DM JoseSantos 2012 MEM
DM JoseSantos 2012 MEM
DM JoseSantos 2012 MEM
Ao colega, Bruno Moreira, pela entrega incansável e dedicação em apoiar-me durante todo
o percurso deste trabalho.
Gostaria de agradecer às pessoas, que não tendo colaboração direta, foram indispensáveis
para este momento, pois é graças a elas que sou quem sou. Agradeço com todo o meu
coração:
Aos meus Pais, Francisco Santos e Maria Conceição Mota e à minha irmã Sandra Santos
por todo o apoio concedido nesta árdua etapa.
Aos meus amigos e familiares, por toda a compreensão naqueles momentos que não foi
possível estar presente;
E um forte agradecimento muito especial, à minha princesa, Patrícia Torres, por todo o
auxílio, amor, dedicação e compreensão que me tem oferecido.
Um Muito Obrigado!
i
Resumo
Presentemente, com a economia cada vez mais globalizada e com a grande
competitividade do mercado, as empresas de produção procuram cada vez mais ajustar-se
às exigências dos clientes. Por esse motivo, o controlo do fluxo produtivo torna-se
imprescindível para a resolução de problemas e para a própria melhoria contínua do
processo.
Palavras-Chave
iii
Abstract
At present, with the more and more globalized economy and with the great
competitiveness of the market, the manufacturing enterprises try to adapt gradually to the
demands of the clients. For this motive, the control of the productive flow becomes
essential for the resolution of problems and itself for the continuous improvement of the
process.
The “ Lean Manufacturing “ system, is a set of activities that takes as goal the increase of
the capacity to answer to the changes and to the minimization of the wastes in the
production, setting itself up as a true undertaking of innovative management. The TPM –
Total Productive Maintenance, is a tool of improvement that is progressively used in the
manufacturing enterprises with the objective of improving the efficiency of the
equipment’s and to reach goals for the reduction of wastes, including the restoration and
maintenance of the standard conditions of functioning.
This paper aims at the implementation of the tool TPM on an equipment (Mechanical
Alternative Handsaw) installed in the Mechanical Workshops laboratory of the Superior
Institute of Engineering of Oporto. In the practical context, this study began with
application of the 5S’s tool in the workplace of the equipment in study. During this
implementation was possible to detect some anomalies in the equipment, having been
subjected to an analysis to find the root causes. Afterwards the tool TPM was
implemented, in order, to create better access conditions and simplification of the
inspection activities, lubrication and cleansing. Moreover, it was executed and proposed
some opportunities for improvement in certain elements, so as to reduce operation times
and setup times, thus contributing to increase the efficiency of the equipment.
Keywords
v
vi
Índice
AGRADECIMENTOS ...............................................................................................................................I
RESUMO .................................................................................................................................................III
ABSTRACT.............................................................................................................................................. V
1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................................. 1
vii
2.5. 5S´S .......................................................................................................................................... 38
2.6. SMED – SINGLE MINUTE EXCHANGE DIE ...................................................................................... 39
4. CONCLUSÕES ............................................................................................................................... 76
ANEXOS.................................................................................................................................................. 81
viii
Índice de Figuras
Figura 1 - Modelo simplificado para o TPS ....................................................................................4
Figura 2 - Os sete princípios Lean Thinking ...................................................................................8
Figura 3 - “Os Quatro Zeros” ....................................................................................................... 12
Figura 4 – Os Oito Pilares do TPM .............................................................................................. 14
Figura 5 – Etiquetas não-conformidade ........................................................................................ 21
Figura 6 - A repetição do ciclo CAPD de forma a atingir as condições ótimas .............................. 26
Figura 7 – Custos da manutenção planeada e de falhas de equipamentos em função do nível de
manutenção (qualidade de manutenção) utilizado ................................................................. 27
Figura 8 – Estrutura para a Manutenção ....................................................................................... 28
Figura 9 – Diagrama de Ishikawa ................................................................................................. 33
Figura 10 – Várias etapas de implementação da ferramenta 5S ..................................................... 39
Figura 11 - Etapas de implementação da ferramenta SMED ......................................................... 40
Figura 12 – Serrote Mecânico Alternativo .................................................................................... 42
Figura 13 – Bancada do serrote mecânico..................................................................................... 42
Figura 14 – Mecanismo motriz do serrote..................................................................................... 43
Figura 15 – Mordaças do serrote mecânico ................................................................................... 44
Figura 16 – Sistema de refrigeração do serrote mecânico .............................................................. 45
Figura 17 – Estado atual do equipamento ..................................................................................... 46
Figura 18 – Itens inúteis e outros desorganizados no posto de trabalho ......................................... 47
Figura 19 – Quadro de Apoio ao Posto de Trabalho...................................................................... 48
Figura 20 - Kit de Limpeza, Lubrificação e Ferramentas .............................................................. 48
Figura 21 – Definição e disposição de áreas para ferramentas e utensílios..................................... 49
Figura 22 – Estado inicial de limpeza do equipamento.................................................................. 50
Figura 23 – Etapas da limpeza inicial do equipamento .................................................................. 50
Figura 24 – Antes e depois - limpeza inicial e pintura ................................................................... 51
Figura 25 – Identificação de anomalias no equipamento ............................................................... 52
Figura 26 – Diagrama Causa e Efeito ........................................................................................... 53
Figura 27 – Falhas identificadas no equipamento.......................................................................... 53
Figura 28 – Correção de pequenas falhas no sistema..................................................................... 54
Figura 29 – Melhoria do escoamento do fluido de corte na bancada .............................................. 55
Figura 30 – Colocação de proteção em borracha ........................................................................... 56
Figura 31 – Colocação da rede aço inox sobre a bancada e depósito ............................................. 56
Figura 32 – Etapas de melhoria no processo de limpeza da bancada e do depósito fluido de corte . 56
Figura 33 – O antes e o depois da implementação da gestão visual ............................................... 58
ix
Figura 34 – Parte da Instrução do equipamento ............................................................................ 60
Figura 35 – Parte da Instrução de trabalho .................................................................................... 61
