormir em nossa casa. Isso para nós era uma festa, aquela faina de arrumar camas
nas salas, aquela intimidade improvisada e alegre. Parecia que as pessoas ficavam todas contentes, riam
muito; como se fazia café e se tomava café tarde da noite! E às vezes o rio atravessava a rua, entrava pelo
nosso porão, e me lembro que nós, os meninos, torcíamos para ele subir mais e mais. Sim, éramos a favor da
enchente, ficávamos tristes de manhãzinha quando, mal saltando da cama, íamos correndo para ver que o
rio baixara um palmo – aquilo era uma traição, uma fraqueza do Itapemirim. Às vezes chegava alguém a
cavalo, dizia que lá, para cima do Castelo, tinha caído chuva muita, anunciava águas nas cabeceiras, então
dormíamos sonhando que a enchente ia outra vez crescer, queríamos sempre que aquela fosse a maior de
todas as enchentes.
Há a presença do discurso indireto em:
a) Eu invejava os que moravam do outro lado da rua, onde as casas dão fundos para o rio.
b) Quando começavam as chuvas a gente ia toda manhã lá no quintal deles ver até onde chegara a enchente.
c) Então vinham todos dormir em nossa casa.
d) Parecia que as pessoas ficavam todas contentes, riam muito; como se fazia café e se tomava café tarde da
noite!
e) Às vezes chegava alguém a cavalo, dizia que lá, para cima do Castelo, tinha caído chuva muita.
10. (FCC / TRT 15ª REGIÃO / ANALISTA JUDICIÁRIO / 2016)
Eu pertenço a uma família de profetas après coup, post factum*, depois do gato morto, ou como melhor
nome tenha em holandês. Por isso digo, e juro se necessário for, que toda a história desta lei de 13 de maio
estava por mim prevista, tanto que na segunda-feira, antes mesmo dos debates, tratei de alforriar um
molecote que tinha, pessoa de seus dezoito anos, mais ou menos. Alforriá-lo era nada; entendi que, perdido
por mil, perdido por mil e quinhentos, e dei um jantar.
Neste jantar, a que meus amigos deram o nome de banquete, em falta de outro melhor, reuni umas cinco
pessoas, conquanto as notícias dissessem trinta e três (anos de Cristo), no intuito de lhe dar um aspecto
simbólico.
No golpe do meio (coup du milieu, mas eu prefiro falar a minha língua), levantei-me eu com a taça de
champanha e declarei que acompanhando as ideias pregadas por Cristo, há dezoito séculos, restituía a
liberdade ao meu escravo Pancrácio; que entendia que a nação inteira devia acompanhar as mesmas ideias
e imitar o meu exemplo; finalmente, que a liberdade era um dom de Deus, que os homens não podiam roubar
sem pecado.
Pancrácio, que estava à espreita, entrou na sala, como um furacão, e veio abraçar-me os pés. Um dos meus
amigos (creio que é ainda meu sobrinho) pegou de outra taça, e pediu à ilustre assembleia que
correspondesse ao ato que acabava de publicar, brindando ao primeiro dos cariocas. Ouvi cabisbaixo; fiz
outro discurso agradecendo, e entreguei a carta ao molecote. Todos os lenços comovidos apanharam as
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lágrimas de admiração. Caí na cadeira e não vi mais nada. De noite, recebi muitos cartões. Creio que estão
pintando o meu retrato, e suponho que a óleo.
No dia seguinte, chamei o Pancrácio e disse-lhe com rara franqueza:
-Tu és livre, podes ir para onde quiseres. Aqui tens casa amiga, já conhecida e tens mais um ordenado, um
ordenado que...
-Oh! meu senhô! fico.
-...Um ordenado pequeno, mas que há de crescer. Tudo cresce neste mundo; tu cresceste imensamente.
Quando nasceste, eras um pirralho deste tamanho; hoje estás mais alto que eu. Deixa ver; olha, és mais alto
quatro dedos...
-Artura não qué dizê nada, não, senhô...
-Pequeno ordenado, repito, uns seis mil réis; mas é de grão em grão que a galinha enche o seu papo. Tu vales
muito mais que uma galinha. Justamente. Pois seis mil réis. No fim de um ano, se andares bem, conta com
oito. Oito ou sete.
Pancrácio aceitou tudo; aceitou até um peteleco que lhe dei no dia seguinte, por me não escovar bem as
botas; efeitos da liberdade. Mas eu expliquei-lhe que o peteleco, sendo um impulso natural, não podia anular
o direito civil adquirido por um título que lhe dei. Ele continuava livre, eu de mau humor; eram dois estados
naturais, quase divinos.
Tudo compreendeu o meu bom Pancrácio; daí pra cá, tenho-lhe despedido alguns pontapés, um ou outro
puxão de orelhas, e chamo-lhe besta quando lhe não chamo filho do diabo; cousas todas que ele recebe
humildemente, e (Deus me perdoe!) creio que até alegre. [...]
Com recurso à subordinação das orações, o 5º e o 6º parágrafos estão reescritos corretamente em:
A) No dia seguinte, chamei o Pancrácio e disse-lhe com rara franqueza, que és livre, podes ir para onde
quiseres, além de que aqui tens casa amiga, já conhecida e tens mais um ordenado, um ordenado que..
B) No dia seguinte, chamei o Pancrácio e disse-lhe, com rara franqueza, que era livre e podia ir para onde
quisesse; que aqui, no entanto, tinha casa amiga, já conhecida, além de ter mais um ordenado, um ordenado
que...
C) No dia seguinte, chamei o Pancrácio e disse-lhe com rara franqueza: Tu és livre; por isso, podes ir para
onde quiseres, ao passo que aqui tens casa amiga, já conhecida e tens mais um ordenado, um ordenado
que...
D) No dia seguinte, chamei o Pancrácio e disse-lhe, com rara franqueza, que seria livre, poderia ir para onde
queria, mas que aqui teria casa amiga, já conhecida, além de ter mais um ordenado, um ordenado que...
E) No dia seguinte, chamei o Pancrácio e disse-lhe com rara franqueza, que fosse livre e pudesse ir para onde
quisesse; aqui, no entanto, teria casa amiga, já conhecida, com que teria mais um ordenado, um ordenado
que...
11. (FCC / SEDU-ES / PROFESSOR / 2016)
De cima, a água laranja do Rio Doce parece estática. A lama de rejeitos se move a cerca de 1,2 quilômetro
por hora desde o dia 5, quando aconteceu a tragédia, e vai percorrer toda a calha de 853 quilômetros entre
o município de Rio Doce, em Minas, até Regência, vila do município de Linhares, no Espírito Santo, onde
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encontra o Oceano Atlântico. A expectativa é que a onda atinja o oceano neste fim de semana, levando mais
problemas de abastecimento a cidades capixabas.
Segundo a classificação de tópico frasal e de desenvolvimento de parágrafo proposta por GARCIA, em
Comunicação em Prosa Moderna (2002), a construção desse parágrafo dá-se, respectivamente, por
A) alusão histórica − confronto.
B) omissão de dados identificadores − analogia.
C) declaração inicial − descrição de detalhes.
D) definição − razão e consequência.
E) divisão − citação de exemplos.
GABARITO
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II Correto. Eu não tinha este coração Que nem se mostra. O pronome “que” retoma o antecedente coração.
III Incorreto. O sentido é “não percebi”. Assimilar é absorver, entender.
IV Incorreto. O sentido é de modo. Gabarito letra D.
2. (FCC / ALAP / AUXILIAR LEGISLATIVO / 2020)
1 Que tipo de capitalismo desejamos? Em termos gerais, temos três modelos entre os quais escolher.
2 O primeiro é o “capitalismo de acionistas”, que propõe que o objetivo de uma empresa deve ser a
maximização dos lucros. O segundo é o “capitalismo de Estado”, que confia ao governo a tarefa de
estabelecer a direção da economia e ganhou proeminência em países emergentes, entre os quais se destaca
a China. E há o capitalismo de “stakeholders” (partes interessadas), que posiciona as empresas privadas como
curadoras dos interesses da sociedade e representa a melhor resposta aos atuais desafios ambientais.
3 O capitalismo de acionistas, o modelo hoje dominante, ganhou terreno nos EUA, na década de 1970,
e expandiu sua influência nas décadas seguintes. Sua ascensão não deixa de ter méritos. Durante seu período
de maior êxito, milhões prosperaram, à medida que empresas abriam mercados e criavam empregos em
busca do lucro.
4 Mas essa não é toda a história. Os defensores do capitalismo de acionistas negligenciam o fato de
que uma empresa de capital aberto não é apenas uma entidade que busca lucros, mas também um
organismo social.
5 Muitos perceberam que essa forma de capitalismo já não é sustentável. Um provável motivo é o efeito
“Greta Thunberg”. A jovem ativista sueca nos recorda que a adesão ao atual sistema econômico representa
uma traição às futuras gerações, por sua falta de sustentabilidade ambiental. Outro motivo (correlato) é que
muitos jovens já não querem trabalhar para empresas cujos valores se limitem à maximização do lucro. Por
fim, executivos e investidores começaram a reconhecer que seu sucesso em longo prazo está intimamente
ligado ao de seus clientes, empregados e fornecedores.
6 Manifestando-se favoravelmente ao estabelecimento do capitalismo de stakeholders como novo
modelo dominante, está sendo lançando um novo Manifesto de Davos, que diz que as empresas devem
mostrar tolerância zero à corrupção e sustentar os direitos humanos em toda a extensão de suas cadeias
mundiais de suprimento.
7 Mas, para defender os princípios do capitalismo de stakeholders, as empresas precisarão de novos
indicadores. De início, um novo indicador de “criação de valor compartilhado” deveria incluir metas
ecológicas e sociais como complemento aos indicadores financeiros.
8 Ademais, as grandes empresas deveriam compreender que elas são partes interessadas em nosso
futuro comum. Elas deveriam trabalhar com outras partes interessadas a fim de melhorar a situação do
mundo em que operam. Na verdade, esse deveria ser seu propósito definitivo.
9 Os líderes empresariais têm neste momento uma grande oportunidade. Ao dar significado concreto
ao capitalismo de stakeholders, podem ir além de suas obrigações legais e cumprir seu dever para com a
sociedade. Se eles desejam deixar sua marca no planeta, não existe outra alternativa.
(Adaptado de: SCHWAB, Klaus. Tradução: Paulo Migliacci. Disponível em: www1.folha.uol.com.br)
Para enfrentar os desafios da atualidade, o autor defende um sistema econômico
(A) que coadune os propósitos da sociedade com os das empresas, de modo que estas venham a
implementar ações sustentáveis, visando à satisfação, a um só tempo, dos interesses corporativos e sociais.
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(B) cujo principal objetivo seja o de promover retorno financeiro a empresas e investidores, os quais, em
contrapartida, fomentariam ações de cuidado com o meio ambiente, na medida em que estas fossem
proporcionalmente incentivadas pelo Estado.
(C) já testado em países emergentes, como a China, que vem proporcionando níveis altos de
desenvolvimento econômico, bem como a prosperidade sem precedentes da população.
(D) em que a gestão da economia caiba primordialmente ao Estado, o qual poderia, assim, ter controle sobre
a sustentabilidade de toda a cadeia produtiva.
(E) em que se criem empregos por meio da expansão do mercado consumidor e da maximização dos
benefícios financeiros aos acionistas de uma corporação.
Comentários:
O autor defende como solução atual o capitalismo de stakeholders, no qual as empresas deverão não só
atingir lucro, mas, ao mesmo tempo, respeitar direitos humanos, produzir de forma sustentável e criar
valores compartilhados com a sociedade:
Esse entendimento está parafraseado em: sistema econômico que coadune os propósitos da sociedade com
os das empresas, de modo que estas venham a implementar ações sustentáveis, visando à satisfação, a um
só tempo, dos interesses corporativos e sociais. Gabarito letra A.
Vejam no texto como essas informações estão diluídas nos últimos parágrafos:
executivos e investidores começaram a reconhecer que seu sucesso em longo prazo está intimamente ligado
ao de seus clientes, empregados e fornecedores.
6 Manifestando-se favoravelmente ao estabelecimento do capitalismo de stakeholders como novo
modelo dominante, está sendo lançando um novo Manifesto de Davos, que diz que as empresas devem
mostrar tolerância zero à corrupção e sustentar os direitos humanos em toda a extensão de suas cadeias
mundiais de suprimento.
7 Mas, para defender os princípios do capitalismo de stakeholders, as empresas precisarão de novos
indicadores. De início, um novo indicador de “criação de valor compartilhado” deveria incluir metas
ecológicas e sociais como complemento aos indicadores financeiros.
8 Ademais, as grandes empresas deveriam compreender que elas são partes interessadas em nosso
futuro comum. Elas deveriam trabalhar com outras partes interessadas a fim de melhorar a situação do
mundo em que operam.
9 Os líderes empresariais têm neste momento uma grande oportunidade. Ao dar significado concreto
ao capitalismo de stakeholders, podem ir além de suas obrigações legais e cumprir seu dever para com a
sociedade.
Vejamos o problema das demais.
Vejamos:
b) Incorreto. Não basta retorno financeiro, é preciso conjugar os interesses atuais e futuros da sociedade.
c) Incorreto. Não se falou prosperidade sem precedentes para a população. A china consagrou o capitalismo
de acionistas, e o autor defende o de stakeholders.
d) Incorreto. Este seria o capitalismo de Estado, e o autor defende como solução atual o capitalismo de
stakeholders.
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(Adaptado de: GIANETTI, Eduardo. Trópicos utópicos. São Paulo: Companhia das Letras, 2016, p. 106)
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B) Não são metas, são condições. Ademais, não se falou nada de recursos limitados.
D) Bem confusa. Não são "razões" nem se falou nada de talento "inato".
