Thais Oliveira - para Sempre 3 - para Sempre Nós Dois - 180220113414
Thais Oliveira - para Sempre 3 - para Sempre Nós Dois - 180220113414
Thais Oliveira - para Sempre 3 - para Sempre Nós Dois - 180220113414
1° edição: 2020
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Capa: TG Design.
Revisão: A.C. Nunes.
Diagramação: TG Design.
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Oliveira, Thais. PARA SEMPRE NÓS DOIS - Thais Oliveira
ALTAMIRA PARÁ
Sumário
PARTE I
PRÓLOGO
CAPÍTULO 1
CAPÍTULO 2
CAPÍTULO 3
CAPÍTULO 4
CAPÍTULO 5
CAPÍTULO 6
CAPÍTULO 7
CAPÍTULO 8
PARTE II
CAPÍTULO 9
CAPÍTULO 10
CAPÍTULO 11
CAPÍTULO 12
CAPÍTULO 13
CAPÍTULO 14
CAPÍTULO 15
CAPÍTULO 16
CAPÍTULO 17
CAPÍTULO 18
CAPÍTULO 19
CAPÍTULO 20
CAPÍTULO 21
CAPÍTULO 22
CAPÍTULO 23
CAPÍTULO 24
CAPÍTULO 25
PARTE III
CAPÍTULO 26
CAPÍTULO 27
CAPÍTULO 28
CAPÍTULO 29
CAPÍTULO 30
CAPÍTULO 31
CAPÍTULO 32
CAPÍTULO 33
EPÍLOGO
Inspirei fundo, começando a contagem regressiva novamente,
repetindo a série de exercícios físicos como se aquilo fosse uma cura para as
coisas que se passavam em minha memória. Merda. Eu sabia que voltar ao
meu estado normal dentro de uma sociedade levaria tempo.
Com toda certeza, não havia tio mais babão que eu. Ver Maggie e
Hunter formando sua família, sendo felizes, apesar de tudo que aconteceu dez
anos atrás, é a minha recompensa. Mesmo que ainda sentisse, dentro de mim,
algo queimar, quebrado, ardendo.
Meu celular tocou alto, tirando-me dos meus devaneios, e corri para
atendê-lo, vendo o número de mamãe brilhar na tela. Neiva Collins odiava
celulares e tecnologia, então para estar utilizando, deveria ser algo
importante.
Atendi.
Eu a ouvi suspirar.
— Avisou Maggie?
— Sim, ela chorou tanto, tadinha. — Sim, eu sabia que minha irmã
era a que mais sofria naquela situação. Passou tanto tempo longe e logo
dezessete anos, só que tudo virou do avesso desde então. E parece cada dia
mais longe de estarmos nos trilhos.
Abri a porta da minha sala, no nono andar do enorme prédio onde o
Grupo Empirus Collins estava localizado, sabendo que era uma das maiores
empresas do ramo da engenharia mecânica de estar sob meus cuidados. Uma
das minhas funções era cuidar das obrigações trabalhistas para contratação e
demissão de funcionários, o auxílio em relação a tributos e muito mais para o
bom funcionamento da empresa com total segurança.
com demasiado cuidado. O lugar foi decorado praticamente por mim, com as
imagens de Amber, Heloisa e Hannah espalhados pelo local.
veio do nada.
Era irreal demais que papai houvesse ido e me deixado com ela.
Deixado Amber, ainda pequena, nas mãos de uma mulher tão descontrolada.
decepcionado. — Olha só, tão linda. Para que serve uma idade tão boa, lindos
olhos, uma beleza incomparável, se não sai nem para tomar uma cervejinha?!
Sorri de lado.
— Graças a Deus, o senhor Collins sabe escolher bem seus
funcionários. — Ela riu.
quase analítica.
Segurei o sorriso.
Assim fiz, espiando a sala ampla, com as janelas de vidro, que dava
vista para Nova Iorque em pleno vapor. Horário de pico e como quase todo o
dia, os carros iam e vinha na velocidade da luz.
— Oi.
— Filha! Que bom que atendeu. — Não, não era nada bom. — Estou
Preferia pensar que isso se referia à minha mãe. Era mais fácil de
resolver.
— Johnson — a voz grave e baixa disse em minhas costas. Segurei a
taça de champanhe com mais força, sentindo minhas pernas instáveis e virei
rapidamente, dando de cara com Sebastian Collins, vestido ainda no seu
habitual terno de trabalho, com um sorrisinho de canto e os olhos nublados,
meio incertos. Ele deveria ter bebido algo. — Pensei que fugiria da festa
igual a todas as outras.
Ele riu.
Nem sabia por que aceitei vir. Era apenas uma advogada, analisava
contratos, fazia alguns trabalhos além disso, mas a questão é que não havia
por que comemorar um novo cliente, não era obrigação minha conquistá-los.
Suspirei, afundando no estofado e deixando meus ombros caírem. Minha
calça jeans não era tão justa no corpo, e a camiseta que havia vestido era um
pouco maior que o normal, coberto por uma jaqueta preta, que ainda me
lembrava de como era me arrumar devidamente para um dia de trabalho.
— O que foi?
Tinha plena certeza que havia sido corna, mas isso não me afetava. O
relacionamento com Hunter era bom, não havia dramas, ele era um homem
prático e controlado. E isso era o que eu precisava. Nada que me tirasse do
eixo.
— Vamos, tome algo mais forte, tudo que vai conseguir com esse
champanhe é uma sensação de instável e pensamentos ruins. Com mais
álcool, você vai ficar mais alegre. — Ele balançou a mão para um dos
garçons do bar que havia sido fechado apenas para a pequena festinha da
empresa.
— Posso saber por que está com cara de quem vai surtar a qualquer
momento?
Sabia o que todos na empresa pensavam sobre ele. Que era um bom
líder, competitivo, aceito às novas ideias e de que a companhia dos Collins
estava em boas mãos, agora que o patriarca da família passava mais tempo no
hospital do que em casa. Pobre velho, mas sabemos que a vida não é sempre
boa. E que ele não era um santo. A maldade de separar os dois filhos, renegar
a filha sem ouvi-la primeiro, estava sendo cobrada, infelizmente.
O homem em minha frente tinha um passado, eu o conhecia, e
infelizmente isso me fazia sentir muito por ele. Era muito bonito também, os
— Sei que sabe de tudo sobre meu passado, Alex, sei que também é
muito fechada para si, mas estou aqui, caso precise de ajuda ou apenas para
conversar. — Encolheu os olhos.
Sebastian riu.
guiar você.
Ele segurou minha cintura e colou nossos corpos, fazendo minha pele
estremecer com o contato simples. Enlacei seu pescoço, encarando um ponto
abaixo do seu maxilar, precisamente sua gravata, que estava meio folgada
depois do expediente. Inspirei fundo e no momento seguinte percebi que foi
um erro.
Abaixei a cabeça.
indecente.
fora do bar, saindo do meio de todos seus funcionários, sabendo que aquilo
criaria um boato e tanto.
em mais um beijo intenso. Sua mão alisou minha bochecha e precisei de todo
meu autocontrole para me afastar, segurando seus ombros para me manter
equilibrada, sentindo-me fora do eixo.
Ele riu.
— Para minha casa. Não sei o que passa na sua cabeça, Alex, mas eu
quero você. — Sua mão traçou meu pescoço, senti meu corpo se arrepiando,
segurei em sua mão, enlaçando-a, e o encarei, sorrindo de lado.
— Acho que quero conhecer sua casa, senhor Collins — usei o termo
profissional, piscando em brincadeira e o vi puxar-me novamente.
Não podia dizer que iriamos pegar algum documento? Porém, nem
um burro acreditaria nisso ao me ver instável sobre meus próprios pés. Era
fraca demais para bebidas.
chocadas contra as paredes do elevador enquanto sua boca descia pelo meu
pescoço, beijando, mordiscando lentamente, de forma quase torturante.
merda, ele tinha belos olhos verdes e parecia exatamente onde me tocar.
Domando.
Puta merda.
Eu tinha mesmo que beber, uma única vez, e fazer uma decisão burra
desse jeito?! Conhecendo Sebastian Collins o suficiente para saber que ele
nunca na vida havia tido um relacionamento sério e que, apesar de muito
educado, sempre respeitoso com seus funcionários, era apenas aquilo.
Não ditava como ele agia em relação à sua vida pessoal, ainda mais
da amorosa.
Puta merda, maior erro não havia sido. Um erro muito bom, deve-se
acrescentar, a vozinha irritante em minha cabeça gritou, me fazendo colocar
as mãos sobre as orelhas, querendo que aquilo parasse, parasse de sentir todo
meu corpo ainda meio adormecido com as sensações que obtive.
Sorrio.
— Obrigada, loirinha. Estou chegando. — Desligo a ligação e jogo o
celular de lado, dirigindo rapidamente em direção ao apartamento de Hannah
Parker. Aquela cabeleira loira é minha amiga desde que nos conhecemos na
escola, aos sete anos, desde então, dividi sua alegria contagiante e ironia
própria com Amber e éramos nós três. Contra o mundo. As três mosqueteiras,
como Hannah costumava dizer.
Sorri.
Ela foi mãe jovem, aos dezessete, e se casou com papai — que Deus o
tenha — na mesma época, para cuidar de mim. Porém, eles se separaram
cinco anos depois. Apesar de papai sempre estar presente em minha vida, a
convivência dele e Laura era quase tóxica para todos ao seu redor.
Ele não voltou a se casar, apenas teve uma filha com outra mulher e
morreu quando completei dezesseis anos. Amber já tinha doze nessa época, e
nos tornamos inseparáveis. Ela era órfã de mãe e morava com a avó. Foi
minha melhor amiga e nos tornamos parte uma da outra. Mesmo que mamãe
odiasse minha aproximação com a bastarda, como costumava chamá-la.
Odiava isso também, era sujo e maldoso.
Abaixei a cabeça.
— Por que fez isso, sua maluca?! Podia pelo menos ter esperado se ia
rolar uma rapidinha pela manhã. — Lancei-lhe um olhar nada amigável,
escutando sua risadinha assanhada.
— Se você fizer isso, Alex, juro que dou na sua cara — resmunga,
chateada. — Sua mãe te suga, não tem controle sob as próprias finanças e
insiste em tirar seu dinheiro. Você é advogada, lutou para estar aqui e sabe
muito bem o certo e errado. Consegue ver que Laura te rouba na caradura.
Afundei no sofá.
— É minha mãe, Nana. Por mais terrível que ela seja. — O suspiro
veio dos lábios de Hannah. Como se compreendesse esse argumento, se
sentou ao meu lado, passando o braço ao redor dos meus ombros. — Estou
deprimida, me consola — choraminguei.
— Fiquei sabendo que quem transa com Sebastian Collins não tem
direito de ficar deprimida no dia seguinte. — Belisco sua barriga, como aviso
para calar a boca, antes que decida tirá-la do cargo de melhor amiga. — OK,
vou ficar quietinha. Prometo.
— Oi.
Inspiro fundo, sabendo que nem precisarei procurar por ela, a minha
doce fugitiva já deve estar longe. Que pena, pensei, sorrindo de lado ao
lembrar do corpo branco leite curvado em baixo do meu, dando a visão do
quão prazeroso era tudo aquilo. Alexandra sempre foi uma mulher bonita,
desde que a conheci ao entrar na empresa, só a que a noite passada nem
poderia ser comparada. Foi fenomenal. No mínimo. E aposto que nesse
momento deve estar querendo se enfiar no buraco mais próximo. Enquanto
eu só penso em uma maneira de fazê-la voltar para minha cama.
— Mamãe, já disse que não tenho como te dar isso. Praticamente
impossível — falei novamente, cansada desta mesma conversa. Isso não é
nem o tipo de coisa que se pede a uma filha.
— Não, não vou apenas porque você decidiu que precisa aumentar
seu maldito peito e fazer mais uma lipoaspiração. — Ela revirou os olhos.
abater, e abri a porta de saída, a deixando para trás. Onde já se viu! Será que
ela acreditava mesmo que eu trabalhava até tarde, em dois empregos, nunca
saía com meus amigos, estava há meses tentando arranjar um tempo para ver
minha irmã, para no fim das contas, dar dinheiro para besteira de tratamento
de beleza?!
— Pelo amor de Deus, diga que só você sabe disso. — Ela riu.
Virei os olhos.
reunião que incluía meu chefe. E só a ideia de estar na sua presença foi o
necessário para me fazer ficar tonta com a perspectiva de ser demitida, de
ficar envergonhada ou algo do tipo.
Eu sabia que teria que voltar para empresa, não era meu dia de
atendimento no escritório e assim fiz: na parte da tarde, voltei e cumpri com
todas as minhas atividades do dia, tomando cuidado para não sair da minha
sala e nem aceitar nenhuma reunião com o senhor Collins.
À tarde, não percebi o tempo passando. Entre um café e outro, notei
que já passavam das oito da noite. Pulei da cadeira, lembrando que havia
marcado de jantar com Hannah hoje. Guardei minhas coisas com cuidado,
fazendo a pulseira cheia de adereços cintilar. Nem sei por que havia
escolhido usá-la hoje, geralmente o fazia quando sentia falta de Amber ou
papai. Ela me lembrava muito os dois. Tinha um pingente de cavalo colocado
— Boa noite. — A voz me fez pular, só que não me virei, pois sua
mão cobriu o painel do elevador. Fiquei presa entre seu corpo e a parede,
— Eu mesmo...
Cocei a nuca.
— Você fica bonita com esse nariz atrevido para cima — sussurrou.
— Só que a lembrança do meu corpo sob o seu é tentadora e só quero você
em baixo de mim. — Abri a boca, surpresa, dei um passo atrás e aproveitei
para entrar no elevador que aguardava.
Ele me seguiu.
Inspirei fundo.
Me encolhi.
— Ah, sim, um copo de uísque deve ter feito mesmo todo aquele
estrago.
— Como sabe que não bebi outras doses antes de se sentar comigo na
mesa? — Arqueei a sobrancelha, observando seus lábios cheios. E o maldito
mais do que deveríamos e voltamos para a cama, essa parte é tudo um borrão.
— Balancei a cabeça, não querendo acreditar que realmente havia feito uma
burrada dessas.
Sempre quis ter um filho. Só que a vida sempre foi uma montanha-
russa e pensei que nunca chegaria a ter pelos meios normais, que acabaria por
adotar uma criança e cuidar com muito amor. Só que neste momento, sinto
todo meu corpo tenso, pois não estou apenas grávida, estou grávida do meu
chefe, com quem não tenho nada. E pior, com mais gente na concorrência do
que jogos de azar.
Engoli em seco.
