LivroSaude Publica
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SAÚDE PÚBLICA:
Saberes e Práticas
São Paulo,
2021
CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO AUTORA
TECNOLÓGICA PAULA SOUZA Juliana Nazeré Alves Souza
Diretora-Superintendente Laura Laganá
CDD 362.1042
D
outora e Mestre em Ciências dos Materiais e
Aplicações Nucleares pelo IPEN/USP. Especia-
lista em Formação de Professores, Teorias do
Ensino e Aprendizagem e Educação a Distância pela
PUC-SP e em Designer Instrucional para EaD Virtual,
pela Universidade Federal de Itajubá. Graduada em
Ciências Biológicas e Pedagogia. Colaboradora volun-
tária no Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares
(IPEN-CNEN), no Laboratório do CTR - tecnologia das
Radiações na USP. Foi docente de Bioquímica Aplicada
na FATEC Luigi Papaiz e Gestão Ambiental, na FATEC
Itaquera, além de Biologia e Gestão Ambiental, na
ETEC Juscelino Kubitscheck de Oliveira. Conteudista
do Programa Especial de Formação Pedagógica de Do-
centes, no Centro Paula Souza/ Brasil Profissionalizado.
Participa do Grupo de Estudos SEED na Faculdade de
Educação da USP. Orienta TCC e é Tutora presencial
no curso de Pós Graduação - Especialização Gestão
em Saúde pela UNIFESP. Também é Orientadora de
TCC no Aperfeiçoamento Ensino e Aprendizagem na
Educação de Jovens e Adultos. Faz parte, desde 2015,
do corpo editorial da revista Perspectiv@as - Um olhar
para a educação de jovens e adultos. É coordenadora
de Projetos de Biologia e colaboradora de Análise Curri-
cular, todos pelo Centro Paula Souza.
P
romover a formação continuada
dos professores e Coordenadores,
incentivando-os na busca por es-
tratégias de promoção da saúde no
âmbito escolar interdisciplinar, orienta-
dos para o melhoramento das condições
de saúde e bem-estar, ampliando assim
as oportunidades para um aprendizado
de qualidade e o desenvolvimento huma-
no sustentável, para todos os integrantes
das comunidades educativas são uns dos
objetivos da elaboração desse material
para aplicação da capacitação em Saúde
Pública: Saberes e Práticas.
Vamos juntos
nessa caminhada
ao conhecimento!
A
Saúde Púbica é objeto de grande interesse e estudo dentro da
comunidade científica, pois trata-se de um bem social indispen-
sável ao desenvolvimento humano.
Lucilia Guerra
Diretora do Centro de Capacitação
Técnica, Pedagógica e de Gestão
SUMÁRIO
1 CAPÍTULO .......................................................................................................... 12
1.1 Conceitos de Saúde e Saúde Pública ........................................................................................... 13
1.1.1 Ações da Saúde.............................................................................................................. 13
2 CAPÍTULO ........................................................................................................... 16
2.1 História da Saúde Pública no Brasil .............................................................................................. 17
2.1.1 A saúde na época da Colonização e Império ................................................................. 17
3 CAPÍTULO............................................................................................................ 22
3.1 Programas e Políticas de Saúde do SUS ...................................................................................... 23
3.1.1 Criação do Sistema Único de Saúde (SUS) .................................................................. 23
3.1.2 Os impasses ou dificuldades do SUS ............................................................................ 26
3.1.3 O Pacto pela Saúde (buscando saídas para os problemas e impasses) ...................... 27
3.1.4 Estrutura do Sistema Único de Saúde (SUS) ................................................................ 28
4 CAPÍTULO ........................................................................................................... 30
4.1 Epidemiologia como eixo da Saúde Pública ................................................................................. 31
4.2 Metodologia epidemiológica .......................................................................................................... 33
4.3 História Natural da Doença ........................................................................................................... 35
4.4 Cadeia Epidemiológica .................................................................................................................. 37
4.5 A medida da Saúde Coletiva ......................................................................................................... 39
4.6 Indicadores básicos de desenvolvimento humano ........................................................................ 39
4.6.1 Variáveis populacionais ................................................................................................. 40
4.6.2 Valores relativos (absolutos) ......................................................................................... 41
4.7 Índices mais utilizados em Saúde Pública .................................................................................... 41
4.8 Indicadores de Saúde .................................................................................................................... 42
4.9 Variação na Ocorrência de Doenças ou Variáveis Epidemiológicas ............................................. 43
4.10 Tipos de Variação ........................................................................................................................ 44
4.10.1 Variação ou tendência estacional (ou sazonal) ............................................................ 44