Figura 36 – Parte da Instrução de limpeza .................................................................................... 61
Figura 37 – Parte do Plano ILL (Inspeção, Limpeza e Lubrificação) ............................................. 62
Figura 38 – Registo e controlo da manutenção efetuada ................................................................ 63
Figura 39 – Registo de anomalias e oportunidades de melhoria encontradas no equipamento ........ 63
Figura 40 – Etiqueta Vermelha e Etiqueta Azul ............................................................................ 64
Figura 41 – Disposição de toda a informação necessária no quadro .............................................. 66
Figura 42 – Melhoria dos elementos de fixação no batente do material a cortar............................. 67
Figura 43 – Otimização do sistema de aperto/desaperto das mordaças .......................................... 68
Figura 44 - Melhoria dos elementos de fixação/substituição da serra ............................................ 68
Figura 45 – Exemplos de Aperto-rápido encontrados nas bicicletas .............................................. 69
Figura 46 – Aperto-rápido com manípulo ..................................................................................... 69
Figura 47 – Mordaças modificadas ............................................................................................... 69
Figura 48 – Pinos de apoio da lâmina ........................................................................................... 70
Figura 49 – Alteração da configuração da afinação da tensão da serra de corte ............................. 70
Figura 50 – Configuração do manípulo na posição aberta a) e na posição fechada b) .................... 71
Figura 51 – Porca de afinação da tensão da serra de corte ............................................................. 71
Figura 52 – Sistema otimizado vs. Sistema presente no equipamento............................................ 71
Figura 53 – Esquema de montagem/substituição da serra de corte ................................................ 72
Figura 54 – Estrutura do suporte do batente .................................................................................. 73
Figura 55 – Sistema atual vs. Sistema otimizado .......................................................................... 74
Figura 56 – Depósito para lubrificar o veio................................................................................... 74
Figura 57 – Parte do Registo para Auditoria ................................................................................. 75
x
Índice de Tabelas
Tabela 1 – Tipos de falhas e deterioração ..................................................................................... 10
Tabela 2 – As 6 Grandes Perdas do TPM ..................................................................................... 13
Tabela 3 – Procedimento passo-a-passo para a melhoria contínua ................................................. 17
Tabela 4 – As 7 etapas para aplicação da manutenção autónoma................................................... 19
Tabela 5 – Atividades da manutenção planeada ............................................................................ 29
Tabela 6 – Competências dos operadores e dos técnicos de manutenção ....................................... 30
Tabela 7 – Algumas particularidades do diagrama de Ishikawa ..................................................... 34
Tabela 8 – As 12 etapas para implementação do TPM .................................................................. 36
Tabela 9 – Resultados esperados do TPM..................................................................................... 38
Tabela 11 – Análise comparativa do tempo de intervenção no processo atual e anterior ................ 59
Tabela 12 – Análise comparativa dos tempos de intervenção segundo os diferentes processos ...... 73
xi
Acrónimos
MP - Manutenção preventiva
MM - Manutenção de melhoria
xiii
Stakeholder - Partes interessadas de uma organização
xiv
1. INTRODUÇÃO
O Lean melhora a eficiência pela redução dos tempos e recursos dos processos, permitindo
produzir os produtos ao ritmo da sua procura pelos clientes e, simultaneamente, reduzir o
inventário.
As empresas que adotaram o Lean nas suas áreas operacionais, melhoraram a qualidade
dos seus produtos, obtiveram uma elevada redução dos custos totais e, acima de tudo,
conseguiram responder eficazmente às solicitações e requisitos dos clientes e atingir uma
posição de liderança no mercado.
1.1. CONTEXTUALIZAÇÃO
Os grandes desafios postos atualmente às empresas passam pela redução dos prazos de
entrega e dos custos dos seus produtos, devido às crescentes exigências dos seus clientes e
à pressão da concorrência, cada vez mais global.
De uma forma reativa, as empresas procuram desenvolver estratégias para fazer face a
estes desafios, muitas vezes desordenada e pontualmente, não conseguindo responder
eficazmente ao mercado ou, se o conseguem, com custos insustentáveis a longo prazo.
1
Neste contexto, a adoção dos conceitos, cultura e práticas do Lean Manufacturing têm
mostrado ser, a médio e longo prazo, o modo mais eficaz para garantir a competitividade
das empresas.
1.2. OBJETIVOS
Este trabalho tem como principal objetivo a implementação da ferramenta TPM num
Serrote Mecânico Alternativo, instalado no Laboratório de Oficinas Mecânicas do Instituto
Superior de Engenharia do Porto.
2
2. FILOSOFIA LEAN THINKING
Lean Thinking, ou pensamento magro, é uma filosofia de gestão que promove formas de
especificar valor para o cliente, melhora sequência de fluxos de processos, torna a
performance mais eficiente e elimina desperdícios na produção.
2.1. HISTÓRIA
As ideias Lean são aplicadas desde os tempos dos romanos, ao padronizarem os seus
instrumentos de guerra e processos construtivos como as estradas e os arcos, entre outros.
É dado Eli Whitney como o primeiro pensador Lean de forma mais sistemática, ao
desenvolver, em 1799, a ideia de peças intermutáveis para armas de guerra – mosquetes
(Poppendieck, 2006). Outros grandes pensadores surgiram posteriormente com ideias
Lean, como Frederick Taylor com a implementação da padronização e estudo dos tempos
de trabalho, e Henry Ford com as linhas de produção e criação de valor para o cliente.
3
Houve necessidade de uma adaptação ao mercado japonês, em que se exigia grande
variedade de produtos, qualidade assegurada, trabalho de acordo com a procura e custos
reduzidos. A solução passou por um sistema de produção em fluxo, tecnologias flexíveis,
processos à prova de erro, e organização por famílias de produtos para garantir variedade
na produção (Fontanini, 2004). Criou-se assim o sistema de gestão Toyota Production
System (TPS).
Taiichi Ohno, um dos criadores do TPS, definiu a base do sistema como a absoluta
eliminação do desperdício, suportada por dois pilares: Just in Time (JIT) e Automação. Na
Figura 1 apresenta-se o sistema TPS num esquema chamado “A casa do TPS”.
Essas respostas foram dadas pelas investigações de Womack et al. (2007) no livro
publicado pela primeira vez em 1990 “The Machine That Changed The World”, no qual
introduziram o termo Lean Production. Esta filosofia poderia ser aplicada por qualquer
4
companhia, em qualquer parte do mundo, mas teria a sua máxima eficácia se empregada a
todos os elementos da empresa.
Womack e Jones (2003) foram também os criadores do termo Lean Thinking (uma
generalização do TPS), ao publicarem pela primeira vez o livro com o mesmo nome, em
1996, onde estabeleceram as bases da mentalidade proposta em cinco princípios, a partir
dos quais diversas ferramentas foram desenvolvidas.
As formas de desperdício identificadas por Ohno, segundo as quais são responsáveis por
95% do total de custos dos ambientes non-lean, são:
5
• Espera – por material, equipamento, informação, ferramentas, etc. Ocorre quando
há períodos de inatividade num processo a jusante porque uma atividade a
montante ainda não está concluída, ou seja, sempre que o produto/serviço não está
a ser processado (Hicks, 2007). Este desperdício ocorre mais frequentemente
quando o fluxo de material é pobre, o ciclo de produção demasiado longo, ou as
distâncias longas entre centros de trabalho (McBride, 2003). Reduzir burocracia,
nivelar a carga de trabalho das equipas de produção e unir processos formando um
fluxo contínuo, de modo que cada passo ligue diretamente com o seguinte, pode
reduzir drasticamente o tempo de espera.
