1.2. A Lógica Proposicional
1.2. A Lógica Proposicional
1.2. A Lógica Proposicional
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Linguagem da lógica proposicional
A linguagem da lógica proposicional contem variáveis e símbolos que permitem formalizar a linguagem
natural em que são apresentados os raciocínios.
! variáveis proposicionais: letras de P a Z para substituir as proposições simples
! conectivas proposicionais: símbolos para substituir os termos que ligam as
proposições.
¬ não
∧ e
∨ ou
→ Se ... então
↔ Se e somente se
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que a sua ocorrência determina a ocorrência do consequente, enquanto o consequente, na medida em que
é dependente, é mais fraco. Assim, existem termos específicos na linguagem natural para expressar o
antecedente e o consequente da implicação.
Exemplo:
Antecedente – condição suficiente
Se o Benfica ganha, o Porto perde
Benfica ganha é antecedente – o indicador é “se”
Como o Benfica ganhou, o Porto perdeu
Benfica ganhou é antecedente – o indicador é “como”
O Porto perde, se o Benfica ganhar
Apesar de estar no fim da frase, Benfica ganha é antecedente – o indicador é “se”
Basta o Benfica ganhar para o Porto perder
Benfica ganhar é antecedente – o indicador é o “basta”
O Porto perde na condição do Benfica ganhar
Benfica ganhar é antecedente – o indicador é “na condição” que é sinónimo de “condição
suficiente”
No caso do Benfica ganhar, o Porto perde
Benfica ganhar é antecedente – o indicador é “no caso”
A condição suficiente para o Porto perder, é o Benfica ganhar
Benfica ganhar é antecedente – o indicador é o “condição suficiente”
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Tabela da dominância das conectivas
Para evitar o uso excessivo de parêntesis, Frege criou uma tabela que estabelece uma hierarquia entre as
conectivas de forma a sabermos se quando devemos usar os parêntesis. A dominância é a seguinte:
+ forte Equivalência
Implicação
Conjunção
Disjunção
- forte Negação
De acordo com esta tabela, sabemos que se temos uma proposição negativa e outra disjuntiva, e a
disjuntiva é a dominante, então não precisamos de colocar entre paêentesis a proposição negativa, mas se
a proposição dominante é negativa, então temos que colocar entre parêntesis a disjuntiva de forma a torná-
la mais fraca do que a negativa.
Exemplos:
Proposição disjuntiva é dominante: “Aristóteles é filosofo ou não escreveu o tratado de lógica”
Dicionário: P = Aristóteles é filosofo; Q = Aristóteles escreveu o tratado de lógica
Formalização: P∨¬Q
Proposição negativa é dominante:”Não é verdade que Aristóteles seja poeta ou campeão Olímpico.”
Dicionário: P = Aristóteles é poeta; Q = Aristóteles é campeão Olímpico
Formalização: ¬(P∨Q)
Outros exemplos:
(A) SE o desenvolvimento da lógica se deve a Aristóteles ou Platão, ENTÃO a lógica é uma disciplina
filosófica.
Neste caso, a proposição é condicional, sendo o antecedente da condicional uma proposição disjuntiva.
Como a implicação émais forte do que a disjunção, não é necessário colocar a proposição disjuntiva entre
parêntesis. Assim, a formalização correta da proposição:
Dicionário:
P = o desenvolvimento da lógica deve-se a Aristóteles
Q = o desenvolvimento da lógica deve-se a Platão,
R = a lógica é uma disciplina filosófica.
P∨Q→R
(B) A filosofia é importante OU se não é importante, então não deve ser obrigatória.
