Apostila Cálculo 1 André Hallack
Apostila Cálculo 1 André Hallack
Apostila Cálculo 1 André Hallack
Versão 2023-3
0
Baseada na apostila da Professora Maria Julieta Ventura Carvalho de Araújo.
ii
Sumário
0 Pré-requisitos 1
0.1 Notação matemática . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1
0.2 Conjuntos Numéricos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3
0.3 Desigualdades . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
0.4 Valor absoluto (módulo) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8
0.5 Polinômios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
0.6 Plano cartesiano . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
0.7 Exercı́cios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
0.8 Respostas dos exercı́cios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
1 Funções 21
1.1 Gráfico de uma Função . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
1.2 Funções Limitadas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
1.3 Crescimento e Decrescimento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24
1.4 Máximos e Mı́nimos de uma Função . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
1.5 Exemplos de funções e seus gráficos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26
1.6 Função Par e Função Ímpar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
1.7 Soma, Diferença, Produto e Quociente de Funções . . . . . . . . . . . . . . . . . 32
1.8 Composição de funções . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
1.8.1 Composições com Translações . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34
1.8.2 Composições com a função Módulo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36
1.9 Funções Inversas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37
1.9.1 Funções Injetoras . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38
1.9.2 Funções Sobrejetoras . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39
1.9.3 Funções bijetoras e suas inversas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40
1.10 Funções trigonométricas e suas inversas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42
1.10.1 Medidas de ângulos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42
1.10.2 O cı́rculo trigonométrico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43
1.10.3 Funções Trigonométricas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46
1.10.4 Funções Trigonométricas Inversas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48
iii
iv SUMÁRIO
3 Derivadas 103
3.1 O problema da reta tangente . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 103
3.2 Derivada de uma função em um ponto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 105
3.3 Derivada como Função . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 105
3.4 Derivadas laterais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 106
3.5 Continuidade e Diferenciabilidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 108
3.6 Regras de Derivação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 110
3.6.1 Derivadas de funções constantes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 110
3.6.2 Derivada do produto de uma função por uma constante . . . . . . . . . . 110
3.6.3 Derivadas de potências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 110
3.6.4 Regra da soma . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 111
3.6.5 Derivadas de polinômios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 112
3.6.6 Regra do Produto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 112
3.6.7 Regra do Quociente . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 113
3.6.8 Regra da Cadeia (Derivada de Função Composta) . . . . . . . . . . . . . 114
3.7 Derivada da Função Inversa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 115
3.8 Derivadas das Funções Exponenciais e Logarı́tmicas . . . . . . . . . . . . . . . . 117
3.9 Derivadas das Funções Trigonométricas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 119
3.10 Derivadas das Funções Hiperbólicas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 121
SUMÁRIO v
Pré-requisitos
O objetivo desse capı́tulo é apresentar uma coleção de propriedades e resultados sobre números
reais e outros temas que serão utilizados ao longo do curso e devem ser relembrados por todos.
Você deve ler esse capı́tulo com calma, refazendo os exemplos apresentados e, em seguida,
os exercı́cios propostos. Você pode procurar seu professor, os monitores e os tutores para
tirar dúvidas e solicitar sugestões de bibliografia para complementar algum tema que julgue
necessário. Bons estudos!
A matemática é uma linguagem e, como tal, tem suas regras de escrita. Por exemplo, quando
escrevemos em português, sabemos que perguntas são pontuadas com o sı́mbolo de interrogação
e que frases devem começar com letra maiúscula. Conhecer os significados dos sı́mbolos utiliza-
dos e as regras de utilização é essencial não só para compreender corretamente os textos, mas
também para escrever de forma que sejamos compreendidos pelos demais. O mesmo vale para
textos matemáticos.
Ao longo dessa apostila, utilizaremos noções de lógica matemática e sı́mbolos lógicos que va-
mos apresentar brevemente nessa seção. Alguns sı́mbolos você já conhece bem, por exem-
plo o =, que é colocado entre duas expressões matemáticas exatamente para mostrar que
elas são iguais. Mesmo que você esteja continuando um raciocı́nio, não deve usar igualdade
quando duas expressões não são iguais. Por exemplo, digamos que 2x2 − 2 = 0, sabemos que
0 = 2x2 − 2 = 2(x2 − 1) e, como consequência, podemos dividir tudo por 2 e obter 0 = x2 − 1.
No entanto, não podemos escrever 2(x2 − 1) = x2 − 1. Quando duas expressões não são iguais,
podemos usar o sı́mbolo ̸=.
Lembre ainda que expressões matemáticas não devem ser lidas como frases de português, fa-
zendo o que aparecer primeiro, mas sim respeitando prioridades. Você já sabe, mas não custa
lembrar, a importância também dos parênteses, que servem para isolar expressões e indicando
prioridades ao leitor. O uso de parênteses, em geral, não é opcional, pois muda a completamente
o siginificado da expressão. Por exemplo
4 · 3 + 4 · 2 = 12 + 8 = 20
é completamente diferente de
4 · (3 + 4) · 2 = 4 · 7 · 2 = 56
1
2 CAPÍTULO 0. PRÉ-REQUISITOS
Isso ocorre porque, em geral, na leitura de uma expressão, multiplicações têm prioridade em cima
de somas, mas, no segundo caso, utilizamos os parênteses para indicar que devemos priorizar a
soma 3 + 4. Outros exemplos desse tipo:
2(x + 1) + 1 = 2x + 3, mas 2x + 1 + 1 = 2x + 2
Vamos pensar agora em implicações do tipo se... então.... Essa estrutura é comumente usada
em matemática para apresentar uma noção de consequência:
Se o chão da rua não estiver molhado, podemos concluir que não choveu. Agora, se não chover,
não podemos concluir que o chão da rua estará seco. De fato, ele pode ser molhado de outra
forma. Ainda, se o chão da rua estiver molhado, não podemos concluir que choveu. Já que,
novamente, ele pode ter sido molhado em outra situação. Assim, é importante notar qual é a
hipótese, isto é, condição que deve acontecer, e qual é a tese, condição implicada pela inicial.
Vamos passar a exemplos matemáticos.
Se x = 5, então x2 = 25.
Se 2x2 − 2 = 0, então x2 − 1 = 0.
Como vamos lembrar, se x2 = 25, não podemos afirmar que x = 5. De fato, (−5)2 também
é 25. Ainda, se x ̸= 5, não podemos afirmar que x2 ̸= 25, porque, novamente, podemos usar
o exemplo do −5. Agora, se x2 ̸= 25, certamente x ̸= 5. Faça esse mesmo raciocı́nio para a
segunda afirmação apresentada.
x = 5 ⇒ x2 = 25
2x2 − 2 = 0 ⇒ x2 − 1 = 0
Note que o sı́mbolo é uma seta dupla e não →. Essa seta simples tem uma noção de aproximação
que será vista mais pra frente no curso, pode ser lida como tende a. Veja que isso significa que
não podemos usar a seta simples apenas para indicar que estamos continuando um raciocı́nio,
já que ela tem outro significado matemático.
Voltando à expressão se... então..., podemos pensar ainda nas cojunções e e ou.
Veja que na primeira frase, qualquer uma das hipóteses chover ou alguém o regar, o jardim
ficará molhado. Não é necessário que as duas ocorram, embora o jardim ainda fique molhado
caso isso aconteça. Já na segunda frase, é necessário que as duas hipóteses aconteçam, pois um
jardim coberto não ficará molhado se chover. Podemos pensar assim também na matemática:
Se x é primo ou x = 2, então x ̸= 4.
Se x é par e x é primo, então x = 2.
0.2. CONJUNTOS NUMÉRICOS 3
A primeira expressão é verdadeira mesmo que só uma das hipóteses seja verdadeira, mas a
segunda pode ser falsa se apenas x é par for verdadeira, por exemplo.
Agora, vejamos o seguinte exemplo, onde usamos a noção ±1, que significa que estamos consi-
derando tanto 1 quanto −1:
x = ±1 ⇒ x2 = 1
x2 = 1 ⇒ x = ±1
Lemos isso como x = ±1 se e somente se x2 = 1 e entedemos exatamente que há duas im-
plicações, uma em cada direção.
Ao longo desse capı́tulo, outros sı́mbolos matemáticos serão relembrados, como ⊂ e ≤. Fique
atento às definições e ao uso dos vários sı́mbolos apresentados.
• A ⊂ B (lê-se A está contido em B), isto é, A é um subconjunto de B: nesse caso, todo
elemento de A é também um elemento de B, mas pode ser que B tenha elementos que
não pertençam a A. Essa relação pode ser escrita ainda como B ⊃ A (lê-se B contém A).
• Se dois conjuntos A e B são tais que A ∩ B = ∅, então dizemos que A e B são disjuntos.
Veja ainda que todo número natural é um número inteiro e todo número inteiro é um número
racional (basta ver o número n como n/1), isto é, em linguagem de conjuntos: N ⊂ Z ⊂ Q.
Cada número racional tem também uma representação decimal finita ou como uma dı́zima
periódica. Por outro lado, todo número que tem uma representação decimal finita e toda
dizı́ma periódica são números racionais.
1 12 5 1
= 0, 25 = 2, 4 = 0, 4166 · · · = 0, 41 |{z}
6 = 0, 33 · · · = 0, |{z}
3
4 5 12 3
perı́odo perı́odo
n
Existem ainda números que não podem ser representados na forma , onde n, m ∈ Z e m ̸= 0,
m
isto é, números cuja expansão decimal não é finita e nem periódica. Tais números são ditos
irracionais e representados por Qc . Por exemplo:
√
2, 101001000100001... 2∼
= 1, 41421... π∼
= 3, 1415927... e∼
= 2, 7182818....
Observe que, pela definição acima, os conjuntos dos racionais e dos irracionais não tem elementos
em comum, isto é, são disjuntos (Q ∩ Qc = ∅). O conjunto dos números reais é a união de Q e
Qc , isto é:
N ⊂ Z ⊂ Q ⊂ Q ∪ Qc = R
Observação 0.1. Algumas observações sobre operações com números inteiros, racionais e ir-
racionais:
1. Observe que o conjuntos Z dos números inteiros é fechado para a soma, subtração e
produto, isto é, se a e b são números inteiros, então a + b, a − b e a · b também são números
inteiros. Observe ainda que a/b pode não ser inteiro, mesmo a e b sendo. Por exemplo,
se a = 4 e b = 2, então a/b = 2 é um inteiro, mas b/a = 1/2 não é um inteiro.
2. O conjunto dos racionais é fechado para a soma, isto é, a soma de dois números racionais
ainda é um número racional. De fato:
n p nq + mp
+ =
m
|{z} q mq
|{z} | {z }
∈Q ∈Q ∈Q
3. O conjunto dos irracionais não é fechado para a soma, isto é, existem números irracionais
cuja soma não é um número irracional. Por exemplo, tanto π quanto −π são números
irracionais, mas
π + (−π) = |{z}
|{z} 0
| {z }
∈Q
/ ∈Q
/ ∈Q
4. O conjunto dos racionais é fechado para o produto, isto é, o produto de dois números
racionais ainda é um número racional. De fato:
n p np
· =
m
|{z} q mq
|{z} |{z}
∈Q ∈Q ∈Q
0.3. DESIGUALDADES 5
Lista de propriedades 0.2. Algumas propriedades das operações com números reais:
2. Não existem dois números reais não nulo cujo produto seja 0. Mais formalmente: para
quaisquer números reais r, s, se r · s = 0, então r = 0 ou s = 0. Ou, analogamente, se dois
números reais r, s não são nulos, então r · s não pode ser 0.
(a) Se r + s = t + s, então r = t.
(b) Se rs = ts e s ̸= 0, então r = t.
Exemplo 0.3. Por exemplo, a propriedade 2 acima significa que se (x − 1)(x + 1) = 0 então
x − 1 = 0 ou x + 1 = 0 isto é x = 1 ou x = −1.
0.3 Desigualdades
Note que se r é um número real, então apenas uma das três afirmações é correta r é negativo
ou zero ou positivo, isto é, r < 0 ou r = 0 ou r > 0. Isso significa que o conjunto dos números
reais pode ser dividido em três conjuntos sem interseção:
P1) Se r, s > 0 ou r, s < 0, então rs > 0. Segue daı́ que se r ̸= 0, então r2 > 0.
P2) Se r > 0 e s < 0, então rs < 0. Segue daı́ que se r > 0, então −r = −1 · r < 0, e que se
r < 0, então −r = −1 · r > 0.
P6) Se r < s e t > 0, então rt < st. Mas se r < s e t < 0, então rt > st.
1 r
P8) Se r > 0 então > 0. Segue daı́ que se r > 0 e s > 0, então > 0.
r s
1 1
P9) Se 0 < r < s, então < .
s r
r r
P10) Se r, s > 0 ou r, s < 0, então > 0. Mas se r > 0 e s < 0 ou r < 0 e s > 0, então < 0.
s s
r
Dessa forma, quando temos um quociente positivo, então devemos ter r, s ambos positivos ou
s
r
ambos negativos. Por outro lado, se for negativo, então r, s tem sinais opostos.
s
Observação 0.6. As propriedades valem também para ≥ e ≤ no lugar de > e <, respectiva-
mente.
Observação 0.7. Geometricamente, o conjunto dos números reais pode ser visto como uma
reta. Um ponto arbitrário da reta, denominado origem, representa o 0 e convenciona-se que
a < b significa que a fica à esquerda de b. Assim, na semi-reta da direita representamos os
números reais positivos e, na semi-reta da esquerda, os números reais negativos.
Observação 0.8. Podemos representar alguns subconjuntos de R com notações especiais. Se-
jam r, s ∈ R sendo r < s, os conjuntos abaixo definidos são ditos intervalos:
Vamos ver como podemos usar algumas propriedades da lista 0.5 para resolver problemas com
desigualdades.
0.3. DESIGUALDADES 7
x+1
Exemplo 0.9. Se > 2, então usando a propriedade P6, x + 1 > 2 · 2 = 4, donde
2
x+1
x > 4 − 1 = 3, isto é x > 3. Portanto, o conjunto solução da inequação > 2 é S = {x|x >
2
3} = (3, +∞).
2 2 2 − 2x − 2
Exemplo 0.10. Se > 2, temos pela propriedade P5, −2 > 0, isto é, >0
x+1 x+1 x+1
−2x
ou > 0. Portanto, pela propriedade P10, temos dois casos possı́veis
x+1
a) Se x + 1 > 0 e −2x > 0, então x > −1 e x < 0. Dessa forma, a solução nesse caso é
b) Se x + 1 < 0 e −2x < 0, então x < −1 e x > 0. Porém, não existe número real positivo e
menor que −1 ao mesmo tempo. Logo, a solução desse caso é Sb = ∅.
2
Portanto, o conjunto solução da inequação > 2 é
x+1
S = Sa ∪ Sb = Sa = {x | − 1 < x < 0} = (−1, 0)
x x − 2x − 2 −x − 2
Exemplo 0.11. Se > 2, então > 0, isto é, > 0. Pela propriedade
x+1 x+1 x+1
P10, temos novamente dois casos possı́veis:
a) Se x + 1 > 0 e −x − 2 > 0, então x > −1 e −x > 2, isto é, x > −1 e x < −2. Porém, não
existe número real maior que −1 e menor que −2 ao mesmo tempo. Logo, a solução desse
caso é Sa = ∅.
b) Se x + 1 < 0 e −x − 2 < 0, então x < −1 e −x < 2, isto é, x < −1 e x > −2. Logo, a solução
desse caso é Sb = {x | − 2 < x < −1} = (−2, −1)
x
Portanto, o conjunto solução da inequação > 2 é
x+1
S = Sa ∪ Sb = Sb = {x | − 2 < x < −1} = (−2, −1)
x+3 x + 3 − 2x + 4 −x + 7
Exemplo 0.12. Se < 2, então < 0, isto é, < 0. Assim, pela
x−2 x−2 x−2
propriedade P10, temos dois casos possı́veis:
a) Se x − 2 > 0 e −x + 7 < 0, então x > 2 e −x < −7, isto é, x > 2 e x > 7. Logo, a solução
desse caso é Sa = {x | x > 7} = (7, +∞).
b) Se x − 2 < 0 e −x + 7 > 0, então x < 2 e −x > −7, isto é, x < 2 e x < 7. Logo, a solução
desse caso é Sb = {x | x < 2} = (−∞, 2)
x+3
Portanto, o conjunto solução da inequação < 2 é
x−2
S = Sa ∪ Sb = {x | x < 2 ou x > 7} = (−∞, 2) ∪ (7, +∞)
No fundo, o que fizemos foi reduzir as desigualdades àquelas que podemos fazer usando estudo
de sinal. Isso será bastante útil quando, ao fim do curso, estivermos estudando esboço de gráficos
de funções a partir de suas propriedades. No capı́tulo 1, voltaremos a esse assunto.
8 CAPÍTULO 0. PRÉ-REQUISITOS
Definição 0.13. O valor absoluto (ou módulo) de um número real r, denotado por |r|, é definido
como: (
r, se r ≥ 0
|r| =
−r, se r < 0
a) |0| = 0
b) |π| = | − π| = π
c) |2| = | − 2| = 2
M3) Dado um r ∈ R∗ , sabemos que r > 0 ou r < 0. Se r > 0, temos que r > −r e |r| = r. Se
r < 0, temos −r > 0 e, então, r < −r e |r| = −r. Assim, |r| é sempre o maior entre r e
−r, isto é, |r| = max{−r, r}.
M5) Dado r > 0, se |x| = r, então x = r ou x = −r. Em particular, se t, s ∈ R são tais que
|t| = |s|, então t = s ou t = −s.
r |r|
M6) |rs| = |r| · |s| para todos r, s ∈ R e = se s ̸= 0.
s |s|
Assim: (
2x + 1, se x ≥ −1/2
4=
−2x − 1, se x < −1/2
Isto é, há dois casos:
b) Se x < −1/2, temos 2x + 1 = −4, ou seja, x = −5/2. Como −5/2 < −1/2, a solução é
válida.
a) x + 1 = 2x ⇒ 1 = 2x − x = x.
b) x + 1 = −2x ⇒ 2x + x = −1 ⇒ 3x = −1 ⇒ x = −1/3.
|r − s| ≤ |r| + |s|
|r − s| ≤ |r − t| + |t − s|
a) Se x ≥ 2, temos x − 2 < 5, isto é, x < 7. Assim, a solução desse caso é Sa = [2, 7).
b) Se x < 2, temos −x + 2 < 5, isto é, x > −3. Assim, a solução desse caso é Sb = (−3, 2).
D1
|x − 2| < 5 ⇐⇒ −5 < x − 2 < 5 ⇐⇒ −5 + 2 < x − 2 + 2 < 5 + 2 ⇐⇒ −3 < x < 7
b) Se x < 1/2, temos −4x + 2 ≥ 3, isto é, x ≤ −1/4. Assim, a solução desse caso é
D2
|4x − 2| ≥ 3 ⇐⇒ 4x − 2 ≥ 3 ou 4x − 2 ≤ −3 ⇐⇒ x ≥ 5/4 ou x ≤ −1/4
Observação 0.23. Note que há uma diferença entre obter a raiz n−ésima de r e obter as raı́zes
de xn = r. Por exemplo, as soluções de x2 = 36 são ±6, pois tanto 62 quanto (−6)2 valem 36.
Porém, a raiz quadrada de 36 é 6, pois, por definição, a raiz de um número positivo é positiva.
√
Observação
√ 0.24. Observe ainda que,√por definição,
√ ( n r)n =
p r. Isso significa
√ que, por
exemplo, ( 5)2 = 5. Note ainda que 5√2 = 25 = 5, mas (−5)2 = √ 25 = 5 ̸= −5.
2
Concluı́mos que não é correto afirmar que r = r. Na verdade, note que r = |r|. 2
0.5. POLINÔMIOS 11
0.5 Polinômios
p(x) = an xn + an−1 + · · · + a2 x2 + a1 x + a0 ,
onde os números reais a0 , a1 , a2 , . . . , an−1 , an são ditos coeficientes (note que alguns podem ser
nulos, mas consideramos an ̸= 0) e n é dito o grau do polinômio. O coeficiente a0 é dito
termo independente e an é dito coeficiente lı́der. Um monômio é um polinômio de um termo
só: em geral, polinômios são somas de monômios. Um monômio formado apenas por um termo
independente é dito ter grau 0.
√
Exemplo 0.25. O polinômio 4x5 − πx2 + 2 x + 3 tem grau 5, coeficiente √ lı́der 4 e termo
5
independente 3. Além disso, é formado pelos monômios 4x , −πx , 2x e 3. 2
√
Observação 0.26. x2 + 2x + 1 não é um polinômio, pois nem todo x está com expoente
natural.
A soma e a diferença de polinômios são feitas termo a termo, como no seguinte exemplo:
Já o produto de dois polinômios é feito usando a regra distributiva da multiplicação. Por
exemplo:
Por fim, a divisão de polinômios é feita analogamente à divisão de números inteiros. Na divisão
de f (x) por g(x), começamos dividindo o monômio de maior grau de f (x) pelo de maior grau
de g(x) (se for possivel) e seguimos ate encontrar o resto: um polinômio de grau menor que o
de g(x). Vejamos alguns exemplos:
Como o grau de −2x + 1 é menor que o grau de g(x) = x2 + 3x + 1, não podemos continuar.
Assim, temos r(x) = −2x + 1 e−q(x) = 2.
x2 + 0x − 1 x − 1
x2 − x x+1
x−1
Encontrar raı́zes de um polinômio qualquer nem sempre é fácil. Para polinômios quadráticos,
ou seja, de grau 2, conhecemos a fórmula de Bhaskara, que diz que as raı́zes de ax2 + bx + c
(com a ̸= 0) são dadas por √
−b ± b2 − 4ac
x=
2a
e também o teorema da soma e do produto das raı́zes (ax2 + bx + c tem raı́zes r1 , r2 tais que
r1 + r2 = −b/a e r1 r2 = c/a.) Para graus maiores, o resultado abaixo pode ajudar em alguns
casos.
Teorema 0.33. Temos que a ∈ R é uma raiz de f (x) se e somente se x − a divide f (x).
Note que o resultado do teorema 0.33 diz ainda que se a é raiz de f (x), então existe um polinômio
g(x) tal que f (x) = (x − a)g(x).
Exemplo 0.34. Considere o polinômio f (x) = x3 + x. Temos que 0 é raiz de f (x), o que
significa que x divide f (x). Efetuando a divisão, temos f (x) = x(x2 + 1) e x2 + 1 não tem raı́zes
reais.
Exemplo 0.35. Seja f (x) = 40 − 18x − 3x2 + x3 . Por inspeção, temos que 2 é uma raiz de
f (x) dividindo f (x) por x − 2, temos f (x) = (x − 2)(x2 − x − 20). U x2 − x − 20 podem ser
encontradas pelo teorema da soma e produto: r1 r2 = −20 e r1 + r2 = 1, isto é, r1 = −4 e
r2 = 5. Logo, o polinômio pode ser escrito como f (x) = (x − 2)(x + 4)(x − 5).
O processo feito nos exemplos 0.34 e 0.35 pode ser repetido para polinômios f (x) de qualquer
grau, obtendo uma escrita de f (x) como produto de fatores x − a ou quadráticos irredutı́veis.
Esse processo é chamado fatoração.
Exemplo 0.36. As raı́zes de 2x2 + 5x − 3 são 1/2 e −3 (verifique). Assim, a fatoração desse
polinômio é 2x2 + 5x − 3 = 2(x − 1/2)(x + 3) = (2x − 1)(x + 3)
Exemplo 0.37. A fatoração de x6 + 3x5 − 13x4 − 13x3 − 38x + 60 é (x2 + 2)(x − 1)(x + 2)(x −
3)(x + 5).
A fatoração de polinômios pode ser facilitada, em certos casos, usando produtos notáveis como
por exemplo:
0.6. PLANO CARTESIANO 13
Exemplo 0.38. Usando quadrado da soma, temos que x2 + 4x + 4 = (x + 2)2 . Já usando
diferença de cubos, temos que x3 − 8 = (x − 2)(x2 + 2x + 4).
Em particular, a fatoração de um polinômio pode ser útil, por exemplo, para determinar para
quais valores de x certa função polinomial é positiva ou negativa.
b) Se x + 4 < 0 e x − 5 > 0, então x < −4 e x > 5. Como não existe x real nesses condições,
esse caso tem solução vazia.
Esse processo pode ser resumido em uma tabela onde colecionamos as raı́zes dos fatores e os
sinais dos fatores em cada intervalo:
-4 5
Encerramos esse capı́tulo relembrando o plano cartesiano, que será usado para representar gra-
ficamente funções.
2. O gráfico da equação x = k, com k ∈ R fixo, é uma reta vertical passando por (k, 0)
3. O gráfico da equação y = k, com k ∈ R fixo, é uma reta horizontal passando por (0, k).
Para encontrar a equação de uma reta não vertical passando por dois pontos (x0 , y0 ) e (x1 , y1 ),
y1 − y0
observamos primeiro que sua inclinação é dada por a = . Agora, qualquer outro ponto
x1 − x0
y − y0
(x, y) desta reta deve satisfazer = a. Portanto, devemos ter (y − y0 ) = a(x − x0 ) donde
x − x0
y = ax − (ax0 + y0 ). Assim, a equação da reta não vertical passando por (x0 , y0 ) e (x1 , y1 ) é
y1 − y0
y = ax + b com a= e b = −(ax0 + y0 ).
x1 − x0
0.7 Exercı́cios
(a) 4 − a < 4 − b a b
(c) <
4 4
1 1
(b) −3b < −3a (d) <
b a
0.7. EXERCÍCIOS 15
√
(a) x3 + 2x2 − 4x
(a) A = {x ∈ R : x − 4 ≤ 0} e B = {x ∈ R : x − 4 ≥ 0}
Exercı́cios extras
I. Se a < b, então
1 1
> . III. Se a ∈
√
/ Q
eb∈
/ Q, então ab ∈/ Q.
a b
IV. 4 = ±2.
II. Se a, b ∈ Q, então ab ∈ Q. V. Se a < b, então ca < cb, para todo c ∈ R.
Marque a alternatica CORRETA.
(a) |x| + 1 < |x + 1| para todo x ∈ R. (d) |x| − 2 > |x − 2| para todo x ∈ R.
√ √
(b) x2 = ( x)2 para todo x ∈ R.
p √
(c) (1 − x)2 ≥ 1 − x para todo x ∈ R. (e) |x| x2 > x2 para todo x ∈ R.
1 1
18. (2014-2) Resolva a seguinte desigualdade: ≥ .
|x + 1| |x − 3| 5
1
19. (2013-2) Determine os valores de x para os quais 1 < |2x + 5| ≤ .
x+2
0.8. RESPOSTAS DOS EXERCÍCIOS 19
3. (e)
4. (c)
6. (a) (−3, +∞) (d) (0, 7/2) (g) (−∞, −1) ∪ (0, 1)
(b) (2, 4] (e) (−∞, −4) ∪ (−3, +∞) (h) (−∞, −2] ∪ [1, +∞)
(c) (0, 4) (f) (−∞, 3) ∪ (4, +∞) (i) R − {0}
Funções
Sejam A e B conjuntos não vazios. Uma função com domı́nio A e contradomı́nio B é uma
regra f que a cada elemento em A associa um único elemento em B. A notação usual para
uma função f de domı́nio A e contradomı́no B é
f: A → B
x 7→ f (x)
em que x 7→ f (x) indica que f faz corresponder a x o valor f (x) também chamado imagem de
x por f . O domı́nio A é também denotado por D(f ).
Os elementos do domı́nio são representados por uma variável, usualmente mas não necessaria-
mente denotada por x, chamada variável independente. Os elementos do contradomı́nio são
representados por uma variável, usualmente mas não necessariamente denotada por y, chamada
variável dependente.
O conjunto de todos os valores y ∈ B para os quais existe algum x ∈ A satisfazendo f (x) = y é
chamado conjunto imagem de f e é denotado por Im(f ). Formalmente
Exemplo 1.1. Sejam A = {1, 2, 3, 4, 5}, B = {1, 2, 3, 4, 5, 6} e considere a regras que associam
elementos A com elementos de B ilustradas nos seguintes diagramas.
1. A regra em (1) define uma função f : A → B tal que Im(f ) = {2, 3, 4, 5, 6}.
2. A regra em (2) não define uma função de A em B porque 5 ∈ A não está associado a
nenhum elemento de B.
3. A regra em (3) não define uma função de A em B porque 4 ∈ A está associado a mais de
um elemento de B.
4. A regra em (4) define uma função f : A → B tal que Im(f ) = {2, 3, 4, 5} ⊊ B. Observe
que neste caso 4 e 5 tem a mesma imagem, ou seja f (4) = f (5) = 5.
21
22 CAPÍTULO 1. FUNÇÕES
Exemplo 1.2. A função que associa cada x ∈ R ao seu dobro 2x é definida por:
f: R → R
x 7→ f (x) = 2x
Exemplo 1.3. A função h que a cada t ∈ R associa o quadrado de t somado ao dobro t e a 1
é definida por:
h: R → R
t 7→ h(t) = t2 + 2t + 1
Exemplo 1.4. A função que a cada x ≥ 0 associa a raiz quadrada de x é definida por
f : [0, +∞) → R
√
x 7→ x
Observação 1.5. Definimos uma função f explicitando seu domı́nio, contradomı́nio e regra
x 7→ f (x). No entanto, é comum falarmos de uma função f explicitando apenas sua regra.
Neste caso, convenciona-se que o contradomı́nio é R e o domı́nio é o maior subconjunto de R ao
qual podemos aplicar a regra x 7→ f (x). Este último conjunto é chamado domı́nio da função.
Exemplo 1.6. O domı́nio de f (x) = x2 é R pois a regra x 7→ x2 se aplica a todo x ∈ R.
1
Exemplo 1.7. O domı́nio da função f (x) = é R\{0} já que não podemos dividir por 0.
x
√ √
Exemplo 1.8. A função f (x) = x + 1 tem domı́nio [−1, +∞) já que x + 1 está definida
apenas para x + 1 ≥ 0. Assim devemos ter x ≥ −1 para calcular f (x). Logo, o domı́nio de f (x)
é o conjunto {x ∈ R : x ≥ −1} = [−1, +∞).
1
Exemplo 1.9. A função f (x) = tem domı́nio R\{−3, 3}. Isso porque para efetuar a
x2 −9
2 2
divisão de 1 por x − 9 é necessário que x − 9 ̸= 0 o que acontece se e somente se x ̸= ±3.
Observação 1.10. Seja f : A → R uma função, a restrição de f a um subconjunto A0 do
domı́nio A é a função g : A0 → R definida por g(x) = f (x) para todo x ∈ A0 . Por exemplo, a
restrição de f : R → R, f (x) = x2 ao intervalo [2, 9] é a função g : [2, 9] → R tal que g(x) = x2
para todo x ∈ [2, 9].
