Location via proxy:   [ UP ]  
[Report a bug]   [Manage cookies]                

Geo9 - Urbanismo

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 14

Geo9 – Urbanismo Sansão Jr.

Conceito de urbanismo e de cidade

Alfred Agache, citado por (Victor F. M., 2012), define urbanismo como sendo: “uma ciência,
e uma arte e, sobretudo, filosofia social”. Assim, entende-se por urbanismo o conjunto de
regras aplicadas ao melhoramento das edificações, do arruamento, da circulação e do
congestionamento das artérias públicas. É a remodelação, a extensão e o embelezamento de 1
uma cidade, levados a efeitos mediante um estudo metódico da geografia humana e da
topografia urbana, sem descurar as soluções financeiras.

Etimologicamente, o termo urbanismo provém do latim urbes ou urbis, que significa cidade,
tendo como objecto de estudo as cidades e o estabelecimento humano e suas necessidades.
Da urbanização surge o termo brasileiro da urbanificação, que consiste no processo de
correcção da urbanização (crescimento desordenado), no sentido de renovação urbana.

Urbanismo (Costa, 2006) é:

1. “ciência ou arte de construção de cidades ou de bairros urbanos, ou do ordenamento


dos espaços urbanos”.
2. “conjunto das ciências técnicas e artes que concorrem para a organização,
ordenamento e evolução dos espaços urbanos, em função de concepções e dados
económicos, sociais e estéticos, tendo em vista assegurar o bem-estar humano e a
qualidade do ambiente”.

Deste modo, podemos raciocinar da seguinte forma, urbanização está associado ao mau
crescimento urbano (crescimento desordenado); urbanificação, está associado à
reorganização e reestruturação das cidades.

“A cidade é o lugar geográfico onde se instala a superestrutura


política administrativa de uma sociedade” (M. Castells).
“A cidade é algo mais que um conjunto de indivíduos e de
vantagens sociais; mais do que uma série de ruas, edifícios, luzes,
telefones, etc., algo mais também do que uma mera constelação de
instituições e corpos administrativos: tribunais, hospitais, escolas,
políticas e funcionários civis de toda a espécie. A cidade é
principalmente um estado de espírito (a state of mind), um
conjunto de costumes, que se transmitem pela tradição. A cidade,
por outras palavras, não é apenas um mecanismo físico ou uma
Geo9 – Urbanismo Sansão Jr.

construção artificial. Está implicada no processo vital da população


que a compõem; é produto da natureza humana” (Robert E. Park).
“Uma cidade é como um animal. Possui um sistema nervoso, uma
cabeça, ombros e pés. Não há duas cidades iguais: cada uma difere
de todas outras” (John Steinbeck).
Entretanto, pode se definir cidade como um centro habitacional ou demográfico, social e
2
economicamente não agrícola e dotado de infraestruturas habitacionais, uma rede de energia,
transportes e comunicações.

“Uma cidade é aglomerado populacional de grande dimensão e com uma população


heterogénea (diferentes origens, profissões...), dependente do exterior em produtos
alimentares e fornecedores de bens e serviços à área envolvente. Uma definição clara e
universal de cidade suscita inúmeras dificuldades, pelo que cada país adopta a sua. São
utilizados múltiplos critérios com o objectivo de definir e caracterizar este espaço, desde os
administrativos, aos quantitativos populacionais, às densidades mínimas, os funcionais, etc.
Dentro de cada um a diversidade de parâmetros é grande, o que conduz à dificuldade de
comparação das cidades em diferentes países” (Costa, 2006, p. 38).

Critérios de definição de cidade

Critério numérico-estatístico (demográfico-número total de habitantes e


densidade populacional): é aquele que estabelece uma densidade populacional
mínima a partir da qual um aglomerado urbano pode passar à categoria de cidade. Isto
é, é a partir de um certo número de habitantes, que esse aglomerado pode passar a ser
designado cidade.
Critério socioeconómico (funcional): é aquele que tem como base o número de
habitantes agrupados por actividade económica. Em que mais de metade da população
deve exercer actividades não agrícolas, isto é, deve se dedicar a actividade secundária
(indústria) e terciária (serviços).
Critério administrativo: é aquele segundo o qual, cidade é um aglomerado urbano
que exerce uma função político-administrativa, como é o caso das capitais das
províncias.
Tipo de edifício (critério morfológico): é aquele que tem em conta o tipo de
edifícios, a densidade do tráfego e vias de comunicação. Assim, a cidade apresenta,
Geo9 – Urbanismo Sansão Jr.

regra geral, um aspecto muito diferente do dos povoados e regiões rurais. Nas cidades
predominam os prédios com vários andares, ruas largas, avenidas, grandes lojas,
muita gente em circulação, transportes colectivos e privados, entre outros aspectos.