E) Não há oportunidades iguais, por isso a distribuição injusta prejudica o processo.
5. (FCC / ALAP / ANALISTA LEGISLATIVO / 2020) Utilize o texto da questão anterior.
Em síntese, depreende-se da leitura do segundo parágrafo que
(A) as escolhas nas quais se faz justiça aos talentos das crianças e dos jovens tornam-se possíveis com a
equidade das condições iniciais.
(B) a condição familiar de origem não tem peso determinante no desenvolvimento das qualidades pessoais
de uma criança.
(C) as aspirações e os sonhos das crianças e dos jovens só se formularão quando tiverem alcançado alguma
possibilidade de realização.
(D) a dotação injusta de talentos individuais faz com que não haja equidade ao final do processo de
distribuição das riquezas.
(E) a capacitação natural para a vida leva a tornar vicioso o jogo distributivo das riquezas disponíveis em cada
ocasião.
Comentários:
Novamente a lógica: condições iniciais iguais permitem fazer justiça aos méritos individuais.
A condição da família em que uma criança tiver a sorte ou o infortúnio de nascer, um risco comum, a todos,
passa a exercer um papel mais decisivo na definição de seu futuro do que qualquer outra coisa ou escolha
que possa fazer no ciclo da vida. A falta de um mínimo de equidade nas condições iniciais e na capacitação
para a vida tolhe a margem de escolha, vicia o jogo distributivo e envenena os valores da convivência. A
igualdade de oportunidades está na origem da emancipação das pessoas. Crianças e jovens precisam ter a
oportunidade de desenvolver seus talentos de modo a ampliar seu leque de escolhas possíveis na vida prática
e eleger seus projetos, apostas e sonhos de realização.
Gabarito letra A.
Vejamos o problema das demais:
B) Incorreto. A condição tem peso determinante sim, pois tolhe as escolhas.
C) Incorreto. As crianças têm sonhos independentemente das condições iniciais, o que ocorre é que suas
escolhas para perseguir seus sonhos são tolhidas pela falta de recursos.
D) Incorreto. A dotação injusta não é de talentos, mas de recursos iniciais justos, para que o talento então
possa ser o motivo determinante para conseguir ou não riqueza.
E) Incorreto. Não é a capacitação natural que torna o jogo vicioso, mas sim a falta de recursos iguais que
nivelem a competição e a convivência.
6. (FCC / ALAP / ANALISTA LEGISLATIVO / 2020) Utilize o texto da questão 4.
Considerando-se o contexto, traduz-se adequadamente o sentido de um segmento do texto em:
(A) de modo a ampliar seu leque (2º parágrafo) = por conta da aberta indisponibilidade.
(B) dotações iniciais dos participantes (1º parágrafo) = licitações originais dos concorrentes.
(C) jogo viciado na origem e no processo (1º parágrafo) = processo fraudulento do acaso.
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Ao constituir uma visão geral do século XX, que considera breve e extremado, o historiador Eric Hobsbawm
(A) salienta a importância que alcançaram as décadas de 1950 e 1960, nas quais se efetivou o descrédito das
democracias liberais.
(B) salienta a importância que tiveram as metas o século XIX para a consecução dos objetivos alcançados no
século seguinte.
(C) leva em conta, como critério fundamental para essa divisão a emancipação política desfrutada pelas
classes trabalhadoras de diferentes países.
(D) faz reconhecer uma desconstrução geral e radical das expectativas e dos ideais gerados no decorrer do
longo século XIX.
(E) aponta como único saldo positivo a oportuna emergência do moderno liberalismo econômico, já ao final
da década de 1920.
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Comentários:
O texto mostra em sua literalidade que o século XX não cumpriu suas promessas e suas possibilidades não
se realizaram:
o breve século XX − 1914-1991, esse século foi breve e extremado: sua história e suas possibilidades
edificaram-se sobre catástrofes, incertezas e crises, decompondo o que fora construído no longo século XIX.
Portanto, o autor faz reconhecer uma desconstrução geral e radical das expectativas e dos ideais gerados no
decorrer do longo século XIX
Vejamos o problema das demais:
(A) Incorreto. Nas décadas de 1950 e 1960, houve uma paz congelada e uma consolidação do capitalismo. O
descrédito das democracias liberais ocorreu na "primeira era".
(B) Incorreto. Não houve essa consecução dos objetivos alcançados no século seguinte. As metas não foram
atingidas.
(C) Incorreto. Não se falou em emancipação política desfrutada pelas classes trabalhadoras de diferentes
países.
(E) Incorreto. A consolidação do capitalismo, que não foi expressamente apontada como positiva, ocorreu
em outro momento:
A segunda “era” são os anos dourados das décadas de 1950 e 1960 que, em sua paz congelada, viram a
viabilização e a estabilização do capitalismo, responsável pela promoção de uma extraordinária expansão
econômica e profundas transformações sociais.
Gabarito letra D.
8. (FCC / ALAP / ANALISTA LEGISLATIVO / 2020) Utilize o texto da questão anterior.
Estabelecem entre si uma relação de causa e efeito, nessa ordem, os seguintes segmentos:
(A) caem por terra os sistemas institucionais / barbárie da política (4º parágrafo).
(B) deixou um legado inegável / decompondo o que fora construído (1º parágrafo).
(C) alternativa histórica para o capitalismo / virulência da crise econômica (2º parágrafo).
(D) ondas de revolução global / a história do século XX em três “eras” (2º parágrafo).
(E) a segunda era são os anos dourados / paz congelada (3º parágrafo).
Comentários:
Os sistemas institucionais são a base da política, sem essas instituições sólidas, não há nada que previna o
barbarismo.
Por fim, entre 1970 e 1991, dá-se o “desmoronamento” final, em que caem por terra os sistemas institucionais
que previnem e limitam o barbarismo contemporâneo, dando lugar à brutalização da política e à
irresponsabilidade teórica da ortodoxia econômica, abrindo as portas para um futuro incerto.
Em suma: a barbárie da política DECORRE da queda dos sistemas institucionais; há barbárie PORQUE as
instituições que a previnem caíram.
Esta é a única relação causa-efeito entre as opções. Gabarito letra A.
9. (FCC / ALAP / ASS. LEGISLATIVO / 2020)
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1. “Máquinas similares às hoje existentes serão construídas a custos mais baixos, mas com velocidades
mais rápidas de processamento.” Assim, em um artigo de 1965, o empreendedor Gordon Moore, hoje com
90 anos de idade, apresentou sua célebre ideia. Pela “Lei de Moore”, a cada dois anos, em média, o
desempenho dos chips de computador dobra, sem que aumentem os custos de fabricação. A máxima,
irretocável, à exceção de pequenos detalhes, funcionou tal qual intuíra Moore. É uma regra que pode,
contudo, estar com os dias contados.
2. Vive-se, hoje, uma revolução tecnológica afeita a deixar no passado o raciocínio da duplicação de
capacidade de cálculos à base de silício: é a computação quântica. Ela poderá nos levar a distâncias
inimagináveis: tarefas que o computador mais poderoso do planeta demoraria 10.000 anos para completar
seriam feitas em minutos.
3. A computação quântica, até o início desta década, não passava de teoria. Nos últimos anos, começou
a ser testada, com sucesso parcial, até conseguir tração que parece se encaminhar para uma nova história.
Um documento da NASA, vazado recentemente, mostra que uma empresa, ao criar o primeiro computador
quântico funcional da história, pode estar próxima de romper com o paradigma imposto pela Lei de Moore.
4. A revelação foi resultado de uma distração. Algum funcionário da NASA, também envolvido com o
projeto, acidentalmente publicou no site da agência espacial um estudo que mostra o feito, realizado por
meio de uma máquina, ainda sob sigilo. O arquivo, já programado para ser divulgado oficialmente,
permaneceu poucos segundos no ar, mas foi flagrado pelo jornal Financial Times.
5. O avanço ainda se restringe a âmbitos estritamente técnicos, sem utilidade cotidiana, mas já é
apelidado de “o Santo Graal da computação”. Isso porque o feito, se comprovado, atingiu o que se conhece
como “supremacia quântica”. A nomenclatura indica um momento da civilização em que os computadores
talvez sejam tão (ou mais) competentes quanto os seres humanos.
6. O cientista da computação Scott Aaronson disse, em entrevista: “Isso não causará mudança imediata
na vida das pessoas. Mas só por enquanto, pois se trata do início de um caminho que levará a transformações
radicais em diversas áreas”. Vale lembrar que o computador que usamos hoje também começou com um
passo singelo, em 1843, quando a matemática inglesa Ada Lovelace (1815-1852) publicou um diagrama
numérico que veio a ser considerado o primeiro algoritmo computacional.
(Adaptado de: Revista Veja, edição de 09/10/2019, p. 79)
Considere as afirmações abaixo.
I. No primeiro parágrafo, a menção à Lei de Moore refere-se ao caráter premonitório do artigo publicado por
Gordon Moore em 1965, que, salvo poucos pormenores, mostrou-se futuramente correto.
II. Como estratégia argumentativa, o autor descreve a chamada “Lei de Moore” logo no início do texto para
embasar a ideia de que até mesmo uma máquina de computação quântica a comprova.
III. Ao longo do texto, o autor condena a atitude do funcionário da NASA que vazou, ainda que de modo
acidental, informações confidenciais a respeito de avanços tecnológicos.
IV. Publicado sem a devida permissão, um artigo de jornal antecipou ao público as características de um
supercomputador, apelidado de “o Santo Graal da computação”, a ser brevemente lançado, cujas
funcionalidades trarão mudanças significativas à vida cotidiana do cidadão comum.
Está correto o que consta APENAS de:
(A) II e III.
(B) III e IV.
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(C) IV.
(D) I.
(E) I, III e IV.
Comentários:
Vejamos:
I - Correto. O texto declara expressamente que a previsão de Moore se concretizou, salvo por "pequenos
detalhes".
“Máquinas similares às hoje existentes serão construídas a custos mais baixos, mas com velocidades mais
rápidas de processamento.” Assim, em um artigo de 1965, o empreendedor Gordon Moore, hoje com 90 anos
de idade, apresentou sua célebre ideia. Pela “Lei de Moore”, a cada dois anos, em média, o desempenho dos
chips de computador dobra, sem que aumentem os custos de fabricação. A máxima, irretocável, à exceção
de pequenos detalhes, funcionou tal qual intuíra Moore. É uma regra que pode, contudo, estar com os dias
contados.
II - Incorreto. A máquina de computação quântica não "comprova" a Lei de Moore, mas sim a excepciona.
III- Incorreto. Não há condenação alguma, apenas diz de forma neutra que a divulgação ocorreu por acidente,
sem julgar.
IV- Incorreto. Por ora, o computador não vai afetar a vida cotidiana das pessoas:
“Isso não causará mudança imediata na vida das pessoas.
O avanço ainda se restringe a âmbitos estritamente técnicos, sem utilidade cotidiana
Gabarito letra D.
10. (FCC / ALAP / ASS. LEGISLATIVO / 2020)
[O motor da preguiça]
Acho que a verdadeira força motriz do desenvolvimento humano, a razão da superioridade e do sucesso do
Homem, foi a preguiça. A técnica é fruto da preguiça. O que são o estilingue, a flecha e a lança senão maneiras
de não precisar ir lá e esgoelar a caça ou um semelhante com as mãos, arriscando-se a levar a pior e perder
a viagem? O que estaria pensando o inventor da roda senão no eventual desenvolvimento da charrete, que,
atrelada a um animal menos preguiçoso do que ele, o levaria a toda parte sem que ele precisasse correr ou
caminhar?
Toda a história das telecomunicações, desde os tambores tribais e seus códigos primitivos até os sinais da TV
e a internet, se deve ao desejo humano de enviar a mensagem em vez de ir entregá-la pessoalmente. A fome
de riqueza e poder do Homem não passa da vontade de poder mandar os outros fazerem o que ele tem
preguiça de fazer, seja de trazer os seus chinelos ou construir suas pirâmides.
A química moderna é filha da alquimia, que era a tentativa de ter o ouro sem ter que procurá-lo, ou trabalhar
para merecê-lo. A física e a filosofia são produtos da contemplação, que é um subproduto da indolência e
uma alternativa para a sesta, A grande arte também se deve à preguiça. Não por acaso, o que é considerada
a maior realização da melhor época da arte ocidental, o teto da Capela Sistina, foi feita pelo Michelangelo
deitado. Marcel Proust escreveu Em busca do tempo perdido deitado. Vá lá, recostado. As duas maiores
invenções contemporâneas, depois do antibiótico e do microchip, que são a escada rolante e o manobrista,
devem sua existência à preguiça. E nem vamos falar no controle remoto.
(Adaptado de: VERISSIMO, Luis Fernando. O mundo é bárbaro. Rio de Janeiro: Objetiva, 2008, p. 54-55)
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No segundo parágrafo, a fome de riqueza e poder do Homem é dada como justificativa para a
(A) obtenção de meios que lhe permitam dominar seus semelhantes, obrigando-os às mais variadas tarefas.
(B) improvisação permanente de técnicas ineficazes, pelas quais o poderio almejado se transforma em duro
fracasso.
(C) criação de obras de arte de valor inestimável, como as produzidas pela genialidade de Michelangelo e de
Proust.
(D) contemplação filosófica, que leva os homens a erguerem seu pensamento para as mais altas ideias.
(E) substituição do talento pessoal pelo esforço de chegar a alguma invenção de grande repercussão política.
Comentários:
Essa questão é direta e literal:
A fome de riqueza e poder do Homem não passa da vontade de poder mandar os outros fazerem o que ele
tem preguiça de fazer, seja de trazer os seus chinelos ou construir suas pirâmides.
Trazer chinelos ou construir pirâmides são tarefas variadas que o homem, segundo a lógica do texto, não
queria fazer por si próprio —por preguiça— e então era necessário ter poder para "delegar" tais tarefas a
alguém com menos poder.