4.10.2 Variação ou tendência cíclica ....................................................................................... 44
4.10.3 Variação ou tendência secular ou de longo prazo ....................................................... 45
4.10.4 Detecção das variações temporais .............................................................................. 46
4.10.5 Variação Atípica ........................................................................................................... 47
4.10.6 Variação cíclica ............................................................................................................ 47
4.10.7 Variação sazonal .......................................................................................................... 48
4.10.8 Endemia ....................................................................................................................... 49
4.10.9 Epidemia ...................................................................................................................... 49
4.10.10 Surto Epidêmico ......................................................................................................... 50
4.10.11 Caso Esporádico ........................................................................................................ 51
4.10.12 Pandemia ................................................................................................................... 51
4.10.12.1 Principais Pandemias ............................................................................................. 52
5 CAPÍTULO ........................................................................................................... 55
5.1 Vigilância Sanitária ........................................................................................................................ 56
5.1.1 Vigilância Sanitária no Brasil .......................................................................................... 56
6 CAPÍTULO ........................................................................................................... 57
6.1 Saúde Pública na Atualidade ......................................................................................................... 58
6.2 Níveis de atenção à saúde ............................................................................................................ 59
6.3 As reclamações sobre a saúde pública brasileira ......................................................................... 59
6.4 Os elogios ao sistema SUS ........................................................................................................... 60
7 CAPÍTULO ........................................................................................................... 61
7.1 Doenças Causadas por Vírus, Bactérias, Helmintos e Protozoários ............................................ 62
8 CAPÍTULO ........................................................................................................... 68
8.1 Práticas Educativas em Saúde no Ambiente Escolar .................................................................... 69
O que é Saúde?
AÇÕES DA SAÚDE
Ações de Promoção
Ações de Prevenção
Ações de Reparação
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Abaixo no quadro 1 é apresentado resumidamente a diferença entre os con-
ceitos de prevenção e promoção na saúde pública:
Quadro 1. Quadro comparativo entre prevenção das doenças e promoção da saúde. Fonte: O Autor.
Referência Bibliográfica
PERKINS, W. H. Cause and Prevention of Disease. Philadelphia: Lea e Febiger. 1938.
Links complementares
NATIONAL HEALTH SERVICE (NHS). Institute for Innovation and Improvement. The
good indicator guide: understand how to use and choose indicators (em inglês).
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tion of Mortality Rates For Countries of the Americas. 2003; 24 (4):1-5. (em inglês)
DENISE BROWN D. Good Practice Guidelines for Indicator Development and Report-
ing (em inglês)
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2 CAPÍTULO
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2.1 História da Saúde Pública no Brasil
Figura 1. Cirurgião negro aplicando ventosas. DEBRET, Jean-Baptiste. Le chirurgien nègre posant des ven-
touses. In: Voyage pittoresque et historique au Brésil. Paris, 1831 http://www.epsjv.fiocruz.br/upload/d/
cap_1.pdf (FIOCRUZ, 2020).
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Com a chegada da corte no Brasil, em 1808, começou a vinda de alguns
médicos. Ocorreram também algumas mudanças na administração pública, onde
são fundadas academias de medicina no Rio de Janeiro e Bahia.
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O combate à febre amarela no Brasil é um capítulo à parte na história
da saúde brasileira. Estima-se que pelo menos 4.000 imigrantes tenham mor-
rido vítimas da febre amarela no Rio de Janeiro, levando a cidade a ser conhe-
cida como “túmulo de estrangeiros”.
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Figura 2. Bonde tombado pela revolta da população contra as normas obrigatórias para vacina (SECRETA-
RIA ESPECIAL DE COMUNICAÇÃO SOCIAL, 2006).
Os funcionários trabalhavam junto com os policiais, os quais agiam vio-
lentamente contra os moradores que recusavam abrir suas portas para visto-
rias de água parada e assim encontrar focos de febre amarela. Oswaldo cruz
pediu ajuda à população para exterminá-los. Foi oferecido 1 tostão para cada
rato que fosse entregue morto ao serviço sanitário. A população começou a
criar “ratos” em cativeiro para ganhar dinheiro, essa passagem pode ser ob-
servada na figura 03 a seguir pela Charge do Jornal do Brasil, publicada no 11
de agosto de 1904, criticando aqueles que se aproveitaram para criar ratos
apenas para receber indenizações.
