AAgua Nos Acores 2015
AAgua Nos Acores 2015
AAgua Nos Acores 2015
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Índice Introdução ............................................................................. 2
1. Água ............................................................................... 3
A molécula da água................................................. 4
Estados físicos da água............................................ 4
A água no Planeta ................................................... 5
A água e os seres vivos............................................ 6
Gestão e distribuição de água potável ................... 8
2. Ciclo hidrológico ............................................................ 10
3. Alterações climáticas ..................................................... 12
4. Recursos hídricos ........................................................... 16
Águas superficiais ................................................... 17
Águas subterrâneas ................................................ 20
5. Instrumentos legais ....................................................... 22
6. Planeamento .................................................................. 24
7. Utilizadores da água ...................................................... 25
8. Monitorização da água .................................................. 26
Rede de monitorização da qualidade ..................... 26
Rede de monitorização da quantidade ................... 28
9. Poluição dos recursos hídricos ...................................... 30
10. Reabilitação dos sistemas hídricos ................................ 34
11. Limpeza de cursos de água ............................................ 36
12. Sistema de informação sobre a água ............................ 38
Curiosidades… ....................................................................... 40
Bibliografia ............................................................................ 42
Sites consultados .................................................................. 43
Introdução
A publicação sobre a água surgiu da necessidade de existir um compêndio que reúna a informação
básica relativa a esta temática, de fácil consulta e linguagem acessível.
O recurso água encontra-se sujeito a uma pressão crescente, por via da contínua procura de
quantidades suficientes de água em boa qualidade para fins múltiplos, e da degradação dos
ecossistemas aquáticos, terrestres e zonas húmidas diretamente dependentes dos meios
hídricos. Os Açores não são exceção justificando uma proteção e gestão integrada no domínio
dos recursos hídricos regionais.
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1. Água
A água, de um recurso
natural abundante e barato,
tornou-se num bem caro e
A água é um recurso muito precioso para a nossa
fundamental para a sobrevivência.
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A molécula da água
A água é uma substância química cujas
moléculas são formadas por dois átomos
de hidrogénio (H) covalentemente ligados
a um átomo de oxigénio (O), sendo a sua
fórmula química expressa por H2O.
Estados físicos
da água
A ÁGUA NOS AÇORES
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A água no Planeta
Cerca de 97,2% da água do
nosso planeta está presente
nos oceanos e mares, na
forma de água salgada,
sendo cerca de 2,8% de
água doce. Todavia, desta
pequena percentagem,
a sua maioria está retida
nos glaciares e calotas
polares. Apenas cerca de
0,63% de toda a água está
disponível para o consumo
humano, sendo encontrada
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A água e os seres vivos
A água é indispensável à vida de todos os organismos, pois desempenha diversas funções
essenciais: transporta substâncias indispensáveis à vida, mantém as células com o tamanho e
forma adequados, faz parte de todos os líquidos orgânicos (como sangue, urina, suor); regula a
temperatura do corpo.
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No caso do Homem em fase adulta, as necessidades diárias de água situam-se entre os 2 e 4
litros, que podem não só ser bebidos, mas ingeridos através dos alimentos. No corpo humano,
a quantidade de água representa, em média, cerca de 70% do seu peso. O sangue é composto
por 80% de água, os ossos por 20% e no cérebro essa percentagem sobe surpreendentemente
para os 70%.
Contudo, mais de 750 milhões de pessoas em todo o mundo (situação de referência de 2012)
ainda consomem água sem qualquer tipo de tratamento.
A ÁGUA NOS AÇORES
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A ÁGUA NOS AÇORES
Percentagem de população com acesso à água potável por país (2012)
sem dados 0% – 50% 50% – 75% 76% – 90% 90% – 100% (http://www.unicef.org)
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2. Ciclo hidrológico
A água na Terra distribui-se pelos oceanos, continentes e atmosfera, entre os quais circula
continuamente, ocorrendo nos três estados físicos da matéria (líquido, sólido e gasoso). A este
movimento, que resulta da ação da energia calorífica do Sol e da atração da gravidade terrestre,
chama-se ciclo da água ou ciclo hidrológico.
Apesar da água ter um comportamento cíclico, ao longo dos anos tem sofrido alterações
significativas pela ação do Homem, tornando-se num recurso esgotável.
Fonte: SIARAM
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A ÁGUA NOS AÇORES
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3. Alterações climáticas
As alterações do clima são acontecimentos naturais que ocorrem desde sempre. Contudo,
durante o último século as alterações registadas têm sido mais pronunciadas do que em qualquer
período registado até ao momento.