Sobre as demais alternativas, são evidentemente descartáveis, pois não trazem o motivo pedido no
enunciado: delegar as tarefas. Gabarito letra A.
11. (FCC / ALAP / ASS. LEGISLATIVO / 2020) Utilize o texto da questão anterior.
Considerando-se o contexto, traduz-se adequadamente o sentido de um segmento do texto em:
(A) uma alternativa para a sesta (3º parágrafo) = uma alternância de repouso.
(B) um subproduto da indolência (3º parágrafo) = um efeito secundário da preguiça.
(C) verdadeira força motriz do desenvolvimento (1º parágrafo) = real intenção do progresso.
(D) arriscando-se a levar a pior (1º parágrafo) = expondo-se aos imprevistos.
(E) são produtos da contemplação (3º parágrafo) = tornam-se produtivamente visíveis.
Comentários:
Questão direta de vocabulário: era necessário saber que "indolência" é sinônimo de preguiça, ociosidade.
Gabarito letra B.
Vejamos o problema das demais:
A) alternativa tem sentido opção; alternância tem sentido de variação, oscilação.
C) força motriz tem sentido de "aquilo que impulsiona a máquina/processo", não é sinônimo de intenção
(propósito)
D) levar a pior— se dar mal— não é sinônimo de ter um imprevisto; nem sempre levar a pior é imprevisível
e imprevisto nem sempre significa que se leva a pior.
E) ser e tornar-se não são sinônimos; produto é um substantivo e produtivamente é um advérbio; enfim, a
reescritura não faz qualquer sentido.
12. (FCC / ALAP / ASS. LEGISLATIVO 2 / 2020)
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A forma radical de mudar as leis da vida, investigada ao longo do texto, está na possibilidade de o homem
(A) alargar de tal modo nossa compreensão do que seja a vida que passe a aceitar como vivas as propriedades
dos minerais.
(B) combater tão completamente a ação dos vírus existentes que passe a dominá-los e a utilizá-los como
contravenenos.
(C) ver desenvolver-se, para além de sua aplicação científica, uma evolução inorgânica que ocorra com plena
autonomia.
(D) alcançar sua meta mais ousada, representada pelo controle do ciberespaço e de todas as formas que
nele se encontram.
(E) dominar tão completamente as leis da genética que possa um dia vir a interferir sobre a longevidade e a
qualidade do viver.
Comentários:
A possibilidade está na própria frase: criar seres totalmente inorgânicos que evoluam independentemente.
Uma forma radical de mudar as leis da vida é produzir seres completamente inorgânicos
O exemplo dado no texto é o vírus. Gabarito letra C.
Vejamos:
a) Incorreto. Não é considerar vivo um mineral. É a possibilidade de criar seres totalmente inorgânicos que
evoluam independentemente.
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b) Incorreto. Não é combater vírus, o vírus é apenas o exemplo de ser que é inorgânico e evolui sozinho.
d) Incorreto. Os vírus é que disputam o ciberespaço, não é homem que busca fazer isso com intuito de mudar
as leis da vida.
e) Incorreto. Não é a qualidade do viver, a possibilidade de mudar as leis da vida está em criar seres que
evoluam de forma independente. Gabarito letra C.
13. (FCC / ALAP / ASS. LEGISLATIVO 2 / 2020) Utilize o texto da questão anterior.
No último parágrafo do texto, sugere-se que
(A) a evolução orgânica de formas computadorizadas concorre para que os vírus se propaguem livremente.
(B) a evolução inorgânica está na dependência de que se passe a dominar inteiramente as leis da genética.
(C) o conceito mesmo de “vida” está entre os poucos fundamentos da ciência que não admite ser contestado.
(D) o âmbito da biologia e da genética não inclui processos que se possam reconhecer como propriamente
evolutivos.
(E) a ocorrência de uma evolução inorgânica pode condicionar uma nova compreensão do que seja uma
criatura viva.
Comentários:
Último parágrafo:
Essas são criaturas vivas? Depende do que entendemos por “criaturas vivas”. Mas elas certamente foram
criadas a partir de um novo processo evolutivo, completamente independente das leis e limitações da
evolução orgânica.
A pergunta é se podemos considerar o "vírus" como "vivo". Essa pergunta não é conclusiva, depende do que
se considera "vivo". Então, a existência do vírus e sua forma de evoluir traz um questionamento sobre o que
seria de fato uma criatura "viva". Isso foi parafraseado em: a ocorrência de uma evolução inorgânica pode
condicionar uma nova compreensão do que seja uma criatura viva.
As demais alternativas trazem informações aleatórias que não se encontram no último parágrafo nem no
texto como um todo. Gabarito letra E.
14. (FCC / SEPLAG RECIFE / ASS. DE GESTÃO PÚBLICA / 2019)
Mais da metade dos seres humanos hoje vivem em cidades, e esse número deve aumentar para 70% até
2050. Em termos econômicos, os resultados da urbanização foram notáveis. As cidades representam 80% do
Produto Interno Bruto (PIB) global. Nos Estados Unidos, o corredor Boston-Nova York-Washington gera mais
de 30% do PIB do país.
Mas o sucesso tem sempre um custo – e as cidades não são exceção, segundo análise do Fórum Econômico
Mundial. Padrões insustentáveis de consumo, degradação ambiental e desigualdade persistente são alguns
dos problemas das cidades modernas. Recentemente, entraram na equação as consequências da
transformação digital. Há quem fale sobre uma futura desurbanização. Mas os especialistas consultados pelo
Fórum descartam essa possibilidade. Preferem discorrer sobre como as cidades vão se adaptar à era da
digitalização e como vão moldar a economia mundial.
A digitalização promete melhorar a vida das pessoas nas cidades. Em cidades inteligentes como Tallinn, na
Estônia, os cidadãos podem votar nas eleições nacionais e envolver-se com o governo local via plataformas
digitais, que permitem a assinatura de contratos e o pagamento de impostos, por exemplo. Programas
similares em Cingapura e Amsterdã tentam criar uma espécie de “governo 4.0”.
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Além disso, a tecnologia vai permitir uma melhora na governança. Plataformas digitais possibilitam acesso,
abertura e transparência às operações de governos locais e provavelmente irão mudar a forma como os
governos interagem com as pessoas.
(Adaptado de: “5 previsões para a cidade do futuro, segundo o Fórum Econômico Mundial”. Disponível em:
https://epocanegocios.globo.com)
Na apresentação de previsões quanto ao futuro das cidades, o autor
(A) cita dados que mostram o aumento da urbanização como fruto da transformação digital.
(B) contrasta aspectos positivos e negativos da digitalização no exercício da cidadania.
(C) aponta os problemas decorrentes do emprego da digitalização na economia mundial.
(D) apresenta opiniões divergentes no que respeita à sustentabilidade nos meios urbanos.
(E) recorre à opinião de especialistas e menciona cidades que usam recursos digitais atualmente.
Comentários:
(A) Incorreta. Não foi dito que o aumento da urbanização é fruto da transformação digital.
(B) Incorreta. Não fala de aspectos negativos da digitalização no exercício da cidadania, fala de aspectos
negativos da urbanização (degradação ambiental, desigualdade)
(C) Incorreta. Não aponta os problemas decorrentes do emprego da digitalização na economia mundial,
apenas menciona aspectos negativos da urbanização.
(D) Incorreta. Não fala de sustentabilidade, mas sim de efeitos positivos da digitalização.
(E) Correta. Recorre à opinião de especialistas (analistas do Fórum Econômico Mundial) e menciona cidades
que usam recursos digitais atualmente (Tallin, Cingapura, Amsterdã). Gabarito letra E.
15. (FCC / SEPLAG RECIFE / ASS. DE GESTÃO PÚBLICA / 2019)
Desde 2016, registra-se queda na cobertura vacinal de crianças menores de dois anos. Segundo o Ministério
da Saúde, entre janeiro e agosto, nenhuma das nove principais vacinas bateu a meta estabelecida — imunizar
95% do público-alvo. O percentual alcançado oscila entre 50% e 70%.
As autoridades atribuem o desleixo a duas causas. Uma: notícias falsas alarmantes espalhadas pelas redes
sociais. Segundo elas, vacinas seriam responsáveis pelo autismo e outras enfermidades. A outra: a população
apagou da memória as imagens de pessoas acometidas por coqueluche, catapora, sarampo. Confirmar-se-
ia, então, o dito de que o que os olhos não veem o coração não sente.
Trata-se de comportamento irresponsável que tem consequências. De um lado, ao impedir que o infante
indefeso fique protegido contra determinada doença, os pais lhe comprometem a saúde (e até a vida). De
outro, contribuem para que a enfermidade continue a se propagar pela população. Em bom português:
apunhalam o individual e o coletivo. Põem a perder décadas de esforço governamental de proteger os
brasileiros de doenças evitáveis.
O Brasil, vale lembrar, é citado como modelo pela Organização Mundial de Saúde. As campanhas de
vacinação exigiram esforço hercúleo. Para cobrir o território nacional e cumprir o calendário, enfrentaram
selvas, secas, tempestades. Tiveram êxito. Deixaram relegada para as páginas da história a revolta da vacina,
protagonizada pela população do Rio de Janeiro que, no início do século passado, se rebelou contra a
mobilização de Oswaldo Cruz para reduzir as mazelas do Rio de Janeiro. O médico quis resolver a tragédia da
varíola com a Lei da Vacina Obrigatória.
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Tal fato seria inaceitável hoje. A sociedade evoluiu e se educou. O calendário de vacinação tornou-se rotina.
Graças ao salto civilizatório, o país conseguiu erradicar males que antes assombravam a infância. O
retrocesso devolverá o Brasil ao século 19. Há que reverter o processo. Acerta, pois, o Ministério da Saúde ao
deflagrar nova campanha de adesão para evitar a marcha rumo à barbárie. O reforço na equipe de agentes
de imunização deve merecer atenção especial.
(Adaptado de: “Vacina: avanço civilizatório”. Diário de Pernambuco. Editorial. Disponível em: www.diariodeper-
nambuco.com.br)
O texto expressa um ponto de vista condizente com o que se afirma em:
(A) A população brasileira é irresponsável ao não aderir às campanhas de vacinação promovidas pelo
Ministério da Saúde.
(B) Falta investimento público em campanhas de vacinação que sejam de fato eficazes para o controle de
doenças letais.
(C) Doenças já erradicadas voltaram a assolar a população porque os brasileiros não foram orientados a
vacinar seus filhos.
(D) As campanhas de vacinação do Ministério da Saúde foram mal planejadas e, por isso, não chegaram a
alcançar sucesso.
(E) O pouco conhecimento da população brasileira acerca das campanhas de vacinação acarretou surtos de
doenças evitáveis.
Comentários:
O texto expressamente diz que uma das causas é a omissão da população e que essa omissão é uma
irresponsabilidade:
As autoridades atribuem o desleixo a duas causas. Uma: notícias falsas alarmantes espalhadas pelas redes
sociais. Segundo elas, vacinas seriam responsáveis pelo autismo e outras enfermidades. A outra: a população
apagou da memória as imagens de pessoas acometidas por coqueluche, catapora, sarampo (esqueceu do
perigo e não vai se vacinar). Confirmar-se-ia, então, o dito de que o que os olhos não veem o coração não
sente.
Trata-se de comportamento irresponsável que tem consequências. Gabarito letra A.
16. (FCC / SEPLAG RECIFE / ASS. DE GESTÃO PÚBLICA / 2019) Utilize o texto da questão anterior.
Com a alusão ao provérbio o que os olhos não veem o coração não sente, reforça-se a ideia de que
(A) a população já se esqueceu dos riscos de algumas doenças visadas pelas atuais campanhas de vacinação,
como coqueluche, catapora e sarampo.
(B) as campanhas de vacinação têm priorizado inadvertidamente doenças que já não implicam risco de
contágio à maior parte da população.
(C) as campanhas de conscientização do Ministério da Saúde não devem subestimar o conhecimento que o
público adquire por meio do estudo formal.
(D) as notícias falsas espalhadas pelas redes sociais são eficazes porque recorrem a registros audiovisuais
que apelam a um envolvimento afetivo.
(E) a imunização carece do estabelecimento de metas realistas, embora informar a população acerca dos
riscos das doenças seja uma estratégia válida.
Comentários:
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Essa questão é praticamente a mesma da anterior. Uma das causas é a omissão da população em se vacinar,
esta omissão é causada pelo esquecimento dos efeitos das doenças que são objetos da campanha. Como
não veem muito os efeitos, esquecem a causa e não vão se vacinar.
Gabarito letra A.
17. (FCC / SEFAZ-BA / AUDITOR FISCAL / 2019)
Uma mudança ocorrida no último meio século foi o aparecimento do museu que constitui, por si só, uma
grande atração cultural, independentemente do conteúdo a ser exibido em seu interior. Esses edifícios
espetaculares e em geral arrojados vêm sendo construídos por arquitetos de estima universal e se destinam
a criar grandes polos globais de atração cultural em centros em tudo o mais periféricos e pouco atrativos. O
que acontece dentro desses museus é irrelevante ou secundário. Um exemplo disso ocorreu na cidade de
Bilbao. Em tudo o mais praticamente inexpressiva, nos anos 1990 ela transformou-se num polo turístico
global graças ao Museu Guggenheim, do arquiteto Frank Gehry. A arte visual contemporânea, desde o
esgotamento do modernismo nos anos 1950, considera adequados e agradáveis para exposições esses
espaços que exageram a própria importância e são funcionalmente incertos. Não obstante, coleções de
grande significado para a humanidade, expostas, por exemplo, no Museu do Prado, ainda não precisam
recorrer a ambientes de acrobacia arquitetônica.
