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Efólio A Arte Egípcia

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UNIDADE CURRICULAR: ARTE EGÍPCIA

CÓDIGO: 31370

DOCENTE: José das Candeias Sales

A preencher pelo estudante

NOME: Ângela Isabel Pereira Amaro dos Santos

N.º DE ESTUDANTE: 2100823

CURSO: Licenciatura em História

DATA DE ENTREGA: 27 de novembro de 2023

Pilone do templo divino de Amon, em Karnak. Império Novo. Dimensões: 122m x 43,5m x 15 m.

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O presente trabalho pretende e tem como objetivo elucidar sobre a arquitetura enquanto
forma de arte, do Antigo Egipto, nomeadamente a arquitetura religiosa, na qual se inclui o templo
divino de Amon, localizado em Karnak. O complexo de Karnak, situado em Tebas, não era o maior
monumento religioso egípcio, pois a adoração a Ré ainda persistia em muitos templos por todo o
país. Assim, a solução teológica passou por juntar ambos os deuses, e surgiu a divindade Amon-Ré.
Os soberanos da XII dinastia impulsionaram este culto a Amon, e Tebas tornou-se a capital do
Egipto no Império novo. A arquitetura desempenhou um papel fulcral para os egípcios, devendo-se,
em parte, à sua monumentalidade, mas também aos inúmeros monumentos que se preservaram até
aos nossos dias. Assim, podemos classificar a arquitetura egípcia em 3 tipos: a arquitetura religiosa, a
militar e a civil. Na arte do antigo Egipto, a arquitetura religiosa revestiu-se de grande importância,
pois era nos vários templos que se refletiam as conceções mentais dos egípcios bem como os
materiais utilizados e a respetiva função associada a cada templo. Assim podemos falar de uma
divisão tripartida dos vários templos, nomeadamente, o templo divino, no qual viveriam as várias
divindades; o templo solar edificado em honra do deus-Sol Ré, e o templo funerário, onde se
realizavam oferendas aos mortos. Estes templos funerários reuniam as mastabas, as pirâmides e os
hipogeus. Os templos divinos, onde moravam os deuses, eram feitos de pedra, pois supostamente
deveriam durar e atravessar a eternidade, tais como as divindades que eram eternas. Durante o
Império Novo, destacou-se o Templo de Amon, no complexo de Karnak. Este templo, dedicado ao
culto da divindade Amon era constituído por um (neste caso, do primeiro pilone) ou vários pilones
(de acordo com a importância do templo); pelo pátio, pelas salas hipostilas e o santuário, a zona mais
interior e recatada do templo, que continha a imagem do deus. O templo, normalmente, era envolto
por um muro de adobes que delimitava este espaço sagrado. Cada uma das partes internas do templo,
tinha uma função especifica e refletia uma conceção e um ideal metafisico em que a natureza seria
uma fonte rica de deuses e divindades e deviam ser adorados enquanto originadores do universo.
Assim, o pátio, era precedido por uma entrada, um pórtico monumental ladeado por 2 torres, em
pedra maciça, que formavam os chamados pilones, ou “bekhnet”, com a função de defesa do templo.
Estes pilones, marcavam a entrada na área sagrada e simbolizavam, segundo a mitologia egípcia, as
duas montanhas onde o sol surgia diariamente. Eram, frequentemente, identificados com as deusas
Isis e Néftis, que louvavam o deus-Sol matinal, quando este aparecia no horizonte. Os pilones eram
decorados, com imagens do faraó guerreiro, subjugando os seus inimigos, e uniam-se através de uma
enorme entrada ou porta, fornecida de fechaduras egípcias e onde se denotava a representação do sol
enquanto disco solar com asas, e por onde se tinha acesso ao pátio. Nos pilones, também se podiam
encontrar reentrâncias, onde se podiam inserir mastros de madeira com bandeiras coloridas, por
altura das festividades. A presença imponente dos pilones, procurava transmitir aos visitantes o