Uma das conclusões do relatório do IPCC (Intergovernmental Panel on Climate Change) de 1995
indica que estas alterações são resultado de intensas intervenções humanas sobre o meio natural
com repercussões no clima e que se refletem a uma escala regional e global.
Este organismo prevê que as temperaturas médias globais aumentem entre 1 e 3,5oC até 2100 e
que o nível médio das águas do mar aumente entre 15 e 95 cm.
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A vulnerabilidade das regiões insulares, como é o caso das ilhas dos Açores, às alterações
climáticas é elevada, particularmente no que se refere aos mecanismos climáticos que
determinam a hidrologia das ilhas, sector de importância vital e transversal a toda a sociedade,
economia e ecossistemas insulares, atendendo ao facto de ser o clima a única fonte natural de
água doce, condicionar os mecanismos relacionados com o seu retorno à atmosfera, regular em
larga medida as disponibilidades hídricas do solo, bem como a forma como a água escoa em
superfície ou se infiltra em profundidade contribuindo para as suas reservas.
Por outro lado, a subida do nível do mar, também ela consequência do clima e da sua evolução
futura, constituindo uma pressão circundante aos territórios insulares, revela-se como uma
séria ameaça aos recursos, ecossistemas e infraestruturas costeiras, bem como às populações e
territórios mais periféricos.
Fonte: SIARAM
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Outros fatores de igual relevância, designadamente os relacionados com a alteração dos regimes
sazonais das temperaturas, da precipitação e do aumento da concentração do CO atmosférico,
terão implicações nos mecanismos biológicos, designadamente através da alteração dos
ciclos fenológicos e acidificação oceânica, com implicações previsíveis nos ecossistemas e na
produtividade dos recursos em terra e no mar.
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4. Recursos hídricos
Os recursos hídricos compreendem as águas
e abrangem os respetivos leitos e margens,
zonas adjacentes, zonas de infiltração máxima
e zonas protegidas.
e de regime torrencial
ͻ Lagoas naturais
ͻ Águas de transição
ͻ Águas costeiras
ͻ Lagoas artificiais
 Águas subterrâneas, em
que fazem parte:
ͻ Aquíferos
ͻ Nascentes
ͻ Furos de Captação
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Águas superficiais
Define-se por leito de águas superficiais o terreno coberto pelas águas, quando não influenciadas
por cheias extraordinárias, inundações ou tempestades.
O leito é limitado pela “linha que corresponde à estrema dos terrenos que as águas cobrem em
condições de cheias médias, sem transbordar para o solo natural, habitualmente enxuto. Essa
linha é definida, conforme os casos, pela aresta ou crista superior do talude marginal ou pelo
alinhamento da aresta ou crista do talude molhado das motas, cômoros, valados, tapadas ou
muros marginais”.
O leito das águas do mar, bem como das demais águas sujeitas à influência das marés, é limitado
pela linha da máxima preia-mar de águas vivas equinociais.
A “margem” é a faixa de terreno contígua ou sobranceira à linha que limita o leito das águas com
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Como medir a margem dos recursos hídricos
A ÁGUA NOS AÇORES
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Casos excecionais de medição de margem
dos recursos hídricos
Quando tiver natureza de praia em extensão superior às acima indicadas, a margem estende-
se até onde o terreno apresentar tal natureza. Nas Regiões Autónomas, se a margem atingir
uma estrada regional ou municipal existente, a sua largura só se estende até essa via.
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Para assegurar a proteção das águas subterrâneas são estabelecidos perímetros de proteção
às captações de águas subterrâneas destinadas ao abastecimento público. Tratam-se de áreas
definidas na vizinhança das captações em que se estabelecem restrições de utilidade pública ao
uso e transformação do solo, em função das características pertinentes às formações geológicas,
que armazenam as águas subterrâneas exploradas pelas captações e dos caudais extraídos. As
restrições diminuem com o aumento da distância à captação.
Assim, são delimitadas três zonas de proteção às captações de água subterrânea que se destinam
ao abastecimento público: imediata (para todas as captações), intermédia e alargada, quando
estas abastecem aglomerados populacionais com mais de 500 habitantes, ou quando o caudal é
superior a 100 m3/dia.
ZPIntermédia
ZPImediata área exterior contígua
imediatamente junto da à ZPImediata, de forma a
captação de água subterrânea, eliminar ou reduzir focos de
ZPAlargada
área exterior contígua à ZPIntermédia, destinada
a proteger contra poluentes persistentes,
de difícil atenuação natural (compostos
orgânicos, substâncias radioativas, metais
pesados, hidrocarbonetos e nitratos).