(Adaptado de: HOBSBAWM, Eric. Tempos fraturados: Cultura e sociedade no século XX. São Paulo: Companhia das
Letras, 2013, edição digital)
Considere as afirmativas abaixo a respeito do texto.
I. O autor aponta para o surgimento de museus cujo acervo é menos relevante para o visitante do que a
grandeza arquitetônica de seu edifício e questiona a eficácia de tais ambientes para a exibição de obras de
arte.
II. Infere-se do texto que o Museu Guggenheim é responsável por transformar a cidade de Bilbao,
anteriormente desprovida de atributos culturais, em um polo turístico.
III. Para o autor, as obras apresentadas no Museu do Prado ganham maior destaque devido ao fato de este
museu não constituir um exemplo do que classifica como “ambiente de acrobacia arquitetônica”.
Está correto o que se afirma APENAS em
(A) I e II.
(B) II e III.
(C) I e III.
(D) II.
(E) I.
Comentários:
O item III está incorreto porque as obras do museu do Prado não recebem "maior destaque"; pelo contrário,
são coleções de grande significado para a humanidade e não recebem esse destaque turístico que o autor
critica, nem são expostas em museus grandiosos como os mencionados.
O item I está correto e fundamentado em: Esses edifícios espetaculares e em geral arrojados vêm sendo
construídos por arquitetos de estima universal e se destinam a criar grandes polos globais de atração cultural
em centros em tudo o mais periféricos e pouco atrativos. O que acontece dentro desses museus é irrelevante
ou secundário.
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O gabarito oficial foi letra A (I e III), embora eu entenda que a banca pecou no item II: não foi dito
expressamente que Bilbao era “desprovida” de atributos culturais. O texto diz “praticamente inexpressiva”,
o que não é exatamente “desprovida”, pois “desprovida” tem ideia extremamente totalizante. Mesmo assim,
a banca entendeu como certa a afirmação. Faz parte, é normal vir em prova alguma questão discutível, é
preciso ser flexível e buscar a melhor resposta.
18. (FCC / SEFAZ-BA / AUDITOR FISCAL / 2019)
A ciência moderna e a economia de mercado figuram entre as mais notáveis realizações humanas. A
Revolução Científica do século XVII e a Revolução Industrial do século XVIII foram apenas o prelúdio do que
viria em seguida − a revolução permanente dos últimos três séculos. Ciência e mercado são apostas na
liberdade: liberdade balizada por padrões impessoais de argumentação e validação de teorias no primeiro
caso; e por regras que fixam os marcos dentro dos quais a busca do ganho econômico por parte das pessoas
é livre, no segundo. Por mais brilhantes, entretanto, que sejam suas inegáveis conquistas, é preciso ter uma
visão clara do que podemos esperar que façam por nós: a ciência jamais aplacará a nossa fome de sentido,
e o mercado nada nos diz sobre a ética − como usar a nossa liberdade e o que fazer de nossas vidas.
O sistema de mercado − baseado na propriedade privada, nas trocas voluntárias e na formação de preços
por meio de um processo competitivo reconhecidamente imperfeito − define um conjunto de regras de
convivência na vida prática. A regra de ouro do mercado estabelece que a recompensa material dos seus
participantes corresponderá ao valor monetário que os demais estiverem dispostos a atribuir ao resultado de
suas atividades: a remuneração de cada um, portanto, não depende da intensidade dos seus desejos de
consumo, do civismo de suas ações, do seu mérito moral ou estético. Dependerá tão somente da disposição
dos consumidores em pagar, com parte do ganho do seu próprio trabalho, para ter acesso aos bens e serviços
que o outro oferece. Mas o mercado não decide, em nome dos que nele atuam, os resultados finais da
interação. Assim como a gramática não determina o teor das mensagens, mas apenas as regras das trocas
verbais, também o mercado não estabelece de antemão o que será feito e escolhido pelos que dele
participam.
(Adaptado de: GIANETTI, Eduardo. Trópicos utópicos. São Paulo: Companhia das Letras, 2016, edição digital )
Infere-se corretamente do texto:
(A) Apesar de se autorregular, o mercado oferece recompensas materiais desiguais aos participantes do
sistema, atreladas, proporcionalmente, à dedicação do indivíduo àquilo que é do interesse da coletividade.
(B) Ao estabelecer uma comparação entre as conquistas capazes de melhorar as condições da vida humana
nos últimos séculos, o autor conclui que os benefícios da economia de mercado são inferiores aos alcançados
pela Revolução Industrial do século XVIII.
(C) Como ciência e mercado estão interligados, a primeira sofre restrições em sua liberdade de ação, uma
vez que só se validam teorias que atendam aos interesses do mercado, o qual, por sua vez, visa ao lucro
mesmo em detrimento do desenvolvimento científico.
(D) As conquistas alcançadas pelo sistema de mercado, no qual se estabelecem os preços de um produto por
meio de um processo competitivo, são limitadas, na medida em que as relações de troca não estão atreladas
a escolhas éticas nem nos ensinam de que modo usar nossa liberdade.
(E) Uma vez que se trata de um sistema meritocrático, o sistema de mercado beneficia os indivíduos mais
dedicados e munidos de maior motivação pessoal, cujo grande desejo de consumo faz com que procurem
superar suas dificuldades.
Comentários:
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Literal dos trechos: “o mercado nada nos diz sobre a ética—como usar a nossa liberdade e o que fazer de
nossas vidas”
“o mercado não estabelece de antemão o que será feito e escolhido pelos que dele participam” Gabarito
letra D.
19. (FCC / BANRISUL / ESCRITURÁRIO / 2019)
A chave do tamanho
O antes de nascer e o depois de morrer: duas eternidades no espaço infinito circunscrevem o nosso breve
espasmo de vida. A imensidão do universo visível com suas centenas de bilhões de estrelas costuma provocar
um misto de assombro, reverência e opressão nas pessoas. “O silêncio eterno desses espaços infinitos me
abate de terror”, afligia-se o pensador francês Pascal. Mas será esse necessariamente o caso?
O filósofo e economista inglês Frank Ramsey responde à questão com lucidez e bom humor: “Discordo de
alguns amigos que atribuem grande importância ao tamanho físico do universo. Não me sinto absolutamente
humilde diante da vastidão do espaço. As estrelas podem ser grandes, mas não pensam nem amam –
qualidades que impressionam bem mais do que o tamanho. Não acho vantajoso pesar quase cento e vinte
quilos”.
Com o tempo não é diferente. E se vivêssemos, cada um de nós, não apenas um punhado de décadas, mas
centenas de milhares ou milhões de anos? O valor da vida e o enigma da existência renderiam, por conta
disso, os seus segredos? E se nos fosse concedida a imortalidade, isso teria o dom de aplacar de uma vez por
todas o nosso desamparo cósmico e as nossas inquietações? Não creio. Mas o enfado, para muitos, seria
difícil de suportar.
(Adaptado de: GIANETTI, Eduardo. Trópicos utópicos. São Paulo: Companhia das Letras, 2016, p. 35)
Ao longo do texto, o autor sustenta a ideia de que a infinitude
(A) do universo acalenta nossa confiança na infinitude da espécie humana.
(B) dos espaços cósmicos refreia o nosso anseio de imortalidade.
(C) do tempo universal impede-nos de usufruir o tempo de nossa finitude.
(D) dos espaços ou do tempo não garante a vantagem de uma suposta imortalidade.
(E) das coisas nunca representou alguma restrição à nossa sensação de liberdade.
Comentários:
Nossa resposta está no terceiro parágrafo. O autor afirma não crer que a eternidade teria o dom de aplacar
de uma vez por todas o nosso desamparo e nossas inquietações.
Com o tempo não é diferente. E se vivêssemos, cada um de nós, não apenas um punhado de décadas, mas
centenas de milhares ou milhões de anos? O valor da vida e o enigma da existência renderiam, por conta
disso, os seus segredos? E se nos fosse concedida a imortalidade, isso teria o dom de aplacar de uma vez por
todas o nosso desamparo cósmico e as nossas inquietações?
Não creio. Mas o enfado, para muitos, seria difícil de suportar. Gabarito letra D.
20. (FCC / BANRISUL / ESCRITURÁRIO / 2019) Utilize o texto da questão anterior.
As ideias de Pascal e as de Frank Ramsey referidas no texto
(A) convergem para o ponto comum de fazer temer a enormidade dos enigmas que nos cercam.
(B) divergem frontalmente quanto às percepções que têm diante da vastidão ou infinitude do universo.
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(C) divergem quanto à infinitude do universo, mas convergem quanto ao temor que sentimos diante da
morte.
(D) são complementares, uma vez que a convicção de um pensador dá força à convicção do outro.
(E) são de todo independentes, pois não tratam de qualquer tema que estabeleça contato entre elas.
Comentários:
Pascal sentia “terror”; “Ramsey” não se impressionava com a imensidão do universo. Então, ambos
discordavam frontalmente.
Não me sinto absolutamente humilde diante da vastidão do espaço. Gabarito letra B.
21. (FCC / BANRISUL / ESCRITURÁRIO / 2019)
Imigrações no Rio Grande do Sul
Em 1740 chegou à região do atual Rio Grande do Sul o primeiro grupo organizado de povoadores.
Portugueses oriundos da ilha dos Açores, contavam com o apoio oficial do governo, que pretendia que se
instalassem na vasta área onde anteriormente estavam situadas as Missões.
A partir da década de vinte do século XIX, o governo brasileiro resolveu estimular a vinda de imigrantes
europeus, para formar uma camada social de homens livres que tivessem habilitação profissional e pudessem
oferecer ao país os produtos que até então tinham que ser importados, ou que eram produzidos em escala
mínima. Os primeiros imigrantes que chegaram foram os alemães, em 1824. Eles foram assentados em
glebas de terra situadas nas proximidades da capital gaúcha. E, em pouco tempo, começaram a mudar o
perfil da economia do atual estado.
Primeiramente, introduziram o artesanato em uma escala que, até então, nunca fora praticada. Depois,
estabeleceram laços comerciais com seus países de origem, que terminaram por beneficiar o Rio Grande. Pela
primeira vez havia, no país, uma região em que predominavam os homens livres, que viviam de seu trabalho,
e não da exploração do trabalho alheio.
As levas de imigrantes se sucederam, e aos poucos transformaram o perfil do Rio Grande. Trouxeram a
agricultura de pequena propriedade e o artesanato. Através dessas atividades, consolidaram um mercado
interno e desenvolveram a camada média da população. E, embora o poder político ainda fosse detido pelos
grandes senhores das estâncias e charqueadas, o poder econômico dos imigrantes foi, aos poucos, se
consolidando.
(Adaptado de: projetoriograndetche.weebly.com/imigraccedilatildeo-no-rs.html)
Os primeiros imigrantes alemães a se estabelecerem no Rio Grande do Sul
(A) constituíram uma alternativa ao trabalho escravo, alterando, com o tempo, a fisionomia econômica do
estado.
(B) promoveram a ocupação, com apoio governamental, de uma ampla região destinada ao estabelecimento
das Missões.
(C) foram assentados em glebas onde já com eficácia se cultivavam produtos que concorriam com os
importados.
(D) alteraram a qualidade e a quantidade dos produtos artesanais locais, o que se infletiu na economia da
região.
(E) representaram o ingresso no mercado de trabalhadores qualificados que modernizaram a produção
industrial.
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Comentários:
Vejamos a resposta e sua fundamentação no texto:
constituíram uma alternativa ao trabalho escravo, alterando, com o tempo, a fisionomia econômica do
estado.
Onde está isso?
Pela primeira vez havia, no país, uma região em que predominavam os homens livres, que viviam de seu
trabalho, e não da exploração do trabalho alheio.
As levas de imigrantes se sucederam, e aos poucos transformaram o perfil do Rio Grande. Trouxeram a
agricultura de pequena propriedade e o artesanato. Através dessas atividades, consolidaram um mercado
interno e desenvolveram a camada média da população. Gabarito letra A.
22. (FCC / BANRISUL / ESCRITURÁRIO / 2019) Utilize o texto da questão anterior.
Com a sucessão de levas de imigrantes, verificaram-se as seguintes consequências no Rio Grande do Sul:
(A) interdição do trabalho escravo e consolidação das classes dominantes.
(B) diversificação do artesanato e valorização do folclore nacional.
(C) consolidação das estâncias tradicionais e minimização das charqueadas.
(D) fortalecimento da economia interna e promoção econômica da classe média.
(E) alternância no comando político e expansão das propriedades rurais.
Comentários:
Questão direta e literal. Vejamos:
(D) fortalecimento da economia interna e promoção econômica da classe média. Gabarito letra D.
Veja o texto:
…consolidaram um mercado interno e desenvolveram a camada média da população.
23. (FCC / BANRISUL / ESCRITURÁRIO / 2019) Utilize o texto da questão 21.
O último parágrafo do texto enfatiza
(A) a progressiva e positiva transformação socioeconômica que as levas de imigrantes trouxeram ao estado
rio-grandense.
(B) o impulso rapidamente imposto ao ritmo até então tímido da produção nas pequenas propriedades
gaúchas.
(C) a pressão das camadas emergentes dos trabalhadores sobre a gestão política dos proprietários
tradicionais.
(D) a substituição dos modos de produção local pelas técnicas artesanais há muito consagradas em outras
terras.
(E) a importância da imigração alemã no deslocamento da economia rural para a do mercado financeiro.
Comentários:
O que diz o último parágrafo? Vejamos:
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As levas de imigrantes se sucederam, e aos poucos transformaram o perfil do Rio Grande. Trouxeram a
agricultura de pequena propriedade e o artesanato. Através dessas atividades, consolidaram um mercado
interno e desenvolveram a camada média da população. E, embora o poder político ainda fosse detido pelos
grandes senhores das estâncias e charqueadas, o poder econômico dos imigrantes foi, aos poucos, se
consolidando.
