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Casos Práticos Interpretação Resolvidos

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CASOS PRÁTICOS

FONTES DO DIREITO E INTERPRETAÇÃO JURÍDICA

CASO 1 – ADEPTO BENFICA

Tomás, adepto fervoroso do Benfica e sócio n.º 999, desde longa data assiste aos
jogos do seu “Glorioso” com o grande amigo Nélson. Em dia de derby na Luz, com a
emoção do jogo, sentiu-se mal e foi-lhe diagnosticada uma doença grave, tendo os
médicos previsto que teria apenas três meses de vida. Ao saber desta pavorosa notícia,
Tomás decidiu fazer um testamento público em Janeiro de 2009, do qual constava uma
disposição a favor de Nélson com o seguinte teor: “Lego ao meu amigo Nelson a minha
camisola autografada pelo Eusébio, no caso de o Benfica ser campeão nacional este
ano.”

 Pretende-se saber em que situações Nelson deve ficar com a camisola do


Eusébio. Para tal, devemos interpretar a deixa testamentária onde se
dispõe “no caso de o Benfica ser campeão nacional”. Neste caso em
concreto, não podemos olhar apenas ao elemento literal (à letra da lei).
 O elemento literal (palavras em que a lei se exprime) parece que aponta
para campeão nacional de qualquer modalidade desportiva. No entanto,
há que observar também o elemento lógico, composto pelos elementos:
sistemático (conjunto de normas em que a lei a interpretar se insere –
previsto no nº 1 do artigo 9º do CC – “…tendo em conta a unidade do
sistema jurídico..”), histórico (circunstancias temporais que rodearam a
feitura da deixa testamentária - previsto no nº 1 do artigo 9º do CC – “…
circunstâncias em que a lei foi elaborada…) e teleológico (finalidade da
norma – previsto no nº 3 do artigo 9º do CC). Neste caso, é importante o
elemento histórico, pois Nelson acompanhou, durante largos anos, o seu
amigo Tomás nos jogos de FUTEBOL do Benfica. Interessa também o
elemento teleológico ou fim concreto que a deixa testamentária visa
satisfazer, visto Tomás pretender partilhar com o seu amigo, depois da
sua morte, a alegria do Benfica ser campeão nacional de futebol nesse
ano, dando-lhe a camisola de Eusébio, conhecido jogador de FUTEBOL.
 Desta forma, verifica-se uma desarmonia entre a letra e o espirito da lei,
pois enquanto o elemento literal aponta para “Benfica campeão nacional
de qualquer modalidade desportiva”, o elemento lógico aponta para
“Benfica campeão nacional de FUTEBOL”. Por isso, fazendo uma
interpretação restritiva da deixa testamentária, isto é, limitando a letra da
lei por consideração do elemento lógico, chegamos ao seu sentido real,
que consiste na verificação da condição no caso do Benfica ser campeão
nacional de futebol.
 Conclui-se então que Nélson tem apenas direito à camisola, no caso da
morte do seu amigo, caso o Benfica seja campeão nacional de futebol.

CASO 2 – POLÍCIA ZELOSO

Imagine que um polícia multava Tomás, paramédico, por este entrar com uma
ambulância num parque, porque a mesma tinha uma placa à entrada que proibia a
entrada de veículos no parque. Estava Tomás proibido de entrar no parque?
Suponha agora que o mesmo zeloso polícia multava igualmente Vicente, que
havia entrado no mesmo parque montado numa trotinete elétrica. Que argumentos podia
o jovem aduzir para demonstrar que estava permitido entrar no parque? Imagine que
Vicente consultava um professor de Direito sobre a questão, que emitia um parecer
sobre o assunto — que valor deverá ser atribuído a este parecer?