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5. Instrumentos legais
No Arquipélago dos Açores, as políticas de planeamento e gestão dos recursos hídricos devem
refletir as especificidades usualmente associadas a espaços insulares periféricos, como a
fragmentação e descontinuidade territorial, o frágil equilíbrio biofísico e ainda a dependência
económica de setores produtivos pouco diversificados.
Assim, a conceção dos instrumentos de gestão e legais no domínio da água nos Açores tentam
cumprir as diretivas e normas comunitárias, com a sua transposição para o direito jurídico
nacional e regional, numa perspetiva de satisfazer as necessidades regionais e de salvaguarda
do recurso, bem como adequar soluções de otimização do recurso água distintas e devidamente
ajustadas à realidade “ilha”, enquanto unidade territorial marcada por condicionalismos próprios
que importa considerar.
A ÁGUA NOS AÇORES
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DIRETIVAS COMUNITÁRIAS
Diretiva sobre a proteção das águas subterrâneas
Diretiva Quadro da Água Diretiva Quadro Estratégia Marinha
contra a poluição e a deterioração
Diretiva com as normas de qualidade ambiental no domínio da política da água Diretiva relativa ao Tratamento das Águas Residuais Urbanas
Diretiva sobre as especificações técnicas para a análise e monitorização químicas do estado da água
Diretiva sobre as substâncias prioritárias no domínio da política da água
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6. Planeamento
O planeamento das águas obedece aos seguintes princípios específicos:
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7. Utilizadores da água
Todo e qualquer cidadão é um utilizador da água, a que assistem os seguintes deveres básicos:
2 – As águas são usadas de modo a evitar a criação de riscos ou de perigos para a sua integridade,
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8. Monitorização da água
A Região Hidrográfica dos Açores possui, atualmente, uma rede de monitorização do estado de
qualidade e uma rede de monitorização do estado de quantidade das massas de água relevantes
da Região. Os objetivos gerais destas redes de monitorização são fundamentar as opções
estratégicas no domínio do planeamento, gestão e proteção dos recursos hídricos.
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A monitorização da qualidade das massas de água superficiais e subterrâneas alicerça-se em 3
tipos de programas de monitorização:
ͻ a monitorização operacional, que visa determinar o estado das massas de águas identificadas
como estando em risco de não cumprimento dos objetivos ambientais e contempla,
posteriormente, a avaliação das alterações do estado dessas massas de água após a
implementação dos programas de medidas; e
Medíocre
Monitorização de investigação Medíocre
Mau
Superficial Subterrânea
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A rede de monitorização do estado de qualidade das massas de água interiores relevantes da
Região Hidrográfica dos Açores compreende atualmente 76 pontos de amostragem de águas
superficiais (ribeiras e lagoas) e 100 pontos de amostragem de águas subterrâneas (nascentes
e furos).
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ͻ Estações meteorológicas, nas quais se
medem as componentes atmosféricas do
ciclo hidrológico, entre elas, a velocidade e
direção do vento, evaporação, humidade,
precipitação, temperatura, nível de água e
a temperatura da água da tina.
ͻ Fontes de poluição difusa —onde não existe propriamente um foco definido de poluição.
A ÁGUA NOS AÇORES
Tópicas Tópicas
– Efluentes domésticos – Derrames acidentais industriais
– Descargas de águas residuais industriais
Difusas Difusas
– Agropecuária – Agropecuária
– Áreas sem rede de saneamento
– Intrusão salina
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Nos Açores, a poluição sobre os meios hídricos e as ações inadequadas nas respetivas bacias
hidrográficas tem vindo a acelerar o processo de eutrofização em algumas lagoas. Este fenómeno
é reconhecido como um problema que vem afetando, indiscriminadamente, meios aquáticos
naturais de todo o planeta.
Em zonas não urbanizadas, são as perdas de nutrientes a partir de terrenos agrícolas, devidas a
fenómenos de erosão e escorrências superficiais e sub-superficiais, que mais contribuem para a
eutrofização.
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O grau de eutrofização de uma massa de água pode ser caracterizada pelo seu estado trófico,
sendo classificada como:
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O processo de eutrofização nas lagoas dos Açores tem vindo a ser combatido com a aplicação de
medidas preventivas e/ou curativas, previstas em Planos de Ordenamento de Bacia Hidrográfica
de Lagoas, com o objetivo de eliminar os principais focos de poluição e requalificar os solos das
bacias hidrográficas, como forma de estabilizar e melhorar a qualidade da massa de água.
As lagoas da Região assumem especial relevância, uma vez que, para além do seu valor ambiental
como suportes de vida aquática e reservas estratégicas de água, têm um elevado valor cénico
que lhes confere uma grande importância sociocultural e turística.
