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Morfossintaxe - Morfologia

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Exercício 1.

(ENEM) Há qualquer coisa de especial nisso de botar a cara na janela em crônica de jornal —
eu não fazia isso há muitos anos, enquanto me escondia em poesia e ficção. Crônica algumas vezes
também é feita, intencionalmente, para provocar. Além do mais, em certos dias mesmo o escritor mais
escolado não está lá grande coisa. Tem os que mostram sua cara escrevendo para reclamar: moderna
demais, antiquada demais. Alguns discorrem sobre o assunto, e é gostoso compartilhar ideias. Há os
textos que parecem passar despercebidos, outros rendem um montão de recados: “Você escreveu
exatamente o que eu sinto”, “Isso é exatamente o que falo com meus pacientes”, “É isso que digo para
meus pais”, “Comentei com minha namorada”. Os estímulos são valiosos pra quem nesses tempos andava
meio assim: é como me botarem no colo – também eu preciso. Na verdade, nunca fui tão posta no colo por
leitores como na janela do jornal. De modo que está sendo ótima, essa brincadeira séria, com alguns textos
que iam acabar neste livro, outros espalhados por aí. Porque eu levo a sério ser sério... mesmo quando
parece que estou brincando: essa é uma das maravilhas de escrever. Como escrevi há muitos anos e
continua sendo a minha verdade: palavras são meu jeito mais secreto de calar.

LUFT, L. Pensar é transgredir. Rio de Janeiro: Record, 2004.

Os textos fazem uso constante de recursos que permitem a articulação entre suas partes. Quanto à
construção do fragmento, o elemento

a) nisso introduz o fragmento “botar a cara na janela em crônica de jornal”.

b) assim é uma paráfrase de “é como me botarem no colo”.

c) isso remete a “escondia em poesia e ficção”.

d) Alguns antecipa a informação “É isso que digo para meus pais”.

e) essa recupera a informação anterior “janela do jornal”.

Exercício 2. (ENEM)

Tarefa

Morder o fruto amargo e não cuspir

Mas avisar aos outros quanto é amargo

Cumprir o trato injusto e não falhar

Mas avisar aos outros quanto é injusto

Sofrer o esquema falso e não ceder


Mas avisar aos outros quanto é falso

Dizer também que são coisas mutáveis...

E quando em muitos a não pulsar

— do amargo e injusto e falso por mudar —

então confiar à gente exausta o plano

de um mundo novo e muito mais humano.

CAMPOS, G. Tarefa. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1981.

Na organização do poema, os empregos da conjunção mas articulam, para além de sua função sintática,

a) a ligação entre verbos semanticamente semelhantes.

b) a oposição entre ações aparentemente inconciliáveis.

c) a introdução do argumento mais forte de uma sequência.

d) o reforço da causa apresentada no enunciado introdutório.

e) a intensidade dos problemas sociais presentes no mundo.

Exercício 3. (ENEM) A crônica muitas vezes constitui um espaço para reflexão sobre aspectos da
sociedade em que vivemos.

“Eu, na rua, com pressa, e o menino segurou no meu braço, falou qualquer coisa que não entendi. Fui logo
dizendo que não tinha, certa de que ele estava pedindo dinheiro. Não estava. Queria saber a hora.

Talvez não fosse o Menino De Família, mas também não era um Menino De Rua. É assim que a gente
divide. Menino De Família é aquele bem-vestido, com tênis da moda e camisa de marca, que usa relógio e a
mãe dá outro se o dele for roubado por um Menino De Rua. Menino De Rua é aquele que, quando a gente
passa perto, segura a bolsa com força porque pensa que ele é pivete, trombadinha, ladrão. [...].

Na verdade não existem meninos DE rua. Existem meninos NA rua. E, toda vez que um menino está NA
rua, é porque alguém o botou lá. Os meninos não vão sozinhos aos lugares. Resta ver quem os põe na rua.
E por quê.”

COLASANTI, Marina. Eu sei, mas não devia. Rio de Janeiro: Rocco, 1999.

