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4 - Resumo

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4 - Doenças dos Animais:

O conceito de Uma Só Saúde reconhece que a saúde humana está


intimamente ligada à saúde dos animais e ao meio ambiente, por exemplo,
a alimentação animal, a alimentação humana, a saúde animal e humana e
a contaminação ambiental estão intimamente ligadas. A monitorização,
vigilância e controlo de agentes infeciosos que podem cruzar espécies e
barreiras ambientais são imperativos.
Em linha com o conceito “Prevenir-Detetar-Responder”, o foco principal de
Uma Só Saúde é reforçar a colaboração entre instituições, melhorando a
cooperação transdisciplinar e integração de atividades por meio de Projetos
de Pesquisa Conjunta, Projetos Integrativos Conjuntos e através de
educação e formação nas áreas das Zoonoses Transmitidas por Alimentos
(FBZ), Resistência Antimicrobiana (RAM) e Ameaças Emergentes (ET).
O papel da DGAV no projeto Uma Só Saúde:
A DGAV intervém no projeto nacional, europeu e mundial da Uma Só Saúde
nas vertentes relacionadas com:
• a monitorização, vigilância e controlo das doenças nos animais de
companhia, produtores de géneros alimentícios e selvagens;
• a monitorização, vigilância e controlo das doenças transmitidas por
alimentos;
• a autorização e controlo pós autorização de medicamentos
veterinários, controlo da cadeia de comercialização e fabrico de
medicamentos veterinários, controlo da utilização de medicamentos.
• monitorização das vendas de antimicrobianos a animais.
A DGAV estabeleceu o Grupo de Trabalho de Uma Só Saúde (GT1SS)
que integra as diferentes áreas de atuação e gere os temas
associados à Uma Só Saúde.
Doenças de Declaração Obrigatória (DDO):
• Animais de Companhia
• Animais de Produção:
o Abelhas
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o Animais aquáticos
o Aves de Capoeira
o Bovinos
o Ovinos e caprinos
o Suínos
o Coelhos
o Equídeos
• Animais em Parques Zoológicos
• Animais em Quintas Pedagógicas
• Animais para fins Científicos
• Animais Selvagens

Saúde Animal em Bovinos


▸Doenças de Declaração Obrigatória
▸Doenças dos Bovinos
▸Planos Oficiais
▸Zoonoses – Doenças Transmissíveis ao Homem

Artigo 38.º do Regulamento (UE) 2016/429 do Parlamento Europeu e do


Conselho, de 9 de março:
QUAL É O OBJETIVO DESTE REGULAMENTO?
• O regulamento visa prevenir e controlar as doenças animais passíveis
de serem transmitidas a outros animais ou aos seres humanos.
• A lei da saúde animal faz parte de um pacote de medidas proposto
pela Comissão Europeia em maio de 2013 para reforçar a execução
das normas de saúde e segurança em toda a cadeia agroalimentar.

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PONTOS-CHAVE:
Este regulamento abrangente apoia os setores de produção animal e
alimentar da União Europeia (UE), bem como o mercado da UE associado a
estes setores, em matéria de sustentabilidade, competitividade,
crescimento e emprego. Substitui e alarga as regras da UE em vigor em
matéria de saúde animal, reunindo a maior parte das mesmas numa lei mais
simples que incentiva uma maior incidência nas principais prioridades de
combate à doença. Estas prioridades incluem:
• responsabilidades mais claras para agricultores (explorações
pecuárias, piscícolas e conquícolas) e outros intervenientes (por
exemplo, veterinários) em termos de deteção precoce, a fim de
prevenir graves focos de doença ou a sua transmissão, no intuito de
limitar os danos causados;
• administração simplificada no comércio internacional de
determinados animais vivos e produtos animais (como sémen, óvulos
e embriões);
• uma base jurídica mais clara e melhores ferramentas que permitam
às autoridades veterinárias combaterem doenças transmissíveis
potencialmente devastadoras, em especial no que diz respeito à
vigilância, ao diagnóstico e à notificação;
• mais flexibilidade no ajuste das regras às circunstâncias locais e a
questões emergentes, tais como as alterações climáticas e sociais;
• redução dos efeitos adversos na saúde animal e humana e no
ambiente.
Estabelece requisitos em matéria de:
• prevenção de doenças e preparação para eventuais focos (por
exemplo, medidas de biossegurança), nomeadamente a utilização de
instrumentos de diagnóstico, vacinação e tratamentos médicos;
• identificação e registo de animais e de determinados produtos de
origem animal (p. ex.: sémen, óvulos e embriões), bem como
certificação rastreabilidade das respetivas remessas;
• entrada de animais e produtos animais na UE e respetiva circulação
na UE;

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• controlo e erradicação de doenças, incluindo medidas de
emergência, nomeadamente restrições à circulação de animais,
occisão e vacinação.