Observação 1.11. Duas funções são iguais quando tem o mesmo domı́nio, o mesmo contra-
domı́nio e a mesma regra. As funções f : [0, 1] → R, f (x) = 3x + 5 e g : [0, 1] → R, g(t) = 3t + 5
são iguais pois tem mesmo domı́nio, contradomı́nio e regra. Já as funções f : R → R, f (x) = x2
e g : [5, 10] → R, g(x) = x2 , embora 7 tenham a mesma regra, são diferentes pois seus domı́nios
são diferentes.
Esboçar o gráfico de uma função f consiste em traçar todos os pontos de G(f ) no plano
cartesiano. Quando o domı́nio da função é finito, este procedimento é bem simples (veja o
exemplo a seguir). Quando o domı́nio da função possui infinitos elementos, como um intervalo,
precisaremos usar conceitos mais sofisticados como, por exemplo, o conceito de derivada. Em
alguns casos, como nos exemplos mais a frente, podemos fazer um esboço bem fiel através do
estudo da lei que define a função.
1.2. FUNÇÕES LIMITADAS 23
Para fazermos gráficos com mais detalhes, vamos explorar algumas propriedades de funções que
serão definidas nas seções seguintes.
Definição 1.14. Uma função f (x) é dita limitada superiormente se existe M ∈ R tal que
f (x) ≤ M para todo x ∈ D(f ). Por outro lado, é dita limitada inferiormente se existe N ∈ R
tal que f (x) ≥ N para todo x ∈ D(f ).
Se f (x) for limitada superiormente e inferiormente, dizemos apenas que f (x) é limitada. Nesse
caso, temos que Im(f ) ⊂ [N, M ] e, então, tomando L = max{|N |, |M |} temos que |f (x)| ≤ L.
(
1, se x < 0
Exemplo 1.15. A função f (x) = é limitada, pois Im(f ) = {1, 12}.
12, se x ≥ 0
√
x x
100 10
10000 100
1000000 1000
100000000 10000
10000000000 100000
1000000000000 1000000
100000000000000 10000000
10000000000000000 100000000
1000000000000000000 1000000000
.. ..
. .
24 CAPÍTULO 1. FUNÇÕES
√
Dessa forma, x não é limitada superiormente.
1
Exemplo 1.18. Vejamos a função f (x) = 2 . Sabemos que x2 > 0 para todo x ∈ R \
x
1
{0} = D(f ). Assim, f (x) = 2 > 0 para todo x ∈ D(f ), o que significa que f (x) é limitada
x
1 1
inferiormente. Porém, para qualquer valor M > 0, se escolhermos x ∈ (− √ , √ ) teremos
M M
1
f (x) = 2 > M , ou seja, f (x) torna-se arbitrariamente grande e, portanto, f (x) não é limitada
x
superiormente.
Exemplo 1.19. Seja x ∈ R. Temos que x2 ≥ 0 e, então, x2 + 1 ≥ 1. Isso significa que
x2 2 < x2 + 1 para todo x ∈ R, o que significa que x2
≥ 0. Além disso, x < 1. Assim, a
x2 + 1 x2 + 1
x2
função f (x) = 2 é limitada pois sua imagem está contida em [0, 1]
x +1
Percorrendo o gráfico de uma função y = f (x) da esquerda para a direita vemos que os valores
de y crescem ou decrescem dependendo da posição de x. Este comportamento motiva a seguinte
definição.
Definição 1.20. Seja f uma função definida em um intervalo I.
Estudando a lei da função, podemos encontrar os intervalos onde ela cresce ou decresce. Vamos
ver um exemplo.
Exemplo 1.21. Considere f (x) = x2 . Dados dois pontos x1 < x2 temos que
f (x2 ) − f (x1 ) = x22 − x21 = (x2 − x1 )(x2 + x1 )
Como x1 < x2 temos x2 − x1 > 0. Agora vejamos
• se x1 , x2 ∈ [0, +∞) então x2 + x1 > 0. Logo, f (x2 ) − f (x1 ) > 0, ou seja, f (x2 ) > f (x1 ) .
Concluı́mos que f (x) é crescente no intervalo [0, +∞).
• se x1 , x2 ∈ (−∞, 0] então x2 + x1 < 0. Logo, f (x2 ) − f (x1 ) < 0, ou seja, f (x2 ) < f (x1 ).
Concluı́mos que f (x) é decrescente no intervalo (−∞, 0].
Se a lei de f não é tão simples como no exemplo anterior, o trabalho de encontrar o intervalos de
crescimento e decrescimento pode ser complicado e será feito posteriormente usando o conceito
de derivada.
1.4. MÁXIMOS E MÍNIMOS DE UMA FUNÇÃO 25
Considere a função f cujo gráfico é ilustrado na figura abaixo. Observe que a imagem do ponto
x1 é maior que a imagem de qualquer outro x próximo de x1 . Quando isso acontece, dizemos
que f possui um máximo local em x1 . Outros pontos onde f possui máximos locais são x3 e x5 .
Observe agora que a imagem de x2 é menor que a imagem de qualquer outro ponto x próximo
de x2 . Quando isso acontece, dizemos que f possui um ponto de mı́nimo local em x2 . Outros
pontos onde f possui mı́nimo local são x4 e x6 .
Os pontos de máximo ou mı́nimo locais também são chamados de pontos de extremos locais
da função.
Voltando ao gráfico da figura 1.1, observamos que a imagem f (x1 ) é maior que imagem de
qualquer outro ponto no domı́nio de f , descrevemos isso dizendo que f possui um máximo
global em x1 . Já a imagem f (x6 ) é menor que a imagem de qualquer outro ponto no domı́nio
de f , neste caso dizemos que f possui um mı́nimo global em x6 . Os pontos x1 e x6 desta função
são ditos extremos globais. Vamos dar a definição formal.
• Dizemos que f possui um máximo global (ou máximo absoluto) em x0 se f (x) ≤ f (x0 )
para todo x no domı́nio de f . Neste caso dizemos que f (x0 ) é o valor máximo absoluto
de f .
• Dizemos que f possui um mı́nimo global (ou mı́nimo absoluto) em x0 se f (x) ≥ f (x0 )
para todo x no domı́nimo de f . Neste caso dizemos que f (x0 ) é o valor mı́nimo absoluto
de f .
Observação 1.24. Todo extremo global é um extremo local. Mas recı́proca não vale, ou seja,
é possı́vel que f possua um extremo local em x0 sem que f possua um extremo global neste
ponto. Por exemplo, os pontos x2 , x3 , x4 e x5 do gráfico na figura 1.1 são exemplos de pontos
onde f possui extremos locais mas não possui extremos globais.
26 CAPÍTULO 1. FUNÇÕES
Vamos mostrar que a imagem de uma função afim f (x) = ax + b é Im(f ) = R, ou seja, vamos
mostrar que para todo y0 ∈ R existe x0 ∈ R tal que f (x0 ) = y0 . Para isso, observamos que
y0 − b
dado qualquer y0 ∈ R a equação y0 = ax + b tem solução única x0 = . Isso implica que
a
y0 − b
f = y0 donde y0 ∈ Im(f ). Como o argumento vale para qualquer y0 ∈ R, temos que
a
Im(f ) = R. Assim, uma função afim não é limitada. Além disso, f (x) = ax + b é crescente se
a > 0 e decrescente se a < 0 pois, supondo a > 0, temos
Exemplo 1.27. A função afim f (x) = 2x − 1 restrita ao intervalo fechado [−1, 2] é limitada
e assume o valor máximo em x = 2 e o valor mı́nimo em x = 2. Observe no gráfico de f que
f (−1) = −3 ≤ f (x) ≤ 3 = f (2).
1.5. EXEMPLOS DE FUNÇÕES E SEUS GRÁFICOS 27
Observação 1.28. Podemos estudar a imagem Im(f ) de uma função f analisando seu gráfico
G(f ). Para fazer isso, observamos que y0 ∈ Im(f ) se, e somente se, a reta horizontal y = y0
intersecta G(f ). Neste caso, existirá x0 no domı́nio de f tal que (x0 , y0 ) ∈ G(f ), ou seja,
y0 = f (x0 ) e portanto y0 ∈ Im(f ).
R R
Exemplo 1.29. Uma função quadrática é uma função f : → , f (x) = ax2 + bx + c, onde
a, b, c ∈ R e a ̸= 0. O gráfico deste tipo de função é uma parábola simétrica com respeito à
−b
reta vertical S de equação x = (eixo de simetria). A concavidade da parábola é voltada
2a
para cima se a > 0 e para baixo de a < 0. O vértice da parábola é seu ponto de interseção com
−b −∆
a reta S e tem coordenadas ( , ) onde ∆ = b2 − 4ac.
2a 4a
Para descrever o gráfico de f (x) = ax2 + bx + c observamos que, completando quadrado, temos:
b2 b2
2 b c 2 b c
f (x) = a x + x + =a x +2 x+ 2 − 2 +
a a 2a 4a 4a a
" 2 # " #
(b2 − 4ac) b 2
b ∆
=a x+ − =a x+ − 2
2a 4a2 2a 4a
Portanto, " #
b 2
∆
f (x) = a x + − 2 .
2a 4a
b 2
∆
Temos então que f (x) = 0 se, e só se, x + = 2.
2a 4a
28 CAPÍTULO 1. FUNÇÕES
3. Se ∆ < 0 então f (x) = 0 não tem solução. Neste caso, G(f ) não intersecta o eixo das
abscissas.
b 2
∆
Vamos estudar dois casos. Primeiramente, se a > 0 então y + = a x+ tem solução
4a 2a
∆ ∆
se e somente se y + ≥ 0, ou seja y ≥ − . Assim, concluı́mos que
4a 4a
∆
se a > 0 então Im(f ) = [− , +∞)
4a
b 2
∆ ∆
Agora, se a < 0 então então y + =a x+ tem solução se e somente se y + ≤ 0, ou
4a 2a 4a
∆
seja y ≤ − . Assim, concluı́mos que
4a
∆
se a < 0 então Im(f ) = (−∞, − ].
4a
b
Vamos mostrar agora que o gráfico de f (x) é simétrico com respeito à reta x = − . Isso
2a
−b
equivale a dizer que se x1 e x2 são equidistantes de x = então f (x1 ) = f (x2 ). Mas, se x1 e
2a
−b b b
x2 são equidistantes de x = então x1 − − = x2 − − . Assim, temos
2a 2a 2a
" # " #
b 2 b 2
∆ ∆
f (x1 ) = a x1 + − 2 = a x2 + − 2 = f (x2 )
2a 4a 2a 4a
Portanto f (x1 ) = f (x2 ).
A tabela da Figura 1.5 resume as propriedades que provamos.
1.5. EXEMPLOS DE FUNÇÕES E SEUS GRÁFICOS 29
Figura 1.5: Dependência do gráfico de f (x) = ax2 + bx + c com respeito aos parâmetros a, b, c.
A tabela 1.5 nos diz que uma função quadrática é limitada inferiormente se a > 0, pois
f (x) ≥ −∆/(4a), para todo x ∈ R, mas não é limitada superiormente. Se a < 0, f é limitada
superiormente, f (x) ≤ −∆/(4a), para todo x ∈ R, mas não é limitada inferiormente. Também
podemos observar que para a > 0, a função quadrática é crescente no intervalo [−b/2a, +∞) e
decrecente no intervalo (−∞, −b/2a]. Já para a < 0, o comportamente da função inverte, isto
é, ela é crescente no intevalo (−∞, −b/2a] e decrescente no intervalo [−b/2a, +∞).
Exemplo 1.30. A função módulo é a função f : R → R, f (x) = |x|. Pela definição de |x|
temos
x, se x ≥ 0
f (x) = |x| =
−x, se x < 0
Assim, a função f (x) = |x| é limitada inferiormente, mas não é limitada superirormente. Ela é
crescente no intervalo (0, +∞) e decrescente no intervalo (−∞, 0).
A função módulo é um exemplo de função definida por partes, ou seja, uma função cuja
regra muda dependendo do conjunto ao qual pertence x. Outros exemplos de funções deste tipo
são dados a seguir.
−x2 + 2x + 3, se x ≤ 2
Exemplo 1.31. Considere a função f : R → R f (x) =
x + 1, se x > 2
30 CAPÍTULO 1. FUNÇÕES
Para x ≤ 2 o gráfico de f coincide com a parábola dada pelo gráfico de x 7→ −x2 + 2x + 3. Para
x > 2 o gráfico de f coincide com a reta dada pelo gráfico de x 7→ x + 1. A imagem desta função
é Im(f ) = R, mostre isso! Analise se a função é limitada ou não e determine os intervalos de
crescimento/decrescimento de f .
Exemplo 1.32. Na figura a seguir temos o gráfico da função f : R → R dada por
1, se x ≤ −1
x2 , se − 1 < x < 2
f (x) =
1 x + 5, se x ≥ 2
2
Para x ∈ (−∞, −1) temos f (x) = 1. Para x ∈ (−1, 2), f (x) = x2 e para x ∈ [2, +∞),
1
f (x) = x + 5. Esta função tem imagem Im(f ) = [0, 4) ∪ [6, +∞). Justifique isso! Analise se
2
a função é limitada ou não e determine os intervalos de crescimento/decrescimento de f .
Exemplo 1.33. Dado um inteiro positivo p consideremos a função f : R → R, f (x) = xp .
As caracterı́sticas dos gráficos destas funções mudam dependendo de p ser par ou ı́mpar como
vemos na figura abaixo.
1
1. Se p é par então a equação y = p tem solução se e somente se y > 0. As soluções são
x
′ 1 ′′ 1
x = −√ p y
ex = √ p y
. Neste caso, Im(f ) = (0, +∞).
1 1
2. Se p é ı́mpar então a equação y = tem solução única x = √ para qualquer y ̸= 0.
xp p y
Generalizando, toda função f : R → R, f (x) = xp com p par , isto é p ∈ {2, 4, 6...}, é uma
função par. Mostre isso!
Exemplo 1.37. A função f : R → R, f (x) = x3 é ı́mpar por
Generalizando, toda função f : R → R, f (x) = xp com p ı́mpar, isto é p ∈ {1, 3, 5...}, é uma
função ı́mpar. Mostre isso!
Observação 1.38. Se f (x) é uma função par e (x0 , y0 ) é um ponto do seu gráfico então como
y0 = f (x0 ) = f (−x0 ) temos que (−x0 , f (x0 )) também é um ponto de G(f ). Consequentemente,
o gráfico de uma função par é simétrico em relação ao eixo y.
Observação 1.39. Se f (x) é uma função ı́mpar e (x0 , y0 ) é um ponto do seu gráfico então
como −y0 = −f (x0 ) = f (−x0 ) temos que (−x0 , −f (x0 )) também é um ponto de G(f ). Conse-
quentemente, o gráfico de uma função ı́mpar é simétrico em relação à origem.
Exemplo 1.40. A função f : R → R definida por f (x) = x4 − 4x2 é um função par, pois
∀x ∈ R f (−x) = (−x)4 − 4(−x)2 = x4 − 4x2 = f (x).
32 CAPÍTULO 1. FUNÇÕES
Exemplo 1.41. A função f : R → R definida por f (x) = x5 − 3x3 é um função ı́mpar, pois
∀x ∈ R f (−x) = (−x)5 − 3(−x)3 = −x5 + 3x3 = −f (x).
Nem toda função é par ou ı́mpar. Para mostrar que uma função f (x) não é par é suficiente
exibir um x0 tal que f (−x0 ) ̸= f (x0 ). Para mostrar que uma função f (x) não é ı́mpar é
suficiente exibir x0 tal que f (−x0 ) ̸= −f (x0 ).
Exemplo 1.43. A função f : R → R, f (x) = x2 + 2x + 2 não é par. Para mostrar isso basta
ver que f (−1) = 1 e f (1) = 5. Portanto f (1) ̸= f (−1).
Exemplo 1.44. A função f : R → R, f (x) = x2 + x não é ı́mpar. Para mostrar isso basta ver
que f (2) = 6 e f (−2) = 2. Portanto f (2) ̸= −f (−2).
Podemos construir funções a partir de outras definindo operações aritméticas entre funções.
ii) Função Diferença: (f − g)(x) = f (x) − g(x), para todo x ∈ A ∩ B. Então, D(f − g) =
A ∩ B.
R
Exemplo 1.51. f : \{−2, 2} → Rdefinida por f (x) = 2
x−1
x −4
é um exemplo de função
racional.
Observação 1.54. É possı́vel definir g ◦ f , mesmo quando Im(f ) não está contida em D(g).
Neste caso, definimos o domı́nio da composta (g ◦ f ) como sendo o conjunto dos x ∈ D(f ) tais
que f (x) ∈ D(g), ou seja
1
Exemplo 1.55. Considere as funções f : R → R, f (x) = 2x + 4 e g : R\{0} → R, g(x) = .
x
Temos que Im(f ) = R não está contida em D(g) = R\{0}. Assim, só podemos definir g ◦ f no
conjunto {x ∈ D(f ) : f (x) ∈ D(g)}. Observe que f (x) ∈ D(g) se e somente se 2x + 4 ̸= 0 ⇔
x ̸= −2. Portanto,
1 1
(g ◦ f )(x) = g(f (x)) = =
f (x) 2x + 4
Exemplo 1.57. Considere a função quadrática h(x) = 4x2 + 4x + 1 = (2x + 1)2 , cujo domı́nio
é R. Veja que podemos obter qualquer elemento da imagem de h pelo seguinte processo:
f g
x 7−→ 2x + 1 7−→ (2x + 1)2 ∈ Im(h)
Isso significa que os elementos da imagem de h podem ser obtidos compondo duas funções f e g
dadas por f (x) = 2x + 1 e g(x) = x2 , cujos domı́nios são R. Nesse caso, dizemos que h = g ◦ f .
√
Exemplo 1.58. Considere h : [−1, +∞) → R, h(x) = x + 1. Vejamos que podemos obter os
elementos da imagem de h a partir de cada x ∈ [−1, +∞) como:
f g √
x 7−→ x + 1 7−→ x + 1 ∈ Im(h)
Isso significa que os elementos da imagem de h podem ser obtidos compondo duas funções f e g
√
dadas por f (x) = x + 1 e g(x) = x. Note que se x ∈ [−1, +∞), então x + 1 ∈ [0, +∞) = D(g).
Assim, considerando D(f ) = D(h) = [−1, +∞), temos Im(f ) = [0, +∞) = D(g) e Im(g) =
Im(h).
Vamos estudar as composições de uma função f com uma função do tipo g(x) = x ± a com
a > 0. Temos duas possibilidades para a composição : f ◦g ou g ◦f . Em cada caso a composição
gera uma função cujo gráfico é uma translação do gráfico de f na horizontal ou na vertical
1.8. COMPOSIÇÃO DE FUNÇÕES 35
D(h) = {x ∈ R : x + a ∈ A}
Isso implica que (x0 , y0 ) ∈ G(f ) se e somente se (x0 − a, y0 ) ∈ G(h). Observe que o ponto
(x0 − a, y0 ) é uma translação horizontal à esquerda do ponto (x0 , y0 ). Assim, o gráfico de
h = f (x + a) com a > 0 é uma translação horizontal à esquerda do gráfico de f .
Consideremos agora a composição de f : A → R com a função g : R → R, g(x) = x − a, a > 0.
A composta h(x) = f ◦ g(x) = f (x − a) tem domı́nio
D(h) = {x ∈ R : x − a ∈ A}
que é uma translação à direita do domı́no de R. Fazendo uma análise parecida com a que
fizemos acima podemos ver que o gráfico de h(x) = f (x − a) com a > 0 é uma translação
horizontal à direita do gráfico de f .
Observe que [−7, −3] é obtido transladando o intervalo [−2, 2] em 5 para a esquerda. O gráfico
de h(x) é uma translação horizontal à esquerda do gráfico de f (x) como ilustrado na figura a
seguir.
Observe que [3, 7] é obtido transladando [−2, 2] em 5 para a direita. O Gráfico de p(x) é uma
translação horizontal à direita do gráfico de f (x). Vejamos alguns pontos.
p(6) = f (6 − 5) = f (1) = 0
p(5) = f (5 − 5) = f (0) = −1
p(4) = f (4 − 5) = f (−1) = 0
p(3) = f (3 − 5) = f (−2) = 3
Exemplo 1.61. Considere a função f : [−4, 4] → R ,f (x) = |x|. Na figura abaixo ilustramos
os gráficos de h(x) = f (x) + 3 e p(x) = f (x) − 3
Para descrever o gráfico de |f (x)|, observemos que esta é uma função definida por partes. Temos
dois casos a analisar.
1.9. FUNÇÕES INVERSAS 37
1. Se f (x) ≥ 0 então (g ◦ f )(x) = f (x). Isso implica que o gráfico de |f (x)| coincide com o
gráfico de f (x) nos pontos onde f (x) ≥ 0.
2. Agora, se f (x) < 0 então |f (x)| = −f (x). Isso implica que se (x, y) ∈ G(f ) e y = f (x) < 0
então (x, −y) ∈ G(|f |). Ou seja, o gráfico de |f (x)| é uma reflexão do gráfico de f com
relação ao eixo das abiscissas nos pontos onde f (x) < 0.
Vamos ilustrar o que discutimos acima com um exemplo. Nas gráficos representados nas figu-
ras 1.7a e 1.7b, temos uma função polinomial de 3o grau f (x) e a função |f (x)|, respectiva-
mente. Veja que f (x) ≥ 0 em [−1/2, 1/2] ∪ [2, +∞), assim |f (x)| = f (x) aı́. Já nos intervalos
(−∞, −1/2) e (1/2, 2), temos f (x) < 0, donde |f (x)| = −f (x).
Figura 1.7
(
f (x), se x ≥ 0
Agora, consideremos a composta (f ◦ g)(x) = f (|x|) =
f (−x), se x < 0
Novamente, temos uma função definida por partes e dois casos a considerar
1. Se x ≥ 0 então f (|x|) = f (x). Isso implica que o gráfico de f (|x|) coincide com o gráfico
de f nos pontos onde x ≥ 0.
2. Se x < 0 então f (|x|) = f (−x). Isso implica que se x < 0 e (x, y) pertence ao gráfico
de f (|x|) então (−x, y) pertence ao gráfico de f . Ou seja, a parte do gráfico de f (|x|)
correspondente aos pontos x < 0 é a reflexão com respeito ao eixo das ordenadas da parte
do gráfico de f (x) correspondente aos pontos x > 0.
Vamos ilustrar o que discutimos acima com um exemplo. Considere a função polinomial cujo
gráfico está representado na figura 1.8a. Então, o gráfico de f (|x|) é a figura 1.8b.
Figura 1.8
pode ser invertida. Precisamente, veremos que existem funções f : A → B que admitem uma
função inversa f −1 : B → A cuja regra inverte ou desfaz a transformação definida pela regra
de f .
Para que uma função seja invertı́vel, isto é, admita inversa, é necessário que ela satisfaça algumas
propriedades. Isso nos leva a estudar, primeiramente, duas classes de funções: as injetoras e as
sobrejetoras. As funções invertı́veis são aquelas que são bijetoras, ou seja, as funções que são
injetoras e também sobrejetoras.
Definição 1.62. Uma função f é dita injetora se elementos diferentes do domı́nio tem imagens
diferentes. Mais precisamente, dizemos que f (x) é injetora se satisfaz a seguinte condição
ou, equivalentemente:
Nem toda função é injetora! Para mostrar que uma função f (x) não é injetora, é suficiente
encontrarmos dois valores x1 , x2 ∈ D(f ) tais que x1 ̸= x2 e f (x1 ) = f (x2 ). Vejamos alguns
exemplos.
Em algumas situações será útil restringir o domı́nio de uma função não injetora a fim de obter
uma função injetora. Este procedimento é ilustrado nos exemplos a seguir.
Exemplo 1.74. Toda função afim f : R → R, f (x) = ax + b tem imagem Im(f ) = R. Portanto,
toda função afim é sobrejetora.
Nem toda função é sobrejetora! Alguns exemplos de funções não sobrejetoras são dados a seguir.
Exemplo 1.77. A função f : R → R, f (x) = x2 − 4 não é sobrejetora, pois Im(f ) = [−4, +∞),
isto é, Im(f ) ̸= R.
40 CAPÍTULO 1. FUNÇÕES
Dada uma função f : A → B não sobrejetora, é sempre possı́vel construir uma função sobrejetora
g com mesma regra e domı́nio de f , bastando, para isso, definir o contradomı́nio de g como
sendo Im(f ). Vejamos alguns exemplos.
Exemplo 1.78. A função f : R → R dada por f (x) = x2 − 4 não é sobrejetora e tem imagem
Im(f ) = [−4, +∞). A função de mesma regra e mesmo domı́nio g : R → [−4, +∞), g(x) = x2 −4
é sobrejetora.
1
Exemplo 1.79. A função f : R\{0} → R, f (x) = não é sobrejetora pois Im(f ) = R\{0}.
x
1
Mas, a função de mesma regra e mesmo domı́nio g : R\{0} → R\{0}, g(x) = é sobrejetora.
x
Assim, cada y0 ∈ B está associado a um único x0 ∈ A. Este fato nos permite definir uma função
de domı́nio B e contradomı́nio A que a cada y0 ∈ B associa o único x0 ∈ A tal que f (x0 ) = y0 .
Tal função é o que chamamos de inversa da função f .
Observação 1.84. Algumas propriedades da relação entre uma função bijetora e sua inversa
são:
Exemplo 1.85. A função f : R → R, f (x) = 3x + 2 é bijetora, como toda função afim. Logo,
f admite uma inversa f −1 : R → R. Para encontrar f −1 observemos que, pela definição 1.83,
temos
x = f −1 (y) ⇔ y = f (x) = 3x + 2
Mas,
y 2
y = 3x + 2 ⇔ y − 2 = 3x ⇔ x = −
3 3
y
Assim, a inversa de f é a função f −1 : R → R, f −1 (y) = 3 − 23 .
Observação 1.86. Como observamos acima, ao compor uma função f com sua inversa obtemos
funções identidades. Vamos verificar este fato considerando a função do exemplo anterior.
Observemos que para todo y ∈ R temos (f ◦ f −1 )(y) = y, de fato:
−1 y 2 y 2 y 2
(f ◦ f )(y) = f − =3 − + 2 = 3. − 3. + 2 = y − 2 + 2 = y
3 3 3 3 3 3
Por outro lado, temos que para todo x ∈ R temos (f −1 ◦ f )(x) = x, de fato:
3x + 2 2 3x 2 2
(f −1 ◦ f )(x) = f −1 (3x + 2) = − = + − =x
3 3 3 3 3
Observação 1.87. Sabemos que qualquer função afim f : R R
→ , f (x) = ax + b é bijetora.
Argumentando como no exemplo anterior podemos mostrar que a inversa de f (x) = ax + b é a
y b
função f −1 : R → R, f −1 (y) = − . (Mostre isso!)
a a
Exemplo 1.88. A função f : [0, +∞) → [−1, +∞), f (x) = x2 − 1 é bijetora (verifique isso!).
Para encontrar, sua inversa devemos resolver a equação y = f (x) considerando y ≥ −1 e x ≥ 0.
Observemos que
y = f (x) ⇔ y = x2 − 1 ⇔ y + 1 = x2
Mas, para x ≥ 0 temos
x2 = 1 + y ⇔ x =
p
y + 1.
√
Logo, a inversa de f é a função f −1 : [−1, +∞) → [0, +∞), f −1 (y) = y + 1.
Compondo f com sua inversa obtemos funções identidade, de fato:
p
(f ◦ f −1 )(y) = f y + 1 = ( y + 1)2 − 1 = y + 1 − 1 = y ∀y ∈ [−1, +∞)
p
p √
(f −1 ◦ f )(x) = f −1 x2 − 1 = x2 − 1 + 1 = x2 = |x| = x ∀x ∈ [0, +∞)
Um fato interessante sobre funções bijetoras é que o gráfico de f , G(f ), e o gráfico da sua
inversa f −1 , G(f −1 ), são simétricos com relação à reta y = x. Isto acontece porque x = f (y)
se, e somente se, y = f −1 (x) o que implica em
A simetria do gráfico de uma função bijetora f e o gráfico de sua inversa é ilustrado na Figura
1.9, para a função estudada no Exemplo 1.88.
42 CAPÍTULO 1. FUNÇÕES
Figura 1.9: Gráficos de f : [0, +∞) → [−1, +∞), f (x) = x2 − 1 e sua inversa.
2
Exemplo 1.89. Considere f : R\{0} → R\{1}, f (x) = + 1. Vamos mostrar que f é bijetora
x
e encontrar sua inversa. Primeiramente, observemos que se x1 , x2 ∈ R\{0} então
2 2 2 2
f (x1 ) = f (x2 ) ⇔ +1= +1⇔ = ⇔ x1 = x2
x1 x2 x1 x2
Portanto, f é uma função injetora. Agora, observemos que dado y ∈ R\{1} temos que
2 2 2
y = f (x) ⇔ y = +1⇔y−1= ⇔x=
x x y−1
Logo, cada y ∈ R\{1} está associado a algum x ∈ R\{0}. Assim, f é sobrejetora. Sendo injetora
e sobrejetora, f é bijetora e, por ser bijetora, admite uma inversa f −1 : R\{1} → R\{0}, Como
vimos acima, temos
2
y = f (x) ⇔ x =
y−1
2
Assim, f −1 (y) = . Os gráficos de f e f −1 são ilustrados na figura a seguir.
y−1
A partir desse ponto, trabalharemos com ângulos medidos em radianos. Veremos como definir 1
radiano. Em geral, um ângulo é medido a partir de uma reta horizontal em sentido antihorário.
1.10. FUNÇÕES TRIGONOMÉTRICAS E SUAS INVERSAS 43
O valor do ângulo total é definido como 360o . Considerando um cı́rculo de raio 1 centrado na
origem, se partimos do ponto (1, 0) (no sentido antihorário), definimos 1 radiano como a medida
do ângulo formado quando percorremos o arco de medida 1:
Dessa forma, 360o correspondem ao comprimento da circunferência, isto é, 2π, o que nos dá um
parâmetro para converter θg graus em θr radianos e vice-versa:
θg 360 180
= =
θr 2π π
Exemplo 1.90. Por exemplo, para um ângulo de 120o , temos:
120 180 π 2π
= =⇒ αr = · 120 =
αr π 180 3
Conhecidas as medidas dos lados a, b, c, podemos relacioná-las com o ângulo θ ∈ (0, π/2) a
partir das funções
a c a sen θ
sen θ := cos θ := tg θ := =
b b c cos θ
Exemplo 1.91. Vamos calcular sen (π/3), cos(π/3) e tg (π/3). Para isso, vamos começar com
um triângulo equilátero de lado 1 dividido em dois triângulos retângulos.
