A Prisão Preventiva
A Prisão Preventiva
A Prisão Preventiva
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das medidas cautelares em processo penal; O excesso de prisão preventiva pode ser revertido
por via de mecanismos legais que buscam a reposição da legalidade.
Para dar resposta ao problema levantado, definimos como Objetivo Geral “analisar
mecanismos para a liberdade pessoal e garantia fundamentais do cidadão nos casos de excesso
de prisão preventiva.”
Definimos como Objetivos Específicos:
• Descrever as medidas de coação aplicável ao arguido;
• Explorar os aspectos centrais da prisão preventiva no processo penal;
• Descrever as consequências do excesso de prisão preventiva.
Trata-se de uma pesquisa quali-quantitativa, que no qual requer um estudo exaustivo
da bibliografia, tal como a Legislação e da pesquisa de campo, utilizando para tal o método
indutivo dialético, também será utilizado questionários dirigidos ao funcionário da Comarca
de Viana.
Quanto às técnicas de pesquisa: adotou-se a pesquisas documentais, bibliográficas,
entrevista e pesquisa de campo. Pesquisa documental: seu estudo é dado com base em
documentos; tudo aquilo que pode ser registrado pode servir de objeto desta pesquisa; seu
objetivo é o registro de informações e a organização destas. Pesquisa bibliográfica: estudo
sistematizado desenvolvido por meio de material escrito, gravado ou filmado, de acesso ao
público em geral. Estudo de campo: investigação que coleta dados in loco, na qual se busca
informações sobre determinado objeto, a fim de comparar os dados coletados com o
referencial teórico sobre o dado.
Sobre o método de investigação: o presente baseou-se no método Dedutivo, por ser um
processo de análise de informação que nos leva a uma conclusão. Dessa maneira, no presente
trabalho, usa-se da dedução para encontrar o resultado final.
Classificação das Pesquisas: o presente trabalho adotou à uma pesquisa básica, por ser
uma pesquisa científica focada na melhoria das teorias científicas e se busca aqui dar uma
nova visão sobre o tema do excesso de prisão preventiva.
Quanto à forma de abordagem, baseou-se numa abordagem quantitativa, por ser a mais
adequada ao tema proposto, combinando dados qualitativos e quantitativos; Quanto aos seus
objetivos, a pesquisa é exploratória, porque com este trabalho procura-se gerar maior
proximidade com a problemática.
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CAPÍTULO I - FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Antes de fazer um estudo mais profundo e preciso das medidas de coerção processual
é necessário apresentar a definição termos e conceitos fundamentais para a compreensão deste
capítulo.
Excesso
O que excede ou vai além do permitido, do legal, do normal. Do poder:
ultrapassar alguém, em razão da sua autoridade, os limites normais do
exercício de suas funções, em detrimento do direito alheio. Do prazo: perda
sem justificativa do prazo legal, por parte dos órgãos enunciados em lei.
(GUIMARÃES, 2016, p. 382)
Preventiva
“Próprio para prevenir; usado como medida de segurança: prisão preventiva. Que evita
a realização de algo por antecipação: medidas preventivas. Capaz de prevenir ou utilizado
com esse propósito. Aquilo que se destina a prevenir ou evitar que algo aconteça.”
(GUIMARÃES, 2016, p. 417)
Prisão
Sobre isso define o professor Vasco Grandão Ramos (2013, p. 216):
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A lei das medidas cautelares em processo penal (Lei nº 25/15 de 18 de Setembro), no
seu 1º artigo e o Código de Processo Penal (art. 248º) estabelecem entre as medidas
processuais de natureza cautelar as medidas de coação pessoal.
Nos termos dos arts. 260º e segs do CPP e 16º e segs da Lei 25/15, são medidas de coação
pessoal: O termo de identidade e residência; A obrigação de apresentação periódica às
autoridades; A caução; A proibição e a obrigação de permanência em local concreto e a
proibição de contactos; A interdição de saída do país; A prisão domiciliária; A prisão
preventiva.
Por agora interessa-nos desenvolver a prisão preventiva porquanto é aquela que mais
se adapta à especificidade do tema que aqui iremos abordar de forma exaustiva, mas é ainda
imperioso que abordemos alguns princípios e aspetos gerais que regem as medidas de coação
pessoal.
As medidas de coação pessoal são aplicadas mediante a emissão de despacho do
Magistrado do Ministério Público durante a instrução preparatória. Esse despacho é notificado
ao arguido, com advertência das consequências do incumprimento das obrigações que lhe são
impostas e, tratando-se de prisão preventiva, notificado também o seu defensor. Devendo o
despacho preencher os requisitos estabelecidos nos termos do artigo 21º da Lei 25/15 e 264º
do CPP.
1.2.1. Princípios Orientadores
As medidas de coação pessoal orientam-se segundo dois princípios:
O princípio da legalidade. Com previsão constitucional no artigo 6º da CRA, 261º do
CPP e 17º da Lei 25/15, define a supremacia da constituição e da legalidade. Nos termos
desse artigo, todos os atos do Estado e todos os agentes devem fundar-se na legalidade. Com
isso entende-se que as medidas de coação pessoal são exclusivamente as previstas lei, não se
admitindo a aplicação outras medidas que não sejam previstas na lei 25/15 ou noutra
complementar.