Figura 03. Charge do Jornal do Brasil. 11 de agosto de 1904, criticando aqueles que se aproveitaram para
criar ratos apenas para receber indenizações (JB, 1904)
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A introdução da vacina antivariólica se deu a partir de 1811. O método
então aplicado era conhecido como o “braço a braço”, desenvolvida pelo mé-
dico Edward Jenner, no final do século XVIII, a partir de observações sobre a
relação entre a varíola e a imunidade provocada no homem quando em con-
tato com a pústula da vaca, doença similar à varíola desenvolvida pelos bovi-
nos. Este método revelava um ônus que logo pôs a vacina em questão: poderia
estar associado à transmissão de outras doenças, como a sífilis (TEIXEIRA &
ALMEIDA, 1960).
Referência Bibliográfica
CHALHOUB, Sidney. Cidade febril – cortiços e epidemias na corte imperial, S. P.: Cia.
das Letras, 1996.
FERNANDES, T. Vacina antivariólica: seu primeiro século no Brasil (da vacina jenneria-
na à animal). In: Revista “História Ciências Saúde – Manguinhos”, Vol. VI, nº 1, março/
julho 1999, p. 29 a 51.
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3 CAPÍTULO
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3.1 Programas e Políticas de Saúde do SUS
Figura 04. Em 1986 ocorreu a 8ª Conferência Nacional da Saúde foi um marco para a história da Saúde
Pública no Brasil (CONSELHO NACIONAL DE SAÚDE, 2019).
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Identificar e divulgar os condicionantes e determinantes da saúde;
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VII - Utilização da epidemiologia para o estabelecimento de prioridades, a
alocação de recursos e a orientação programática;
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• Diretrizes para Implementação do Projeto Saúde e Prevenção nas Escolas, 2006.
a) o subfinanciamento;
e) forte protagonismo dos usuários, que ainda fazem uma clara valoriza-
ção do consumo de serviços médico-hospitalares; a garantia de acesso
ao atendimento mais rápido em serviços de urgência/emergência; e a
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busca por segurança e satisfação na utilização de tecnologias conside-
radas mais potentes, em particular a utilização de fármacos; a realiza-
ção de exames sofisticados; e o acesso a especialistas.
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3.1.4 Estrutura do Sistema Único de Saúde (SUS)
O Sistema Único de Saúde (SUS) é composto pelo Ministério da Saúde,
Estados e Municípios, conforme determina a Constituição Federal. Cada ente
tem suas co-responsabilidades.
Ministério da Saúde
Gestor nacional do SUS, fórmula, normatiza, fiscaliza, monitora e avalia políticas e ações,
em articulação com o Conselho Nacional de Saúde. Atua no âmbito da Comissão Inter
gestores Tripartite (CIT) para pactuar o Plano Nacional de Saúde. Integram sua estrutu-
ra: Fiocruz, Funasa, Anvisa, ANS, Hemobrás, Inca, Into e oito hospitais federais.
Participa da formulação das políticas e ações de saúde, presta apoio aos municí-
pios em articulação com o conselho estadual e participa da Comissão Intergesto-
res Bipartite (CIB) para aprovar e implementar o plano estadual de saúde.
Conselhos de Saúde
Cabe a cada Conselho de Saúde definir o número de membros, que obedecerá a se-
guinte composição: 50% de entidades e movimentos representativos de usuários; 25%
de entidades representativas dos trabalhadores da área de saúde e 25% de representa-
ção de governo e prestadores de serviços privados conveniados, ou sem fins lucrativos.
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Comissão Intergestores Bipartite (CIB)
Referência Bibliográfica
BRASIL. CONSTITUIÇÃO (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. 16.
ed. Organização de Alexandre de Moraes. São Paulo: Atlas, 2000.
NETO, G. V.; MALIK, A. M. Gestão em saúde: Uma História da Saúde Pública. Rio de
Janeiro: Guanabara Koogan; 2011. 400p.