— Primeiro, preciso de mais uma confirmação. — Encolhi os ombros,
me sentindo totalmente sem chão. — Sabe, um exame de sangue. Menos
chances de dar erros — balbuciei, vendo em seu olhar que ela não acreditava
em nenhuma palavra.
— Estou tão feliz por ver você com um bebê no ventre. — Abri a
boca para protestar. — Alex, você fica aqui sozinha, eu não posso estar
sempre com você, você não sai com os amigos da empresa, sua mãe é uma
embuste e infelizmente Amber nunca abandonaria aquela fazenda para morar
com você.
Além do mais, vou amar ter um sobrinho. — Alisou meus cabelos, beijando
minha testa. — Vem, toma um banho e vamos ao consultório.
Pelo amor de Deus. Isso não tinha cabimento nenhum. Ainda tinha
Maggie, Hunter e Jenner, que em meio a tudo isso, estávamos juntos em um
emaranhado de encontros. Como iria aparecer grávida? Pior, do melhor
amigo do meu ex-namorado?
sobre o vaso. Entrei embaixo do chuveiro ligado e deixei a água escorrer pelo
meu corpo. Encarei minha barriga plana e sorri de lado. Eu a toquei com
receio. Sem acreditar. Meu Deus. Uma parte de mim estava completamente
apavorada. A outra parte, começava a ficar ansiosa por cada momento a partir
de agora.
Sorri, sabendo que seria uma mãe muito melhor do que a que tive.
Que iria mostrar minha melhor versão apenas para ele. Ou ela.
Isso vai deixar você velha, flácida e com mil e uma coisas para fazer!
Suspirei.
— Não. — A minha voz foi firme, e ela quase ficou roxa de raiva.
Pode dar a volta em sua ideia babaca que isso não vai acontecer —
resmunguei, fechando o notebook, e saí da cozinha. Viver em minha casa
estava se tornando o próprio inferno com ela em todos os lugares,
perturbando minha cabeça com suas ideias malucas.
contestação.
Você está vestindo o quê? Espero que esteja pronta para desmaiar o Collins
de tanta beleza.
Suspirei.
— Não sei, Nana, vai ser praticamente impossível conseguir que ele
fique sozinho essa noite. Acho que devo esperar outro momento. Uma
ocasião mais calma para contar algo tão importante, sem falar no fato que
Revirei os olhos.
Jenner, Connor, Luna e Mash estavam ali. Pensei em ser uma péssima pessoa
e não ir até lá, cumprimenta-los, só que em um último momento, decidi ir,
sorrindo alegre, mascarando o nervosismo que se remexia dentro de mim.
relações.
— Como estão? Saudade, faz um tempão que não vou a Nova Jersey.
— Suspirei.
— Sim, nem foi mais ver nós, titia. — Fez voz de bebê, colocando
Heitor em pé em seus braços. Era uma ótima turma, todos eles, e acabaram
por se formar uma nova família, de pais diferentes.
pedacinho meu.
— Você tem que visitar mais nós, Alex. Luna está dizendo que
quando não tinha todos esses bebês, você até levava chocolate. — Encarei a
garotinha, a maior de todos eles, com um enorme bico nos lábios rosadas.
Claramente, pegando o gênio ciumento do pai adotivo.
— Senta com agente, Alex, Sebastian não deve voltar por enquanto.
— Neiva bateu nas duas cadeiras livres ao seu lado e senti meu corpo ficar
tenso com o convite. Porém, olhei para Heitor e vi seu rostinho meigo me
encarando, com as bochechas enormes, o tufo de cabelo castanhos e desisti
de sair da mesa, me sentando em uma das cadeiras vagas.
— Sim, e eu quero chocolates. Mamãe disse que não pode, que é doce
— cochichou. — Minha tia Maggie aceita isso! — resmungou, cansada. —
Tio Hunter é o único que me ajuda a traficar alguns chocolatinhos —
resmungou, parecendo decepcionada com isso.
de ciúmes dominar meu corpo. Merda, eu estava nervosa por vê-lo tão bonito
e sem fazer a menor ideia do que acontecia comigo.
amigos estavam, segurando Luna nos braços e senti meu corpo ficar tenso ao
ver o sorriso sumir e seus olhos vagarem para meu braço enlaçado ao de
Lídia, uma das pessoas mais constantes em minha vida nos últimos anos.
— Vou pegar doces com a tia Alex — anunciou, fazendo Jenner abrir
a boca para repreende-la, mas quando viu, as duas já tinham se afastado
rapidamente, me fazendo rir leve com a cara da mulher, claramente indignada
com a filha.
— Ele é o tio Sebs? — disse meu apelido não tão amado, que me fez
sorrir de lado. Alex me olhou imediatamente, com os olhos azuis assustados.
Do que ela tinha de tanto medo?
Mas sabia que meu desejo por ela não tinha acabado em uma única noite e
sentia que precisava fazê-la entender que não podia simplesmente me deixar
de quatro por ela.
— Por que não? Não fizemos nada contra as leis, Alex, apenas
transamos, somos patrão e empregada, não vejo nada de estranho. O que de
mal pode haver nisso? — A vi revirar os olhos.
Franzi o cenho.
— Cadê Helô?
qual fazia um bolo de chocolate. — Ela está doida para falar com você,
cobrar, pela milésima vez, uma visita sua.
Sorri.
— Vocês deveriam vir me visitar, agora nem sei como resolver meus
problemas mais breves. — Ela suspirou.
— Quando sua mãe for embora, iremos, sabe que ela não perde a
chance de atacar Heloisa. — Fechei os olhos, balançando a cabeça em
concordância, sabendo bem que dona Laura não deixava em paz nem mesmo
a vida de uma garotinha tão amável. — Estou tão feliz que vai ter um bebê!
— exclamou no exato momento em que a porta da minha sala se abriu, me
fazendo pular ao dar de cara com Carly, com a boca escancarada em um O
prefeito. Engoli em seco ao ver que acabei de jogar meu segredo na maior
— Ah, mas isso não importa, você vai ter um bebê! — exclamou,
animada, parecendo até que havia ganhado na loteria. — Vai ser a coisa mais
linda, certeza, será que vai puxar a cor dos olhos do pai ou dos seus? Difícil,
complicada.
Posso saber quem é o pai do seu bebê. — Não, ela não podia. E sabia disso,
sabia que não tínhamos nenhuma interação ou laço forte o suficiente para que
essa informação saísse dos meus lábios.
sem que tenha dez dos meus funcionários há mais de três horas.
fazendo abrir os olhos para encará-lo, que ele parecia meio perdido. Engoli
em seco. Seus olhos focavam os meus, e enquanto Susan falava sobre alguma
amiga que se tornou mãe e conta as peripécias do filho, só observava a
expressão desolada de Sebastian Collins, tentando entender o que acontecia.
Sebastian não parecia o cara que iria ficar extremamente feliz em ter
um filho agora, depois de ficar quase dez anos em um hospital psiquiátrico,
de estar finalmente retomando à vida, e estar no topo de uma das maiores
empresas dos Estados Unidos, buscando seus objetivos, na melhor idade para
mulheres.
Enquanto eu tinha quase tudo que desejei toda minha vida. Só que
mesmo assim, ainda não parecia o momento. Queria ao menos estar com a
pessoa que iria ser meu companheiro, só que minha descrença de que existia
Ela riu.
— Sim.
frágil, calma, mas sabia bem que quando queria, podia fazer uma reviravolta
e tanto.
Sorri de lado.
oportunidade.
Merda, Sebastian. Você tem que ter foco. Um filho! Um bendito filho.
Não era um bom momento para arrumar uma dor de cabeça do tipo,
Senhor Arnold Collins não foi lá o pai mais exemplar do mundo. Ele
tirou o chão de Maggie, a deixando à própria sorte ainda aos dezessete, me
enfiou em um hospital psiquiátrico pelo puro medo de que eu estragasse o
status tão imaculado da família.
— Eu não posso ser pai, Alex — murmurei, cansado. — Não vou ser
um bom pai.
— Sinto que se for até o fim com isso, veria todos os dias a
confirmação de que sou um péssimo pai! E odeio pensar nisso. — Ela se
encolheu, passando o braço em volta da cintura.
com os olhos cheios de lágrimas contidas. — Apenas para que saiba, vou
fazer o maldito exame de DNA, para quando ver os fatos, você ter a certeza
todos os dias que vai ser um péssimo pai se continuar com esse pensamento
pequeno.
Seu corpo altivo bateu contra o meu em uma afronta silenciosa e ela
saiu do banheiro. A porta do escritório se fechou com um baque e inspirei
fundo, fechando os olhos ao perceber que acabei de fazer uma enorme merda.
Revirei os olhos.
Suspirei.
Sorri.
— O quê?!
merda demais e que vou precisar ralar muito para conseguir consertar ao
menos um pouco disso.
reais: tire o bebê. E agora, me sinto sufocado só com a ideia de fazer algo do
tipo. Caralho. — Abri os olhos, encarando Hunter, que mantinha uma
expressão irritada.
— E quem é a garota? Tadinha, Maggie saber disso vai correr até ela
e consola-la. — Tinha quase certeza que consolo não era exatamente o que
Alex queria, ela precisava do meu apoio neste momento. E eu, como um filho
da puta de marca maior, não o fiz.
— Isso você não vai saber — resmunguei, chateado por ter perdido
meu melhor amigo para minha irmã. Ele virou cachorrinho dela! — E além
do mais, Maggie não pode ficar sabendo disso. — Fui enfático ao falar.
Hunter fez uma careta e revirou os olhos, como se estivesse pedindo algo
impossível.
Vir visitar papai não deveria ser uma merda, mas para mim era.
Sempre nos demos muito bem e eu estaria mentindo se dissesse que não o
amo ou não o admiro como profissional, mas como pai e pessoa, não tenho
tanto o que dizer, na verdade, parte de mim ainda estava presa a uma mágoa
passada.
Abri a porta, vendo que ele assistia algo no tablet fixado ao suporte ao
lado da cama. Não que ele tivesse tido algum avanço. Meu pai mexia as
mãos, os pés, falava quando tinha coragem. Só que parecia mais um estado
vegetativo porque nada melhorava além daquilo.
— Vou bem, meu garoto, fico feliz em vê-lo. Sua mãe tagare... —
Uma crise de tosse apoderou do seu corpo, o fazendo se curvar. Fechei os
olhos e esperei a situação voltar ao controle e ele se sentir à vontade para
falar novamente. — Tagarelou sobre como estão vivendo suas vidas.
Saudades dos meus gêmeos já, e nem faz um dia que eu os vi.
Sorri.
Ele riu.
— Acho que isso está no sangue da família. Escolhas ruins. Sua tia.
Eu. E uma hora ou outra, nossos filhos. — Sorri com a menção da tia Karla,
— Eu vou ser pai. Se a garota não tiver seguido o conselho que dei e
foi procurar uma clínica de aborto. — Papai engoliu em seco e fez uma
careta, com toda certa não gostando de esboçar apenas isso. — Estou
morrendo de medo disso. De ser pai. Não sei se vou ser um bom para meu
filho.
Ele riu.
— E eu acho mesmo que você só vai ser um mal pai se continuar com
esse pensamento de que tirá-lo seria melhor. Vai ser um mal pai e ainda sem
um bebê. — Engoli em seco. — Você, Sebastian, é mais homem do que um
dia fui. Passou todos aqueles anos naquele local, por uma burrice minha,
sobreviveu àquele inferno, àqueles remédios, e hoje, está à frente da nossa
empresa. Tudo que vejo são resultados positivos.
— Isso não diz que vou ser um bom pai, papai. — Revirei os olhos.
— Quem é a garota?
Fiz careta. Não queria que ela encontrasse o maldito homem correto,
parecia simples demais.
Caminhei pelo corredor extenso, discando em meu celular o número
de Alexandra, sabendo bem que a possibilidade de não me atender era
enorme, mas mesmo assim, liguei. Chamou, chamou e cheguei a pensar que
estava maluco ao ouvir o celular tocando próximo, mas deveria estar
virar o rosto, abrindo a boca chocada ao me ver aqui. — Tudo bem, Alex?
Queria mesmo falar com você.
— Vim falar com Nana. — explicou, e deduzi que Nana era a moça
loira. — Preciso ir.
Deu um passo para o lado, passando por mim, porém, não a deixei ir
longe e a segurei pelo braço, puxando o corpo em minha direção. Alexandra
não era pequena, na verdade, era bem alta, então não era uma dificuldade
ficar cara a cara comigo. Os olhos azuis estavam assustados e brevemente
nublados. Senti meu corpo esquentando com a forma que parecia que nossos
corpos se conheciam e se encaixam perfeitamente.
coleta, não esperei duas vezes, pois mesmo achando uma bobagem, fui até a
clínica que Alexandra me deu o cartão, fiz a coleta do material para o exame
e fui embora, sabendo que não precisava de nada daquilo.
O bebê era meu, algo me dizia isso, e apesar do medo, faria de tudo
para que chegasse bem ao mundo e que iluminasse tudo ao meu redor.
— Posso sair com você, mas não posso ficar muito, tenho que
resolver alguns assuntos. — Ela sorriu, batendo palmas, parecendo mais
animada do que deveria, fazendo o suspiro sair pesado dos meus lábios.
carro, sem dar espaço para muita conversa. Apenas a ouvi falar e concordei
em momentos estratégicos, sabendo que meus pensamentos estavam longe.
Em uma mulher. E no meu destino.
— Sabe, estou muito curiosa para quando Alexandra tiver que admitir
que não tem nenhum namorado e que ficou grávida de uma noitada qualquer.
— As palavras me travaram, e senti meu corpo tenso só com a menção, como
se ela lesse meus pensamentos.
— Por que acha isso?
Susan riu.
ombros. — Sempre soube que seria assim, a mãe dela sempre foi meio
perdida mesmo, o pai teve uma filha fora do casamento.
Engoli em seco, tentando, contra a minha vontade, não dizer que ela
tinha o nome sim, e era eu! Mas sabia que Alexandra já estava brava o
suficiente para eu jogar nossos segredos no vento e ter que aguentar sua fúria
depois.
inteligente. Uma mulher pode, sim, sair e se divertir, certo? Direitos iguais. E
se algo acontecer, ela é independente o suficiente para tomar suas próprias
decisões.
Ela fez menção de falar algo, mas logo se calou, olhando em direção à
janela do carro, deixando claro que a conversa estava encerrada. Respirei
aliviado com isso, tendo a certeza que em breve ela entenderia meu pulo em
defesa de Alexandra, já que não pretendo deixar essa situação no escuro por
muito tempo. Uma hora o bebê vai nascer e precisaremos apresentá-lo para o
mundo. Em relação a Alex ser minha funcionária e todos os boatos que irão
Nem um pouco.
