Dissertacao Fernanda Piletti
Dissertacao Fernanda Piletti
Dissertacao Fernanda Piletti
FERNANDA PILETTI
CAXIAS DO SUL
2018
FERNANDA PILETTI
CAXIAS DO SUL
2018
AGRADECIMENTOS
1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS
1 Como abordarei na dissertação a partir dos trabalhos de referência no Rio Grande do Sul,
Peres (2000), Grazziotin e Almeida (2016).
2 Esta questão será desenvolvida no capítulo 3, p. 48-49.
13
3 Atualmente, o destaque produtivo do município está concentrado na produção de kiwi, bem como na
expansão das atividades industriais, com enfoque para empresas coureiro-calçadistas e malharias.
14
A partir dessa visão a respeito da escola, pelo viés da História Cultural, pode-se
investigar a formação das instituições escolares. Nessa perspectiva, passa-se a
contemplar a história do dia a dia escolar, considerando que uma escola se compõe de
sujeitos, de práticas e de culturas produzidas em um determinado lugar. Por meio de
todos esses indícios, é possível traçar um panorama de como as instituições escolares
se constituíram e evoluíram, analisando-se as transformações ocorridas, tendo como
produto final a cultura produzida na comunidade em que a escola está inserida.
Viñao Frago (2002) argumenta que a cultura escolar pode ser compreendida
como toda a vida escolar, os acontecimentos, os fatos, as ideias, os objetos, os modos
de fazer, dizer, agir e pensar ali construídos. Ao mesmo tempo em que cada instituição
escolar tem uma cultura singular, no seu interior, coexistem culturas. Desta maneira,
essas instituições evocam uma
Culturas escolares ainda são definidas, consoante Julia (2001, p. 10), como
“um conjunto de normas que definem conhecimentos a ensinar e condutas a inculcar,
e um conjunto de práticas que permitem a transmissão desses conhecimentos e a
15
4 Nesse sentido, os investimentos de Júlio Mangoni na Vila Jansen ocorreram nos setores do comércio
e serviços. A Casa de Negócios Mangoni abrigava um comércio de secos e molhados. Segundo
relatos de Leocindo Possa, “O comércio tinha um coberto que cobria toda a estrada de lado a lado,
este coberto servia de garagem para as carroças quando carregavam e descarregavam mercadorias”.
(GÜLDEN et al., 2000). A comunidade contava também com uma Serraria, onde havia um engenho
que possibilitava o corte da madeira para a construção das moradias da localidade. O local foi de
grande importância, pois, anteriormente à instalação, as tábuas eram cortadas a cunho. Por fim, com
a ajuda do moinho, foi instalada uma usina hidroelétrica que fornecia energia aos moradores da
localidade, potencializando a economia local.
18
no seu espaço físico, desde sua criação até o projeto de instauração da escola em
prédio próprio.
5 No ano 1971, foi alterada a designação da instituição, passando a se chamar Grupo Escolar Júlio
Mangoni, em homenagem ao fundador da Vila Jansen e um dos homens de maior destaque na
comunidade – comerciante, industrialista e benfeitor, que doou as terras onde a escola foi implantada.
A escola sofreu uma ampliação e, com isso, passou a ministrar o ensino de 1º grau incompleto. Anos
mais tarde, foi autorizado o funcionamento da 5ª, 6ª, 7ª e 8ª série, nos anos 1976, 1977 e 1978,
respectivamente. Em 1979, a primeira turma de alunos concluiu o 1º grau em sua própria comunidade.
19
O termo cultura tendia a referir-se à arte, literatura e música [...] hoje, contudo,
seguindo o exemplo dos antropólogos, os historiadores e outros usam o
termo "cultura" muito mais amplamente, para referir-se a quase tudo que
pode ser apreendido em uma dada sociedade, como comer, beber, andar,
falar, silenciar e assim por diante (BURKE, 1989, p. 25).
20
Cada cultura é única e variável, produzida por meio das práticas sociais vividas
pelo grupo ou pela comunidade. Dessa forma, o conceito de cultura pode ser
entendido de forma bastante ampla e refere-se a tudo que pode ser aprendido em
dada sociedade. Além disso, define-se como conjunto de ideias, hábitos e crenças. A
união de tais elementos é que dá significado às ações caracterizadas como cultura.