Os princípios com aplicação conjugada da necessidade, adequação, proporcionalidade
e subsidiariedade, art. 18º da Lei 25/15 e 262º do CPP. O magistrado deve aplicar as medidas
de coação pessoal que forem necessárias e adequadas às exigências do caso concreto, de
forma proporcional à gravidade da infração cometida e só deve aplicar as medidas de coação
mais gravosas para o arguido se as medidas menos gravosas não forem suficientes ou
adequadas ao caso concreto.
A prisão preventiva, por consistir numa privação da liberdade, é um meio
extremo que apenas poderá ser utilizado quando a utilização de qualquer um
dos demais meios de coação que existam não permita atingir os objetivos
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que se pretendem, sendo, portanto, inadequados ou insuficientes. (SIMÃO,
2017, p.33)
1.2.2. Pressupostos De Aplicação
Com exceção do termo de identidade e residência, nenhuma das medidas de coação
pessoal acima mencionadas pode ser aplicada se, no momento da sua aplicação, não se
verificar pelo menos uma das seguintes circunstâncias: Fuga ou perigo de fuga; Perigo de
perturbação da instrução do processo; Perigo continuação da atividade criminosa ou de
perturbação grave da ordem e tranquilidade públicas;
O regime regra da prisão preventiva é claramente visível, pela forma como a lei 18-
A/92, estruturam as medidas de coação, regulando em primeiro lugar e com maior destaque a
prisão preventiva e, só na sua parte final é dedicou apenas o artigo (26.º) onde estabelece as
demais medidas de coação e, por sinal os menos gravosos (Lei 18-A/ 92 de 17 de Julho, Lei
da Prisão preventiva em Medidas Cautelares).
Acrescenta-se ainda que dentro da prisão preventiva nada impede que uma vez
relaxada a prisão em flagrante 1,seja decretada, na sequência, a preventiva, se atendidas as
exigências para a decretação da medida. Mas é fundamental que compreendamos que, a
preventiva é absolutamente incompatível com o instituto da liberdade provisória, seja ela com
o sem fiança.
A prisão preventiva tem, por via de regra, cabimento na persecução penal para
apuração dos crimes dolosos a pena dos com reclusão. Excecionalmente, os crimes dolosos
apenados com detenção a medida, se o criminoso é vadio; existe dúvida sobre a identidade e o
agente não oferece elementos para estabelece-la; se o condenado é reincidente em crimes
dolosos; se o crime envolver violência doméstica e familiar contra a mulher.
Deve se entender ainda que as infrações que comportam a medida de coação são
aquelas que comportam o dolo, nos crimes de perigo concreto, os crimes dolosos abrangem,
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A prisão em flagrante acontece quando o infrator é encontrado a seguir a prática da infração com objetivos ou
sinais que mostrem claramente que a cometeu ou nela participou ou é perseguido por qualquer pessoa, logo após
a infração (Grandão Ramos 1995, P. 277).
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para além dos de mais elementos típicos, o próprio perigo, pelo que o agente pretende, nesta
categoria de crime, a produção do próprio perigo.
Quanto a isso, a prisão preventiva assumiu ao longo do tempo diferentes modelos até
chegar ao que hoje conhecemos: uma medida de coação processual que deve sempre ser
aplicada com a devida submissão ao princípio da legalidade.Na antiguidade, a prisão
preventiva era vista como uma forma de manter o acusado sob o controle da sociedade, para
que se evitasse fugas ou o pior até à data presumível da sentença. Mas essa concepção teve
uma evolução muito notável, porque para o nosso sistema processual penal atual ninguém
pode ser preso sem um mandado proferido por um juiz. Na antiguidade, a prisão como pena
não era conhecida e havia tão-somente, o encarceramento provisório. A prisão era vista como
forma de preservar a integridade do acusado e manter sem domínio físico enquanto esperava
para ser julgado e submetido a execução da pena que lhe fosse imposta.
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Como se depreende da interpretação do artigo 68º da CRA, todos têm direito à providência de habeas corpus
contra o abuso de poder em virtude de prisão ou detenção ilegal, a impor perante Tribunal competente.
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Para o Direito Romano e no direito Grego o indivíduo que cometesse algum crime
deveria ser preso em estabelecimentos mantidos pelo Estado ou em casa, de forma que fosse
possível segrega-lo até a aplicação das penas.
Neste sentido e nesta época a prisão era utilizada tão-somente em carácter a cautelar,
visando ou garantir a execução da pena, ou execução da divida. A justiça privada era na época
que tinha o poder público, essa justiça que foi uma fase histórica, qualitativamente nova, de
repreensão organizada.
Ramos (1995, p. 20) complementa essa afirmando que “a vingança e a guerra privada
começaram a revelar-se pouco a pouco incompatíveis com as novas formas de organização
pública.”
Do ponto de vista histórico a prisão preventiva é uma medida cautelar muito antiga
quase tão antiga, quanto a própria civilização. Sendo que a prisão preventiva é uma medida de
natureza cautelar decretada pela autoridade judiciária competente, não se confundindo com a
sanção penal definida na sentença condenatória. É a sanção máxima que um suspeito de crime
pode ter antes julgamento e não se confunde o cumprimento provisório de pena visto que,
neste caso, já há uma decisão de mérito sobre a acusação formulada.
