Penal Com Tarcila
Penal Com Tarcila
Penal Com Tarcila
Para aplicar o Regime Disciplinar Diferenciado (RDD), existem algumas regras importantes.
Primeiro, o preso precisa ter cometido um crime intencionalmente. No entanto, isso não é
suficiente. O ato criminoso também deve causar problemas na prisão, como tumultos ou
desordem. Essa perturbação é considerada prejudicial para a ordem e segurança da prisão.
Além disso, o preso deve representar um alto risco para a segurança da prisão ou até da
sociedade em geral. Isso significa que eles podem ser uma ameaça significativa para outros
presos, funcionários da prisão e até pessoas do lado de fora. O RDD também pode ser
aplicado a presos suspeitos de envolvimento em organizações criminosas, mesmo que não
tenham cometido um crime grave. Essa medida visa a lidar com presos ligados a atividades
criminosas organizadas.
O RDD pode durar até dois anos, e se o preso cometer outra falta grave semelhante, a sanção
do RDD pode ser repetida. Durante o RDD, o preso fica isolado em uma cela individual. As
visitas são permitidas a cada duas semanas, com regras rígidas para evitar o contato físico e a
passagem de objetos. Os presos também têm direito a um banho de sol diário, mas isso é feito
em grupos pequenos, para evitar que membros de gangues ou facções criminosas interajam.
Todas as conversas dos presos em RDD são monitoradas, exceto as com seus advogados.
Isso é feito em locais seguros para evitar que ocorra qualquer contato físico ou a passagem de
objetos, garantindo a segurança na prisão.
Ademais, é necessário instituir protocolos adequados de fiscalização para verificar a efetiva
realização do trabalho ou estudo. Esses critérios garantem não apenas a integridade do
processo de remissão, mas também que o benefício seja direcionado às pessoas que buscam
autenticamente se reintegrar na sociedade. Em síntese, a compreensão dos critérios e pré-
requisitos para a aplicação do Artigo 52 da LEP é imprescindível para promover uma
execução penal justa e efetiva.
Controvérsias e Críticas
Uma das principais controvérsias em torno do Artigo 52 é a falta de uniformidade na
aplicação da remição de pena. Críticos argumentam que a determinação dos critérios de
tempo remível é muitas vezes subjetiva e inconsistente, deixando espaço para interpretações
arbitrárias por parte das autoridades prisionais.
Outra crítica importante se relaciona à disponibilidade de trabalho e estudo nos
estabelecimentos prisionais. Muitos argumentam que, em muitas prisões brasileiras, a oferta
de oportunidades de trabalho e educação é insuficiente, o que prejudica a capacidade dos
condenados de cumprir os critérios estabelecidos pelo Artigo 52. Nesse sentido, o professor
Alexandre Salim, especialista em Direito Penal, destaca em sua análise acadêmica que a falta
de estrutura e recursos nas prisões dificulta a aplicação eficaz da norma, comprometendo seu
propósito de ressocialização. Além disso, há uma preocupação em relação aos indivíduos
mais vulneráveis e menos educados, que podem enfrentar dificuldades para se beneficiar do
Artigo 52. Em geral os doutrinadores enfatizam a necessidade de considerar a inclusão de
pessoas com baixa escolaridade ou analfabetismo ao analisar a aplicação da remição de pena
por meio do estudo.
Ademais, também é criticado por sua aplicação seletiva. Algumas prisões podem não oferecer
as mesmas oportunidades de remição de pena que outras, o que gera desigualdades entre os
condenados, dependendo de onde cumprem suas penas. Essa disparidade na aplicação da
norma vai contra o princípio da igualdade perante a lei e suscita preocupações sobre a justiça
do sistema prisional.
Embora o Artigo 52 da LEP tenha o mérito de buscar a ressocialização dos condenados por
meio do trabalho e do estudo, ele não está isento de controvérsias e críticas significativas.
Questões relacionadas à uniformidade na aplicação, disponibilidade de oportunidades,
inclusão de pessoas com baixa escolaridade e seletividade na aplicação levantam
preocupações legítimas sobre a eficácia e justiça desse dispositivo legal.
Conclusão
A questão do Regime Disciplinar Diferenciado (RDD) é de extrema relevância no contexto
do sistema prisional brasileiro, e seu impacto é sentido não apenas pelos presos, mas também
por toda a sociedade. Esta forma especial de cumprimento de pena, prevista no artigo 52 da
Lei de Execução Penal (LEP), tem como objetivo aplicar punições mais rigorosas para crimes
dolosos cometidos durante a execução penal, bem como para presos que apresentam alto
risco.
O RDD surgiu em resposta à crescente estruturação do crime organizado dentro das prisões
do Brasil e à necessidade de proteger a segurança dos que trabalham nos presídios e da
própria população carcerária. Esta análise aprofundada destacou como o RDD funciona, seus
objetivos, a aplicação e a quem se destina. O RDD é uma ferramenta que visa aprimorar a
segurança nas prisões, isolando presos de alta periculosidade, evitando a comunicação
externa prejudicial e impondo disciplina rigorosa.
No entanto, o RDD não é imune a críticas e controvérsias. Algumas das principais críticas
incluem a falta de uniformidade na aplicação, a insuficiência de oportunidades de trabalho e
estudo em algumas prisões, questões relacionadas à inclusão de pessoas com baixa
escolaridade e a percepção de seletividade em sua aplicação. Essas críticas levantam
preocupações legítimas sobre a eficácia e justiça do RDD, bem como sua conformidade com
os princípios do sistema penal brasileiro. Visto isso, o RDD é uma medida complexa que visa
a proteção e a disciplina no sistema prisional, mas não está isenta de controvérsias. Avaliar
continuamente sua eficácia e conformidade com os princípios legais é fundamental para
garantir um sistema penal mais justo e equitativo no Brasil. A análise abordou as questões-
chave relacionadas ao RDD e suas implicações, reconhecendo a importância de equilibrar a
segurança com os direitos dos presos.