 Relativamente a Tomás, paramédico. O elemento literal parece que


aponta para uma proibição de todas e quaisquer viaturas ao parque, não
havendo distinção entre as mesmas. O problema linguístico neste caso
em específico é a palavra veículos, pela componente pragmática (parte da
linguística que estuda o uso das palavras, frases e restante linguagem,
tendo em conta as relações entre os interlocutores e a influência do
contexto). Se olharmos ao elemento teleológico (finalidade da norma –
previsto no nº 3 do artigo 9º do CC), conseguimos interpretar que a
mesma tem por fim criar um ambiente mais calmo para a permanência e
circulação de pessoas. Tendo em conta que Tomás é paramédico e,
estando a conduzir uma ambulância, podemos deduzir que está em
serviço, com vista a socorrer os frequentadores do parque que tenham
eventualmente necessidade de assistência médica. Podemos fazer assim
uma redução teleológica, restringindo a letra da lei para além do
significado literal possível com base numa nova consideração do
elemento teleológico, e afirmar que Tomás poderia ter acesso ao parque
no âmbito da sua profissão.
Podemos concluir que o “legislador” utilizou uma linguagem
sobreinclusiva.
 Relativamente a Vicente, e olhando novamente ao elemento teleológico,
verificamos que a norma tem como finalidade impedir a entrada de
viaturas que perturbem outros cidadãos pela sua circulação ou ruído.
Podia então Vicente aduzir que a trotinete por ser elétrica e pela sua
dimensão reduzida não perturbaria com grande impacto os seus
concidadãos frequentadores do parque. (Problema linguístico » textura
aberta) (Se não tivesse motor podíamos considerar que não era veículo?)
(Trotinete elétrica » zona de incerteza?) (Interpretação restritiva)
 O professor faria apenas uma interpretação doutrinal do preceito. Esta
modalidade de interpretação quanto ao critério da fonte ou valor não tem
caracter vinculativo para os outros (sem eficácia externa), mas vale
apenas pela força dos argumentos invocados e pelo prestígio da pessoa
que a efetua.

CASO 3 – BARRIGA DE ALUGUER

De modo a cumprir o seu maior sonho — ser mãe —, Maria, que tem um
problema no útero, acordou com Paula que esta seria “barriga de aluguer” de um seu
óvulo. Porém, Paula, após ter dado à luz e por ter criado uma forte relação emocional
com a criança, registou o bebé na Conservatória do Registo Civil de Alvalade como seu
filho.
Maria, de cabeça perdida com o sucedido, ameaçou processar Paula por
considerar ser a verdadeira mãe biológica do recém-nascido (que, aliás, «tinha
notoriamente o nariz de Maria»). Em resposta, Paula, que se havia aconselhado com
primo que se tinha licenciado em Direito nos anos 80, fez ver a Maria que nada temia,
visto que segundo o seu primo, o Código Civil conteria uma preceito de acordo com o
qual “mãe biológica é aquela que dá à luz”. Pressupondo a existência da norma
extraível do anterior enunciado, responda às seguintes questões:
a) Quem é a mãe biológica?
b) Se este caso chegasse a tribunal o que poderia o juiz fazer?
c) Imagine que existia uma lei, mais recente, mas que nada tinha que ver com a
determinação da maternidade e que continha uma formulação normativa de
acordo com a qual “o conceito de mãe biológica deveria ser determinado em
função da relação de sangue”.

a) O problema linguístico inerente a este caso, prende-se com a expressão “mãe


biológica”. Temos um problema de semântica, mais concretamente de
ambiguidade, por não sabermos ao certo quais as caraterísticas que definem
“mãe biológica”.
Olhando ao elemento literal, isolando a expressão “mãe biológica”, temos que
seria Maria a mesma, por partilhar os mesmos elementos genéticos que o recém-
nascido. No entanto, olhando para a expressão inserida na norma, é Paula
inequivocamente a “mãe biológica” por ter dado à luz. Olhando ao elemento
teleológico, verificamos que a finalidade desta norma seria proteger os interesses
da parturiente, pelas dificuldades atravessadas durante o período de gestação e
consequente parto.
Chegávamos então a uma interpretação corretiva, por a norma ir contra o
princípio da justiça, algo que é proibido pelo nosso ordenamento jurídico (artigo
8º do CC, em função do princípio da separação de poderes.
DP161122 – Resolução Prof: Problema expressão mãe biológica - Textura
aberta?
b) Neste caso, o juiz poderia equacionar a eventual possibilidade de um
desenvolvimento judicial superador da lei por recurso a princípios jurídicos,
como o princípio da justiça.

c) Olhando ao elemento literal a expressão a analisar é agora “relação de sangue”.