Quanto à sua finalidade, a prisão preventiva, como qualquer outro fenómeno e facto
social que esteja em contante evolução, sofreu inúmeras alterações ao longo do tempo. No
período compreendido com a antiguidade era possível a verificação da existência da prisão
preventiva como forma garantidora da execução da pena, no entanto em carácter excecional.
A prisão tinha função de custódia. Nesta época, as penas aplicadas em decorrência da
condenação recaiam sobre a pessoa do condenado.
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Com tudo, nesta época surgiu as bases ideológicas para aplicação da prisão como forma de
penalizar o réu, neste mesmo período surgiu a detenção temporal, onde o crime praticado pelo
acusado não era motivo bastante para a condenação de morte ou pensa de mutilação. Até ao
século XVIII a prisão era vista como meio de preservação a integridade do acusado e manter
seu domínio físico enquanto esperava para ser julgado e submetido à execução da pena que
lhe fosse imposta. Havia, nesse momento apenas a prisão sobre forma de custódia.
Prata et. al.(2008, p76) apresentam uma outra definição, segundo a qual compreende-
se a prisão preventiva como uma medida de coação aplicável ao arguido subsidiariamente, ou
seja, quando se considerem todas as outras inadequadas ou insuficientes e quando houver
fortes indícios da prática de crimes dolosos punível com pena de prisão de máximo superior a
cinco anos, ou se se tratar de pessoa que tiver penetrado ou se mantenha irregularmente em
território nacional.
Decretar a prisão de uma pessoa não é vista apenas de hoje. A Lei 25/15, de 18 de
Setembro surgiu para acabar com a confusão conceitual que antes existia, já que a
Constituição superveniente não resolvia, por si só, o problema.
Ressalta Comidando (2016) bastava que o suspeito fosse privado da sua liberdade de
deslocação para qua a prisão preventiva se desse por consumada, restando apenas a sua
validação pelo Ministério Público
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A prisão preventiva sucede quando um indivíduo é detido e aguarda por julgamento
em tribunal, estando a sua liberdade limitada. Se alguém for detido por um agente da polícia
ou qual quer outra entidade e não for apresentado ao procurador para realizar a detenção,
dentro dos prazos que a lei estipula essa prisão é contra a Lei e por isso deve ser libertado.
Quer a prisão preventiva quer a pena de prisão privam o homem de um dos bens mas valioso
que possui: á liberdade de andar, de se locomover, de ir para onde entender, dentro dos limites
e condicionalismos que naturalmente a lei impõe. A Lei constitucional considera a liberdade
individual como um direito fundamental da cidadania.
Nos termos do número 2 do artigo 64º e da alínea a) do artigo 63º, todos da CRA, a
polícia ou outra entidade com competência para tal efeito só poderá deter ou prender nos
casos previstos na Constituição e na lei, em flagrante delito ou quando munidas de mandato
de autoridade competente.
Por ser um direito fundamental, essa liberdade é garantida tanto pela lei substantiva
como pela lei processual. Por ser um bem jurídico de elevadíssimo valor, o seu titular poderá
legitimamente defender-se contra qualquer ataque ilegal que venha a ser desferido contra ela.
Trata-se neste caso de uma defesa justificada. Entende-se ser, por princípio, legitima e
desobediência e a resistência a uma ordem de prisão manifestamente ilegal.
Por outro lado, a ofensa ao direito de liberdade intelectual poderá constituir infração
penal grave, quer quando o agente é um particular querem quando é um agente da autoridade.
Dois pressupostos abarcam a prisão preventiva: Quando houver prova de existência de um
crime, Quando haja indícios suficientes da autoridade.
Quando é que se aplica? A resposta para essa questão reside na combinação dos
arts.279º do CPP, 36º da Lei 25/15 e 2º da Lei 18-A/92. 1.
A prisão preventiva tem deste modo o objectivo tutelar a presunção penal, objetivando
prevenir que eventuais condutas praticadas pelo autor ou por terceiro possam colocar em risco
a efetividade do processo.
Outro escopo da prisão preventiva é o de evitar que o acusado comete novos crimes ou
ainda que, em liberdade, prejudique, a colheita de provas (destruição de evidencia,
intimidação de testemunha) ou ainda perigo de fuga.
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se contrapondo às exigências de segurança da comunidade, um verdadeiro embate, visto por
alguns doutrinadores como um processo dialético, em tese, norteado pelo consenso de que as
Leis penais devem dar respostas equilibradas aos interesses públicos e do acusado, que não
pode ser prejudicado em seus direitos individuais.
Feio este esclarecimento, torna-se imperioso desenvolver e aferir até que ponto ele é
compatível com o regime regra da prisão preventiva. Este princípio em análise impõe que só
as necessidades processuais do caso em concreto podem legitimar a aplicação de medida de
coação e que, entre as medidas admissíveis e adequadas, seja aplicada a menos gravosa.
Este princípio é visto como uma tutela constitucional à semelhança de muitos outros
ordenamentos jurídicos, não sendo por acaso que além de receber atenção constitucional foi
colocado dentre as garantias do processo criminal. E mais do que isso, dentro do Capítulo II
que versa sobre os Direito, Liberdade e Garantias Fundamentais.
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Deste estado de inocência extrai-se que enquanto não ocorrer o trânsito em julgado da
sentença, não pode haver prisão sem justa causa, a qual só se dará para garantir a efetividade
do processo ou da jurisdição penal.