A cultura produz e reproduz pensamentos e comportamentos, sendo passada
de geração em geração. Os elementos que a constituem determinam a
chamada identidade cultural – ou seja, o indivíduo pertencente àquele grupo se
identifica com os fatores que determinam sua cultura. (BURKE, 1989).
A História Cultural é um dos modos de fazer história. De acordo com Chartier
(2002, p. 16-17), tem como proposta “[...] identificar o modo como em diferentes
lugares e momentos uma determinada realidade social é construída, pensada, dada
a ler”. Assim, o campo constitui-se com a mobilização de instrumentos teóricos e
metodológicos para a investigação histórica. Nesse sentido, a História Cultural
desencadeia uma nova forma de se olhar para a História da Educação. Entre tais
áreas, estabelece-se uma relação que amplia as possibilidades do historiador-
pesquisador e vai além dos aspectos formais da Educação, tendo como objeto novos
campos do conhecer, sujeitos e elementos ainda não abordados, buscando, assim,
compreender os diferentes processos educacionais e escolares.
A expansão da História Cultural se associa a movimentos influenciados pelos
Annales6. Desse modo,
6 De acordo com Souza (2012), o movimento dos Annales ficou conhecido como uma nova maneira de
conceber a história, com forte influência de fundadores da revista Annales (1929), como Lucien Febvre
e a Marc Bloch.
21
[...] para que a nossa memória se aproveite da memória dos outros, não basta
que estes nos apresentem seus testemunhos: também é preciso que ela não
tenha deixado de concordar com as memórias deles e que existam muitos
pontos de contato entre uma e outra para que a lembrança que nos fazem
recordar venha a ser constituída sobre uma base comum (HALBWACHS,
2006, p. 39).
22
A história oral [...] pode contribuir, por meio de entrevistas para registrar
indícios de práticas escolares e das tensões entre normas e práticas. Os
alunos, professoras e diretoras da escola, em todas as épocas, realizam
apropriações para dar conta das normas e práticas escolares, o que, muitas
vezes ficou registrado apenas na memória (BELUSSO, 2016, p. 25).
7
Os livros de ponto são parte do material analisado neste trabalho.
25
ressalto que não foi possível localizar e entrevistar as demais diretoras elencadas no
Quadro 4, ou porque já se encontravam falecidas, ou porque já não residiam mais na
comunidade e/ou não consegui contatá-las.
Na Fotografia 3, apresento os sujeitos entrevistados que, de alguma maneira,
fizeram parte da constituição do GEJ: uma ex-professora e membros da comunidade da
época. O grupo de ex-alunos é composto por Therezinha Ana Mangoni, Waldeni João
Mangoni e Edejalme José Mangoni; são egressos das décadas de 1930, 1940 e 1950.
Saliento que percorrer essa trilha metodológica é ir além do simples relato; é uma
maneira de chegar a uma possível compreensão histórica por meio de memórias, as
quais se entrelaçam com documentos escritos, dando sentido ao contexto. Souza (2015)
reflete sobre esses lugares tanto individuais quanto coletivos relacionados à memória:
eles consideraram por bem realizar a entrevista juntos. A sessão teve duração
aproximada de 1 hora 30 minutos.
Fui recebida na casa do senhor Waldeni. Sentamo-nos ao redor da mesa de
jantar; expliquei o objetivo do meu trabalho e a necessidade das entrevistas para
elucidar aspectos, até então não registrados oficialmente, sobre a escolarização, a
cultura escolar e as práticas desenvolvidas naquele grupo escolar. De modo geral, os
entrevistados prestaram auxílio entre si para construir as respostas aos
questionamentos. Entregaram-me um livro escrito sobre a comunidade e um material
memorialístico8, que foi elaborado no ano de 1999 pelos alunos da escola – entre eles,
o filho do casal –, que continha informações que julgavam poder ajudar na elaboração
da dissertação.
A quarta entrevista também foi intermediada pela professora Caroline Nichetti9,
para que fosse possível conversar com o senhor Edjalme J. Mangoni, ex-aluno e
atualmente morador de Porto Alegre.
Essas entrevistas tiveram importante papel para descolar as camadas da
memória. Para Souza (2015),
8 Infelizmente, não foi possível utilizar esse material. Tratava-se de desenhos e outras formas de recolha
de informações sobre a escola. Contudo, as informações presentes nos documentos do arquivo da
escola eram mais precisas e amplas, de modo que foram mais adequadas para esta pesquisa.