√
Usando o Teorema de Pitágoras, temos que a altura mede 3/2. Assim, olhando para o triângulo
do lado esquerdo, temos:
√ √
3 1 3/2 √
sen (π/3) = cos(π/3) = tg (π/3) = = 3
2 2 1/2
44 CAPÍTULO 1. FUNÇÕES
Como a soma dos ângulos internos de um triângulo é π e o triângulo ABC já tem um ângulo
reto, temos que o valor de θ está limitado. Assim, vamos generalizar as funções seno, cosseno
e tangente para que possam estar definidas para mais valores. Para isso, usaremos um cı́rculo
orientado de raio 1, no qual identificaremos o ponto O′ = (1, 0) com o ângulo de medida 0
radianos.
Dado um ângulo θ, definido por um ponto P = (x, y) sobre o cı́rculo orientado, como na figura
1.12, definimos
sen θ = y cos θ = x tg θ = O′ P ′
Exemplo 1.94. Já calculamos cos(π/6) e sen (π/6) (veja exemplo 1.91). Na figura 1.13, vemos
representados os ângulos de medidas π/6 e 2π/3 no cı́rculo trigonométrico.
Temos que
OP̂ B = π − π/6 − π/2 = π/3
B ′ ÔP ′ = π − 2π/3 = π/3
OPˆ′ B ′ = π − π/2 − π/3 = π/6
Dessa forma, os dois triângulos na figura 1.13 são congruentes, isto é
B ′ P ′ = OB e OB ′ = BP
Agora, devido ao sinal do cosseno de 2π/3 ser negativo, concluimos então que
√
sen (2π/3) = cos(π/6) = 3/2 cos(2π/3) = −sen (π/6) = −1/2
Apesar do maior ângulo que conseguimos representar em uma figura como em 1.12 ser 2π, as
funções seno e cosseno estão definidas para ângulos de qualquer medida real, considerando várias
voltas no cı́rculo trigonométrico. Por exemplo, para um ângulo de medida 5π/2 = 2π + π/2,
temos uma volta completa no cı́rculo e mais um ângulo de medida π/2. Assim, sen (5π/2) =
sen (π/2) = 1 e cos(π/2) = 0.
Além disso, podemos calcular seno e cosseno de ângulos negativos, usando a orientação oposta
do cı́rculo trigonométrico.
46 CAPÍTULO 1. FUNÇÕES
Por fim, voltando à figura 1.12, notamos ainda que como P pertence ao cı́rculo de raio 1 e suas
coordenadas são exatamente (x, y) = (cos θ, sen θ), segue que
1 = x2 + y 2 = sen 2 θ + cos2 θ
sen (α + β) = sen α cos β + sen β cos α sen (α − β) = sen α cos β − sen β cos α
cos(α + β) = cos α cos β − sen α sen β cos(α − β) = cos α cos β + sen α sen β
tg α + tg β tg α − tg β
tg (α + β) = tg (α − β) =
1 − tg α tg β 1 + tg α tg β
Vamos considerar as funções seno e cosseno definidas na seção anterior. Temos que ambas tem
R como domı́nio e [−1, 1] como imagem (pois o cı́rculo trigonométrico tem raio 1). Os gráficos
dessas funções estão nas figuras 1.14 e 1.15.
Observamos que:
1.10. FUNÇÕES TRIGONOMÉTRICAS E SUAS INVERSAS 47
1. O gráfico do seno é simétrico em relação à origem, o que reflete o fato do seno ser uma
função ı́mpar. Já o gráfico do cosseno é simétrico em relação ao eixo y, o que reflete o
fato dessa ser uma função par.
2. Para todo θ ∈ R:
3. O gráfico da função cosseno pode ser obtido do gráfico da função seno por uma translação
horizontal de π/2 unidades.
sen θ
Considerando tg θ = , temos que
cos θ
n π o
D(tg ) = {θ ∈ R | cos θ ̸= 0} = θ ∈ R | θ ̸= + kπ, k ∈ Z
2
Mas Im(tg ) = R. O gráfico da tangente está a seguir:
Observamos que
sen (−θ) −sen θ
tg (−θ) = = = −tg θ
cos(−θ) cos θ
o que significa que a tangente é uma função ı́mpar, o que está refletido no gráfico, que é simétrico
em relação à origem. Além disso, a tangente também é uma função periódica, mas de perı́odo
π. Por fim, vemos que o gráfico da tangente tem assı́ntotas verticais x = π/2 + kπ, onde k ∈ Z.
Podemos ainda definir a secante, a cossecante e a cotangente como:
1 1 1 cos θ
sec θ = cossec θ = cotg θ = =
cos θ sen θ tg θ sen θ
Por fim, os gráficos das funções secante, cossecante e cotangente estão a seguir:
Vimos na seção anterior que seno e cosseno não são funções injetivas. Por exemplo, sen (kπ) = 0
e cos(π/2 + kπ) = 0 para todo k ∈ Z. Assim, a fim de ser possı́vel definir funções inversas,
devemos restringir o domı́nio. Trabalharemos então com:
h π πi
sen : − , → [−1, 1] e cos : [0, π] → [−1, 1]
2 2
Dessa forma, tanto o seno quanto o cosseno são funções bijetores e, portanto, admitem inversas.
A função inversa do seno é chamada arcoseno e, por ser inversa, temos
h π πi
arcsen : [−1, 1] → − ,
2 2
1.10. FUNÇÕES TRIGONOMÉTRICAS E SUAS INVERSAS 49
y = sen x ⇔ x = arcseny
π π
Além disso, para todos x ∈ − 2 , 2 e y ∈ [−1, 1], temos
Ainda, podemos obter o gráfico do arcoseno a partir de uma reflexão do gráfico do seno em
relação à reta y = x, como na figura a seguir.
y = cos x ⇔ x = arccosy
E para todos x ∈ [0, π] e y ∈ [−1, 1] temos
arccos(cos x) = x e cos(arccosy) = y
Já para inverter a função tangente, devemos ter cuidado com os pontos −π/2 e π/2, já que a
função não está definida nesses pontos. Assim, faremos a restrição
π π
tg : − , →R
2 2
que é bijetora e, portanto, adimite função inversa, chamada arcotangente. Como nos casos do
seno e do cosseno, temos π π
arctg : R → − ,
2 2
π π
e para todos x ∈ − 2 , 2 e y ∈ R
arctg(tg x) = x e tg (arctgy) = y
50 CAPÍTULO 1. FUNÇÕES
O gráfico da função arcotangente pode ser, como antes, obtido pela reflexão do gráfico da
tangente em relação à reta y = x:
Sobre o gráfico de arcotangente, observamos ainda
Por fim, restrigimos as funções secante, cossecante e cotangente a fim de que sejam bijetoras e,
então, admitam inversas:
h π π i
sec : 0, ∪ , π → (−∞, −1] ∪ [1, +∞)
2 2
h π πi
cossec : − , 0 ∪ 0, → (−∞, −1] ∪ [1, +∞)
2 2
cotg : (0, π) → R
Você deve fazer os gráficos das funcões arcosecante, arcocossecante e arcocotangente. Utilize os
gráficos da secante, cossecante e cotangente (figuras 1.18, 1.19 e 1.20) e a reta y = x para isso.
Nos interessa definir uma função do tipo ax , onde a é uma constante real positiva fixada e x é
um número real qualquer. Façamos primeiro uma revisão de potenciação.
Seja a um número real. Para todo número natural n ∈ N, definimos:
an := a.a.
| {z . . . .a} .
n−vezes
a0 = 1,
a−n :=
1
an
, se a ̸= 0 e n ∈ N,
√ √
Para a ≥ 0 e n PAR definimos b = n a ⇔ bn = a e b ≥ 0 e para n ÍMPAR e a ∈ , b = n a ⇔ bn = a. R
Daı́, definimos potências racionais de números reais positivos da seguinte forma:
√
se a > 0, n, m ∈ Z e m ̸= 0, então an/m = m an .
Mas como definir ax se x for um número irracional? Procederemos por aproximação, usando
que qualquer real x pode ser aproximado por números racionais r1 , r2 , r3 , r4 , . . . , isto é, dado
um número real x existem racionais r1 , r2 , r3 , r4 , . . . tais que
r1 , r2 , r3 , r4 , . . . → x ou ainda lim rn = x.
n→∞
Como arn já foi definido para cada rn da sequência, e os valores de arn se aproximam de um
valor real, definimos ax como sendo esse valor, ou seja:
ax := lim arn .
n→∞
√
Exemplo 1.95. Por exemplo, 2 é irracional e é possı́vel obter aproximações pegando sequências
de números do tipo:
3 17 577 665857 886731088897
1, , , , , , . . . , rn , rn+1 , . . .
2 12 408 470832 627013566048
rn 1
onde o número racional rn+1 é obtido recurssivamente por rn+1 = + .
2 rn
De fato, temos que
rn 1 b 1
b = lim rn+1 = lim + = +
n→+∞ n→+∞ 2 rn 2 b
isto é,
b2 + 2
b= ⇒ 2b2 = b2 + 2 ⇒ b2 = 2
2b
√
Como rn > 0 para todo n, segue que b > 0 e, então b = 2.
Dessa forma, dado a > 0,
3 17 577 665857 886731088897
√
a1 , a 2 , a 12 , a 408 , a 470832 , a 627013566048 , . . . , arn , . . . −→ a 2
Do modo como foi construı́da a função exponencial, temos que se a, b > 0 e x, y ∈ R, as seguintes
propriedades são satisfeitas:
ax ay = ax+y , (1.6)
(ax )y = axy , (1.7)
ax bx = (ab)x (1.8)
Os gráficos das funções exponenciais sempre passam pelo ponto (0, 1) e estão sempre acima do
R
eixo x, pois ax > 0, para todo x ∈ , sempre que a > 0.
Veremos mais adiante, usando a derivada como ferramenta para construção de gráficos, que a
função exponencial f (x) = ax , com a > 1, é estritamente crescente, isto é,
Para 0 < a < 1, temos que a função exponencial f (x) = ax é estritamente decrescente, isto é,
Como funções estritamente crescentes ou estritamente decrescentes são injetoras (verifique isso!),
temos que as funções exponenciais são sempre injetoras.
Além disso,
loga (ax ) = x, para todo x ∈ R
aloga y = y, para todo y > 0.
Usando a simetria dos gráficos de f (x) = ax e f −1 (x) = loga x em relação à origem, pois uma é
inversa da outra, temos as seguintes possibilidades para os gráficos de loga : (0, +∞) → . R
1.11. FUNÇÕES EXPONENCIAL E LOGARÍTMICA 53
Para provar a primeira, chamemos z = loga (x1 x2 ), o que significa que az = x1 x2 . Escrevendo
x1 = aloga x1 , x2 = aloga x2 e usando a propriedade (1.6) da exponencial, temos
Assim, como a função exponencial é sempre injetora, temos que z = loga x1 + loga x2 , o que
prova (1.9). Verifique as identidades (1.10) e (1.11)!
Suponha agora que o loga x, para x > 0, seja conhecido. Como calcular logb x numa outra base
b > 0? Chamando z = logb x, temos bz = x. Mas b pode ser escrito como b = aloga b , assim
temos azloga b = x. Portanto, zloga b = loga x. Obtemos assim a fórmula de mudança de base:
loga x
logb x = .
loga b
O logaritmo na base e é denotado por lnx (em vez de loge x) e é chamado logaritmo neperiano
(devido a Napier) ou logaritmo natural.
54 CAPÍTULO 1. FUNÇÕES
A função exponencial na base e nos permite definir funções fundamentais chamadas funções
hiperbólicas.
Figura 1.28: Gráfico da função cosseno hiperbólico. Observe que Im(cosh x) = [1, +∞)
Observação 1.98. A figura abaixo representa um fio de telefone ou de luz. Observamos que a
curva representada pelo fio aparenta a forma
xde
uma parábola; no entanto, é possı́vel mostrar
que a equação correspondente é y = cosh , onde a é uma constante real não nula. Esta
a
curva recebe o nome de catenária.
tgh x =
senh(x)
cosh(x)
ex − e−x
= x
e + e−x
; D(tgh x) = R e Im(tgh x) = (−1, 1)
cotgh x =
cosh(x)
senh(x)
ex + e−x
= x
e − e−x
; D(cotgh x) = R − {0} e Im(cotgh x) = (−∞, −1) ∪ (1, +∞)
sech x =
1
cosh(x)
= x
2
e + e−x
; D(sech x) = R e Im(sech x) = [0, 1)
cossech x =
1
senh(x)
= x
2
e − e−x
; D(tgh x) = R − {0} e Im(cossech x) = R − {0}
R R
Analisando o gráfico da função f (x) = senh x, definida de em (veja figura 1.27), vemos que
é bijetora; logo admite inversa. A função inversa do seno hiperbólico, chamada argumento do
seno hiperbólico e denotada por arg senh, é definida por:
R R
A função f (x) = cosh x, definida de em , não é injetora já que é uma função par. Porém, a
função f (x) = cosh x, definida de [0, +∞) em [1, +∞) é bijetora e portanto admite uma inversa.
A sua inversa, chamada argumento cosseno hiperbólico é denotada por arg cosh. Então,
arg cosh x = y ⇔ cosh y = x; D(arg senh) = [1, +∞) e Im(arg senh) = [0, +∞).
arg cotgh : (−∞, −1) ∪ (1, +∞) → R − {0}; arg cotgh x = y ⇔ cotgh y = x;
arg sech : (0, 1] → [0, +∞); arg sech x = y ⇔ sech y = x;
arg cossech : R − {0} → R − {0}; arg cossech x = y ⇔ cossech y = x;
1.13. EXERCÍCIOS 57
1.13 Exercı́cios
1. Dizemos que uma relação entre dois conjuntos não vazios A e B é uma função de A em
B quando:
2. Sobre o conjunto de pontos de interseção do gráfico de uma função f com uma reta vertical,
podemos afirmar que:
3. Seja f : R → R uma função tal que f (3x) = 3 f (x) para todo x ∈ R. Se f (9) = 45,
determine f (1).
4. Seja f uma função definida para todo n inteiro satisfazendo as seguintes condições f (2) = 2
e f (p + q) = f (p)f (q). Determine f (0) e f (−2).
5. Seja f (x) = ax + b, onde a, b são reais fixos. Se f (−1) = 3 e f (1) = 1, determine f (3).
I) Os domı́nios de g e h coincidem.
II) O domı́nio de g contém estritamente o domı́nio de h.
III) A interseção dos domı́nios de f e g é vazia.
IV) Qualquer que seja z real, g(z) = z − 4.
14. Classifique as seguintes funções em par, ı́mpar ou nem par nem ı́mpar.
1 √
(a) f (x) = 2 (d) f (x) = x2 + 1
x −1 1
√ (e) f (x) = 2
(b) f (x) = x + 1 x − 2x − 1
2 √
(c) f (x) = x + 5 (f) f (x) = x3 − 2 3 x
15. Um fabricante de refrigerante quer produzir latas cilı́ndricas para seu produto. A lata
dever ter um volume de 360 ml. Expresse a área superficial total da lata em função do
seu raio e dê o domı́nio da função.
16. Considere a função quadrática f (x) = ax2 + bx + 1. Determine a soma das raı́zes de f de
forma que sua imagem seja (−∞, 3] e o eixo de simetria do gráfico de f seja x = −1.
f (x)
17. Sejam f (x) uma função par e g(x) uma função ı́mpar. Então, sobre h(x) = e
g(x)
r(x) = f (x)g(x), podemos afirmar que:
1−x
20. (2012-1) Considere a função f (x) = . Sobre a composta h(x) = (f ◦ f )(x) e seu
1+x
domı́nio, podemos afirmar:
(a) (−1, 0)
(b) (0, 1)
(c) [−1, −1/2)
(d) [1, 2)
(e) [2, 4]
60 CAPÍTULO 1. FUNÇÕES
22. (2016-1) Considere a função f : R → R dada por f (x) = ax2 + bx + 1, onde a, b são
constantes reais não-nulas e a > 0. Se o eixo de simetria do gráfico de é x = 2, podemos
afirmar que o conjunto imagem de f é:
25. (2017-1) Considere a função dada por f (x) = ax2 + 2x + a. O valor de a para que a
imagem de f seja (−∞, 2] pertence ao intervalo:
1.13. EXERCÍCIOS 61
p
O domı́nio da função g(x) = f (x) − 4 é:
29. Em cada item, mostre que f é bijetora, encontre a inversa f −1 e esboce os gráficos de f
e f −1 .
(a) (2, 6) (b) (−3, 0] (c) [0, 2) (d) [−2, 0] (e) (0, 6]
√
Sabendo que f −1 (x) = a 3 x + b, é correto afirmar que:
32. Considere a função f : R → R, dada por f (x) = 3x − 18. Determine o valor de b ∈ R tal
que f −1 (b) = f (b).
(a) O gráfico da função inversa de f intersecta o eixo das abscissas em um ponto (x, 0)
com x < 0.
(b) O gráfico da função inversa de f intersecta o eixo das ordenadas no ponto (0, 2).
1.13. EXERCÍCIOS 63
34. A figura abaixo representa parte do gráfico de uma função inversı́vel f : [0, +∞) → R.
(a) f −1 (1) = 2. (d) Para todo x ∈ [1, 2], tem-se 2 ≤ f −1 (x) <
(b) f −1 (x) ≤ 0 para todo 0 ≤ x ≤ 1. 3.
(c) O ponto (−1, 0) pertence ao gráfico de
f −1 . (e) Existe a ∈ (−1, 0) tal que f −1 (a) = 1/2.
37. (2015-1) Considere as funções f e g definidas por f (x) = |sen x| e g(x) = sen |x| . Marque
a alternativa INCORRETA.
√
(d) (f ◦ g)(x) = sen ( x) e D(f ◦ g) = [0, +∞)
√
(e) (f ◦ g)(x) = sen ( x) e D(f ◦ g) = [0, 2π]
√
39. | cos(arcsenx)| = 1 − x2 para todo x ∈ [−1, 1]. Verdadeiro ou falso?
41. (2014-2) Considere a função f : R → R dada por f (x) = |sen x| e as seguintes afirmativas
sobre f .
43. (2017-1) Considere a função dada por f (x) = −4ex − b. O valor de b para que a imagem
de f seja (−∞, −1) pertence ao intervalo:
(a) [−1, 0) (b) (0, 1] (c) (1, 2] (d) (−2, −1) (e) (2, 3]
p
f (x) − 1
O domı́nio da função g(x) = é:
ln(2 − f (x))
(a) (1, 2) (d) (−3, −2) ∪ (−2, 0) ∪ (0, 1)
(b) [−3, 1]
(c) [−3, −2) ∪ (−2, 1) (e) (−3, 0) ∪ (0, 1)
1.14. RESPOSTAS DOS EXERCÍCIOS 65
x
O domı́nio da função g(x) = é:
log3 (2 − f (x))
(a) (−2, 2) (c) (−1, +∞) (e) [0, +∞)
(b) [0, 2) (d) (−2, 0) ∪ (0, 2)
(a) {0} (b) {0, 1} (c) {−1} (d) {1, −1} (e) {0, 1, −1}
Exercı́cios extras
46. “Cálculo - Vol 1”, James Stewart
Páginas 33 e 34: exercı́cios 1 a 7
Página 35: exercı́cios 29 a 32, 37 a 39, 41 a 44, 50 a 54
√
4
13. (a) f ◦ g(x) = 2 − x e D(f ◦ g) = (−∞, 2]
p √
(b) g ◦ f (x) = 2 − x e D(g ◦ f ) = [0, 4]
√
(c) f ◦ f (x) = 4 x e D(f ◦ f ) = [0, +∞)
p √
(d) g ◦ g(x) = 2 − 2 − x e D(g ◦ g) = [−2, 2]
66 CAPÍTULO 1. FUNÇÕES
19. (a) 20. (a) 21. (a) 22. (e) 23. (e) 24. (e) 25. (b) 26. (e)
π
35. D(tg (x − π)) = {x ∈ R : x ̸= + kπ, k ∈ Z} e D(arctg(x − 1)) = R
2
36. (b) 37. (d) 38. (a) 39. V 40. (a) 41. (e)
Podemos afirmar que o conceito de limite é uma das ideias fundamentais do Cálculo Diferencial.
Seu processo de construção surge historicamente a partir de problemas geométricos como, por
exemplo, no cálculo da área de regiões planas e na determinação retas tangentes à uma curva.
Apresentaremos rapidamente esses dois problemas que motivaram a definição de limite, como
no livro Cálculo com Geometria Analı́tica - Vol.1 de George Simmons (Editora Makron Brooks).
A área de um retângulo é o produto das medidas de sua base e sua altura. Já a área de um
triângulo é a metade do produto das medidas de sua base e altura. Como um polı́gono pode
ser sempre decomposto em triângulos, sua área é a soma das áreas desses triângulos.
O cı́rculo é uma figura mais complicada. Os gregos resolveram o problema de achar a sua área
de uma maneira natural.
Primeiro eles aproximaram essa área, inscrevendo um quadrado. Depois eles melhoram a apro-
ximação, passo a passo, dobrando o número de lados, isto é, inscrevendo um octógono regular,
depois um polı́gono regular de 16 lados e assim por diante. As áreas desses polı́gonos inscritos
67
68 CAPÍTULO 2. LIMITE DE UMA FUNÇÃO
aproximam a área exata do cı́rculo com uma precisão cada vez melhor. Vamos ver que esse
processo chega à fórmula A = πr2 para a área do cı́rculo de raio r.
Suponha que o cı́rculo tenha inscrito nele um polı́gono com um número grande n de lados, como
na Figura 2.3.
bh
Cada um dos triângulos isóceles mostrados na figura anterior tem área igual a e a soma
2
dessas áreas é igual a área do polı́gono, que é uma aproximação da área do cı́rculo. Se p denota
o perı́metro do polı́gono, então temos que
1 1 1 1 1
Apolı́gono = bh + bh + . . . + bh = h(b + b + . . . + b) = hp.
2 2 2 2 2
Como o número de lados cresce, h “tende” a r (em sı́mbolos h → r) e p “tende” ao comprimento
do cı́rculo c = 2πr (em sı́mbolos p → c). Portanto,
1 1 1
Apolı́gono = hp −→ rc = r(2πr) = πr2 .
2 2 2
Esse processo é conhecido por método de exaustão porque a área do cı́rculo foi exaurida pelas
áreas dos polı́gonos inscritos.
Antes de tentar calcular o coeficiente angular da reta tangente, devemos decidir primeiro o que
é uma reta tangente. No caso de uma circunferência não há dificuldade. Uma reta tangente
a uma circunferência é uma reta que intercepta a circunferência em um único ponto, chamado
ponto de tangência. As retas não tangentes ou não interceptam a circunferência ou interceptam
em dois pontos.
2.2. RETA TANGENTE A UMA CURVA 69
Essa situação reflete a ideia intuitiva que a maioria das pessoas tem de tangente a uma curva
num dado ponto como sendo a reta que “toca” a curva naquele ponto. Ela sugere também a
possibilidade de definir uma tangente a uma curva como uma reta que intercepta a curva em
apenas um ponto, mas em geral essa ideia é insatisfatória, como vemos na Figura 2.5.
O conceito moderno de reta tangente originou-se com Fermat, em torno de 1630. Considere
uma curva, gráfico da função y = f (x), e P um ponto nessa curva. Considere Q um segundo
ponto próximo de P sobre essa curva e desenhe a reta secante P Q. A reta tangente em P pode
ser definida como a posição limite da secante variável quando Q desliza ao longo da curva na
direção de P .
Mas como calcular o coeficiente angular da reta tangente? Seja P = (x0 , y0 ) um ponto na curva
y = f (x). Para começar o processo escolha um segundo ponto Q = (x1 , y1 ) sobre a curva. O
coeficiente angular da secante P Q é
y1 − y0
msec = coeficiente angular da reta P Q = .
x1 − x0
da tangente é o valor limite aproximado pelo coeficiente angular msec da secante. Se usarmos
o sı́mbolo → para indicar “se aproxima” (ou “tende”), então dizemos que quando x1 tende a
x0 , msec tende a m e escrevemos:
y1 − y0
m = lim msec = lim .
P →Q x1 →x0 x1 − x0
A formalização do conceito de limite de uma função visto através do método da exaustão e do
cálculo do coeficiente angular de uma reta tangente será nosso objeto de estudo ao longo do
capı́tulo.
x
Para outro exemplo, vamos considerar f (x) = + 1. Aqui, o domı́nio de f é todo o conjunto
2
dos reais. Vamos analisar o comportamento de f (x) quando x se aproxima de 1. Para isso,
vamos assumir que |x − 1| está ficando pequeno, como no exemplo anterior.
2.3. DEFINIÇÃO DE LIMITE 71
Estamos prontos para a definição formal de limite. Compare-a com os exemplos anteriores.
Definição 2.1. Sejam a um número real e I um intervalo aberto contendo a. Seja f uma
função definida em I, exceto, talvez, no próprio a. Dizemos que o limite de f (x), quando x
tende a a, é L e escrevemos
lim f (x) = L,
x→a
se para todo ε > 0 existir um δ > 0, tal que
0 < |x − a| < δ ⇒ |f (x) − L| < ε.
Observação 2.2. Como vimos no primeiro exemplo dessa seção, para a definição de lim f (x)
x→a
não é necessário que a função f esteja definda em a. Nos interessa o comportamento de f (x)
quando x está próximo de a.
72 CAPÍTULO 2. LIMITE DE UMA FUNÇÃO
Teorema 2.3. Se existe limite de uma função f (x), quando x tende a a, então ele é único.
Exemplo 2.4. Sejam k um número real e f (x) = k a função constante. Então para qualquer
a ∈ R, temos lim f (x) = k. Primeiro, notamos que |f (x) − k| = |k − k| = 0, que é menor do
x→a
que qualquer número positivo. Então, fixando qualquer ε > 0 e escolhendo δ = ε temos que
independentemente de 0 < |x − a| < δ = ε sempre teremos |f (x) − k| = |k − k| = 0 < ε.
Exemplo 2.5. Sejam a um número real e f (x) = x a função identidade. Então lim x = a. De
x→a
fato, fixando qualquer ε > 0, então escolhendo δ = ε temos:
Exemplo 2.6. Vamos mostrar que lim (2x − 3) = 1. Para isso, devemos mostrar que dado
x→2
ε > 0, existe um δ > 0 tal que
Observe que |(2x − 3) − 1| = |2x − 4| = |2(x − 2)| = 2|x − 2|. Logo: se 0 < |x − 2| < δ, então
ε
|(2x − 3) − 1| = 2|x − 2| < 2δ. Assim, para qualquer ε > 0 fixado, escolhendo δ = teremos
2
que
ε 2ε
0 < |x − 2| < =⇒ |(2x − 3) − 1| = |2(x − 2)| = 2|x − 2| < 2δ = = ε.
2 2
Exemplo 2.7. O exemplo anterior pode ser generalizado para qualquer função afim f (x) =
ax+b quando x tende a c, onde a, b, c ∈ R, a ̸= 0. De fato, para mostrar que lim (ax+b) = ac+b,
x→c
vemos primeiro que |ax + b − (ac + b)| = |ax − ac| = a|x − c|. Assim, fixando ε > 0 e escolhendo
ε
δ = temos que
a
ε aε
0 < |x − c| < =⇒ |ax + b − (ac + b)| = |ax − ac| = a|x − c| < aδ = = ε.
a a
f (x) L
L3) lim = , se M ̸= 0;
x→ag(x) M
√
N ou L < 0 e n ∈ N ı́mpar.
p n
L4) lim n f (x) = L, se L > 0 e n ∈
x→a
Exemplo 2.11. Pela propriedade L3 e o exemplo 2.9, como 3 não é raiz de x3 − 7, temos
x−5 3−5 1
lim = 3 =− .
x→3 x3 − 7 3 −7 10
Exemplo 2.12. Pela propriedade L4 e o Exemplo 2.9,
p p √
lim x3 − 4x + 1 = (−2)3 + 8 + 1 = 1 = 1.
x→−2
2x2 − x + 1
Exemplo 2.13. Como, pelo exemplo 2.9 e a propriedade L3, lim = 2, segue da
2 2
x→1 3x − 2
2x − x + 1
propriedade L2 que lim = 4.
x→1 3x − 2
0
2.5 Forma indeterminada do tipo
0
f (x)
Se f e g são funções tais que lim f (x) = 0 = lim g(x), o limite de , quando x tende a
x→a x→a g(x)
0
a, pode ou não existir e, portanto, é denominado forma indeterminada do tipo . Observe os
0
exemplos a seguir (que provaremos a seguir):
3
x −1 3
Exemplo 2.14. lim = .
x→1 x2 − 1 2
√ √ !
2x − x + 1 1
Exemplo 2.15. lim = √
x→1 x−1 2 2
x−1
Exemplo 2.16. Não existe lim . Esse tipo de problema será tratado mais
x→1 x3 − x2 − x + 1
a frente.
Nesse momento, para resolvermos limites com a forma indeterminada 0/0, devemos trabalhar a
expressão do quociente f (x)/g(x) a fim de não mais ter uma indeterminação. Vamos começar
calculando os limites dos exemplos 2.14 e 2.15.
No primeiro, temos que 1 é raiz do numerador e do denominador, então vamos fatorá-los, o que
é feito através de divisão de polinômios.
x3 − 1 (x − 1)(x2 + x + 1) x2 + x + 1
3
lim = lim = lim =
x2 − 1 (x + 1)(x − 1) x+1 2
x→1
x x→1 x x→1 x
fatorando x3 − 1 e x2 − 1 como x − 1 ̸= 0 L3
√ √ ! √ √ √ √ !
2x − x + 1 2x − x + 1 2x + x + 1
lim = lim ·√ √
x−1 x−1 2x + x + 1
x→1
x x→1
racionalizando
x−1 1 1
= lim √ √ = lim √ √ = √
(x − 1)( 2x + x + 1) 2x + x + 1 2 2
x→1
x x→1
como x − 1 ̸= 0
Para alguns limites do tipo 0/0, pode ser útil fazer uma mudança de variáveis, como veremos a
seguir.
√
3
!
4x − 2
Exemplo 2.19. Vamos calcular lim fazendo uma troca de variáveis do tipo y =
x→2 x−2
√ √ √
3
4x. Como x → 2, temos que y → 3 8 = 2. Ainda, como y = 3 4x, temos que 4x = y 3 , donde
2.6. LIMITES LATERAIS 75
y3
x= . Assim:
4
√
3
! !