Características das cidades

3
As cidades, em qualquer parte do mundo, apresentam características, mais ou menos comuns.
Dentre essas várias características, destaca-se o facto de:

• Serem aglomerados populacionais.


• Serem centros administrativos e de negócios.
• Possuírem alguns edifícios em altura (prédios). O que permite que muitas famílias
vivam num espaço geográfico muito reduzido.
• Apresentam uma elevada densidade populacional e, com um crescimento acelerado.
• Nelas viver uma população que exerce, na sua maioria, actividades ligadas à indústria,
comércio ou serviços.
• Exercerem uma certa atracção sobre os habitantes do meio rural.

Factores de crescimento urbano

1. Alteração do tipo de indústria urbana


Nem todo o produto que sai da indústria pesada está pronta para o consumo. Este
produto precisa, por vezes, de uma outra transformação. Assim, a indústria pesada foi
cedendo lugar à indústria ligeira que, por sua vez, abriu mais postos de trabalho nas
cidades.
2. Importância do sector terciário
A melhoria do nível de vida das pessoas que se ia verificando, aliada ao crescimento
dos serviços de administração pública nas sociedades criaram condições para o
aumento de empregados administrativos que a indústria moderna exige.
3. Novos condicionalismos sociais
Estes condicionalismos referem-se à existência de um determinado tipo de
instituições, tais como bibliotecas, museus, cinema, teatro, que atraem os estratos
sociais mais elevados para as cidades.
Geo9 – Urbanismo Sansão Jr.

4. Crescimento natural da população


A população das cidades, por si só, vai se multiplicar, como resultado de matrimónios
e, consequente nascimento de filhos. Paralelamente, as migrações constantes
proporcionam um aumento populacional às cidades.
5. Desenvolvimento do sector de transportes
4
O desenvolvimento dos transportes, em particular o automóvel, permitiu uma grande
facilidade para a deslocação das pessoas possibilitando o desenvolvimento das áreas
urbanas à volta das grandes cidades.

Portanto, todos estes factores faziam com que mais gente fosse obrigada a rumar para as
cidades.

“O rápido crescimento dos centros urbanos revela-se hoje em dia um grande problema a nível
ambiental. O ritmo de crescimento dos centros urbanos é muito superior à capacidade e
previsão definida pelas autoridades. Vai-se acumulando na cidade uma população imigrante,
que se vai distribuindo ao acaso pelas camadas mais miseráveis e abandonadas, invadindo
propriedades alheias ou zonas com condições urbanas inadequadas, tantas vezes ligadas ao
centro da cidade. Isto deu lugar aos chamados bairros de caniço de Maputo, aos musseques
de Luanda, às bidonvilles das cidades francesas ou argelinas, às chabolas das cidades
espanholas, às favelas brasileiras, aos rancheros venezuelanos e aos bairros de lata de Lisboa”
(Victor F. M., 2012, p. 176).

São raras as cidades mundiais que não sofrem este tipo de transformações resultantes de um
crescimento anárquico e agressivo. São bairros marginais, onde para alguns começa o sucesso
na vida enquanto para outros representa o último escalão de uma descida dolorosa. São
subúrbios resultantes do crescimento descontrolado da cidade, assim como dos bairros
clandestinos que proliferam em áreas não urbanizadas da cidade e fora da alçada das
entidades públicas.

Hoje em dia, o crescimento das cidades pode resultar na formação de grandes aglomerados de
cidades que dependendo das suas características tomam os seguintes nomes:

Conurbação – conjunto urbano constituído por uma cidade principal e os seus


subúrbios, formando um único aglomerado urbano.
Metrópole – correspondem a grandes espaços urbanos (cidades muito grandes).
Geo9 – Urbanismo Sansão Jr.

Megalópole – são conjunto de metrópoles que se interligam e abrangem grandes


áreas.