Neste caso, a proposição é disjuntiva, sendo o segundo disjunto uma proposição condicional. Como a
disjunção é mais fraca do que a implicação, torna-se necessário colocar a proposição condicional dentro de
parêntesis de forma a tornar a disjunção dominante. Assim, a formalização correta da proposição é:
Dicionário:
P = a filosofia é importante
Q = a filosofia é obrigatória
P∨(¬P→ ¬Q)
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Método para Formalização de Argumentos
Regras para formalizar argumentos:
1º - identificar premissas e conclusão recorrendo aos indicadores de premissa e conclusão
2º - colocar argumento na forma canónica
3º - simplificar as proposições de modo a facilitar a sua formalização
4º - proceder à sua formalização, apresentando o dicionário (NB: atenção à tradução das proposições
condicionais para não confundir o antecedente com o consequente)
Exemplo:
“Se os Estados forem solidários e puserem de lado eventuais animosidades e interesses
particulares, então as grandes questões que afetam todos os homens resolvem-se mais facilmente.
As questões que preocupam o mundo inteiro, são hoje em dia mais fáceis de resolver, porque se
tem verificado a tendência para os Estados se unirem, acabarem com as divergência e
desenvolverem vincados laços de solidariedade.”
1. Identificação de premissas e conclusão
Para formalizar corretamente o raciocínio, temos que identificar claramente as premissas e a conclusão.
Premissas e conclusão são introduzidas por termos, designados “indicadores”, que indicam se a
proposição é premissa ou conclusão. Os termos são os seguintes:
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2. Apresentação do raciocínio na forma canónica
Para apresentar na forma canónica temos que expor o raciocínio de acordo com as regras. Se o argumento
está na forma modus ponens, colocamos 1º a premissa condicional P→Q, depois a premissa que afirma o
antecedente e no fim a conclusão que afirma o consequente.
Assim ficamos:
Se os Estados forem solidários e puserem de lado eventuais animosidades e interesses particulares,
então as grandes questões que afetam todos os homens resolvem-se mais facilmente.
Tem-se verificado a tendência para os Estados se unirem, acabarem com as divergência e
desenvolverem vincados laços de solidariedade
LOGO, As questões que preocupam o mundo inteiro, são hoje em dia mais fáceis de resolver
3. Simplificação do raciocínio
Simplificar o raciocínio, é reduzir a diversidade à unidade; é suprimir a informação que se considera
desnecessária e que dificulta o reconhecimento imediato da estrutura lógica das proposições.
Assim, ficamos:
Se Estados forem solidários ..., então as grandes questões resolvem-se mais facilmente
Hoje os Estados são mais solidários ...
LOGO, hoje as grandes questões resolvem-se mais facilmente
4. Formalização do raciocínio
Dicionário
Para formalizar o raciocínio temos que construir um dicionário onde atribuímos uma letra proposicional a
cada verbo.
Assim, ficcamos:
P = estados são solidários
Q = grandes questões resolvem-se
Forma de apresentação do raciocínio
Existem três formas de apresentação do raciocínio:
1) proposições separadas
P→Q
P
∴Q
No caso de apresentarmos o raciocínio numa expressão e de uma das premissas ser condicional, como o
raciocínio se formaliza como uma proposição condicional, temos que recorrer aos parêntesis para indicar a
implicação principal. Neste caso, como a implicação entre premissas e conclusão é a principal, temos que
colocar entre parêntesis a premissa condicional.
Exemplo:
“Se o João tivesse positiva no último teste de matemática, então passava, e como teve, CONCLUI-SE
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que o João passou a matemática.”
Neste argumento temos duas implicações distintas:
- a implicação entre premissas e conclusão: ... conclui-se ...
- a implicação da premissa condicional Se o João tivesse positiva no último teste de matemática,
então passava
Como a implicação da premissa condicional é mais fraca, temos que a colocar entre parêntesis. Assim
ficamos:
(o João tem positiva no último teste de matemática → o João passa) ∧ o João teve positiva no
ultimo teste → João passou a matemática
Vejamos a formalização:
Dicionário:
P = o João passa a matemática; Q = O João tem positiva no ultimo teste
Formalização do raciocínio: (P→Q) ∧ P → Q
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IMPLICAÇÃO: P→Q é falsa quando o antecedente é verdadeiro e o consequente falso.
