Agravo em Execução
Agravo em Execução
Agravo em Execução
Processo n. ...
Manoel, já qualificado nos autos do processo em epígrafe, por seu advogado infra-assinado,
com procuração em anexo, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, interpor o
recurso de AGRAVO EM EXECUÇÃO, com base no art. 197 da Lei 7.210/84.
Neste sentido, requer o presente recurso seja recebido e procedido o juízo de retratação, nos
termos do art. 589, do Código de Processo Penal. Se mantida a decisão, requer seja
encaminhado o recurso ao Egrégio Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro, já com as
razões inclusas, para o devido processamento.
Nestes termos,
Pede deferimento,
Advogado,
OAB, n....
EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO
Agravante: Manoel
Agravado: Ministério Público
Processo n. ...
I- DOS FATOS
Manoel foi condenado como incurso nas penas do art. 157, caput, do Código Penal, tendo sido
aplicada uma pena privativa de liberdade de 04 anos e 06 meses de reclusão em regime
inicialmente fechado. A sentença transitou em julgado no dia 11.08.2021.
Desde o dia 15.09.2021 o agravante vem cumprindo a sua pena, obtendo, inclusive,
progressão de regime. Ressalta-se que o agravante jamais fora punido com falta grave e
preencheu todos os requisitos para a obtenção dos benefícios de execução penal.
a) considerou o crime de roubo como hediondo, não tendo sido cumpridos, até o momento do
requerimento, 2/3 da pena privativa de liberdade;
b) ainda que não fosse hediondo, não estariam preenchidos os requisitos objetivos para o
benefício, tendo em vista que Manoel, por ser portador de maus antecedentes, deveria cumprir
metade da pena imposta para obtenção do livramento condicional;
II- DO DIREITO
No entanto, o art. 1º, da Lei 8.072/90 não traz em seus incisos o roubo como sendo
configurado crime hediondo. Dessa forma, o agravante, não reincidente, deve cumprir apenas
1/3 da pena imposta para que lhe seja concedido o livramento condicional, nos termos do art.
83,I,do CP.
Como argumento para indeferir o livramento condicional, o magistrado disse que ainda que o
roubo não fosse considerado hediondo, o agravante era portador de maus antecedentes, e
assim deveria cumprir metade da sanção imposta. No entanto, tal fundamentação não merece
prosperar.
O agravante praticou o delito de roubo quando era primário, portanto, não reincidente. Nos
termos do art. 83, I, do Código Penal, para que seja necessário cumprir metade da pena
imposta como requisito do livramento condicional, o agente precisa ser reincidente em crime
doloso. Ainda que o referido artigo preveja que o agente seja portador de bons antecedentes, é
pacificado na jurisprudência que o condenado não reincidente com maus antecedentes deve
cumprir apenas 1/3 da sanção imposta à fim de preencher tal requisito para a concessão do
livramento.
Insta-se dizer que é uma omissão legislativa a não previsão do requisito para concessão do
livramento condicional para condenado primário, mas com maus antecedentes. Dessa forma,
diante de tal omissão deve ser aplicada a fração mais favorável ao condenado, pois não cabe
analogia em prejuízo da parte.
No entanto, desde o advento da Lei 10.972/2003 que o exame criminológico não é mais
obrigatório para fins de concessão de livramento condicional e progressão de regime. Se o
condenado ostenta bom comportamento durante o cumprimento de pena, ele pode fazer jus ao
livramento condicional. No caso, o agravante jamais fora punido com falta grave preencheu os
requisitos subjetivos para obtenção dos benefícios da execução penal.
Ainda que o magistrado achasse necessária a realização do exame criminológico, não são
idôneos os argumentos da gravidade abstrata do delito, nos termos da Súmula 439 do STJ.
Deve-se atentar ao fato que o agravante foi condenado por roubo simples, assim, deve ser
consideradas as peculiaridades do caso concreto, e a realização do exame criminológico deve
ser sustentada por decisão motivada.
III- DO PEDIDO
Campinas, 23.10.2023
Advogado.
OAB n. ...