Tipos de cidades

• Cidades expontâneas: as cidades emergem e se desenvolveram sem um planeamento


5
prévio, ou seja, expontaneamente. Nessas cidades as ruas são geralmente estreitas
dificultando a mobilidade e fluxo de pessoas e bens, além de outros inconvenientes.
As habitações são desordenadas, ou misturadas e não há espaço para a passagem de
automóveis, para a construção de escolas, jardins, campos de futebol, hospitais e
outras infraestruturas.
• Cidades planificadas: são aquelas constituídas a partir de um projecto ou plano
director discutido e analisado antes da sua execução. Nesse caso a cidade é
devidamente configurada. Apresenta ruas largas, espaços específicos para comércio,
espaços residenciais e outras actividades. Apesar do planeamento prévio que se faz
nas cidades planificadas, o crescimento acelerado não acompanha as previsões do
projecto.

Planta urbana

Planta urbana, é a descrição morfológica de uma cidade.

A diversidade de tipos de plantas urbanas depende de vários factores, entre os quais


destacamos:

• O passado histórico.
• O meio físico.
• A vontade (capricho) humana.

Tipos de plantas

1. Planta ortogonal: Este tipo de planta é fácil de traçar. Permite diversidade e rapidez
da construção e facilita o crescimento das cidades. Porém, tem as suas desvantagens.
Não é aplicável em áreas de relevo muito acidentado, dificulta a fluidez do transito,
pois possui sucessivos cruzamentos em ângulos rectos que retardam a marcha dos
veículos.
Geo9 – Urbanismo Sansão Jr.

2. Planta rediocêntrica: Este tipo de planta desenvolve-se a partir de uma praça onde
por vezes, se situa um monumento. A cidade se desenvolve em sucessivos anéis
concêntricos, muitas vezes delimitados por muralhas e mais recentemente por vias
circulares. A existência de anéis radicais, vai permitir um acesso mais fácil à área
cultural da cidade.

3. Planta irregular: Este tipo de planta é típico da maior parte das cidades europeias da
Idade Média, sobretudo nas áreas mediterrânicas. Possui ruas sinuosas e apresentam-
se normalmente estreitas.
Geo9 – Urbanismo Sansão Jr.

Taxa de urbanização

Taxa de urbanização é o número de pessoas que vivem ou residem em regiões urbanas por
cada 100 habitantes.

É possível calcular a taxa de urbanização através de uma fórmula já existente e que lhe
𝑻𝒐𝒕𝒂𝒍 𝒅𝒂 𝒑𝒐𝒑𝒖𝒍𝒂çã𝒐 𝒖𝒓𝒃𝒂𝒏𝒂 (𝑷𝑼) 7
apresentamos a seguir: Taxa de urbanização = 𝑷𝒐𝒑𝒖𝒍𝒂çã𝒐 𝒅𝒐 𝒑𝒂í𝒔 𝒐𝒖 𝒓𝒆𝒈𝒊ã𝒐 (𝑷𝑻) 𝒙 𝟏𝟎𝟎

Onde:

❖ Total da população urbana refere-se ao número total das pessoas que vivem na cidade.
❖ Total da população do país ou região é o total das pessoas que vivem no país ou
região em estudo.

Funções das cidades

“A cidade é um espaço onde se realizam diversas actividades. É local de habitação, local de


realização de diversas actividades económicas (indústria, comércio, etc.), local de serviços
(educação, saúde, entre outros). Em alguns casos encontramos cidades nas quais realizam-se
todas essas actividades, sobretudo as grandes cidades. Nestes casos, as grandes cidades, pela
multiplicidade de serviços que oferecem, acabam assumindo quase todas as funções urbanas.
Noutros casos, porém, existem cidades que se constituíram a partir de um certo interesse. Por
exemplo, um local turístico que aos poucos foi se urbanizando, criando uma cidade na qual o
turismo é a actividade dominante. Pode, igualmente, surgir uma universidade num certo lugar
que aos poucos atrai pessoas para a constituição de um centro urbano. Nestas situações
surgem cidades que, embora realizando diversas actividades, têm uma que é fundamental.
Assim, essa cidade que se dedica prioritariamente a um certo ramo de actividade, acaba tendo
como sua função principal, exatamente, essa actividade” (Sumbane, 1999, pp. 92 - 93).

Funções urbanas, correspondem ao tipo de actividades a que cada uma das cidades se
dedica. Deste modo, as cidades, em especial as grandes cidades, mesmo possuindo inúmeros
ramos de actividades, podem tomar as seguintes grandes funções:

1. Função de direcção e comando


a) Função política: esta função, normalmente, é desempenhada pelas cidades que
albergam os órgãos de soberania do Estado, sendo nelas que se concentram a
Geo9 – Urbanismo Sansão Jr.