• Excesso de inventário – todo o inventário que não foi encomendado pelo cliente,
incluindo matéria-prima, trabalho em processamento e produto final. Requer
espaço precioso de armazenamento, esconde defeitos de produção, atrasa
identificação de problemas e empata capital financeiro. Para evitar este desperdício,
deve-se padronizar o espaço e as atividades, implementar o JIT e manter o fluxo
contínuo.
6
planeamento do espaço e organização das ferramentas de trabalho. Pode ser
resolvido com análise e redefinição do espaço para o melhorar, com envolvimento
de quem nele trabalha.
7
• Deixar o cliente Puxar o valor do produto;
Para evitar que as organizações entrem em grandes agitações para reduzir desperdícios,
que muitas vezes se traduzem em despedimentos, esquecendo a sua missão e o seu
propósito de criar valor para as partes interessadas, a Comunidade Lean Thinking (CLT
2008), através dos seus esforços de investigação e desenvolvimento, propôs a revisão dos
princípios Lean Thinking, sugerindo a adoção de mais dois princípios – “Conhecer o
Stakeholder” e “Inovar Sempre” – que procuram colocar as organizações no caminho
certo, rumo à excelência e ao desempenho extraordinário (Pinto, 2008).
8
2.4. TPM – TOTAL PRODUCTIVE MAINTENANCE
Nakajima (1988), define TPM como “a manutenção produtiva que envolve a participação
de todos” combinando as práticas de manutenção preventiva norte-americanas, com os
conceitos japoneses de controlo total da qualidade e envolvimento total dos colaboradores.
Suzuki (1994) refere que a designação TPM deve-se ao empenho de toda a organização,
para além dos departamentos diretamente ligados aos equipamentos e à produção, na
procura da eficiência. As sinergias desta interação resultam numa manutenção dos
equipamentos que otimiza a sua eficiência, eliminando as avarias e promovendo a
manutenção diária por parte do operador, explorando o facto de que quem trabalha com a
máquina é quem melhor a conhece, criando nele um sentimento de posse sobre a mesma.
Segundo Shirose (1992), a adoção do TPM permite à empresa atingir metas como zero
defeitos e zero avarias, cujo retorno significa maior produtividade e maior rentabilidade.
• Construir um sistema que previna qualquer tipo de perda, criando assim uma meta
de ações preventivas e preditivas, para atingir o “zero-acidente, zero defeito e zero-
falha”, em todo o ciclo de vida de um equipamento;
2.4.1. AVARIA
O conceito de avaria é, correntemente, associado à paragem ou inoperacionalidade do
equipamento. Na ótica da manutenção, porém, esse conceito é mais lato pois envolve, não
9
só a inoperacionalidade do equipamento como, também, o seu mau funcionamento,
entendido como rendimento abaixo do normal, produção defeituosa, sintomas anormais,
etc. (Cabral, 2004).
Ferreira (1998) refere que avaria é uma alteração ou cessação da possibilidade de um bem
ou equipamento realizar uma função pré-determinada.
Falhas Deterioração
Tipo 1 – Paragem de função – o Deterioração natural – sendo o equipamento
equipamento deixa de funcionar de forma utilizado de modo correto, a deterioração
repentina ou as peças produzidas tornam-se evolui fisicamente com o passar do tempo,
defeituosas. reduzindo a capacidade inicial do
equipamento.
Tipo 2 – Perda de função – o equipamento
está em funcionamento mas não na sua Deterioração acelerada – sucede ao uso
totalidade, possuindo falhas parciais. inadequado do homem.
Fonte: (Adaptado, Cabral 2004)
10
a) Preventiva Sistemática – assume que as falhas ocorrem segundo o padrão da
“curva da banheira”, portanto, os trabalhos são planeados com periodicidades tais
que os vários constituintes se mantêm a funcionar na parte inferior da curva: a
intervalos de tempo “t” substitui-se ou recondiciona-se o componente,
independentemente de ele aparentar estar em bom estado de funcionamento.
11
4º Nível – Trabalhos importantes de manutenção curativa, corretiva ou preventiva. É
exigida uma equipa de manutenção.
• Gerir o processo produtivo como uma organização que minimize as perdas, através
do estabelecimento de metas orientadas a “zero acidentes” e “zero defeitos”, ao
longo do ciclo de vida dos elementos produtivos;
12
Seguindo a analogia do Iceberg, proposta por (Cabral, 2004), uma fábrica é composta por
uma parte visível, a parte produtiva, e uma parte invisível, a parte das perdas. Então o TPM
é a “técnica que permite transformar a parte invisível em visível, através da eliminação de
todas as perdas.”
13
2.4.6. OS OITO PILARES DO TPM
A eliminação das grandes perdas deve ser alcançada através dos pilares do sistema TPM.
Aos cinco pilares iniciais, definidos por Nakajima (1989), foram adicionados pelo JIPM,
mais três pilares, resultantes do aumento das atividades nas empresas, na procura da
redução de desperdícios. A Figura 4 mostra os oito pilares do TPM.
• Formação e treino;
• Manutenção da qualidade;
14
2.4.6.1. MELHORIAS INDIVIDUALIZADAS NAS MÁQUINAS
A importância deste pilar é incluir todas as atividades que maximizam a eficácia global do
equipamento, processo e organizações através de uma rígida eliminação de perdas e
melhoria do desempenho.
Suzuki (1994) refere que a preparação mental e física é essencial para as equipas antes de
começar qualquer projeto de melhoria continua. Estas devem preparar-se da seguinte
forma:
• Observar o posto de trabalho mais de perto para descobrir o que realmente está a
acontecer.
15
Estes projetos de melhoria contínua passam por adotar uma aproximação macro ao
processo e identificar as falhas como um todo, em vez de colocar a atenção num só
equipamento. Têm por base a orientação para a “zero/falha”, identificando e estabelecendo
condições ótimas através de um plano de manutenção autónoma, para além de procurar a
simplificação dos equipamentos e aumento do nível de tecnologia da engenharia (Suzuki,
1994).
Suzuki (1994) defende ainda que, é mais fácil e mais concreto conduzir as atividades de
melhoria continua passo-a-passo, de forma a poder documentar visualmente o progresso
conforme vão avançando no tempo. Esta metodologia tem as seguintes vantagens:
16
Tabela 3 – Procedimento passo-a-passo para a melhoria contínua
Se os operadores pudessem ser preparados para realizar essas tarefas básicas, dar-se-lhes-ia
a oportunidade para aumentar o seu nível de competência, tornando-os mais responsáveis
pelo funcionamento do equipamento, aumentando as suas perspetivas de emprego, e
libertando os técnicos de manutenção para trabalhar em tarefas mais complexas, incluindo
as equipas de TPM (Borris, 2006).
17
Williamson (2000) expressa que os técnicos da manutenção devem formar os operadores, a
escutar e a procurar as anomalias.
