GAB. - PROF. D2 (3 Série - Ens. Médio - L.P
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Burro-sem-rabo
São dez horas da manhã. O carreto que contratei
para transportar minhas coisas acaba de chegar.
Vejo sair a mesa, a cadeira, o arquivo, uma
RECOMPOSIÇÃO DAS APRENDIZAGENS estante, meia dúzia de livros, a máquina de escrever.
Língua Portuguesa Quatro retratos de criança emoldurados. Um desenho de
Reconhecer as relações entre partes de um texto, Portinari, outro de Pancetti. Levo também este cinzeiro.
identificando os recursos coesivos que contribuem E este tapete, aqui em casa ele não tem serventia.
para a sua continuidade. E esta outra fotografia, ela pode fazer falta lá.
A mesa é velha, me acompanha desde menino:
OBS.:
destas antigas, com uma gradinha de madeira em volta,
Trabalhar os elementos da descrição; como as do tabelião do interior. Gosto dela: curti na sua
Revisar pronomes; superfície muita hora de estudo para fazer prova no
Colocação pronominal: próclise, mesóclise e ginásio; finquei cotovelos em cima dela noites seguidas,
ênclise. à procura de uma ideia. Foi de meu pai. É austera,
1. (PAEBES). Leia o texto abaixo. simpática, discreta, acolhedora e digna: lembra meu pai.
Massa boa é massa fresca Esta cadeira foi de Hélio Pellegrino, que também
Os pais de um italianinho eram donos de uma trattoria me acompanha desde menino: é giratória e de palhinha.
no interior da Itália. Isso há décadas e décadas. Comida Velha também, mas confortável como as amizades
simples, tradicional, lugar pequeno, pratos deliciosos. Certa duradouras.
vez, enquanto o menino brincava no balcão e seu pai Mandei reformá-la e tem prestado serviços,
assumia as caçarolas, um turista que degustava a massa viu inspirando-me sempre a sábia definição de Sinclair Lewis
um ratinho passar no salão. “O que é isso?”, exclamou o sobre o ato de escrever: é a arte de sentar-se numa
cliente. Sem reação e também surpreso, o italiano cadeira.
improvisou: “Essa é Suzi. Mora aqui com a gente”. E lá vai ele, puxando a sua carroça, no
PORTUGAL, Rayane. Revista do Correio. Correio cumprimento da humilde profissão que lhe vale o injusto
Braziliense. 18 jul. 2010. p. 28. designativo de burro-sem-rabo. Não tenho mais nada a
No trecho “... que degustava a massa...”, a palavra fazer, vou atrás.
destacada refere-se a Vou atrás das coisas que ele carrega, as minhas
A) menino. coisas; parte de minha vida, pelo menos parte material,
B) pai. no que sobrou de tanta atividade dispersa: o meu
C) turista. cabedal. [...]
D) ratinho. SABINO, Fernando. A mulher do vizinho. Rio de Janeiro:
E) italiano. Ed. do autor, 1962, p. 10-12.
2. (PROEB). Leia o texto abaixo. No trecho “... que também me acompanha desde
Soneto de fidelidade menino:...” (5° parágrafo), a palavra destacada refere-se
De tudo, ao meu amor serei atento a
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto A) arquivo.
Que mesmo em face do maior encanto B) cadeira.
Dele se encante mais meu pensamento. C) estante.
D) mesa.
Quero vivê-lo em cada vão momento E) tapete.
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto 4. (SPAECE). Leia o texto abaixo.
Ao seu pesar ou seu contentamento. Os namorados
Um pião e uma bola estavam numa gaveta em
E assim quando mais tarde me procure meio a um monte de brinquedos. Um dia o pião disse
Quem sabe a morte, angústia de quem vive para a bola:
Quem sabe a solidão, fim de quem ama – Devíamos namorar, afinal, ficamos lado a lado
na mesma gaveta.
Eu possa lhe dizer do amor (que tive): Mas a bola, que era feita de marroquim, achava
Que não seja imortal, posto que é chama que era uma jovem dama muito refinada e nem se
Mas que seja infinito enquanto dure. dignou a responder à proposta do pião.
MORAES, Vinícius de. Antologia poética. Editora do Autor: No dia seguinte, o menino, a quem todos esses
Rio de Janeiro, 1960. p. 96. brinquedos pertenciam, pintou o pião de vermelho e
branco e pregou uma tachinha de bronze no meio dele.
No trecho “Quero vivê-lo em cada vão momento” (v. 5), o Ficava maravilhoso ao rodar.
pronome destacado refere-se a – Olhe para mim agora! – o pião disse para a bola.
A) amor. – O que você acha, não daríamos um belo casal? Você
B) zelo. sabe pular e eu sei dançar! Como iríamos ser felizes
C) encanto. juntos!