— Vamos? Vou com você na casa dele, só para garantir que não vai
desviar do caminho. — Revirei os olhos para Hannah, sentada no banco de
carona do meu carro, meio grogue do sonho que o plantão deixou.
— Você deveria ir para casa, sabe que está meio bêbada a esse
horário, não consegue nem andar direito. — Ela bufou, contrariada.
— Você fica aí, eu vou lá. Não saia do carro em hipótese nenhuma.
Vai ser rápido. — Ela arqueou a sobrancelha ao me ver pegar minha bolsa e
conferir que o exame estava lá dentro. Nem abri, apenas por ter certeza
demais para fazê-lo.
qualquer lugar do mundo, cuidar da pequena vida que crescia dentro de mim
e tudo ficaria bem.
pai presente, apesar de saber a importância de ter uma boa figura paterna.
Forcei um sorriso.
encarou. Peguei minha bolsa e sorri de lado. — Eu estou indo. Nos vemos
amanhã, senhor Collins.
Sorri de lado, caminhando para longe dele, não querendo ver sua
reação ao confirmar que a pequena criança que crescia em meu ventre era
sua. Não queria vê-lo tentado a mudar de ideia. Ou rejeitá-lo.
futuro. Porém, uma parte de mim estava magoada e brava por ele querer um
teste de DNA e ainda fazer menção a um aborto.
Eu era uma bagunça completa, foi uma constatação que fiz ao ver a
porta do elevador se fechar. Deixei minhas pernas cederem e me sentei sobre
meus calcanhares, enquanto a caixa de ferro descia, parecendo afundar junto
o meu coração.
Encarei as informações confusas do teste, sentindo um enjoo vir à
boca. Com os resultados ali compostos, o bebê já avançava para a nona
semana de gestação e eu nem lembrava que já havia se passado tanto tempo.
Não havia dúvidas que os últimos dois meses e meio se passaram como o
vento. Também, com a empresa, família e mil e uma reuniões no dia, não era
difícil perder-se com as datas.
Porém, ali naquele papel, havia algo bem maior do que um simples
teste de DNA. Era a confirmação de que algo em minha vida mudaria para
sempre. A paternidade nunca tinha me assustado como agora. Talvez a ideia
de ser como meu pai era perturbadora demais para ser enfrentada facilmente.
E foi ali que eu vi. Não importava o pai que Arnold Collins havia
sido. Eu não era ele. Éramos muito diferentes. E eu não faria com meu filho
ou filha o que ele havia feito comigo.
— Deus ajude que sua mãe chegue logo — sussurrei. — Para contar a
ela que vamos ter mais um herdeiro Collins em breve, que provavelmente não
vai ter essas penugens loiras suas. — Alisei um pouco a cabeça da pequena
garota. — E se for menina, vai ficar empinando aquele nariz atrevido em
minha direção. Igualzinha à mãe dela.
agora.
— Não sei o que falar. Te dou um soco por ser tão babaca com Alex
ou apenas digo que você tem um puta de um bom gosto? — Lhe lancei um
olhar azedo e contrariado, sabendo bem que aquela conversa sobre eu ter bom
gosto me deixava desconfortável e trazia lembranças deles juntos.
— Para de falar assim, seu babaca, minha irmã escuta isso e fica puta.
— Hunter riu.
— Não, Maggie sabe que eu a amo e que não há dúvida disso. Sabe
do meu relacionamento no passado com Alex e sabe que éramos amigos
antes de ser algo mais. — Lhe lanço um olhar irritado. — Parece que o único
ciumento aqui é você.
Suspirei.
tribunal em duas horas para uma audiência muito importante. Depois disso,
meu dia seria uma loucura só, entre uma reunião e outra com os clientes.
Sabia que precisava correr e ainda ir a mais uma consulta, desta vez, minha
primeira ultrassonografia.
— Quando você irá para casa? Não acha que já ficou tempo
suficiente? — Não me arrependi nem um pouco de quase expulsá-la. A
mulher não tinha a mínima decência de entender que eu não iria tirar o bebê
apenas porque ela achava ruim ser mãe solteira.
Que se foda o que ela achava. Nunca foi uma mãe quando precisei e
não será agora que irá ser.
— Acho que você não quis dizer isso, Alexandra. Sou sua mãe! —
Sorri.
— Sim, mas nem por isso sou obrigada a aguentar você falando
besteira. Eu fiz um filho, Laura, e vou assumir isso você queira ou não. Hoje
vou no meu primeiro ultrassom, e quer saber, apesar da bagunça que é minha
vida, estou amando cada segundo da minha nova vida. — Ela não respondeu
as minhas palavras e aproveitei para dar meia volta e sair da sala.
Engoli em seco.
Parabéns, mamãe!
para longe o mais rápido possível. Talvez se entregasse o dinheiro que ela
tanto queria... Não! Não ia cair na chantagem emocional que minha mãe
costumava fazer com todos.
Afundei minha cabeça contra a mesa cheia de documentos, não
acreditando que Maggie estava gritando há meia hora comigo. Como se não
tivéssemos a mesma idade, como se não fosse minha garotinha.
pessoa dependente, seja por amor, dinheiro ou pelo simples fato de que ela
despeja toda sua confiança em cima de você. Porém, ela parou, em frente a
imensa janela da minha sala, encarando a rua movimentada, e seus olhos
caíram rapidamente na cadeirinha que segurava Melissa quietinha ali. E
sorriu, apaixonada pela filha.
Sorri, sabendo o quão apaixonada minha irmã era por seus pequenos
pestinhas.
— Eu sei, Maggie. — Foi a única coisa que disse, para atrair sua
atenção. — Eu estava com muito medo de ser pai, pois a ideia era assustadora
a princípio. Não tivemos o melhor dos pais.
que Hunter e Alex já dormiram juntos, enquanto ela é futura mãe do meu
filho. — Ela riu baixinho.
seco ao vê-la fazer voz fofinha, e rir em seguida, com o gracejo da menina.
Ah, caralho. Não importava a porra do pai que eu seria. Faria tudo,
todos os dias, para ser o melhor. Mas eu queria tanto ser o pai do bebê de
Alexandra no momento.
— Trouxe esses papeis para você assinar, estou saindo para o cartório
e resolvi passar para pegar sua assinatura. — Se levantou, parecendo focar no
que havia vindo fazer ali. Colocou a pasta de papel em cima da minha mesa.
— Irei resolver essa questão do contrato e esse resto da semana irei me
— Meu Deus, você faz cara de bobo quando olha para ela! —
exclamou, rindo enquanto batia palmas.
não querendo ouvir tudo que poderia sair dos lábios de Maggie Cooper.
uma sacola de uma lanchonete que ficava na rua da empresa, ao sair da sua
sala, parecendo que o mundo ia desabar em cima dela. Apressei meus passos,
pegando a caixa dos seus braços antes que tivesse uma chance para me
impedir.
Ela riu.
fácil.
Franzi o cenho.
— Não beijei você para rendê-la nem a fazer aceitar nada — rebati,
meio irritado. Ela cruzou os braços, colocando uma das sacolas no chão para
fazer isso.
Revirei os olhos e a alcancei logo que ela tentou abrir a porta do carro
na primeira tentativa, dando um solavanco para trás e batendo contra meu
corpo.
— Não vai fugir. Não desta vez — falei baixo. — Vamos, me deve
uma carona — completei, despreocupado, pegando a caixa dos seus braços e
puxando a chave do carro das suas mãos. Destravando o veículo, coloquei a
caixa no banco de trás, balançando o chaveiro com a miniatura de um cavalo
no ar.
— Até seu carro preferiu ser aberto por mim, Alex. É o destino... —
Dei ênfase na última palavra, a fazendo rir desdenhosa.
tenha se arrependido?
— Não.
Sorri.
— Você é uma peça rara, Alexandra Johnson. O fato de dizer que
nunca errou, me surpreende, por ver que é hipócrita o suficiente para isso.
— Não estou ofendendo. Só deixando claro uma coisa que aposto que
sabe. — Ela arqueou a sobrancelha. — Me diga aonde irá. — Alexandra
inspirar fundo, fazendo o peito subir e um pedaço de pele se espreitar pelo
decote da blusa.
Desviei o olhar.
— Vamos conversar.
— Não vamos, não. Não acho que falar sobre meu filho em um carro
em movimento seja a melhor opção. — Arqueei a sobrancelha.
— Não posso tomar café. E não vou falar com você! — exclamou, e
não resisti em rir.
— Você ficar brava comigo e não aceitar meu pedido de perdão não
vai fazer meu sangue desaparecer dele — rebati na mesma velocidade e a vi
ficando vermelha, colocando o carro em ponto-morto ao parar no sinal.
— Eu errei, ok? Com tudo que aconteceu nos últimos anos, a ideia de
ser pai só refletiu ao que eu tive. Não passei fome, não fiquei sem um teto,
mas sabe o que é ver sua vida se resumir a uma existência quase miserável?
— Ela me encarou, com os olhos cheios de lágrimas.
— Não chore por minha causa — pedi. — Não me deixe ainda pior
em saber que ando te machucando ainda mais. — Ela pareceu recuar no seu
lugar, se fechando, e encarou o trânsito.
Ligando o carro devido a onda de buzinas que vem até nós. E logo
estamos de volta em movimento. A observei limpar o rosto na medida em
que as lágrimas tentavam cair. Ela inspirou fundo.
— Sinto muito pelo que passou, Sebastian. Acredito que saiba que
peguei os documentos…
— Se serve de consolo, não tive a melhor mãe. Hoje, ela é a parte que
me dói sempre, pois Laura sempre faz algo com que eu não consigo perdoar.
— Observei sua narração. — Por isso, não quero ninguém que não deseje
estar na vida do meu filho, pois ele vai ser muito amado por mim. E não
quero nada além de amor para ele.
— Não. — Sorriu.
imensidão dos olhos azuis que se estendiam em minha frente. Parecia uma
maldita boneca de tão bonita e delicada. E com seu ar mordaz, sem ironia e
ao mesmo tempo com uma postura extremamente elegante, tornou tudo ainda
mais interessante. Pois parecia que apenas eu tinha o dom de levantar toda
aquela enxurrada de ironias.
Merda.
Era simplesmente perfeito. E nem mesmo aconteceu.
Falar sobre nossas famílias não foi lá mais o indicado. Chorar também
não. Malditos hormônios!
Inspirei fundo.
cabeça em concordância. — Bom, você fica aqui e desce logo, senão irei me
atrasar. — Sebastian revirou os olhos, mas logo fez o que solicitei, batendo a
porta em suas costas. Caminhou rumo ao enorme prédio. Não perdi muito
tempo o observando, apenas arranquei o carro e segui meu próprio caminho.
overdose que quase levou a vida do filho. A forma que solucionou tudo foi a
que qualquer ser humano com nenhum tipo de inteligência possível faria:
mandando a filha para longe, e o filho para um hospital psiquiátrico.
Com toda certeza, o homem que esteve ao meu lado segundos atrás
tinha boa experiência em ser um mal pai. Só que da mesma maneira, eu sabia
que nossos antepassados não ditavam nosso caminho.
Minha mãe errou comigo, continuava errando quando sempre olhava
para si e nunca para sua volta. O pai do Sebastian seguiu o mesmo caminho.
Pelo amor de Deus, fofoca de grávida corria mais do que a gente era
capaz de imaginar!
— Não iria perder mais uma consulta dele. — Apontou para minha
barriga e rapidamente quis me inclinar e abraçar meu corpo, protegendo meu
bebê de todo aquele senso de consciência que ele estava tendo no momento.
decidir tudo que quer fazer parte. Não há como simplesmente se encaixar
nisso como se nada houvesse acontecido. — Ele segurou minhas mãos, me
puxando para a calçada e me encarando fixamente.
A mulher estava tão tensa contra meu corpo que segurei a risada,
deixando minhas mãos descer por sua costa em sinal de conforto. Ela não
recebeu muito bem, pulando para longe.
— Não é porque deixei você fazer parte disso que vou voltar para sua
cama — resmungou, me encarando com aquela expressão típica dela. — Não
rumo à clínica.
— Pode me explicar por que a ideia era tão aterrorizante para você?
— alfinetei, curioso.
Foi como um tapa na cara. Pois sei, sim. Vivi anos em um hospital,
por culpa do meu pai, de mentirosos e até mesmo por minha culpa. Eu não
era um viciado em drogas, eu não fiz nada além de um erro.
Eu, bom, não vi nada diante disso. Estava mal demais para conseguir
salvá-la, ao menos dizer que ela não tinha nada a ver com a minha sujeira.
Em uma das festas, uma bebida com drogas disfarçada foi só o caminho para
acabar em uma cama de hospital, completamente entre a vida e a morte.
Hoje, dez anos depois, ainda não consigo conviver bem com meus
próprios fantasmas. A verdade é que meu pai errou em não me ouvir, eu errei
em me perder e nunca falar a verdade.
— Se quiser ficar aí, eu vou primeiro falar sobre as vitaminas que ela
arregalados.
— Entendi…
alfinetou e senti que a qualquer momento cairia para trás diante essa situação.
Alexandra segurou o sorriso.
— Estão namorando?
— Não! — Alex se apressou em responder e eu juro que se ela não
fosse me matar, teria contestado e dito sim. — Podemos realmente falar sobre
— É claro, bom, vou dar uma olhada em seus exames, enquanto isso,
— Um filho?
Ela suspirou.
— Foi sua primeira vez, Sebastian. Pode não ter sido importante para
você, mas, de alguma forma, foi para ela. — Revirou os olhos. — Ah, e você
Ela sorriu.
— A ouvi dizer. Porém, meus olhos estavam apenas focados na minha mão.
— Eu não acredito que em alguns meses vou ser pai, Alex. Isso é
simplesmente irreal. — A mulher riu.
— Vou fazer isso agora, com todo amor que tenho dentro do meu
coração. Pois ele se tornou tudo…
Pela sua expressão, constatei que, de alguma forma, isso deixou claro
que não estou disponível. A verdade era que até estava, só que não estava a
fim de relembrar passado nenhum. Ainda mais com um filho a caminho.
Minha vida iria virar uma bagunça em breve. Já estava até vendo
senhor Arnold, dona Neiva e Maggie fazendo um complô contra minha
— Séria muita loucura dizer que não vejo nada além de um borrão?
— A ouvi sussurrar, apertando minha mão com força. — Sou uma mãe ruim
por causa disso?
Segurei a risada.
Ela riu.
Rimos.
serzinho em seu ventre valia mais do que qualquer contrato que já fechei na
vida.
Sinceramente, eu achava fielmente que nem mesmo em outra vida
viveria uma situação pior do que a que se desenrolou em minha frente
durante a consulta com Samantha Davis. A médica simplesmente não
escondeu sua grande satisfação em ver Sebastian.