1.5.3. Prisão Preventiva Em Angola
A prisão preventiva está prevista nos artigos. º 35.º e §, da Lei das Medidas Cautelares.
Para que se aplique a prisão preventiva, o Ministério Publico tem de considerar que há fortes
indícios da prática de um crime.
No entanto, a prisão preventiva visa evitar que a pessoa fuja, destrua provas, continue
a atividade criminosa ou suscite perigo de perturbação grave da ordem e tranquilidade publica
artigo 19.º da Lei das Medidas Cautelares. Para que a prisão preventiva seja aplicada, estes
requisitos têm de se verificar de forma muito intensa- artigo 36.º Isso quer dizer que, quando
aplica a prisão preventiva, o Ministério Publico tem a convicção de que a pessoa praticou um
crime, mas não está a condena-lo.
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reconhece como inviolável os direitos e a liberdade fundamentais consagradas na constituição
e cria condições políticas, económicas, sociais, culturais, de paz e estabilidade que garantam a
sua efetivação e promoção, nos termos da constituição e da lei; Todas as autoridades públicas
têm o dever de respeitar e de garantir o livre exercício dos direitos e das liberdades
fundamentais e o cumprimento dos deveres constitucionais e legais. É nosso entendimento
que este preceito constitucional impõe, no ordenamento jurídico angolano, a liberdade como
regra.
A prisão preventiva deve ser revista, regra geral, de 2 em 2 meses artigo 39.º da Lei
das Medidas Cautelar. Portanto, um preso preventivo pode ser libertado ao fim de 2 meses, de
4 meses ou de 6 meses. Ou não ser libertado e continuar sempre preso até à condenação,
desde que os prazos legais sejam respeitados. Na verdade, o fundamental e explicitar que a
prisão preventiva não é o fim de um processo, mas meramente o fim do início do mesmo.
A prisão preventiva é um mal, embora um mal necessário, como se vê, que restringe
gravemente o direito de liberdade pessoal física ou corporal dos cidadãos. Porém, o regime da
prisão preventiva é tomado em ordem à realização de objetivos de natureza processual,
nomeadamente, a segurança da prova e a exequibilidade da sentença.
Segundo o artigo 10.º da Lei 18-A/92 em conjugação com o art. 2.º b) do presente
diploma exige, como pressuposto ou requisito da prisão preventiva fora do flagrante delito,
para além da existência de um crime doloso punível com pena superior a um ano e de forte
suspeita praticada pelo arguido.
No que se discute, Ramos, (1995, p. 272) afirma que não é, lícita a prisão preventiva
para «descobrir» um arguido, ou seja, ninguém pode ser preso preventivamente, a título de
mera investigação ou perseguição de uma hipótese policial. Há que relacionar este conceito
com o do arguido, estabelecidos no artigo 390.º do CPP.
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Nos termos dos dispostos no art. 10.º nº 2 da Lei 18-A/92, a liberdade provisória é
inadmissível: Nos crimes puníveis com pena superior de 2 a 8 anos, ou com qualquer outra
privação de liberdade cujo máximo seja superior a 8 anos; Nos crimes puníveis com pena de
prisão superior a um ano, cometidos por reincidentes, vadios ou equiparados; Nos crimes
militares, puníveis com pena de prisão superior a 2 anos.
Fora do flagrante delito, a prisão preventiva sem culpa formada só pode ser ordenada
por ordem escrita da autoridade competente desde que haja fundamentos objetivos, isto é
motivo para que o arguido seja preventivamente privado da sua liberdade. «Vimos já que
excecionalmente o art.º 10.º - 1 e 12 da lei 18-A /92,» autorizam a prisão direta, sem mandado
escrito, por conseguinte, de certas autoridades. Convém ressaltar, que esses fundamentos vêm
enumerados nos arts.º 10.º e art.º 11º da lei nº 18-A/92.
É importante observar que a prisão preventiva sem culpa formada determinada pela
realização dos fins do processo, é razoável supor que igualmente o arguido ser solto, com o
sem caução, sempre qua a prisão preventiva se torne útil ou desnecessário art.º 281.º do CPP.
Os prazos de prisão preventiva têm o seu início desde a captura até a notificação do arguido
da acusação ou do pedido de instrução contraditória pelo M.P. não pode exceder:30 dias, por
crimes dolosos, com pena superior a um ano; 45 dias, com crime de prisão maior; 90 dias, por
crime contra segurança do Estado.
Os prazos seguintes são usados em caso de instrução contraditória segundo o art. 308.º
do C.P. Penal: 3 Meses, se a infração couber pena a que corresponde processo de polícia
correcional, 4 Meses, se ao crime couber pena que corresponda processo de querela. Findados
os prazos de prisão preventiva, sem prejuízos dos despostos em relação à instrução
contraditória, é obrigatória a libertação do arguido que será colocado em liberdade provisória
mediante caução e sujeito a uma ou mais das obrigações indicadas no artigo. 26º nº 1 e 4 da
lei nº 18-A/92.
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1.6.2. A prisão preventiva com culpa formada
O professor Ramos (2013, p.229) salienta: “A prisão preventiva com culpa formada é
a prisão que tem lugar depois de terminar a instrução do processo e de confirmado na
pronúncia o juízo de probabilidade que presidiu à acusação do arguido”.