Uma implicação expressa uma relação de causa e efeito entre dois factos (ou verdades), o que significa que
a ocorrência (verdade) da causa constringe a ocorrência (verdade) do efeito, mas isso não implica que a
ocorrência do efeito constrinja a ocorrência da causa. É por esta razão que a causa é condição suficiente e
o efeito não. Isto quer dizer que basta a causa ocorrer para que o efeito aconteça, mas se o efeito ocorrer,
não é forçoso que a causa tenha ocorrido, até porque o efeito pode ter outras causas. Assim, se tiver que
estabelecer uma relação de implicação entre os objectos “omeleta/ovos”, colocaria a “omeleta” como causa
e não os “ovos”, uma vez que da ocorrência da “omeleta” concluo forçosamente a presença de “ovos”,
enquanto da presença de “ovos”, não concluo forçosamente a ocorrência de “omeleta”.
EQUIVALÊNCIA: P↔Q é verdadeira apenas quando os dois termos da equivalência têm o mesmo valor de
verdade, ou seja, quando ambos são verdadeiros ou ambos são falsos.
Uma equivalência expressa uma relação de dupla implicação, o que significa que da ocorrência de um facto
concluo a ocorrência do outro e vice versa. Assim, dois factos são equivalentes se qualquer um deles é
condição suficiente do outro.
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3º passo: interpretação da tabela de verdade: verificamos que o único caso em que temos todas as
premissas verdadeiras é na 2ª linha e que neste caso a conclusão é verdadeira. Com estes dados
concluímos que o raciocínio é válido, uma vez que pela definição de validade, um raciocínio é válido quando
de premissas verdadeiras nunca se tira conclusão falsa.
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A regra modus ponens pode encontrar-se sob as seguintes formas:
¬P → Q
¬P
∴Q
P → ¬Q
P
∴¬Q
¬P → ¬Q
¬P
∴¬Q
Os três casos acima apresentados são variantes da forma modus ponens, uma vez que em todos eles se
conclui a verdade do consequente duma proposição condicional, a partir da afirmação da verdade do
antecedente dessa mesma proposição. O facto do antecedente e/ou consequente estar(em) negado(s) não
altera a forma do raciocínio.
Modus tollens:
Trata-se de um raciocínio que afirma a falsidade do consequente de uma proposição condicional e daí
conclui a falsidade do antecedente dessa proposição.
A→B
¬B
∴¬A
A forma modus tollens pode encontrar-se sob as seguintes formas:
¬P → Q
¬Q
∴P (P = ¬¬P - logo, na conclusão, nega-se o antecedente)
P → ¬Q
Q (Q = ¬¬Q - logo, na premissa, nega-se o consequente)
∴¬P
¬P → ¬Q
Q (Q = ¬¬Q logo, está-se a negar o consequente)
∴P (P = ¬¬P logo, na conclusão, nega-se o antecedente)
Silogismo disjuntivo:
trata-se de um raciocínio que afirma a verdade de um dos termos de uma disjunção, a partir da afirmação
da falsidade de um dos outros termos da proposição disjunta.
A ∨B
¬A
∴B
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A forma do silogismo disjuntivo pode encontrar-se sob as seguintes formas:
¬P ∨Q
P
∴Q
P ∨¬Q
¬P
∴¬Q
¬P ∨¬Q
P
∴¬Q
Os três casos acima apresentados são variantes da forma do silogismo disjuntivo, uma vez que em todos
eles se conclui a verdade do segundo disjunto (Q), a partir da falsidade do primeiro (P).
Silogismo Hipotético
A→B
B→ C
∴A→C
Dupla Negação
A 𠪪 A
Contraposição
A→B≡¬B →A
FALÁCIAS FORMAIS
Existem várias falácias formais associadas à dedução, contudo as mais conhecidas são:
Afirmação do consequente:
Trata-se de um raciocínio que afirma a verdade do consequente de uma proposição condicional e conclui a
verdade do antecedente dessa mesma proposição. Neste caso, a conclusão não é contraditória com as
premissas, mas também não é uma consequência necessária, tornando o argumento contingente e inválido.
A→B
B
∴A
Tal como acontece no caso da regra modus ponens, também aqui existem variantes.
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Negação do Antecedente
A→B
¬A
∴¬B
Tal como acontece no caso da regra modus tollens, também aqui existem variantes.
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