Chamar o pai do filho de outra, mesmo eles não tendo nada fixo, não
deveria ser algum tipo de crime?
médio em nosso filho. Os olhos, era realmente incapaz de opinar, mas se ele
primeiro que você” — completei com voz debochada. — Isso é tão babaca.
situação onde o cara, que é pai do seu filho, foi o primeiro homem da sua
ginecologista — Revirei os olhos. — E o pior, é que parece sério. Para
Sebastian, pode não ter passado de mais uma noite! Mas para qualquer
garota, é um dos momentos que ficam marcado em si.
— E foi!
Meus olhos ficaram em riste pela maneira animada que falou. Seus
olhos brilharam, deslumbrados com a ideia, os cabelos escuros caindo
levemente ao redor do rosto e o sorriso de orelha a orelha.
— Eu sei, Alex. Mas o dinheiro era muito bom, e o roteiro é tão lindo.
Além do mais, acho que nessa época já vou ter dinheiro o suficiente e a casa
reserva nos fundos já estará pronta.
— O que você tem? Está dizendo que devo sair com Samantha?
— Não, não disse isso. Só disse que não vejo motivo para você não
sair. — Deu com os ombros.
— O quê? Não deveria ter? Ela vai ter um filho meu, eu vou ser pai,
vamos estar conectados de uma forma que não tem mais como voltar atrás, a
questão clara é que não quero ir no aniversário de um ano do meu filho e ver
nossos tios inconvenientes contando sobre como peguei a médica da mãe
dele.
Dou risada.
braço, me atraíram.
— Eu sei como é. — Riu de mim. — Você está todo bobo com a ideia
de um filho.
— Quando irá falar para a mamãe? Papai já está até planejando seus
próximos filhos com Alexandra. — Segurei a vontade de chorar, pois minha
Sebastian Collins. “Achei que precisava de uma coisa para marcar a primeira
consulta do nosso filho. Obrigado, Alex. Por tudo.”
eu poderia imaginar.
— Não vou me casar, mamãe. Nem tão cedo. — Ela beliscou minhas
costelas.
para agora. — Pode entrar. — Recebi isso como um sinal divino para fugir da
minha querida mãe.
novamente na enorme trança que batia em sua cintura, a blusa branca coberta
pela jaqueta jeans e calça do mesmo material, que demarcava toda a extensão
das pernas.
— Bom dia, Alex, depois de descobrir que você vai ser minha nora,
não vejo por que de tanta formalidade. — Os olhos da mulher se arregalaram
tanto que senti que a qualquer momento iriam cair do seu rosto.
— Pelo amor de Deus, mamãe, você vai fazer Alexandra ter o filho
meses antes. — Apontei para situação da mulher e ela pareceu meio
atordoada. — Minha família é exagerada, Alex, ninguém vai casar aqui, não.
Não vivemos na era medieval, pelo amor de Deus!
— Estou muito feliz com meu netinho e não me importo com vocês
falando besteira, irei convencê-los uma hora ou outra. — Pegou a bolsa sobre
minha mesa, nos encarando como se tivéssemos falado que a Prada era uma
marca ruim. — Farei um almoço no sábado, eu realmente espero todos vocês
na minha casa.
cabelo que caía em frente ao seu rosto, e Alex focou os olhos em mim.
— Ela é louca para nos ver todos casados. Não se importe com isso.
volume.
— Pelo quê?
— Pelo que mandou na casa da minha irmã. Obrigada. — Sorriu,
tímida. — Eu amei. — E meu coração vacilou por saber que fiz algo que
— Estou nervosa. Maggie já sabe, sua mãe também e não sei seu
pai…
Ah, merda! Foi só o susto. Foi o maldito susto que Neiva Collins me
deu que fez meu coração parecer uma banda de rock digna de um prêmio.
Tentei respirar, segurando o celular contra meu corpo, sabendo que uma hora
esses batimentos irregulares e malucos teriam que parar. Ora, eu estava bem.
Meu ex-namorado, dez anos mais velho, que costumava dizer que
nunca passaria de mais uma na cama de homens ricos e poderosos, como
minha mãe foi. Jurei que nunca seria como ele havia dito.
Só que por mais que provasse que estava errado, parecia que me
afundava cada vez mais no julgamento alheio.
“Chegou bem?”
“Fica de olho, fiquei sabendo que o filho da puta foi para Nova Iorque. Eu
não faço ideia do que ele quer aí, mas a tia dele fica dizendo que foi a
negócios e para ver a irmã”
Franzi o cenho.
“Desde quando Robert tem uma irmã?”
“Eu me fiz a mesma pergunta, sempre ouvi que o velho do pai dele só
havia tido um filho”
toda certeza não precisava me preocupar. Porém, como tudo na vida que
ameaçava a tirar minha paz, não conseguia parar de pensar.
com quem me relacionaria. Quando entrasse em um, tinha que ser completo,
com direito a tudo, e não ser a pessoa em que o outro corre quando o mundo
ameaça a desabar.
Segurei o sorriso.
daquele desgraçado”
segurando meu rosto de maneira que dava muito espaço para imaginação. E
por último, uma cópia do teste de DNA que entreguei a ele.
isso na minha mesa? Quem deixou?! — exigi saber, suando frio diante disso.
palavras e a abracei, precisando de uma pessoa que fosse meu apoio. Minha
mãe ainda insistiu com o aborto, e infelizmente, ela era a única pessoa mais
próxima da família em Nova Iorque. Amber não contava aqui, estava muito
longe para chutar a bunda do pessoal.
— Como assim, Carly? — Me levantei, confuso. — E ela não me
conta nada?! — Alterei o tom de voz e vi a mulher dar um passo atrás, pelo
susto. Suspirei. — Como Alex está?
— Ela ficou meio abalada com tudo, minha menina ama muito o
trabalho dela, senhor Collins, ela não quer que nenhuma notícia venha
prejudicar a forma em que ela consegue as coisas. — Encarei o teto, pedindo
paciência. — Peguei as fotos na sala dela pois ela disse que não iria contar
para você. — Empurrou em minha direção, e peguei envelope.
Passei cada foto com cuidado e senti a raiva nascendo dentro de mim,
pois não importava o filho da puta que estivesse seguindo nossos passos, ele
queria que tivéssemos medo que a notícia da gravidez visse à tona.
— Ela saiu para o almoço, não pode vê-la agora. — Revirei os olhos e
me obriguei a me ver com clareza. Cheguei à conclusão que não poderia fazer
nada que me arrependesse. Estava andando em corda bamba com Alex,
magoá-la ou irritá-la só iria me fazer passar por maus bocados depois.
Inspirei fundo.
— Ótimo, irei descobrir mais sobre isso e dar um jeito nessa situação.
Nem sei por que estava tão preocupado. Talvez fosse o fato da
secretária ter falado que ela ficou um pouco instável, ou por que prezava
tanto pelo trabalho que se sentiu ameaçada com tudo. A pior parte deveria ser
a segunda opção.
Deixei tudo de lado e saí da sala, caminhando até seu setor. Assim
que alcancei a mesa de Carly, ela pulou para tentar explicar algo, porém,
apenas balancei a mão indicando que depois conversávamos. A senhora
roliça não se dou por vencida, caminhando até mim a passos apressados.
Que porra era aquela?! Agora eu teria que dar a palavra final que
Sorri de lado.
— Acho que essa escolha deve ser de Alex. — Encarei Susan. — Não
posso dizer que ela deve seguir o destino, pois não conheço seu irmão e nem
os planos dela. — Dei os ombros e vi Susan franzir os olhos em riste.
Alexandra se levantou.
— Chega, Susan, não vou sair com seu irmão. Não no momento. —
Ela coçou o pescoço, deslocada. — Minha vida está uma bagunça, eu vou ser
mãe em poucos meses e eu acredito bem que quando colocar isso para
qualquer homem, ele vai correr pela porta da frente. Então não, obrigada pelo
“destino”. — Fez aspas no ar, esbanjando ironia. — Mas se não se importa,
tenho um assunto sério para debater com Sebastian.
— O destino, é?
Ela riu.
Segurei a risada.
— Não, sobre o fato de que uma hora ou outra irão descobrir que está
gravida e que o bebê é meu. — Ela ficou tensa. — Carly me mostrou as fotos.
— Não me importo com o que falam, Alex, mas você, sim. — Ela
fechou os olhos, mortificada pela vergonha. — E não quero que se sinta
desconfortável, então vamos resolver isso juntos, ok?
— Eu não teria dormido com você se não fosse pelo seu charme,
senhor Collins? — E os olhos azuis me encararam, explodindo em pequenas
faíscas de desafio, e me fizeram estremecer, excitado com a ideia dela tão
próxima.
Não era o encostar de lábios sem graça que demos no outro dia.
Sua boca era faminta sobre a minha, pedindo passagem com a língua
contra meus lábios. E não me resguardei; a puxei em minha direção e segurei
sua cintura fina com firmeza contra meu corpo enquanto deixei meus dedos
tentando desgrenhar o penteado dela.
Ela geme, com nossas línguas dançando junta, me fazendo
estremecer. Minha pele esquenta, na medida que tudo se torna ainda mais
intenso e gemo, sentindo meu pau crescer dentro da boxer e fazer ficção
contra o material resistente da calça social.
suas mãos desciam por meu dorso, mesmo por cima da camisa e por baixo do
paletó, sentia minha pele queimando.
rosados pelo que acabou de acontecer. — Só que não posso fazer isso. Não
— Eu sei.
— O quê?
encolheu diante meu tom alto e a puxei para próximo de mim novamente,
segurando seu rosto para que me encarasse. — Pode não acontecer nada entre
nós nunca mais, mas não vou demiti-la por causa de gente babaca que não
acredita que uma mulher não pode chegar alto sozinha.
— Não posso ficar chorando sempre. Não sei como vou lidar com
isso, Sebastian. Não sei se consigo. — Beijei sua testa.
— Não me importo com o que vem, baby, só sei que vou estar aqui
para o que precisar. Para secar suas lágrimas quando os hormônios atacarem.
— Ela riu. — E eu não vou desistir da melhor advogada que tive o prazer de
conhecer.
Engoli em seco.
— Ai meu Deus…
— Não surta. — O homem tentou falar e lhe lancei um olhar agitado.
— Eu vou dá um jeito nisso.
— Peço, pela primeira vez, que você use sua maldita posição nesta
empresa e dê um jeito nisso. — Me abanei, sentindo que a qualquer momento
cairia no chão de tão nervosa que estava.
Ele riu.
— Estou indo. — Abriu a porta e revelou Hunter ainda parado lá, nos
encarando. — O que faz aqui, Hunter? — Sebastian perguntou com
impaciência.
— Eu vim falar com você, mas depois dessa visão, quero falar com
Alex. — Balançou a cabeça em minha direção e segurei a risada. — Acho
que sua secretária amou o show ao vivo, se não for falar com ela, o negócio
vai ficar um pouco feio.
Arqueei a sobrancelha.
— Não seja debochado, sabe muito bem que estou falando que o que
aconteceu agora foi só um beijo.
Sebastian, acho que ele será um ótimo pai e, se tiver chance, um bom marido,
mas nunca pensei que existisse algo entre vocês.
— Não existe. E pelo amor, já basta Neiva Collins tentando nos casar.
— Ele riu alto. — Aconteceu há um tempinho. — Encarei o caderno aberto
sobre minha mesa. — Foi o tipo de coisa que fazemos quando não estamos
em nosso juízo normal. Não falo que foi um erro pelo bebê…— Inspirei
fundo. — Mas foi um erro com quem eu fiz. Ele é incrível, Hunter, só que
não é para mim. E agora, a empresa vai ficar sabendo do meu maldito caso de
uma noite com o chefe e minha vida vai ficar ainda mais bagunçada.
pessoas que tinham entrado em minha vida nos últimos anos, Hunter era o
único que sabia sobre o passado. — Sinceramente, vão ter um bebê e acho
que a forma que estavam aqui, deixa claro que não é algo apenas de uma
noite.
Ele estava com o rosto tão sério que era uma versão dele que pensei
que nunca iria ver.
— Ai meu Deus. — Bebi minha vodca com calma, enquanto via seus
lábios se moverem em um sussurro. E os olhos azuis idênticos aos meus se
focaram em mim. Cintilando de raiva. A batalha foi travada. E eu venceria.
Só que não esperava pela virada busca, quando ela girou sobre os
saltos altos e saiu do apartamento. Esperava que ela entrasse, gritasse, batesse
o pé como a criança birrenta que sempre foi. Só que nada disso veio e ela
fechou a porta como se não fosse nada.
Inspirei fundo.
Eu iria vencer.
Eu iria vencer.
Não era a primeira vez que Alex cedia e me dava dinheiro. E eu que
não daria uma de proletariado e ir enfiar a mão na massa. Sempre fui uma
mulher com destino para ser da elite, não da classe trabalhadora.
Eu não deveria ter ficado tão perturbado com isso. Ele era casado com
minha irmã. Tivera um passado com Alex, sim, mas era exatamente isso,
passado. Sabia que ele tinha um carinho especial por Alex, que o
— Já disse que você é bobo por ter ciúmes. — A voz do meu melhor
amigo preencheu meus ouvidos assim que fechei a porta e deixei que tudo
fosse dito.
— Não estou com ciúmes. Mas você ficar cercando sua ex-namorada
ela.
Encolheu os ombros.
que se passava em minha mente neste momento, não queria falar isso.
Queria xingá-lo e discursar em como ele deve ser fiel a minha irmã. Mas
tudo que saiu foi isso!
Ele riu.
— Não faço nada disso. Você está morto de ciúmes. Fica vendo
coisas onde não tem. — Deu os ombros, com toda a petulância que Deus deu
a ele ao nascer. Paciência, Sebastian. Paciência. Você não pode socar a
cara do seu melhor amigo, vulgo cunhado filho da puta. — Sou um homem
casado.
— Tirá-lo! A irmã teve um filho bastardo, ela sabe muito bem como é
ter uma criança sem um pai. Eu tive que criá-la sem o maldito pai e não quero
que minha filha seja taxada como estragada apenas porque decidiu criar uma
criança maldita. — Meus olhos tremeram em um tique nervoso e parei, a
analisando.
“Parece que a mãe dela armou uma cena. Não entendi bem, mas
pensei que ela estaria com você”
do outro lado, falando sobre a relação complicada que Alex e a mãe levavam.
— Ela deve ter ido para minha casa, Sebastian. Alex fica muito mal
toda vez que a mãe arma alguma coisa — xingou a mãe da amiga e inspirou
fundo. — Vou te passar o endereço. Cuida dela por mim, por favor.
Sorri.
— Cuido, sim — prometi, mais para mim do que para qualquer outra
pessoa. Cuidarei dela com todo o prazer do mundo.