Por seu turno, a prisão preventiva com culpa formada é sempre ordenada pelo juiz,
precisamente no despacho de pronúncia ou equivalente. Oque constitui, penhor seguro de que
os seus fundamentos foram apreciados com serenidade.
A duração da prisão preventiva com culpa formada vai, em princípio, até à decisão
final proferida no processo. Nos Impedimentos e Obstáculos à Prisão Preventiva É de
sublinhar que existe situações em que os mandados não poderão ser cumpridos e o arguido
não poderá ser recolhido à cadeia. A isso chama-se impedimento à prisão.
Outas vezes, a prisão preventiva não é logo possível ou tem de processar-se de uma
forma particular, em virtude da imunidade previstos na Lei de que gozam pessoas que gozam,
pessoas que ocupam determinados cargos ou exercem determinadas funções, enquanto os
ocuparem e os exercerem.
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1.8. Incapacidade da medida da prisão preventiva
Por fim, é mister dizer que em termos gerais o prazo da caducidade não se surpreende
nem se interrompe se não nos casos em que a Lei o determina artigo 328.º C. Civil. Portanto,
a interrupção do prazo da caducidade é uma exceção.
No entanto, muito se comenta acerca do excesso de prazo, mas pouco se sabe quando
ele está configurado no caso concreto e pode vir a conceder a liberdade provisória ao réu de
um processo criminal. Embora o devido processo legal e a duração razoável do processo
sejam garantias fundamentais do acusado, não é raro que estejamos diante de presos sofrendo
o constrangimento ilegal de ter a sua liberdade restringida por período superior ao
estabelecido pela Lei.
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O nosso ordenamento jurídico não possui prazo para sua duração, mas deve atender
aos princípios da proporcionalidade.3 O n.º 1 do artigo 25.º da Lei 18-A/92 Lei da Prisão
Preventiva em Instrução Preparatória, remetendo para o art. 262.º do CPP, enumera alguns
prováveis prazos da prisão preventiva em determinados casos e forma de crime.
O legislador não faz uma abordagem direta, a cerca dos prazos mínimos da prisão
preventiva; pois a todo tempo, na fase de instrução, e em outros momentos específicos da fase
do processo, o magistrado competente deve alterar a medida de coação. Como inexiste em Lei
um prazo determinado para a duração da prisão preventiva, a regra é que perdure até quando
seja necessário. Claro que é necessário respeitar a razoabilidade de duração, atendendo
sempre os princípios da proporcionalidade e necessidade. Os presumíveis prazos da prisão
preventiva vêm regulados no n.º 1 do artigo. º 40.º, da Lei n, º 25/15. Que são:
Além de tornar evidente o desprezo estatal pela liberdade do cidadão, frustra uma
prorrogativa básica que assiste a qualquer pessoa: o direito á resolução do litígio sem dilações
indevidas.
proporcionais à gravidade e aos efeitos dos factos cuja prática os fundamentos (Dic Jurídico 2016, P. 120).
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concreto, avaliar se o referido prazo se aplica ou não. Isso porque, conforme entendimento de
juízes e tribunais, certas investigações podem demorar período superior ao estabelecido pela
lei em virtude da chamada complexidade do caso.4
Por vezes essa complexidade de casos é utilizada para embasar uma prisão que, na
verdade, persista em razão do argumento genérico de garantia da Ordem Publica. Se entende
que o réu é perigoso, e que se se concedida a sua liberdade, ele provavelmente retornará a
praticar delitos ou ainda porque o crime praticado é grave.
Nas prisões, nos quais uma quantidade significativa corresponde a presos provisórios,
que a espera de um julgamento, permanecem nesses estabelecimentos por longos períodos,
tornando-se a prisão preventiva uma espécie da antecipação da pena.
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Embora verdade, o tempo é um só, que do primeiro dia de detenção ou de prisão até nos 12 meses, mas cuja contagem é parcelada em função das fases do processo-crime (Comidando 2016, P.
120).
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As medidas cautelares, dentre elas, a prisão preventiva, têm como função essencial
apenas cautelar a sentença e, quando utilizadas, deverão sempre estar vinculadas á ideia de
proteção ao imputado com o respeito aos seus direitos e garantias fundamentais. O carácter
instrumental dos cautelares possui especial importância no processo penal, uma vez que
nenhuma delas (nem mesmo a prisão preventiva) possui um fim em se mesmo, na medida em
que, em sentido amplo, têm como função precípua garantir a sentença e a sua execução no
final do processo. A prisão cautelar é a última solução e cumpri fins estritamente processuais,
ou seja, deve utilizado apenas para garantir que o imputado não destrua provas ou se evada da
aplicação da sentença, devendo ser substituída sempre que outras medidas menos severas
mostrem suficientes para assegurar os interesses processuais.
É agora fundamental fazer a abordagem profunda sobre a peça central deste trabalho,
o estudo do excesso de prisão preventiva para possamos compreender com maior propriedade
a temática em estudo.
O excesso dentro da prisão preventiva se constata quando há incumprimento dos
prazos da preventiva, isto é, quando um cidadão é privado da sua liberdade por um período
superior ao previsto e definido.