Para Suzuki (1994) um programa de manutenção autónoma tem como principais objetivos
precaver a deterioração do equipamento, através de inspeções diárias com uma operação
correta, execução de operações de restauro, encaminham o equipamento ao seu estado
ideal através de uma gestão adequada, estabelecer as condições básicas necessárias para
possuir o aparelho bem preservado e utilizar o equipamento como meio para ensinar novos
modos de pensar e trabalhar.
• Auxiliar o operador a aprender mais acerca das funções do seu equipamento, quais
os problemas mais comuns e porque ocorrem, como prevenir tais problemas através
da sua deteção atempada e tratamento de condições anormais.
Cabral (2004) e mais alguns autores indicam os sete passos para a implementação da
manutenção autónoma, como poderemos observar na Tabela 4.
As primeiras três etapas têm como objetivo eliminar os elementos que causam a
deterioração acelerada, prevenir e reverter a deterioração e manter as condições básicas dos
18
equipamentos. Além disso, procura incutir nos operadores interesse e responsabilidade
pelos equipamentos.
19
descobrir/detetar rapidamente anomalias severas no processo e reagir rapidamente,
tomando ações, é que a efetividade do trabalho de manutenção autónoma pode ser
garantida a longo prazo de forma contínua. Desvios severos das condições básicas de
operação das máquinas e equipamentos, ou seja, que não podem ser solucionados pelo
próprio operador, devem ser registados e comunicados o mais rapidamente possível ao
pessoal técnico do departamento de manutenção (Coelho, 2009).
Em seguida, é descrita uma abordagem pormenorizada proposta por Suzuki (1994) dirigida
para a indústria de processo, incorporando sempre que justificável o contributo de outros
autores, como por exemplo Shirose (1992).
Para identificar tais problemas, existe uma metodologia de etiquetas de não conformidade
de cores diferentes. Para Imai (2000), estas são uma ferramenta importante de controlo
utilizada pelos operadores para detetar possíveis anomalias em máquinas, identificando os
pontos de maior grau de deterioração, locais de difícil acesso para limpeza ou lubrificação,
perda de tempo por setup ou ponto de risco de acidente e prevenindo a ocorrência de falhas
que poderão levar à paragem da máquina e, consequentemente, ao processo de produção.
20
No processo de limpeza inicial, os operadores são incentivados a identificar tantos
problemas no equipamento quanto possível. As etiquetas são classificadas em dois tipos:
etiquetas vermelhas (solucionadas pela manutenção) e etiquetas azuis (de responsabilidade
dos operadores):
A correção das pequenas falhas é muito importante para o aumento da fiabilidade dos
equipamentos. As falhas mais importantes devem ser entregues ao departamento de
manutenção.
As falhas relacionadas com a lubrificação e com o aperto dos elementos de fixação são
comuns e podem ser muito prejudiciais. De facto, a má lubrificação é um dos principais
fatores para a degradação do equipamento e o desaperto origina vibrações e desgaste
21
acelerado, podendo gerar avarias graves. Estes tipos de problemas são originados pela
pouca formação dos operadores nestas áreas.
22
Melhorar acessibilidade para reduzir o tempo de trabalho
Este passo consolida os ganhos dos passos anteriores relativamente à manutenção das
condições básicas de funcionamento e de conservação no equipamento.
Neste passo, os operadores são formados com as competências necessárias para trabalhar
no equipamento, dotando-os das ferramentas necessárias para executar pequenas
manutenções e com a capacidade de identificar as anomalias com elevada precisão. Esta
capacidade permite aos operadores detetar a deterioração no funcionamento do
equipamento antes de ocorrer a avaria ou o defeito, possibilitando uma intervenção
imediata e eficiente.
Para Suzuki (1994), a única forma de estabelecer um sistema TPM e obter resultados
excelentes, é através da formação dos operadores, dotando-os de conhecimentos sobre
todos os aspetos do equipamento, como o princípio de funcionamento e a construção, e
preparando-os para a execução de inspeções no mesmo.
23
A formação para a realização de inspeções gerais dota os operadores das competências
necessárias para dominar a tarefa e para conseguir retirar resultados tangíveis da inspeção.
24
integrados no processo de gestão dos equipamentos e que o objetivo das “zero paragens”
não planeadas comece a ser uma realidade.
• Auditorias
As auditorias podem ser realizadas a vários níveis, dependendo do objetivo a alcançar com
cada uma. Assim, as auditorias próprias podem ser utilizadas para monitorizar e avaliar os
progressos e as auditorias de secção para manter a realização das atividades através das
orientações e assistência.
• Ciclo CAPD
25
Os operadores, ao fim de algum tempo, dominam a supervisão no programa de
manutenção autónoma, devido a repetirem o ciclo CAPD tantas vezes quantas necessárias,
até atingirem as zero falhas. A repetição do ciclo, centrada em atingir os zero defeitos num
equipamento, é ilustrada na figura seguinte. Este ciclo pode também ser usado com
eficácia, em departamentos em que se execute muito trabalho manual, departamentos de
qualidade, de logística, ou outros departamentos administrativos. Saber aplicar o ciclo
CAPD é bastante importante, porque ajuda a compreender a manutenção autónoma e a
conseguir definir os planos individuais de desenvolvimento do programa TPM, em cada
departamento, uma vez que todos os programas de TPM são baseados neste conceito.
26
do operador. Estando o operador em harmonia com o seu equipamento, é possível evitar o
recurso a formas de manutenção intrusivas (requerem a desmontagem do equipamento)
que são normalmente mais dispendiosas do que benéficas.
Coelho (2009) refere ainda que apenas uma manutenção adequada e efetiva poderá fazer
com que determinado processo produtivo ou equipamento seja executado com sucesso.
Caso contrário, as organizações irão procurar outras soluções para as quebras de produção
em outros fatores, tais como, ferramentas, materiais e até operadores, elevando assim todo
o custo operacional do processo produtivo.
27
ótimo" para cada máquina ou equipamento envolvido no processo produtivo da empresa
(Coelho, 2009).
28
Por fim, a estruturação da manutenção planeada envolve outros aspetos para além dos mais
facilmente conotados com a manutenção, como por exemplo, a gestão de stocks e de
encomendas ou o histórico do equipamento. O sistema deixa de ser um sistema de gestão
da manutenção, para ser um sistema de gestão da informação do equipamento
(Williamsson, 2000).
Como a força de trabalho de uma empresa é um ativo muito valioso, todas as empresas
devem treinar os seus trabalhadores de forma sistemática.
29
obtenção das competências por parte dos operadores que frequentaram a formação, e não
ficar simplesmente pela sua participação num curso.
Para Venkatesh (2003) não é suficiente que os trabalhadores saibam apenas o “Saber
Como” (Know-How) devendo saber também o “Saber Porquê” (Know-Why), porque só
dessa forma estarão preparados para identificar a raiz dos problemas.
30
Williamson (2000) refere que uma das componentes fundamentais da formação e treino é a
de explicar às pessoas a importância do TPM para os equipamentos e para a empresa.