Eu sabia que aquele tipo de afronta contra minha paz interior uma
hora chegaria, só que de uma forma escrota, resolvi acreditar que ela não
passaria dos limites. Pelo amor de Deus! Eu era uma advogada, se meus
vizinhos me denunciassem por uma festa que já passou dos limites da
civilização, era claro que nunca mais conseguiria nenhum grande caso.
coisa horrível. Será que uma pessoa é tão terrível que nunca possa se
redimir?! Aprendi da pior maneira que algumas pessoas nunca conseguem se
redimir.
Inspirei fundo.
Desculpe se viu alguma coisa lá, prometo que vou resolver isso e não vai ter
nada com que se preocupar. Em relação a imagem da empresa, se a polícia
bater em um desses eventos, posso perder muitos clientes.
— Eu não ligo para a empresa, Alex, você melhor que ninguém sabe
que meu passado daria uma bomba enorme. — Colocou uma mecha do meu
cabelo atrás da orelha, descendo as mãos por meu pescoço. Estremeci diante
seu toque quente. — Você está congelando, pelo amor de Deus!
Ele riu.
— Bem, talvez seja melhor pedir algo para alimentar você e o bebê.
— Beijou minha testa com carinho. Não resisti em me envolver em seu
abraço, sabendo que cair nos braços de Sebastian toda vez que as coisas
ficavam ruim não era a melhor coisa. Mas não conseguia controlar.
— Minha mãe é terrível. Ela pensa que vou dar dinheiro para as
besteiras dela — resmunguei, com raiva. Uma parte de mim dizia que não
devia despejar isso em cima dele, mas já foi.
— Ela falou algo sobre você tirar o bebê. — Fiquei tensa em seus
braços com a menção disto. Sebastian beijou meus cabelos, alisando os fios
soltos com cuidado. — Sinto muito por isso. Eu. Ela. Desculpe, não queria
ter pedido aquilo.
Sorri com a resposta e deixei que meus dedos descessem por seus
cabelos, tocando-os com delicadeza.
— O exame está com você, né? Posso levar para casa? — Arqueou a
sobrancelha, desviando do assunto.
— Não sei, mas não acredito nisso. O exame sumiu. Uma cópia foi
enviada a você. A sensação de que alguém entrou aqui e o pegou não para de
passar em minha mente. — Fechei os olhos, contando até três.
Faz?!
— Jura?
— Sim, só você mesmo para não perceber que Susan é doida por
você. Toda cheia de elogios. — Imitou uma das poses da mulher. — O chefe
mais compreensivo. O melhor chefe. Sebastian isso. Sebastian aquilo. —
Segurei a risada com seu tom de voz fino. — Do que você está rindo? — Me
encarou, com raiva.
vermelho. — Sua funcionária pode ter pegado o maldito teste de DNA e você
vem me falar de ciúmes?!
— Por que ela faria algo do tipo? Só porque gosta de mim? Parece
coisa de criança mimada, Alex. — Ela riu.
— Isso eu não sei, mas irei descobrir, baby — usou o apelido que dei
para ela, pincelando meu nariz com um ar travesso, e me inclinei, beijando
Sorri.
Me afastei.
— Eu não… consigo.
Sorri.
Como ele conseguia? Eu não fazia ideia. Isso tudo era prova que não
teria outra chance de estar com alguém tão bem em paz de espírito, então
deixei que meu corpo se inclinasse para a frente e traçasse seus lábios
levemente com os meus.
— Não tenho uma desculpa para isso — sussurrei e senti suas mãos
subirem para minhas costas, estremecendo, arrepiando minha pele. — Não
quando você sabe que não há volta.
exatamente aquilo. Sua mão desceu, parando sobre o botão da minha calça
enquanto a outra mão livre subiu em direção ao meu sutiã, retirando a peça
com rapidez e a fazendo cair do lado do sofá.
Ele fez uma virada brusca, me encaixando entre suas pernas, e com o
Ele riu.
— Por qual o motivo está demorando tanto para tirar suas roupas? —
brincou, beijando-me em seguida, abrir a boca para recebê-lo enquanto sua
língua bailava contra minha, dançando livre em minha boca, arrepiando meus
pelos, me fazendo estremecer com o contato de nossos corpos. Totalmente
livres, meus peitos foram espremidos contra os seus, causando uma sensação
deliciosa de prazer. Sua mão desceu para minha calça, repuxando-a para
baixo enquanto seguia um caminho por meu pescoço, beijando, mordiscando,
Sua mão segurou um dos meus seus seios, os encarando com fixação.
racional.
Ele desceu, deslizando os lábios por minha pele, antes de voltar a dar
a mesma atenção ao outro mamilo. Inspirei fundo. Minhas pernas pegaram o
impulso para enlaçar em sua cintura, e senti sua protuberância contra minha
coxa.
Ele enlaçou um dos braços em minha cintura, segurou meu rosto com
uma das mãos e me beijou com a mão livre afundando em meus cabelos, e
senti seu membro contra meu corpo.
outro, me buscava de algo que não consegui com ninguém. Paz comigo
mesma.
iria trazer consequências. Eu a queria, muito, desde que fugiu da minha cama.
Mas isso não mudava o fato de que ela era a mãe do meu filho. Desde que
essa frase se tornara real, nós nos veríamos para sempre e estaríamos sempre
conectados, mesmo que não fosse da forma em que ficamos alguns instantes
atrás.
A frase clichê de que um filho é para sempre nunca fez tanto sentido
como agora.
Terminei de fazer o pedido e deixei minhas pernas me guiarem até a
mesa onde havia algumas bebidas expostas; Por puro hábito ruim, bebia uma
Deveria tomar uma ducha e ter a conversa que precisávamos ter desde
sempre, mas não conseguia. Não conseguia colocar a barreira que precisava
entre mim e Alexandra, pois sabia que para ela era fácil se afastar.
Era só seguir sendo a pedra de gelo que tanto faz bem. Quanto a mim,
dizia não aos envolvimentos, só que a puxei para um caminho que apenas
ditava frases ao contrário.
tomar um.
Ela riu.
— Não pergunte a mim. Eu fiz um filho com você. Não sou a pessoa
mais consciente do mundo. — Rimos, e ela me encarou. — Eu não sei o que
fazer. Sinceramente, quero ficar com você, ao mesmo tempo que sei que não
posso.
— Por quê? Talvez seu motivo de não poder seja mais forte que o
meu.
Sorri. Meu motivo de não ficar com ela era único e exclusivo meu,
egoísta, pois não queria um relacionamento, queria aproveitar a vida.
— Meu motivo você sabe. Eu lutei muito. Não posso perder agora. —
Alisei seu rosto.
Ela riu.
bebê a caminho e com meu chefe! Só que também sei que relacionamentos
nunca mais em minha vida serão fáceis. — Encolheu os ombros. — Nunca
mais serei sozinha novamente. Quem quiser ficar comigo a partir de agora,
vai ter que amá-lo, pois não posso renunciá-lo.
— Não. Acredito que sair com outras pessoas tudo bem, mas se um
dos dois quiser dormir com outras, deve romper antes. — Ela sorriu de lado.
— Jantaríamos junto, compartilharíamos momentos como namorados, só que
com a liberdade de solteiros.
Sorri.
— Acha mesmo que não podemos fazer isso? Qual seria a diferença
entre antes e agora? Fizemos um filho sem estarmos namorando, nos
beijamos, ajudamos um ao outro — citei, contando nos dedos as ideias que
poderia ter para convencer essa mulher. — E fizemos sexo novamente sem
nem ao menos falar sobre nossa definição.
Eu não fiquei com Robert, pois ele me queria como sua amante. A
situação agora nem passa perto dessa e meu envolvimento com Sebastian era
completamente diferente. Teríamos um filho.
— Com toda certeza — ele disse, com uma certeza que eu gostaria de
ter. — Temos um trato?
Ele poderia sair com outras mulheres. Eu também poderia sair com
outros caras — tudo bem que minha situação era complicada, um homem
geralmente foge de mulheres com barrigas enormes.
Segurei a risada.
Me afastei, o encarando.
Sorri de lado.
O homem sorriu.
— Eu prometo. — E me puxou para seu colo, segurando minha
cintura como se não pesasse nada. — Quando a barriga começará a aparecer?
Inspirei fundo.
Segurei a risada.
— Ah, claro, se aliar a Hannah é muito útil. Aquela ali fala pelos
cotovelos. Ele riu.
Arregalei os olhos. — Mas é bom, vai que eu precise mais à frente — pincela
meu nariz.
— Vocês juntos contra mim não é legal. Ela é minha melhor amiga,
deveria estar comigo… — Ele me beijou, segurando-me pelo maxilar e
inclinando os lábios em minha direção. Lentamente, me fazendo esquecer
sobre o que falávamos, sobre o que eu estava tagarelando. Nada vinha em
minha mente enquanto sua língua traçava minha boca devagar, estremecendo-
me em seu toque.
— Branca de Neve?
Franzi o cenho, não muito contente com o apelido. Ele percebeu que
isso me irritou e riu, liberando a entrada do entregador.
suspiro. — Não vai vestir uma roupa para atender o entregador? — Arqueei a
sobrancelha, o fazendo rir e buscar a calça que deixou cair ao lado da
mesinha de centro.
COLLINS!
Meu coração saltou. Ele era tão bonito. O cabelo loiro caindo na
frente do rosto de maneira bagunçada, os cílios longos abaixados enquanto
ressonava baixinho. Me permiti esticar a mão e retirar uma porção de fios cor
de ouro, jogando para trás.
pela manhã e subiu mim, segurando-me contra o colchão macio. Beijou meus
lábios levemente antes de me encarar novamente.
Engoli em seco.
— Seu pai inveja coisas — brinquei, tocando sua mão por cima da
Ele riu.
o sexo e depois, tudo se foi. Conversar na cama. Jantar juntos. Dividir como
foi a noite ou seu dia. Era a primeira vez.
Olhei Nova Iorque em pleno vapor e deixei o suspiro cansado sair dos meus
lábios.
tempo!
Franzi o cenho, sem saber que diabos ela falava. Susan era
praticamente perfeita, foi uma perfeita Barbie na faculdade, adorada por
milhares de garotas e garotos, e na vida profissional, alcançou bons objetivos.
A vida não era realmente uma carrasca com ela, pelo que conheço, mas por
experiência própria, sabia que nem tudo era fácil.
sensação de segurança que eu tinha antes de tudo isso começar. Só que era
vazio. A sensação de segurança não desafiava, não trazia frio na barriga e
nenhuma nova sensação.
dois dias atrás. A confirmação que Susan pegou o exame de DNA em minha
casa veio como um tapa na cara, mas foi o suficiente para sabermos em que
caminho estávamos seguindo. A mãe de Alex, bom, como ela costuma dizer,
era problema dela, mas não conseguia ficar de fora ao ver como a mulher
conseguia atingir a filha de uma maneira tão devastadora.
Tentei entender como funcionava a relação das duas, mas tudo que eu
tinha eram pontas soltas. A mãe dela costumava chorar e dizer que a filha
queria vê-la infeliz, enquanto Alex dizia que ela mesma plantava sua
infelicidade. Enquanto isso, mais confuso eu ficava em relação as duas.
O confronto com Susan ainda não tinha sido possível, devido a toda
demanda de trabalho nos últimos dias, e Alexandra decidiu que eu era a
pessoa mais indicada para falar com a mulher. Era o chefe dela, o dono da
casa e, com toda certeza, ela não usaria tom debochado comigo.
— Eu sei, sabe, mas sempre pensei que fosse pelo motivo de eu ser
uma boa funcionária e de que não usei da má fé para fazer mal a vocês com
os documentos que tinha. — Encolheu os ombros. — E se eles começarem de
Segurei o riso.
Agora, Liam era casado com Amélia e tinha dois filhos, Ava e
Christopher, de cinco anos, gêmeos. Katarina tinha uma menina, e também
era casada, mas não me recordava qual nome do seu marido.
Só sei que vou conhecê-los. Desde que voltei para cidade, estava
mantendo laços com eles por internet e telefone, mas nunca os tinha visto
pessoalmente, e era tão estranho ter pessoas novas na família. Ao mesmo
tempo, era acolhedor.
A casa dos Collins era enorme, com um meio muro que era
completado por grandes que davam a visão para o jardim cheio de flores e
algumas árvores. Mais adiante, havia uma casa de dois andares, pintada em
tom de areia claro. Saí do carro, puxando o casaco de maneira mais firme
contra meu corpo, sentindo o vento frio batendo contra minha pele. Era para
estar quente nesta época do ano, mas o dia amanheceu nublado e não resisti a
um casaco quentinho.
Segurei a risada.
— Sim, vou ser pai. Essa é Alexandra Johnson, e aqui dentro — disse,
tocando minha barriga ainda lisa. — Ainda não tem definição.
fofinhos…
Tudo aconteceu tão rápido que a menina com um tufo de cabelos loiros e
sorriso banguelo me encarou, com expectativa.
reclamou com a mãe não dando atenção a ele e Melissa me encarou como
esperasse algo de mim.
— Isso mesmo.
pelo pai em algum canto da casa. — Minhas perninhas, oh! É pequenas! Não
é certo. Mamãe!
com a quantidade de gente que a cercava. Me deixei ser envolvida por aquele
pessoal eufórico com sua nova formação.
Nunca estive numa reunião familiar com tantas pessoas. A última vez
que tive uma sensação próxima a essa foi quando papai ainda estava vivo, no
nosso último Natal, quando tio Jacob veio e trouxe as filhas. Os barulhos, a
alegria finalmente haviam voltado àquela casa. Laura não estava presente, o
que tornou tudo ainda mais familiar.
Ela nunca estava presente quando não tinha bebidas nem coisas
ilícitas.
minha mão e impedindo que eu desse mais um passo à frente. — Que leve
Alex para que ele a veja. Sabe, ele anda emotivo e dizendo que a qualquer
momento ele se vai.
Segurei a risada, sabendo que ela pularia do carro pelo que viria.
— Não, não mesmo. Seu pai me contratou, não vou chegar lá e falar:
“oi, senhor Collins, lembra de mim? Bom, eu bebi, né, aí em uma conversa
vai e conversa vem com seu filho, fiquei grávida dele. Parabéns, o senhor vai
ser vovô!” — tagarelou e eu apenas liguei o som, muito tranquilo, sabendo
que nada do que viria dali poderá me tirar do meu destino.
Um mês depois
— Papai disse que queria uma visita assim que a barriga começasse a
apontar.