O parágrafo foca na transformação do perfil social e econômico do Rio Grande do Sul, que foi desenvolvendo
um mercado interno com agricultura e artesanato e foi consolidando uma classe média. Gabarito letra A.
24. (FCC / BANRISUL / ESCRITURÁRIO / 2019)
[Retratos fiéis]
Não sei por que motivo há de a gente desenhar tão objetivamente as coisas: o galho daquela árvore
exatamente na sua inclinação de quarenta e três graus, o casaco daquele homem justamente com as
ruguinhas que no momento apresenta, e o próprio retratado com todos seus pés-de-galinha minuciosamente
contadinhos... Para isso já existe há muito tempo a fotografia, com a qual jamais poderemos competir em
matéria de objetividade.
Se, para contrabalançar minhas lacunas, me houvesse Deus concedido o invejável dom da pintura, eu seria
um pintor lírico (o adjetivo não é bem apropriado, mas vai esse mesmo enquanto não ocorrer outro). Quero
dizer, o modelo serviria tão só do ponto de partida. O restante eu transfiguraria em conformidade com meu
desejo de fantasia e poder de imaginação.
(Adaptado de: QUINTANA, Mário. Na volta da esquina. Porto Alegre: Globo, 1979, p. 88)
No primeiro parágrafo, o autor do texto exprime sua convicção de que a
(A) pintura, sendo mais criativa que a fotografia, desfruta de melhores condições para ser de fato uma arte.
(B) fotografia, ainda que seja uma técnica capaz de objetividade, não distingue os detalhes que uma pintura
pode realçar.
(C) fotografia, em sua propriedade de retratar tudo objetivamente, alcança mais precisão do que qualquer
pintura.
(D) pintura, em seu afã de retratar tudo objetivamente, acaba por relevar detalhes que a própria fotografia
não exprime.
(E) pintura, quando descarta sua obsessão em retratar tudo com o máximo de detalhes, aproxima-se mais
da arte da fotografia.
Comentários:
Questão direta. A pintura é feita pelo ser humano, a fotografia pela máquina. O autor deixa claro que não é
possível a pintura concorrer com a precisão objetiva da máquina:
Para isso já existe há muito tempo a fotografia, com a qual jamais poderemos competir em matéria de
objetividade. Gabarito letra C.
25. (FCC / BANRISUL / ESCRITURÁRIO / 2019)
Demonstra-se boa compreensão de um segmento do texto no seguinte caso:
(A) Se, para contrabalançar minhas lacunas, me houvesse Deus concedido o (...) dom = caso Deus tivesse
compensado minhas falhas agraciando-me com o talento
(B) o próprio retratado com todos seus pés-de-galinha minuciosamente contadinhos = o fotógrafo mesmo,
que não poupa detalhes, perde-se ao contar minúcias
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(C) com a qual jamais poderemos competir em matéria de objetividade = com cuja materialidade nem
mesmo sendo objetivos havemos de tratar
(D) Não sei por que motivo há de a gente desenhar tão objetivamente as coisas = Não vejo razão para
renunciarmos à objetividade quando desenhamos
(E) O restante eu transfiguraria em conformidade com meu desejo de fantasia = O que sobrasse eu
dispensaria para poder fazer jus ao meu critério de artista
Comentários:
Contrabalançar lacunas tem sentido de “compensar uma falta”, equilibrar uma ausência. Como “tivesse” e
“houvesse” são verbos auxiliares equivalentes na formação do pretérito mais-que-perfeito, a letra A traz
uma perfeita equivalência.
b) essa passagem fala do pintor, não do fotógrafo.
c) matéria (assunto) é diferente de materialidade (característica do que é concreto).
d) as redações têm sentido contrário: renunciar à objetividade é justamente não desenhar objetivamente.
e) transfigurar é transformar, diferente de dispensar (abrir mão) Gabarito letra A.
26. (FCC / TRT 24ª REGIÃO / TÉCNICO JUDICIÁRIO / 2017)
Aspectos Culturais de Mato Grosso do Sul
A cultura de Mato Grosso do Sul é o conjunto de manifestações artístico-culturais desenvolvidas pela
população sul-mato-grossense muito influenciada pela cultura paraguaia. Essa cultura estadual retrata,
também, uma mistura de várias outras contribuições das muitas migrações ocorridas em seu território.
O artesanato, uma das mais ricas expressões culturais de um povo, no Mato Grosso do Sul, evidencia crenças,
hábitos, tradições e demais referências culturais do Estado. É produzido com matérias primas da própria
região e manifesta a criatividade e a identidade do povo sul-mato-grossense por meio de trabalhos em
madeira, cerâmica, fibras, osso, chifre, sementes, etc.
As peças em geral trazem à tona temas referentes ao Pantanal e às populações indígenas, são feitas nas
cores da paisagem regional e, além da fauna e da flora, podem retratar tipos humanos e costumes da região.
Depreende-se corretamente do texto que a cultura de Mato Grosso do Sul é
a) formada principalmente pela influência da cultura de vários povos migrantes e também pela influência
secundária da cultura paraguaia.
b) formada não apenas pela influência da cultura paraguaia, mas também pela influência da cultura dos
povos que migraram para essa região.
c) muito influenciada pela cultura paraguaia, mas também o é pela cultura de povos de outros países sul-
americanos.
d) fortemente influenciada pela cultura de nações sul-americanas, mas o é também pela cultura de povos de
outras regiões do Brasil.
e) reflexo de uma forte influência da cultura paraguaia, e a cultura de outras regiões não a influenciou de
forma relevante.
Comentários:
No primeiro parágrafo temos:
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d) o único obstáculo a ser superado ainda pelas instituições financeiras, no atual cenário tecnológico, são os
alarmes falsos
e) o uso de sistemas de segurança especializados pode provocar o bloqueio de transações, mas sem perda
da clientela.
Comentários:
O enunciado diz “infere-se”. Então, temos que estar prontos para procurar uma informação sugerida pelo
texto, mas que não esteja absolutamente clara e literal. Contudo, muitas vezes as questões de inferência são
literais.
a) Incorreta. Ocorre justamente o contrário:
Mais de um terço (38%) das organizações reconhece que é cada vez mais difícil detectar se uma transação é
fraudulenta ou verdadeira
b) Incorreta. A expressão original é “cerca de metade”, o que é bem diferente de “bem mais da metade”.
c) Correta. Isso está bem visível no texto, conforme inferimos da expressão “não é o único”:
Conclui-se que a fraude não é o único obstáculo a ser superado: as instituições financeiras precisam também
reduzir o número de alarmes falsos em seus sistemas a fim de fornecer o melhor atendimento possível ao
cliente.
d) Incorreta. Há dois obstáculos: fraudes e alarmes falsos.
e) Incorreta. Outra contradição evidente no texto:
O uso incorreto dos sistemas de segurança também pode acarretar o bloqueio de transações. Também vale
notar que o desvio de pagamentos pode causar perda de clientes e, em última instância, uma redução nos
lucros. Gabarito letra C.
28. (FCC / TRT 6ª REGIÃO / ANALISTA JUDICIÁRIO / 2018)
A arte requer “explicação”?
Aqui e ali, quem frequenta bienais, salões de arte ou exposições de artes plásticas encontrará de repente
não um quadro, uma escultura ou algum objeto de significação histórica, mas uma instalação – nome que se
dá, segundo o dicionário Houaiss, a “alguma obra de arte que consiste em construção ou empilhamento de
materiais, permanente ou temporário, em que o espectador pode participar, manipulando-a, ou, sendo, às
vezes, de tamanho tão grande, que o espectador pode nela entrar”. Trata-se, em outras palavras, de
materiais organizados num espaço físico de modo a constituírem uma obra de arte.
Ocorre, porém, com grande parte das instalações, um fenômeno curioso: com muita frequência o criador
é convidado a explicar – e o faz com linguagem muito sofisticada – o sentido profundo que pretendeu dar
àquele conjunto de materiais, àquela instalação que ele concebeu. Para o público, restará a impressão final
de que os materiais eram, em si mesmos, insuficientes para significarem alguma coisa: precisavam da
explicação de quem os utilizou.
As verdadeiras obras de arte se impõem por si mesmas, independentemente de qualquer explicação
prévia ou justificativa final. O grande músico, o grande escritor, o grande cineasta não precisam interpor-se
entre a sonata, o romance ou o filme para explicar seu sentido junto ao público. Certamente haverá
oportunidade para todos refletirmos sobre o sentido dinâmico de uma obra artística que atingiu o nosso
interesse e provocou o nosso prazer; mas nada será mais forte do que a mobilização emocional e intelectual
que a obra já despertou em nós, no primeiro contato.
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2 O primeiro é o “capitalismo de acionistas”, que propõe que o objetivo de uma empresa deve ser a
maximização dos lucros. O segundo é o “capitalismo de Estado”, que confia ao governo a tarefa de
estabelecer a direção da economia e ganhou proeminência em países emergentes, entre os quais se destaca
a China. E há o capitalismo de “stakeholders” (partes interessadas), que posiciona as empresas privadas como
curadoras dos interesses da sociedade e representa a melhor resposta aos atuais desafios ambientais.
3 O capitalismo de acionistas, o modelo hoje dominante, ganhou terreno nos EUA, na década de 1970,
e expandiu sua influência nas décadas seguintes. Sua ascensão não deixa de ter méritos. Durante seu período
de maior êxito, milhões prosperaram, à medida que empresas abriam mercados e criavam empregos em
busca do lucro.
4 Mas essa não é toda a história. Os defensores do capitalismo de acionistas negligenciam o fato de
que uma empresa de capital aberto não é apenas uma entidade que busca lucros, mas também um
organismo social.
5 Muitos perceberam que essa forma de capitalismo já não é sustentável. Um provável motivo é o efeito
“Greta Thunberg”. A jovem ativista sueca nos recorda que a adesão ao atual sistema econômico representa
uma traição às futuras gerações, por sua falta de sustentabilidade ambiental. Outro motivo (correlato) é que
muitos jovens já não querem trabalhar para empresas cujos valores se limitem à maximização do lucro. Por
fim, executivos e investidores começaram a reconhecer que seu sucesso em longo prazo está intimamente
ligado ao de seus clientes, empregados e fornecedores.
6 Manifestando-se favoravelmente ao estabelecimento do capitalismo de stakeholders como novo
modelo dominante, está sendo lançando um novo Manifesto de Davos, que diz que as empresas devem
mostrar tolerância zero à corrupção e sustentar os direitos humanos em toda a extensão de suas cadeias
mundiais de suprimento.
7 Mas, para defender os princípios do capitalismo de stakeholders, as empresas precisarão de novos
indicadores. De início, um novo indicador de “criação de valor compartilhado” deveria incluir metas
ecológicas e sociais como complemento aos indicadores financeiros.
8 Ademais, as grandes empresas deveriam compreender que elas são partes interessadas em nosso
futuro comum. Elas deveriam trabalhar com outras partes interessadas a fim de melhorar a situação do
mundo em que operam. Na verdade, esse deveria ser seu propósito definitivo.
9 Os líderes empresariais têm neste momento uma grande oportunidade. Ao dar significado concreto
ao capitalismo de stakeholders, podem ir além de suas obrigações legais e cumprir seu dever para com a
sociedade. Se eles desejam deixar sua marca no planeta, não existe outra alternativa.
(Adaptado de: SCHWAB, Klaus. Tradução: Paulo Migliacci. Disponível em: www1.folha.uol.com.br)
Para enfrentar os desafios da atualidade, o autor defende um sistema econômico
(A) que coadune os propósitos da sociedade com os das empresas, de modo que estas venham a
implementar ações sustentáveis, visando à satisfação, a um só tempo, dos interesses corporativos e sociais.
(B) cujo principal objetivo seja o de promover retorno financeiro a empresas e investidores, os quais, em
contrapartida, fomentariam ações de cuidado com o meio ambiente, na medida em que estas fossem
proporcionalmente incentivadas pelo Estado.
(C) já testado em países emergentes, como a China, que vem proporcionando níveis altos de
desenvolvimento econômico, bem como a prosperidade sem precedentes da população.
(D) em que a gestão da economia caiba primordialmente ao Estado, o qual poderia, assim, ter controle sobre
a sustentabilidade de toda a cadeia produtiva.
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(E) em que se criem empregos por meio da expansão do mercado consumidor e da maximização dos
benefícios financeiros aos acionistas de uma corporação.
3. (FCC / ALAP / AUXILIAR LEGISLATIVO / 2020) Utilize o texto da questão anterior.
No 5º parágrafo, o autor
(A) refuta a atitude de jovens de países desenvolvidos que optam pelo desemprego como forma de protesto
contra o sistema capitalista vigente.
(B) censura a atitude de gestores que se furtam a considerar os interesses financeiros dos investidores ao
estabelecer as diretrizes da cadeia produtiva da empresa.
(C) atribui à atitude da militante sueca Greta Thunberg a razão de muitos terem reconhecido que o
capitalismo de acionistas peca pela falta de sustentabilidade ambiental.
(D) exalta a iniciativa de empresários cujas gestões se baseiam no fomento aos valores da corporação,
almejando, ao mesmo tempo, a superação dos lucros dos acionistas.
(E) considera que o boicote por parte de jovens como Greta Thunberg a empresas pouco sustentáveis, ainda
que louvável, freia o crescimento econômico e gera desemprego.
4. (FCC / ALAP / ANALISTA LEGISLATIVO / 2020)
Distribuição justa
A justiça de um resultado distributivo das riquezas depende das dotações iniciais dos participantes e da lisura
do processo do qual ele decorre. Do ponto de vista coletivo, a questão crucial é: a desigualdade observada
reflete essencialmente os talentos, esforços e valores diferenciados dos indivíduos, ou, ao contrário, ela
resulta de um jogo viciado na origem e no processo, de uma profunda falta de equidade nas condições iniciais
de vida, da privação de direitos elementares ou da discriminação racial, sexual, de gênero ou religiosa?