Presidência, o Parlamento, os Ministérios, e outros órgãos do poder. Normalmente


esta função é desempenhada pelas cidades capitais de um estado ou país, sendo
onde se concentram e realizam as grandes actividades políticas e diplomáticas.
A cidade de Maputo, no nosso país, desempenha a função política, exatamente,
por ser capital de Moçambique.
8
b) Função financeira: refere-se às cidades nas quais se concentram o comércio, a
banca e os serviços financeiros. Estas cidades são centros de acumulação de
riqueza de um país. Na África do Sul por exemplo, a cidade de Johannesburg,
desempenha a função de capital económica do país, na medida em que é nela onde
se concentram os principais sectores da economia do país a começar pela indústria
mineira.
c) Função Directiva – Administrativa: refere-se as cidades com muitos serviços,
tais como saúde, educação, seguros e outros. É nestas cidades onde os escritórios,
os bancos, as sedes das grandes empresas industriais e comerciais se concentram.
Em muitos casos a função de direcção e comando, a nível político, financeiro e
administrativo concentra-se numa mesma cidade.
2. Funções de Produção e Comando
a) Função industrial: esta é a função principal das cidades modernas. Hoje, em
muitos países do mundo, muitas cidades aparecem ligadas a uma determinada
actividade de produção. Por exemplo, a exploração mineira, o fabrico de
automóveis e outras actividades industriais. Como exemplo de cidades que
desempenham a função industrial temos a cidade da Matola no nosso país e a
cidade de Manchester na Inglaterra.
b) Função Comercial: esta função é realizada por cidades especialmente viradas
para a actividade comercial. Elas servem de ponto de distribuição dos artigos que
são produzidos, ou que são importados. Como exemplo deste tipo de cidades,
temos a cidade de Londres na Inglaterra.
c) Função de Consumo: cidades que desempenham esta função caracterizam-se por
ter grandes quantidades de consumidores. Importam grandes quantidades de
produtos agrícolas, materiais de construção, energia e mais. As cidades com esta
função de consumo, são grandes poluidoras.
Geo9 – Urbanismo Sansão Jr.

3. Função de serviços
a) Função sanitária: consiste na especialização na prestação de serviços de saúde.
Normalmente as cidades com esta função possuem muitos estabelecimentos de
saúde, quer estatais quer privados, que asseguram as condições de saúde aos seus
habitantes.
9
b) Função de ensino e educação: esta função é exercida por cidades que concentram
um elevado número de instituições de ensino com destaque para o ensino
universitário. Para estas cidades deslocam-se vários estudantes de várias partes do
país para a sua formação académica. São cidades que exercem um papel artístico e
cultural, pelo facto de possuírem museus, casas de cultura, cinemas, centros de
recreio e outros. Como exemplo deste tipo de cidades, temos a cidade de Coimbra
em Portugal. Outras cidades são exemplo, Oxford, Cambridge, Montpellier,
Uppsala, Heidelberg, Pretória e Maputo em Moçambique.
c) Função de turismo: esta função é, em geral, realizada por cidades ricas em sol e
praia, fauna, neve e montanhas. A estas cidades deslocam-se muitas pessoas para
passar os seus tempos de lazer. Como exemplo deste tipo de cidades, temos a
cidade de Miami nos Estados Unidos da América e da cidade de Praia, em Cabo
Verde.
d) Função de Transporte: esta é uma função característica das cidades modernas,
cuja vida depende, em grande medida, dos meios de transporte. O fluxo de
pessoas que realizam migrações pendulares, isto é, o movimento diário das
cidades dormitórios para as cidades grandes (metrópoles) onde vão trabalhar e
depois regressam às suas casas. Esse movimento é feito de autocarros, carros
pessoais e comboios. Uma das grandes características destas cidades é a grande
concentração de pessoas nas terminais rodoviárias, ferroviárias, nos
entroncamentos do metropolitano e autocarros que se regista na hora de ponta.
4. Função religiosa

Esta função é atribuída a cidades que por razões históricas tornaram-se santuários
religiosos. A cidade de Fátima, lugar que se acredita ter aparecido a virgem Maria, em
Portugal, por exemplo, recebe no mês de Maio, todos os anos, milhões de peregrinos, que
viajam a pé de várias partes de dentro e de fora de Portugal para aquela cidade. Outros
Geo9 – Urbanismo Sansão Jr.

exemplos de cidades que desempenham a função religiosa são a de Meca, Vaticano e


Jerusalém.