Para Willmott & McCarthy (2001) uma empresa detém uma vantagem comercial poderosa
quando consegue mobilizar o pilar do Controlo Inicial e utilizá-lo no seu máximo. Todos
os departamentos, trabalham como parceiros para melhorar o OEE através da eliminação
na origem, das muitas razões para a pouca manutabilidade, operabilidade e fiabilidade.
Para além dos recursos internos da empresa, o controlo inicial dos equipamentos também
abrange as empresas de engenharia e os fabricantes do equipamento que no decorrer do
projeto interagem em diversas áreas. Todas as atividades, desde o desenho inicial da peça
do equipamento até à sua instalação e teste de funcionamento podem ser encaradas como
um só projeto. O plano tem o seu início com o desenho do processo, desenho básico da
instalação e o desenho detalhado do equipamento, desdobrando-se posteriormente, de
forma a abranger a compra, fabricação, construção e teste de funcionamento. No
planeamento de um projeto destes, as equipas de projeto determinam os níveis técnicos
(funcionalidades e desempenho) da fábrica e dos equipamentos requeridos, juntamente
com os níveis de disponibilidade (fiabilidade, manutabilidade, etc.), e define os orçamentos
e prazos para os conseguir.
Para Bufferne (2006), o pilar do controlo inicial tem dois objetivos principais:
31
• Manutenção autónoma: redução do risco de sujar, acessibilidade para inspeção e
limpeza, a definição clara de normalidade, visualização e redução do risco de
erro;
2. Reduzir:
Suzuki (1994) refere que nas indústrias de processo, o efeito do equipamento nas
características da qualidade é muito importante, por isso, é fundamental clarificar as
relações entre qualidade do produto e as condições de processo necessárias à produção do
produto perfeito.
• Diagrama de Ishikawa
32
As ramificações do diagrama (Figura 9) que se obtém para cada causa, resultam da
tentativa de responder sistematicamente a pergunta Porquê.
Trata-se de uma ferramenta extremamente útil para analisar processos e situações, e para
desenvolver um plano de recolha de dados. O diagrama de Ishikawa é a representação de
vários elementos (causas) de um sistema, que podem contribuir para um dado problema
(efeito).
O diagrama constitui um método ou uma ferramenta que nos permite abordar problemas
quando se colocam as seguintes perguntas (Mizuno, 1988, Barbara et al., 2003):
Convém realçar que a aplicação deste diagrama pressupõe que a Causa provável é toda
aquela que gera um determinado efeito e que o Problema é o efeito que constitui um
elemento mensurável.
33
Tabela 7 – Algumas particularidades do diagrama de Ishikawa
34
O TPM nos escritórios (ou nas atividades de suporte) deve ser acompanhado para melhorar
a produtividade e a eficiência nas funções administrativas, fortalecendo o funcionamento
dos departamentos e melhorando a cultura e organização dos mesmos.
Suzuki (1994) apud Bufferne (2006) referem-se a esses departamentos como fábricas de
informação, cujas principais funções são: recolher, processar e distribuir informação. Esta
deve ser facilmente acessível, útil, precisa, rápida e fácil de usar. Nestas “fábricas” a
informação é o produto, as máquinas são os procedimentos e o ambiente de trabalho é
composto por escritórios e equipamentos.
35
Tabela 8 – As 12 etapas para implementação do TPM
Fases Nº Etapas
1 Declaração da gestão de topo para a implementação do TPM
2 Formação e campanha de divulgação para a introdução do TPM
Preparação 3 Estrutura de implementação do TPM
4 Definição de objetivos e metas
5 Elaboração de um plano diretor para a implementação do TPM.
Introdução 6 Início do programa do TPM
7 Melhoria individualizada do rendimento de cada máquina
8 Estruturação da manutenção autónoma
Estruturação da manutenção programada para o departamento de
Implementação 9
manutenção
10 Formação e treino
Estruturação do programa para o controlo inicial dos
11
equipamentos
Consolidação 12 Execução total do TPM
Para Willmot & McCarthy (2001) a fase de preparação é crítica para garantir que o
programa de TPM está adaptado às especificidades da área. Esta fase começa com o
anúncio da gestão de topo, dando todo o seu apoio à implementação do TPM na empresa, e
termina quando a execução de um plano mestre de desenvolvimento estiver formulado.
36
Depois de aprovado o plano, acontece o arranque do programa do TPM. O pontapé de
saída deve ter o desígnio de cultivar uma atmosfera que eleve a moral e inspire a
dedicação. Suzuki (1994) relata que no Japão, este arranque, é muitas vezes uma reunião
geral da empresa para a qual são convidadas empresas clientes, filiais e subcontratadas. A
Gestão de Topo confirma o seu comprometimento com a implementação do TPM e
informa acerca dos planos desenvolvidos e dos trabalhos produzidos durante a fase de
preparação.
Segundo Suzuki (1994), na fase de consolidação, as atividades TPM não devem parar
porque promovem a melhoria contínua e já estão interiorizadas na cultura da empresa. A
abordagem sistemática do TPM facilitará a consolidação.
Pinto (2002) refere que a metodologia de implementação deve ser ajustada, caso a caso, à
atividade, dimensão e cultura da empresa em que se pretenda implantar.
37
fiabilidade e disponibilidade dos equipamentos, da redução das variações de produção
decorrentes do desgaste e avarias nos equipamentos e pela diminuição da manutenção
curativa.
2.5. 5S´S
O chamado 5S’s é uma ferramenta muito utilizada no processo de implementação do Lean
Thinking. Surgiu no Japão, no momento em que se procuravam métodos para ajudar a
reconstruir o país depois da guerra.
Os objetivos principais desta ferramenta são: melhorar a qualidade dos produtos e/ou
serviços; melhorar o ambiente de trabalho e de atendimento ao cliente; melhorar a
qualidade de vida dos funcionários; educar para a simplicidade de atos e ações; maximizar
o aproveitamento dos recursos disponíveis; reduzir gastos e desperdícios; otimizar o
espaço físico; reduzir e prevenir acidentes; melhorar as relações humanas e aumentar a
autoestima dos funcionários. Observa-se que estes objetivos estão na sequência do conceito
de Lean Thinking.
38
É uma ferramenta que visa a organização e padronização do espaço. Corresponde a cinco
palavras japonesas iniciadas com som “s” (Womack e Jones, 2003);
• 3ºS - Seiso (senso de limpeza) – Manter o local o mais limpo possível, com todos
os componentes nos respetivos locais;
39
Os estudos sistemáticos realizados por Shingo foram descritos no seu livro “SMED -
Revolution in Manufacturing” onde descreve algumas técnicas que auxiliam na
metodologia e oferece diversos exemplos de aplicações do SMED em empresas.
40
3. DESENVOLVIMENTO
PRÁTICO
Neste capítulo será apresentada toda a componente prática das ferramentas de melhoria
contínua abordadas anteriormente. Inicialmente será exposto o equipamento em estudo,
assim como todos os elementos e funções que o constituem. Posteriormente, são descritas
as fases de implementação de cada ferramenta de forma a alcançar os objetivos
estabelecidos.