UNASUS (2015). Políticas públicas de saúde: Sistema Único de Saúde. Disponível em:
https://www.unasus.unifesp.br/biblioteca_virtual/esf/2/unidades_conteudos/unida-
de04/unidade04.pdf Acesso em 03/02/2020.
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4 CAPÍTULO
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4.1 Epidemiologia como eixo da Saúde Pública
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• Estuda a distribuição das doenças – variabilidade da freqüência das
doenças de ocorrência em massa, em função do tempo e do espaço;
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servação de condições diferentes pode explicar a ocorrência de uma
enfermidade. Como exemplo, pode ser citado o estudo de John Snow
sobre a cólera, em Londres, no século 19. John Snow foi um médico
inglês considerado o pai da Epidemiologia Moderna. John Snow teve
dificuldade para convencer seus colegas, porque na época predomi-
nava a teoria do miasma para explicar a ocorrência das doenças, mas,
utilizando dados que praticamente constituíam um experimento, con-
seguiu demonstrar que a cólera era transmitida por água contaminada
com esgotos.
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1) Epidemiologia descritiva - ocupa-se de observar a distribuição e a pro-
gressão da enfermidade na população. Por meio da observação, procu-
ra-se obter toda a sorte de informações relacionadas com a natureza e
a magnitude do problema, procurando caracterizar todas as variáveis
que concorram para sua ocorrência, como, por exemplo, extensão, es-
pécies envolvidas, sexo, idade, estado físico, condições ambientais etc.
Os estudos descritivos informam sobre a frequência e a distribuição de
um evento. Como o próprio nome indica, têm o objetivo de descrever
os dados colhidos na população. Geralmente é a primeira parte de uma
investigação epidemiológica, na qual são feitos o registro e a observa-
ção da doença e de possíveis fatores causais.
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4.3 História Natural da Doença
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Figura 07. As 4 fases da evolução em distintos níveis de prevenção por ações de saúde.
Fonte: (LEAVELL & CLARK, 1965).
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lógica, entre indivíduos que mantiveram contacto com portadores de doenças
transmissíveis são exemplos adequados de intervenções de diagnóstico pre-
coce ou prevenção secundária.
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caso de bactérias, fungos e parasitas, desde que aqueles elementos forneçam
as condições necessárias para seu desenvolvimento. Já os vírus, por serem pa-
rasitas obrigatórios, requerem uma célula viva para sua replicação. Portanto,
os elementos inertes servem puramente como veículo mecânico, transmitindo
o vírus de uma fonte de infecção a um hospedeiro susceptível. De qualquer
maneira, para facilitar a conceituação, aqui serão considerados como fontes
de infecção apenas os vertebrados.
a) Doente típico
b) Doente atípico
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4.5 A medida da Saúde Coletiva
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pretende) e confiabilidade (reproduzir os mesmos resultados quando aplicado
em condições similares). Em geral, a validade de um indicador é determinada
por sua sensibilidade (capacidade de detectar o fenômeno analisado) e
especificidade (capacidade de detectar somente o fenômeno analisado).
Outros atributos de um indicador são: mensurabilidade (basear-se em dados
disponíveis ou fáceis de conseguir), relevância (responder a prioridades
de saúde) e custo-efetividade (os resultados justificam o investimento de
tempo e recursos). Espera-se que os indicadores possam ser analisados e
interpretados com facilidade, e que sejam compreensíveis pelos usuários da
informação, especialmente gerentes, gestores e os que atuam no controle
social do sistema de saúde.
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Importante para a qualidade dos dados:
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tecer e permanecer existindo num momento considerado. Portanto, a preva-
lência é o número total de casos de uma doença, existentes num determinado
local e período. Resumidamente (descreve a força com que as doenças subsis-
tam nas coletividades).
Indicadores importantes:
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Determinantes de promoção (condição básica de ter saúde, por exemplo, sa-
neamento básico) da saúde.
• Biologia Humana;
• Estilos de vida;
Estado da Saúde (saúde subjetiva - índice de pessoas com percepção de boa saúde).
Tais variações podem ser dos seguintes tipos: estacional, cíclica e secular.
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4.10 Tipos de variação
Outro exemplo era a brucelose humana nos EUA, antes da erradicação da bru-
celose bovina, que era mais comum no verão do que no inverno, porque estava
associada com o pico de nascimento no gado de leite e o concomitante aumento no
risco de contrair a infecção a partir de anexos fetais e descargas uterinas.