Dormi com Sebastian mais dias do que conseguia contar e estava um pouco
acostumada com a forma em que nossa rotina matinal estava se
desenvolvendo. Íamos ao meu apartamento — quando eu não dormia em
Hannah —, enfrentávamos minha mãe, pegava algo para me trocar e íamos
para o trabalho.
cardíaco. — Ele riu. — Falou com Susan? Esqueci de lhe perguntar sobre
isso ontem. — Estava com medo do que viria do embate dos dois. Susan não
era a pessoa mais compreensível do mundo e a certeza de que ela sabia sobre
nós veio com as inúmeras piadas jogadas em minha direção nos últimos dias.
— Não, ela está fora da cidade, segundo sua secretária, retorna hoje a
Nova Iorque. — Franzi o cenho.
Franzi o cenho.
— Susan é do Texas? — Tentei me recordar de alguém com o mesmo
nome dela ou com características parecidas. — Qual cidade?
— Não me recordo.
— Oras, não seja tão analítica, deixe a advocacia de lado apenas por
um momento. — Busquei paciência. — Me diga o sim que espero há dias! —
conhecê-lo e tenho certeza que tudo será como planejei. — Bateu palmas,
rodando na minha sala. — Se te ajuda a ficar mais desconfortável, eu e
Sebastian iremos. Um encontro duplo!
Engoli em seco, a vendo me olhar com malícia, e senti meu corpo tão
tenso que a qualquer momento alguma curva dele iria reclamar. Sebastian
havia aceitado ir a um encontro com Susan? Por que ele faria isso?
cargo no Grupo Collins, mas não queria ser a mulher tachada por dar o golpe
do baú no chefe.
— O quê?
agora. Me diga, pois você não pode viver se escondendo da sua própria mãe,
Alex. Sei que a ama, que ainda alimenta uma esperança pequena de ela
mudar, mas ela sempre volta para os mesmos erros.
— Amo você e todo esse amor por ela. Mas seu pai falou isso há
muito tempo, Alex. — Segurou meu rosto. — Naquela época, ela ainda tinha
o poder da dúvida, agora, depois de tudo, depois do que ela fez com você em
relação a Robert, não vale a pena acreditar em uma mudança. Precisa ser
forte.
encarando no espelho. Não que eu fosse maluca pelo corpo perfeito, só que
sou magrinha, se minha bunda ficasse enorme, ficaria parecendo uma
tanajura.
A ouvi gargalhar.
Engoli em seco.
— Não, não é. Mas a questão é — busquei umas desculpas pelo meu
surto e a vi arquear a sobrancelha. — Susan é a mulher que roubou o teste de
DNA. Por que ele sairia com ela? Deveríamos nos juntar contra ela…
Hannah riu, mas nada disse. E me deixou sair de casa, com minha
cabeça latejando no mesmo ponto. Será que Sebastian ainda não havia falado
com ela por medo? Será que ele via em Susan algo a mais do que apenas uma
colega de trabalho?
Entretanto, algo dentro de mim latejava. Nunca senti meu coração tão
pequeno como esse momento, prevendo o fim, ou sendo muito negativa pelo
caminho das coisas. Fechei os olhos e disse a mim mesma que tudo ficaria
bem.
Com toda certeza a decisão de ir a um encontro duplo não foi fácil,
porém, se tornou tudo muito desafiador quando Susan disse que Alex
maldito armário, podia até ver meu subconsciente debochando. Ah, não me
culpe, eu era um CEO, tinha que estar a caráter para todas as malditas
reuniões que passava no dia-dia.
Assim que entrei no restaurante que ela havia marcado, senti meu
corpo ficar tenso ao ver a ruiva sentada em uma das cadeiras e soube que a
noite seria muito longa. O homem ao seu lado parecia bem mais velho que
eu, vestido em roupas sociais, mas despojada, estampava um sorriso
prepotente para a irmã. A única coisa que eu sabia dele era seu nome e algo
Susan riu.
— O que mais seria, Alex?
Ela riu.
— Verdade, querida. Mas pense pelo lado bom, estou do seu lado. —
Colocou a mão sobre a minha e vi Sebastian aparecer sobre seus ombros. —
O lado de você dar um pai para seu bebê.
Bati na mesa.
— Eu não vou discutir isso com você. Chega, já basta ter sua presença
no Valley, pode me explicar o que diabos faz voltando à minha vida? Tudo já
não ficou claro o suficiente dez anos atrás? — Ele riu.
vez. Como Nana disse, não havia redenção para pessoas como minha mãe. —
Mas se continuar com isso, eu não vou pensar duas vezes em aplicar uma
denúncia em cima de você.
Meu primeiro erro foi me apaixonar por Robert mesmo sabendo que
ele era quatro anos mais velhos e que iria se casar em pouco tempo. Laura,
como nunca foi uma mãe exemplo, achou toda a ideia uma boa chance de
que se aproximavam.
— Lembra quando eu disse que você não poderia ir longe? Que por
mais que tentasse, iria cair? Pois, como todas as mulheres da sua família,
você está destinada ao fracasso. — Inspirei fundo. Não. Eu não ia fracassar.
Eu era forte. Eu tinha conseguido até ali , não eram suas palavras que me
fariam desistir.
Ele riu.
— Vai. E quando cair, eu vou estar lá para segurar sua mão, pois
infelizmente, é a única que se estenderá. — Alisou meu ombro e senti meu
corpo ardendo em uma repulsa silenciosa. — Vamos criar essa criança juntos,
e ele empurrou Robert, segurando minha cintura. — Está tudo bem? Temos
que fazer algo sobre isso. Esse homem é meio maluco, Alex. Merda, isso
deve estar doendo.
Fiz careta, segurando minha mão entre seus dedos e senti a dor
— Eu sei — afirmei, pois algo em mim, por mais que tivesse medo de
como nosso relacionamento fosse ficar, sabia que meu filho teria o pai. Isso
era a única certeza que tinha em relação a tudo.
Ele beijou a ponta do meu nariz.
Foram amantes? Ele a fez algo ruim? Ela era apaixonada por ele?
Desviei meus pensamentos, sabendo que amanhã mesmo colocaria
Susan contra a parede para descobrir a verdade. Não poderia continuar
fazendo vista grossa para isso, não quando a verdade ficava batendo em meu
rosto constantemente. Como disse mais cedo, a única razão para sair com ela
foi o fato de ter mencionado que Alex havia aceitado também, com uma
vontade incoerente de estar presente e estragar todo maldito avanço do
homem que Susan tentava jogar em cima da minha mulher. Minha? Caralho,
nem sei de onde veio esse minha.
Só sei que não conseguia mais pensar nela sem esse maldito pronome
possesivo.
— Ela disse que se visse Robert novamente, chutaria a bunda dele por
conta própria — Alex brincou, sorrindo. — Eu não o chutei, mas pelo menos
valeu a pena colocar em prática minhas a única coisa que aprendi na
academia.
— Ah, não é que eles ensinam a dar socos, as aulas eram de defesa
pessoal. — Balançou as mãos no ar. — Foi a única coisa que aprendi.
Inclusive, dói para caralho. — A mão inchada e com alguns pontos de sangue
foi colocada em minha frente.
Caminhei para a cozinha, pegando uma das bolsas para gelo que havia
ali, e a preparei, vendo-a se sentar em uma das banquetas, com uma
Susan armaria para nós. Sei que não quer escândalos na empresa e eu sou
cheia de pontas soltas…
O encarei.
havia trabalhado para o pai dele antes de morrer. E quando Robert assumiu os
negócios da família, ele tinha vinte na época e estava prometido a uma garota
muito rica da cidade.
Era tão ridículo narrar essa história, que sentia o bolo crescendo em
Sorri.
Inspirei fundo.
— Por que te olharia torto? Era uma menina. Eu fiz muito pior nos
meus dezessete e você nunca me julgou por isso. — Segurou meu rosto entre
suas mãos e senti meu coração dar um salto. — Sabemos que ninguém é
perfeito, Alex. Por isso, o maldito destino irônico nos colocou juntos, pois
sabemos que erros não definem quem somos.
— Novamente…
falando, enquanto fechava os olhos e deixava sua voz ser meu único calmante
naquele momento. Senti a cama embaixo de mim e os abri novamente, o
encarando.
Santa ironia!
Só que ela ri para mim e toda ideia vai embora. Não conseguia deixá-
la, não quando malucos como Robert por perto, e sabendo que hoje qualquer
homem daria tudo para tê-la ao seu lado.
Admiti, em voz baixa, apenas para meu coração, sabendo que ele só
me denunciaria em batidas erradas, que estava apaixonado por aquela mulher.
Apaixonei-me, pois fui idiota o suficiente para não fugir dos seus sorrisos.
Quarto mês! Nem acredito que finalmente vou ter a chance de
descobrir o sexo do bebê. O caminho pelo quarto mês foi corrido e cheio de
tropeços. Continuava me escondendo de mamãe na casa de Hannah e cada
vez mais, se tornava insuportável. Éramos melhores amigas, eu sabia, e eu a
amava com todo meu coração, só que viver no mesmo teto, dividir a mesma
cama era demais.
perto dela. O homem ficou tão branco que pensei que cairia para trás.
dele na fazenda.
Arqueei a sobrancelha.
e eram poucas as roupas que não eram feitas exatamente sob medida.
Sua desculpa para isso era que ao voltar a sua vida, teve que assumir a
empresa, aparecer cada vez mais na mídia e os ternos pareciam se tornar cada
vez mais a sua peça favorita.
Sorri.
— Acho que podemos fazer isso. — Beijei sua mão que estava
enlaçada na minha.
Sorri.
— Tive sorte, graças a Deus. — Dei os ombros. — Mas o perfume do
Sebastian me deixa enjoada.
— Tive que encontrar outro. — Ele se sentou, com o tom de voz que
deixava claro o quanto aquilo lhe agradou. — Mas pelo menos a parte boa é
que ela não vai fazer cara de nojo toda vez que me ver.
Julia riu.
blábláblá, e o principal, não ter tido nenhum vínculo do passado com ele. —
Vamos trocar de roupa e ver como anda nossa criança.
Ela me encarou.
Como sabia disso? Bom, digamos que sua melhor amiga virou minha
informante. Ela dissera que Alex tinha medo de enfrentar o problema que
Laura significava e fugia disso. Durante os dois meses que ela seguiu
ignorando, vinha pensando em dizer para que ela parar com aquilo e ficasse
ter que dar seu primeiro banho. Tentar acalmá-lo durante a noite. O ver
ficando doente. Era tudo novo e assustador.
Mas isso veio de um homem que me tirou dez anos e que estava louco para
ver os dois filhos casados e com quinhentos netos antes que seu último sopro
de vida fosse dado. Eu o amava, mas isso não aliviava nada.
nós.
Só que não era meio hipócrita da minha parte querê-la apenas para
mim enquanto ficava pensando em como manter minha liberdade?
— De quê?
— Acho que você deve abrir os olhos, querida. — Sorri com aquele
eco desesperador dentro de mim.
Ela se sentou.
A médica riu.
Segurei a risada.
costas. — Obrigado por me deixar ficar, Alex. Por me dar a melhor coisa da
minha vida.
Ela riu.
— Ela vai chorar para sempre, Sebastian, vai ser sua para sempre.
Toda sua vida vai ter ela e você vai ter que crescer por ela. — Limpei suas
lágrimas que caíam de maneira constante. — Você chama isso de melhor
coisa da sua vida? Para um homem, é completamente fora de eixo.
— Meu polegar desenhou seus lábios rosados. — Você chegou, me deu uma
filha e eu não consigo mais ver nada melhor que isso.
mulheres que tomaram conta da minha vida sem nem ao menos perceber.
— Eu sabia! — Nana praticamente gritou, batendo as mãos contra a
mesa do restaurante em que estávamos. — Estou tão feliz por você, Alex,
uma menina, Amber deve ter surtado.
Sorri.
— Ela ainda não viu a mensagem que enviei com a foto do ultrassom.
Mas ela acertou o sexo. — Encolhi o ombro e vi Sebastian retornando à
minha amiga.
— O que é, Alex? — Ela tentou ver, curiosa que só ela. Está vestida
com roupas brancas e com bolsas de sono em baixo dos olhos, claramente o
plantão a machucou muito duas noites seguidas.
— É o jeito né…
Hannah riu.
— Ele é um amor, Alex, no dia que dei uma ajuda a amiga para cuidar
dele, não parou de falar o quanto estava feliz pela família estar crescendo,
pelos filhos se apaixonando e…
— Pelo amor de Deus, você acha mesmo que ele iria cair no golpe do
baú? — Franzi o cenho, com um filme passando em minha mente até o
momento. Não. Não. Não. Isso não seria possível.
fim, elas eram a mais pura verdade. — E se querem continuar com isso, vou
ter que passar para os superiores da empresa, pois não vou aguentar vocês
falando em meu ouvido sobre quem é ou deixa de ser o pai do meu bebê.
Passei meus olhos pelas meninas ali, eram quatro no total, e no fundo,
vi a secretária de Sebastian com um olhar aterrorizado. A lembrança de que
ela sabia que eu e ele nos beijamos já dava ideia para quem era o pai do meu
filho.
— Talvez ele nem tenha um pai. — Susan deu com os ombros e virei
meu rosto rapidamente, a encarando, sentindo meu rosto arder pela raiva.
— Limites, Susan, você conhece? — Ela riu. — Parece que não. Não
sou obrigada a dar satisfações a ninguém. Se meu filho tem um pai ou não,
não importa. Nada disso importa a vocês…
em direção ao escritório. Encarei as moças que ainda estavam ali, como quem
não estivesse vendo que a situação estava cada vez mais próxima da
demissão.
como mantê-la na empresa. Se ela fosse uma pessoa melhor não teria feito o
que fez com exame e ter metido eu e Alex naquele encontro monstruoso.
Se ela fosse uma boa pessoa não teria espalhado essa conversa.
Me afastei com suas palavras, encarando o nada. Não. Ela não poderia
vir novamente com a ideia da demissão! Não iria deixá-la ir embora da
empresa apenas por isso. Papai me mataria e jogaria no rio. Bom, talvez não,
— Ficam falando que não têm nada, que não sentem nada um pelo outro, mas
não há como negar os olhares. Gestos e conexão. Alex vai se afastar quando
se sentir quebrada. Não deixe que isso aconteça. E minha reação diante a
menção de Hannah a palavra paixão vai levá-la para mais longe ainda.
Sua postura em relação a tudo desde o início não tem sido boa, Susan. Entrou
em meu apartamento, pegou um documento pessoal, enviou sem nenhum
motivo aparente a Alexandra, possivelmente para aterrorizá-la e, ainda por
cima, armou um maldito encontrou duplo com o filho da puta daquele
homem.
Sorri.
— Eu não acredito no fato de ele não querer o amor dela. Ele quer,
sim. De uma maneira doentia, ele quer, e parece que é difícil para você
aceitar que ele pode amá-la. — A vi ficando vermelha. Se levanta, batendo as
mãos na mesa.