4x − 2 y−2 y−2
lim = lim y3
= lim 4 · 3
x−2 y −8
x→2
x y→2 y→2
4 −2
√3
fazendo y = 4x
y−2 4 4 1
= lim 4 · = lim = =
(y − 2)(y 2 + 2y + 4) y→2 y 2 + 2y + 4 16 4
x y→2 x
fatorando y 3 − 8 como y ̸= 2
√
√
3
x−1
Exemplo 2.20. Vamos calcular lim √ fazendo a seguinte troca de variáveis y = 6 x.
x→1 x−1
Temos que √ √ √
x ⇒ y2 = 3 x e y3 = x
y= 6
√
Além disso, como x → 1, temos que y → 6 1 = 1. Dessa forma:
√ 2
3
x−1 y −1 (y − 1)(y + 1) y+1 2
lim √ = lim = lim = lim =
x − 1 y→1 y − 1 y→1 (y − 1)(y 2 + y + 1)
3 2
y +y+1 3
x→1
x x x y→1
√
fazendo y = 6
x fatorando como y − 1 ̸= 0
Logo, se x está próximo de 0 e à direita de 0, então os valores de f (x) são sempre iguais a 1.
Por outro lado, se x está próximo de 0 e à esquerda de 0, então os valores de f (x) são sempre
iguais a −1.
Representamos essa situação da seguinte maneira:
|x| |x|
lim = 1 e lim = −1.
x→0+ x x→0− x
Definição 2.22. (Limite lateral à direita) Seja f uma função definida no intervalo aberto (a, b).
Escrevemos
lim f (x) = L
x→a+
76 CAPÍTULO 2. LIMITE DE UMA FUNÇÃO
e dizemos que o limite de f (x) quando x tende a a pela direita é L, se os valores de f (x)
ficam arbitrariamente próximos de L bastando para isso tomarmos valores de x suficientemente
próximos de a e à direita de a. Isto é, se para todo ε > 0 existir um δ > 0, tal que
Definição 2.23. (Limite lateral à esquerda) Seja f uma função definida no intervalo aberto
(c, a). Escrevemos
lim f (x) = L
x→a−
e dizemos que o limite de f (x) quando x tende a a pela esquerda é L, se os valores de f (x)
ficam arbitrariamente próximos de L bastando para isso tomarmos valores de x suficientemente
próximos de a e à esquerda de a. Isto é, se para todo ε > 0 existir um δ > 0, tal que
Observação 2.24. As propriedades L1, L2, L3 e L4 do Teorema 2.8 continuam válidas para
limites laterais, ou seja, se trocarmos x → a por x → a− ou x → a+ .
√
Exemplo 2.25. √ Seja f (x) = x − 2. Como x → 2+ quer dizer que x > 2, temos que
lim f (x) = 2 − 2 = 0. Por outro lado, se x → 2− , temos que x < 2, donde x − 2 < 0
x→2+
e a função não está definida para valores negativos. Assim, não podemos calcular o limite à
esquerda lim f (x).
x→2−
√
Exemplo 2.26. Considere a função f (x) = 1 − x2 . Temos que D(f ) = {x ∈ R|1 − x2 ≥ 0} =
[−1, 1]. Assim, nos pontos x = −1 e x = 1, não estão definidos os limites laterais à esquerda e
à direita, respectivamente. No entanto
Limites laterais são especialmente importantes no cálculo de limites de funções definidas por
partes, já que a existência do limite de f (x) quando x tende a a está condicionada à existência
dos limites laterais da seguinte forma:
Teorema 2.27. Se f está definida em um intervalo aberto I contendo a, então lim f (x) = L
x→a
se e somente se lim f (x) = L e lim f (x) = L.
x→a− x→a+
2
x − 4, se x < 1,
Exemplo 2.28. Vamos calcular, se possı́vel, o lim f (x) onde f (x) = −1, se x = 1 .
x→1
−2 − x, se x > 1
Note que não usamos o fato de f (1) = −1, já que no cálculo do limite estamos interessados no
comportamento da função quando x se aproxima de 1, mas é diferente de 1. Ainda, note que
lim f (x) = −3 ̸= −1 = f (1)
x→1
isso quer dizer que a função f (x) não é contı́nua em x = 1. Esse será o assunto da próxima
seção.
Note ainda que poderı́amos calcular facilmente outros limites. Por exemplo,
lim f (x) = lim x2 − 4 = −4 e lim f (x) = lim −2 − x = −5
x→0 x→0 x→3 x→3
x2 − 3|x|
Exemplo 2.30. (Questão da 1a prova de 2017-1) Vamos calcular, se existir, lim .
( x→0 2x
x, se x ≥ 0
Temos que |x| = , assim, é necessário analisar os limites laterais. Temos que:
−x, se x < 0
x2 − 3|x|
Como os limites laterais são distintos, segue que não existe lim .
x→0 2x
78 CAPÍTULO 2. LIMITE DE UMA FUNÇÃO
Definição 2.31. Seja f uma função definida no intervalo aberto I e seja a ∈ I. Dizemos que
f é contı́nua em a se lim f (x) = f (a).
x→a
Observação 2.32. Note que estamos exigindo, na verdade, 3 condições para que f seja contı́nua
em a:
Nesse caso, como é contı́nua em todo a ∈ D(p), dizemos apenas que p(x) é contı́nua.
Definição 2.35. Dizemos que uma função é contı́nua se for contı́nua em todos os pontos do
seu domı́nio.
Exemplo 2.36. Toda função polinomial é contı́nua.
Exemplo 2.37. As funções seno, cosseno, tangente são contı́nuas, isto é:
São também contı́nuas as funções trigonométricas inversas (na verdade, em geral, a inversa de
uma função contı́nua é ainda contı́nua).
Exemplo 2.38. As funções exponenciais e logarı́tmicas são contı́nuas, isto é:
Definição 2.39. Seja f uma função definida no intervalo aberto I e seja a ∈ I. Dizemos que
f é descontı́nua em a se f não for contı́nua em a, isto é, se:
Exemplo 2.40. A função do exemplo 2.28 é descontı́nua em 1 pois lim f (x) = −3 ̸= −1 = f (1).
x→1
Porém, nos demais a ∈ R, a função é contı́nua (pois é polinomial). De fato, D(f ) = R e
lim −2 − x = −2 − a = f (a), se a > 1
lim f (x) = x→a 2
x→a lim x − 4 = a2 − 4 = f (a), se a < 1
x→a
2.7. FUNÇÕES CONTÍNUAS 79
2x + 1 se x ̸= 1,
Exemplo 2.41. A função f (x) = é descontı́nua em 1. De fato,
4 se x = 1
seja contı́nua em R. Para x < −1 e x > −1, a função é polinomial e, portanto, contı́nua. Para
x = −1, devemos ter
lim f (x) = lim f (x) = f (−1) = b
x→−1− x→−1+
Temos que
Assim, para que exista lim f (x), devemos ter a = −1. Por fim,
x→−1
a4 − 4a2 − 3 = a2 − 7 ⇔ a = ±1 ou a = ±2.
o que fizemos anteriormente já basta. Portanto, temos que f é contı́nua se e somente se a =
±1 ou a = ±2.
Exemplo 2.45. Toda função racional é contı́nua (em seu domı́nio), o que já sabı́amos pela
propriedade L3 de limites (ver Teorema 2.8).
80 CAPÍTULO 2. LIMITE DE UMA FUNÇÃO
Exemplo 2.46. (Questão da 1a prova de 2016-2) Sejam a e b constantes reais não nulas e
f : R → R a função dada por:
2
x − ax + 2
, x ̸= 1
f (x) = x−1
b, x=1
x2 − ax + 2
lim =b
x→1 x−1
1−a+2=0⇔a=3
x2 − 3x + 2
Portanto, b = lim = lim x − 2 = −1.
x→1 x−1 x→1
Exemplo 2.49. Pelo Teorema 2.47 temos que se existe lim f (x) = L, então:
x→a
lim sen (f (x)) = sen lim f (x) = sen L
x→a x→a
lim cos(f (x)) = cos lim f (x) = cos L
x→a x→a
lim tg (f (x)) = tg lim f (x) = tg L se L ̸= π/2 + kπ, k ∈ Z
x→a x→a
lim sec(f (x)) = sec lim f (x) = sec L se L ̸= π/2 + kπ, k ∈ Z
x→a x→a
lim cossec (f (x)) = cossec lim f (x) = cossec L se L ̸= kπ, k ∈ Z
x→a x→a
lim cotg (f (x)) = cotg lim f (x) = cotg L se L ̸= kπ, k ∈ Z
x→a x→a
Por exemplo
lim sen (π − 2x)) = sen lim (π − 2x)) = sen (0) = 0
x→π/2 x→π/2
2 2
x −1 x −1
lim cos = cos lim = cos lim (x + 1) = cos(2)
x→1 x−1 x→1 x−1 x→1
lim f (x)
Exemplo 2.50. Se lim f (x) = c, então lim af (x) = ax→b = ac
x→b x→b
Exemplo 2.51. Se lim f (x) = c > 0, então lim (loga f (x)) = loga lim f (x) = loga c
x→b x→b x→b
2.8. LIMITE TRIGNOMÉTRICO FUNDAMENTAL 81
Como a continuidade depende da existência do limite lim f (x), faz sentido estudar também
x→a
continuidade lateral, analogamente ao que fizemos com limites laterais:
Definição 2.52. Seja f uma função definida no intervalo [a, b) com a < b. Dizemos que f é
contı́nua à direita de a se lim f (x) = f (a).
x→a+
Seja f uma função definida no intervalo (c, a] com c < a. Dizemos que f é contı́nua à esquerda
de a se lim f (x) = f (a).
x→a−
Em particular, se f for uma função definida no intervalo aberto I com a ∈ I, f é contı́nua em
a se e somente se for contı́nua à esquerda e à direita de a.
Definição 2.53. Dizemos que uma função f é contı́nua em um intervalo fechado [a, b] se f for
contı́nua em (a, b), contı́nua à direita de a e contı́nua à esquerda de b.
√
Exemplo 2.54. Voltando à função f (x) = 1 − x2 do exemplo 2.26. Sabemos que D(f ) =
[−1, 1] e
lim f (x) = 0 = f (−1)
x→−1+
1. o gráfico de uma função contı́nua num intervalo pode ser traçado sem tirar o lápis do
papel.
2. se f for contı́nua em [a, b] e f (a) e f (b) tem sinais opostos, então existe pelo menos um
c ∈ (a, b) tal que f (c) = 0.
Exemplo 2.57. Seja f (x) = x4 −5x+3. Temos que f (0) = 3 e f (1) = 1−5+3 = −1, assim, pelo
Teorema 2.55, existe pelo menos um a ∈ [0, 1] tal que f (a) = 0. Ainda, f (2) = 24 − 10 + 3 = 9,
então existe pelo menos mais uma raiz de f (x) em [1, 2].
Antes de provar o limite trigonométrico fundamental, vamos ver um exemplo de uso do Teorema
do Confronto.
82 CAPÍTULO 2. LIMITE DE UMA FUNÇÃO
x2 − 1
−x2 + 3x ≤ f (x) ≤ ,
x−1
lim −x2 + 3x = 2
x→1
x2 − 1
lim = lim x + 1 = 2
x→1 x − 1 x→1
sen x
Sobre o limite lim = 1, vamos começar com uma ideia que depende do fato de que quando
x→0 x
o raio do cı́rculo é 1, então a medida do arco O′ P (denotada por arcO′ P ) é exatamente x, a
medida do ângulo P ÔD (veja figura 2.8). Isso só é verdade para ângulos medidos em radianos,
não em graus.
sen x
Figura 2.8: Ideia da prova de lim = 1.
x→0 x
DP
Além disso, notamos que OP = 1 (o raio do cı́rculo), o que implica em sen x = = DP .
OP
Dessa forma
sen x DP
=
x arcO′ P
Dessa forma, quando x tende a 0, D se aproxima de O′ e DP se aproxima de arcO′ P .
Temos que
Área do △P OO′ < |Área do setor ′
{z P OO} < Área do △ P ′ OO′
| {z } | {z }
arcP O ′
PD ′
PO ′
= = =
2 2 2
onde usamos o fato de que OO′ é o raio do cı́rculo e, portanto, 1. Segue então que
′ ′ ′
P D < arcP
|{z} | {z O} < P
| {zO}
=sen x =x =tg x
para x ∈ (−π/2, 0). Como lim cos x = 1, segue do Teorema do Confronto que
x→0
sen x
lim = 1.
x→0 x
Os exemplos a seguir mostram como usar o limite fundamental trigonométrico para calcular
outros limites que são formas indeterminadas envolvendo funções trigonométricas.
Exemplo 2.59.
tg x sen x 1
lim = lim =
x1
x→0 x x→0 x cos x
limite fundamental e lim cos x = 1
x→0
Exemplo 2.60.
sen (4x)
Exemplo 2.61. Para calcular lim , notamos que
x→0 sen (5x)
1 − cos x
Exemplo 2.62. Vamos calcular lim , que é uma indeterminação do tipo 0/0.
x→0 x
Outro resultado interessante sobre limites que pode ser aplicado para alguns limites envolvendo
funções trigonométricas é o seguinte:
Teorema 2.63. Se lim f (x) = 0 e g(x) é limitada I − {a} (onde I é um intervalo contendo
x→a
a), então
lim f (x)g(x) = 0.
x→a
A ideia de prova desse teorema vem também do Teorema do Confronto: se g(x) é limitada,
então existe n > 0 tal que −n ≤ g(x) ≤ n. Se f (x) > 0 próximo a a, então
Então, pelo Teorema do Confronto, segue o resultado. Poderı́amos fazer parecido para o caso
em que f (x) < 0.
Exemplo 2.64. No gráfico à esquerda na figura 2.9, vemos que lim sen (1/x) não existe.
x→0
1
x<0
x
-0,1 -10
-0,01 -100
-0,001 -1000
-0,0001 -10000
-0,00001 -100000
-0,000001 -1000000
.. ..
. .
2.9. LIMITES INFINITOS 85
1
x>0
x
0,1 10
0,01 100
0,001 1000
0,0001 10000
0,00001 100000
0,000001 1000000
.. ..
. .
Isto é, a medida que x > 0 se aproxima de zero, f (x) atinge valores positivos arbitrariamente
grandes. Por outro lado, quando x < 0 se aproxima de zero, f (x) atinge valores negativos com
1 1
módulos arbitrariamente grandes. Por isso, temos que os limites laterais lim e lim não
x→0+ x x→0− x
1
existem. O comportamento observado, na verdade, é que o módulo de cresce indefinidamente
x
quando x se aproxima de 0.
Mais formalmente, temos que dados M > 0 e N < 0, existe δ > 0 tal que sempre x ∈ (0, δ),
1 1
tem-se que f (x) = > M e se x ∈ (−δ, 0), então f (x) = < N .
x x
1
f (x) =
x
Em geral, fazendo uma análise como a do exemplo 2.65, temos que para n ∈ N:
(
1 1 +∞, se n é par
lim n = +∞ e lim n =
x→0 + x x→0 − x −∞, se n é ı́mpar
Em qualquer um desses casos, dizemos que a reta x = 0 (ou seja, o eixo y) é uma assı́ntota
1
vertical do gráfico de f (x) = .
x
x x2
f (x) = g(x) =
x+2 x+2
Vemos que ambas funções são ilimitadas, pois quando x se aproxima de −2, tanto |f (x)| quanto
|g(x)| crescem arbitrariamente. Vemos ainda que o denominador é o mesmo e se aproxima de
0 quando x se aproxima de −2, sendo negativo quando x → −2− e positivo quando x → −2+ .
Além disso, ambos os numeradores são diferentes e não se aproximam de de 0 quando x se
aproxima de −2, porém, nessa vizinhança, têm sinais opostos. A questão do sinal do numerador
e do denominador é, então, determinante para dizermos que a função tende a −∞ ou +∞.
Teorema 2.69. Sejam f, g funções tais que lim f (x) = L ̸= 0 e lim g(x) = 0. Então:
x→a x→a
f (x) f (x)
1. lim = +∞ se > 0 próximo de a.
x→a g(x) g(x)
f (x) f (x)
2. lim = −∞ se < 0 próximo de a.
x→a g(x) g(x)
Observação 2.70. O teorema 2.69 continua válido para x → a+ ou x → a− no lugar de x → a.
Observação 2.71. Em qualquer um dos casos do Teorema 2.69 ou da observação 2.70, temos
f (x)
que x = a é uma assı́ntota vertical do gráfico da função h(x) = .
g(x)
x
Exemplo 2.72. Seja f (x) = . Temos que lim x = −2 ̸= 0 e lim x + 2 = 0. Fazendo o
x+2 x→−2 x→−2
estudo de sinal de f (x), temos:
-2 0
x2
Exemplo 2.73. Seja g(x) = . Temos que lim x2 = 4 ̸= 0 e lim x + 2 = 0. Como
x+2 x→−2 x→−2
x 2
x2 > 0 quando x → −2, temos que o sinal de g(x) = depende apenas do sinal de x + 2,
x+2
que é negativo se x → −2− e posivito se x → −2+ . Tudo isso pode ser visto no seguinte estudo
de sinal:
-2 0
Primeiro, temos que lim x−1 = −3 < 0 e lim x2 (x+2) = 0. Assim, o numerador é negativo
x→−2 x→−2+
em uma vizinhança de −2 e o sinal do quociente depende do sinal do denominador x2 (x + 2).
Como x2 > 0 quando x ̸= 0, segue que o sinal do denominador x2 (x + 2) depende apenas do
sinal de x + 2. Agora, como x → −2+ , temos que x > −2, donde x + 2 > 0. Logo, x2 (x + 2) > 0
quando x → −2+ . Essa discussão pode ser resumida na seguinte tabela:
-2 0 1
x−1
Portanto, segue do Teorema 2.69 que lim = −∞
x→−2+ x2 (x
+ 2)
x3 − 1
Exemplo 2.75. (Questão da 1a prova de 2017-1) Vamos estudar o lim . Temos que
x→2+ 4 − x2
lim x3 − 1 = 7 > 0 e ainda que lim 4 − x2 = 0. Como o numerador é positivo na vizinhança
x→2+ x→2+
de 2, o sinal do quociente depende apenas do sinal do denominador. Temos
x → 2+ =⇒ x > 2 =⇒ x2 > 4 =⇒ −x2 < −4 =⇒ 4 − x2 < 0
x3 − 1
Portanto, lim = −∞
x→2+ 4 − x2
Exemplo 2.76.
cos x
lim = −∞,
x→0− x
cos x
pois lim cos x = cos 0 = 1 e, para x ∈ (−π/2, 0), cos x > 0 donde concluı́mos que <0
x→0− x
nesse intervalo. Portanto, do Teorema 2.69 o resultado segue.
88 CAPÍTULO 2. LIMITE DE UMA FUNÇÃO
Para verificar isso, observe que lim sen x = sen a e que lim cos x = cos a = 0. Além disso, se
x→a x→a
x ∈ (π/2 + kπ, π + kπ), então tg x < 0 e se x ∈ (kπ, π/2 + kπ) então tg x > 0. Portanto, segue
do Teorema 2.69 o resultado.
No gráfico da função tangente é possı́vel observar os limites trabalhados nesse exemplo.
Tentando ser um pouco mais precisos no caso em que x cresce indefinidamente, vamos conside-
1
rar o seguinte: podemos tormar x grande o suficiente de forma a tornar 1 − arbitrariamente
x
2.10. LIMITES NO INFINITO 89
perto de 1. Vamos começar escolhendo uma “tolerância”para essa distância, isto é, um número
positivo arbitrário pequeno. Consideremos, por exemplo, 0, 000001. Quão grande devemos es-
1
colher x para termos 0, 999999 < 1 − < 1?
x
Temos que
1 1 1 1
0, 999999 < 1− < 1 ⇔ −0, 000001 < − < 0 ⇔ 0 < < 0, 000001 ⇔ x > = 1000000
x x x 0, 000001
Isto é, tomando x > 1000000, temos que 1 − f (x) < 0, 000001.
Esse argumento funcionará para qualquer tolerância ϵ > 0 escolhida: existirá M > 0 tal que
sempre que x > M , teremos 0 < 1 − f (x) < ϵ. Dessa forma, dizemos que quando x → +∞,
f (x) → 1 e escrevemos
1
lim 1 − = 1
x→+∞ x
Fazendo o mesmo tipo de raciocı́nio quando x decresce ilimitadamente, obtemos
1
lim 1 − =1
x→−∞ x
No gráfico da função, vemos esses comportamentos:
1
f (x) = 1 −
x
lim f (x) = L
x→+∞
se, para qualquer número ϵ > 0, existir M > 0 tal que sempre que x > M então |f (x) − L| < ϵ.
Definição 2.79. Seja f uma função definida em um intervalo aberto (−∞, a). Dizemos que,
quando x decresce ilimitadamente, f (x) se aproxima de L e escrevemos
lim f (x) = L
x→−∞
se, para qualquer número ϵ > 0, existir N < 0 tal que sempre que x < N então |f (x) − L| < ϵ.
Definição 2.80. Em qualquer um dos casos da definições 2.78 e 2.79, dizemos que y = L é
uma assı́ntota horizontal para o gráfico de f (x).
90 CAPÍTULO 2. LIMITE DE UMA FUNÇÃO
1 1 1
Exemplo 2.81. Seja f (x) = . Seja ϵ > 0. Sempre que x > > 0, temos que 0 < < ϵ.
x ϵ x
1 1
Por outro lado, sempre que x < − < 0, temos que −ϵ < < 0. Isso significa que dado ϵ > 0,
ϵ x
1 1
sempre que |x| > , temos que < ϵ. Dessa forma, concluimos que
ϵ x
1 1
lim =0 e lim =0
x→+∞ x x→−∞ x
lim f (x)g(x) = L1 L2 ∈ R
x→+∞
f (x) L1
lim = ∈ R, se L2 ̸= 0
x→+∞ g(x) L2
Observação 2.83. O Teorema 2.82 continua válido trocando x → +∞ por x → −∞
1 1
Exemplo 2.84. Seja n um inteiro positivo, como lim = 0 e lim = 0, então segue do
x→+∞ x x→−∞ x
Teorema 2.82:
1 1
lim =0 e lim =0
x→+∞ xn x→−∞ xn
Algumas funções têm comportamento ainda diferente. Por exemplo, o gráfico a seguir mostra
as funções y = xn para n ∈ {2, 4, 6}. O que observamos é que quando x cresce ou decresce
ilimitamente, a função y = xn , nesses casos, cresce ilimitadamente.
De fato, potências pares de números reais não-nulos são sempre positivas e crescem ilimitada-
mente. Já para potências ı́mpares, quando x descresce ilimitadamente, xn também decresce
ilimitadamente.
2.10. LIMITES NO INFINITO 91
Vejamos a definição formal do caso em que f (x) cresce ilimitadamente quando x cresce ilimita-
damente.
Definição 2.86. lim f (x) = +∞ se e somente se fixado M > 0, existe N > 0 tal que sempre
x→+∞
que x > N , então f (x) > M
Observação 2.87. Os limites lim f (x) = +∞, lim f (x) = −∞ e lim f (x) = −∞ são
x→−∞ x→+∞ x→−∞
definidos de forma análoga. Faça isso.
Podemos usar o Teorema 2.85 para estudar o comportamento de polinômios e funções racionais
quando x → +∞ ou x → −∞, como veremos nos exemplos a seguir:
Exemplo 2.88. Vamos ver alguns exemplos de limites de polinômios usando o exemplo 2.84 e
o Teorema 2.85.
0 0 0
4 3 1
a) lim 2x4 + 4x3 − 3x + 1 = lim x4 2 + − 3 + 4 = x +∞
x→+∞ x→+∞ x
x x
como lim 2x4 = +∞
x→+∞
0 0 0
4 3 1
b) lim 2x4 + 4x3 − 3x + 1 = lim x4 2 + − 3 + 4 = x +∞
x→−∞ x→−∞ x
x x
como lim 2x4 = +∞
x→−∞
0 0 0
1 2 1
c) lim −x3 − x2 + 2x − 1 = lim −x3 1 + − 2 + 3 = x −∞
x→+∞ x→+∞ x
x x
como lim −x3 = −∞
x→+∞
0 0 0
1 2 1
d) lim −x3 − x2 + 2x − 1 = lim −x3 1 + − 2 + 3 = x +∞
x→−∞ x→−∞ x
x x
como lim −x3 = +∞
x→−∞
Exemplo 2.89. Vamos ver alguns exemplos de limites de funções racionais novamente usando
o exemplo 2.84 e o Teorema 2.85.
92 CAPÍTULO 2. LIMITE DE UMA FUNÇÃO
0
1
2 1 −
1 1 x
2x2
1− 2
2x 1 −
2x2 − 2x x x
a) lim = lim = lim = lim =2
x→+∞ x2 + 1
x→+∞ 1 x x→+∞ 1 x→+∞ 0
2
x 1+ 2
2
x 1+ 2
x
x 1
1 + 2
como x ̸= 0
x
0
1
2x 1 −
1 x
2x2 1 −
2x2 − 2x x
b) lim
x→−∞ x + 3
= lim
x→−∞
3
=
x = x→−∞
lim 0
= x −∞
x 1+
x
3
1 + lim 2x = −∞
como x ̸= 0 x
x→−∞
0
3
1 +
3 3 x
x 1+ x 1+
x+3
x x
c) lim = lim = lim = lim x0
=
x→−∞ 2x2 − 2x
0
x→−∞
2
1 x x→−∞
2
1 x→−∞
2x 1 − 2x 1 −
x
x 1
2x 1 −
como x ̸= 0 x 1
lim =0
x→−∞ 2x
Pelo que aconteceu no exemplo anterior, dizemos que os limites de funções racionais quando
∞
x → ±∞ são indeterminações do tipo : podem existir (isto é, resultar em um número) ou não.
∞
Exemplo 2.91.
s
p 3 2
lim 2x2 − 3x + 2 = lim x2
2− + 2
x→−∞ x→−∞ x x
s
√ 3 2
= lim x2 2− + 2
x→−∞ x x
v
u
u 0 0
u 3 2
= lim −x u
x x→−∞ t2 − x + x2 = x −∞
√
como x2 = |x| = −x pois x < 0 como lim 2x = −∞
x→−∞
2.10. LIMITES NO INFINITO 93
√
3x2 + 5
Exemplo 2.92. (Questão da 1a prova de 2017-1) Vamos calcular, se existir, lim .
x→−∞ 3−x
s s
√
2
5 2
5
√ x 3+ 2 x 3+ 2
3x2 + 5 x x
lim = lim = lim
x→−∞ 3−x x→−∞ 3 x→−∞ 3
x −1 x −1
x x
s s
5 5
|x| 3+ 2 −x 3+ 2
x x
= lim = lim
x x→−∞ 3 x→−∞
x 3
x −1 x −1
√ x x
2
como x = |x| x < 0 ⇒ |x| = −x
v
s u 0
5
u
−x 3+ 2 5
√
t
− 3 + 2
x x − 3 √
= lim = lim = = 3
0
3 −1
x x→−∞ x→−∞
x −1
3
x −1
como x ̸= 0 x
√ !
16x6 − x + 1
Exemplo 2.93. (2016-2) Vamos calcular lim sen .
x→−∞ 2x3 − x2 + 20
Temos que
√
16x6 − x + 1
lim = −2 (prove isso!)
x→−∞ 2x3 − x2 + 20
√ ! √ !!
16x6 − x + 1 16x6 − x + 1
lim sen = sen lim = sen (−2)
x→−∞ 2x3 − x2 + 20 x→−∞ 2x3 − x2 + 20
Exemplo 2.94. O limite abaixo tem uma indeterminação do tipo ∞ − ∞ entre parênteses:
p
lim x( x2 − 1 − x)
x→+∞
√
Vamos começar multiplicando e dividindo por x2 − 1 + x:
94 CAPÍTULO 2. LIMITE DE UMA FUNÇÃO
√ √
p
2
( x2 − 1 − x)( x2 − 1 + x)
lim x( x − 1 − x) = lim x √
x→+∞ x→+∞ x2 − 1 + x
x − 1 − x2
2 −x
= lim x √ = lim √
x→+∞ 2
x −1+x x→+∞ 2
x −1+x
−x
= lim s
x→+∞
2
1
x 1− 2 +x
x
−x
= lim
√
r
x→+∞ 1
x2 1− +x
x2
−x
= lim r
x x→+∞
1
x 1− 2 +x
√
2
x
x = |x| = x pois x > 0
−x
= lim r !
x→+∞ 1
x 1− 2 +1
x
−
x
= lim
x x→+∞ r !
1
x
1− 2 +1
como x ̸= 0 x
−1 −1 −1
= lim v =√ =
x→+∞ u
u 0 1+1 2
t 1
1 − 2 + 1
x
A seguir, vamos ver alguns exemplos de cálculo de limites no infinito com funções trigo-
nométricas. Para resolvê-los, utilizaremos novamente o Teorema do Confronto.
sen x
Exemplo 2.95. Vamos calcular o limite lim . Como −1 ≤ sen x ≤ 1, segue que
x→+∞ x
−1 1 −1 1
≤ sen x ≤ se x > 0 (o que é o caso, pois x → +∞). Como lim = 0 = lim ,
x x x→+∞ x x→+∞ x
sen x
segue do Teorema do Confronto que lim = 0.
x→+∞ x
2 − cos x
Exemplo 2.96. Vamos provar que lim = 0. Primeiro, notamos que −1 ≤ cos x ≤ 1,
x→+∞ x + 3
donde −1 ≤ − cos x ≤ 1. Somando 2 em cada termo, temos 1 ≤ 2 − cos x ≤ 3. Agora, como
x → +∞, temos que x + 3 > 0, donde
1 2 − cos x 3
≤ ≤
x+3 x+3 x+3
1 3
Usando o fato de que lim = 0 = lim e o Teorema do Confronto, encerramos a
x→+∞ x + 3 x→+∞ x + 3
prova.
x(3x − 2cosx)
Exemplo 2.97. (2016-2) Vamos calcular lim . Temos que
x→+∞ 5x2 + 1
3x2
x(3x − 2cosx) 2x cos x
lim = lim − 2
x→+∞ 5x2 + 1 x→+∞ 5x2 + 1 5x + 1
2.11. MAIS LIMITES EXPONENCIAIS E LOGARÍTMICOS 95
Temos que
3x2 x2 (3 + 1/x2 ) 3 + 1/x2 3
lim 2
= lim 2 2
= lim 2
=
x→+∞ 5x + 1 x→+∞ x (5 + 1/x ) x→+∞ 5 + 1/x 5
Temos ainda que
2x cos x 2x
lim − 2
= lim − 2 cos x
x→+∞ 5x + 1 x→+∞ 5x + 1
2x
Como cos x é limitado e limx→+∞ − 2 = 0, temos que
5x + 1
2x cos x
lim − =0
x→+∞ 5x2 + 1
Portanto:
x(3x − 2cosx) 3
lim 2
=
x→+∞ 5x + 1 5
lim ax = +∞
x→+∞
lim ax = 0,
x→−∞
Se a ∈ R, 0 < a < 1:
lim ax = 0,
x→+∞
lim ax = +∞,
x→−∞
Ainda, como já foi menciosado, podemos definir a constante de Euler e como o valor do limite
a seguir:
1 x
e = lim 1+ .
x→+∞ x
Existem outras possı́veis definições para essa constante, como certas somas infinitas ou o valor
para o qual a área abaixo da curva y = 1/x considerado a partir de x = 1 é exatamente 1
96 CAPÍTULO 2. LIMITE DE UMA FUNÇÃO
(aqui, usarı́amos a noção de integral). Nese texto, escolhemos a definição usando limite como
apresentada, que será o ponto de partida que nos permite calcular outros limites interessantes.