A condição da família em que uma criança tiver a sorte ou o infortúnio de nascer, um risco comum, a todos,
passa a exercer um papel mais decisivo na definição de seu futuro do que qualquer outra coisa ou escolha
que possa fazer no ciclo da vida. A falta de um mínimo de equidade nas condições iniciais e na capacitação
para a vida tolhe a margem de escolha, vicia o jogo distributivo e envenena os valores da convivência. A
igualdade de oportunidades está na origem da emancipação das pessoas. Crianças e jovens precisam ter a
oportunidade de desenvolver seus talentos de modo a ampliar seu leque de escolhas possíveis na vida prática
e eleger seus projetos, apostas e sonhos de realização.
(Adaptado de: GIANETTI, Eduardo. Trópicos utópicos. São Paulo: Companhia das Letras, 2016, p. 106)
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(E) um objetivo idealista cuja aparência de justiça se apaga quando competidores aproveitam mal
oportunidades iguais.
5. (FCC / ALAP / ANALISTA LEGISLATIVO / 2020) Utilize o texto da questão anterior.
Em síntese, depreende-se da leitura do segundo parágrafo que
(A) as escolhas nas quais se faz justiça aos talentos das crianças e dos jovens tornam-se possíveis com a
equidade das condições iniciais.
(B) a condição familiar de origem não tem peso determinante no desenvolvimento das qualidades pessoais
de uma criança.
(C) as aspirações e os sonhos das crianças e dos jovens só se formularão quando tiverem alcançado alguma
possibilidade de realização.
(D) a dotação injusta de talentos individuais faz com que não haja equidade ao final do processo de
distribuição das riquezas.
(E) a capacitação natural para a vida leva a tornar vicioso o jogo distributivo das riquezas disponíveis em cada
ocasião.
6. (FCC / ALAP / ANALISTA LEGISLATIVO / 2020) Utilize o texto da questão 4.
Considerando-se o contexto, traduz-se adequadamente o sentido de um segmento do texto em:
(A) de modo a ampliar seu leque (2º parágrafo) = por conta da aberta indisponibilidade.
(B) dotações iniciais dos participantes (1º parágrafo) = licitações originais dos concorrentes.
(C) jogo viciado na origem e no processo (1º parágrafo) = processo fraudulento do acaso.
(D) falta de um mínimo de equidade (2º parágrafo) = carência de discriminação equivalente.
(E) envenena os valores da convivência (2º parágrafo) = corrompe a qualidade do convívio.
7. (FCC / ALAP / ANALISTA LEGISLATIVO / 2020)
O século XX, Era dos Extremos
O século XX deixou um legado inegável de questões e impasses. Para o grande historiador Eric Hobsbawm,
neste livro Era dos Extremos − o breve século XX − 1914-1991, esse século foi breve e extremado: sua história
e suas possibilidades edificaram-se sobre catástrofes, incertezas e crises, decompondo o que fora construído
no longo século XIX.
Hobsbawm divide a história do século XX em três “eras”. A primeira, “da catástrofe”, é marcada pelas duas
grandes guerras, pelas ondas de revolução global em que o sistema político e econômico da URSS surgia
como alternativa histórica para o capitalismo e pela virulência da crise econômica de 1929. Também nesse
período os fascismos e o descrédito das democracias liberais surgem como proposta mundial.
A segunda “era” são os anos dourados das décadas de 1950 e 1960 que, em sua paz congelada, viram a
viabilização e a estabilização do capitalismo, responsável pela promoção de uma extraordinária expansão
econômica e profundas transformações sociais.
Por fim, entre 1970 e 1991, dá-se o “desmoronamento” final, em que caem por terra os sistemas institucionais
que previnem e limitam o barbarismo contemporâneo, dando lugar à brutalização da política e à
irresponsabilidade teórica da ortodoxia econômica, abrindo as portas para um futuro incerto.
(Adaptado da “orelha”, sem indicação autoral, do livro de Eric Hobsbawm acima referido, editado em São Paulo pela Companhia
das Letras, em 1995)
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Ao constituir uma visão geral do século XX, que considera breve e extremado, o historiador Eric Hobsbawm
(A) salienta a importância que alcançaram as décadas de 1950 e 1960, nas quais se efetivou o descrédito das
democracias liberais.
(B) salienta a importância que tiveram as metas o século XIX para a consecução dos objetivos alcançados no
século seguinte.
(C) leva em conta, como critério fundamental para essa divisão a emancipação política desfrutada pelas
classes trabalhadoras de diferentes países.
(D) faz reconhecer uma desconstrução geral e radical das expectativas e dos ideais gerados no decorrer do
longo século XIX.
(E) aponta como único saldo positivo a oportuna emergência do moderno liberalismo econômico, já ao final
da década de 1920.
8. (FCC / ALAP / ANALISTA LEGISLATIVO / 2020) Utilize o texto da questão anterior.
Estabelecem entre si uma relação de causa e efeito, nessa ordem, os seguintes segmentos:
(A) caem por terra os sistemas institucionais / barbárie da política (4º parágrafo).
(B) deixou um legado inegável / decompondo o que fora construído (1º parágrafo).
(C) alternativa histórica para o capitalismo / virulência da crise econômica (2º parágrafo).
(D) ondas de revolução global / a história do século XX em três “eras” (2º parágrafo).
(E) a segunda era são os anos dourados / paz congelada (3º parágrafo).
9. (FCC / ALAP / ASS. LEGISLATIVO / 2020)
1. “Máquinas similares às hoje existentes serão construídas a custos mais baixos, mas com velocidades
mais rápidas de processamento.” Assim, em um artigo de 1965, o empreendedor Gordon Moore, hoje com
90 anos de idade, apresentou sua célebre ideia. Pela “Lei de Moore”, a cada dois anos, em média, o
desempenho dos chips de computador dobra, sem que aumentem os custos de fabricação. A máxima,
irretocável, à exceção de pequenos detalhes, funcionou tal qual intuíra Moore. É uma regra que pode,
contudo, estar com os dias contados.
2. Vive-se, hoje, uma revolução tecnológica afeita a deixar no passado o raciocínio da duplicação de
capacidade de cálculos à base de silício: é a computação quântica. Ela poderá nos levar a distâncias
inimagináveis: tarefas que o computador mais poderoso do planeta demoraria 10.000 anos para completar
seriam feitas em minutos.
3. A computação quântica, até o início desta década, não passava de teoria. Nos últimos anos, começou
a ser testada, com sucesso parcial, até conseguir tração que parece se encaminhar para uma nova história.
Um documento da NASA, vazado recentemente, mostra que uma empresa, ao criar o primeiro computador
quântico funcional da história, pode estar próxima de romper com o paradigma imposto pela Lei de Moore.
4. A revelação foi resultado de uma distração. Algum funcionário da NASA, também envolvido com o
projeto, acidentalmente publicou no site da agência espacial um estudo que mostra o feito, realizado por
meio de uma máquina, ainda sob sigilo. O arquivo, já programado para ser divulgado oficialmente,
permaneceu poucos segundos no ar, mas foi flagrado pelo jornal Financial Times.
5. O avanço ainda se restringe a âmbitos estritamente técnicos, sem utilidade cotidiana, mas já é
apelidado de “o Santo Graal da computação”. Isso porque o feito, se comprovado, atingiu o que se conhece
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deitado. Marcel Proust escreveu Em busca do tempo perdido deitado. Vá lá, recostado. As duas maiores
invenções contemporâneas, depois do antibiótico e do microchip, que são a escada rolante e o manobrista,
devem sua existência à preguiça. E nem vamos falar no controle remoto.
(Adaptado de: VERISSIMO, Luis Fernando. O mundo é bárbaro. Rio de Janeiro: Objetiva, 2008, p. 54-55)
No segundo parágrafo, a fome de riqueza e poder do Homem é dada como justificativa para a
(A) obtenção de meios que lhe permitam dominar seus semelhantes, obrigando-os às mais variadas tarefas.
(B) improvisação permanente de técnicas ineficazes, pelas quais o poderio almejado se transforma em duro
fracasso.
(C) criação de obras de arte de valor inestimável, como as produzidas pela genialidade de Michelangelo e de
Proust.
(D) contemplação filosófica, que leva os homens a erguerem seu pensamento para as mais altas ideias.
(E) substituição do talento pessoal pelo esforço de chegar a alguma invenção de grande repercussão política.
11. (FCC / ALAP / ASS. LEGISLATIVO / 2020) Utilize o texto da questão anterior.
Considerando-se o contexto, traduz-se adequadamente o sentido de um segmento do texto em:
(A) uma alternativa para a sesta (3º parágrafo) = uma alternância de repouso.
(B) um subproduto da indolência (3º parágrafo) = um efeito secundário da preguiça.
(C) verdadeira força motriz do desenvolvimento (1º parágrafo) = real intenção do progresso.
(D) arriscando-se a levar a pior (1º parágrafo) = expondo-se aos imprevistos.
(E) são produtos da contemplação (3º parágrafo) = tornam-se produtivamente visíveis.
12. (FCC / ALAP / ASS. LEGISLATIVO 2 / 2020)
Novas formas de vida?
Uma forma radical de mudar as leis da vida é produzir seres completamente inorgânicos. Os exemplos mais
óbvios são programas de computador e vírus de computador que podem sofrer evolução independente.
O campo da programação genética é hoje um dos mais interessantes no mundo da ciência da computação.
Esta tenta emular os métodos da evolução genética. Muitos programadores sonham em criar um programa
capaz de aprender e evoluir de maneira totalmente independente de seu criador. Nesse caso, o programador
seria um primum mobile, um primeiro motor, mas sua criação estaria livre para evoluir em direções que nem
seu criador nem qualquer outro humano jamais poderiam ter imaginado.
Um protótipo de tal programa já existe – chama-se vírus de computador. Conforme se espalha pela internet,
o vírus se replica milhões e milhões de vezes, o tempo todo sendo perseguido por programas de antivírus
predatórios e competindo com outros vírus por um lugar no ciberespaço. Um dia, quando o vírus se replica,
um erro ocorre – uma mutação computadorizada. Talvez a mutação ocorra porque o engenheiro humano
programou o vírus para, ocasionalmente, cometer erros aleatórios de replicação. Talvez a mutação se deva
a um erro aleatório. Se, por acidente, o vírus modificado for melhor para escapar de programas antivírus sem
perder sua capacidade de invadir outros computadores, vai se espalhar pelo ciberespaço. Com o passar do
tempo, o ciberespaço estará cheio de novos vírus que ninguém produziu e que passam por uma evolução
inorgânica.
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Essas são criaturas vivas? Depende do que entendemos por “criaturas vivas”. Mas elas certamente foram
criadas a partir de um novo processo evolutivo, completamente independente das leis e limitações da
evolução orgânica.
(Adaptado de HARARI, Yuval Noah. Sapiens, Uma breve história da humanidade.Trad. Janaína Marcoantonio. Porto Alegre: L&PM, 38. ed,,2018,
p. 419-420).
A forma radical de mudar as leis da vida, investigada ao longo do texto, está na possibilidade de o homem
(A) alargar de tal modo nossa compreensão do que seja a vida que passe a aceitar como vivas as propriedades
dos minerais.
(B) combater tão completamente a ação dos vírus existentes que passe a dominá-los e a utilizá-los como
contravenenos.
(C) ver desenvolver-se, para além de sua aplicação científica, uma evolução inorgânica que ocorra com plena
autonomia.
(D) alcançar sua meta mais ousada, representada pelo controle do ciberespaço e de todas as formas que
nele se encontram.
(E) dominar tão completamente as leis da genética que possa um dia vir a interferir sobre a longevidade e a
qualidade do viver.
13. (FCC / ALAP / ASS. LEGISLATIVO 2 / 2020) Utilize o texto da questão anterior.
No último parágrafo do texto, sugere-se que
(A) a evolução orgânica de formas computadorizadas concorre para que os vírus se propaguem livremente.
(B) a evolução inorgânica está na dependência de que se passe a dominar inteiramente as leis da genética.
(C) o conceito mesmo de “vida” está entre os poucos fundamentos da ciência que não admite ser contestado.
(D) o âmbito da biologia e da genética não inclui processos que se possam reconhecer como propriamente
evolutivos.
(E) a ocorrência de uma evolução inorgânica pode condicionar uma nova compreensão do que seja uma
criatura viva.
14. (FCC / SEPLAG RECIFE / ASS. DE GESTÃO PÚBLICA / 2019)
Mais da metade dos seres humanos hoje vivem em cidades, e esse número deve aumentar para 70% até
2050. Em termos econômicos, os resultados da urbanização foram notáveis. As cidades representam 80% do
Produto Interno Bruto (PIB) global. Nos Estados Unidos, o corredor Boston-Nova York-Washington gera mais
de 30% do PIB do país.
Mas o sucesso tem sempre um custo – e as cidades não são exceção, segundo análise do Fórum Econômico
Mundial. Padrões insustentáveis de consumo, degradação ambiental e desigualdade persistente são alguns
dos problemas das cidades modernas. Recentemente, entraram na equação as consequências da
transformação digital. Há quem fale sobre uma futura desurbanização. Mas os especialistas consultados pelo
Fórum descartam essa possibilidade. Preferem discorrer sobre como as cidades vão se adaptar à era da
digitalização e como vão moldar a economia mundial.
A digitalização promete melhorar a vida das pessoas nas cidades. Em cidades inteligentes como Tallinn, na
Estônia, os cidadãos podem votar nas eleições nacionais e envolver-se com o governo local via plataformas
digitais, que permitem a assinatura de contratos e o pagamento de impostos, por exemplo. Programas
similares em Cingapura e Amsterdã tentam criar uma espécie de “governo 4.0”.