9 Registro minha gratidão à professora Caroline Nichetti, que desempenhou o papel de pessoa-fonte,
como cita Souza (2015) em sua investigação, por ter sido a intermediadora para que eu chegasse
aos sujeitos que foram entrevistados nesta pesquisa.
32
10 Até 1934, a localidade era identificada como 3º Distrito de Bento Gonçalves. Passou, com a
emancipação, a ser identificada como 2º Distrito de Farroupilha.
35
11Após a luta contra Rosas, em torno de 1.800 deles se estabeleceram no Rio Grande do Sul e tiveram
rápida ascendência sobre os demais imigrantes, pois tinham formação acadêmica e participação em
eventos sociais mais marcantes. Representam um “fermento” entre os imigrantes para o
desenvolvimento material e cultural. Receberam esse apelido “Brummer” porque eram
questionadores – os que faziam “zunido”. (SOUZA; GRAZZIOTIN, 2016, p. 280).
40
No ano de 1877, a população da Colônia Dona Isabel era de 929 colonos. Eles
ocupavam 6 linhas, dentre as quais estava localizada a Linha Jansen. Já no censo de
1882, a população havia aumentado consideravelmente e, na referida linha, passou a
ser de 945 habitantes. Em 1885, a colônia foi emancipada e passou a ser uma vila.
Em 1890, as Colônias Dona Isabel e Conde d’Eu foram unidas e elevadas ao patamar
de município de Bento Gonçalves, pelo Decreto n° 47, de 11/10/1890, assinado pelo
General Cândido Costa, governador do Estado na data.
A Linha Jansen, anteriormente à sua emancipação, pertencia ao município de
Bento Gonçalves. Em 11 de dezembro de 193412, passou a pertencer ao município de
Farroupilha.
12 Até 1934, a localidade era identificada como 3° Distrito de Bento Gonçalves, passando, com a
emancipação, a ser identificada como 2° Distrito de Farroupilha.
41
Dona Isabel. Nesse quadro, está apresentado o número de habitantes com distinção
de sexo, o estado civil desses imigrantes, a nacionalidade e as idades.
Assim, até meados do ano de 1914, era permitido ensinar os alunos no idioma
italiano. Posteriormente a essa data, devido ao processo de nacionalização do ensino,
ocorreu a proibição do uso de idiomas não nacionais nessas localidades. A partir de
então, só o português deveria ser ensinado, mesmo que os professores falassem o
dialeto italiano.
Ainda quanto à educação no Brasil, no período da década de 1930, o País
passava por mudanças políticas e sociais. A fotografia do presidente deveria estar
exposta nas escolas; o hino deveria cantado diariamente; e o espírito nacionalista era
exaltado. “Assim, entre outras estratégias empregadas pelo governo com o objetivo
de nacionalizar as novas gerações, destacam-se as festas escolares cívicas, como
46
13 Havia ainda as escolas particulares italianas apoiadas pelo governo italiano e as escolas paroquiais
(SANTOS, 2018, p. 68).
49
acrescenta ainda que, “embora os registros não salientem a igreja protestante [...],
houve relação com a igreja luterana, já atuante na comunidade desde o princípio do
século XX”. Ainda em relação às instituições escolares, Santos (2018) argumenta que,
entre 1937 e 1942, havia, no Rio Grande do Sul, 170 Grupos Escolares. Além do grupo
escolar Farroupilha, havia outros dois na localidade: o Grupo Escolar Cajuru e o
Grupo Escolar da Linha Jansen.
Neste capítulo, busquei caracterizar aspectos de contexto que contribuem para
compreender os processos de escolarização e institucionalização educacional na
localidade de Jansen, município de Farroupilha. Para isso, foram abordadas suas
práticas, as relações entre as escolas dos imigrantes e o modo como elas
influenciaram a implantação dos Grupos Escolares. No próximo capítulo, analiso
memórias e representações sobre as culturas e práticas da época no processo de
escolarização da Linha Jansen.
50
dessas áreas com os centros urbanos, com os quais mantêm relações diferenciadas de
interdependência e complementaridade”. (GRACIANO; CANAS, 2014, p. 71).
