Português - 3º Teste
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Farsa de Inês Pereira (122, 123, 124, 172, 173, 126, 165, 166, 167, 168)
Representação do quotidiano
A mulher:
Vida doméstica
Liberdade restringida pela mãe e pelo marido
Casamento como meio de emancipação
Adultério
Costumes: ( vai se criticar)
Casamentos arranjados- casamenteiros
Cerimónia de casamento com festa- canto e dança
Prática religiosa- a missa
Classes sociais:
Decadência da nobreza- Brás da Mata
Desconsideração da vida popular- Pero Marques
Devassidão do clero- clérigo e Ermitão
Tipo de cómico
De caráter- associado às características da personagem
De situação- produzido por uma circunstância que causa o riso
De linguagem- relacionado com o discurso da personagem
Objetivos da sátira:
Refletir sobre a realidade social portuguesa da época de Gil Vicente
Analisar criticamente os grupos e as instituições de uma sociedade
Denunciar os vícios e os erros em tom humorístico
Corrigir os comportamentos condenáveis (função edificante)
Temas da farsa:
A decadência de costumes
A duplicidade e a falsidade
O casamento
A condição da mulher
Alvos da crítica:
As jovens casadoiras
Os alcoviteiros
Os religiosos
Os rústicos
Os escudeiros
Estratégias da sátira:
Personagens-tipo
Caricatura
Comicidade
Ironia e sarcasmo
Diálogo
Personangens:
Inês:
Ínicio- descontente; sonhadora, inolente
1º casamento- inexperiente; iludida, desencantada
2º casamento- experiente; astuta; emancipada; adúltera
é a personagem principal da peça;
surge, no início, como rapariga solteira;
manifesta desagrado pelas tarefas domésticas;
o anseia pela liberdade;
procura um marido que a encante com galanteios.
Inês Pereira aceita receber e conhecer Pero Marques, antevendo que se
trata de um campónio ignorante. Perante o seu pretendente, revela uma
atitude mesquinha, pois humilha e ridiculariza o lavrador, nomeadamente
por este ter modos rudes, um comportamento desajeitado e um discurso
ridículo. Perante a admiração da mãe pelo facto de esta já não encontrar
Pero Marques quando chega a casa, Inês manifesta o seu desinteresse e
insiste no seu sonho de um dia casar com um homem «discreto» e que saiba
cantar e «tanger» viola.
o humilha e ridiculariza Pero Marques;
mostra-se altiva e indiferente para com o seu pretendente campónio;
rejeita Pero Marques, pois sonha casar com um homem «discreto» e que
saiba «tanger» viola.
Sonhadora, teimosa e fantasiosa, Inês recebe em sua casa dois Judeus
casamenteiros, aos quais tinha confiado a missão de lhe arranjarem o marido
ideal. Deslumbrada com as qualidades do Escudeiro, que os dois matreiros
lhe enumeram, aceita conhecê-lo, mesmo contra os conselhos e alertas da
Mãe, facto que revela a sua inexperiência e o seu imenso desejo de casar
para finalmente fugir do jugo materno. Se as palavras dos Judeus já lhe
tinham provocado encantamento, o discurso galanteador e sedutor do novo
pretendente acaba por conquistá-la, aceitando, assim, casar com ele.
o revela-se sonhadora, teimosa e inexperiente;
mostra-se deslumbrada pelo Escudeiro e deixa-se conquistar, apesar dos
avisos maternos.
Inês aceita casar com o Escudeiro. Finalmente, os seus sonhos estavam,
aparentemente, a concretizar-se. No entanto, a jovem fantasiosa vê-se
novamente num ambiente de cativeiro. Brás da Mata proíbe-a de cantar ou
de mostrar qualquer sinal de felicidade, não permitindo, ainda, qualquer
saída de casa. Nesta parte, observa-se uma Inês pereira frustrada,
enclausurada, desencantada e arrependida. De sonhadora, passa, pois, a uma
mulher desejosa de vingança e de liberdade. Quando recebe a missiva a
anunciar da morte do marido, manifesta satisfação e avidez por se livrar
daquela prisão.
apresenta-se desiludida e frustrada com o casamento – falta de
liberdade e estado de solidão;
o manifesta desejo de vingança;
o sente-se livre e satisfeita com a notícia da morte do marido.
Inês acaba por casar com Pero Marques. Se inicialmente, mostrou resistência
perante a proposta de Lianor Vaz, rapidamente revela uma transformação
radical. A atitude desumana e desleal do Escudeiro potenciou uma evolução
drástica na jovem, pois esta torna-se vingativa, leviana e cruel, aproveitando-
se da ingenuidade e do amor de Pero Marques. Com efeito, além de se
mostrar exigente com o marido, revela-se adúltera ao aceitar a proposta de
um encontro amoroso com o Ermitão. O momento mais flagrante da sua
maldade evidencia-se na última cena, ao utilizar de forma humilhante o
lavrador para a levar ao encontro que tinha combinado com o amante.
o revela uma tristeza fingida pelo facto de estar viúva;
aceita casar com Pero Marques por conveniência;
mostra-se exigente e caprichosa com o marido;
torna-se vingativa e adúltera.
Latão e Vidal
Estas duas personagens aparecem em cena com o propósito de, a troco de
dinheiro, apresentarem um pretendente a Inês Pereira. Matreiros e
folgazões, conseguem convencer a jovem de que o Escudeiro será o marido
ideal. Quando o casamento se realiza, pedem o pagamento combinado.
Mostram-se sempre alegres, divertidos e eufóricos por terem concretizado
um excelente negócio.
surgem em cena bastante entusiasmados, comunicando a Inês
que encontraram, tal como ela pediu, o seu marido ideal
descrevem as inúmeras qualidades do Escudeiro;
revelam-se interesseiros e materialistas, solicitando o pagamento pelo
casamento arranjado.