A cidade como polo organizador do espaço

Segundo (Victor F. M., 2012, p. 184) “a cidade é por excelência o local onde ocorrem as
10
trocas materiais e espirituais. Estas trocas ocorrem, pois, por um lado a localização das
cidades permite e favorece a distribuição de produtos agrícolas, produção e distribuição de
produtos manufacturados e industriais, e por outro, devido ao consumo de bens e serviços
variados. Estas trocas materiais ligam-se às trocas espirituais, pois a cidade é igualmente a
sede do poder administrativo, por sua vez representativo do sistema económico, político e
social; as cidades são igualmente os locais privilegiados da função educativa e de actividades
recreativas, lúcidas e de lazer, que implicam público muito numeroso”.

Relação campo – cidade

• Atracção de imigrantes: resultante das migrações diárias ou pendulares (o vaivém


dos que trabalham na cidade e vivem no campo), e mesmo das migrações definitivas,
sobretudo dos jovens que tanto procuram emprego, saúde, educação e outros
atractivos que a cidade aparentemente oferece.
• Fluxo de comunicação: os fluxos de comunicação representados pela frequência de
transportes públicos (autocarro, comboios, barco, metro), de chamadas telefónicas,
distribuição de jornais diários, permitem uma ligação estreita entre a cidade e o
campo, diminuindo, por conseguinte, aparentemente, a distância entre estas duas
áreas.
• Influência sobre a agricultura: o campo fornece diariamente uma vasta gama de
produtos agrícolas diários, principalmente hortícolas, leite, mandioca, batata-doce,
lenha, frutos silvestres e outros. Por outro lado, a cidade é a fornecedora de materiais
manufacturados diversos, como instrumentos agrícolas, tractores, enxadas, catanas,
ancinhos e similares cuja utilidade revela-se importante para o incremento da
produção. A cidade é igualmente difusora de capitais e ideias. Finalmente, a
agricultura como produtora de matérias-primas reforça os laços de solidariedade entre
o campo e a cidade.
Geo9 – Urbanismo Sansão Jr.

• Influência comercial: a área da influência urbana verifica-se e avalia-se pelo poder


de fluxos comerciais que afastam na direcção do campo a partir das vendas a grosso e
a retalho através dos mercados, feiras e centros comerciais.
• Influência da cidade como pólo de emprego de serviços especializados: a cidade
pode oferecer oportunidades de emprego e especificamente de serviços especializados
11
aos cidadãos qualificados e acaba atraindo significativamente quer cidadãos das áreas
circunvizinhas, quer outros provenientes de regiões distantes destas, à procura de
emprego.
• Influência intelectual: as cidades oferecem as maiores e melhores oportunidades de
formação, ensino e educação devido à existência de escolas, sobretudo escolas de
nível universitário. Estes centros universitários exercem a sua influência para além
das fronteiras urbanas, constituindo pólos de atracção.
• Influência recreativa e cultural: devido à existência de cinemas, teatros, bibliotecas,
campos desportivos, a cidade torna-se um pólo de atracção para as populações rurais.
• Influência administrativa: a cidade actua como um local aglutinador de vários
serviços administrativos como notários, finanças, tribunais, que exercem uma
influência proporcional ao grau hierárquico das funções disponibilizadas e que
deixam o meio rural na sua dependência.
• Influência no estilo de vida rural: quando os citadinos passam férias ou fins-de-
semana no campo, estes são um poderoso meio de difusão de estilos de vida urbanos,
como por exemplo, a maneira de vestir, de falar, de comer, o que leva o habitante
rural a cobiçar o citadino, e daí tentar a sua sorte emigrando para a cidade. Outra
influência que daqui resulta é a alteração do estilo de vida e padrões culturais dos
habitantes do meio rural, o que concorre para a acumulação e homogeneização das
pessoas e dos estilos de vida ou dos valores culturais.

Planeamento urbano e sua importância

Planeamento urbano, é a acção de planear a construção, ou o crescimento de uma cidade.


Ao se planear uma cidade criam-se condições para que problemas como desordenamento
urbano, causadas pelo superpovoamento, sejam evitados, mediante a reserva de espaços para
acolher qualquer tipo de êxodo rural.
Geo9 – Urbanismo Sansão Jr.