No ano de 1937, em função de uma demanda da comunidade, foi criado o GEJ,
um grupo escolar situado no espaço rural do município de Farroupilha, e sua criação está
relacionada ao desenvolvimento da educação rural. Contudo, as escolas das localidades
rurais nem sempre eram assistidas com recursos pelo governo da República. Devido à
falta de recursos e de estrutura, as aulas funcionavam em espaços improvisados. Diante
dessas intercorrências, mostra-se de fundamental importância o papel das subvenções,
que, segundo Souza (2015), pretendiam atender às necessidades de instrução pública
na localidade. Com essa ajuda, eram fornecidos subsídios para estruturação das escolas
étnicas, que tinham, com isso, orientação patriótica e nacional.
Mesmo diante da carência de recursos, Souza (2015) mostra a importância da
educação rural para a criação de identidades, num momento em que, nessas
localidades, educação tinha pouco ou quase nada de auxílio governamental:
Não podendo contar com significativo auxílio desde o século XIX e não
recebendo apoio das políticas públicas, o modelo de educação rural que se
desenvolveu nas escolas, na maioria das vezes, era constituído de classes
multisseriadas do 1° ao 5° ano, sendo os Grupos Escolares, a priori, ligados aos centros
urbanos. Em vista disso, pode-se dizer que a partir da década de 1930 os Grupos
Escolares se tornaram escolas modelares no Rio Grande do Sul, antes, são colégio
elementares. Destaco que, nas zonas rurais, existiram Grupos Escolares em número
bastante reduzido. Por esse motivo, Souza e Duarte (2016) acrescentam que a temática
dos Grupos Escolares no meio rural é um campo de estudo com poucas investigações.
Souza (2012) acrescenta que a educação rural tinha um papel importante e foi
vista como um instrumento capaz de formar e instruir o homem do campo sob a luz
de um pensamento urbano. “Ou seja, a cidade é quem apresentava as diretrizes para
formar o homem do campo, partindo daí os ensinamentos capazes de orientá-lo,
civilizá-lo a bem viver nas suas atividades [...]”. SOUZA (2015, p. 53). Essa
escolarização seria a responsável pela formação do novo homem do campo, capaz
52
14 A partir da década de 1930 que os grupos escolares se tornaram modelares no Rio Grande
15 Em 1982, para beneficiar um maior número de alunos, a escola transferiu-se para uma sala da Casa
Canônica do Santuário de Nossa Senhora de Caravaggio – Farroupilha/RS. Assim, a Linha Amadeu
– 2° Distrito – deixa de ser a sede da escola.
54
aos Grupos, mas sua necessidade era incontestável. Conforme Souza (1998), as
Escolas Isoladas
[...] sobreviveram as sombras dos Grupos Escolares nas cidades, nos bairros
e no campo. Apesar de elas serem consideradas tão necessárias, os grupos
foram mais beneficiados, e nela continuou predominando a carência de tudo:
materiais, livros, cadernos, salas apropriadas e salário para os professores
(SOUZA, 1998, p. 15).
Sua criação era defendida não apenas para organizar o ensino, mas,
principalmente como uma forma de “reinventar” a escola, objetivando tornar
mais efetiva a sua contribuição aos projetos de homogeneização cultural e
política da sociedade [...] Reinventar a escola significava, dentre outras
coisas, organizar o ensino, suas metodologias e conteúdos; formar, controlar
e fiscalizar a professora, adequar espaços e tempos ao ensino; repensar a
relação com as crianças, famílias e com a própria cidade (FARIA FILHO,
2014, p. 38).
[...] a organização das classes em séries, cada série numa sala, um professor
para cada série, organização das séries em etapas sucessivas e grupos de
quatro ou cinco séries reunidas no mesmo prédio. Observa-se que um grupo
escolar deveria ainda ter funcionários com funções específicas (VEIGA, 2007,
p. 242).
e graus para irem aperfeiçoando seu ensino, esse sistema mostrou-se vantajoso,
tanto para os cofres públicos como para os professores e alunos, não sendo assim
necessário aluguel de casas isoladas para esse fim.
Nessa nova forma de organização, o ensino estava dividido em três classes e
duas seções, compreendendo seis anos de escolarização. Essa constituição tinha um
fim específico, conforme Amorin explica: “escola republicana tinha como objetivo
primordial agrupar em um só prédio e sob uma única direção todas as Escolas
Isoladas de uma determinada localidade de acordo com o crescimento da população
escolar. ” (AMORIN, 2015, p. 211).