1 x
Exemplo 2.98. lim 1+ = e.
x→−∞ x
De fato, fazendo a mudança de variável t = −x temos que x → −∞ implica t → +∞ e
1 x 1 −t t − 1 −t
t
t
lim 1+ = lim 1 − = lim = lim .
x→−∞ x t→+∞ t t→+∞ t t→+∞ t − 1
1 t
1
lim (1 + x) = lim 1 +
x = e.
x→0+ t→+∞ t
Quando x → 0− , t → −∞ e
t
1 1
lim (1 + x) = lim
x 1+ = e.
h→0− t→−∞ t
loga (1 + h) 1
Exemplo 2.100. lim = .
h→0+ h ln a
De fato, fazendo a mudança de variável t = 1/h temos que h → 0+ implica t → +∞ e
loga (1 + h) loga (1 + 1t ) 1 1 1
lim = lim 1 = lim t loga (1+ ) = lim loga (1+ )t = loga e = .
h→0+ h t→+∞
t
t→+∞ t t→+∞ t ln a
ln(1 + h) 1
Exemplo 2.101. lim = = 1.
h→0− h ln e
ax − 1
Exemplo 2.102. lim = ln a.
x→0+ x
Para esse limite, façamos z = ax . Então, quando x → 0+ , z → 1+ e
ax − 1 z−1 1
lim = lim = lim loga (z)
.
x→0+ x z→1+ loga (z) z→1+
z−1
Observação 2.103. Os limites dados nos exemplos anteriores valem ainda para x → 0− e,
portanto, para x → 0.
2.12 Exercı́cios
1. Calcule os limites, se existirem.
2.12. EXERCÍCIOS 97
(a) lim x2 + 3x + 5
x+3
x→2 (o) lim
x→−3 1 1
+
x−5 3
x 3
(b) lim √ √
x→3 x3 − 7 x + 2 − 2x
p (p) lim
(c) lim x4 − 4x + 1 x→2 x2 − 2x
x→−2
s x2 + 9
x3 + 2x2 + 3x + 2 (q) lim 2
x→4 x − 1
(d) lim
x→−2 x2 + 4x + 3 x−4
(r) lim
2x2 − x x→4 |x − 4|
−
(e) lim
√
x→ 2 3x 4x − 3 + |x − 1|
(s) lim
x2 −1 x→−∞ x+2
(f) lim
x→1 x−1 3
x +1
6x2 + 11x + 3 (t) lim 2
x→1 x + 4x + 3
(g) lim
x→−3/2 2x2 − 5x − 12 (3 + h)2 − 9
√ (u) lim
x+1−2 h→0 h
(h) lim
x→3 x−3 √
√ √
2x − x + 1 t2 + 9 − 3
(i) lim (v) lim
x→1 x−1 t→0 t2
x−2
(j) lim √ x3 + 3x − 1
x→2 3 3x − 5 − 1 (w) lim
√ x→+∞ 2x2 + x + 1
x−8
(k) lim √
x→64 3
x−4 x3 − 3x2 + 1
3 (x) lim
1 − 2x2
1 + 3x x→−∞
(l) lim
x→1 1 + 4x2 + 3x4
x5 + x4 + 1
2x + 5 (y) lim
(m) lim √ x→+∞ 2x5 + x + 1
x→+∞ 2x2 − 5
√
x2 − 2x + 2 x2 + 3x
(n) lim (z) lim
x→+∞ x+1 x→2+ x2 − 4
4x − 1 2x + 1
(b) lim (i) lim
2
x→−∞ 3x + 5x − 2 x→1− x−1
2x + 1
2x + 5 (j) lim
(c)lim √ x→1 x − 1
+
x→−∞ 2x2 − 5 5x
(k) lim
p x→3 (x − 3)2
(d) lim x2 − 2x + 2
x→+∞
x3 − 13x2 + 51x − 63
(l) lim
3x + 2 x→3 x3 − 4x2 − 3x + 18
(e) lim √
x→1 (x − 1)2 x2 + 9x + 9 − 3
(m) lim
x→0 x
1−x
(f) lim x3 − x2 + 2x − 2
x→2 (x − 2)2
(n) lim
x→1 x3 + 3x2 − 4x
2x + 3 t
(g) lim (o) lim √
x→1 (x − 1)2 t→0 4−t−2
98 CAPÍTULO 2. LIMITE DE UMA FUNÇÃO
√
x+9−3 7 − x + 2x2 − 3x3 − 5x4
(p) lim (v) lim
x→0 x x→+∞ 4 + 3x − x2 + x3 + 2x4
x3 − 3x2 + x + 2
(q) lim (2x4 − 137)5
x→2 x3 − x − 6 (w) lim
x→+∞ (x2 + 429)10
x3 − x2 − 8x + 12
(r) lim
x→2 x3 − 10x2 + 28x − 24
√ (5x10 + 32)3
x2 − x + 4 − 2 (x) lim
x→+∞ (1 − 2x6 )5
(s) lim
x→0 x2 + 3x
x3 + x2 − 5x + 3
p
(t) lim 3 (y) lim x2 + x − x
x→1 x − 4x2 + 5x − 2 x→∞
q √ √
x( x + 3 − x − 2) √ √
q
(u) lim
q
x→+∞ (z) lim x+ x− x− x
x→∞
A função é contı́nua em R?
6. Considere as seguintes afirmativas:
I. Se lim f (x) = L então lim |f (x)| = |L|.
x→a x→a
II. Se existe lim |f (x)| então existe lim f (x).
x→a x→a
III. Se f é uma função definida em [a, b] e f (a) < 0 < f (b), então existe c ∈ [a, b] tal que
f (x) = 0.
Temos que
2.12. EXERCÍCIOS 99
13. Calcule os limites laterais nos pontos de descontinuidade das funções a seguir.
2x − 1, if x < 2; 5x − 3, if x < 1;
(a) f (x) = 2 (c) f (x) =
x + 1, if x > 2. x2 , if x ≥ 1.
|x − 1| 3x + 2, if x < −2;
(b) f (x) = . (d) f (x) = 2
x−1 x + 3x − 1, if x ≥ −2.
14. (2016-2) Sejam a e b constantes reais não nulas e f : R − {0} → R a função dada por:
2
x − a +
x , x ̸= 1
f (x) =
x − 1
̸ 1
b, x=
f (x)
15. (2016-2) Seja f : R → R uma função tal que lim = 0. Podemos afirmar que
x→0 x
f (x2 − 1)
lim vale:
x→1 x−1
(a) −1 (b) 0 (c) 1 (d) 2 (e) +∞
17. Calcule
x
(a) (2016-1) lim − cos x + tg x
sen
x→π/3 2
(x − π) 1 − cos x sen (x2 )
(b) (2017-1) lim (h) lim (n) lim
x→π tg x x→0 xsen x x→0 1 − cos x
2
sen x 1 − sen θ x − π2
(c) (2017-1) lim (i) lim (o) lim
θ→π/2 θ − π/2 x→π/2 cos x
x→0 x
cos(x) − 1 2x3 + 3x2 cos x (p) lim (x − π2 )tg x
(d) lim (j) lim . x→π/2
x→0 x x→∞ (x + 2)3 cos x
(q) lim
sen (3x) sen 2 x x2 + 9
x→0
(e) lim (k) lim
x→0 sen (4x) x→0 1 − cos x sen x
(r) lim
x→π x − π
cos(x) − 1 sen (x2 )
(f) lim (l) lim sen x
x→0 x2 x→0 x2 (s) lim
x→0 x + sen x
sen (2x) x(1 − cos x) sen x
(g) lim (m) lim (t) lim
x→0 sen x x→0 tg 3 x x→∞ x
(
sen (1/x) se x ̸= 0
18. Existe k ∈ R tal que f (x) = seja contı́nua em R?
k se x = 0
2.12. EXERCÍCIOS 101
(
x2 cos(1/x) se x ̸= 0
19. Existe k ∈ R tal que f (x) = seja contı́nua em R?
k se x = 0
21. (2016-2) O gráfico que melhor representa a função f (x) = sen|x| + 1 é:
2. (a) -2 (e) +∞ (i) −∞ (m) 3/2 (q) 1/11 (u) +∞ (y) 1/2
(b) 0 (f) −∞ (j) +∞ (n) 3/5 (r) -5/4 (v) -5/2 (z) 1
√
(c) − 2 (g) +∞ (k) +∞ (o) -4 (s) -1/12 (w) 32
(d) +∞ (h) −∞ (l) -4/5 (p) 1/6 (t) -4 (x) -125/32
9. f (x) = x3 − 4x + 8 é contı́nua em R, f (−3) = −7 e f (1) = 5. Logo, pelo TVI, existe c ∈ (−3, 1) tal que f (c) = 0.
21. (a)
2 ln 3
22. (a) e2 (c) e−6 (e) e4 (g) (i) 2
5 ln 2
(b) e3 (d) e−5 (f) ln 8 (h) e2 (j) 3/4
Capı́tulo 3
Derivadas
Este capı́tulo é sobre derivada, um conceito fundamental do Cálculo que é muito útil em pro-
blemas aplicados. Este conceito relaciona-se com o problema de determinar a reta tangente a
um ponto do gráfico de uma função que foi visto no capı́tulo 2. Iniciaremos nossa discussão
tratando deste problema.
Seja P (x0 , f (x0 )) um ponto sobre o gráfico de uma função contı́nua f (x). Dado um ponto
Q = (x1 , f (x1 )) do gráfico, distinto de P , seja s a reta passando por P e Q. Esta reta é dita
secante ao gráfico pois o secciona nos pontos P e Q. O coeficiente angular desta reta é dado
por
f (x1 ) − f (x0 )
ms = ·
x1 − x0
f (x1 ) − f (x0 )
m = lim · (3.1)
x1 →x0 x1 − x0
Se o limite acima existe, então existe a reta tangente ao gráfico de f (x) no ponto P e esta reta
tem equação
(y − f (x0 )) = m(x − x0 ).
Mas, pode ocorrer deste limite não existir e neste caso temos duas possibilidades: ou a reta
tangente não pode ser definida, ou a reta tangente é uma reta vertical. Este último caso ocorre
quando o limite é ±∞. Nos exemplos a seguir vamos ilustrar todas estas possibilidades.
103
104 CAPÍTULO 3. DERIVADAS
1
Exemplo 3.1. Para verificar se existe reta tangente ao gráfico de f (x) = x no ponto P =
(1, f (1)) = (1, 1) calculamos o limite
1
f (x) − f (1) −1 1−x −1
lim = lim x = lim = lim = −1
x→1 x−1 x→1 x − 1 x→1 x(x − 1) x→1 x
Como o limite existe e vale −1, existe a reta tangente ao gráfico de f (x) no ponto P e sua
equação é
(y − 1) = −1(x − 1) ⇔ y = −x + 2
1
Figura 3.1: Reta tangente ao gráfico de f (x) = x no ponto P = (1, 1).
√
3
Exemplo 3.2. Para verifcar se existe uma reta tangente ao gráfico de f (x) = x no ponto
P = (0, 0) calculamos o limite
√ √
f (x) − f (0) 3
x−0 3
x 1
lim = lim = lim = lim 2/3 = +∞
x→0 x−0 x→0 x − 0 x→0 x x→0 x
Como o limite é +∞, a posição limite das retas secantes é a reta vertical x = 0, isto é, a reta
tangente passando por P é a reta vertical x = 0 (veja figura 3.2).
√
Figura 3.2: A reta tangente ao gráfico de f (x) = 3
x no ponto P = (0, 0) é uma reta vertical.
(
x2 , se x ≤ 1
Exemplo 3.3. Considere a função f (x) = e o ponto P = (1, 1) do
x2 − 4x + 4, se x > 1
seu gráfico. Temos que
f (x) − f (1) x2 − 1
lim = lim = lim x + 1 = 2
x→1 − x−1 x→1− x − 1 x→1−
f (x) − f (1) 2
x − 4x + 4 − 1 x2 − 4x + 3
lim = lim = lim = lim x − 3 = −2.
x→1 + x−1 x→1+ x−1 x→1+ x−1 x→1+
f (x) − f (1)
Como os limites laterais são distintos, não existe o limite lim . Ainda, não existe a
x→1 x−1
posição limite das retas secantes. Logo não existe a reta tangente ao gráfico de f (x) no ponto
P = (1, 1).
3.2. DERIVADA DE UMA FUNÇÃO EM UM PONTO 105
Figura 3.3: Não existe reta tangente ao gráfico da função f (x) do Exemplo 3.3 em P = (1, 1).
Observação 3.11. A derivada de uma função f (x) com relação a x também é denotada por
df
(notação de Leibniz).
dx
Definição 3.12. Quando f (x) é definida em um intervalo aberto e possui derivada em todos
os pontos deste intervalo, dizemos que f (x) é uma função diferenciável ou derivável.
Exemplo 3.13. Considere f : R → R, f (x) = x2 . Dado qualquer x ∈ R temos
f (x + h) − f (x) x2 + 2x.h + h2 − x2
f ′ (x) = lim = lim
h→0 h h→0 h
2x.h − h 2
= lim = lim 2x − h = 2x.
h→0 h h→0
Portanto, f (x) é derivável em todo ponto x ∈ R, ou seja, f (x) = x2 é uma função diferenciável.
A derivada de f (x) é a função f ′ : R → R, f ′ (x) = 2x.
Como f ′ (x) existe para todo x ∈ R = D(f ), temos que f (x) é um função diferenciável e sua
derivada é a função constante f ′ : R → R, f ′ (x) = 3.
Vejamos um exemplo de uma função cuja derivada não existe em algum ponto do domı́nio.
√
Exemplo 3.15. Considere a função f : R → R, f (x) = 3 x. Vimos no exemplo 3.2 que
√
f (x) − f (0) 3
x
lim = lim = +∞·
x→0 x−0 x→0 x
√ √ √ √
′
3
x − 3 x0 y − 3 x0 (y − 3 x0 )
f (x0 ) = lim = lim√ √ = lim
√ √ √
y→ 3 x0 y 3 − ( 3 x0 )3
p
x→x0 x − x0 y→ 3 x0 (y − 3 x0 )(y 2 + y 3 x0 + 3 x2 )
0
1 1 1
= lim
√ √ p = p √ √ p = p ·
y→ 3 x0 y 2 + y 3 x0 + 3 x2 3
x20 + 3 x0 . 3 x0 + 3 x20 3 3 x20
0
Definição 3.16. O limite f−′ (x0 ), quando existe, é chamado de derivada à esquerda de f (x)
no ponto x0 e o limite f+′ (x0 ), quando existe, é chamado de derivada à direita de f (x) no
ponto x0 .
Observação 3.17. Note que a derivada f ′ (x0 ) existe se, e somente se, as derivadas laterais
f+′ (x0 ) e f−′ (x0 ) existem e são iguais.
O conceito de derivada lateral é útil, por exemplo, quando estudamos funções definidas por
partes. Vejamos um exemplo.
é contı́nua em todo ponto x ∈ R e derivável em todo ponto x ̸= 1 (verifique!). Para ver se ela é
derivável em x = 1 precisaremos considerar as derivadas laterais em 1, já que a regra da função
é diferente para x < 1 e x > 1. Estas derivadas são:
f (1 + h) − f (1) (1 + h)2 − 1 1 + 2h + h2 − 1 2h + h2
f−′ (1) = lim = lim = lim = lim = 2,
h→0− h h→0− h h→0− h h→0− h
f (1 + h) − f (1) 2(1 + h) − 1 − 1 2 + 2h − 2 2h
f+′ (1) = lim = lim = lim = lim = 2.
h→0+ h h→0 + h h→0 − h h→0 − h
Como os limite laterais f−′ (1) = f+′ (1) = 2 temos que existe f ′ (1) e f ′ (1) = 2.
Agora, se x < 0 então |x| = −x e para h pequeno o suficiente, temos x + h < 0 donde
|x + h| = −x − h. Assim,
f (x + h) − f (x) |x + h| − |x| −x − h + x −h
f ′ (x) = lim = lim = lim = lim = lim −1 = −1.
h→0 h h→0 h h→0 h h→0 h h→0
Finalmente, se x = 0 então devemos tratar os limites laterais ou seja, as derivadas laterais que
são
|0 + h| − |0| |h| −h
f−′ (0) = lim = lim = lim = lim −1 = −1,
h→0− h h→0− h h→0− h h→0−
|0 + h| − |0| |h| h
f+′ (0) = lim = lim = lim = lim 1 = 1.
h→0+ h h→0+ h h→0+ h h→0+
Como f−′ (0) ̸= f+′ (0), a derivada f ′ (0) não existe. Assim, f (x) = |x| é derivável apenas nos
pontos x ̸= 0, com f ′ (x) = 1 para x > 0 e f ′ (x) = −1 para x < 0. A derivada de f (x) é a
função f ′ : R\{0} → R definida por
(
−1, se x < 0
f ′ (x) =
1, se x > 0·
108 CAPÍTULO 3. DERIVADAS
As derivadas laterais também são usadas para estudar funções definidas em intervalos que
tenham extremos fechados como veremos nos exemplos a seguir.
Definição 3.20. Dizemos que uma função f (x) é diferenciável (ou derivável) em intervalos da
forma [a, b], [a, +∞), (−∞, b], (a, b] ou [a, b) se f ′ (x) existe para todo ponto x no interior do
intervalo e se existem as derivadas laterais adequadas nos extremos destes intervalos.
√
Exemplo 3.21. Considere a função f : [0, +∞) → R, f (x) = x. Para todo x > 0 temos
√ √
′ f (x + h) − f (x) x+h− x
f (x) = lim = lim
h→0 h h→0 h
√ √ √ √
( x + h − x).( x + h + x) (x + h − x)
= lim √ √ = lim √ √
h→0 h.( x + h + x) h→0 h.( x + h + x)
h 1 1 1
= lim √ √ = lim √ √ =√ √ = √ ·
h→0 h.( x + h + x) h→0 x+h+ x x + x 2 x
Portanto, f (x) é derivável em todo ponto x > 0 e f ′ (x) = 2√1 x . Agora, não podemos calcular
o limite f ′ (x) para x = 0, já que f está definida apenas em um intervalo à direita de 0. Mas,
podemos considerar a derivada lateral à direita f+′ (0) que é
√ √ √
f (0 + h) − f (0) 0+h− 0 h 1
lim = lim = lim = lim √ = +∞.
h→0+ h h→0+ h h→0+ h h→0+ h
√
Portanto não existe a derivada lateral à direita no ponto x = 0. Concluı́mos que f (x) = x
não é derivável no intervalo [0, +∞) embora seja derivável no intervalo (0, +∞).
Exemplo 3.22. Considere a função f : [1, 2] → R, f (x) = 3x2 . Para todo x ∈ (1, 2) temos
= lim 6x + 3h = 6x.
h→0
e
3(2 + h)2 − 12 12 + 12h + 3h2 − 12 12h + 3h2
f−′ (2) = lim = lim = lim = lim 12 + 3h = 12.
h→0− h h→0− h h→0− h h→0−
Prova: Para provar este teorema devemos mostrar que se f ′ (x0 ) existe então
lim f (x) = f (x0 ).
x→x0
Observação 3.24. Este teorema nos diz que se f (x) é descontı́nua em x0 , então f (x) não
é diferenciável em x0 .
Exemplo 3.25. A função f : R → R definida por
(
3x + 1, se x ≤ 1
f (x) =
x2 , se x > 1
é descontı́nua em x = 1 (verifique!). Portanto, pelo teorema 3.23, f (x) não é diferenciável no
ponto x = 1.
Observação 3.26. Continuidade não implica em diferenciabilidade, ou seja, se f (x) é contı́nua
em x0 não necessariamente f (x) é derivável em x0 . Um bom exemplo para ilustrar esse fato é
a função f (x) = |x| que é contı́nua em x = 0 mas não é diferenciável neste ponto.
Exemplo 3.27. Dada a função f : R → R a seguir, queremos determinar valores de a, b ∈ R
de forma que a função seja diferenciável em x = 0.
(
ax + b, se x ≤ 0
f (x) = 2
x + x − 2, se x > 0.
f (0 + h) − f (0) f (h) + 2 h2 + h − 2 + 2 h2 + h
f+′ (0) = lim x lim+
= =
x lim+ = lim = 1,
h→0+ h h→0 h h→0 h h→0+ h
f (0) = −2 h → 0+ ⇒ h > 0 ⇒ f (h) = h2 + h − 2
f (0 + h) − f (0) f (h) + 2 ah − 2 + 2 ah
f−′ (0) = lim =
x lim− =
x lim+ = lim = a.
h→0− h h→0 h h→0 h h→0 + h
f (0) = −2 h → 0− ⇒ h < 0 ⇒ f (h) = ah − 2
(
x − 2, se x ≤ 0
Portanto, devemos ter a = 1 e, assim, f (x) =
x2 + x − 2, se x > 0.
110 CAPÍTULO 3. DERIVADAS
Exemplo 3.30. Segue da regra acima que a função f : R → R, f (x) = x3 é derivável em todo
x∈Re
f ′ (x) = (x3 )′ = 3x3−1 = 3x2 .
A regra acima pode ser generalizada para expoentes reais quaisquer. Mais precisamente, se
α ∈ R e f (x) = xα então
f ′ (x) = (xα )′ = αxα−1 .
Daremos a prova deste fato mais à frente. Por agora, vamos explorar esta regra em alguns
exemplos.
1
Exemplo 3.31. Considere f : R\{0} → R, f (x) = 1
x2
. = x−2 . Considerando
Observe que
x2
a regra geral da derivação de potências, temos que f (x) é derivável para todo x ∈ R\{0} e
2
f ′ (x) = (x−2 )′ = −2.x−2−1 = −2x−3 = − ·
x3
√
5
√
5 6
Exemplo 3.32. Considere a função f : R → R, f (x) = x6 . Observando que f (x) = x6 = x 5
e considerando a regra de derivação acima, temos
√
′ 66 6 −1 6 1
′ 65x
f (x) = (x ) = x 5 = x 5 =
5 ·
5 5 5
Exemplo 3.33. Seja f (x) = xα . Como (xα )′ = αxα−1 para α ∈ R e (cf (x)) = cf ′ (x) para
c ∈ R constante, temos
(cxα )′ = cαxα−1 para α, c ∈ R,
por exemplo,
(6x3 )′ = 3.6.x3−1 = 18x2 .
d df dg
(f + g)′ (x) = f ′ (x) + g ′ (x) ou [f + g] = + ·
dx dx dx
De fato, temos:
(f + g)(x + h) − (f + g)(x)
(f + g)′ (x) = lim
h→0 h
[f (x + h) + g(x + h)] − [f (x) + g(x)]
= lim
h→0 h
[f (x + h) − f (x)] + [g(x + h) − g(x)]
= lim
h→0 h
[f (x + h) − f (x)] [g(x + h) − g(x)]
= lim + lim = f ′ (x) + g ′ (x).
h→0 h h→0 h
√ 1
é a soma das funções g(x) = x e h(x) = . Sabemos que g(x) é derivável para todo x ∈
x
′ 1 1
(0, +∞) com g (x) = √ . Também sabemos que h(x) = é derivável para todo x ̸= 0 sendo
2 x x
h′ (x) = −1
x 2 . Considerando então a regra da soma temos
1 1
f ′ (x) = g ′ (x) + h′ (x) = √ − 2
2 x x
para todo x ∈ (0, +∞).
Funções polinomiais são somas de funções do tipo a.xn , onde a ∈ R e n ∈ N como consideradas
no exemplo 3.33. Segue da regra da soma que toda função polinomial f : R → R
f (x + h).g(x + h) − f (x).g(x)
(f.g)′ (x) = lim
h→0 h
Exemplo 3.36. Vamos usar a regra do produto para derivar f : (0, +∞) → R dada por
√
f (x) = x.(x3 + 4x − 5)
√ √
note que f (x) = g(x).h(x) sendo g(x) = x e h(x) = x3 + 4x − 5. Sabemos que g(x) = x é
1
derivável em todo ponto x > 0 e que g ′ (x) = √ . Sabemos também que a função polinomial
2 x
h(x) = x3 + 4x − 5 é derivável em todo ponto x ∈ R e h′ (x) = 3x2 + 4. Assim, pela regra do
produto, f (x) é derivável em todo x > 0 e
f
Se f e g são deriváveis em um ponto x e g(x) ̸= 0 então a função quociente é derivável em x
g
e
df dg
′
f f ′ (x).g(x) − f (x).g ′ (x)
d f .g − f.
(x) = ou = dx dx ·
g [g(x)]2 dx g g2
De fato,
f (x + h) f (x)
′ −
f g(x + h) g(x)
(x) = lim
g h→0 h
1 f (x + h).g(x) − f (x).g(x + h)
= lim .
h→0 h g(x + h).g(x)
Exemplo 3.37. Vamos usar a regra do quociente para encontrar a derivada de f : R\{1} → R
dada por
x3 + 2x2
f (x) = ·
x−1
114 CAPÍTULO 3. DERIVADAS
p(x)
Observe que f (x) = sendo p(x) = x3 + 2x2 e q(x) = x − 1 deriváveis em todo ponto x ∈ R.
q(x)
Segue da regra do quociente que f (x) é derivável em todo ponto x ∈ R\{1} e
2x3 − x2 − 4x
= ·
x2 − 2x + 1
Sejam y = f (u) e u = g(x) funções deriváveis tais que Im(g) ⊂ D(f ). Então, a função composta
y = f (g(x)) é derivável e vale a
df df dg
Regra da Cadeia. (f (g(x)))′ = f ′ (g(x))g ′ (x) ou = · ·
dx dg dx
Vamos fazer uma prova supondo que g(x + h) − g(x) ̸= 0 para todo h suficientemente pequeno.
Fixemos x. Usando a definição de derivada, temos que
Além disso:
f (g(x + h)) − f (g(x)) f (y) − f (a)
lim = lim = f ′ (a) = f ′ (g(x)).
g(x + h) − g(x) y−a
x y→a
h→0
Sejam a = g(x) e y = g(x + h). Se h → 0, então y → a.
Portanto,
Exemplo 3.38. Seja h(x) = (x2 + 1)10 . Essa função pode ser vista como uma composição:
Temos
f ′ (x) = 10x9 e g ′ (x) = 2x.
Portanto
h′ (x) = f ′ (g(x))g ′ (x) = 10(g(x))9 · (2x) = 10(x2 + 1)9 · (2x) = 20x(x2 + 1)9 .
√
Exemplo 3.39. Seja h(x) = x3 + 2x2 . Essa função pode ser vista como uma composição:
√
f (x) = x e g(x) = x3 + 2x2 ⇒ h(x) = f (g(x)).
Temos
1
f ′ (x) = √ e g ′ (x) = 3x2 + 4x.
2 x
Portanto
1 1 3x2 + 4x
h′ (x) = f ′ (g(x))g ′ (x) = p · (3x2 + 4x) = √ · (3x2 + 4x) = √ .
2 g(x) 2 x3 + 2x2 2 x3 + 2x2
Note que a derivada não existe nos pontos x = −2 e x = 0.
1
Exemplo 3.40. Seja h(x) = . Essa função pode ser vista como uma composição:
x2 +1
1
f (x) = e g(x) = x2 + 1 ⇒ h(x) = f (g(x)).
x
Temos
1
f ′ (x) = − e g ′ (x) = 2x.
x2
Portanto
1 1 2x
h′ (x) = f ′ (g(x))g ′ (x) = − · 2x = − 2 · 2x = − 2 ·
(g(x))2 (x + 1)2 (x + 1)2
f (g(y)) = y, ∀ y ∈ D(g).
Sabendo que o gráfico de f passa pelo ponto (5, 2), a derivada da inversa de f no ponto 2 é
igual a:
−1 1 1 d) 3 −1
a) b) c) e)
4 4 3 3
Vamos resolver essa questão. Seja x = g(y) a inversa de y = f (x). Então
1 1 1
g ′ (y) = ⇒ g ′ (2) = x ′ ·
=
f ′ (g(y)) f ′ (g(2)) f (5)
(5, 2) no gráfico de f ⇒ f (5) = 2 ⇒ g(2) = 5
Vamos ver nas próximas seções mais exemplos de uso da derivada da função inversa.
3.8. DERIVADAS DAS FUNÇÕES EXPONENCIAIS E LOGARÍTMICAS 117
ax+h − ax ax (ah − 1) ah − 1 ah − 1
f ′ (x) = lim = lim = lim ax · = ax · lim = x
x a ln a.
h→0 h h→0 h h→0 h h→0 h
ah − 1
como lim = ln a
h→0 h
Portanto
Derivada da Função Exponencial. f (x) = ax ⇒ f ′ (x) = ax ln a.
Exemplo 3.44. Se f (x) = 2x , então f ′ (x) = 2x ln 2.
Exemplo 3.45. Se f (x) = ex , então f ′ (x) = ex ln e = x
xe .
ln e = 1
2
Exemplo 3.46. Se h(x) = 5x +1 , então h(x) = f (g(x)), onde f (x) = 5x e g(x) = x2 + 1. Como
f ′ (x) = 5x ln 5 e g ′ (x) = 2x, segue da regra da cadeia que
2 +1 2
h′ (x) = f ′ (g(x)) · g ′ (x) = 5g(x) · ln 5 · 2x = 2x · 5x · ln 5 = 10x · 5x · ln 5.