1. Princípio da intervenção mínima - a estabilidade dos sistemas é tanto maior quanto mais
próximo do natural são as suas componentes e funções e quanto mais diversificados são os
sistemas integrantes e os seus reguladores.
2. Princípio da área mínima - qualquer sistema exige uma área mínima para poder evoluir de
uma forma equilibrada, gerando e amortecendo as perturbações associadas à variabilidade
intrínseca das funções e processos naturais.
A ÁGUA NOS AÇORES
Perfil caraterístico de
uma zona ripícola
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A reabilitação de recursos hídricos surge, regra geral, da necessidade de atingir os seguintes
objetivos:
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Os trabalhos de limpeza e desobstrução de cursos de água devem:
ͻ Ser realizados evitando o uso de meios mecânicos, do modo mais rápido e silencioso possível;
ͻ Atender a que o corte da vegetação nunca pode ser total, por forma a garantir a permanência
de vegetação ribeirinha ao longo das margens;
ͻ Permitir que, no final das intervenções, o material retirado possa ser separado e valorizado
para reutilização, reciclagem e/ou compostagem.
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12. Sistema de informação sobre a água
A gestão sustentável da água só poderá ser atingida com a participação ativa dos cidadãos,
ultrapassando-se o conceito tradicional do cidadão unicamente como utilizador, mas sim como
elemento participativo no processo de formulação de políticas integradas de gestão da água e
desenvolvimento regional. Para o efeito, existem diversos instrumentos informatizados de
divulgação e interação entre os intervenientes interessados nos vários domínios da água dos Açores.
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Registo de ocorrências
ambientais
 O tema água tem sido, desde sempre, uma fonte de inspiração de poetas e os escritores,
qualquer que seja a cultura ou posição geográfica na Terra, amplamente presente na literatura
internacional.
A ÁGUA NOS AÇORES
 Nos próximos 20 anos a quantidade média da água por cada habitante do mundo será 1/3
menor do que é hoje. Em 25 anos, 2/3 da população mundial viverá em países com “stress
hídrico”, ou seja menos 1700 m3 de água por pessoa.
 Cerca de 900 milhões de pessoas em todo o mundo não têm acesso a água potável, dos quais
125 milhões de crianças com menos de cinco anos vivem em lugares sem acesso a fontes
seguras de água potável.
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 Os primeiros animais que conseguiram viver fora de água,
tiveram que passar por um longo processo de adaptação. Um
dos primeiros vertebrados a consegui-lo foi o Ichthyostega.
Os cientistas descrevem-no como um «peixe com quatro
patas» porque tinha a cabeça, o corpo e a cauda de um
peixe. As quatro patas palmadas indicam que caminhava e
estava adaptado à vida terrestre, mas é provável que não
passasse muito tempo em terra firme. Tinha os movimentos
limitados pelas pequenas dimensões e pela rigidez dos
membros. Deslocava-se laboriosamente, içando-se sobre as
patas anteriores e arrastando as traseiras. As patas serviam
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Bibliografia
Administração da Região Hidrográfica do Centro, I.P – Normas para a limpeza de cursos de água
não navegáveis nem flutuáveis. Coimbra
Amorim, Luis. Intervenção em linhas de água – Contribuição para uma solução mais sustentável.
Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte.
Arizpe, Daniel; Mendes, Ana; Rabaça, João (2008). Sustainable Riparian Zones: A management
guide. Generalitat Valenciana.
Fernandes, João; Cruz, Carlos (2011). Limpeza e gestão de linhas de água – Volume III. EPAL-
Empresa Portuguesa das Águas Livres, S.A.
UNL/FCT/DCEA (2001-2008). Relatórios sobre o estudo da toxicidade nas lagoas dos Açores.
SRAM/DROTRH, Ponta Delgada.
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Sites consultados
ͻ Agência Portuguesa do Ambiente - http://www.apambiente.pt/
ͻ http://cienciahoje.uol.com.br/colunas/cacadores-de-fosseis/da-agua-para-a-terra
ͻ http://www.unicef.org
ͻ http://pt.wikipedia.org
ͻ http://seboeacervo.blogspot.pt/2011/03/escassez-de-agua-na-africa.html
ͻ http://www.ciclovivo.com.br
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Ficha técnica
Autoria:
Sandra Curvelo Mendes
Andrea Malcata
Dina Medeiros Pacheco
Ilustração:
Carlos Medeiros
Execução gráfica:
Nova Gráfica, Lda.
Depósito Legal:
390298/15
ISBN:
978-989-98731-1-7
Março de 2015
SECRETARIA REGIONAL DA AGRICULTURA E AMBIENTE
Direção Regional do Ambiente
Direção de Serviços de Recursos Hídricos e Ordenamento do Território