D) pensamento. – Isso é o que você acha – a bola retrucou – Você
E) momento. por acaso sabia que minha mãe e meu pai eram um par
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de chinelos marroquim, e que eu tenho cortiça dentro de Paulo, que acredita que a busca pela longevidade sem
mim? fim seja fruto da solidão, do desamparo e do medo
– Mas eu sou de mogno – gabou-se o pião. – E gerado pelos problemas da velhice e proximidade da
ninguém menos que o próprio prefeito quem me fez, num morte. Ou como escreveu o escritor argentino Jorge Luis
torno que tem no porão. – E foi um grande prazer para ele. Borges (1899-1986) no conto O Imortal, publicado no
– Como vou saber se o que está dizendo é verdade? livro O Aleph: “Dilatar a vida dos homens é como dilatar
– perguntou a bola. sua agonia e multiplicar o número de suas mortes”.
– Que nunca mais me soltem se eu estiver mentindo! Galileu. São Paulo: Globo, n. 2351, p. 43, fev. 2011.
– o pião respondeu. Fragmento.
– Você sabe falar muito bem de si – admitiu a bola. –
Mas terei de recusar o convite porque estou quase noiva de No Texto, no trecho “Por consequência, as doenças
uma andorinha. Toda vez que pulo no ar, ele põe sua decorrentes dela...” (1° parágrafo), o termo destacado
cabeça para fora do ninho e pergunta “você vai, você vai?”. refere-se à
Embora eu ainda não tenha dito que sim, já pensei nisso; e A) crença.
é praticamente o mesmo que estar noiva. Mas prometo que B) imortalidade.
nunca o esquecerei. C) juventude.
ANDERSEN, Hans Christian. Os mais belos contos de D) morte.
Andersen. São Paulo: Moderna, 2008, p. 74. Fragmento. E) velhice.
No trecho “Embora eu ainda não tenha dito que sim,...” 6. (SAEPE). Leia o texto abaixo.
(último parágrafo), o pronome em destaque Capítulo CXIX
refere-se Quero deixar aqui, entre parênteses, meia dúzia
A) ao pião. de máximas das muitas que escrevi por esse tempo. São
B) à bola. bocejos de enfado; podem servir de epígrafe a discursos
C) ao menino. sem assunto: Suporta-se com paciência a cólica do
D) ao prefeito. próximo.
E) à andorinha. Matamos o tempo; o tempo nos enterra.
Um cocheiro filósofo costumava dizer que o gosto
5. (REME). Leia o texto abaixo. da carruagem seria diminuto, se todos andassem de
A cura do envelhecimento carruagem.
[...] A busca pela imortalidade e pela juventude eterna Crê em ti; mas nem sempre duvides dos outros.
sempre fascinou o homem, único animal que tem Não se compreende que um botocudo fure o beiço
consciência da própria morte – e por isso sofre. Mas nunca para enfeitá-lo com um pedaço de pau. Esta reflexão é
esteve tão próxima de ser alcançada. Como Ponce de de um joalheiro.
Leóns contemporâneos, os cientistas do século XXI vêm Não te irrites se te pagarem mal um benefício;
perseguindo a maior causa de morte no mundo: a velhice. antes cair das nuvens, que de um terceiro andar.
Por consequência, as doenças decorrentes dela [...]. ASSIS, Machado de. Memórias póstumas de Brás
[...] A crença de que a ciência e a tecnologia nos Cubas. Fragmento.
permitirão redesenhar o próprio corpo para nos fazer viver
muito mais, até indefinidamente, guia uma corrente filosófica No trecho “... para enfeitá-lo...” (5° parágrafo), o pronome
chamada transumanismo. Os seguidores do pensamento destacado substitui o termo
acreditam que por meio de áreas de conhecimento A) beiço.
emergentes como a biotecnologia, poderemos superar a B) botocudo.
própria condição humana. “O homem não é o final da C) cocheiro.
evolução biológica, e sim o começo de uma evolução D) joalheiro.
tecnológica”, afirma o engenheiro venezuelano formado pelo E) pau.
MIT (Massachusetts Institute of Technology) e que já
trabalhou para a Nasa, José Cordeiro, grande divulgador do 7. (MAISIDEB). Leia o texto a seguir e responda:
transumanismo na América Latina. Ele acredita que Verdade
assistiremos à morte da morte – e que não há nada de A porta da verdade estava aberta,
antinatural nisso. “O propósito da vida é mais vida. Além do mas só deixava passar
mais, ninguém quer morrer, ainda mais se tiver a meia pessoa de cada vez.
oportunidade de não ficar velho”. Assim não era possível atingir toda a verdade,
A visão de que vale a pena manipular nosso corpo a porque a meia pessoa que entrava
qualquer custo para ser jovem para sempre encontra só trazia o perfil de meia verdade.
olhares críticos. “Essa pretensão de vida eterna é um erro E sua segunda metade
existencial, uma arrogância do homem em querer inventar voltava igualmente com meio perfil.
uma vida que não é sua. Pois afinitude é um atributo da E os meios perfis não coincidiam.
nossa vida, e é o que a faz ser boa”, afirma o cientista Arrebentaram a porta. Derrubaram a porta.
político Clóvis Barros Filho, professor de Ética da Escola de Chegaram ao lugar luminoso
Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo (USP). onde a verdade esplendia seus fogos.