41
Figura 12 – Serrote Mecânico Alternativo
• Bancada
É o elemento que serve de base aos demais elementos. Pode variar em forma e tamanho,
normalmente construída em ferro fundido e com suportes para o apoio da cabeça que
contém o arco para a lâmina, maxila e o conjunto de potência. Tem, normalmente, uma
bandeja apropriada para a recolha do refrigerante e, no seu interior, um tanque grande,
dividido em secções, de forma a criar o fenómeno de decantação.
42
• Mecanismo Motriz
Este mecanismo é composto geralmente, por um motor que por meio de polias chanfradas
e as correspondentes correias em V, transmitem movimento para o eixo primário de uma
caixa de engrenagens de duas ou mais velocidades. À saída da caixa encontra-se um
sistema biela-manivela, que transmite o movimento de vaivém por meio da ligação do
arco, onde a lâmina está fixada, à biela.
O arco é um elemento essencial e característico, uma vez que serve tanto para dar o
movimento de corte na serra, arrastando-o sobre o seu movimento vaivém, de forma a dar
o movimento de avanço a descer contra a peça de trabalho, Figura 14. Deve ter dimensões
tais que não se deforme e que não coloque tensão na serra durante a operação de corte.
A velocidade é obtida a partir da caixa de velocidades, tratando-se de uma máquina de
movimento alternativo, acionado pelo mecanismo de biela-manivela e tendo uma
velocidade variável ao longo do seu percurso.
• Estrutura do Arco
É muito importante para a obtenção de um bom trabalho (corte reto e vertical) para evitar a
quebra e desgaste prematuro da serra, de forma a deslizar suavemente pelas guias, mas
perfeitamente guiado e livre.
43
Uma questão muito importante é fazer com que a lâmina se movimente paralelamente ao
arco, por isso, é importante que as fixações da lâmina estejam perfeitamente alinhadas com
o arco. Isto é verificado com um manómetro ou com um comparador.
• Avanço
O avanço é muito importante porque deve obrigar a serra a penetrar na matéria-prima com
força suficiente para impedir o deslizamento e que cada dente corte a sua porção
correspondente.
O mecanismo de avanço pode ser dos seguintes tipos: um único peso (contrapeso), que
pode ser fixado num determinado ponto do arco, fuso roscado trapezoidal e avanço
hidráulico.
• Mordaças Ajustáveis
44
• Sistema de Refrigeração
Uma vez que os dentes da serra são relativamente pequenos, estes podem ser obstruídos
com pequenas aparas, produzidas no corte, caso permaneçam aderidas à serra. Para evitar
isso, o refrigerante usado deve ser pouco espesso. A água é o refrigerante ideal, mas, por
causa da oxidação, é necessário adicionar substâncias que eliminem este problema. Em
linguagem de oficina, é muitas vezes chamado de fluido refrigerante verde, pois esta é a
cor que adquire na mistura.
Nas serras de maiores dimensões, e para o corte de aços, são utilizados com vantagem,
óleos de corte especiais que, para além de arrefecer tanto como o fluido de refrigeração
normal, têm maior capacidade de lubrificação.
45
3.2. CARACTERIZAÇÃO DO ESTADO ATUAL
De uma forma global, o posto de trabalho em análise encontra-se desorganizado, em mau
estado de limpeza, com índices de falta de manutenção e sem qualquer tipo de
procedimentos, como se pode verificar na Figura 17.
Seguindo a metodologia TPM o primeiro passo passou por utilizar a ferramenta 5S's, de
modo a compreender o estado em que se encontra o equipamento.
46
utilizadores estejam dispostos a fazer desta ferramenta uma cultura de trabalho e não uma
obrigação.
A primeira etapa desta ferramenta passou por remover tudo aquilo que era desnecessário
do posto de trabalho, deixando apenas as ferramentas necessárias para a operação. Na
Figura 18, podemos observar alguns materiais passíveis de serem eliminados (partes de
chapas em diferentes locais) e ferramentas fora do local adequado, pois trata-se de
instrumentos úteis para o equipamento (pincel e almotolia).
A segunda etapa passou por definir um local apropriado para guardar as ferramentas e
utensílios, de modo a facilitar o seu uso e a sua arrumação. A melhor solução passou por
colocar um quadro em madeira junto ao equipamento, Figura 19.
47
Figura 19 – Quadro de Apoio ao Posto de Trabalho
48
Na Figura 21, podemos observar a definição e marcação das áreas para alocar ferramentas
e utensílios, tendo em conta a proximidade do equipamento, de forma a evitar desperdícios
de movimento, assim como, a configuração do equipamento para operar de forma
adequada.
49
Figura 22 – Estado inicial de limpeza do equipamento
Após esta tarefa e o equipamento estar seco, este foi pintado, incluindo alguns elementos
móveis, por forma a melhorar a deteção de qualquer fuga que pudesse existir no sistema.
50
Na Figura 24 podemos visualizar o antes e o depois desta etapa.
Com estas duas tarefas foi possível detetar várias falhas no sistema que poderão colocar em
causa o bom funcionamento do equipamento e reduzir o seu tempo de vida útil.
51
Figura 25 – Identificação de anomalias no equipamento
Todas estas anomalias foram alvo de análise para tentar perceber a raiz das suas causas,
com ajuda de uma ferramenta da qualidade denominada por diagrama de Ishikawa ou
também como Espinha de Peixe ou Causa e Efeito. Na prática, este diagrama é uma
ferramenta muito orientada para a resolução de problemas, dando especial ênfase às
possíveis causas dos mesmos, como apresentado na Figura 26. Esta permite também
visualizar as causas principais e secundárias de um problema, ampliar a visão das possíveis
causas de um problema, através da análise e identificação de soluções e para gerar
melhorias nos processos. A elaboração deste diagrama teve a colaboração dos técnicos do
laboratório das oficinas mecânicas, devido a terem conhecimento do histórico do
equipamento em relação ao modo de interação até à data e o tipo de manutenção a que tem
sido sujeito o equipamento, facilitando assim o processo de análise de descobrir e
compreender a origem dos problemas.
52
Figura 26 – Diagrama Causa e Efeito
Esta representação gráfica das possíveis causas de uma anomalia é um instrumento muito
importante para estudar os fatores que determinam os resultados que desejamos obter
(processo, desempenho, oportunidade), assim como as causas de problemas que devem ser
evitados (defeitos, falhas, viabilidade).
Todas as causas representadas no diagrama foram alvo de observação, criando condições e
padrões de trabalho de modo a solucionar a origem destas. Podemos observar este estudo
mais à frente neste trabalho. Como referido atrás, estas anomalias foram corrigidas de
imediato e só depois passíveis de análise na procura e identificação das fontes de origem
das causas dos problemas.