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Um exemplo desse tipo de variação é o ciclo de 3 a 4 anos de febre af-
tosa observado no Paraguai nos anos 1970.
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4.10.4 Detecção das variações temporais
As tendências ou variações podem ocorrer isoladamente, simultanea-
mente e pode ainda haver influência do acaso. Nessas circunstâncias, as vá-
rias alterações podem ser identificadas por investigação estatística. O método
geralmente usado para analisar as tendências temporais é a análise de séries
históricas. As séries históricas, também denominadas séries temporais, po-
dem referir-se a anos, meses, dias ou qualquer outro período. Além de des-
crever a marcha histórica de um fenômeno, ela tem o objetivo de avaliar mu-
danças resultantes da introdução de uma atividade em particular, bem como
estimar sua possível ocorrência no futuro.
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minuiu. Para a verificação da ocorrência da enfermidade que pode ser atribuí-
da ao acaso, são feitos cálculos estatísticos para remover a variação secular e
a variação estacional. Nesse caso, as variações que permanecem podem ser
atribuídas ao acaso.
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4.10.7 Variação sazonal
Incidência das doenças aumenta sempre, periodicamente em algumas
épocas ou estação do ano, dias da semana ou horas do dia. Na figura 10 a
seguir, é apresentado um gráfico mostrando um exemplo de variação sazonal.
Onde? – Local
Local de Transmissão
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4.10.8 Endemia
É qualquer doença localizada em um espaço limitado denominado “fai-
xa endêmica”. Significa que endemia é uma doença que se manifesta apenas
numa determinada região, de causa local, não atingindo nem se espalhando
para outras comunidades.
4.10.9 Epidemia
É uma doença infecciosa e transmissível que ocorre numa comunidade
ou região e pode se espalhar rapidamente entre as pessoas de outras regiões,
originando um surto epidêmico. Isso poderá ocorrer por causa de um grande
desequilíbrio (mutação) do agente transmissor da doença ou pelo surgimento
de um novo agente (desconhecido).
A gripe aviária, por exemplo, é uma doença “nova” que se iniciou como
surto epidêmico. Assim, a ocorrência de um único caso de uma doença trans-
missível (ex.: poliomielite) ou o primeiro caso de uma doença até então desco-
nhecida na área (ex.: gripe do frango) requerem medidas de avaliação e uma
investigação completa, pois, representam um perigo de originarem uma epi-
demia.
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O aparecimento de 2 casos autóctones e doença transmissível, associado
no espaço e tempo há muitos anos livre desta já representa uma epidemia.
Por exemplo: há muitos anos não ocorre um único caso humano de peste
bubônica no Município de Santos (SP), pela ausência de roedores infectados.
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• Toxinfecção alimentar - ingestão do alimento contaminado com mi-
crorganismos e estes liberam as toxinas no organismo. Diarréia inten-
sa e febre.
4.10.12 Pandemia
A pandemia é uma epidemia que atinge grandes proporções, podendo
se espalhar por um ou mais continentes ou por todo o mundo, causando inú-
meras mortes ou destruindo cidades e regiões inteiras.
Para entender melhor: quando uma doença existe apenas em uma de-
terminada região é considerada uma endemia (ou proporções pequenas da
doença que não sobrevive em outras localidades). Quando a doença é transmi-
tida para outras populações, infesta mais de uma cidade ou região denominou
epidemia. Porém, quando uma epidemia se alastra de forma desequilibrada se
espalhando pelos continentes, ou pelo mundo, ela é considerada pandemia.
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Os critérios de definição de uma pandemia são os seguintes: a doença ou condi-
ção além de se espalhar ou matar milhares de pessoas, deve ser infecciosa.
Observação: Câncer não é uma pandemia – doença não infecciosa (não transmissível).
Ex: AIDS, influenza (H1N1), tuberculose, peste, gripe asiática e espanhola, coronavírus.
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Os primeiros coronavírus humanos foram isolados pela primeira vez em 1937.
No entanto, foi em 1965 que o vírus foi descrito como coronavírus, em decorrência
do perfil na microscopia, parecendo uma coroa (CORONAVIRUS, 2020).
Resumidamente:
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Referência Bibliográfica
ANVISA. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Covid 19. Disponível em: http://por-
tal.anvisa.gov.br/. Acesso em: 01/04/2020.