Muito além das inovações pedagógicas, também foram pensados para essas
instituições padrões referentes à arquitetura dos Grupos Escolares. Segundo Veiga,
fonte para se compreender a cultura escolar. Educar, nesse âmbito, era muito mais
que instruir; segundo Souza,
“[...] eu não tenho mais os planos, pois a filha da dona da Malharia Panes,
ela lecionou e veio aqui e me pediu se eu tinha alguma coisa para mostrar
para ela, eu, aquilo que eu tinha eu dei tudo para ela, dei livros, dei os
planos”. (Ernilda, entrevista, 2017).
61
Ainda quanto a esse aspecto, vale ressaltar que, no período investigado nesta
pesquisa, conforme Corrêa (2009), a Educação Física recebeu maior atenção das
políticas educacionais de âmbito nacional, passando a ser contemplada nos
documentos constitucionais e nas reformas do ensino.
16 Ao usar o termo “caçador”, Waldeni se refere à brincadeira que tinha como objetivo atingir com a bola
o maior número possível de jogadores adversários, até não restar nenhum.
62
Além das aulas de Educação Física, o tempo escolar estava dividido em outras
disciplinas, conforme rememora a professora Ernilda: “tinha que dar todas as disciplinas,
português, matemática, história, geografia, era ciências, estudos sociais, religião,
desenho, educação física”. Essas disciplinas compreendem aquilo que a legislação
educacional do período exigia, bem como o que era previsto pelos exames de avaliação
final para aprovação dos alunos, como explicam Souza e Grazziotin (2014).
Em relação à divisão do tempo no interior das escolas formais, existiam
algumas características que eram comuns a todas as instituições,
Contudo, nos Grupos Escolares rurais, essa nem sempre era a realidade. No
ano de sua criação, o GEJ funcionava em um espaço improvisado, junto ao Clube
Recreativo Farroupilha. Anos depois, foi transferido para um local junto à subprefeitura
da localidade. Somente no ano de 1958, a instituição instalou-se em prédio próprio.
Nesse sentido, a professora Ernilda contribuiu com suas memórias a respeito da
edificação do prédio da escola:
“[...] meu marido fez muitas vezes a Porto Alegre, por causa da construção
da escola. Mas depois lá a gente que escolhia os trabalhadores para fazer
as coisas ‘né’, a empresa que ia... Para construir aquela escola os pais
vinham até a escola para saber sobre os filhos, foi criado um círculo de pais
e mestres, eles vinham, sim, mas com dinheiro não ajudavam muito não. ”
(Ernilda, entrevista, 2017).
63
A fotografia acima mostra as instalações que eram utilizadas pelos alunos como
pátio e para a prática de Educação Física. Como se pode notar, não havia estrutura e
nem recursos para que as práticas se efetivassem adequadamente. Observo que, após
o estabelecimento em prédio próprio, a estrutura do GEJ era constituída de quatro salas
de aula e um banheiro localizado fora do prédio escolar, chamado de patente.
Além do espaço físico dos Grupos Escolares, é de fundamental importância
considerar os elementos da cultura escolar material. Objetos e utensílios, segundo
Souza (2015), são meios criados pelos sujeitos, de um modo geral, para promover
situações de aprendizagem. Portanto, eles incluem diferentes materiais encontrados
nas escolas. Quanto à mobília, por exemplo, é possível identificá-la como:
64
[...] um dos símbolos da educação moderna, uma vez que ele se localizava
no centro dos debates e documentos que tinham como objetivo fazer da
escola um aparelho modelar, capaz de instruir as classes menos abastadas
e ensinar hábitos e condutas higiênicas (SOUSA, 2016, p. 7).
“[...] se faz a igreja aqui eu dou o terreno de graça [pra Igreja e para Escola],
era o… Como é que era o padre, aquele, era de Nova Roma, eles tinham
a igreja ali embaixo, que era tudo plano, acho meu pai tinha preguiça descer
ali embaixo né [...]”. (Waldeni, entrevista, 2017).