Sendo a prisão preventiva uma simples antecipação da execução penal devendo o
magistrado fundamentar sua decisão, demonstrando o preenchimento dos pressupostos
necessários para a decretação da custódia preventiva, sob pena de repercussão negativa nos
direitos fundamentais do acusado. Assim sendo é mas do que normal que a prisão preventiva
seja revista para que se previna o excesso dentro da mesma.
Neste sentido, é importante que se compreenda que quando termina o prazo
estabelecido da prisão preventiva, é obrigatória a libertação do arguido, que será colocado em
liberdade provisória mediante caução e sujeito às obrigações que lhes forem prescritas. Se
findado o prazo prescrito da prisão preventiva, aí alega-se excesso de prazo da prisão
preventiva.
É importante que se compreenda que pelo facto de ser o excesso a ultrapassagem do
limite do que é considerado normal, podemos neste ponto constatar que o excesso de prisão
preventiva muita das vezes notasse falta de cumprimento da tarefa dos órgãos do Estado com
competência para evitar tais práticas.
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O estudo sobre o excesso de prisão preventiva passa sobretudo sobre estudo dos
limites para a aplicação da prisão preventiva em si. Devendo deste modo ser compreendido
em contrário sensu, isto é, sempre que se violar um limite se de prazo para tal privação da
liberdade se estará diante de um excesso de prisão preventiva.
A prisão preventiva cessa quando, desde o seu início, decorrerem os prazos previstos
nos artigos 283º do CPP e 40º da Lei 25/15.
Sobre esse mesmo ponto, nos esclarece Simão (2015, p.35) que:
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deveres, comuns e pelo reconhecimento de direitos recíprocos garantidos por autoridades
dotados de poder coercitivo.
Esses institutos são criados pelo Estado para dar solução ao excesso que tem havido
dentro dos estabelecimentos penitenciários. Em situações de resolução do caso de género o
Estado é indispensável para a realização dos fins que o homem prossegue de acordo com a
sua natureza e que excedem o apoio que podem encontrar na família ou na associação das
famílias e nas sociedades, fazendo com que reina a paz, a tranquilidade e a ordem, evitando o
surgimento de milícias, de bandos armados, da chamada justiça privada popular.
Para que o Estado cumpra a sua missão com sucesso, dispõe de meios próprios que
visam a legitimação da sua actividade, ou seja, é necessário a existência de um aparelho
preventivo, repreensivo que visa a garantia da autoridade.
Acreditando que se tenha feita uma exposição coesa e exaustiva do conteúdo referente
ao excesso de prisão preventiva é importante fazer uma exposição das garantias oferecidas aos
arguidos para defesa da sua liberdade individual.
“Quer a prisão preventiva quer a pena de prisão privam o homem de um dos bens mais
valioso que possui: a liberdade de andar, de se locomover, de se deslocar, de ir para onde
entender, dentro dos limites e condicionalismo que naturalmente a lei impõe.” (RAMOS,
2013, p.239)
O nº 1 do artigo 36º da CRA estabelece que “todo o cidadão tem direito à liberdade
fisica e à segurança individual.”
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“Qualquer cidadão que resida livremente em Angola pode livremente fixar residência,
movimentar-se e permanecer em qualquer parte do território nacional” é o que se lê no art.º
46.º, nº 1 da CRA.
Continuando, a CRA nos artigos supracitados, no artigo 66º, 67º e segs. estabelece
ainda que a detenção, a prisão preventiva e a pena de prisão só são permitidas nos casos
previstos na lei, i.e., o homem não pode ser privado da sua liberdade pessoal fora das
situações previstas na Constituição e na lei. E sendo, como é, direito fundamental, essa
liberdade é garantida tanto pela lei substantiva como pela lei processual.
O artigo 174.º do CPP, sobre o Sequestro, estabelece que “quem prender, detiver,
mantiver presa ou detida uma pessoa ou, de qualquer forma, a privar da sua liberdade é
punido com pena de prisão de 6 meses a 3 anos ou com a de multa de 60 a 360 dias.”
Essa salvaguarda não se limita aos particulares, não pode igualmente os entes públicos
restringir a liberdade individual fora dos limites da lei. Vide: art. 2º da Lei 18-A/92 de 17 de
Julho.
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Desse raciocínio deve se compreender que: Nenhum empregado público poderá
prender alguma pessoa, sem que poder tenha para prender (falta de competência genérica para
prender); Quem tiver esse poder não o pode exercer fora dos casos determinado na lei ou
contra alguma pessoa cuja prisão for da exclusiva atribuição de outra autoridade (falta de
competência específica para prender); Não pode manter retido preso que deva ser posto em
liberdade, em virtude da lei ou de sentença passada em julgado, cujo cumprimento lhe
competir, ou por ordem superior competente(excesso de prisão preventiva ou de cumprimento
de pena de prisão);
O senso comum nos leva pensar que os direitos dos detidos têm pouco haver
connosco, que eles trocaram os seus direitos com uma vida criminosa. Podemos afirmar desde
já que esse posicionamento esta errado em dois aspetos. Em primeiro lugar, todas as pessoas
têm os mesmos direitos, os quais nunca lhes podem ser retirados de forma ilegal,
independentemente de quem for e do que tiver feito. Em segundo lugar, o facto de alguém se
encontra sob custódia do Estado não significa que seja culpado de um crime. Se tiver tido a
sorte de ter um julgamento, poderá não ter sido um julgamento justo.