Importância do planeamento urbano

O crescimento desordenado nas cidades origina vários problemas. Quando as cidades


evoluem sem o devido ordenamento, acabam transformando-se em verdadeiros palcos de
desordem.

12
A ausência de planeamento origina, nos centros urbanos, grandes dificuldades. As pessoas
constroem as suas casas em qualquer lugar, os automóveis não têm espaço suficiente para
circular, não há espaço para parques ou jardins, em suma, gera uma autêntica confusão.

Estas dificuldades típicas das cidades desordenadas, ou seja, não planificadas, despertam-nos
para a necessidade de um planeamento urbano.

O planeamento urbano constitui, portanto, uma necessidade com vista a evitar a desordem
característica das cidades não planificadas.

“A grande importância do planeamento urbano reside no facto de


prever futuro alastramento (crescimento) da cidade e, deste
modo, evitar que esse crescimento ocorra de uma forma
desorganizada” (Sumbane, 1999, p. 102).
Com a finalidade de evitar um crescimento desordenado da cidade, o planeamento urbano
deve ter em conta os seguintes aspectos:

Centros das cidades.


Dimensão das cidades.
Localização da indústria pesada.

Problemas das cidades

Os problemas das cidades surgem, sobretudo, devido a dois factores:

1. Organização interna das cidades


a) Invasão da indústria pesada – traz consigo muitas consequências dentre elas a
vinda de camiões pesados, o aumento da poluição e a degradação das vias de
acesso.
b) Construção desordenada de residências – faz com que uma cidade nasça sem
reserva de lugares públicos e lugares verdes, o que faz com que futuramente a
mesma fique sem infraestruturas públicas, nem arejamento.
Geo9 – Urbanismo Sansão Jr.

c) Construção desordenada de ruas – as ruas não obedecem as necessidades de


cada local. Por exemplo, podemos ter uma rua larga numa zona onde só existem
habitações e, portanto, só circulam carros pequenos e uma rua estreita numa zona
industrial onde movimentam camiões de carga e carros de transportes públicos.
Esta situação vai, com certeza, provocar subaproveitamento de algumas ruas e
13
criar constantes embaraços noutras.
2. Grande concentração populacional nas mesmas e o consequente superpovoamento.

Como resultado dos factores referidos surgem vários problemas, nomeadamente:

A. Problemas ambientais
O crescente número da população urbana é responsável por graves problemas de
poluição do meio, na medida em que a forte concentração populacional leva a:
• Incapacidade da rede de saneamento.
• Grande emissão de ruídos.
• grande emissão de gases nocivos à saúde humana.
• A falta de água potável.
B. Problemas sociais
O progressivo aumento da população das cidades tem um impacto negativo no tecido
social tais como:
• Muitas horas de viagem dos bairros residenciais ao local de trabalho,
visto que à medida que as pessoas vão afluindo à cidade, tende a se fixar em
zonas cada vez mais distante do centro da cidade, onde, normalmente,
trabalham.
• Falta de habitação – as habitações inicialmente construídas tornam-se
insuficientes para um número cada vez maior de habitantes.
• Destruição de laços familiares – a constante luta pela busca de meios de
subsistência leva a que as pessoas se visitem cada vez menos. Por vezes ao fim
de semana as pessoas realizam pequenos trabalhos (biscates) para obter mais
algum dinheiro.
• Desemprego, delinquência e criminalidade – uma parte das pessoas que
chega à cidade não conseguem emprego e são empurradas para a
marginalidade.
Geo9 – Urbanismo Sansão Jr.

Como resultado dos problemas atrás mencionados abre-se espaço para uma situação ainda
mais grave que é a insegurança social.

C. Problemas demográficos
Com o crescente afluxo às cidades, são inevitáveis problemas demográficos como os
seguintes: 14

• Superpovoamento.
• Aumento constante da natalidade.
• Crescente imigração.
D. Problemas económicos
Do contínuo aumento da população urbana advém problemas económicos diversos,
dos quais importa enumerar alguns:
• Escassez de recursos como água e habitação.
• A grande procura provoca o aumento dos preços.
• Grande falta de emprego.

Bibliografia

• Costa, D. G. (2006). Dicionário Breve de Geografia . Portugal, Lisboa: Editorial


Presença.

• Sumbane, S. A. (1999). Geografia 9a classe, Módulo 4. Maputo, Moçambique: IEDA.

• Victor, F. J. (2012). Geografia 12 - Pré Universitário. Moçambique, Maputo:


Longman Moçambique editores.

Você também pode gostar