[...] uma vez me aconteceu uma que, tinha o Eleu Giacomelli, depois ele
faleceu jovem ainda, que ele tinha um passarinho no bolso, eu não sabia
de nada, então veio um aluno na minha mesa com o caderno para corrigir
coisas, sei lá se era português, matemática, não sei te dizer, ‘professora, o
Eleu tem um passarinho no bolso’ e aí o que que eu fiz, eu disse, agora eu
não vou falar nada porque senão todo mundo vem com passarinho, depois
‘né’. [...] me parecia, eu ‘né’, ai eu disse ‘Eleu, é verdade que tu tem um
passarinho no bolso?’, ele me olhou, se assustou, eu disse - não fica com
medo, não fica com medo, tu me pede licença, tu vai lá pra fora, vai no
banheiro, porque o banheiro era uma casinha lá fora ‘né’, com o buraco lá,
sabe [...] patente, lá fora, longe, no fundo do pátio e eu disse ‘tu solta ele,
‘tá’, porque senão depois todo mundo vem com passarinho’, eu disse, ‘né’,
ele vai criar problemas e ele foi, foi e pronto, [risos] queridos.” (Ernilda,
entrevista, 2017).
precisa ser considerado, uma vez que as instituições recebiam o nome de Grupo
Escolar; mas, na prática, tais entidades não possuíam as características previstas
para as “suntuosas e imponentes instituições” que figuravam na paisagem da cidade,
como pontua Souza (2008).
Portanto, o que fica evidenciado a partir das memórias em torno da
institucionalização escolar é que as práticas moldaram as representações
relacionadas à educação nesse Grupo Escolar situado na área rural, atendendo à
demanda por ensino em uma localidade pouco assistida pelo governo em termos de
recursos financeiros.
Vale ainda pontuar que, nesse período ao qual se referem as memórias dos
entrevistados, disseminaram-se as ideias pedagógicas influenciadas pela Escola
Nova, movimento que contribuiu para as reformas referentes ao ensino público, as
quais estavam ligadas às políticas educacionais em domínio regional. Nesse sentido,
Souza (2015) explica:
17 Dada a importância das informações atinentes ao período de ocorrência de cada registro constante
no Livro de Inspeção e Visitas do GEJ, neste trabalho, todas as citações ao documento estão
acompanhadas da respectiva data de registro.
70
18 Artigo 166 - A apuração do tempo de serviço normal, para efeito de promoção, aposentadoria
gratificações adicionais será feita em dias.
19 Artigo 145 - À funcionária gestante será concedida licença por três meses, mediante inspeção
médica.
73
Para García (2009, p. 19), a formação docente representa “[...] uma função social
de transmissão de saberes, de saber-fazer, ou do saber ser que se exerce em
benefício do sistema socioeconômico ou da cultura dominante”. Trata-se de um
processo de desenvolvimento que acontece permanentemente. No caso do GEJ,
mesmo com pouca escolarização, as professoras do Grupo participavam de cursos e
reuniões formativas, além de receberem visitas da Orientadora do Ensino, como
referido na seção anterior.
A partir das narrativas da professora Ernilda e dos documentos encontrados nos
arquivos escolares, é possível ter acesso, mesmo que indiretamente, à compreensão
de como ocorriam a formação continuada dos professores e o processo da construção
de sua identidade por meio das práticas pedagógicas. Além disso, é possível refletir a
respeito da perspectiva do professor sobre os alunos e das relações que se
desenvolveram no contexto escolar, de modo a perceber qual era o papel do docente
perante a comunidade estudada.
75
Tal política educacional tinha por função formar mão de obra para o mercado.
Porém, esse tipo de educação era destinado às classes menos favorecidas, pois a
elite continuava tendo acesso a um ensino voltado ao intelecto.
No que se refere à educação em nível nacional, em um momento em que a
população brasileira era composta por um elevando número de analfabetos, era
necessário criar uma política para que, gradativamente, esses índices fossem
reduzindo. Para que isso se efetivasse, em janeiro de 1946, foi instituído o Decreto de
Lei n° 8.530, por meio do qual o currículo destinado à formação de docentes primários
foi unificado nacionalmente.
A professora Ernilda realizou o curso primário em Castro Alves/RS. Após o
falecimento da sua mãe, por necessidade de acompanhar seu pai, ela se estabeleceu
juntamente com a família no município de Vacaria, onde cursou o Complementar, no
Colégio São José. O ensino Complementar tinha por objetivo preparar os professores
para a escola primária elementar e pública. Segundo o presidente do Estado à época,
Borges de Medeiros, as escolas complementares tinham duplo fim: desenvolver o ensino
elementar e, concomitantemente, preparar profissionais para a carreira do magistério.