Pode se depreender da análise do texto do nº 2 do art. 66º da CRA que os detidos têm
os seus direitos protegidos, i.e., o preso, tanto o que ainda está respondendo ao processo
quanto o condenado, continua tendo os mesmos direitos que não lhes foram retirados pela
pena e pela lei. Desta forma os detidos possuem alguns direitos básicos (trabalho remunerado,
visita de familiares e amigos, direito de assistência médica, direito de assistência religiosa,
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direito de assistência judiciária) tem direito a um tratamento digno, e direito de não sofrer
violência física e moral.
Mais importante ainda são as garantias que visam remediar e a sanar ataques
eminentes ou consumados à liberdade individual e situações presumidas ou perfeitamente
desenhadas pela privação dessa liberdade dos indivíduos.
Um dos mecanismos oferecidos aos arguidos para a salvaguarda dos seus direitos
dentro da situação de excesso de prisão preventiva é o instituto do Habeas Corpusque visa
tutelar o direito fundamental de ir, vir e ficar.Etimologicamente, o habeas corpus vem de
Habeas, de habeo, habes, habui, habitum, habere, que significa ter, possuir, apresentar e,
Corpus, significa o corpo, a pessoa, podendo ser traduzido para a expressão "que tenhas o
corpo".
“As garantias organizadas pela lei processual são interessantes considerar no curso de
Direito, porque algumas delas procuram prevenir situações de perigo ou de lesão da liberdade
de locomoção e de movimentação concedidas aos cidadãos.” (RAMOS, 2013, p.241)
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Competência. A competência para decidir a petição de «habeas corpus» é do Juiz
Presidente do Tribunal competente para apreciação dos factos criminais que são imputados ao
detido ou preso. Caso a detenção ou prisão tenha sido ordenada pelo Juiz Presidente do
Tribunal competente, cabe ao presidente do Tribunal imediatamente superior decidir a petição
de habeas corpus.
Prazo da decisão. A decisão sobre a providência de «habeas corpus» deve ser tomada
num prazo nunca superior a cinco dias úteis, contados da data da entrada da petição na
Secretaria do Tribunal competente.
O nº 4 do artigo 290º do CPP estabelece que o «habeas corpus» pode ser requerido
com base num dos seguintes fundamentos: Ser a prisão ou detenção efectuada sem mandado
da autoridade competente; Estar excedido o prazo para entrega do arguido detido ou preso
preventivamente ao magistrado competente para a validação da detenção ou prisão
preventiva; Manter-se a privação da liberdade para além dos prazos fixados pela lei ou por
decisão judicial; Manter-se a privação da liberdade fora dos locais para este efeito autorizados
por lei; Ter sido a privação da liberdade ordenada ou efectuada por entidade incompetente;
Haver violação dos pressupostos e das condições da aplicação da prisão preventiva.
É também importante ressaltar que tem legitimidade para requerer o habeas corpus o
detido ou preso, ou qualquer cidadão no gozo dos seus direitos civis e políticos, a pedido ou
no interesse daquele.
2.3.1. Procedimento Da Providência De Habeas Corpus
Autuado o original da petição de habeas corpus, o juiz competente, se o requerimento não for
indeferido liminarmente por manifesta falta de fundamento:
a) Ordena, pela via mais rápida e simples que tiver à sua disposição, nomeadamente
por via telefónica, à autoridade, agente da autoridade ou entidade pública que tiver o detido à
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sua guarda ou disposição para, sob pena de desobediência qualificada, lho apresentar
imediatamente.
b) Envia, num prazo não superior a vinte e quatro horas, o duplicado à entidade
responsável pela privação da liberdade ou à entidade à ordem de quem o detido ou preso se
encontra, para que informe, por escrito, no prazo máximo de 48 horas, em que circunstâncias
a prisão foi efectuada e em que condições ela se mantém, juntando a respectiva prova
documental. A falta de resposta à solicitação de informação faz incorrer o faltoso na prática
do crime de desobediência, nos termos previstos na lei penal.
Sem se descartar o que foi acima exposto, é fundamental que se entenda também que o
pedido de informação pode ser feito por qualquer meio de comunicação.
Se o juiz não tiver elementos suficientes para decidir, pode convocar o Ministério
Público e o defensor constituído, se o houver, ou o defensor para o efeito nomeado, no caso
contrário, para uma sessão de esclarecimentos e informações com o objectivo de colher os
elementos necessários à decisão sobre o pedido formulado pelo requerente.
Sessão. Aberta a sessão, o juiz ouve, em primeiro lugar, o detido e o seu advogado ou
o defensor para o efeito nomeado, no caso contrário, assim como o Ministério Público, se esti-
verem presentes, e, logo em seguida, a autoridade, agente de autoridade ou entidade pública
referidas nos números anteriores, após o que decide, indeferindo o pedido ou repondo a
legalidade, nos termos do artigo seguinte.