“É uma ilusão narcisista acreditar que se vai viver em gozo Era dividida em metades
eternamente. Ficar dos 60 aos 120 anos curtindo diferentes uma da outra.
aposentadoria e nunca aceitar o dissolver que é o nosso Chegou-se a discutir qual a metade mais bela.
destino”, diz a filósofa e terapeuta Regina Favre, de São Nenhuma das duas era totalmente bela.
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E carecia optar. Cada um optou conforme seu capricho, sua um telefone. [...] Era isso que eu queria dizer. Ganhei de
ilusão, sua miopia. herança do meu pai um telefone. [...]
http://www.analisedetextos.com.br/2010/09/analise-do- E é essa linha que eu vejo agora vivendo seus
poema-verdade-de-carlos.html. últimos dias. De pouco me serve aquele telefone fixo.
Amigos, colegas, parentes, propostas de trabalho,
Nos versos: “E sua segunda metade / voltava igualmente chateações de telemarketing – tudo chega a mim pelo
com meio perfil” (v.7-8). A palavra destacada refere-se à telefone celular.
(A) verdade. XEXEO, Artur. Revista O Globo. n. 316, 15 ago.
(B) pessoa. 2010.
(C) miopia.
(D) ilusão. No trecho “E isso desde os tempos em que...”, o
(E) porta. pronome destacado retoma o trecho:
A) “Tenho muito carinho pelo meu telefone fixo.”.
8. (SAEPI). Leia o texto abaixo. B) “... os tempos em que ele não era chamado de
Os ipês-amarelos telefone fixo,...”.
Uma professora me contou esta coisa deliciosa. Um C) “Embora eu perceba que ele não seja lá tão fixo
inspetor visitava uma escola. Numa sala ele viu, colados nas assim,...”.
paredes, trabalhos dos alunos acerca de alguns dos meus D) “... já que circula com desenvoltura pela casa toda.”.
livros infantis. Como que num desafio, ele perguntou à E) “Meu pai não foi homem de muitas posses...”.
criançada: “E quem é Rubem Alves?”. Um menininho
respondeu: “O Rubem Alves é um homem que gosta de 10. (SAEGO). Leia o texto abaixo.
ipês-amarelos...”. A resposta do menininho me deu grande Civilização play center
felicidade. Ele sabia das coisas. As pessoas são aquilo que De acordo com o princípio da difusão dos sistemas
elas amam. técnicos, dos aparelhos e dos computadores e de acordo
Mas o menininho não sabia que sou um homem de também com o princípio da realidade virtual e das
muitos amores... Amo os ipês, mas amo também caminhar possibilidades de o homem ter hoje mais acesso a ela,
sozinho. Muitas pessoas levam seus cães a passear. Eu todas as experiências de emoção podem ser submetidas
levo meus olhos a passear. E como eles gostam! Encantam- a sistemas de programação. Não me ocorre nenhuma
se com tudo. Para eles o mundo é assombroso. Gosto outra analogia para descrever esta realidade que não
também de banho de cachoeira (no verão...), da sensação seja a do parque de diversões. Nossa sociedade atual
do vento na cara, do barulho das folhas dos eucaliptos, do transformou-se num grande complexo de play centers, e
cheiro das magnólias, de música clássica, de canto isso não só pelo princípio de que tudo pode ser
gregoriano, do som metálico da viola, de poesia, de olhar as comprado, mas também pelo fato de que as emoções se
estrelas, de cachorro, das pinturas de Vermeer (o pintor do tornam hoje administráveis.
filme “Moça com Brinco de Pérola”), de Monet... [...] Assim, tanto na sociedade em geral quanto no play
Diz Alberto Caeiro que o mundo é para ser visto, e center, tem-se emoções marcadas por tensão, medo,
não para pensarmos nele. Nos poemas bíblicos da criação, violência, angústia, aflição, mas ao mesmo tempo,
está relatado que Deus, ao fi m de cada dia de trabalho, seguras, rapidamente esquecíveis, sem reflexos
sorria ao contemplar o mundo que estava criando: tudo era traumáticos, sem desdobramentos psíquicos, que podem
muito bonito. Os olhos são a porta pela qual a beleza entra ser previamente adquiridas e sentidas no momento
na alma. Meus olhos se espantam com tudo que veem. [...] desejado.
Vejo e quero que os outros vejam comigo. Por isso escrevo. FILHO, Ciro Marcondes. Sociedade tecnológica. São
Faço fotografias com palavras. ALVES, Rubem. Paulo: Scipione, 1994, p. 92-93.
Disponível em: <http://www.stellabortoni.com.br/index>.
Acesso em: 23 maio 2011. Fragmento. No trecho “... e das possibilidades de o homem ter hoje
mais acesso a ela,...” (1° parágrafo) o termo em
No trecho “Para eles o mundo é assombroso.” (2° destaque retoma
parágrafo), o pronome destacado retoma A) difusão.
A) livros infantis. B) realidade virtual.
B) ipês-amarelos. C) emoção.
C) amores. D) outra analogia.
D) cães. E) sociedade atual.
E) olhos.