No que se refere a essa formação, é provável que muitas práticas utilizadas
nas aulas de Ernilda tenham sido influenciadas pela instrução recebida no Colégio
São José. Não obstante, nas localidades rurais, a formação não era tão exigida para
o exercício da docência. Conforme o relato da professora Ernilda, ela assumiu a
função de professora e diretora do CEJ da seguinte forma:
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Mesmo relatando que não sabia o que fazer, as representações acerca de ser
professora adquiridas em casa, por meio da educação que a mãe oportunizava, bem
como os anos em que frequentou a escola, deram-lhe subsídios para desenvolver a
profissão docente. Outro fator decisivo para que professores, mesmo sem
experiência, assumissem o posto de docentes nos Grupos Escolares rurais era a
escassez de professores para atender essas localidades. Assim, ter realizado curso
complementar, como foi o caso de Ernilda, era algo que nem sempre se concretizava
em todas as comunidades. O mais comum era encontrar professores leigos, como
explica Bergozza (2010), quando aborda essa carência de recursos humanos nas
localidades rurais: “Nos Travessões e nas Léguas, geralmente o professor era
escolhido pela comunidade pelo conhecimento que demonstrava possuir”.
Como abordado na seção anterior, a influência do movimento Escola Nova e a
importância dada às aulas de Educação Física, bem como a forma de estruturar o
planejamento da aula, compõem aquilo que Julia (2001) define como constituição de
uma cultura escolar específica, entendida também como elemento que consolida a
formação de uma cultura profissional. Nesse sentido, rememora Ernilda: “[...] eu
estudava com a mãe também e eu sei que eu tinha uma letra muito bonita como minha
mãe [...]”. (Ernilda, entrevista, 2017). Segundo Stephanou e Bastos (2008), a
caligrafia é a arte de escrever com letra bela e bem formada. Além disso, é uma
atividade usual, com função de produzir uma escrita homogênea, harmônica e
elegante. Vidal (1998) explica as diferentes práticas utilizadas pelos professores para
ensinar caligrafia aos alunos:
Mudou a Direção deste grupo escolar. Seu corpo docente também já não é
mais o mesmo. Contudo reina aqui a mesma ordem, mesmo capricho e
aquele mesmo interesse pelas questões educativas que em outras visitas,
80
Mesmo havendo repetidos elogios ao Grupo Escolar, por meio da análise dos
documentos, constatei recorrente falta de professores no GEJ. Os atestados
comumente estavam atrelados à licença-gestante das professoras. Por se tratar de
um grupo escolar localizado na área rural, havia muita dificuldade em conseguir
docentes substitutas. Ao encontro disso, a professora Ernilda, em entrevista, reportou
que teve 6 (seis) filhos e que cada licença lhe dava o direito de permanecer por três
meses em casa. Segundo a memória de Therezinha, “[...] que eu me lembro da Dona
Ernilda, porque cada pouco tinha um filho, ‘né’ e as outras, a cada pouco tirava licença
que ‘tava’ grávida [...]”. (Terezinha, entrevista, 2017). Mesmo tendo este período como
resguardo legal, as professoras normalmente não eram substituídas por outras
profissionais, havendo sobrecarga para a professora que administrava a escola e
exercia outras funções no momento.
De modo geral, as representações dos entrevistados sobre aquele tempo, bem
como as informações contidas nos documentos analisados, evidenciam as
orientações prescritas ao GEJ e o modo como a educação pretendia conduzir a
população daquele lugar para uma determinada “civilidade”. Costumes e modos de
ser de aluno e professor eram pautados pela visão pedagógica da época, sobretudo
por uma intencionalidade atinente ao ensino da “boa moral e dos bons costumes”,
como pontua Cunha (2009).
Neste capítulo, realizei a análise das memórias e dos documentos que
possibilitaram compreender como se desenvolveu o processo de escolarização em
Jansen. A presença do Grupo Escolar, juntamente com outras entidades do local,
como as escolas multisseriadas, procurou conduzir o lugar ao pretenso progresso que
se almejava entre as décadas de 1940 e 1950. Além disso, as memórias dos primeiros
tempos e das instalações provisórias da escola indicam que havia um desejo da
comunidade quanto à presença da instituição nesse lugar.