Exemplo 3.47. Se h(x) = e1/x , então h(x) = f (g(x)), onde f (x) = ex e g(x) = 1/x. Como
f ′ (x) = ex e g ′ (x) = −1/x2 , segue da regra da cadeia que
e1/x
h′ (x) = f ′ (g(x)) · g ′ (x) = eg(x) · (−1/x2 ) = − ·
x2
√ √
Exemplo 3.48. Se h(x) = 3 x , então h(x) = f (g(x)), onde f (x) = 3x e g(x) = x. Como
1
f ′ (x) = 3x ln 3 e g ′ (x) = √ , segue da regra da cadeia que
2 x
√
′ ′ ′ g(x) 1 3 x ln 3
h (x) = f (g(x)) · g (x) = 3 ln 3 · √ = √ ·
2 x 2 x
Dada uma função exponencial y = f (x) onde f (x) = ax , sabemos que sua função inversa f −1 (y)
é dada por x = loga (y). Assim, usando o que vimos na seção anterior sobre derivada da função
inversa, temos que a derivada de loga (y) é
1 1 1 1
(f −1 )′ (y) = = = = loga e
f ′ (f −1 (y)) af −1 (y) ln a y ln a y
Ou seja:
1
Derivada da Função Logarı́tmica. f (x) = loga x ⇒ f ′ (x) = · loga e.
x
1
Exemplo 3.49. Se f (x) = log3 x, então f ′ (x) = · log3 e.
x
1 1
Exemplo 3.50. Se f (x) = ln x, então f ′ (x) = · ln e =
x ·
x x
ln e = 1
118 CAPÍTULO 3. DERIVADAS
Exemplo 3.51. Se h(x) = log7 (x3 + x2 ), então h(x) = f (g(x)), onde f (x) = log7 x e g(x) =
1
x3 + x2 . Como f ′ (x) = · log7 e e g ′ (x) = 3x2 + 2x, segue da regra da cadeia que
x
1 3x2 + 2x 3x + 2
h′ (x) = f ′ (g(x)) · g ′ (x) =
· log7 e · (3x2 + 2x) = 3 · log7 e = 2 · log7 e.
g(x) x + x2 x +x
x
e
Exemplo 3.52. A derivada de f (x) = ln é
x+1
x ′ x ′
(x + 1) (ex )′ − (x + 1)′ (ex )
′ 1 e x+1 e x+1
f (x) = · = · = ·
ex x+1 ex x+1 ex (x + 1)2
x+1
(x + 1) ex − ex xex
x+1 x+1 x
= x
· 2
= x
· = ·
e (x + 1) e (x + 1)2 x+1
Podemos usar a Regra da Cadeia para generalizar o exemplo anterior, isto é, calcular a derivada
de uma função na forma f (x)g(x) onde f e g são deriváveis e f (x) > 0. Escrevemos
g(x)
f (x)g(x) = eln f (x) = eg(x) ln f (x) .
3.9. DERIVADAS DAS FUNÇÕES TRIGONOMÉTRICAS 119
e portanto,
f ′ (x)
′
g(x) g(x) ′
f (x) = f (x) g (x) ln(f (x)) + g(x) ·
f (x)
Por exemplo:
Exemplo 3.56. Para a derivada de h(x) = (x+1)2x+3 , chamemos f (x) = x+1 e g(x) = 2x+3.
Então, f ′ (x) = 1 e g ′ (x) = 2. Dessa forma:
f ′ (x)
′ g(x) ′
h (x) = f (x) g (x) ln(f (x)) + g(x) = (2x + 3)(x + 1)2x+2 + 2(x + 1)2x+3 ln(x + 1).
f (x)
Observação 3.57. Em particular, temos a regra da potência para potências reais: se h(x) = xr ,
onde r ∈ R, temos que h′ (x) = r xr−1 . De fato, escrevendo
r)
xr = eln(x = er ln x
Temos que
′ r r xr
(xr )′ = er ln x = er ln x (r ln x)′ = er ln x = = r xr−1 .
x x
x
como xr = er ln x
Portanto
(sen x)′ = cos x.
No capı́tulo anterior, vimos que sen (x + π/2) = cos x e cos(x + π/2) = −sen x para todo x ∈ R.
Assim:
cos x = sen (x + π/2) ⇒ (cos x)′ = (sen (x + π/2))′ .
Para derivar, sen (x + π/2) usamos a regra da cadeia:
(sen (x + π/2))′ = cos(x + π/2) · (x + π/2)′ = cos(x + π/2) = −sen x.
Portanto
(cos x)′ = −sen x.
Você também pode fazer essa derivada usando a definição, como um exercı́cio. Usando essas
derivadas e a regra da cadeia, podemos derivar várias funções:
120 CAPÍTULO 3. DERIVADAS
Exemplo 3.58. A derivada de f (x) = sen (x4 + x2 ) é f ′ (x) = cos(x4 + x2 ) · (4x3 + 2x).
As derivadas das demais funções trigonométricas podem ser obtidas usando as regras de de-
rivação, por exemplo:
1 sen x sen x 1
sec x = ⇒ (sec x)′ = ((cos x)−1 )′ = −2 ′
x −(cos x) (cos x) = 2
= = tg x sec x.
cos x cos x cos x cos x
usando a regra da cadeia
Agora, para as derivadas das funções trigonométricas inversas, vamos usar a derivada da função
inversa vista na seção anterior.
Temos que y = arcsen x, para todo x ∈ (−1, 1) se e somente se x = sen y. Assim,
1 1
(arcsen x)′ = ′
= ·
(sen y) cos y
Portanto:
1
(arcsen x)′ = √ , para − 1 < x < 1.
1 − x2
3.10. DERIVADAS DAS FUNÇÕES HIPERBÓLICAS 121
Observação 3.63. Observe que não existem as derivadas de arcsen x nos pontos x = ±1 e,
como pode ser visto no gráfico, as retas tangentes nesses pontos são verticais.
2
Exemplo 3.64. A derivada de f (x) = arcsen (2x + 1) é f ′ (x) = p ·
1 − (2x + 1)2
Exemplo 3.65. A derivada de f (x) = arctg (ln x) é
1 1 1 1
f ′ (x) = 2
· (ln x)′ = · =
2 x
·
1 + (ln x) 1 + (ln x) x(1 + (ln x)2 )
x
regra da cadeia
Como exercı́cio, você deve provar as derivadas das demais funções trigonométricas inversas:
1
(arcsec x)′ = √ , |x| > 1,
|x| x2 − 1
−1
(arccossec x)′ = √ , |x| > 1,
|x| x2 − 1
−1
(arccotg x)′ = ·
1 + x2
ex + e−x ex − e−x
cosh x = ⇒ (cosh x)′ = = senh x.
2 2
x
(e−x )′ = −e−x pela regra da cadeia
Já as derivadas das demais funções seguem das regras de derivação, por exemplo:
(senh x)′ cosh x − senh x (cosh x)′
(tgh x)′ =
cosh2 x
x
usando a regra do quociente
Exemplo 3.66. A derivada de f (x) = senh (x3 + 3) é, usando a regra da cadeia,
Exemplo 3.67. A derivada de f (x) = sech (2x) é, usando a regra da cadeia,
Exemplo 3.68. A derivada de f (x) = ln(tgh (3x)) é, usando a regra da cadeia duas vezes,
1 2sech 2 (2x)
f ′ (x) = · 2sech 2 (2x) = ·
tgh (3x) tgh (3x)
Para as funções hiperbólicas inversas, usaremos novamente a derivada da função inversa, além
das identidades hiperbólicas.
Por exemplo, dado y = argsenh x, temos que x = senh y e
1 1 1
(argsenh x)′ = = x √
= ·
(senh y)′ cosh y 1 + x2
cosh2 y − senh 2 y = 1 ⇒ cosh2 y = 1 + x2
Para o cosseno hiperbólico podemos fazer analogamente, tomando apenas cuidado com o domı́nio,
que é D(cosh x) = [1, +∞):
1 1 1
(argcosh x)′ = ′
= x √ 2
= se x > 1.
(cosh y) senh y x − 1
cosh2 y − senh 2 y = 1 ⇒ senh 2 y = 1 − x2
As demais derivadas das funções hiperbólicas inversas podem ser obtidas analogamente:
1
(argtgh x)′ = , |x| < 1,
1 − x2
−1
(argsech x)′ = √ , 0 < x < 1,
x 1 − x2
−1
(argcossech x)′ = √ , x ̸= 0,
|x| x2 + 1
1
(argcotgh x)′ = , |x| > 1.
1 − x2
3.11. TABELA DE DERIVADAS 123
f ′ (x) = 2 ′ 2 2 2 ′
x (x ) argcosh (x ) + x (argcosh (x ))
regra do produto
2 2 2x 2 2x3
= 2x · argcosh (x ) + x · √ = 2x · argcosh (x ) + √ ·
x4 − 1 x4 − 1
x
regra da cadeia em (argcosh (x2 ))′
Exemplo 3.71. A derivada de f (x) = argtgh (sen (3x)), usando a regra da cadeia, é
1 1 3
f ′ (x) = · (sen (3x))′ = · 3 cos(3x) = ·
1 − sen 2 (3x) cos 2 (3x) cos(3x)
x
sen 2 (3x) + cos2 (3x) = 1
A seguir, apresentamos um resumo do que foi discutido nas seções anteriores em forma de uma
tabela de derivadas.
Não necessariamente existe n0 ∈ N tal que f (n) (x) = 0 sempre que n ≥ n0 , como veremos a
seguir.
Exemplo 3.73. Seja f (x) = sen x. Temos que
f ′ (x) = cos x
f ′′ (x) = −sen x
f ′′′ (x) = − cos x
f (4) (x) = sen x
f (5) (x) = cos x
f (6) (x) = −sen x
f (7) (x) = − cos x
f (8) (x) = sen x
..
.
Exemplo 3.74. Seja f (x) = ex . Temos que f (n) (x) = ex para todo n ≥ 1. Agora, se f (x) = ax
para a > 0, a ̸= 1, a ̸= e, temos que
f ′ (x) = ax · ln a
f ′′ (x) = ax · (ln a)2
f ′′′ (x) = ax · (ln a)3
..
.
f (n) (x) = ax · (ln a)n , para todo n ≥ 1.
3.13. DERIVAÇÃO IMPLÍCITA 125
Em geral, dizemos que y = f (x) é uma função definida implicitamente por uma equação em x
e y quando o par (x, f (x)) satisfaz essa equação.
Porém, nem sempre conseguimos explicitar uma função dada implicitamente.
Exemplo 3.76. Consideremos a equação x2 + y 2 = 1.
Sabemos que as soluções dessa equação representam um cı́rculo de raio 1 centrado na origem,
o que não é uma função, pois cada x ∈ (−1, 1) se relaciona com dois valores de y ∈ [−1, 1].
Podemos, no entanto, encontrar várias funções que satisfazem essa equação, como por exemplo:
p
f1 (x) = 1 − x2 ,
p
f2 (x) = − 1 − x2 ,
(√
1 − x2 , se 0 ≤ x ≤ 1
f3 (x) = √
− 1 − x2 , se − 1 ≤ x < 0,
( √
− 1 − x2 , se 1/2 ≤ x ≤ 1
f4 (x) = √
1 − x2 , se − 1 ≤ x < 1/2.
126 CAPÍTULO 3. DERIVADAS
Vamos determinar a derivada no ponto de abscissa x = 1/2 em cada caso. Por exemplo, usando
√ −x −1/2 −1
f1 (x) ou f3 (x), a derivada em (1/2, 3/2) é dada por √ , isto é, vale √ = √ . Já
1−x 2 3/2 3
√
com as funções f2 (x) ou f4 (x), o ponto de coordenada x = 1/2 é (1/2, − 3/2). A derivada de
x 1/2 1
f2 (x) nesse ponto é dada por √ , isto é, vale √ = √ . Já a função f4 (x) não possui
1−x 2 3/2 3
derivada em x = 1/2 pois não é contı́nua nesse ponto. Isso nos dá a ideia de que a derivada no
ponto de abscissa 1/2 depende da expressão explı́cita da função.
Porém, quando a função é derivável, podemos calcular essa derivada sem explicitar a função.
De fato, voltemos à equação x2 + y 2 = 1 representando implicitamente uma função y = f (x),
isto é:
x2 + (f (x))2 = 1.
Podemos derivar essa expressão em ambos os lados:
′ ′ ′ −x −x
x2 + (f (x))2 = 1 =⇒
x 2x + 2f (x)f (x) = 0 =⇒ f (x)f (x) = −x =⇒ f (x) = = ·
f (x) y
regra da cadeia em (f (x))2
Vamos usar essa expressão para calcular novamente as derivadas no ponto de abscissa x = 1/2
nos casos de f (x) igual a cada uma das funções deriváveis f1 (x), f2 (x) e √
f3 (x) vistas acima.
Para f (x) = f1 (x) ou f (x) = f3 (x) o ponto correspondente é (x, y) = (1/2, 3/2) e daı́:
−x −1/2 −1
f ′ (x) = =√ =√ .
y 3/2 3
√
Para f (x) = f2 (x) o ponto correspondente é (x, y) = (1/2, − 3/2) e daı́:
−x −1/2 1
f ′ (x) = = √ =√ .
y − 3/2 3
Note que foram os mesmos valores obtidos anteriormente quando derivamos as expressões
explı́citas das funções. Isso significa que podemos obter a derivada de f (x) (quando f (x) ̸= 0)
sem conhecer explicitamente f (x).
Esse processo, chamado derivação implı́cita, pode ser feito para qualquer função derivável dada
implicitamente por uma equação. No que segue, quando dissermos que uma função é dada
implicitamente por uma equação, iremos admitir que essa função é derivável em todos os pontos
onde essa derivada puder ser definida. Vamos ver outro exemplo.
ln(y) + y 2 = x2 .
Não é difı́cil ver que não conseguimos uma expressão explı́cita para y = f (x). No entanto,
podemos derivar ambos os lados da igualdade:
2 2 1 ′ ′ ′ 1
ln(f (x)) + (f (x)) = x =⇒ f (x) + 2f (x)f (x) = 2x =⇒ f (x) + 2f (x) = 2x
f (x) f (x)
x
regra da cadeia em (f (x))2 e em ln(f (x))
2x f (x)
=⇒ f ′ (x) = ·
1 + 2(f (x))2
3.13. DERIVAÇÃO IMPLÍCITA 127
Exemplo 3.78. Vamos determinar a reta tangente ao gráfico da função y = f (x) dada impli-
citamente pela expressão √
ey + xy = x
no ponto (1, 0). Como y = f (x), temos
√
ef (x) + x f (x) = x.
Notamos que g(x) = ef (x) é uma função composta cuja derivada, usando a regra da cadeia, é
g ′ (x) = ef (x) f ′ (x).
Assim:
√ f (x) ′ 1
ef (x) + x f (x) = x e
x =⇒ f (x) + f (x) + x f ′ (x) = √ ·
2 x
derivando ambos os lados
Quando x = 1, temos:
1
ef (1) f ′ (1) + f (1) + f ′ (1) = =⇒ 0 ′ ′ ′ ′
x e f (1) + f (1) = 1/2 =⇒ 2f (1) = 1/2 =⇒ f (1) = 1/4·
2
f (1) = 0
Logo, o coeficiente angular da reta tangente à curva em (1, 0) é 1/4 e, então, a reta tangente é:
−x + 4y = −1.
Exemplo 3.79. A questão abaixo estava em uma prova de 2016-1.
O coeficiente angular da reta tangente ao gráfico da função definida implicitamente por arctg (y)+
y
= x − 1 no ponto de ordenada y = 0 é:
x
a) -1 b) 0 c) 1/2 d) 1 e) 2
a) -1 b) 0 c) 1 d) -1/2 e) 1/2
cos(x − f (x))
= 1/2.
x + f (x)
Pode parecer uma expressão horrı́vel, mas voltemos ao enunciado, que diz que f (1) = 1, isto
é, 1 − f (1) = 0. Assim:
0 :1
:
f (1))(1 − f ′ (1))(1 + f (1)) − (1 + f ′ (1)) cos(1
−sen (1
−
−
f(1)) −1 − f ′ (1)
= 0 ⇒ = 0.
(1 + f (1))2 4
3.14 Exercı́cios
5. Mostre que se f (x) é uma função par (ı́mpar) então f ′ (x) é ı́mpar (par).
xa+1
6. Considere a função f (x) = em que a é uma constante real. Determine os valores
x+a
1
de a para que f ′ (1) = ·
2
3
3x + 2
7. Encontre a derivada da função f (x) = nos pontos 0, −2 e 2.
x+1
8. Sabendo que f (2) = 1, f (8) = 5, f ′ (2) = 7 e f ′ (8) = −3 encontre
ex √
(a) y = , x0 = 1. (c) y = (3 − x2 )4 3 5x − 4, x0 = 1.
1 + x2 r
1+x
(b) y = xsen x , x0 = π/2. (d) y = ln , x0 = 0.
1−x
130 CAPÍTULO 3. DERIVADAS
R→R
π
12. Sejam f : derivável e g(x) = f (tg x). Calcule g ′ supondo que f ′ (1) = 2.
4
13. Determine os pontos em que a função a seguir é derivável e calcule a derivada nesses
pontos.
(x + 3)2 se x ≤ −2,
2
x −3 se −2 ≤ x ≤ −1,
0 se −1 < x < 0,
f (x) = x 2
se 0 ≤ x ≤ 1,
1
se 1 < x ≤ 2,
cos
x−1
2x − 3 se x > 2.
16. Determine a, b, c ∈ R tais que a função a seguir seja derivável em todo seu domı́nio.
2 se x ≤ 0,
sen x
2
f (x) = ax + b se 0 < x ≤ c,
ln x se c < x.
a) 0 b) 1 c) 2 d) -1 e) -2
a) f ′ (0) < f ′′ (0) < f (0) c) f ′ (0) < f (0) < f ′′ (0) e) f ′′ (0) < f ′ (0) < f (0)
b) f (0) < f ′′ (0) < f ′ (0) d) f ′′ (0) < f (0) < f ′ (0)
x3 + x + 1
20. (2014-2) A derivada da função f (x) = em x = 2 é:
x−1
a) 0 b) 1 c) 2 d) 7 e) 11
π π
21. (2014-2) Considere a função f : − , definida por
2 2
(
tg x, se x ∈ (0, π/2)
f (x) =
ax + b, se x ∈ (−π/2, 0],
sendo a e b constantes reais. Podemos afirmar que o valor da soma a + b para que a função
f seja derivável em x = 0 é:
a) - 2 b) - 1 c) 0 d) 1 e) 2
22. (2015-2) Seja f : R → R a função definida por f (x) = ax2 + bx , sendo a e b constantes
reais. Sabendo que a tangente à curva y = f (x) no ponto (1, 5) tem inclinação m = 8,
podemos afirmar que o produto ab é:
a) 2 b) 3 c) 4 d) 5 e) 6
23. (2015-1) Na figura abaixo estão representados parte dos gráficos de uma função derivável
f : R → R e da reta tangente g à curva y = f (x) no ponto de abscissa 0.
a) x + y + 3 = 0 c) x − y − 3 = 0 e) x + 3y + 3 = 0
b) x − y + 3 = 0 d) x + y − 3 = 0
24. (2016-2) O coeficiente angular da reta tangente ao gráfico da função y = f (x) definida
implicitamente por (1 + cos(x2 y 2 ))2 + x + y = 5, no ponto de ordenada y = 0, é igual a:
132 CAPÍTULO 3. DERIVADAS
a) -1 b) 0 c) 1/2 d) 1 e) 2
a) 1 b) 2 c) 1/4 d) −1 e) 1/2
29. (2017-1) Seja a uma constante real positiva e seja f uma função derivável em x = a.
f (x) − f (a)
O limite lim √ √ é igual a:
x→a x− a
√ √ √
a) 2 af ′ (a) b) af ′ (a) 1 1 a ′
c) √ f ′ (a) d) √ f ′ (a) e) f (a)
2 a a 2
a) 1 b) 0 c) 1/2 d) ln 2 e) 2
a) 6 b) 3 c) 0 d) -3 e) -6
34. (2010-1) Sejam f (x) = arctg x e g(x) = sen x. A derivada da função composta (f ◦ g)(x)
é:
3.15. RESPOSTAS DOS EXERCÍCIOS 133
36. (2013-2) A soma das constantes a e b para que o gráfico da função f (x) = a + b sen 2 (x/2)
e a curva definida implicitamente pela equação y cos x + xy = 5πx tenham a mesma reta
tangente no ponto (π/2, 5π) é:
a) 10 + 5π b) 10 − 5π c) 5π − 10 d) 20 e) 5π
37. (2013-2) Sabendo que f é uma função derivável com f (0) = 0 e que
a) - 2 b) 2 c) - 1 d) 1 e) 0
38. (2013-2) A derivada de f (x) = arctg (g(g(x))) em x = −1, sabendo que g(−1) = −1 e
g ′ (−1) = 4, é:
a) 0 b) 2 c) 4 d) 6 e) 8
x − 2 ln x − 2 2
2. (a) (e)
x2 ln2 x 2x − 1
√ (f) 20x(2x2 − 3)(x4 − 3x2 + 7)9
1
(b) ex ( x + sec x) + ex √ + tg x sec x
2 x (g) −ex sen (ex ) cos(cos(ex ))
x2 − 2x2 ln x + 1 (h) −(2x + 1)/(3(x2 + x + 1)4/3 )
(c) 4(x + 1)3 (x2 + 2x − 1)
(x(x2 + 1)2 (i) −
√ (x2 + 1)5
sen ( x) 2 2
(d) − √ (j) 83x −1 (6x)ln 8 = 3 · 29x −2 x ln 8
2 x
134 CAPÍTULO 3. DERIVADAS
2 2sen (ln(x2 ))
(k) (r) −
x2 −1 x
1 (s) 2x sec2 (x2 − 2)
(l) − p
(1 − x)/(x + 1)(x + 1)2 (t) − ln(2)tg (x)2ln(cos x)
2e2x (x ln(x2 ) + 1) (u) xx (ln x + 1)
(m)
x (v) log e
cossec x
2
1 1 1
(n) √
−√ (1 + cos2 x)
2 x−1 x+1 (w) −
√ √ 2sen 3 x
3( x + 2)( x + ln x)2 3x2
(o) (x) √
2x 4 − x6
e−x (1 − x ln x) (y) sen cos(x) (cos x cotg x − sen x ln(sen x))
(p)
x
2sen x
(q) (2x + 3) cos(x(x + 3)) (z)
(cos x + 1)2
3. Sim.
cos(1/x)
4. f ′ (x) = sen (1/x) − se x ̸= 0.
x
12. 4
2(x + 3) se x < −2,
−2 < x < −1,
2x se
0 se −1 < x ≤ 0,
13. f ′ (x) = 2x se 0 < x < 1,
1
sen (x − 1)−2 se 1 < x < 2,
x−1
2 se x > 2.
( √ √
2x + 2, se x ∈ (−∞, − 2) ∪ ( 2, +∞)
14. f ′ (x) = √ √
−2x + 2, se x ∈ (− 2, 2)
15. Não.
1
16. a = , b = 0, c = e1/2
2e
1 2 1 −2
17. a = ,b= ,c= 2 ed=
π2 π π π
18. b) 21. d) 24. a) 27. a) 30. a) 33. d) 36. a)
Aplicações de Derivadas
Seja y = f (x) uma função. Em muitas aplicações a variável independente x está sujeita à
pequenas variações e é necessário encontrar a correspondente mudança na variável dependente
y. Se x varia de x1 a x2 , o acréscimo em x é frequentemente denotado por ∆x, ou seja,
∆x = x2 − x1 .
135
136 CAPÍTULO 4. APLICAÇÕES DE DERIVADAS
Observação 4.2. A equação (4.1) é chamada aproximação linear para f (x + ∆x) porque, como
vimos anteriormente, podemos aproximar o valor de f (x+∆x) usando o ponto (x+∆x, f (x)+dy)
da reta tangente no lugar de usar o ponto (x + ∆x, f (x + ∆x)) do gráfico de f .
e
dy = f ′ (3)∆x = [4(3) − 6]0, 01 = 0, 06
4.2. DERIVADA COMO TAXA DE VARIAÇÃO INSTANTÂNEA 137
√
3
Exemplo 4.4. Calcule um valor aproximado para 65, 5 usando diferenciais.
Solução: Observe que 64 é o número mais perto de 65, 5 que tem raiz cúbica exata. Então,
tomando ∆x = 65, 5 − 64 = 1, 5, podemos fazer uma aproximação linear para f (64 + 1, 5),
√
usando f (x) = 3 x. Pela equação (4.1) temos que
p3
65, 5 = f (64 + ∆x) ≈ f (64) + dy
√ 1 1 1
= f (64) + f ′ (64)∆x = 64 + √
3
3
∆x = 4 + √
3
1, 5 = 4 + 1, 5 = 4, 03125.
3 64 2 3 64 2 48
O limite usado para a definição de derivada de uma função num ponto surge em diversas
aplicações; uma das mais familiares é a determinção da velocidade de um móvel. Suponha que
um objeto se desloca ao longo de uma reta e que conhecemos sua posição s = s(t) em função
do tempo. O deslocamento do objeto no intervalo de t1 a t1 + ∆t é:
Definição 4.5. Seja y = f (x) uma função (lembramos aqui que, por simplicidade, estamos
omitindo o domı́nio e o contradomı́nio da função f ):
(i) A taxa de variação média de y = f (x) por unidade de variação de x (quando x varia) no
intervalo [x1 , x1 + ∆x] é:
f (x1 + ∆x) − f (x1 )
ym = .
∆x
(ii) A taxa de variação instântanea de y = f (x) por unidade de variação de x quando (instante)
x = x1 é:
f (x1 + ∆x) − f (x1 )
lim ym = lim = f ′ (x1 ),
∆x→0 ∆x→0 ∆x
desde que o limite exista.
Exemplo 4.6. De um balão a 150m acima do solo, deixa-se cair um saco de areia. Desprezando-
se a resitência do ar, a distância s(t) do solo ao saco de areia em queda, após t segundos, é dada
por
s(t) = −4, 9t2 + 150.
138 CAPÍTULO 4. APLICAÇÕES DE DERIVADAS
t3
f (t) = 64t − .
3
53 43 125 − 64
f (5) − f (4) = (64 × 5 − ) − (64 × 4 − ) = 64 − = 43, 66666 · · · ≈ 44
3 3 3
Observe que, como vimos anteriormente nos acréscimos e diferenciais,
Em muitas situações consideramos duas variáveis x e y como funções de uma terceira variável
t. Se x e y estão relacionadas por uma equação suas derivadas (ou taxas de variação) também
estão e por isso são chamadas taxas relacionadas.
4.3. TAXAS RELACIONADAS 139
Exemplo 4.9. O raio de uma circunferência cresce à razão de 21 cm/s. Qual a taxa de
crescimento do comprimento da circunferência em relação ao tempo?
Solução: O comprimento de uma circunferência de raio r é dada C = 2πr. Como r = r(t)
varia com o tempo, C também varia e
dC dr
= 2π .
dt dt
dr
Mas, sendo = 21 cm/s temos que
dt
dC dr
= 2π = 2π21 = 42π cm/s.
dt dt
1
Exemplo 4.10. Um ponto P = (x, y) se move ao longo do gráfico de y = . Se a abscissa varia
x
à razão de 4 unidades por segundo, qual é a taxa de variação da ordenada quando a abscissa é
x = 1/10?
1
Solução: Se a relação entre as variáveis x e y é y = e x = x(t) e y = y(t), então
x
dy 1 dx dy 1
=− 2 ⇒ =− .4 = −400 u/s.
dt x dt dt (1/10)2
Exemplo 4.11. (Questão da 2a prova de 2017/1) Uma partı́cula desloca-se ao longo do gráfico
de y = tgx, restrito ao intervalo (0, π/2), de modo que sua coordenada y (medida em metros)
aumenta a uma
√ taxa constante de 10 m/s. A que taxa (em m/s) a coordenada x do ponto varia,
quando y = 3?
1a Solução: A relação entre as coordenadas x e y da partı́cula é y = tg x sendo que x e y
variam com o tempo. Então
dy dx dx
= sec2 x ⇒ 10 = sec2 x .
dt dt dt
dx √
Assim, para determinarmos quando y = 3 m, devemos achar o valor de sec2 x quando
√ dt √
3 = tg x. Usando a relação 1 + tg2 x = sec2 x teremos que sec2 x = 1 + ( 3)2 = 4. Logo,
dx dx 5
10 = 4 ⇒ = m/ s .
dt dt 2
2a Solução: Podemos usar também que se y = tg x, então x = arctg y. Usando a regra da
cadeia para derivar a última equação, já que x e y são funções de t, temos
dx 1 dy dx 1 5
= 2
⇒ = √ 10 = m/ s .
dt 1+y dt dt 1 + ( 3) 2 2
140 CAPÍTULO 4. APLICAÇÕES DE DERIVADAS
Exemplo 4.12. (Questão da 2a prova de 2016/1) Uma partı́cula desloca-se ao longo da parábola
y = x2 , no primeiro quadrante, de modo que sua coordenada x (medida em metros) aumenta a
uma taxa constante de 10 m/s. A que taxa o ângulo de inclinação θ da reta que liga a partı́cula
à origem varia, quando x = 3?
Solução:
Podemos ver na figura acima que a relação entre as coordenadas x e y da partı́cula e o ângulo
θ é
y x2
tg θ = = = x.
x x
Sabendo que x (e y) varia com o tempo e usando a regra da cadeia temos
dθ dx dθ
sec2 θ = ⇒ sec2 θ = 10.
dt dt dt
dθ
Para determinarmos quando x = 3 m, devemos achar o valor de sec2 θ quando o ponto tiver
dt
9
coordenadas (3, 32 ). Nesse ponto, tgθ = = 3. Novamente, usamos a relação 1 + tg2 x = sec2 x
3
e temos que sec2 θ = 1 + (3)2 = 10 o que implica
dθ dθ
10 = 10 ⇒ = 1 rad/s.
dt dt
dL
Assim, para determinarmos no instante em que x = 3 cm e y = 4 cm, devemos achar o
dt
valor de L nesse instante.
Como L2 = x2 + y 2 , temos que L = 5 quando x = 3 e y = 4. Logo,
dL dx dy dL dL
5 =3 +4 ⇒5 = 3(0, 5) + 4(−0, 25) = 1, 5 − 1 = 0, 5 ⇒ = 0, 1 cm/s,
dt dt dt dt dt
ou seja, L está crescendo a uma taxa de 0, 1 cm/s.
Exemplo 4.14. Acumula-se areia em um monte com a forma de um cone onde a altura é igual
ao raio da base. Se o volume de areia cresce a uma taxa de 10 m3 /h, a que razão (taxa) aumenta
o raio da base quando a altura do monte é de 4 m?
Solução:
1 1
Se o volume do cone é V = πr2 h e h = r, então V = πr3 e
3 3
dV dr
= πr2 .
dt dt
dV
Se = 10 m3 /h, no instante em que r = 4 temos
dt
dr dr 5
10 = π42 ⇒ = m/h.
dt dt 8π
Exemplo 4.15. Uma escada de 5m está apoiada a uma parede vertical. Num dado instante,
o pé da escada está a 3m da base da parede da qual se afasta à razão de 1m/s. Com que
velocidade se move o topo da escada ao longo da parede neste instante?