— Avisar que a partir de hoje não faz mais parte dessa empresa. Está
demitida. — Ela riu.
Não era fácil abrir mão de tanto por algo que não valia tudo aquilo.
Entretanto, se aquilo significasse que ficaríamos em paz, eu o faria. E ver
Susan assinando o tratado de bons tempos que viriam, fez a paz circular
novamente dentro de mim. Só precisava reconstituir a confiança abalada de
Alexandra.
Todos da família e pessoas mais próximas já sabem que tem algo a mais
rolando. — Deu os ombros como se não fosse nada demais.
Inspirei fundo.
A palavra quase não saiu da minha boca, de tão difícil que era.
— Quer dizer que dormem juntos, fizeram um bebê, mas não têm a
capacidade de assumir que estão gostando um do outro? — Engasguei com o
próprio ar. — Ah, querida, seu constrangimento é tão divertido. — Se
levantou e caminhou até mim, dando tapinhas em minhas costas. — Mas eu
não acho que isso seja o caminho certo. A verdade é que eu odeio esse
caminho.
A encarei.
— Estou ficando velha, Alex. Não pode culpar uma senhora querendo
o melhor para suas crias. — A analisei com calma. — Uma senhora tem que
ter a felicidade de casar seus filhotes até o fim da vida.
— A senhora não me parece perto do fim da vida — alfinetei e a vi
abrir a boca, ofendida.
— Não, é claro que não. Mas isso não quer dizer que eu deva esperar
meus dentes caírem para cuidar desses assuntos. — O lado dramático de
Neiva não era o que eu esperava. Ela sempre me pareceu tão contida. —
Preciso viver para ver meus netos.
— Sim, mas ainda falta muito, muito mais. — Inspirei fundo e a porta
se abriu, revelando Sebastian com um sorriso. Ele entrou, fechando a porta
em suas costas enquanto eu me levantava rapidamente.
— Sim. A verdade que você é uma funcionária nossa e que não deve
satisfações a ninguém, e que fofocas do tipo não seriam toleradas. — Minhas
pernas ficaram moles e fui caindo para trás até que minha bunda alcançou a
cadeira novamente. — Você fica pálida cada vez que isso ameaça vir. Temos
que enfrentar isso, Alex.
A mulher bufou.
— O que quer dizer com isso? — Estremeci com medo de que meus
— Que não quero ficar com você com medo de que alguém apareça e
queira um relacionamento. Que você acorde um dia veja que não pode mais
fazer isso pois sua vida está passando e você precisa estar com alguém que
queira a mesma coisa. — Alisou minha bochecha, com o polegar tocando
meus lábios levemente. — Quero poder dizer as pessoas que você é minha
namorada, e não dormir perturbado com a imagem de outra pessoa tocando
em você.
— Sim, sei que é difícil. Mas uma, hora ou outra, a bebê vai nascer.
— Encostei minha testa na dela. — E se você tiver sorte, ela nem vai se
parecer comigo. — Rimos. — Uma hora, a verdade vai vir à tona, pois não
— Apaixonado, é?
Ela riu.
O salto. Não pensei que sentiria meu coração saltar, mas o movimento
enlouquecido que aconteceu em meu peito fez tudo em mim se revirar. Meu
corpo se arrepiando e a sensação que finalmente fiz a coisa certa.
Me abaixei, trazendo seus lábios contra os meus, pedindo passagem
com a língua enquanto a sentia ficar mole contra meu corpo, entregue, leve,
Deslizei minhas mãos por seu corpo, parando sobre a barriga pontuda,
que era uma surpresa boa ao ver o quanto crescia a cada dia. Alexandra havia
dito que acreditava que iria ficar pequena, mas não, nossa menina a
contrariou.
— Pode ser. Mas tem uma coisa que preciso fazer. — Franzi o cenho,
a vendo sorrir. — Falar com minha mãe. Pretendo dar um fim nisso e voltar
para casa.
— Porque você iria querer que ficasse com você. Que ficasse no seu
apartamento. — Abri a boca para me defender, mas desisti, pois era
exatamente o que eu faria. — E estávamos naquele meio-termo. Eu não sabia
como seria caso você descobrisse. No fim, eu fiquei mais na sua casa do que
com Nana.
Sorri.
juntos. — Ela concordou, me encarando. — Posso ir com você falar com sua
mãe.
Para que merda servia tratamento de beleza se ela bebia mais do que
conseguia acompanhar?!
chegara o fim do caminho. Que ela não podia mais invadir minha vida, exigir
Meu coração se apertou e me indaguei: por que ela não poderia ser
uma mãe normal? Se não conseguia isso, era só sumir da minha vida, eu não
ia pedia para ficar. Já era grandinha. Só que minha única serventia para ela
era parecida a um banco.
papai. — Apontei para a porta. — Ele quase chutou minha bunda para isso.
— A mulher riu. — Quando é que se faz chá de bebê, Nana?
Ela riu.
— Não seja petulante, eu sei que Heitor e Mel estão bem, falo com
eles todos os dias. — Segurei o riso. — Como anda sua filha, para ser mais
específico.
expressão cansada.
A mulher riu.
O encarei.
— Dei a Maggie o anel que sua mãe usou como noivado. Esse é da
sua vó. É aquela bobagem de joia de família. — Segurei a risada, pois tudo
para ele era uma bobagem que ele queria que eu fizesse. — Sua avó foi feliz
com seu avô, Sebs. Eu e sua mãe, apesar de tudo, nos amamos. Somos felizes
e eu não morreria feliz se não a tivesse ao meu lado. Não é um anel que vai
fazer isso, mas já deve servir para alguma coisa.
em minhas mãos.
escrito na sua testa que é louco por ela. — Quase me olhei no espelho só para
confirmar isso. — Demorar só levaria mais tempo para ficarem juntos.
Eu fiquei. Todo dia, quando acordava, papai era a primeira pessoa que se
passava em minha mente. O questionamento se ele estaria bem, se viveria
para ver minha filha nascer, se viveria para ver seu primeiro passo, se iria ter
a chance de sair desse lugar e ver os gêmeos correndo pela casa, o deixando
ainda mais de cabeça branca.
depois de tudo. Não vou lhe dar dinheiro. Não vou tirar minha filha e cada
vez mais o parto se aproxima, preciso pensar nela.
Ela me encarou.
Ela me encarou.
Ela riu.
era recíproco.
Ela não podia ser minha mãe. Ser plena naquele papel. E eu
respeitava isso.
— Foi uma das coisas mais difíceis que fiz na vida — fui sincera,
balançando a cabeça para afastar a memória que voltava a todo instante. —
Sempre foi um pé de guerra, mas dar um ponto final doeu.
Ele sorriu.
Ele riu.
dos olhos de todos sobre ela, mas sabia que era impossível não olhar para
Alexandra quando ela parecia simplesmente radiante.
estar. — Não acredito que fez isso. — Se virou para mim, colocando as mãos
— Eu queria que você sentisse que as coisas entre nós não vão mais
ter meio-termo. — Toquei a base da sua coluna. — Não quando você é tudo
que eu quero. — Beijei sua bochecha, a sentindo se encostar em mim
lentamente.
lábios. A beijando com cuidado, puxei seu corpo contra o meu, vendo que a
cada dia que passava, a barriga se tornava um obstáculo. Só que era bom,
pois lembrava como caminhamos juntos dia a dia.
perto. A versão piano com a voz de fundo trazia o que parecíamos a cada
letra, intensidade. — Foi uma busca minuciosa.
Papai tinha razão. Não era o tempo que ditava a intensidade. Era
como as pessoas se encaixavam. Como se conectavam. Como o destino as
unia.
Ela sorriu.
— Você pode fazer o que quiser se continuar a me olhar dessa
maneira. — Sorri. Ela segurou meu rosto, encarando meus olhos com o
Ela riu.
— Eu estou redonda.
irreversível.
namoro e um mês desde que mamãe partiu e não sei o que aconteceu depois
disso.
Grupo Empirus Collins, Indo mais afundo, ela está gravida! Isso mesmo,
pessoas, será que nosso CEO está em um relacionamento sério ou seria
apenas uma de suas escapadas?”
ridícula como essa. — Cada palavra que ele falava, sentia meu corpo mais
tenso. — Agora, se me dão licença, tenho uma reunião importante em quinze
minutos.
sala do escritório e a porta se fechou em nossas costas. O peso saiu dos meus
ombros no mesmo instante. Acabou, finalmente acabou! Ai, meu Deus. Eu
sabia que pelos próximos dias da minha vida teriam pessoas me olhando torto
dentro dessa empresa.
corpo acordar.
em mim.
puxando-a para baixo, deixando-a na altura dos meus joelhos, e senti seus
dedos brincarem com minha intimidade.
sensível, e fechei os olhos, deixando meu corpo ser invadido por aquela
sensação chegando perto.
Sua mão alinhou mais uma mecha do meu cabelo, sorrindo sacana
com seu feito em me levar para o mal caminho. Afastando-se, pegou o
notebook e o colocou sobre a mesa, abrindo e ligando o visor, que
rapidamente estampou todos os programas em aberto. Meus olhos caíram na
mensagem que chegou em seu computador. Era de alguém chamado Lídia
Clark, com o endereço de um encontro marcado.
Sorri.
— Você sabe que falar que ela é só uma amiga deixa tudo pior, não é?
Isso é uma das coisas que todos os homens dizem, Sebastian — acusei,
Ter que vê-lo com papo sobre encontros com sua maldita amiga não
era minha coisa preferida. Peguei minha bolsa, saindo dali o mais rápido que
conseguia. Do que adiantava resolver um problema e arranjar uma sensação
Era muito cedo para desistir da melhor pessoa que entrou na minha
vida? Era muito cedo para deixar para trás a única coisa que chegou mais
perto de amor de verdade? Era muito cedo para pensar que podia ser feliz
com outras questões além do meu trabalho?
fazer a menor ideia de como seguir. Talvez tivesse sido inconsequente agindo
completamente pela razão do momento. Não dei a ele chance de explicar,
mas isso não quer dizer que era fácil ficar ao seu lado.
— Sou eu, Alex. Sei que está aí. — A voz de Hannah me trouxe de
volta, e me levantei em um pulo, decidindo que precisava dela. Não fui para
sua casa, pois, pela primeira vez na vida, queria ficar bem sozinha. Sem
precisar de ninguém.
Abri a porta, fitei a loira ainda vestida com as roupas do hospital, com
olheiras em baixo dos olhos e segurando dois copos de café.
— Ele está surtando, Alex.. Disse que ia deixar você ter seu tempo e
pensar, mas que isso não iria durar muito pois não podia ficar longe de você.
— Segurou minhas mãos juntas. — Eu nunca te vi tão feliz com algo que não
fosse seu trabalho, estou finalmente vendo você se apaixonando de verdade,
entregando seu coração e graças a Deus, é com um homem o suficiente para
fazer o mesmo.
Inspirei fundo.
A vi engolir em seco.
— Mas precisa falar com Sebastian. — Deixei meu corpo cair no sofá
novamente.
Hannah bufou.
com carinho.
Fechei os olhos.
nervosismo.
O homem sorriu.
— Querida…
A decisão certa era sair. Voltar a ser uma advogada fora de uma
corporação.
Iria tentar resolver tudo em um máximo uma semana, mas sabia que
— É, sim — gaguejei. — Vim falar com seu pai. Tenha um bom dia.
— Balancei a cabeça, sorrindo nervosa enquanto dava meia-volta e me
distanciava a passos incertos e repensando o plano.
Sorri.
que na verdade era apenas uma amiga. E apesar de achar irracional sua
posição diante de tudo, tentei entender que era uma mulher em pleno estágio
avançado de gravidez. Insegurança deveria ser uma das coisas que viria no
manual das grávidas. Infelizmente, esse bendito livro ainda não existia.
Segurei o sorriso, sabendo bem que meu caminho até Alex se tornaria
ainda pior. Na semana seguinte, ela avisou a Hannah que iria tentar voltar,
mas que o caso estava se estendendo. Ir em busca de pessoas para prestar
depoimentos a favor do seu cliente estava levando mais tempo que o normal.
No fim, ela tinha que ficar. Não poderia viajar quando sua barriga
crescia cada vez mais. E com isso, o sexto mês dela ficou completo e eu nem
estava junto para ver isso.
Por que eu não havia ido até Alexandra? Seria até romântico. A
verdade era que fiquei tão aterrorizado com a perspectiva de um “eu te amo”
que minha coragem de dizer o mesmo a ela não foi concluída.
em mim. Menos meu coração. Que parecia estar treinando para o Carnaval
do Brasil.
Engoli em seco.
Sorri.
Eu estava marcando uma reunião com Lídia naquele dia. Só que Alex
entendeu errado e eu não ajudei em nada gaguejando daquela forma. Mais
imbecil impossível…
Agora, me ver junto à mulher que despertou seu ciúme não era a
melhor coisa do mundo. Lidia era uma amiga antiga, que conhecia desde a
infância e que nos reencontramos logo depois de todo aquele período ruim ir
embora.
Ela bufou.
Segurei a risada.
— Não vou deixar dúvidas dessa vez. — Abri a caixa e encarei todos
os pertences ali. Meus pensamentos foram trazidos de volta a realidade com a
minha secretária informando que Lidia Clark solicitava falar comigo. — Eu
juro que nada acontece entre nós.
Nana bufou.
Inspirei fundo.
Nana era metade piada e metade ironia. Ela era mais debochada que
tudo. Conversar se tornava impossível.
— Você vai conseguir. Ela vai voltar para você… — Lili me encarou,
sorrindo. Mas o sorriso não chegava nos olhos. — Trouxe o que me pediu —
mudou de assunto rapidamente, estendendo em minha direção a sacola que
trouxera.
Quatro semanas! Malditos, enrolar para resolver um caso simples
como aquele por quatro semanas enquanto minha vida se resumia a um
Para minha sorte, ele não estaria lá. Agora, se fosse destino, talvez
estivesse.
Segurei a risada.
— Te pego no apartamento.
Inspirei fundo. Tinha tanta coisa para fazer. Nesse um mês, o trabalho
estava acumulado em pilhas na minha mesa e me debrucei sobre ele,
resolvendo coisas que vinha se acumulando com meu segundo trabalho na
empresa.
de me manter calma. Assim que chego, a porta se abre e revela Carly com
uma expressão entediada no rosto.
Sorri.
Vi Carly bufar.
demissão foi assinada, nunca pensei que sentiria aquela dor em meu peito.
aberta e aquela mesma mulher ali, na frente do homem que estava em meus
pensamentos mesmo que eu o expulsasse de lá.
era uma amiga e que eu não queria nada com ela. Mas não, a mulher
continuava me olhando com raiva e dizendo que não me deixaria brincar com
minha menina.