No terceiro parágrafo, em “...não existem meninos DE rua. Existem meninos NA rua.”, a troca do de pelo na
determina que a relação de sentido entre menino e rua seja:

a) de localização, e não de qualidade.

b) de origem, e não de posse.

c) de origem, e não de localização.


d) de qualidade, e não de origem.

e) de posse, e não de localização.

Exercício 4. (UNIR) Leia atentamente o texto de Os sertões, de Euclides da Cunha.

“Canudos não se rendeu. Exemplo único em toda História, resistiu até o esgotamento completo.
Expugnado palmo a palmo, na precisão integral do termo, caiu no dia 5, ao entardecer, quando caíram
seus últimos defensores, que todos morreram. Eram quatro apenas: um velho, dois homens feitos e uma
criança, na frente dos quais rugiam raivosamente cinco mil soldados.”

A respeito das formas do verbo cair empregadas em “... caiu no dia 5, ao entardecer, quando caíram seus
últimos defensores...”, assinale a afirmativa correta.

a) Possuem o mesmo sujeito gramatical.

b) São, quanto à regência verbal, transitivas diretas.

c) Provocam certa ambiguidade devido ao sentido denotativo.

d) Apresentam sentido diferente e mesma regência.

e) Estão no pretérito perfeito e no futuro do pretérito, respectivamente.

Exercício 5. (UNICAMP) A experiência que comprovou a existência da partícula conhecida como bóson de
Higgs teve ampla repercussão na imprensa de todo o mundo, pelo papel fundamental que tal partícula
teria no funcionamento do universo. Leia o comentário a seguir, retirado de um texto jornalístico, e
responda às questões propostas.

Por alguma razão, em língua portuguesa convencionou-se traduzir o apelido do bóson como “partícula de
Deus” e não “partícula Deus”, que seria a forma correta.

Folha de S.Paulo, São Paulo, 5 jul. 2012, Caderno Ciência, p. 10.

a) Explique a diferença sintática que se pode identificar entre as duas expressões mencionadas no trecho
reproduzido: “partícula de Deus” e “partícula Deus”.

b) Explique a diferença de sentido entre uma e outra expressão em português.

Exercício 6. (ENEM)
Nessa charge, o recurso morfossintático que colabora para o efeito de humor está indicado pelo(a)

a) emprego de uma oração adversativa, que orienta a quebra da expectativa ao final.

b) uso de conjunção aditiva, que cria uma relação de causa e efeito entre as ações.

c) retomada do substantivo mãe, que desfaz a ambiguidade dos sentidos a ele atribuídos.

d) utilização da forma pronominal -la, que reflete um tratamento formal do filho em relação à mãe.

e) repetição da forma verbal é, que reforça a relação de adição existente entre as orações.

Exercício 7. (UFRJ)

Flagra

No escurinho do cinema

Chupando drops de anis

Longe de qualquer problema

Perto de um final feliz

Se a Deborah Kerr que o Gregory Peck

Não vou bancar o santinho

Minha garota é Mae West

Eu sou o Sheik Valentino

Mas de repente o filme pifou

E a turma toda logo vaiou


Acenderam as luzes, cruzes!

Que flagra!

Que flagra!

Que flagra!

Rita Lee & Roberto de Carvalho

No texto, a pronúncia dos nomes de atores célebres do cinema americano no 5º verso leva a um criativo
efeito cômico.

a) Explique esse efeito, valendo-se de elementos fônicos e morfossintáticos.

b) Identifique, no plano vocabular, a relação semântica entre o 5º e o 6º versos.

Exercício 8. (ENEM) Os filhos de Ana eram bons, uma coisa verdadeira e sumarenta. Cresciam, tomavam
banho, exigiam para si, malcriados, instantes cada vez mais completos. A cozinha era enfim espaçosa, o
fogão enguiçado dava estouros. O calor era forte no apartamento que estavam aos poucos pagando. Mas o
vento batendo nas cortinas que ela mesma cortara lembrava-lhe que se quisesse podia parar e enxugar a
testa, olhando o calmo horizonte. Como um lavrador. Ela plantara as sementes que tinha na mão, não
outras, mas essas apenas.