No geral, deve-se a pequenas fugas de óleo, devido à forte deterioração das juntas de
vedação e inexistência de reaperto dos elementos de fixação, Figura 27. Na Figura 28,
poderemos observar algumas dessas correções, de forma a aumentar a fiabilidade e a poder
estabelecer as condições básicas do equipamento.
53
Figura 28 – Correção de pequenas falhas no sistema
Esta oportunidade de melhoria surge de uma lacuna do próprio fabricante em ter apenas
dois pontos de escoamento muito próximos um do outro, ou por erro de nivelamento a
quando da instalação física do equipamento no local de trabalho. Dessa forma, entendeu-se
abrir um novo ponto de escoamento numa zona de grande acumulação de fluido de corte.
Além de facilitar a drenagem, permite também simplificar o processo de limpeza da
bancada e evitar a necessidade de adicionar por vezes fluido de corte ao respetivo depósito.
Na Figura 29, pode-se ver a situação anterior e a atual, com as respetivas fases de
implementação.
1
Anexo A - Plano de Ações na implementação do TPM
54
Figura 29 – Melhoria do escoamento do fluido de corte na bancada
55
Figura 30 – Colocação de proteção em borracha
Na Tabela 10, podemos observar que pelo processo atual foi possível otimizar o tempo de
operação em 50% do tempo inicialmente necessário para realizar esta atividade.
56
Tabela 10 - Análise comparativa dos tempos de limpeza da bancada entre os dois processos
Tendo em conta que se encontram vários elementos vitais no interior da bancada passíveis
de ser inspecionados periodicamente, de modo a manter as condições básicas para o
correto funcionamento do equipamento e, atendendo à grande complexidade em realizar as
tarefas de inspeção, desencadeou-se uma ação de melhoria para este grupo de
componentes.
A ação de melhoria prendeu-se com a substituição de uma das duas tampas de ferro
fundido por uma placa em policarbonato, de forma a criar gestão visual para o operador,
conseguindo assim, diminuir os tempos de inspeção e aumentar a rapidez de resposta na
ocorrência de anomalias. Sendo esta melhoria um grande progresso, mas ainda não o
satisfatório, sugeriu-se colocar um nivelador de óleo no depósito do fluído de corte, de
modo a melhorar a tarefa de inspeção do nível do fluído de corte. Além destes
aperfeiçoamentos, substituíram-se também os elementos de fixação por outros
componentes capazes de desempenhar a função de aperto/desaperto sem a necessidade do
uso de uma ferramenta, a qual reduziu significativamente os tempos de operação (Tabela
57
11). Na Figura 33, podemos observar o antes e o depois da implementação das melhorias
abordadas anteriormente.
Na Tabela 11 é feita uma análise comparativa dos tempos de intervenção para realizar as
tarefas de inspeção pelo processo anterior e atual.
58
Tabela 11 – Análise comparativa do tempo de intervenção no processo atual e anterior
Uso
Sequência de passos a realizar Tempo
Ferramentas
Ter em posse as chaves de bocas, com a medida
correta para desapertar a tampa de ferro - 20 seg.
fundido e depósito.
Processo Anterior
caso necessário
Inspecionar correias de transmissão, bomba de
Não 30 seg.
óleo, depósito de óleo
Apertar manípulos Não 10 seg.
Tempo Total 50 seg.
Concretizada a análise a ambos os processos, apura-se que pelo processo atual alcançou-se
uma percentagem na redução de tempo de operação relativamente ao processo anterior.
Além deste importante ganho, considera-se uma tarefa bastante mais prática, criando assim
no operador uma grande abertura para colaborar de forma eficaz nesta tarefa de inspeção.
59
Os documentos acima enunciados referem-se à instrução de equipamento, instrução de
trabalho, instrução de limpeza, plano de inspeção, lubrificação e limpeza, assim como,
outros documentos imprescindíveis para que as atividades desenvolvidas e ações futuras,
possam ter um fluxo de informação organizado e disciplinado entre os operadores e a
manutenção, de modo a precaver qualquer tipo de falha. Posteriormente é apresentada uma
breve explicação do conteúdo destes documentos.
2
Anexo B – Instrução do Equipamento
3
Anexo C – Instrução de Trabalho
60
Figura 35 – Parte da Instrução de trabalho
4
Anexo D – Instrução de Limpeza
61
Plano ILL5 – Plano pelo qual o operador se deve orientar para realizar as instruções de
inspeção, limpeza e lubrificação do equipamento, de forma a manter as condições ideais de
trabalho do mesmo.
5
Anexo E – Plano ILL
6
Anexo F – Registo de anomalias e oportunidade de melhoria
7
Anexo G – Etiquetas Vermelhas e Azuis
8
Anexo F – Registo da manutenção efetuada
62
Figura 38 – Registo e controlo da manutenção efetuada
63
Figura 40 – Etiqueta Vermelha e Etiqueta Azul
64
Detetar anomalia;
Independentemente de se tratar de uma ação TPM ou não, sempre que sejam detetadas
anomalias, este procedimento deve ser adotado.
65
Figura 41 – Disposição de toda a informação necessária no quadro
66
Em seguida, será apresentado o desenvolvimento das várias fases de implementação de
todas as oportunidades de melhoria identificadas.
Uma das melhorias apresentadas foi a substituição dos elementos de fixação do batente do
material a cortar por manípulos mais práticos, capazes de fazer a função pretendida de
forma manual com maior segurança e eficácia, Figura 42. A razão desta melhoria deve-se
ao facto do sistema de aperto anterior ter dimensões não compatíveis com os furos
roscados, tanto no acoplamento do veio principal como do próprio suporte que contém o
batente. A solução passou por abrir uma nova rosca nos furos de forma a alterar o tipo de
rosca anterior, inglesa, para rosca métrica.
67
Figura 43 – Otimização do sistema de aperto/desaperto das mordaças
68
Figura 45 – Exemplos de Aperto-rápido encontrados nas bicicletas
• Sistema de aperto
Parafusos de aperto existentes irão ser substituídos por um sistema parafuso mais
manípulo. O parafuso terá um comprimento de rosca suficiente para que não haja
desperdício de tempo aquando do aperto/desaperto;
As mordaças (ou apoios) da serra de corte terão que ser fabricadas novamente
devido ao facto de a rosca existente ser inglesa, algo já ultrapassado e de muito pouco
uso, passando para uma rosca métrica;
69
Os pinos do guiamento das mordaças também terão que ser novos, pelo simples
facto dos pinos do sistema atual estarem cravados nas mordaças e apresentarem
deformações, próprias do uso acumulado ao longo do tempo.
No caso do sistema de afinação da tensão da serra de corte, a solução adotada passou por
incorporar um elemento idêntico à ferramenta utilizada, Figura 49.a), chegando-se à
configuração apresentada na Figura 49.b).