Mais uma vez, por não sabermos as caraterísticas que definem a mesma, temos
um problema de semântica, mais concretamente, de ambiguidade. Apesar de, e
atendendo ao elemento sistemático, segundo o qual o preceito de acordo com o
qual “mãe biológica é aquela que dá à luz”, subordinar-se-ia à formulação
normativa de acordo com a qual “o conceito de mãe biológica deveria ser
determinado em função da relação de sangue”, podíamos considerar relação de
sangue a relação entre Paula e o recém-nascido, pela ligação física durante o
período de gestação. Chegávamos mais uma vez a uma interpretação corretiva,
por a norma ir contra o princípio da justiça, algo que é proibido pelo nosso
ordenamento jurídico (artigo 8º do CC, em função do princípio da separação de
poderes.) (elemento sistemático)

CASO 4 – ENTRADA ESTÁDIO FUTEBOL

Na sequência de desacatos ocorridos, em Abril de 2009, no Estádio da Boa


Ventura, que levaram a violentas agressões entre membros das diferentes claques, foi
publicado o Decreto-Lei n.º 21279 com o seguinte teor: “É proibida a entrada em
estádios de futebol com quaisquer objectos contundentes”.
a. Um mês depois, num jogo de futebol entre o Benfica e a Naval, nove
agentes da Polícia de Segurança Pública, encarregados de vigiar o encontro,
pretendem entrar no Estádio da Luz com pistolas e cassetetes.
b. Por sua vez, Ricardo também quer entrar no estádio com uma garrafa de
vidro de água com capacidade de um litro e meio.
c. Imagine agora que, em sequência à alteração legislativa, se continuou
sempre e em todos os estádios portugueses a entrar com garrafas de água de
vidro.
Quid iuris?
Temos uma norma que estabelece a proibição de entrada nos estádios de futebol com
“quaisquer objetos contundentes”. É esta expressão que importa interpretar para as
situações em causa.
a) Para determinarmos se a norma do DL nº 21279 também se aplica aos agentes
da PSP convém analisar os elementos da interpretação.
O elemento literal (palavras em que a lei se exprime) refere-se a objetos
contundentes, ou seja, refere-se a quaisquer objetos duros e pesados que possam
causar ferimentos, impedindo, por isso, a entrada nos estádios de futebol de
todas as pessoas que transportem os mesmos.
Temos de atender ao elemento histórico (circunstancias temporais que rodearam
a feitura da deixa testamentária - previsto no nº 1 do artigo 9º do CC – “…
circunstâncias em que a lei foi elaborada…), devido à referencia que o DL foi
aprovado “na sequência de desacatos”, e o ao elemento teleológico (fim visado
pela pessoa que elaborou a lei – previsto no nº 3 do artigo 9º do CC) – indica
que a norma pretende evitar ferimentos entre os adeptos na sequência de
eventuais tumultos. Assim, a proibição de acordo com o elemento lógico parece
abranger a entrada de objetos suscetíveis de causar agressões entre adeptos, que
é dizer, das pessoas que com eles possam causar essas agressões.
Deste modo, verifica-se uma desarmonia entre a letra e o espirito da lei, pois
enquanto o elemento literal aponta para a proibição da entrada nos estádios de
todas as pessoas que transportem objetos contundentes, o elemento lógico limita
a proibição apenas às pessoas que possam causar desacatos. Por isso, deve-se
fazer uma interpretação restritiva do DL, isto é, deve-se limitar a letra da lei, por
consideração do elemento lógico, para assim obtermos o seu sentido real, que
consiste em apenas impedir a entrada nos estádios de futebol com objetos
contundentes os sujeitos que com eles possam causar distúrbios.
Por estes motivos, conclui-se que os agentes da PSP, enquanto garantes da
ordem nos estádios de futebol, não estão abrangidos pelo âmbito de aplicação da
proibição.