81
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Outro ponto a ser destacado refere-se à formação das professoras. Por vezes,
elas assumiam à docência muito jovens e sem uma formação específica. Ressalto
que, embora a professora entrevistada, Ernilda, tenha realizado o curso complementar
em Vacaria, ao rememorar sua vida de docente, evocou representações do seu tempo
de aluna em escolas geralmente multisseriadas. Nesse âmbito, com base nos
documentos analisados e na entrevista com a professora Ernilda, fica evidente a
importância da professora no seio da comunidade, além da representação construída
a respeito do professor como um exemplo a ser seguido, marcado pela seriedade e
pela simplicidade.
Além desses aspectos referentes à maneira de ser do professor, outro ponto
importante se refere à formação docente em serviço. Esses momentos foram
importantes para o aprendizado e para a discussão de novas ideias com base nos
princípios, finalidades, ideais, práticas e métodos fundamentados pelas concepções
da Escola Nova – aspecto que vai ao encontro da dissertação de Fernandes (2015),
desenvolvida sobre outro grupo escolar de Farroupilha.
A partir dessas análises, pude compreender que, nas instituições localizadas no
meio rural, devido à escassez de recursos humanos, era comum a professora acumular
para si a função de direção da escola. Assim, em determinadas épocas, apenas um
docente administrava a vida pedagógica e burocrática da instituição, a quem cabiam
atividades como escrituração da escola, envio de relatórios, matrículas e, quando se
podia contar com um corpo docente, inspeção do trabalho dos professores.
Outro aspecto considerado no que concerne às práticas efetivadas nas
instituições escolares diz respeito ao civismo, que foi instituído nas escolas étnicas
num período em que pouco ou nada se aprendia sobre língua, história e cultura
nacionais. A partir de 1938, com a nacionalização compulsória das instituições de
ensino, na escola primária, o desenvolvimento de ações ligadas às práticas do civismo
se iniciou. Tratava-se de um dos princípios básicos da escola, estabelecido para que
os alunos pudessem reconhecer as estruturas do Estado e da Nação, sua origem e
formação, os direitos e deveres, a definição de pátria e o culto aos símbolos nacionais.
Nesse período, a bandeira era exposta no interior das salas de aula; ensinavam-se
hinos do Brasil e o respeito à nação brasileira. Além disso, desfiles cívicos
complementavam as atividades escolares relacionadas à prática do civismo.
Ao terminar a escrita desta dissertação, percebo que a produção deste estudo
contribuiu para a minha formação pessoal e profissional. Pude repensar as práticas
84
propostas aos alunos enquanto docente, refletindo sobre o quanto carrego de minha
formação em serviço para a sala de aula. Também tive a oportunidade de rememorar
aspectos relativos à minha educação primária, como a prática da caligrafia, bem como
pensar sobre como ocorre a constituição da profissão de professor. Além disso, por
meio da análise das fontes documentais e memorialísticas e das narrativas de história
oral, foi possível compreender como as práticas pedagógicas sustentam a elaboração
das representações acerca do objeto estudado.
De modo geral, esta investigação permitiu-me perceber a importância da
educação no meio rural para a formação integral dos sujeitos, bem como o valor de
cada indivíduo na composição de uma história coletiva. Embora esteja ciente de que
esta é uma contribuição singela para a história dessa instituição, construída a partir
das memórias de escolarização no meio rural de Farroupilha/RS, concluo esta
pesquisa consciente de que realizei um trabalho relevante de lembrança relativa a
memória sobre o GEJ, bem como busquei contribuir para reflexões a respeito da
História da Educação – uma história que é fragmentada e que, portanto, carece
sempre de novos olhares e novas pesquisas.
85
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1- Como foi a infância? Onde estudou? Como era a escola? O que a professora
ensinava?
2- Você estudou para ser professora, como foi o estudo, qual o grau de instrução?
3- Como foi o começo da vida de professora, em quem se espelhou?
4- Como ela organizava as aulas, como eram os alunos, como lembra do período? Como
eram as turmas? Qual a relação com o meio rural?
5- Quais os objetos que utilizava para dar aula, caderno, caneta, lápis, material escolar,
condições da sala de aula?
6- Guarda algum material, possui fotos, registros, sabe onde está?
7- Professores que atuavam juntamente, como eram ministradas as disciplinas, classes
eram separadas por sexo?
8- Quanto tempo ficou como diretora da escola, como era a escolha da direção?
9- Como a escola foi fundada, quem enviava verbas?
10- Como era a relação da escola com a comunidade local?
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