Haste - serve de manípulo e contém duas posições. Na posição aberta, tem a função de
eliminar o uso da ferramenta mencionada anteriormente e, na posição fechada, de impedir
esta de embater na máquina quando o conjunto arco mais serra estiver no ponto mais
baixo, Figura 50.
70
a) b)
Porca - esta tem que ter um comprimento suficiente para se conseguir ligar o manípulo
através do processo de soldadura. Contudo, devido a esse mesmo comprimento, optou-se
por criar em ambas as extremidades da porca um formato cónico, para assim diminuir o
comprimento da rosca (reduzindo o tempo de aperto/desaperto), Figura 51.
Parafuso - este irá ser cravado numa das mordaças e terá como função servir de tensor
para a serra de corte. As alterações a realizar serão a mudança de rosca inglesa para rosca
métrica e o comprimento da rosca (no sistema anterior este era elevado causando um
desperdício de tempo no aperto/desaperto), Figura 52.
71
Segue abaixo uma representação esquemática das várias etapas de montagem/substituição
da serra de corte.
Na Tabela 12, é feita uma análise comparativa dos tempos de substituição na serra de corte
pelo processo atual, e os tempos previstos para a solução de melhoria apresentada.
Observando os dados na mesma tabela, prevê-se com esta implementação de melhoria um
ganho de dois minutos e quinze segundos.
72
Tabela 12 – Análise comparativa dos tempos de intervenção segundo os diferentes processos
Por último, foi apresentada uma oportunidade de melhoria para a estrutura do suporte do
batente, com o intuito de conservar o equipamento. Na Figura 54, podemos observar o
objetivo da implementação desta melhoria.
73
De seguida é descrita detalhadamente a melhoria que foi estudada:
3.3.6. AUDITORIAS
A melhor condição para avaliar e monitorizar as implementações do programa de
manutenção autónoma, é a realização de auditorias ao posto de trabalho periodicamente, de
forma a confirmar e orientar o estado de resultados obtidos, assim como, uma oportunidade
para definir novas metas e propor novas melhorias. Em relação ao trabalho desenvolvido,
74
foi também preparado um documento, de modo, a poder realizar uma auditoria9 em
períodos delineados.
9
Anexo I – Registo para Auditoria
75
4. CONCLUSÕES
O TPM é também vantajoso para os operadores, uma vez que, através de formação em
TPM e em manutenção, beneficiam de um reforço das suas competências técnicas e
organizacionais.
76
A metodologia do TPM requer alguns “gastos”, nomeadamente financeiros para
possibilitar a implementação de algumas melhorias no equipamento, na zona envolvente,
ou ao nível de tempo, para que os operadores executem as operações de manutenção
autónoma, ou receberem formação. Estes “gastos” não são um prejuízo para a organização
mas sim um investimento que ao fim de algum tempo é recompensado, pelo que, o que
inicialmente aparenta ser uma desvantagem, no final traduz-se numa vantagem.
77
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d'Órganisation, 2006. – ISBN10: 2708137239.
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Inc.
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estratégico. 2ª edição. Brasil: Atlas.
Cabral, José Paulo Saraiva, Organização e Gestão da Manutenção, 4ª Edição, Lidel.,
Lisboa, 2004
Ishikawa, K. (1985). What is Total Quality Control?, Prentice-Hall Inc., Englewood Cliffs,
NJ.
McCarthy, Dennis & Rich, Nick, Lean TPM a blueprint for change, 6ª ed. Amsterdam,
Elsevier Butterworth-Heinemann, 2004. ISBN10: 0750658576.
78
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Resolução de Problemas. Apontamentos da Disciplina de Sustentabilidade e Impactes
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(SMED): análise crítica e estudo de caso. Gestão de Produção, 323-335.
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Instituto Superior Técnico, Portugal.
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The productivity development team, OEE for operators; Shopfloor Series; 1999.
Tajiri, Masaji e Gotoh, Fumio. 1992. TPM Implementation - A Japanese Approach. [ed.]
Gail F. Naven. Nova Iorque : Mc Graw-Hill, Inc, 1992. ISBN 0-07-062834-3.
79
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Womack, James; Jones, Daniel: 2003. Lean Thinking: Banish Waste and Create Wealth in
Your Corporation. 2ª ed. UK: Free Press Business.
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The World – How Lean Production Revolutionized the Global Car Wars. UK: Simon &
Schuster.
Willmott, Peter & McCarthy, Dennis. TPM - A Route to World Class Performance. -
Butterworth - Heinemann, 2001. ISBN: 0750644478
Silva, José Pedro Amorim Rodrigues. OEE – A FORMA DE MEDIR A EFICÁCIA DOS
EQUIPAMENTOS. Website da Lean em Portugal. - Setembro de 2009.
http://leanemportugal.webs.com/artigoswhitepapers.htm.acesso 19 Junho 2012
80
ANEXOS
Anexo A – Plano de Ações na implementação do TPM
81
Anexo A. Plano de Ações do TPM
Plano de ações estabelecido no início da implementação da ferramenta TPM.
82
83
Anexo B. Instrução de Trabalho
Descrição, passo a passo, de todas as etapas necessárias a realizar pelo operador na
utilização do equipamento para a operação de corte.
84
85
86
Anexo C. Instrução do Equipamento
Descrição da função de cada elemento constituinte do serrote mecânico alternativo, com
reforço visual para facilitar o seu reconhecimento e localização.
87
88
89
90
Anexo D. Instrução de Limpeza
Descrição do procedimento de limpeza para cada elemento do equipamento, assim como,
as ferramentas e os EPI´S a utilizar em cada um dele.
91
92
93
Anexo E. Plano ILL
Plano pelo qual o operador se deve orientar para realizar as instruções de inspeção, limpeza
e lubrificação do equipamento, de forma a manter as condições ideais de trabalho do
mesmo.
94
95
96
97
Anexo F. Registo de anomalias e oportunidades de
melhoria
Registo mútuo entre os operadores da produção e manutenção, de modo a poder registar e
acompanhar o estado das não-conformidades e oportunidades de melhoria identificadas,
segundo as responsabilidades afetadas a cada área.
98
99
Anexo G. Etiquetas Vermelhas e Azuis
Estas etiquetas servem para os operadores registar as não-conformidades identificadas. As
etiquetas vermelhas referem-se a não-conformidades que não podem ser resolvidas pelos
próprios operadores. As etiquetas azuis são para registo de não-conformidades de simples
correção e que podem ser efetuadas pelo operador.
100
101
Anexo H. Registo da manutenção efetuada
Este documento serve para registar todas as manutenções efetuadas no equipamento,
segundo o planeamento definido no plano ILL.
102
103
Anexo I. Registo para Auditoria
Documento a ser utilizado por um auditor durante uma auditoria ao local de trabalho, com
o intuito de poder observar e avaliar os itens fundamentais. Além disso, poderá corrigir
desvios nos padrões definidos na implementação das ferramentas de melhoria e sugerir
oportunidades de melhoria depois de um pequeno diálogo com o operador.
104
105
106