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respeito reverencial que a morada de Amon, devia inspirar. Também serviam como elo entre o caos
do mundo exterior ao templo, e o ordenado, já dentro do templo; eram também um elemento protetor
destinado a evitar a entrada indesejada de estranhos na residência divina. Assim, a qualidade
defensiva dos pilones também tinha uma dimensão simbólica. Em frente aos pilones, na parte
exterior do templo, situavam-se os 2 obeliscos, ou “tekhen”, que remete para “agulhas” e duas
estátuas colossais do faraó sentado. Os obeliscos eram monólitos, com forma de cone truncado,
feitos de granito, nos quais se encontravam cravados hieróglifos, e eram rematados por uma pirâmide
de ouro, a chamada “piramidon”. Eram construídos aos pares para que fossem colocados em frente
aos pilones, e tinham a função de captar os primeiros raios solares, renovando assim, a energia na
terra, e remetiam para os deuses criadores tais como Ré, o deus-Sol, sendo por isso, a estrutura mais
alta do templo. O acesso principal para este templo, localizava-se na zona oeste, perpendicularmente
ao rio Nilo, e onde se encontrava o molhe, de onde se acedia ao templo, por uma via flanqueada e
ladrilhada por esfinges protetoras com cabeça de carneiro, e que acabava alguns metros antes da
entrada do templo, e do primeiro pilone, mandado construir por Nectanebo I, da XXX dinastia. No
pátio, no interior do templo de Karnak, que se encontrava rodeado de colunas, intercaladas com as
colossais estátuas que representavam o faraó, e possuía frequentemente um altar destinado a
sacrifícios e oferendas ao deus. Apenas esta área do templo, era acessível a todos os egípcios,
embora exigisse já algum ritual de purificação, de maneira a participarem nos vários cultos e rituais
durante as festividades, e nas quais a estátua de Amon era transportada, em procissão. A sala
hipostila, ou “uekha”, poderia ser precedida ou não por um vestíbulo, protegida da luz solar, que
apenas entravam por pequenas aberturas na parte superior. Esta sala hipostila do templo de Amon,
em Karnak, foi edificada no tempo dos faraós Séti I e Ramsés II, e iniciada no reinado de Amenófis
III. Era uma sala composta por várias colunas, e funcionava como a sala da receção do deus, com um
motivo prático e um motivo ideológico. Assim, as colunas permitiam, no sentido prático, colocar um
teto numa sala grande, e num sentido ideológico, o teto representava o firmamento, e por isso estava
decorado com milhares de estrelas de cinco pontas sobre um fundo azul; logicamente este teto não
poderia flutuar só por si, e assim, estava assente em 4 pilares celestiais, tal como nos diz Amen-hotep
III, num texto seu: “os seus pilares alcançam o céu, como os quatro pilares celestiais”. As colunas
eram, portanto, símbolos desses elementos que sustentavam o céu. Também era a sala onde se
realizavam várias cerimónias reais tais como a coroação e a purificação dos faraós. Como se situava
na semi-escuridão, esta sala não era visível a quem estivesse no pátio e os relevos nas suas paredes
representavam atos sagrados de rituais que aí eram realizados. As colunas eram feitas de pedra e
eram compostas por hastes de plantas que brotavam do solo, e os seus capitéis representavam

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papiros, palmeiras ou lótus. À medida que se entrava mais e mais no interior do templo, o convite era
para ingressar num ambiente de recolhimento e temor ao deus, devido ao teto que se tornava mais
baixo e ao facto de existir menos luminosidade. Procurava reconstruir-se a localização original da
criação e onde o deus surgia e pretendia-se dirigir a atenção para o santuário e para a divindade, e
para o naos, local onde guardava a estátua do deus. No santuário, ou kari, somente o rei ou o
sacerdote que o representava, podiam olhar para a estátua da divindade, que na sua generalidade, era
constituída de madeira, portanto, leve e de fácil manejo, de maneira a ir de encontro às necessidades
dos vários rituais. Em espaços adjacentes, encontravam-se os objetos utilizados para os rituais
quotidianos, bem como a sala sagrada onde se encontrava colocada a barca sagrada, usada nas
procissões e nas festividades, para transportar a divindade. Outro constituinte dos templos, era o lago
sagrado, ou chi-netjer, onde os sacerdotes se purificavam, onde se realizavam vários rituais, e onde,
ficava por vezes, ancorada a barca sagrada dos deuses. Os templos religiosos eram, assim, casas de
culto, em que somente os sacerdotes e os soberanos podiam aceder, estando a maior parte dos
egípcios excluídos do recinto sagrado. Os templos destinavam-se à conservação das imagens das
divindades, dos objetos sagrados utilizados nos rituais e dos vários tesouros ali existentes. Além da
sua função de culto, os templos geravam uma série de atividades económicas e administrativas á sua
volta, e por isso, também se consideravam importantes centros económico-financeiros, enquanto
também possuíam autonomia e poder próprios.

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BIBLIOGRAFIA

Templos do Egipto: Reconstruções em 3D de Abu Simbel, Luxor e Karnak. Edição Especial de


Arqueologia – National Geographic. Lisboa: RBA Portugal, 2019.

SALES, José das Candeias, Arte Egípcia, Lisboa, Universidade Aberta, 2023.

SOVERAL, Augusto, Egipto Um Tesouro da Humanidade, Vol. 11, Lisboa: Planeta DeAgostini,
2004.

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