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Além disso, a tecnologia vai permitir uma melhora na governança. Plataformas digitais possibilitam acesso,
abertura e transparência às operações de governos locais e provavelmente irão mudar a forma como os
governos interagem com as pessoas.
(Adaptado de: “5 previsões para a cidade do futuro, segundo o Fórum Econômico Mundial”. Disponível em:
https://epocanegocios.globo.com)
Na apresentação de previsões quanto ao futuro das cidades, o autor
(A) cita dados que mostram o aumento da urbanização como fruto da transformação digital.
(B) contrasta aspectos positivos e negativos da digitalização no exercício da cidadania.
(C) aponta os problemas decorrentes do emprego da digitalização na economia mundial.
(D) apresenta opiniões divergentes no que respeita à sustentabilidade nos meios urbanos.
(E) recorre à opinião de especialistas e menciona cidades que usam recursos digitais atualmente.
15. (FCC / SEPLAG RECIFE / ASS. DE GESTÃO PÚBLICA / 2019)
Desde 2016, registra-se queda na cobertura vacinal de crianças menores de dois anos. Segundo o Ministério
da Saúde, entre janeiro e agosto, nenhuma das nove principais vacinas bateu a meta estabelecida — imunizar
95% do público-alvo. O percentual alcançado oscila entre 50% e 70%.
As autoridades atribuem o desleixo a duas causas. Uma: notícias falsas alarmantes espalhadas pelas redes
sociais. Segundo elas, vacinas seriam responsáveis pelo autismo e outras enfermidades. A outra: a população
apagou da memória as imagens de pessoas acometidas por coqueluche, catapora, sarampo. Confirmar-se-
ia, então, o dito de que o que os olhos não veem o coração não sente.
Trata-se de comportamento irresponsável que tem consequências. De um lado, ao impedir que o infante
indefeso fique protegido contra determinada doença, os pais lhe comprometem a saúde (e até a vida). De
outro, contribuem para que a enfermidade continue a se propagar pela população. Em bom português:
apunhalam o individual e o coletivo. Põem a perder décadas de esforço governamental de proteger os
brasileiros de doenças evitáveis.
O Brasil, vale lembrar, é citado como modelo pela Organização Mundial de Saúde. As campanhas de
vacinação exigiram esforço hercúleo. Para cobrir o território nacional e cumprir o calendário, enfrentaram
selvas, secas, tempestades. Tiveram êxito. Deixaram relegada para as páginas da história a revolta da vacina,
protagonizada pela população do Rio de Janeiro que, no início do século passado, se rebelou contra a
mobilização de Oswaldo Cruz para reduzir as mazelas do Rio de Janeiro. O médico quis resolver a tragédia da
varíola com a Lei da Vacina Obrigatória.
Tal fato seria inaceitável hoje. A sociedade evoluiu e se educou. O calendário de vacinação tornou-se rotina.
Graças ao salto civilizatório, o país conseguiu erradicar males que antes assombravam a infância. O
retrocesso devolverá o Brasil ao século 19. Há que reverter o processo. Acerta, pois, o Ministério da Saúde ao
deflagrar nova campanha de adesão para evitar a marcha rumo à barbárie. O reforço na equipe de agentes
de imunização deve merecer atenção especial.
(Adaptado de: “Vacina: avanço civilizatório”. Diário de Pernambuco. Editorial. Disponível em: www.diariodeper-
nambuco.com.br)
O texto expressa um ponto de vista condizente com o que se afirma em:
(A) A população brasileira é irresponsável ao não aderir às campanhas de vacinação promovidas pelo
Ministério da Saúde.
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(B) Falta investimento público em campanhas de vacinação que sejam de fato eficazes para o controle de
doenças letais.
(C) Doenças já erradicadas voltaram a assolar a população porque os brasileiros não foram orientados a
vacinar seus filhos.
(D) As campanhas de vacinação do Ministério da Saúde foram mal planejadas e, por isso, não chegaram a
alcançar sucesso.
(E) O pouco conhecimento da população brasileira acerca das campanhas de vacinação acarretou surtos de
doenças evitáveis.
16. (FCC / SEPLAG RECIFE / ASS. DE GESTÃO PÚBLICA / 2019) Utilize o texto da questão anterior.
Com a alusão ao provérbio o que os olhos não veem o coração não sente, reforça-se a ideia de que
(A) a população já se esqueceu dos riscos de algumas doenças visadas pelas atuais campanhas de vacinação,
como coqueluche, catapora e sarampo.
(B) as campanhas de vacinação têm priorizado inadvertidamente doenças que já não implicam risco de
contágio à maior parte da população.
(C) as campanhas de conscientização do Ministério da Saúde não devem subestimar o conhecimento que o
público adquire por meio do estudo formal.
(D) as notícias falsas espalhadas pelas redes sociais são eficazes porque recorrem a registros audiovisuais
que apelam a um envolvimento afetivo.
(E) a imunização carece do estabelecimento de metas realistas, embora informar a população acerca dos
riscos das doenças seja uma estratégia válida.
17. (FCC / SEFAZ-BA / AUDITOR FISCAL / 2019)
Uma mudança ocorrida no último meio século foi o aparecimento do museu que constitui, por si só, uma
grande atração cultural, independentemente do conteúdo a ser exibido em seu interior. Esses edifícios
espetaculares e em geral arrojados vêm sendo construídos por arquitetos de estima universal e se destinam
a criar grandes polos globais de atração cultural em centros em tudo o mais periféricos e pouco atrativos. O
que acontece dentro desses museus é irrelevante ou secundário. Um exemplo disso ocorreu na cidade de
Bilbao. Em tudo o mais praticamente inexpressiva, nos anos 1990 ela transformou-se num polo turístico
global graças ao Museu Guggenheim, do arquiteto Frank Gehry. A arte visual contemporânea, desde o
esgotamento do modernismo nos anos 1950, considera adequados e agradáveis para exposições esses
espaços que exageram a própria importância e são funcionalmente incertos. Não obstante, coleções de
grande significado para a humanidade, expostas, por exemplo, no Museu do Prado, ainda não precisam
recorrer a ambientes de acrobacia arquitetônica.
(Adaptado de: HOBSBAWM, Eric. Tempos fraturados: Cultura e sociedade no século XX. São Paulo: Companhia das
Letras, 2013, edição digital)
Considere as afirmativas abaixo a respeito do texto.
I. O autor aponta para o surgimento de museus cujo acervo é menos relevante para o visitante do que a
grandeza arquitetônica de seu edifício e questiona a eficácia de tais ambientes para a exibição de obras de
arte.
II. Infere-se do texto que o Museu Guggenheim é responsável por transformar a cidade de Bilbao,
anteriormente desprovida de atributos culturais, em um polo turístico.
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III. Para o autor, as obras apresentadas no Museu do Prado ganham maior destaque devido ao fato de este
museu não constituir um exemplo do que classifica como “ambiente de acrobacia arquitetônica”.
Está correto o que se afirma APENAS em
(A) I e II.
(B) II e III.
(C) I e III.
(D) II.
(E) I.
18. (FCC / SEFAZ-BA / AUDITOR FISCAL / 2019)
A ciência moderna e a economia de mercado figuram entre as mais notáveis realizações humanas. A
Revolução Científica do século XVII e a Revolução Industrial do século XVIII foram apenas o prelúdio do que
viria em seguida − a revolução permanente dos últimos três séculos. Ciência e mercado são apostas na
==144f2==
liberdade: liberdade balizada por padrões impessoais de argumentação e validação de teorias no primeiro
caso; e por regras que fixam os marcos dentro dos quais a busca do ganho econômico por parte das pessoas
é livre, no segundo. Por mais brilhantes, entretanto, que sejam suas inegáveis conquistas, é preciso ter uma
visão clara do que podemos esperar que façam por nós: a ciência jamais aplacará a nossa fome de sentido,
e o mercado nada nos diz sobre a ética − como usar a nossa liberdade e o que fazer de nossas vidas.
O sistema de mercado − baseado na propriedade privada, nas trocas voluntárias e na formação de preços
por meio de um processo competitivo reconhecidamente imperfeito − define um conjunto de regras de
convivência na vida prática. A regra de ouro do mercado estabelece que a recompensa material dos seus
participantes corresponderá ao valor monetário que os demais estiverem dispostos a atribuir ao resultado de
suas atividades: a remuneração de cada um, portanto, não depende da intensidade dos seus desejos de
consumo, do civismo de suas ações, do seu mérito moral ou estético. Dependerá tão somente da disposição
dos consumidores em pagar, com parte do ganho do seu próprio trabalho, para ter acesso aos bens e serviços
que o outro oferece. Mas o mercado não decide, em nome dos que nele atuam, os resultados finais da
interação. Assim como a gramática não determina o teor das mensagens, mas apenas as regras das trocas
verbais, também o mercado não estabelece de antemão o que será feito e escolhido pelos que dele
participam.
(Adaptado de: GIANETTI, Eduardo. Trópicos utópicos. São Paulo: Companhia das Letras, 2016, edição digital)
Infere-se corretamente do texto:
(A) Apesar de se autorregular, o mercado oferece recompensas materiais desiguais aos participantes do
sistema, atreladas, proporcionalmente, à dedicação do indivíduo àquilo que é do interesse da coletividade.
(B) Ao estabelecer uma comparação entre as conquistas capazes de melhorar as condições da vida humana
nos últimos séculos, o autor conclui que os benefícios da economia de mercado são inferiores aos alcançados
pela Revolução Industrial do século XVIII.
(C) Como ciência e mercado estão interligados, a primeira sofre restrições em sua liberdade de ação, uma
vez que só se validam teorias que atendam aos interesses do mercado, o qual, por sua vez, visa ao lucro
mesmo em detrimento do desenvolvimento científico.
(D) As conquistas alcançadas pelo sistema de mercado, no qual se estabelecem os preços de um produto por
meio de um processo competitivo, são limitadas, na medida em que as relações de troca não estão atreladas
a escolhas éticas nem nos ensinam de que modo usar nossa liberdade.
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(E) Uma vez que se trata de um sistema meritocrático, o sistema de mercado beneficia os indivíduos mais
dedicados e munidos de maior motivação pessoal, cujo grande desejo de consumo faz com que procurem
superar suas dificuldades.
19. (FCC / BANRISUL / ESCRITURÁRIO / 2019)
A chave do tamanho
O antes de nascer e o depois de morrer: duas eternidades no espaço infinito circunscrevem o nosso breve
espasmo de vida. A imensidão do universo visível com suas centenas de bilhões de estrelas costuma provocar
um misto de assombro, reverência e opressão nas pessoas. “O silêncio eterno desses espaços infinitos me
abate de terror”, afligia-se o pensador francês Pascal. Mas será esse necessariamente o caso?
O filósofo e economista inglês Frank Ramsey responde à questão com lucidez e bom humor: “Discordo de
alguns amigos que atribuem grande importância ao tamanho físico do universo. Não me sinto absolutamente
humilde diante da vastidão do espaço. As estrelas podem ser grandes, mas não pensam nem amam –
qualidades que impressionam bem mais do que o tamanho. Não acho vantajoso pesar quase cento e vinte
quilos”.
Com o tempo não é diferente. E se vivêssemos, cada um de nós, não apenas um punhado de décadas, mas
centenas de milhares ou milhões de anos? O valor da vida e o enigma da existência renderiam, por conta
disso, os seus segredos? E se nos fosse concedida a imortalidade, isso teria o dom de aplacar de uma vez por
todas o nosso desamparo cósmico e as nossas inquietações? Não creio. Mas o enfado, para muitos, seria
difícil de suportar.
(Adaptado de: GIANETTI, Eduardo. Trópicos utópicos. São Paulo: Companhia das Letras, 2016, p. 35)
Ao longo do texto, o autor sustenta a ideia de que a infinitude
(A) do universo acalenta nossa confiança na infinitude da espécie humana.
(B) dos espaços cósmicos refreia o nosso anseio de imortalidade.
(C) do tempo universal impede-nos de usufruir o tempo de nossa finitude.
(D) dos espaços ou do tempo não garante a vantagem de uma suposta imortalidade.
(E) das coisas nunca representou alguma restrição à nossa sensação de liberdade.
20. (FCC / BANRISUL / ESCRITURÁRIO / 2019) Utilize o texto da questão anterior.
As ideias de Pascal e as de Frank Ramsey referidas no texto
(A) convergem para o ponto comum de fazer temer a enormidade dos enigmas que nos cercam.
(B) divergem frontalmente quanto às percepções que têm diante da vastidão ou infinitude do universo.
(C) divergem quanto à infinitude do universo, mas convergem quanto ao temor que sentimos diante da
morte.
(D) são complementares, uma vez que a convicção de um pensador dá força à convicção do outro.
(E) são de todo independentes, pois não tratam de qualquer tema que estabeleça contato entre elas.
21. (FCC / BANRISUL / ESCRITURÁRIO / 2019)
Imigrações no Rio Grande do Sul
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Em 1740 chegou à região do atual Rio Grande do Sul o primeiro grupo organizado de povoadores.
Portugueses oriundos da ilha dos Açores, contavam com o apoio oficial do governo, que pretendia que se
instalassem na vasta área onde anteriormente estavam situadas as Missões.
A partir da década de vinte do século XIX, o governo brasileiro resolveu estimular a vinda de imigrantes
europeus, para formar uma camada social de homens livres que tivessem habilitação profissional e pudessem
oferecer ao país os produtos que até então tinham que ser importados, ou que eram produzidos em escala
mínima. Os primeiros imigrantes que chegaram foram os alemães, em 1824. Eles foram assentados em
glebas de terra situadas nas proximidades da capital gaúcha. E, em pouco tempo, começaram a mudar o
perfil da economia do atual estado.