LISPECTOR, C. Laços de família. Rio de Janeiro: Rocco, 1998.

A autora emprega por duas vezes o conectivo mas no fragmento apresentado. Observando aspectos da
organização, estruturação e funcionalidade dos elementos que articulam o texto, o conectivo mas

a) expressa o mesmo conteúdo nas duas situações em que aparece no texto.

b) quebra a fluidez do texto e prejudica a compreensão, se usado no início da frase.

c) ocupa posição fixa, sendo inadequado seu uso na abertura da frase.

d) contém uma ideia de sequência temporal que direciona a conclusão do leitor.

e) assume funções discursivas distintas nos dois contextos de uso.

Exercício 9. (PUC-RJ)

“Nosso sistema conceptual ordinário, em termos do qual não só pensamos, mas também agimos, é
fundamentalmente metafórico por natureza.”

Reescreva essa frase, substituindo sistema por estruturas e fazendo as alterações necessárias.

Exercício 10. (UNB)


Torrente de loucos

Três dias depois, numa expansão íntima com o boticário Crispim Soares, desvendou o alienista o mistério
do seu coração.

— A caridade, Sr. Soares, entra decerto no meu procedimento, mas entra como tempero, como o sal das
coisas, que é assim que intercepto o dito de S. Paulo aos Coríntios: “Se eu conhecer quanto se pode saber, e
não tiver caridade, não sou nada”. O principal nesta minha obra da Casa Verde é estudar profundamente a
loucura, os seus diversos graus, classificar-lhes os casos, descobrir enfim a causa do fenômeno e o remédio
universal. Este é o mistério do meu coração. Creio que com isto presto um bom serviço à humanidade.

— Um excelente serviço, corrigiu o boticário.

— Sem este asilo, continuou o alienista, pouco poderia fazer; ele dá-me, porém, muito maior campo aos
meus estudos.

— Muito maior, acrescentou o outro.

E tinha razão. De todas as vilas e arraiais vizinhos afluíam loucos à Casa Verde. Eram furiosos, eram
mansos, eram monomaníacos, era toda a família dos deserdados do espírito. Ao cabo de quatro meses, a
Casa Verde era uma povoação. Não bastaram os primeiros cubículos; mandou-se anexar uma galeria de
mais trinta e sete. O Padre Lopes confessou que não imaginara a existência de tantos doidos no mundo, e
menos ainda o inexplicável de alguns casos. Um, por exemplo, um rapaz bronco e vilão, que todos os dias,
depois do almoço, fazia regularmente um discurso acadêmico, ornado de tropos, de antíteses, de
apóstrofes, com seus recamos de grego e latim, e suas borlas de Cícero, Apuleio e Tertuliano. O vigário não
queria acabar de crer. Quê! um rapaz que ele vira, três meses antes, jogando peteca na rua!

— Não digo que não, respondia-lhe o alienista; mas a verdade é o que Vossa Reverendíssima está vendo.
Isto é todos os dias.

— Quanto a mim, tornou o vigário, só se pode explicar pela confusão das línguas na torre de Babel,
segundo nos conta a Escritura; provavelmente, confundidas antigamente as línguas, é fácil trocá-las agora,
desde que a razão não trabalhe...

— Essa pode ser, com efeito, a explicação divina do fenômeno, concordou o alienista, depois de refletir um
instante, mas não é impossível que haja também alguma razão humana, e puramente científica, e disso
trato...

Machado de Assis. O alienista e outras histórias. Rio de Janeiro: Ediouro, [s.d.], p. 20.

Quanto à estrutura morfossintática do texto, julgue os itens a seguir, colocando V para verdadeiro, F para
falso.

( ) O tratamento entre as personagens é formal, como comprovam algumas marcas linguísticas do texto.

( ) No primeiro parágrafo, o verbo transitivo exigiu dois objetos diretos para que seu sentido se
completasse.

( ) O pronome oblíquo lhe funciona como um pronome possessivo.

( ) O trecho “ele dá-me, porém, muito maior campo aos meus estudos”, no tempo verbal futuro, admite ser
reescrito assim: ele dar-me-á, porém, muito maior campo aos meus estudos.

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