Pero Marques
Honesto; rude; puro; determinado
Pero Marques representa a inocência, a ignorância e a simplicidade do
mundo rural. Este «lavrador abastado» representa o camponês generoso,
honesto, obediente, desconhecedor das regras de convívio social da cidade,
características evidentes na carta que envia a Inês e na maneira como se
apresenta e comporta quando chega a casa da protagonista. Além disso, não
se apercebe do desdém da jovem, que troça dele, revelando, pois, o seu
desinteresse pelo pretendente.
revela-se inocente, ingénuo e desconhecedor das regras sociais da cidade ;
o é o primeiro pretendente de Inês;
mostra-se interessado em Inês, com quem é bastante atencioso.
o é um lavrador rico;
Quando rejeitado por Inês, Pero Marques promete-lhe que vai esperar por
ela, facto que se concretiza, pois, na verdade, o lavrador não desistiu e
esperou, com sucesso, pela sua oportunidade, que surge quando a jovem
enviúva. Efetivamente, Pero Marques aceita casar-se com Inês e sujeita-se a
todos os seus caprichos. A sua ingenuidade e inocência potenciam a sua
condição de marido traído e humilhado.
o aceita casar com Inês;
submete-se aos caprichos e às exigências da mulher;
a sua ingenuidade e simplicidade não o deixam ver o adultério e a
humilhação a que Inês o sujeita.
Escudeiro/ Brás da Mata
Mentiroso; fanfarrão; prepotente; cobarde
O Escudeiro, segundo pretendente de Inês Pereira em cena, revela, desde
logo, ser um hipócrita e pelintra. Com efeito, antes de se apresentar à jovem,
pede ao seu fiel criado, o Moço, que pactue consigo, pois irá dizer que é um
fidalgo de posses, pleno de qualidades morais e socialmente bem-sucedido.
Inês Pereira acaba por se deixar conquistar por aquele que considera o
homem que idealizou nos seus sonhos – gentil, discreto, bem-falante, que
sabe tocar viola e cantar. Porém, a verdade é só uma: Brás da Mata não
passa de um nobre falido, vaidoso, interessado somente no dote de Inês,
fazendo-lhe crer que será um marido ideal.
o revela ser hipócrita e fingido, pedindo que o Moço confirme as
mentiras que dirá a Inês;
não passa de um fidalgo falido, que aparenta ter posses e estatuto social;
é interesseiro e quer conquistar Inês pelo seu dote;
é vaidoso, presunçoso e convencido;
para conquistar Inês, revela-se bem-falante e bajulador.
O Escudeiro galanteador, bem-falante e educado revela o seu verdadeiro
caráter após o casamento. Na verdade, manifesta-se autoritário e cruel ao
não permitir que Inês saia de casa ou que manifeste qualquer sinal de
alegria. De referir que, na sua ausência, pede ao Moço que a vigie para evitar
qualquer contacto da mulher com o mundo exterior. As palavras que lhe
dirige são ásperas e desprovidas do amor e do carinho que outrora lhe
prometera. É, de facto, um nobre pelintra, desleal, mentiroso e egoísta. A
sua morte, ao tentar fugir da guerra, reflete a sua covardia e falta de honra.
o revela-se autoritário, cruel e desumano com Inês;
é um nobre pelintra, desleal e mentiroso;
mostra a sua covardia, pois morre ao tentar fugir da guerra.
Moço
O Moço é o pajem do Escudeiro. Através dos seus apartes, denuncia as más
condições de vida por que passa, pois, na verdade, o seu amo é um nobre
decadente e falido. Funciona, assim, como voz da verdadeira situação
económica de Brás da Mata, bem como do caráter desonesto do mesmo. No
entanto, acaba por satisfazer as vontades do Escudeiro e cumprir tudo o que
este lhe exige.
queixa-se das suas más condições de vida, denunciando
a situação económica decadente do Escudeiro;
Lianor Vaz:
personagem-tipo, que representa as alcoviteiras, cujo ofício consistia
em facilitar os casamentos;
partilha da visão realista da Mãe de Inês em relação ao casamento;
denuncia a degradação moral do clero.
Aproveitando o estado de viuvez de Inês Pereira, Lianor volta a falar-lhe em
Pero Marques, insistindo na ideia de que ele é o marido ideal. A alcoviteira
percebe a falsa tristeza de Inês e facilmente persuade a jovem com o argumento
de que Pero Marques é um homem rico e que, por isso, lhe irá proporcionar
uma boa vida. Consegue, deste modo, concretizar o seu “negócio”.
insiste com Inês de que Pero Marques é o pretendente ideal, pois é um
homem abastado;
mostra-se perspicaz e matreira, pois percebe facilmente que a tristeza de Inês é
uma farsa;
convence Inês a casar com Pero Marques.
Lúzia e Fernando:
Luzia e Fernando são elementos do povo, bondosos, amigos e simpáticos.
Simbolizam a autenticidade e a ternura; no fundo, os sentimentos genuínos
ausentes nas restantes personagens. A sua presença potencia um momento
de alegria na peça – cantam, dançam e desejam felicidade aos noivos,
entregando-lhes, ainda, um presente humilde, mas genuíno.
são elementos do povo – simbolizam a amizade e a lealdade;
são alegres, cantam e dançam;
desejam felicidade aos noivos e oferecem-lhes um presente humilde,
mas genuíno;
servem de contraponto na peça, pois representam um ideal de vida
sem ambições, nem maldades.
Tempo: indefinido
Referência temporal: o escudeiro partira três meses antes para a guerra
Respostas de aula