Primeiramente, introduziram o artesanato em uma escala que, até então, nunca fora praticada. Depois,
estabeleceram laços comerciais com seus países de origem, que terminaram por beneficiar o Rio Grande. Pela
primeira vez havia, no país, uma região em que predominavam os homens livres, que viviam de seu trabalho,
e não da exploração do trabalho alheio.
As levas de imigrantes se sucederam, e aos poucos transformaram o perfil do Rio Grande. Trouxeram a
agricultura de pequena propriedade e o artesanato. Através dessas atividades, consolidaram um mercado
interno e desenvolveram a camada média da população. E, embora o poder político ainda fosse detido pelos
grandes senhores das estâncias e charqueadas, o poder econômico dos imigrantes foi, aos poucos, se
consolidando.
(Adaptado de: projetoriograndetche.weebly.com/imigraccedilatildeo-no-rs.html)
Os primeiros imigrantes alemães a se estabelecerem no Rio Grande do Sul
(A) constituíram uma alternativa ao trabalho escravo, alterando, com o tempo, a fisionomia econômica do
estado.
(B) promoveram a ocupação, com apoio governamental, de uma ampla região destinada ao estabelecimento
das Missões.
(C) foram assentados em glebas onde já com eficácia se cultivavam produtos que concorriam com os
importados.
(D) alteraram a qualidade e a quantidade dos produtos artesanais locais, o que se infletiu na economia da
região.
(E) representaram o ingresso no mercado de trabalhadores qualificados que modernizaram a produção
industrial.
22. (FCC / BANRISUL / ESCRITURÁRIO / 2019) Utilize o texto da questão anterior.
Com a sucessão de levas de imigrantes, verificaram-se as seguintes consequências no Rio Grande do Sul:
(A) interdição do trabalho escravo e consolidação das classes dominantes.
(B) diversificação do artesanato e valorização do folclore nacional.
(C) consolidação das estâncias tradicionais e minimização das charqueadas.
(D) fortalecimento da economia interna e promoção econômica da classe média.
(E) alternância no comando político e expansão das propriedades rurais.
23. (FCC / BANRISUL / ESCRITURÁRIO / 2019) Utilize o texto da questão 21.
O último parágrafo do texto enfatiza
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(A) a progressiva e positiva transformação socioeconômica que as levas de imigrantes trouxeram ao estado
rio-grandense.
(B) o impulso rapidamente imposto ao ritmo até então tímido da produção nas pequenas propriedades
gaúchas.
(C) a pressão das camadas emergentes dos trabalhadores sobre a gestão política dos proprietários
tradicionais.
(D) a substituição dos modos de produção local pelas técnicas artesanais há muito consagradas em outras
terras.
(E) a importância da imigração alemã no deslocamento da economia rural para a do mercado financeiro.
24. (FCC / BANRISUL / ESCRITURÁRIO / 2019)
[Retratos fiéis]
Não sei por que motivo há de a gente desenhar tão objetivamente as coisas: o galho daquela árvore
exatamente na sua inclinação de quarenta e três graus, o casaco daquele homem justamente com as
ruguinhas que no momento apresenta, e o próprio retratado com todos seus pés-de-galinha minuciosamente
contadinhos... Para isso já existe há muito tempo a fotografia, com a qual jamais poderemos competir em
matéria de objetividade.
Se, para contrabalançar minhas lacunas, me houvesse Deus concedido o invejável dom da pintura, eu seria
um pintor lírico (o adjetivo não é bem apropriado, mas vai esse mesmo enquanto não ocorrer outro). Quero
dizer, o modelo serviria tão só do ponto de partida. O restante eu transfiguraria em conformidade com meu
desejo de fantasia e poder de imaginação.
(Adaptado de: QUINTANA, Mário. Na volta da esquina. Porto Alegre: Globo, 1979, p. 88)
No primeiro parágrafo, o autor do texto exprime sua convicção de que a
(A) pintura, sendo mais criativa que a fotografia, desfruta de melhores condições para ser de fato uma arte.
(B) fotografia, ainda que seja uma técnica capaz de objetividade, não distingue os detalhes que uma pintura
pode realçar.
(C) fotografia, em sua propriedade de retratar tudo objetivamente, alcança mais precisão do que qualquer
pintura.
(D) pintura, em seu afã de retratar tudo objetivamente, acaba por relevar detalhes que a própria fotografia
não exprime.
(E) pintura, quando descarta sua obsessão em retratar tudo com o máximo de detalhes, aproxima-se mais
da arte da fotografia.
25. (FCC / BANRISUL / ESCRITURÁRIO / 2019)
Demonstra-se boa compreensão de um segmento do texto no seguinte caso:
(A) Se, para contrabalançar minhas lacunas, me houvesse Deus concedido o (...) dom = caso Deus tivesse
compensado minhas falhas agraciando-me com o talento
(B) o próprio retratado com todos seus pés-de-galinha minuciosamente contadinhos = o fotógrafo mesmo,
que não poupa detalhes, perde-se ao contar minúcias
(C) com a qual jamais poderemos competir em matéria de objetividade = com cuja materialidade nem
mesmo sendo objetivos havemos de tratar
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(D) Não sei por que motivo há de a gente desenhar tão objetivamente as coisas = Não vejo razão para
renunciarmos à objetividade quando desenhamos
(E) O restante eu transfiguraria em conformidade com meu desejo de fantasia = O que sobrasse eu
dispensaria para poder fazer jus ao meu critério de artista
26. (FCC / TRT 24ª REGIÃO / TÉCNICO JUDICIÁRIO / 2017)
Aspectos Culturais de Mato Grosso do Sul
A cultura de Mato Grosso do Sul é o conjunto de manifestações artístico-culturais desenvolvidas pela
população sul-mato-grossense muito influenciada pela cultura paraguaia. Essa cultura estadual retrata,
também, uma mistura de várias outras contribuições das muitas migrações ocorridas em seu território.
O artesanato, uma das mais ricas expressões culturais de um povo, no Mato Grosso do Sul, evidencia crenças,
hábitos, tradições e demais referências culturais do Estado. É produzido com matérias primas da própria
região e manifesta a criatividade e a identidade do povo sul-mato-grossense por meio de trabalhos em
madeira, cerâmica, fibras, osso, chifre, sementes, etc.
As peças em geral trazem à tona temas referentes ao Pantanal e às populações indígenas, são feitas nas
cores da paisagem regional e, além da fauna e da flora, podem retratar tipos humanos e costumes da região.
Depreende-se corretamente do texto que a cultura de Mato Grosso do Sul é
a) formada principalmente pela influência da cultura de vários povos migrantes e também pela influência
secundária da cultura paraguaia.
b) formada não apenas pela influência da cultura paraguaia, mas também pela influência da cultura dos
povos que migraram para essa região.
c) muito influenciada pela cultura paraguaia, mas também o é pela cultura de povos de outros países sul-
americanos.
d) fortemente influenciada pela cultura de nações sul-americanas, mas o é também pela cultura de povos de
outras regiões do Brasil.
e) reflexo de uma forte influência da cultura paraguaia, e a cultura de outras regiões não a influenciou de
forma relevante.
27. (FCC / TRT 24ª REGIÃO / TÉCNICO JUDICIÁRIO / 2017)
Instituições financeiras reconhecem que é cada vez mais difícil detectar se uma transação é fraudulenta ou
verdadeira
Os bancos e as empresas que efetuam pagamentos têm dificuldades de controlar as fraudes financeiras on-
line no atual cenário tecnológico conectado e complexo. Mais de um terço (38%) das organizações reconhece
que é cada vez mais difícil detectar se uma transação é fraudulenta ou verdadeira, revela pesquisa realizada
por instituições renomadas.
O estudo revela que o índice de fraudes on-line acompanha o aumento do número de transações on-line, e
50% das organizações de serviços financeiros pesquisadas acreditam que há um crescimento das fraudes
financeiras eletrônicas. Esse avanço, juntamente com o crescimento massivo dos pagamentos eletrônicos
combinado aos novos avanços tecnológicos e às mudanças nas demandas corporativas, tem forçado, nos
últimos anos, muitas delas a melhorar a eficiência de seus processos de negócios.
De acordo com os resultados, cerca de metade das organizações que atuam no campo de pagamentos
eletrônicos usa soluções não especializadas que, segundo as estatísticas, não são confiáveis contra fraude e
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apresentam uma grande porcentagem de falsos positivos. O uso incorreto dos sistemas de segurança
também pode acarretar o bloqueio de transações. Também vale notar que o desvio de pagamentos pode
causar perda de clientes e, em última instância, uma redução nos lucros.
Conclui-se que a fraude não é o único obstáculo a ser superado: as instituições financeiras precisam também
reduzir o número de alarmes falsos em seus sistemas a fim de fornecer o melhor atendimento possível ao
cliente.
Infere-se corretamente do texto que
a) está cada vez mais fácil, no atual cenário tecnológico, verificar se uma transação on-line é falsa ou
verdadeira.
b) bem mais da metade das organizações atuantes no campo de pagamentos eletrônicos usa soluções não
especializadas.
c) as instituições financeiras precisam acabar não só com as fraudes no sistema on-line, mas também com
os alarmes falsos.
d) o único obstáculo a ser superado ainda pelas instituições financeiras, no atual cenário tecnológico, são os
alarmes falsos
e) o uso de sistemas de segurança especializados pode provocar o bloqueio de transações, mas sem perda
da clientela.
28. (FCC / TRT 6ª REGIÃO / ANALISTA JUDICIÁRIO / 2018)
A arte requer “explicação”?
Aqui e ali, quem frequenta bienais, salões de arte ou exposições de artes plásticas encontrará de repente
não um quadro, uma escultura ou algum objeto de significação histórica, mas uma instalação – nome que se
dá, segundo o dicionário Houaiss, a “alguma obra de arte que consiste em construção ou empilhamento de
materiais, permanente ou temporário, em que o espectador pode participar, manipulando-a, ou, sendo, às
vezes, de tamanho tão grande, que o espectador pode nela entrar”. Trata-se, em outras palavras, de
materiais organizados num espaço físico de modo a constituírem uma obra de arte.
Ocorre, porém, com grande parte das instalações, um fenômeno curioso: com muita frequência o criador
é convidado a explicar – e o faz com linguagem muito sofisticada – o sentido profundo que pretendeu dar
àquele conjunto de materiais, àquela instalação que ele concebeu. Para o público, restará a impressão final
de que os materiais eram, em si mesmos, insuficientes para significarem alguma coisa: precisavam da
explicação de quem os utilizou.
As verdadeiras obras de arte se impõem por si mesmas, independentemente de qualquer explicação
prévia ou justificativa final. O grande músico, o grande escritor, o grande cineasta não precisam interpor-se
entre a sonata, o romance ou o filme para explicar seu sentido junto ao público. Certamente haverá
oportunidade para todos refletirmos sobre o sentido dinâmico de uma obra artística que atingiu o nosso
interesse e provocou o nosso prazer; mas nada será mais forte do que a mobilização emocional e intelectual
que a obra já despertou em nós, no primeiro contato.
(Aristeu Valverde, inédito)
A pergunta que constitui o título do texto encontra sua resposta, conforme se posiciona o autor, no seguinte
segmento:
(A) materiais organizados num espaço físico de modo a constituírem uma obra de arte (1º parágrafo).
(B) os materiais eram, em si mesmos, insuficientes para significarem alguma coisa (2º parágrafo).
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(C) O grande músico, o grande escritor, o grande cineasta não precisam interpor-se entre a sonata, o romance
ou o filme (3º parágrafo).
(D) oportunidade para todos refletirmos sobre o sentido dinâmico de uma obra artística (3º parágrafo).
(E) atingiu o nosso interesse e provocou o nosso prazer (3º parágrafo).
29. (FCC / TRT 6ª REGIÃO / ANALISTA JUDICIÁRIO / 2018) Utilize o texto da questão anterior.
Da posição assumida pelo autor do texto em relação às instalações e às obras de arte em geral, deduz-se sua
convicção de que as obras de arte
(A) não favorecem debates ou reflexões, em vista da autossuficiência do sentido que exprimem de modo
direto.
(B) devem ser esclarecidas por aquele que lhes emprestou determinado sentido, ao criá-las com função
estética.
(C) desvendam-se por si mesmas, a menos que seu autor seja capaz de nos mostrar que seu sentido explica-
se conforme sua intenção.
(D) valem-se de uma força já presente em sua linguagem, o que não impede que venhamos a refletir e
ponderar sobre elas.
(E) dispensam qualquer explicação quando não se propõem a ser grandiosas, preferindo tirar partido de sua
simplicidade.
30. (FCC / TRT 23ª REGIÃO / TÉCNICO JUDICIÁRIO / 2016)
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utiliza algoritmos de criptografia assimétrica e permite aferir, com segurança, a origem e a integridade do
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De acordo com o texto, a
a) assinatura digitalizada distingue-se da assinatura digital por ser esta menos segura e confiável que aquela.
b) cópia da assinatura digitalizada torna-se difícil porque ela está subordinada à autenticação da autoria do
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c) assinatura digital serve ao objetivo de preservar a autenticidade de documentos previamente escaneados.
d) alteração de um documento com assinatura digital acarreta a invalidação da assinatura desse documento.
e) integridade de um documento com assinatura digital é garantida pela cópia fotográfica da assinatura
subscrita.
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GABARITO
1. LETRA D 11. LETRA B 21. LETRA A
2. LETRA A 12. LETRA C 22. LETRA D
3. LETRA C 13. LETRA E 23. LETRA A
4. LETRA C 14. LETRA E 24. LETRA C
5. LETRA A 15. LETRA A 25. LETRA A
6. LETRA E 16. LETRA A 26. LETRA B
7. LETRA D 17. LETRA A 27. LETRA C
8. c LETRA A 18. LETRA D 28. LETRA C
9. LETRA D 19. LETRA D 29. LETRA D
10. LETRA A 20. LETRA B 30. LETRA D
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