Decisão do juiz. Se o juiz considerar que não se verifica nenhum dos fundamentos da
ilegalidade da detenção ou prisão enumerados no n.º 4 do artigo 290.º, indefere o pedido,
declarando a privação de liberdade legal e conforme à lei. Se o juiz indeferir o requerimento
por manifesta falta de fundamento, deve condenar o requerente em multa a fixar entre 50 e
400 UCF.
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Caso a entidade a quem foi solicitada a informação, nos termos do artigo anterior
confirmar que a prisão se mantém ou deixar de prestar a informação no prazo legal, o juiz
competente, ouvido o Ministério Público, aprecia e decide a petição de «habeas corpus». Na
decisão que tomar, o juiz competente pode:Indeferir o pedido por falta de
fundamento;Declarar a prisão ilegal e ordenar a restituição do preso à liberdade; Ordenar que
a prisão se mantenha mas em outro estabelecimento ou que o preso fique à ordem do Tribunal
competente e aí seja apresentado, no prazo máximo de vinte e quatro horas.
33% Masculino
Feminino
67%
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No primeiro gráfico observa-se que houve mais contato com o público do género
masculino (4) em relação ao público do género feminino (2), por uma questão de
disponibilidade. Totalizando 6 inqueridos.
SIM NÃO
TALVEZ
100%
As respostas dos inqueridos não divergiram muito durante todo o processo. Quando
questionados se já testemunharam uma situação em que alguém ficou detido por mais de 12
meses sem ter sido condenado, os inqueridos responderam de forma categórica e unânime que
“sim”. 5 dos inqueridos afirmam que o arguido não foi posto em liberdade após término do
prazo de 12 meses. O que perfaz um excesso de prisão preventiva.
SIM NÃO
TALVEZ
100%
Juiz
Particular
20%
Garantir a finalidade do processo
60% penal
20%
60% 20%
Tutelar a presunção penal
As respostas foram divergentes quanto à sétima questão o que atesta que apesar de ser
uma realidade muito presente entre nós ainda é motivo de muita divergência de ideias quanto
ao seu objetivo efetivo.
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Quando é que há excesso de prisão preventiva?
Questionados sobre “quando é que ocorre o excesso de prisão preventiva?”, 50% dos
inqueridos afirmou que ocorre quando há detenção ou prisão ilegal e os restantes 50%
afirmou que ocorre quando se excede o prazo legal da prisão preventiva o que atesta que
apesar de diversas há uma convergência pois ambas são situações geradoras de excesso de
prisão preventiva, como vimos no capítulo anterior. O que nos mostra que os inqueridos têm
domínioda matéria legal sobre os limites da detenção e da prisão preventiva
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Ao entrevistado foi feita seguinte pergunta: De quem é a responsabilidade da prisão
preventiva?
A prisão preventiva tem como objetivo assegurar que o indivíduo indiciado na prática
de crime doloso punível por pena superior a 3 anos não se evada, não interfira nas
investigações, não coaja as vítimas e não cometa outros crimes.
O arguido que esteja em situação de excesso de prisão preventiva e tenciona ver a sua
liberdade restituída, pode através do seu advogado, por ele ou por qualquer outra pessoa no
gozo dos direitos políticos, arguir a providência de habeas corpus por prisão ilegal, nos termos
do art. 68º da CRA.
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Na sequência, foi-lhe perguntado: que papel desempenha o Habeas Corpus diante
deste mal?
O entrevistado respondeu que: o habeas corpus é uma providência cautelar que serve
como uma garantia fundamental dos cidadãos face aos abusos do poder do Estado. É
preponderante o seu papel na medida em que ajuda a dirimir esses conflitos.
CONCLUSÃO
É com enorme satisfação que se chega a este capítulo conclusivo do presente TFC,
especialmente por que apesar das adversidades impostas pela situação pandémica que
vivemos, que limita muito a obtenção de dados, conseguiu-se alcançar os objetivos traçados.
Do exame dos dados da pesquisa e da análise de todo o sistema das normas jurídicas
angolana baseado no instituto do excesso da prisão preventiva como caso específico. Conclui-
seque a prisão preventiva é uma medida de coação pessoa que surge no processo com o
objetivo de prevenir que o indivíduo indiciado na prática de crime doloso não se evada, não
interfira nas investigações, não coaja as vítimas e não cometa outros crimes. Mas quando não
aplicada com respeitos aos princípios que a oriental, como o da legalidade, e quando não
respeitados os prazos pode se estar diante de um abuso de poder de autoridade, que configura
excesso de prisão preventiva.
O nosso Código penal estabelece os prazos legais para a prisão preventiva, mas ainda é
necessário que os operadores de direitos compreendam a importância e magnitude do direito à
liberdade individual e que compreendam também que não podem agir com arbitrariedade,
devendo sempre cumprir o que está estritamente previsto por lei.
O desrespeito pelo que está previsto na lei, pode, como se tem vindo a esclarecer aos
longo do presente trabalho gerar situações de Excesso de Prisão Preventiva. O arguido diante
deste mal, pode socorrer-se às garantias constitucionais a ele oferecidas e aqui também se
inclui o instituto do habeas corpus. Estas garantias surgem na medida da proteção da
liberdade dos indivíduos que à semelhança do direito à vida são bens supremos e cuja
limitação deve nos termos criteriosamente previstos.
A boa atuação dos entes com competência para privar a liberdade dos indivíduos
garantirá que as medidas de coação pessoa cumpram o seu real objetivo e que sobretudo se
evite a violação dum direito tão importante.
SUGESTÃO
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFIAS
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provisórias e liberdade provisória. Rio de Janeiro: Freitas Bastos, 2013.
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Edição Porto Editora, 2010 P. 107.
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Legislações consultadas:
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