Solução:
f ′ (x)
Se lim existe ou é ±∞, então
x→a g ′ (x)
f (x) f ′ (x)
lim = lim ′ ·
x→a g(x) x→a g (x)
Note que a Regra de L’Hospital fornece uma ferramenta poderosa para calcular alguns limites,
mas é importante sempre verificar se as hipóteses do teorema são satisfeitas, e não querer usá-la
para calcular qualquer limite. Vamos ver exemplos.
sen x
Exemplo 4.17. O limite fundamental trigonométrico lim = 1 pode ser obtido rapida-
x→0 x
mente usando a Regra de L’Hospital, já que é um limite do tipo 0/0:
sen x (sen x)′
lim = lim = lim cos x = cos 0 = 1.
x→0 x x→0 (x)′
x x→0
Regra de L’Hospital
2x
Exemplo 4.18. O limite lim é do tipo 0/0. Podemos então aplicar a Regra de L’Hospital.
x→0 ex −1
2x (2x)′ 2
lim = lim = lim x =
x 2.
x→0 ex − 1 x→0 (ex − 1)′ x→0 e
x
Regra de L’Hospital e0 = 1
x2 + x − 6
Exemplo 4.19. O limite lim é do tipo 0/0. Podemos então aplicar a Regra de
x→2 x2 − 3x + 2
L’Hospital.
x2 + x − 6 (x2 + x − 6)′ 2x + 1 2·2+1
lim = lim = lim = = 5.
x→2 x2 − 3x + 2 x→2 (x2 − 3x + 2)′ x→2 2x − 3 2·2−3
x
Regra de L’Hospital
4.4. LIMITES INDETERMINADOS E AS REGRAS DE L’HOSPITAL 143
ex − 1
Exemplo 4.20. O limite lim é do tipo 0/0. Podemos então aplicar a Regra de L’Hospital.
x→0 sen x
ex − 1 (ex − 1)′ ex
lim = lim = lim x 1.
=
x→0 sen x x→0 (sen x)′ x→0 cos x
x
Regra de L’Hospital e0 = 1 e cos 0 = 1
ln x
Exemplo 4.21. O limite lim é do tipo ∞/∞. Podemos então aplicar a Regra de
x→+∞ x
L’Hospital.
ln x (ln x)′ 1/x 1
lim = lim = lim = lim = 0.
x→+∞ x x→+∞ (x)′ x→+∞ 1 x→+∞ x
x
Regra de L’Hospital
Às vezes, é necessário usar a Regra de L’Hospital mais de uma vez no cálculo do mesmo limite.
sen x − x
Exemplo 4.22. O limite lim é do tipo 0/0. Podemos então aplicar a Regra de
x→0 ex + e−x −2
L’Hospital.
sen x − x (sen x − x)′ cos x − 1
lim −x
= lim −x ′
= lim x
x x
x→0 e + e −2 x→0 (e + e −2) x→0 e − e−x
x
Regra de L’Hospital
ex − 1
Exemplo 4.23. O limite lim é do tipo ∞/∞. Podemos então aplicar a Regra de
x→+∞ x3 + 4x
L’Hospital.
ex − 1 (ex − 1)′ ex
lim = lim = lim
x→+∞ x3 + 4x x→+∞ (x3 + 4x)′ x→+∞ 3x2 + 4
x
Regra de L’Hospital
(ex )′ ex
= lim = lim
(3x2 + 4)′ x→+∞ 6x
x x→+∞
Continuamos com ∞/∞. Regra de L’Hospital novamente.
(ex )′ ex
= lim = lim = +∞.
(6x)′ x→+∞ 6
x x→+∞
Continuamos com ∞/∞. Regra de L’Hospital novamente.
sen (1/x)
lim x sen (1/x) = lim
x→+∞ x→+∞ 1/x
144 CAPÍTULO 4. APLICAÇÕES DE DERIVADAS
Esse novo limite é do tipo 0/0, donde podemos aplicar a Regra de L’Hospital:
sen (1/x) (sen (1/x))′ cos(1/x)(−1/x2 )
lim = lim = lim = lim cos(1/x) = 1.
x→+∞ 1/x x→+∞ (1/x)′ x→+∞ −1/x2 x→+∞
x
Regra de L’Hospital
1 1
Exemplo 4.25. O limite lim + é do tipo ∞−∞, mas podemos reescrevê-
x→0+ x2 + x cos x − 1
lo como
cos x − 1 + (x2 + x)
1 1
lim + = lim
x→0+ x2 + x cos x − 1 x→0+ (x2 + x)(cos x − 1)
−sen x + 2x + 1
= lim = −∞.
x→0+ (2x + 1)(cos x − 1) − (x2 + x)sen x
Exemplo 4.26. O limite lim cossec x − cotg x é do tipo ∞ − ∞, no entanto, usando a definição
x→0
das funções cossec x e cotg x, podemos reescrevê-lo:
1 cos x
lim cossec x − cotg x = lim −
x→0 x→0sen x sen x
1 − cos x (1 − cos x)′ sen (x)
= lim = lim ′
= lim = lim tg x = 0.
sen x (sen x) cos(x)
x→0
x x→0 x→0 x→0
Regra de L’Hospital
ln 2
ln 2 ln 2
= e 1+ln x ·ln x ·
1+ln x
x 1+ln x = eln x
ln(ex + x)
Dessa forma, devemos calcular lim . Esse limite é do tipo ∞/∞, donde podemos
x→+∞ x
usar a Regra de L’Hospital:
ln(ex + x) (ln(ex + x))′ ex + 1 (ex + 1)′
lim = lim = lim = lim
(x)′ x→+∞ ex + x (e + x)′
x x→+∞ x
x→+∞ x
x x→+∞
Regra de L’Hospital Regra de L’Hospital
ex (ex )′ ex
= lim = lim = lim = 1.
x→+∞ ex + 1 x→+∞ (ex + 1)′ x→+∞ ex
x
Regra de L’Hospital
Portanto
ln(ex + x)
1
lim
lim (ex + x) x = ex→+∞ x = e1 = e.
x→+∞
Na seção 1.3, vimos a noção de crescimento e descrescimento de funções (definição 1.20). Vimos
ainda que se a regra que ajuda a definir f não é tão simples como no exemplo 1.21, o trabalho
de encontrar os intervalos de crescimento e decrescimento pode ser complicado. Mas, se f é
derivável então o seguinte teorema nos ajuda muito.
146 CAPÍTULO 4. APLICAÇÕES DE DERIVADAS
Teorema 4.30. Seja f uma função contı́nua em um intervalo [a, b] e derivável em (a, b).
A prova deste teorema será dada mais à frente. Por enquanto, vamos usá-lo em alguns exemplos.
3
Exemplo 4.31. Considere f : R → R, f (x) = x3 − 9x + 12 função polinomial, portanto,
contı́nua. Vamos encontrar os intervalos onde f é crescente ou decrescente. Para isso conside-
raremos o sinal de sua derivada f ′ (x) = x2 − 9 que é descrito na tabela abaixo.
−3 3
Como f ′ (x) > 0 nos intervalos (−∞, −3) e (3, +∞), temos, pelo teorema 4.30, que f é crescente
nos intervalos (∞, −3] e [3, +∞). Como f ′ (x) < 0 no intervalo (−3, 3), temos, pelo teorema
4.30, que f é decrescente no intervalo [−3, 3]. Veja Figura 4.1.
x3
Figura 4.1: À esquerda, o gráfico de f (x) = 3
− 9x + 12 e à direita, o gráfico da derivada f ′ (x) = x2 − 9.
É fácil verificar que f é contı́nua. No intervalo (−∞, −1], f é constante, f (x) = −1. No intervalo
aberto (−1, 1), f (x) = x3 é derivável com derivada f ′ (x) = 3x2 . Observe que f ′ (x) > 0 para
x ∈ (−1, 0) ∪ (0, 1) e f ′ (0) = 0. Segue que f é crescente nos intervalos [−1, 0] e [0, 1]. Ou seja, f
é crescente em [−1, 1]. Finalmente, no intervalo (1, +∞) temos f (x) = −x + 2 com f ′ (x) = −1.
Logo, f é decrescente em [1, +∞).
• Se 0 < a < 1 então ln a < 0. Logo, f ′ (x) = ax ln a < 0 para todo x ∈ R. Donde, pelo
teorema 4.30, f é decrescente em toda reta R.
4.5. CRESCIMENTO E DECRESCIMENTO 147
• Se a > 1 então ln a > 0. Logo, f ′ (x) = ax ln a > 0 para todo x ∈ R. Donde, pelo teorema
4.30, f é crescente em toda reta R.
Exemplo 4.34. Considere f : R → R, f (x) = ex (3 − x2 ). Sua derivada é f ′ (x) = ex (−x2 −
2x + 3). Como ex > 0 para todo x ∈ R, o sinal de f ′ depende apenas da expressão −x2 − 2x + 3
cujo estudo do sinal é ilustrado na tabela abaixo.
−3 1
Vemos que f ′ (x) < 0 nos intervalos (−∞, −3) e (1, +∞). Assim, f (x) é decrescente nos inter-
valos (−∞, −3] e [1, +∞). Vemos também que f ′ (x) > 0 no intervalo (−3, 1). Assim, f (x) é
crescente no intervalo [−3, 1].
Veremos agora os resultados que nos levam ao importante Teorema 4.30 que acabamos de usar.
Teorema 4.35 (Teorema de Rolle). Seja f uma função contı́nua em um intervalo [a, b] e
derivável em (a, b). Se f (a) = f (b) = k então existe pelo menos um c ∈ (a, b) tal que f ′ (c) = 0.
Demonstração. Tratemos dois casos. Se f é constante em [a, b], isto é f (x) = k, para todo
x ∈ (a, b), temos que f ′ (x) = 0 para todo x ∈ (a, b). Assim, claramente existe c ∈ (a, b) tal que
f ′ (c) = 0. Agora, suponhamos que f não seja constante. Como f é contı́nua em [a, b], segue
pelo Teorema 4.53 (mais à frente), que f atinge seu valor máximo M e seu valor mı́nimo m
em pontos de [a, b]. Se ambos valores fossem atingidos nos extremos do intervalo, então, como
f (a) = f (b), terı́amos M = m e, assim, f seria constante. Logo, f atingirá seu máximo ou
seu mı́nimo em um ponto c ∈ (a, b). Como f é derivável em (a, b), pelo teorema 4.37 à frente,
concluı́mos que f ′ (c) = 0.
148 CAPÍTULO 4. APLICAÇÕES DE DERIVADAS
Demonstração. A reta secante passando pelos pontos (a, f (a)) e (b, f (b)) é o gráfico da função
f (b) − f (a)
g(x) = (x − a) + f (a)
b−a
Comparando esta reta com o gráfico de f (x) vemos que para cada x ∈ [a, b] temos
f (b) − f (a)
h(x) = f (x) − g(x) = f (x) − (x − a) + f (a)
b−a
Como f (x) é derivável em (a, b), h(x) também o é. Note também que h(a) = h(b) = 0. Portanto,
a função h satisfaz as hipóteses do Teorema de Rolle, donde existe c ∈ (a, b) tal que h′ (c) = 0.
Mas,
f (b) − f (a) f (b) − f (a)
h′ (x) = f ′ (x) − ⇒ 0 = h′ (c) = f ′ (c) −
b−a b−a
f (b) − f (a)
ou seja, f ′ (c) = .
b−a
Vamos ver alguns fatos que nos ajudam a localizar os extremos de uma função. O primeiro é o
seguinte teorema.
Demonstração. Vamos fazer a prova para o caso em que x0 é um ponto de mı́nimo local para uma
função derivável f (a prova, supondo x0 um ponto de máximo local é análoga). Consideremos
as derivadas laterais
f (x) − f (x0 ) f (x) − f (x0 )
f−′ (x0 ) = lim e f+′ (x0 ) = lim
x→x−
0
x − x0 x→x+
0
x − x0
Como x0 é um mı́nimo local, temos que f (x) ≥ f (x0 ) ou, equivalentemente, f (x) − f (x0 ) ≥ 0
para pontos x suficientemente próximos de x0 . Assim, se x > x0 é próximo o suficiente de
f (x) − f (x0 )
x0 temos x − x0 > 0 e ≥ 0. Donde, f+′ (x0 ) ≥ 0. Por outro lado, se x < x0 é
x − x0
f (x) − f (x0 )
próximo o suficiente de x0 então x − x0 < 0 e ≤ 0. Logo, f−′ (x0 ) ≤ 0. Agora,
x − x0
como f ′ (x0 ) = f+′ (x0 ) = f−′ (x0 ), devemos ter f ′ (x0 ) ≥ 0 e f ′ (x0 ) ≤ 0. Assim, f ′ (x0 ) = 0.
Exemplo 4.38. A função por partes estudada no exemplo 4.32 possui um máximo global no
ponto x = 1 e mı́nimo local em x = −1, pontos onde não é derivável.
Exemplo 4.39. A função f (x) = |x| possui um mı́nimo global em x = 0 onde não é derivável.
Exemplo 4.40. A função g : [1, 4] → R dada por g(x) = x possui um mı́nimo global em x = 1
e máximo global em x = 4 onde é derivável, mas a derivada não se anula (perceba que não
existem intervalos abertos onde g é derivável contendo esses pontos, que são extremidades do
domı́nio).
150 CAPÍTULO 4. APLICAÇÕES DE DERIVADAS
(a) Pontos onde a derivada se anula e que estejam em intervalos abertos onde a função é
derivável.
(c) Extremidades do domı́nio (por exemplo: se o domı́nio é um intervalo (a, b], a extremidade
b - pertencente ao domı́nio - pode ser máx/mı́n local sem se enquadrar nos dois casos
anteriores).
Os pontos onde a derivada se anula ou onde ela não existe (casos (a) ou (b) acima) recebem
um nome especial.
É importante observar que nem todo ponto crı́tico é ponto de máximo ou mı́nimo como mostram
os exemplos a seguir.
Exemplo 4.42. A função f : R → R, f (x) = x3 tem derivada f ′ (x) = 3x2 e um único ponto
crı́tico: x = 0. No entanto, x = 0 não é ponto de máximo ou mı́nimo de f . Para mostrar isso,
observemos que f ′ (x) > 0 para todo x ∈ (−∞, 0) ∪ (0 + ∞). Isso implica que f é crescente em
(−∞, 0] ∪ [0, +∞) = R. Logo, para todo x1 < 0 temos f (x1 ) < f (0). Assim, x = 0 não pode
ser um ponto de mı́nimo. Por outro lado se x2 > 0 então f (0) < f (x2 ). Donde, x = 0 não pode
ser um ponto de máximo.
Esta função tem um único ponto crı́tico x = 1 que corresponde ao único ponto onde f não é
derivável. Novamente, apesar de ser um ponto crı́tico, x = 1 não é ponto de máximo ou mı́nimo
para f . Como no exemplo anterior, para mostrar isso basta ver que f é uma função crescente.
Verifique este fato!
Os pontos crı́ticos de uma função f são candidatos para seus extremos locais ou globais. Para
decidir se um ponto crı́tico é um mı́nimo, um máximo ou nenhum dos dois, precisaremos de
algumas ferramentas que serão estudadas a seguir.
Teorema 4.44 (Teste da Derivada Primeira). Seja f (x) uma função contı́nua com um
ponto crı́tico x0 . Suponha que f seja derivável em um intervalo (a, x0 ), à esquerda de x0 , e em
um intervalo (x0 , b), à direita de x0 .
1. Se f ′ (x) > 0 para todo x ∈ (a, x0 ) e f ′ (x) < 0 para todo x ∈ (x0 , b), então f possui um
máximo local em x0 .
2. Se f ′ (x) < 0 para todo x ∈ (a, x0 ) e f ′ (x) > 0 para todo x ∈ (x0 , b), então f possui um
mı́nimo local em x0 .
3. Se f ′ (x) possui o mesmo sinal em (a, x0 ) e (x0 , b), então f não possui extremo local em
x0 .
Demonstração. Provemos o item 1. Se f ′ (x) > 0 para todo x ∈ (a, x0 ) temos, pelo Teorema
4.30, que f é crescente no intervalo (a, x0 ], ou seja, f (x) ≤ f (x0 ) para todo x ∈ (a, x0 ]. Agora,
se f ′ (x) < 0 para todo x ∈ (x0 , b) então, novamente pelo Teorema 4.30, f é decrescente no
intervalo [x0 , b), logo f (x0 ) > f (x) para todo x ∈ [x0 , b). Assim, f (x) ≤ f (x0 ) para todo
x ∈ (a, b) = (a, x0 ] ∪ [x0 , b) e x0 é um ponto de máximo local para f . A prova dos itens 2 e 3 é
deixada como exercı́cio.
1
Exemplo 4.45. Considere a função f : (0, 1) → R, f (x) = . Vamos usar o teorema
x2 − x
acima para encontrar os extremos locais de f . Temos
1 − 2x
f ′ (x) =
(x2 − x)2
Note que o denominador (x2 − x)2 se anula para x = 0 e x = 1, mas estes pontos estão fora
do domı́nio de f , donde a derivada existe para todo x ∈ D(f ). Note que f ′ (x) = 0 somente
1 1
para x = . Portando x = é o único ponto crı́tico de f . Vamos estudar o sinal de f ′ (x) para
2 2
152 CAPÍTULO 4. APLICAÇÕES DE DERIVADAS
verificar se este ponto é um máximo ou um mı́nimo. Observe que (x2 − x)2 > 0 para x ∈ (0, 1).
Logo, o sinal de f ′ depende apenas do termo 1 − 2x que é positivo para x ∈ (0, 21 ) e negativo
para x ∈ ( 12 , 1). Portanto, f ′ (x) > 0 no intervalo (0, 12 ) e f ′ (x) < 0 no intervalo ( 21 , 0). Logo,
pelo teste da derivada primeira, x = 21 é um ponto de máximo local para f .
1
Gráfico da função f (x) =
x2 − x
Exemplo 4.46. Vamos verificar se existem extremos locais para a função f : R → R, f (x) =
√3
x. Primeiro, vamos verificar se f possui pontos crı́ticos. Sabemos que f é derivável em todo
1
ponto x ̸= 0 com f ′ (x) = √ 3
nestes pontos. Mas, f não é derivável em x = 0 (verifique
3 x2
′
isso!). Note que f (x) > 0 para todos os pontos x ̸= 0. Logo, não existem pontos satisfazendo
f ′ (x) = 0. Assim, o único ponto crı́tico de f é x = 0. Vemos que f ′ (x) > 0 em (−∞, 0) e
(0, +∞). Assim, o teste da derivada primeira nos diz que x = 0 não é máximo nem mı́nimo
local da função f .
√
Gráfico da função f (x) = 3
x
Se a função f é duas vezes diferenciável em um ponto crı́tico x0 então podemos usar o seguinte
teorema para classificar este ponto.
Teorema 4.47 (Teste da Derivada Segunda). Seja f uma função derivável duas vezes em
um intervalo (a, b). Considere ponto x0 ∈ (a, b).
Demonstração. Vamos provar o item 1 deixando a prova dos demais itens como exercı́cio. Vamos
supor, para simplificar, que f ′′ é contı́nua no intervalo (a, b). Consideremos x0 ∈ (a, b) tal que
f ′ (x0 ) = 0 e f ′′ (x0 ) > 0. Como f ′′ é contı́nua em (a, b), temos que f ′′ (x) > 0 para um intervalo
4.6. ENCONTRANDO OS EXTREMOS DE UMA FUNÇÃO 153
(a′ , b′ ) contendo x0 . Isto implica que f ′ é crescente em (a′ , b′ ). Considerando que f ′ (x0 ) = 0,
temos que f ′ (x) < 0 para x ∈ (a, x0 ) e f ′ (x) > 0 para x ∈ (x0 , b). Assim, pelo Teorema 4.44,
x0 é um ponto de mı́nimo para f .
2
Figura 4.9: Gráfico da função f (x) = e−x
Observe que f ′ (x) = 4x3 − 4x = 4x(x2 − 1) = 4x(x + 1)(x − 1). Portanto, f ′ (x) = 0 para
x ∈ {0, 1, −1}. Estes são os únicos pontos crı́ticos de f . Agora, observemos que
Assim, pelo teste da derivada segunda temos que 0 é um ponto de máximo local para f enquanto
1 e −1 são pontos de mı́nimos locais.
x2
Exemplo 4.50. Considere f : R\{1} → R, f (x) = . As derivadas f ′ e f ′′ são
(x − 1)2
2x 4x + 2
f ′ (x) = − e f ′′ (x) =
(x − 1)3 (x − 1)4
x2
Figura 4.10: Gráfico da função f (x) =
(x − 1)2
Nesta seção estudaremos estratégias para encontrar os extremos globais de um função contı́nua.
Trataremos separadamente dois casos. Estudaremos primeiro funções contı́nuas em intervalos
fechados e depois funções contı́nuas em intervalos abertos.
4.7. ENCONTRANDO O EXTREMOS GLOBAIS DE UMA FUNÇÃO 155
Vamos descrever uma estratégia para encontrar os extremos globais de uma função contı́nua
restrita a um intervalo fechado. Nossa principal ferramenta é o seguinte teorema.
Teorema 4.53. Se f é uma função contı́nua definida em um intervalo fechado [a, b] então f
possui pelo menos um máximo absoluto e pelo menos um mı́nimo absoluto em [a, b].
Se f satisfaz as hipóteses do teorema, ou seja é contı́nua em um intervalo fechado [a, b], então
os candidatos a pontos de máximo ou mı́nimo globais de f são os extremos de intervalo, x = a
e x = b, e os pontos crı́ticos de f no interior de (a, b). Assim, uma estratégia para encontrar os
extremos absolutos de f consiste nos seguintes passos:
2
Gráfico da função f (x) = (x − 2) 3 , x ∈ [−6, 10]
Exemplo 4.56. Vamos encontrar os extremos globais de f (x) = x2 + 4x + 4 no intervalo [0, 1].
Observe que f ′ (x) = 2x + 4. Logo, f ′ (x) = 0 se e só se x = −2. Observe que −2 ∈ / [0, 1].
Portanto, f não possui pontos crı́ticos no interior do intervalo [0, 1]. Assim, os extremos de f
devem ocorrer nos extremos do intervalo. Temos f (0) = 4 e f (1) = 9, donde o máximo global
de f é 9 e ocorre no ponto x = 1 e o mı́nimo global de f é 4 e ocorre no ponto x = 0.
Exemplo 4.57. Vamos encontrar os extremos globais de f (x) = 2x3 − 15x2 + 36x no intervalo
[−2, 5/2]. Derivando obtemos:
Logo, restrita ao intervalo [−2, 5/2], a função f tem valor máximo de 28 ocorrendo no ponto
x = 2 e valor mı́nimo −148 ocorrendo no ponto x = −2.
O Teorema 4.53 tem duas hipóteses: a função f deve deve ser contı́nua no intervalo e este
intervalo deve ser fechado. Se qualquer uma destas hipóteses não é atendida, os extremos
globais podem não exisitr. Vejamos alguns exemplos.
Esta função está definida em um intervalo fechado. Porém, é descontı́nua em x = 1. Seu gráfico
é ilustrado na figura 4.13. Vemos que f possui um máximo global 1 ocorrendo no ponto x = 1.
No entanto, ela não possui mı́nimo global. Isto porque decresce ilimitadamente quando x se
aproxima de 1 pela direita, ou seja, lim f (x) = −∞.
x→1+
4.7. ENCONTRANDO O EXTREMOS GLOBAIS DE UMA FUNÇÃO 157
Exemplo 4.59. Considere f : (−2, 2) → R definida por f (x) = x21−4 . Esta função é contı́nua,
mas está definida em um intervalo aberto. Seu gráfico é ilustrado na figura 4.14. Vemos que f
possui máximo global − 14 ocorrendo no ponto x = 0. Mas, f não possui mı́nimo global. Isto
porque decresce ilimitadamente quando x se aproxima de 2 pela esquerda ou x se aproxima de
−2 pela direita. Ou seja, lim f (x) = lim f (x) = −∞.
x→2− x→2+
1
Figura 4.14: Gráfico da função f (x) = x2 −4 , x ∈ (−2, 2).
Nessa seção, veremos como proceder para estudar os extremos globais de uma função contı́nua
definida em intervalos abertos. Uma ferramenta útil neste estudo é o seguinte teorema.
Teorema 4.60. Seja f uma função derivável em um intervalo aberto (a, b). Suponha que f
tenha um único ponto crı́tico x0 ∈ (a, b). Então
• Se x0 for um ponto de mı́nimo local então é também um mı́nimo global para f em (a, b).
• Se x0 for um ponto de máximo local então é também um máximo global para f em (a, b).
2
Exemplo 4.61. A função f : R → R, f (x) = e−x tem um único ponto crı́tico em x = 0 e
este é um ponto de máximo local. Pelo teorema 4.60, podemos concluir que x = 0 é de fato um
máximo global.
Exemplo 4.62. Considere f : (0, +∞) → R, f (x) = ln x − x. A derivada desta função é
f ′ (x) = x1 − 1 e a derivada segunda f ′′ (x) = − x12 . Portanto, f possui um único ponto crı́tico
x = 1 e, como f ′′ (1) = −1 < 0, temos que este é um ponto de máximo local. Assim, x = 1 é o
único ponto crı́tico de f e é um máximo local. Portanto, pelo Teorema 4.60, temos que x = 1 é
um máximo global para f .
158 CAPÍTULO 4. APLICAÇÕES DE DERIVADAS
No caso em que f está definida em um intervalo aberto e possui mais de um ponto crı́tico, não
podemos usar o teorema acima. Nestes casos, pode ser que f não possua extremos globais.
Vamos ver um exemplo.
Exemplo 4.63. Vamos estudar a existência de extremos globais para a função f : R → R,
f (x) = x3 − 12x + 5. Derivando obtemos f ′ (x) = 3x2 − 12 = 3(x2 − 4). Assim, a função
tem dois pontos crı́ticos x = 2 e x = −2. Para classificar estes pontos podemos considerar a
derivada segunda f ′′ (x) = 6x. Observe que f ′′ (−2) = −12 < 0 e f ′′ (2) = 12 > 0. Logo, −2 é
um ponto de máximo local e 2 é um ponto de mı́nimo local. A questão é saber se estes pontos
são extremos globais.
Uma boa estratégia para resolver este problema é considerar os limites de f (x) quando x → ±∞.
Observemos que:
Como lim f (x) = −∞, a função f (x) decresce ilimitadamente quando x → −∞. Isso nos
x→−∞
garante que existirá algum x1 tal que f (x1 ) < f (2). Portanto, 2 não pode ser um mı́nimo
global para f (x). Por outro lado, como lim f (x) = +∞, temos que existirá um x2 tal que
x→+∞
f (x2 ) > f (−2). Logo, −2 não é um ponto de máximo global para f (x). Concluı́mos que a
função f não possui extremos globais.
Um teorema útil para garantir a existência ou não de extremos globais para funções contı́nuas
em intervalos abertos é o seguinte.
Teorema 4.64. Seja f uma função contı́nua em um intervalo (a, b).
1. Se lim f (x) = lim f (x) = +∞ então f possui ao menos um mı́nimo global em (a, b).
x→a+ x→b−
4.8. CONCAVIDADES E PONTOS DE INFLEXÃO 159
2. Se lim f (x) = lim f (x) = −∞ então f (x) possui ao menos um máximo global em (a, b).
x→a+ x→b−
3. Se lim f (x) = +∞ e lim f (x) = −∞ então f (x) não possui extremo global em (a, b).
x→a+ x→b−
4. Se lim f (x) = −∞ e lim f (x) = +∞ então f (x) não possui extremo global em (a, b).
x→a+ x→b−
Observação 4.65. O teorema acima também vale trocando (a, b) por (−∞, +∞), (a, +∞) ou
(−∞, b). Nestes outros casos devemos trocar x → a− por x → −∞ e x → b+ por x → +∞
quando for apropriado.
Exemplo 4.66. Existem extremos globais para f : R → R, f (x) = x4 − 2x2 ? Vejamos, já
sabemos, do exemplo 4.49, que f possui dois pontos de mı́nimo locais dados por 1 e −1 e um
ponto de máximo local dado por x = 0. Observemos que
Argumentando como no exemplo anterior vemos que x = 0 não pode ser um ponto de máximo
global para f . Agora, como lim f (x) = lim f (x) = +∞, temos, pelo teorema 4.64, que f
x→−∞ x→+∞
possui ao menos um ponto de mı́nimo global. Afirmamos que estes pontos são exatamente 1 e
−1.
A função f restrita ao intervalo aberto (0, +∞) é derivável neste intervalo e possui um único
ponto crı́tico x = 1 que é um ponto de mı́nimo local. Aplicando o Teorema 4.60 temos que
x = 1 é um mı́nimo global para f em (0, +∞). Analogamente, f restrita a (−∞, 0) é derivável
e possui um único ponto de mı́nimo local x = −1. Aplicando novamente o Teorema 4.60,
concluı́mos que x = −1 é um ponto de mı́nimo global para f restrita a (−∞, 0). Para concluir,
f (x) ≥ f (1) = −1 para todo x ∈ (0, +∞) e f (x) ≥ f (−1) = −1 para todo x ∈ (−∞, 0). Logo,
f (x) > −1 para todo x ∈ R. Ou seja, os pontos x = −1 e x = 1 são pontos de mı́nimo globais
para esta função.
Definição 4.67. Dizemos que o gráfico de uma função f é côncavo para cima no intervalo [a, b]
ou que f é côncava para cima em [a, b], se f ′ (x) é crescente neste intervalo. Geometricamente,
o gráfico de f está acima da reta tangente à curva nos pontos de abscissa no intervalo (a, b) e
a reta tangente à curva gira no sentido anti-horário à medida que avançamos sobre a curva da
esquerda para a direita.
Definição 4.68. Dizemos que o gráfico de uma função f é côncavo para baixo no intervalo
[a, b] ou que f é côncava para baixo se f ′ (x) é decrescente neste intervalo. Geometricamente,
o gráfico de f está abaixo da reta tangente à curva nos pontos de abscissa no intervalo (a, b)
e a reta tangente à curva gira no sentido horário à medida que avançamos sobre a curva da
esquerda para a direita.
160 CAPÍTULO 4. APLICAÇÕES DE DERIVADAS
Definição 4.69. Um ponto P = (c, f (c)) do gráfico de uma função f é chamado ponto de
inflexão se f é contı́nua em c e se existir um intervalo (a, b) contendo c tal que uma das
seguintes situações ocorra:
Teorema 4.71. Seja f uma função contı́nua no intervalo [a, b] e derivável pelo menos duas
vezes em (a, b).
a) Se f ′′ (x) > 0 para todo x ∈ (a, b), então f é côncava para cima em [a, b].
b) Se f ′′ (x) < 0 para todo x ∈ (a, b), então f é côncava para baixo em [a, b].
a) Se f ′′ (x) > 0 para todo x ∈ (a, b) temos que f ′ (x) é crescente no intervalo (a, b) (pelo
Teorema 4.30). Logo, f é côncava para cima em [a, b].
b) Se f ′′ (x) < 0 para todo x ∈ (a, b) temos que f ′ (x) é decrescente em [a, b] (pelo Teorema
4.30). Assim, f é côncava para baixo em (a, b).