b) Quanto à situação de Ricardo, importa determinar se a garrafa de água com


capacidade de um litro e meio pode ser considerada um objeto contundente. Para
responder a esta questão, convém, referir desde logo que a expressão “objetos
contundentes” apresenta um grau de imprecisão que nos leva a considerar que
está em causa um conceito indeterminado. Estes conceitos, que se caraterizam
pela utilização de palavras ou expressões, genéricas, vagas ou imprecisas, são
utilizados pelo legislador normalmente para permitir uma maior adaptabilidade
da solução legal às circunstâncias do caso concreto, sendo, por esses motivos,
carecidos de um preenchimento valorativo (de cariz objetivo) por parte do
aplicador do Direito.
Deste modo, e tomando por base este pressuposto, importa analisar os elementos
da interpretação. Quanto ao elementos literal, significando objetos contundentes
“objetos duros, pesados, que causam contusão”, não se duvida que, nesta
situação em particular, tal garrafa é suscetível de causar estes danos, com a
agravante de que se pode partir e originar, por esse facto, prejuízos ainda mais
graves. Quanto ao elemento lógico, tal como já foi referido, a lei pretende evitar
ferimentos entre os adeptos na sequência de eventuais distúrbios. Assim,
verifica-se que a letra e o espírito da lei estão em consonância ( legislador
exprimiu-se de modo adequado a abranger estes objetos), e, por isso, fazendo
uma interpretação declarativa (média da norma), chega-se à conclusão que esta
se aplica à situação de Ricardo, razão pela qual ele não pode entrar no estádio
com a garrafa de água.

c) (Costume?)

CASO 5 – PROTEÇÃO PRIVACIDADE REGISTO

Admita que a correcta interpretação de certo artigo algo ambíguo do Código do


Registo Civil parece permitir aos advogados a requererem quaisquer certidões relativas
aos seus clientes. Porém, em face da ambiguidade da formulação normativa, a Direcção-
Geral dos Registos e Notariado, excessivamente preocupada com a protecção da
privacidade da vida dos cidadãos, emitiu uma circular determinando que os
conservadores e funcionários do registo civil só poderiam passar certidões a pedido dos
advogados caso estes apresentassem procuração ou autorização dos seus clientes que
especificamente lhes desse poderes para requerer o tipo de certidão em causa.
João, L. C. Advogado, insiste com um funcionário para que lhe passe a devida
certidão, o qual lhe responde que: «eu até concordo com o S’outor, mas ordens são
ordens!, não posso passar ao lado de uma circular da Direcção-Geral.» Que fazer?

Temos uma situação em que uma circular (um regulamento administrativo)


interpreta uma lei, limitando o seu conteúdo, pois a lei permite aos advogados
requererem quaisquer certidões relativas aos seus clientes é interpretada no sentido de
os funcionários só poderem passar certidões se apresentada autorização dos clientes. A
questão que se coloca aqui é a de saber o valor que tem tal interpretação por parte da
administração.
Estamos diante de uma interpretação oficial ou administrativa, aquela que é feita
por uma norma de valor inferior à interpretada, pois um regulamento interpreta uma lei.
Esta modalidade de interpretação, quanto ao critério da fonte ou valor, não tem um
caráter vinculativo ou eficácia externa, isto é, vale apenas no âmbito da hierarquia
administrativa (tem eficácia interna). Por isso, neste caso, o funcionário do Registo
Civil deve respeitar a circular da Direção-Geral, o que não impede, todavia, que o
advogado a venha a contestar em termos graciosos ou contenciosos.
Deste modo, verifica-se que o funcionário tem razão e João deverá recorrer
hierarquicamente ou contenciosamente da circular da Direção Geral dos Registos e
Notariado.