PAIM, J. S.; ALMEIDA FILHO, N. A crise da saúde pública e a utopia da saúde coletiva.
Salvador: Casa da Qualidade, 2000.
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5 CAPÍTULO
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5.1 Vigilância Sanitária
A Vigilância Sanitária é um braço da saúde pública, que atua, essencial-
mente, no controle sanitário de todas as cadeias de produção e manipulação
de alimentos; produção de medicamentos, insumos farmacêuticos, cosméti-
cos e agrotóxicos; e serviços de atendimento à saúde (ANVISA, 2020).
Referência Bibliográfica
ANVISA. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Covid 19. Disponível em: http://por-
tal.anvisa.gov.br/. Acesso em: 01/04/2020.
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6 CAPÍTULO
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6.1 Saúde Pública na Atualidade
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6.2 Níveis de atenção à saúde
Os níveis de atenção à saúde são divisões que facilitam e melhoram o
atendimento à população. Divididos em três, cada nível determina um conjun-
to de serviços de assistência. Isso garante que cada pessoa seja atendida da
maneira correta e evita a lotação. São eles:
• Cobranças indevidas;
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6.4 Os elogios ao sistema SUS
Referência Bibliográfica
ANVISA. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Disponível em: http://portal.anvisa.
gov.br/. Acesso em: 01/04/2020.
60 SAÚDE PÚBLICA
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7 CAPÍTULO
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7.1 Doenças Causadas por Vírus, Bactérias,
Helmintos e Protozoários
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Quadro 2a. Resumo das principais doenças da Saúde Pública.
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Quadro 2b. Resumo das principais doenças da Saúde Pública.
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Quadro 2d .Resumo das principais doenças da Saúde Pública.
Saberes e Práticas 65
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Quadro 2f. Resumo das principais doenças da Saúde Pública.
Ministério da Saúde
saude.gov.br/saude-de-a-z/coronavirus (Cached)
saude.gov.br/saude-de-a-z/coronavirus
who.int/emergencies
who.int/news-room
66 SAÚDE PÚBLICA
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Perguntas e respostas sobre o Coronavírus: Organização Mundial da Saú-
de (Veja na figura 12 a seguir, os principais canais sobre saúde).
who.int/health-topics
Apenas para fins informativos. Consulte sua autoridade médica local para
receber aconselhamento apropriado. Fonte: Organização Mundial da Saúde
https://www.paho.org/bra/index.php?option=com_content&view=article&i-
d=6101:covid19&Itemid=875
https://www.unasus.gov.br/especial/covid19
https://portalarquivos2.saude.gov.br/images/pdf/2020/fevereiro/11/protoco-
lo-manejo-coronavirus.pdf
Saberes e Práticas 67
ISBN 978-65-87877-20-4
8 CAPÍTULO
68 SAÚDE PÚBLICA
ISBN 978-65-87877-20-4
8.1 Práticas Educativas em Saúde no
Ambiente Escolar
http://www.icb.usp.br/bmm/jogos/intro_mb.html
http://www.icb.usp.br/bmm/jogos/cartas/Microbingo_manual.pdf
https://www.youtube.com/watch?v=Hq1P--o3V0w
http://www.falaporto.com.br/cultura/atividade-da-ufscar-discute-processo-
-saude-doenca-a-partir-de-classicos-da-literatura
Música sobre a Febre amarela, interpretada aqui por Geraldo Magalhães, retra-
ta o otimismo com a obtenção da meta sem perder o humor, ironizando Oswal-
do Cruz por supostamente estar comprando “esqueleto de mosquito”, assim
como havia feito com os ratos. Acesse a música pelo link abaixo:
https://www.bio.fiocruz.br/index.php/br/noticias/916-revolta-sonora-oswal-
do-cruz-as-vacinas-e-a-ironia-dos-carnavais?showall=1
Saberes e Práticas 69
ISBN 978-65-87877-20-4
Trabalho com HQs
https://pt.scribd.com/document/31881442/Tutorial-de-Toondoo-en-portugues
Infográficos
https://www.canva.com/pt_br/criar/infografico/
https://cmap.ihmc.us/
Referência Bibliográfica
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70 SAÚDE PÚBLICA
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desafios e aprendizados. Ciência & Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v. 14, n. 3, p. 861-868, 2009.
Saberes e Práticas 71
ISBN 978-65-87877-20-4
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Saberes e Práticas 73
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