Exemplo 4.72. Seja f (x) = (x − 1)3 . Temos que f ′′ (x) = 6(x − 1). Como f ′′ (x) > 0 se x > 1 e
f ′′ (x) < 0 se x < 1, então f é côncava para cima se x > 1 e côncava para baixo se x < 1. Além
disso, x = 1 é o único ponto de inflexão de f . A tabela a seguir apresenta o estudo de sinal da
derivada segunda de f e o estudo da concavidade do gráfico de f .
4.9. ESBOÇO DE GRÁFICOS 161
Concavidade de f ⌢ inf ⌣
x4
Exemplo 4.73. Seja f (x) = − x2 . Temos que f ′′ (x) = 2x2 − 2 = 2(x2 − 1). Assim, o sinal
6
de f ′′ (x) depende do sinal de x2 − 1 = (x − 1)(x + 1):
-1 1
Portanto, f é côncava para cima em (−∞, −1)∪(1, +∞) e côncava para baixo em (−1, 1), sendo
x = −1 e x = 1 as abscissas de seus pontos de inflexão.
x2 2
′′ (x) = 6x + 2 . Vamos fazer o estudo de
Exemplo 4.74. Seja f (x) = . Temos que f
x2 − 1 (x2 − 1)3
sinal de f ′′ :
-1 1
Concavidade de f ⌣ ⌢ ⌣
Portanto, f é côncava para cima em (−∞, −1)∪(1, +∞) e côncava para baixo em (−1, 1). Nesse
caso, x = −1 e x = 1 não são abscissas de pontos de inflexão, pois não pertencem ao domı́nio
de f .
Utilizando os resultados das seções anteriores, elaboramos um roteiro para esboçar gráficos de
funções. Dada y = f (x), esboçamos seu gráfico considerando o seguinte:
1. Domı́nio de y = f (x).
Definição 4.75. A reta x = a é uma assı́ntota vertical do gráfico de f se pelo menos uma das
afirmações a seguir é verdadeira:
A reta y = b é uma assı́ntota horizontal do gráfico de f se pelo menos uma das afirmações a
seguir é verdadeira:
lim f (x) = b ou lim f (x) = b
x→+∞ x→−∞
Observação 4.77. Podemos ver que y = f (x) tem assı́ntota inclinada y = ax + b se e somente
se
f (x) f (x)
lim = a̸= 0 e lim f (x) − ax = b ou lim = a ̸= 0 e lim f (x) − ax = b
x→+∞ x x→+∞ x→−∞ x x→−∞
2x2 + 1 2x2 + 1
lim = +∞ e lim = −∞
x→0+ x x→0− x
donde x = 0 (isto é, o eixo y) é uma assı́ntota vertical de f .
Não há outras assı́ntotas verticais pois se c ̸= 0, então
2x2 + 1 2c2 + 1
lim = ∈ R.
x→c x c
2x2 + 1
Por fim, f (x) = é tal que
x
f (x) 2x2 + 1
lim = lim =2
x→+∞ x x→+∞ x2
e
2x2 + 1 2x2 + 1 − 2x2 1
lim f (x) − 2x = lim − 2x = lim = lim = 0.
x→+∞ x→+∞ x x→+∞ x x→+∞ x
4.9. ESBOÇO DE GRÁFICOS 163
Assim, o gráfico de f tem uma assı́ntota inclinada y = 2x. Vemos que os limites são os mesmos
quando x → −∞, o que significa que a função f se aproxima de y = 2x tanto quando x → +∞
quanto quando x → −∞. A seguir vemos o gráfico dessa função com sua assı́ntota vertical, o
eixo y, e sua assı́ntota inclinada y = 2x.
2x2 + 1
Figura 4.17: Gráfico de f (x) = .
x
Agora, vamos ver exemplos de esboços de gráficos usando os passos 1 a 7 listados acima.
Exemplo 4.79. Vamos esboçar o gráfico da função f (x) = 3x4 − 8x3 + 6x2 + 2 seguindo os
passos.
2. Se x = 0, então y = 2, isto é, a função passa em (0, 2). Como o polinômio tem grau 4,
não vamos encontrar seus zeros.
3. A derivada de f é f ′ (x) = 12x3 − 24x2 + 12x = 12x(x − 1)2 , cujo domı́nio também é R.
Assim, os únicos pontos crı́ticos de f são tais que f ′ (x) = 0, isto é, tais que 12x(x−1)2 = 0,
ou seja x = 0 e x = 1. Esses são nossos candidatos a extremos relativos.
4. Como vimos no item anterior f ′ (x) = 12x3 − 24x2 + 12x = 12x(x − 1)2 . Fazendo o estudo
de sinal:
0 1
Comportamento de f ↘ min ↗ ↗
f ′ (x) > 0 se x < 1 e f ′ (x) > 0 se x > 1 ⇒ x = 1 não é um ponto de mı́nimo nem de máximo local.
164 CAPÍTULO 4. APLICAÇÕES DE DERIVADAS
cujo domı́nio é R e
1/3 1
1/3
3x − 1 ––– +++ +++
Concluimos que f tem concavidade para cima em (−∞, 1/3] ∪ [1, +∞) e concavidade para
baixo em [1/3, 1]. Além disso, os pontos de abscissas x = 1/3 e x = 1 são pontos de
inflexão.
7. Temos:
lim f (x) = f (a) pois é polinomial
x→a
lim f (x) = ±∞
x→±∞
Portanto, o gráfico de f não possui assı́ntotas verticais nem horizontais. f também não
possui assı́ntotas inclinadas pois
Utilizando essas propriedades, podemos esboçar o gráfico de f (x) = 3x4 − 8x3 + 6x2 + 2:
2x
f (x) =
x2 − 1
seguindo os passos.
2. Temos que x = 0 se e somente se y = 0, isto é, a função passa na origem e não intercepta
os eixos em nenhum outro ponto.
3. A derivada de f é
cujo domı́nio também é R \ {−1, 1}. Assim, os únicos pontos crı́ticos de f seriam os tais
que f ′ (x) = 0. Como x2 + 1 > 0 para todo x ∈ R, segue que f não tem pontos crı́ticos.
−2(x2 + 1)
4. Como vimos no item anterior f ′ (x) = . Notamos que −2(x2 + 1) < 0 e
(x2 − 1)2
(x2 − 1)2 > 0 para todos x ̸= −1, 1, isto é:
-1 1
Comportamento de f ↘ ↘ ↘
5. Como a função é sempre decrescente, então não há extremos locais (nem globais).
-1 0 1
Concavidade de f ⌢ ⌣ inf ⌢ ⌣
Concluimos que f tem concavidade para cima em (−1, 0] ∪ (1, +∞) e concavidade para
baixo em (−∞, −1) ∪ [0, 1). Além disso, o ponto (0, 0) é um ponto de inflexão. Não há
mais pontos de inflexão pois x = −1 e x = 1 não estão no domı́nio de f .
166 CAPÍTULO 4. APLICAÇÕES DE DERIVADAS
-1 0 1
temos
2x 2x
lim = +∞ e lim 2 = −∞
x→1+ x2 − 1 x→1 − x −1
2x 2x
lim 2
= −∞ e lim 2
= +∞
x→−1 x − 1
+ x→−1 x − 1
−
2x
Utilizando essas propriedades, podemos esboçar o gráfico de f (x) = :
x2 − 1
2x
Figura 4.18: Gráfico de f (x) = .
x2 − 1
Exemplo 4.81. Um galpão retangular de área 14.400 m2 deve ser construı́do em um lote
retangular com recuos de 2 metros na frente, 3 metros atrás e 10 metros de cada lado como
ilustrado na figura abaixo. Encontre as dimensões do lote de área mı́nima no qual possa ser
construı́do o galpão.
14.400
x.y = 14.400, logo y = .
x
14.400
As dimensões do lote devem ser a = x + 20 e b = y + 5 = + 5. Portanto, a área do lote
x
é dada em função de x pela função
14.400 288.000
f (x) = (x + 20) +5 = + 5x + 14.500 com x ∈ (0, +∞).
x x
Note que não há restrições sobre o valor de x > 0, por isso consideramos x ∈ (0, +∞). Para
resolver o problema vamos encontrar o mı́nimo global desta função. Note que f é duas vezes
derivável intervalo (0, +∞). Suas derivadas, primeira e segunda, são:
288.000 576.000
f ′ (x) = − +5 e f ′′ (x) =
x2 x3
Observe que
288.000
f ′ (x) = 0 ⇔ x2 = = 57600 ⇔ x = 240
5
576.000
Logo, x = 240 é o único ponto crı́tico de f . Como f ′′ (240) = > 0, temos, pelo teste
2403
da derivada segunda, que este é um ponto onde f assume um mı́nimo local. Recorde que se f
é derivável em um intervalo aberto e possui um único ponto de extremo local neste intervalo,
então este ponto é de fato um extremo global para f no intervalo. Considerendo esta fato,
concluı́mos que em x = 240 a função atinge seu mı́nimo global. As dimensões do lote pocurado
são:
14.400
a = 240 + 20 = 260m e b = + 5 = 65m
240
Exemplo 4.82. Uma rede de água potável ligará uma central de abastecimento situada num
ponto A à margem de um rio de 400 m de largura a um conjunto habitacional situado em um
ponto H na outra margem do rio, 2000 m abaixo da central de abastecimento. O custo da obra
através do rio é de R$ 500, 00 por metro, enquanto, em terra, custa R$ 300, 00 por metro. Qual
á a forma mais econômica de se instalar a rede de água?
168 CAPÍTULO 4. APLICAÇÕES DE DERIVADAS
Solução: A forma mais racional de construir a rede é construir um trecho em linha reta, através
do rio, ligando o ponto A a um ponto C na outra margem do rio e então construir outro trecho,
em linha reta, por terra, ligando o ponto C ao ponto H. Se y é o comprimento, em metros, do
trecho lingando A a C e z é o comprimento, em metros, do trecho ligando C a H então o custo
total da obra, em reais, é:
500.y + 300.z
Se o ponto C se encontra x ∈ [0, 2000] metros abaixo da central de abastecimento então temos
p
z = 2000 − x e y= x2 + 4002
Para resolver o problema devemos encontrar o valor mı́nimo global de f . Como esta função
é contı́nua e definida em intervalo fechado, temos garantida a existência de um mı́nimo global
em [0, 2000]. Para encontrar este mı́nimo, basta considerar os valores de f nos extremos do
intervalo e nos pontos crı́ticos do interior do intervalo. Observemos que
′ x 5x
f (x) = 500 √ − 300 = 100 √ −3
x2 + 4002 x2 + 4002
Portanto,
p
f ′ (x) = 0 ⇔ 5x = 3 x2 + 4002
⇒ 25x2 = 9x2 + 9 × 4002
⇒ 16x2 = 9 × 4002
9 × 4002
⇒ x2 =
16
⇒ x = ±300
Assim, f tem um ponto crı́tico x = 300 no interior de [0, 2000]. Observando que :
√
f (0) = 800.000, f (300) = 760.000, e f (2000) = 200.000 26 ≈ 1.019.803
concluı́mos que f atinge seu mı́nimo em x = 300, portanto o menor custo da obra é obtido
quando o ponto C está 300 metros abaixo do ponto A.
Exemplo 4.83. Uma caixa sem tampa, de base quadrada, deve ser construı́da de forma que o
seu volume seja 24 m3 . O material da base vai custar R$ 3, 00 por metro m2 e o material dos
lados R$ 4, 00 por m2 . Encontre as dimensões da caixa de modo que o custo do material seja
mı́nimo.
4.10. PROBLEMAS DE MAXIMIZAÇÃO E MINIMIZAÇÃO 169
Solução: Se x > 0 é o lado da base quadrada da caixa e y sua altura então seu volume é
yx2 = 24. Assim, y = x242 . A base da caixa é um quadrado de lado x, portanto de área x2 .
Os lados da caixa são 4 retângulos de dimensões x e y. Portanto, a área total dos lados é
4xy = 4x x242 = 96
x . Assim, o custo total da construção é dado por:
384
f (x) = 3.x2 + com x ∈ (0, +∞)
x
Para resolver o problema, devemos encontrar o mı́nimo global desta função. Para tanto, obser-
vemos f tem as seguintes derivadas.
384 768
f ′ (x) = 6x − e f ′′ (x) = 6 +
x2 x3
Assim,
384 384
f ′ (x) = 0 ⇔ 6x = ⇔ x3 = ⇔ x3 = 64 ⇔ x=4
x2 6
768
Logo, f tem um único ponto crı́tico, x = 4, e como f ′′ (4) = 6 + = 18 > 0, temos que este
64
ponto é um ponto de mı́nimo local. Como f é derivável em (0, +∞) tendo x = 4 como seu
único ponto crı́tico, concluı́mos que f atinge seu mı́nimo global em x = 4. Assim, as dimensões
da caixa correspondentes ao custo mı́nimo são x = 4 e y = 24 42
= 32 metros.
Exemplo 4.84. Encontre as dimensões do retângulo de maior área que tem sua base sobre o
eixo x e seus dois outros vértices acima do eixo x e sobre a parábola y = 27 − x2 .
Solução: Um retângulo como descrito no enunciado é ilustrado na figura abaixo. Sua base está
sobre o eixo das abscissas, o lado oposto é um segmento horizontal com extremos na parábola.
Isso, implica que o retângulo deve ser simétrico ao eixo das ordenadas. Se um dos vértices da
base é o ponto (x, 0) com x > 0 então o outro vértice é o ponto (−x, 0). Os demais vértices,
sobre a parábola, são os pontos (x, −x2 + 27) e (−x, −x2 + 27).
√
A cada x ∈ (0, 27) corresponde um retângulo de base 2x, altura −x2 + 27 e, portanto, área
Resolveremos o problema encontrando o máximo global desta função. Para tanto, observemos
que
f ′ (x) = −6x2 + 54 e f ′′ (x) = −12x
170 CAPÍTULO 4. APLICAÇÕES DE DERIVADAS
Assim,
54
f ′ (x) = 0 ⇔ 6x2 = 54 ⇔ x2 = =9 ⇔ x ∈ {−3, 3}
6
√
Como estamos trabalhando no intervalo (0, 27), nos interessa apenas que x = 3 é ponto
crı́tico de f (x). Além disso, temos que f ′′ (3) = −36, logo x = 3 é um√ponto de máximo local.
Finalmente, como este é o único ponto crı́tico de f no intervalo (0, 27), concluı́mos que f
atinge seu máximo global em x = 3. Assim sendo, o retângulo de área a máxima são tem base
igual a 2.3 = 6 e altura −32 + 27 = 18.
Recordando
Quando estudamos acréscimos e diferenciais, vimos que se f : X → R é derivável em x ∈ X,
f (x + ∆x) − f (x)
ou seja, se existe f ′ (x) = lim , então a variação da função y = f (x), dada
∆x→0 ∆x
por ∆y = f (x + ∆x) − f (x) , pode ser aproximada por f ′ (x) · ∆x quando ∆x está próximo
de 0:
∆y = f (x + ∆x) − f (x) ≈ f ′ (x) · ∆x = dy quando ∆x → 0
Geometricamente:
A ideia é aproximar o gráfico de f por uma reta numa vizinhança em torno de x. A reta que
melhor cumpre esse papel é a reta tangente ao gráfico de f em (x, f (x)), cujo coeficiente
angular é f ′ (x) . Quando fazemos essa aproximação, cometemos um erro r = r(∆x) .
Quanto menor é |∆x|, ou seja, quanto mais próximos estão ∆x e 0, melhor a aproximação
obtida e menor é o erro cometido.
Pergunta: Podemos melhorar este processo e obter aproximações cada vez melhores?
4.11. APROXIMAÇÕES VIA POLINÔMIOS DE TAYLOR - A FÓRMULA DE TAYLOR171
Um passo adiante
Se f : I (intervalo aberto) → R é duas vezes derivável em um ponto x ∈ I então, se
x + ∆x ∈ I , temos
f ′′ (x)
f (x + ∆x) ≈ f (x) + f ′ (x) · ∆x + · (∆x)2 (∆x pequeno)
2!
Da mesma forma que antes, quanto menor |∆x|, melhor é a aproximação.
Porém, desta vez estamos aproximando f (em torno de x) por um polinômio do 2o grau, ou
seja, geometricamente, o gráfico de f é aproximado por um arco de parábola e a expectativa é
que isto funcione melhor como aproximação do que uma reta:
f ′′ (x)
Figura 4.20: Aproximação de f (x + ∆x) por f (x) + f ′ (x) · ∆x + · (∆x)2
2!
Generalizando
Se f : I (intervalo aberto) → R é n−vezes derivável em um ponto x ∈ I então, se x + ∆x ∈ I ,
temos:
Observação 4.85. Como o ponto x ∈ I, onde a função é n−vezes derivável, está fixo e ∆x
varia (∆x → 0), vamos adotar uma NOVA NOTAÇÃO:
f : I → R n−vezes derivável em um ponto a ∈ I . Se a + h ∈ I , temos:
f (i) (a)
ai = i = 1, 2, . . . , n
i!
h2 h3 h4 h5
∴ eh ≈ 1 + h + + + + .
2! 3! 4! 5!
h3 h5 h7
∴ sen h ≈ h − + − .
3! 5! 7!
• A Fórmula de Taylor nos permite, além de aproximar f (a + h) por Pn,f (a) (h) , tentar obter
estimativas para o erro cometido.
4.12. EXERCÍCIOS 173
Exemplo 4.90. Vamos usar o Polinômio de Taylor de ordem 7 da função seno em torno de
a = 0 para aproximar sen (1/2) e vamos usar a Fórmula de Taylor para obter uma estimativa
do erro cometido nessa aproximação:
h3 h5 h7
Usando f (x) = sen x , a = 0 e n = 7 , já vimos que sen (h) ≈ h − + − .
3! 5! 7!
Teremos então (tomando h = 1/2 ):
1 1 1 1
sen (1/2) ≈ − 3
+ 5
− = 0, 4794255332341269841269841...
2 3!2 5!2 7!27
|sen z| 1
E temos: |R7 (1/2)| = ≤ < 9, 68812004 · 10−8 = 0, 0000000968812004
8!28 8!28
Isto significa que o a diferença entre o valor exato do sen (1/2) e o valor aproximado pelo
Polinômio de Taylor só deve aparecer a partir da oitava casa decimal !!! (De fato, usando uma
calculadora, obtemos sen (1/2) = 0, 479425538604203... !!!)
Observação 4.91. 1. Uma função analı́tica pode ser derivada tantas vezes quanto desejar-
mos.
x2 x3 x4 x5
ex = 1 + x + + + + + ... (∀x ∈ R) .
2! 3! 4! 5!
Exemplo 4.93. g : R → R dada por g(x) = sen x em torno de a = 0 .
x3 x5 x7 x9 x11
sen x = x − + − + − + ... (∀x ∈ R) .
3! 5! 7! 9! 11!
4.12 Exercı́cios
a) 4, 47 b) 4, 48 c) 4, 49 d) 4, 50 e) 4, 51
3. A medida do lado de um cubo é encontrada como sendo igual a 15cm, com possibilidade
de erro de 0, 01cm. Use diferencial para encontrar o erro aproximado no cálculo de:
a) Se a possibilidade de erro máximo nessa medida for de 0, 1cm, dê uma aproximação
para o erro máximo no cálculo do volume desta bola.
b) Com que precisão deve ter sido medido o raio da bola para que o cálculo do volume
tenha erro máximo, aproximadamente, igual a 1cm3 ?
6. Uma pedra é jogada em um lago provocando uma onda circular de raio r, o qual varia com
o tempo a uma taxa constante de 3cm/s. A taxa de variação, com o tempo, em cm2 /s,
da área do cı́rculo limitado pela onda, no instante em que o raio vale 20cm é:
7. (2009-2) O lucro L de uma empresa (em reais) com a venda de x unidades de um produto
x2
pode ser modelado pela equação L(x) = 500x − . As vendas estão aumentando à taxa
4
de dez unidades por dia. Determine a taxa devariação do lucro, em reais por dia, no
momento em que a empresa acabou de vender 500 unidades.
8. (2015-1) Uma bola de neve derrete de forma que a área da sua superfı́cie decresce a uma
taxa de 1cm2 /min. A taxa segundo a qual o diâmetro decresce, em cm/min, quando este
está em 10cm é:
1 1 1 d) 20π e) 40π
a) b) c)
20π 40π 10π
9. (2014-1) O volume de um cubo está aumentando à taxa de 2cm3 /s. Com que taxa, em
cm2 /s, estará variando a área de uma de suas faces, quando sua aresta tiver 20cm?
a) 15 1 c) 600 1 e) 300
b) d)
15 600
10. (2013-1) Aquecendo uma chapa circular de metal, seu diâmetro varia à razão de 0, 01cm/min.
Qual é a taxa, em cm2 /min, à qual a área de uma das faces da chapa varia quando o
diâmetro é 30cm?
a) 0, 075π b) 0, 15π c) 0, 3π d) 0, 6π e) 1, 2π
11. (2011-1) Um tanque tem a forma de um cilindro circular reto de 6m de raio da base e
12m de altura. No tempo t = 0, a água começa a fluir no tanque à razão de 9m3 /h. Com
que velocidade, em m/h, o nı́vel da água sobe?
4.12. EXERCÍCIOS 175
13. (2013-2) Um tanque em forma de cone com o vértice para baixo mede 12 m de altura e
tem no topo um diâmetro de 12 m. Bombeia-se água à taxa de 4m3 /min. Qual é a taxa,
em m/min, com que o nı́vel da água sobe quando a água tem 2 m de profundidade?
1 4 1 1 8
a) b) c) d) e)
π π 4π 8π π
15. (2011-2) Na figura abaixo, uma câmera registra o momento em que um foguete é lançado.
Sabendo que a velocidade do foguete é 850km/h, a taxa de variação da distância entre a
câmera e o foguete em relação ao tempo, em km/h, quando o foguete estiver a 4km de
altura, é
16. (2010-2) Pela ruptura de um tanque, uma mancha de óleo espalha-se em forma de um
cı́rculo cuja área cresce a uma taxa constante de 6m2 /h. Com que rapidez estará variando
o raio da mancha crescente quando a área for de 9m2 ?
cos2 (x)
−1 x2 + x − 2
d) (2016-1) lim i) (2017-1) lim
x→0 −1e2x sen2 (x − 1)
x→1+
1
1 + ex x
e) (2016-1) lim x − sen x
2 j) (2010-1) lim
x→0+ x→0 x3
176 CAPÍTULO 4. APLICAÇÕES DE DERIVADAS
1 1 ln(sen 2 x)
k) (2010-1) lim −√ o) (2013-2) lim
x→0+ x x x→0+ ln x
l) (2010-1) lim (x − π/2) · tg x x2 ex
x→π/2 p) (2014-2) lim
x→0 sen 2 (3x)
1 x
m) (2010-1) lim 1+ 2 q) (2014-2) lim (ln x)1/x
x→+∞ x x→+∞
18. (2016-2) A soma dos valores de a e b para os quais a função dada por f (x) = x3 + ax2 + b
tem um extremo relativo no ponto (−2, 1) é:
a) 0 b) 6 c) 3 d) 2 e) -2
19. Encontre os intervalos de crescimento e decrescimento das funções f (x) = sen x e g(x) =
cos x com x ∈ [0, 2π].
20. Encontre os valores de p ∈ N para os quais f (x) = xp seja uma função crescente em R.
(a) f não possui máximos locais. (d) f possui dois pontos de máximo.
(b) f possui três máximos locais.
(c) f possui exatamente um mı́nimo local (e) f não possui mı́nimos locais.
26. (2011-1) Parte do gráfico da derivada primeira f ′ de uma função derivável f : R → R está
representada abaixo.
f (x) = ax − bln(1 + x2 ), ∀x ∈ R,
onde a e b são constantes, é CORRETO afirmar que:
178 CAPÍTULO 4. APLICAÇÕES DE DERIVADAS
29. Em cada item a seguir, determine: o domı́nio, as interseções com os eixos (se possı́vel), os
pontos crı́ticos, os intervalos de crescimento e decrescimento, os extremos locais e globais,
os intervalos de concavidade, os pontos de inflexão, as assı́ntotas de f . Em seguida, esboce
o gráfico de f .
8 x 2(x2 − 9)
a) f (x) = 2x + +2 e) f (x) = i) f (x) =
x ex x2 − 4
3 − 4x x
b) f (x) = f) f (x) = x2
2x + 2 x2 −1 j) f (x) =
4 − x2
x−1 5x2 + 2 2ex
c) f (x) = g) f (x) = k) f (x) =
x2 x2 + 1 x+2
ex 1 − x2 1
d) f (x) = h) f (x) = l) f (x) = x +
x+1 x2 + 1 x
Marque a alternativa que apresenta intervalos onde a função f é crescente e côncava para
baixo ao mesmo tempo.
33. (2011-2) Considere as seguintes afirmativas sobre uma função contı́nua f : [a, b] → R,
definida no intervalo fechado [a, b].
35. (2010-2) Parte do gráfico da derivada segunda f ′′ de uma função derivável f : R → R está
representado abaixo.
37. (2017-1) O gráfico a seguir representa a derivada f ′ de uma função contı́nua e derivável.
38. (2016-2) A figura abaixo representa o gráfico de uma função f derivável até segunda
ordem.
182 CAPÍTULO 4. APLICAÇÕES DE DERIVADAS
Marque a alternativa que apresenta um intervalo onde tanto f ′ quanto f ′′ são positivas:
39. (2010-1) O gráfico da derivada primeira f ′ de uma função f : [a, b] → R está mostrado
abaixo.
I. Os pontos (1, f (1)) e (7, f (7)) são pontos de inflexão do gráfico da função f .
II. O ponto (4, f (4)) é ponto de inflexão do gráfico da função f .
III. A função f tem concavidade voltada para cima no intervalo (1, 7).
IV. A função f tem concavidade voltada para baixo no conjunto (1, 2) ∪ (6, 7).
Responda Verdadeiro (V) ou Falso (F) para cada uma das seguintes afirmações. Jus-
tifique sua resposta.
ex
As questões de números 41 a 47 referem-se à função f definida por f (x) = + 1.
x
42. A primeira derivada da função f é:
ex (x − 1) ex (x + 1) ex (1 − x)
a) f ′ (x) = c) f ′ (x) = e) f ′ (x) =
x2 x2 x2
x
e (x − 1) e x
b) f ′ (x) = d) f ′ (x) = 2
x x
x
ex (x2 − 2x + 2) ′′ (x) = e
x 2
′′ (x) = e (x − 2x − 2)
a) f ′′ (x) = c) f 4 e) f
x4 x x4
x 2
e (x − 2x + 2) x 2
e (x + 2x − 2)
b) f ′′ (x) = d) f ′′ (x) =
x3 x3
a) f é côncava para cima no intervalo (−∞, 0) e côncava para baixo no intervalo (0, +∞).
b) f é côncava para cima no intervalo (0, +∞) e côncava para baixo no intervalo (−∞, 0).
c) f é côncava para cima no intervalo [1, +∞) e côncava para baixo no intervalo (−∞, 1).
d) f é côncava para cima no intervalo (−∞, 1) e côncava para baixo no intervalo (1, +∞).
e) f é côncava para cima no intervalo (1, +∞) e côncava para baixo nos intervalos (−∞, 0)
e (0, 1).
46. Sobre máximos e mı́nimos (locais) e pontos de inflexão da função f, podemos afirmar que:
49. Um banco oferece juros anual ℓ(t), em %, dependendo do tempo t, em anos, que o inves-
106t
tidor esteja disposto a manter o investimento. Se ℓ(t) = 2 , determine quantos anos
t + 16
deve manter o investimento para ter lucro máximo.
x3
C(x) = − 6x2 + 30x + 25
3
Determine o lucro máximo na venda do produto por 10 reais a unidade.
51. Determine dois números reais positivos cuja soma é 70 e tal que seu produto seja o maior
possı́vel.
52. Um recipiente sem tampa em forma de paralelepı́pedo reto tem duas faces laterais opostas
quadradas e volume igual a 972cm3 . A soma das dimensões da base para que o mesmo
tenha área de superfı́cie mı́nima é:
53. Um terreno retangular deve ser cercado da seguinte maneira: dois lados opostos devem
receber uma cerca reforçada que custa 3 reais o metro, enquanto os dois lados restantes
recebem uma cerca padrão de 2 reais o metro. Qual é o perı́metro do terreno de maior
área que pode ser cercado com 6000 reais?
(a) 1000 m (b) 1250 m (c) 2500 m (d) 93750 m (e) 375000 m
54. Um jardim retangular de 98m2 de área deve ser protegido contra animais. Se um lado do
jardim já está protegido por uma parede de celeiro, qual deve ser o menor comprimento
da cerca para os outros lados?
186 CAPÍTULO 4. APLICAÇÕES DE DERIVADAS
55. Uma área retangular em uma fazenda tem um de seus lados delimitado por um rio e os
outros três lados delimitados por uma cerca de comprimento total igual a 800 m. Qual o
maior valor possı́vel que essa área pode ter?
(a) 20000 m2 (b) 40000 m2 (c) 50000 m2 (d) 60000 m2 (e) 80000 m2
56. O volume máximo possı́vel de uma lata cilı́ndrica, sem tampa, que pode ser feita com 27π
cm2 de metal é:
(a) 9 π cm3 (b) 18 π cm3 (c) 27 π cm3 (d) 58 π cm3 (e) 81 π cm3
57. Qual é a maior área possı́vel de um triângulo retângulo cuja hipotenusa mede 5 cm?
(a) 5 cm2 (b) 6 cm2 (c) 6,25 cm2 (d) 12 cm2 (e) 12,5 cm2
58. Para cada x > 0, considere o retângulo R com vértices nos pontos A = (0, 0), B = (x, 0),
2 2
C = (x, e−x ) e D = (0, e−x ), conforme figura a seguir.
59. Obtenha o Polinômio de Taylor de ordem n das funções dadas abaixo para aproximá-las
nas vizinhanças dos pontos a dados:
60. Seja pn,f (a) (h) o Polinômio de Taylor de ordem n da função n-vezes derivável f em torno
de um ponto a. Calcule as derivadas de ordem 0 a n do polinômio p no ponto h = 0 .
61. Utilize o Polinômio de Taylor de ordem n para aproximar os valores abaixo. Depois use a
Fórmula de Taylor para estimar o erro cometido com sua aproximação e com isso obtenha
o número de casas decimais exatas da aproximação. Por último, calcule o valor exato (use
uma calculadora) e compare com as estimativas anteriores:
(a) cos(1/3) , n = 5 .
√
(b) e = e1/2 , n = 6 .
4.12. EXERCÍCIOS 187
18. a)
19. f (x) = sen x é crescente em [0, π/2] ∪ [3π/2, 2π] e decrescente em [π/2, 3π/2].
g(x) = cos x é decrescente em [0, π] e crescente em [π, 2π].
20. p ı́mpar
30. m = 3 e n = 0
31. c) 32. c) 33. c) 34. a) 35. d) 36. c) 37. d) 38. a) 39. d) 40. c)
41. V F V F