CASO 6 – MATERNIDADE DESVALIDA

Suponha que o Governo pretende proteger a maternidade desvalida, e, para tal,


cria um pacote legislativo, que inclui o Decreto-Lei n.º 21058 o qual contém uma
disposição com o seguinte teor: “As mães solteiras beneficiam de uma redução de 50%
no seu horário de trabalho nos seis meses posteriores ao parto”.
Imagine que Aida, recém-divorciada e mãe de uma criança de um mês, solicita à
sua empresa idêntica redução.
Quid iuris?
Coloca-se a questão de saber se Aida, mãe divorciada, deve beneficiar de redução no
seu horário de trabalho. Está em causa a interpretação da expressão “mães solteiras”
previstas no DL, e importa, também aqui, analisar os elementos da interpretação.
Começando pelo elemento literal, mães solteiras são aquelas que nunca casaram, pelo
que, fazendo uma interpretação da letra da norma, Aida não teria direito à redução.
Quanto ao elemento lógico, em particular o teleológico (fim da norma), o Governo
pretende proteger a maternidade desvalida com a criação desta norma, isto é, permitir
que mães com filhos recém-nascidos e que estejam sós nos primeiros momentos da
maternidade possam beneficiar de uma redução no seu horário de trabalho para cuidar
da criança.
Deste modo, verifica-se uma desarmonia entre o elemento lógico e o literal. O
legislador disse menos do que queria efetivamente dizer. Queria referir-se a todas as
mulheres sem companheiro depois do parto, mas referiu-se apenas às solteiras. Por isso,
devemos fazer uma interpretação extensiva do preceito, ou seja, estender a letra da lei
de molde a abranger também as mães divorciadas. Tal interpretação parece ter um
mínimo de correspondência na letra da lei (respeitando-se o nº2 do artigo 9º do CC),
pois muitas vezes se usa a expressão “solteira” no sentido de “descomprometida”.
Assim, verifica-se que Aida tem razão ao solicitar a redução do seu período de trabalho.

(Falta Nota)

CASO 7 - MILITARES

Suponha que o regulamento 119/09, estabelece no art. 9.º que “os militares
devem entrar e sair fardados das suas unidades” e que no art. 20.º se dispõe que “os
militares podem entrar e sair da sua unidade em traje civil”. Rúben, militar, tem
dúvidas em perceber o que fazer em face do conteúdo do regulamento.
Quid iuris?
Aqui devemos fazer uma interpretação ab-rogante (modalidade de interpretação quanto
ao critério do resultado da conjugação dos elementos literal e lógico), segundo a qual se
chega à conclusão que existe uma contradição insanável entre os elementos lógico e
literal, e que, por esses motivos, não se consegue retirar da norma qualquer sentido ou
significado.

CASO 8 – JARDIM ZOOLÓGICO

Gonçalo passeava alegremente no jardim zoológico quando, ao olhar para uma


jaula de tigres, lhe veio à ideia de que a vida dentro de uma jaula deve ser muito triste e
aborrecida. Foi assim, que com pena dos tigres, se lembrou de comprar uma garrafa de
aguardente para dar aos animais. Pelo menos por alguns momentos sob efeito da
aguardente, os tigres poderiam esquecer o cativeiro! André, tratador de animais,
deparou-se com Gonçalo a dar de beber a aguardente aos tigres num balde que arranjara
para esse efeito. Alertou então Gonçalo Francisco para uma placa colocada ao lado da
jaula na qual se podia ler o seguinte: “ É proibido dar comida aos animais”. Gonçalo
respondeu-lhe que tinha lido a placa, mas que ela não lhe dizia respeito, uma vez que
não estava a dar comida, antes estava a dar-lhes uma bebida.
1. André não sabe o que responder a Gonçalo, e pede-lhe a si o seu conselho.
2. Imagine que na referida placa se pode ler o seguinte: é proibido dar comida
aos animais, excepto por visitantes do Jardim Zoológico e por tratadores de
animais.
Quid iuris?

CASO 9 – CASA DE FÉRIAS ALBUFEIRA

A 10 de Maio de 2010, Joana vendeu a Ana Cristina, a sua casa de férias em


Albufeira (um T3 com 5 ano), pelo valor de 150 000 euros.
Dois meses depois, a vendedora intentou uma acção judicial contra Ana Cristina,
pedindo a anulação do contrato com fundamento em usura, invocando para tal que a
compradora se tinha aproveitado do seu estado mental de enorme alegria, (dado que na
noite anterior o seu grande Benfica se tinha sagrado campeão nacional ao vencer o Rio
Ave) para conseguir que o preço acordado fosse bastante mais baixo que o valor de
mercado do imóvel.
Ana Cristina contestou a acção invocando que a referência a “estado mental”
prevista no art. 282.º, n.º 1, do CC, não comporta os estados mentais positivos, mas
somente os negativos.
Quid iuris?

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