— Eu não ligo para que você tenha ficado brava comigo. Talvez eu
também ficasse se estivesse no seu lugar e você não soubesse me explicar o
que era aquilo. — Alisou meus cabelos, enrolando os dedos nos fios. — Mas
eu quero falar uma coisa, completamente diferente. — Beijou meus lábios
com carinho, lentamente, arrepiando os pelos do meu corpo, me deixando
mole contra ele enquanto a sensação de borboletas no estômago era sentida.
À luz de velas.
Meu coração deu um salto que pensei que sairia do peito sem minha
permissão.
amava tanto que era difícil explicar como tudo aconteceu tão rápido.
Casamento era para sempre. Pelo menos para mim. e pela forma que
Sebastian entrou na minha vida, me pegando completamente despreparada e
fazendo graça com o fato de eu ser meio travada em meus modos, era muito
mais do que eu pediria. Eu nunca tive alguém dessa maneira, completamente
meu.
meus lábios enquanto ouvia Waiting For Love do Avicii preencher o som ao
nosso redor.
Deixei-me ser beijada por ele como se fosse a primeira vez. Como se
não houvéssemos caminhado tanto desde então enquanto sentia meu corpo
esquentando, implorando por algo que vinha se acumulando em mim havia
dias. Desejo. O desejo que sentia havia mais de um mês para estar com
Sebastian estava dando indícios e eu precisava parar de sentir meu coração
como um louco em meu peito.
— Aceita ser minha esposa? — Senti meu coração batendo tão forte
em meu peito que pensei que cairia no chão no mesmo instante. Não queria
parecer tão desesperado por esse sim, mas infelizmente, estava quase
subindo pelas paredes com toda essa situação com Alex.
momento inesquecível. Desde o dia em que ela me disse que me amava, vinha
buscando isso, com a certeza que sentia o mesmo.
segurava e pegou o livro que havia abandonado minutos antes. Era um livro
sobre como cuidar de bebê, o terceiro que ela lia em uma semana.
— Por quê?
— Ah, querido, desculpe pelo horário, mas seu pai teve uma parada
cardíaca há alguns instantes. — Sua fala era rápida e percebi que ela chorava
de maneira descontrolada. Fechei os olhos. — Eu só queria avisar, não
precisa vir. Eles estão tentando de tudo.
— Estou indo para aí; — Meu corpo estava duro. Não conseguia ficar
calmo com os cenários passando em minha mente. Finalizei a ligação e
Nem tentei contestar, pois sabia que só levaria tempo. Ela pegou o
casaco enorme em seu guarda-roupa, se escondendo na peça, e me encarou,
apreensiva, se aproximando a passos pequenos.
Não compreendia.
lábios.
Como eu sabia? Simplesmente havia coisas que precisávamos
acreditar para se tornarem real. Não foi fácil dizer a Sebastian que o pai sairia
Talvez, minha conversa com ela não tivesse valido de nada, pois
continuei a falar nomes e mais nomes e nada de sentir nem mesmo um
movimento.
Inspirei fundo.
Sorri.
— E aí?
A ouvi suspirar.
Engoli em seco.
roupas largas e confortáveis, já que não estava mais indo ao trabalho, cada
dia mais o padrão de roupa caía um pouco.
mesmo Jenner, que era quase uma adição à família Collins! Sorri para todos,
sendo envolvida por abraços e comemoração.
Me afastei.
— A parte boa de não trabalhar mais para você é que posso beijar sem
sentir nenhum tipo de vergonha correndo dentro de mim — falei, baixinho, o
encarando e lembrando da nossa última conversa, na qual ele jurou que eu
voltaria a ser a advogada da empresa. Eu apenas neguei, sabendo que
estávamos muito melhor aqui.
— Eu não votei a favor disso, mas segundo você, tenho que aceitar.
— Revirou os olhos. — Andei pensando e ontem estava lendo aquele seu
livro de nome de bebês, o que acha de Sophia?
Sorri e coloquei as mãos do meu noivo sobre meu ventre para que ele
sentisse a reviravolta que acontecia ali.
Mas não disse nada a Sebastian, sabendo que se falasse que estava
com isso ele me prenderia no hospital até que estivéssemos uma resposta
Só que a relação estranha que pensei que seria com Hunter e Maggie
por causa do nosso passado, não aconteceu. O que me confirmou que aquele
pessoal estava mesmo lutando para serem uma família.
Abri a boca.
Em choque.
Abaixei o olhar.
O almoço de noivado foi afundado. Mas a parte boa era o fato de que
minha filha estava vinda ao mundo. Quatro semanas antes, mas se esse era o
desejo dela, tudo bem.
Desespero? Essa era uma palavra que definia bem o que se passava
dentro de mim neste exato momento. Vestindo roupas hospitalares,
segurando a mão de Alexandra quando senti que tudo ao meu redor estava
girando.
Quando o choro alto invadiu a sala, senti aquele alívio que começava
no peito e fez uma bagunça dentro de nós, como se fosse retirado cargas de
tensão do meu corpo. Beijei o topo da cabeça da minha noiva, vendo seus
olhos fechados, o rosto suado, e sabia que nada mais poderia ser comparada
com o momento de dar à luz.
Sorri.
— Muito parecidos com os seus. Se pegar sol, ficará loiro. — Alisou meu
rosto. — Obrigada por meu maior presente. Preparado para nunca mais
dormir na vida?
Longe de nós.
— Vai sim, querida. Nossa filha vai ficar bem. — Beijei seu rosto e
sabia que os médicos a esperaram se acalmar para levá-la para o quarto. —
Vamos todos para casa muito em breve. — O tom de promessa em minha voz
não deveria existir, mas não consegui controlar. — Você verá.
— Eu amo você.
coração apertado, e senti uma mão em meu ombro. Virei dando de cara com
Hunter e um sorriso contido.
— Como foi tudo? — Inspirei fundo, ainda sem saber definir o que
aconteceu.
— Intenso. Acho que nunca senti meu coração bater tão rápido em
toda minha vida — brinquei. — Só que depois, ver minha menina ali, tão
pequena, frágil, acho que não poderia ter tido destino melhor. — O homem
procurou o berçário com olhar, parando no que havia uma plaquinha Collins
e Johnson.
— Só que depois disso, nunca mais você dormirá uma noite inteira
em sua vida. — Rimos e ele estendeu a sacola em minha direção. — Eu e
respostas grogue pela noite que tive e senti como se meu corpo estivesse sido
atropelado por um caminhão.
Ela suspirou.
— Nem começa, mamãe disse que não havia nada melhor para marcar
a data que o nascimento de Sophia. — Rimos. — Eles estão em êxtase. Não
A única imagem que tinha dela era do seu corpinho pequeno e frágil.
— Eu perguntei a enfermeira. — Hunter se aproximou. — Disseram
que quando ela acordar, a trarão para mamar.
Sorri, confiante que tudo daria certo. Tinha que dar. Eu tinha uma
pessoa ao meu lado, que eu amava, que me amava. Uma família que me
adotou. Amigos que não esperei que tivesse e uma filha. Tinha que dar certo.
Depois de tudo que passei, de todas as decepções que me cercou, eu merecia
isso.
Precisava falar com Amber. Com Nana. Com tantas pessoas! Todas
elas viriam para o almoço de noivado que foi interrompido.
ficava com a irmã no hospital, dando força. No fim, a minha família de uma
irmã, pai e mãe se tornou um agregado enlouquecido de pessoas.
Caminhei pelo corredor pela sexta vez em um período de tempo de
total de meia hora. Já havia recebido todas as instruções necessárias da minha
médica em como proceder com Sophia que ela havia completado o nono mês
fora da minha barriga e seu primeiro mês de vida.
Estava ansiosa, com medo que algo desse errado! Não queria mais
viver em um hospital, mas também sentia meu coração batendo de maneira
enlouquecida com a perspectiva de ficar sozinha com ela.
cabeça em seu ombro, sentindo meu coração batendo forte em meu peito.
Passei pouco tempo com ele nos últimos dias. Estava morrendo de
saudade, mas nem isso faria eu sair do lado dela.
— Eu sei, não tem que se desculpar. Você é mãe. Uma mãe sempre
faz tudo por um filho. — Sorri com isso e fiquei na ponta dos pés para beijar
seus lábios com carinho. Senti meu corpo relaxar com o contato, dando
indícios que aquelas sensações ainda não haviam passado.
Sophia Collins já era uma criança muito amada. Eu não sabia como
ela iria ficar com tanta atenção, sendo bombardeada por ligações diárias de
Maggie para saber como estávamos. Visitas de Nana e Amber. Os avós. Eu
sabia que teria um grande trabalho quando ela ficasse maiorzinha.
— Acho que você deveria me dar ela — Hannah falou, observando
Soph dormir tranquilamente no meio da cama. As palavras me arrancam o
riso irônico. — É sério, seremos uma dupla perfeita e eu combino mais com
ela. Temos o mesmo tom de pele, o mesmo tom de cabelo e ela tem a mesma
cara de anjinho.
— Tenho o mesmo DNA. Se Alex vai dar Sophi, deveria ser para
mim, sou irmã dela. — Colocou as mãos na cintura e eu abri a boca em
choque com o rumo da conversa. Ter essas duas presas no mesmo lugar era a
mesma coisa do que ver um replay do ensino médio.
sabia que as meninas não sairiam do meu lado. — A sós. — Encarou minha
irmã e Nana, que deu os ombros como se não importasse com o que ela
desejava.
— Podem ir. Fiquem de olho em Soph para mim — pedi, dando sinal
de que ficaria bem. Era minha mãe. Assim que elas retornaram para o quarto,
encarei a mulher que me deu à luz. — O que você deseja?
— Eu quero que saiba que não posso mudar meu jeito, — Deu os
ombros. — Da mesma forma que entendi que não posso atrapalhar sua vida
com isso. — Encarei tudo em choque, pois aquela conversa era a que eu
esperei por muito tempo. — Quero que seja feliz. — Tocou minha bochecha.
— Eu quero ser feliz. Mesmo que para isso precisemos ficar distante.
Sorri.
— Amei seu pai, Alex. Por mais que não tenha sido assim por toda a
vida, mas eu o amei. Você foi fruto de um amor, por isso é uma das coisas
— Fique. Seja o que você quiser, mas fique. — Apertei suas mãos.
Sorri. Beijei sua bochecha, sabendo que nada que eu falasse, ia fazê-la
ficar. Quando uma alma é livre, não há amarras que a faça ficar.
A observei ler o livro na cama ao meu lado, com o controle da babá-
eletrônica jogado entre nós. Ainda esperava uma explicação sobre o
— Foi uma das coisas que nunca esperava na vida. — O sussurro foi
quase silencioso.
— O quê?
fazer nada. — Deu os ombros. — Acho que foi o ponto final perfeito para
nós.
— Eu sinto muito.
frase ficou confusa e era da mesma maneira que a situação estava em minha
mente.
e…
barulho estranho com os lábios. — Ir para casa da tia Amber para ela apertar
suas bochechas e implorar que eu dê você para ela.
Revirei os olhos.
Senti meu estômago se revirando pois não era apenas isso. Era o
casamento. No dia seguinte, no fim da tarde, minha união com Sebastian
Collins se tornaria oficial e eu não poderia estar mais ansiosa.
— Agora vamos, pois o pomposo do seu pai não se digna a entrar em
um voo comercial, disse que pode muito bem abusar do privilégio de ser um
Além do fato de que tinha as quatro patas arriadas por nossa princesa.
Eu deixei de ser a princesa e confesso que agradeci quando o apelido passou
para Soph, que como eu previ, tinha os cabelos loirinhos, as bochechas
rosadas e os olhos da mesma cor dos meus.
lábios. Sophia estava crescendo, cada dia mais agitada. Isso nos deixava
praticamente sem tempo.
ali, com ele entre minhas pernas, subindo o vestido rodado que escolhi para
aquele dia.
que não deveria estar aqui. Deveríamos estar arrumando nossas coisas para
viagem. Mas não conseguia parar, pois sua boca chupava um ponto em meu
pescoço que me fazia estremecer.
retirá-lo completamente.
Assim que fico nua, só com a pequena calcinha de renda que vesti
mais cedo, meu corpo tremeu novamente, pois o vento frio da central de ar
bate contra minha pele quente.
Desnuda.
Uma de suas mãos puxou meu corpo para a beirada da mesa, dando
espaço para que entrasse em mim. Só que seus dedos pareciam ter outra
intenção quando invadiram meu corpo, movendo lentamente, imitando os
movimentos que seu membro fariam em mim.
Cobri a boca com a mão, sabendo que precisava fazer silêncio. Mas
. Era uma das imagens mais sexy que já tive o prazer de contemplar.
Deixei meu corpo ser levado pelo caminho de prazer enquanto ele
entrava e saía de mim, causando gemidos e gritos. Senti que estávamos cada
vez mais perto. Não foi demorado. Era tempo demais longe um do outro para
segurar o fim.
enfiada entre meus peitos. Alisei seus cabelos, sentindo meu coração batendo
rápido enquanto minhas bochechas queimavam de maneira quase ridícula.
— Nunca mais saio dessa sala. — Ele riu, com o hálito batendo contra
minha pele e senti quando sua língua passou na região, atiçando.
O juiz de paz estava atrás da pequena mesa que segurava uma bíblia e
uma jarra de água devido ao calor escaldante que nos arrodeava. Virei-me
rapidamente ao sentir uma mão tocar meu ombro e vi Amber sorrindo para
mim, vestida de dama de honra.
— Vamos casar você, querida. — Puxei sua mão levemente para cima
e ela se levantou, arrumando o vestido leve em dois forros que trazia uma
leveza à parte debaixo da peça. A superior era mais cavada, simples e de duas
alcinhas finas.
escolheu era sob medida para a deixar ainda mais linda. Meus olhos
encontraram o seu rosto, buscando pelo batom vermelho chamativo, que era
sua marca. E ela estava lá. Com os cabelos presos em uma trança cheios de
frescuras. Sabia que não havia nada mais bonito do que Alexandra Johnson
entrando em seu casamento.
Não havia ninguém naquela festa que não fosse importante para mim.
Eles me alcançaram.
— Mal sabia que eu estava destinado a passar a vida toda com você
— completei, sorrindo.
Ela riu.
Tudo que importava era que amava a família que tinha agora.
Meu marido.
Minha filha.
Minha família.
Sebastian me encarou.
liberação para nos beijarmos chegou e fui puxada levemente na direção dele,
que segurou meu rosto entre suas mãos, abaixando a cabeça para tocar seus
lábios com os meus.
FIM.
[1]
Jenner é personagem do livro um da série PARA SEMPRE, Para sempre ao seu
lado.