Doenças de Declaração Obrigatória


As doenças dos animais de declaração obrigatória ( DDO) podem ser de
declaração a nível nacional, comunitário (UE) e/ ou internacional (OIE), de
acordo com as listas abaixo:
• Lista das DDO a Nível Nacional (abril 2015)
• Lista das DDO a Nível Comunitário UE
• Lista das DDO a Nível Internacional OIE

Doenças dos Bovinos


▸Brucelose Bovina
▸Dermatose nodular contagiosa
▸Encefalopatia espongiforme bovina
▸Febre Aftosa
▸IBR-BVD
▸Leucose Enzoótica Bovina
▸Língua Azul (Febre Catarral)
▸Peripneumonia contagiosa dos bovinos
▸Tuberculose Bovina
▸Vírus de Schmallenberg

Brucelose Bovina:
A Brucelose Bovina é uma doença contagiosa dos animais, que se transmite
naturalmente entre os animais, mas também dos animais ao homem,

22
assumindo por isso a designação de Zoonose. É causada por uma bactéria
de nome Brucella abortus.
Para além dos bovinos, a bactéria pode infetar outros animais domésticos
e também animais selvagens.
Nos humanos a brucelose é uma doença grave, com maior prevalência em
determinados grupos profissionais. Trabalhadores de matadouros, médicos
veterinários e tratadores de animais, integram grupos de risco, pela
exposição frequente ao contacto com a bactéria.
Por outro lado, o consumo de leite cru de animais infetados, ou queijo não
curado feito a partir desse leite, é também um fator de transmissão da
doença ao homem. Esta via de transmissão é no entanto evitada através do
consumo de leite devidamente pasteurizado, de queijo curado ou queijo
fresco feito de leite pasteurizado.
Constitui assim a brucelose bovina não só um problema de saúde animal,
mas também uma preocupação de saúde pública, em face da qual são
implementadas campanhas, que através da prevenção e controlo da
disseminação da doença conduzem à sua erradicação. As medidas
aplicáveis encontram-se formalizadas nos Programa de Erradicação. Estes
são elaborados anualmente e apresentados à apreciação e aprovação da
Comissão Europeia para cofinanciamento.
Brucelose Bovina – Legislação
LEGISLAÇÃO NACIONAL (http://dre.pt)
• Decreto-Lei n.º 244/2000, de 27 setembro de 2000.
• Decreto-Lei n.º 39:209, de 14 maio 1953. Adota medidas de combate
à brucelose e altera as normas relativas à classificação sanitária dos
efetivos bovinos, ovinos e caprinos e à classificação de áreas.
• Portaria n.º 178/2007, de 09 fev. Regulamenta o exercício das
competências ou atribuições das diferentes entidades que
participam na execução das intervenções sanitárias do Programa
Nacional de Saúde Animal bem como a modalidade de apoios do
Estado às ações executadas pelas organizações de produtores
pecuários e, ainda, o pagamento pelos criadores das ações
executadas pelos serviços oficiais

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• Decreto-Lei n.º 79/2011, de 20 de junho, transpõe a Diretiva n.º
2008/73/CE, do Conselho de 15 de julho.

Brucelose bovina – Manuais de procedimentos:


Manual de Apoio às Estratégias de Controlo da Brucelose Bovina e o
respetivo Anexo I – Modelo de Inquérito Epidemiológico do Manual de
Apoio às Estratégias de Controlo da Brucelose Bovina (Mod. 794/DGV) –
para uniformização dos procedimentos, no âmbito da erradicação da
doença.
Manual de apoio à implementação dos testes de pré-movimentação em
território nacional (PE TB BOV) – versão de agosto 2012 – aplica-se à
execução das normas técnicas estabelecidas nos Programas de Erradicação
da Brucelose e Tuberculose Bovinas, relativas à classificação sanitária de
efetivos.
Procedimento de colheita de material AC-LNR 03 de 2021-12-17 – com o
objetivo de fixar a metodologia de colheita e envio de amostras para
diagnóstico bacteriológico e/ou diagnóstico serológico da brucelose,
atualizado em articulação entre a DGAV e o INIAV. Guia de Boas Práticas
Higio-Sanitárias em Caça Maior – reveste-se de particular interesse dada a
expansão das populações de caça maior em território nacional, e tendo em
consideração que a brucelose afeta para além dos bovinos, também
aquelas populações. Nota explicativa – sobre o saneamento de Bovinos em
Explorações de Engorda.

Dermatose nodular contagiosa:

Em Portugal a Dermatose nodular contagiosa, nunca foi assinalada. Por se


tratar de uma doença pouco comum e uma vez que já foi reportada num
país da UE, torna-se importante conhecer a doença e estar atento à sua
evolução. Informação mais detalhada encontra-se na presente nota
informativa.
Devido à sua patogenicidade e grande capacidade de transmissão/difusão,
a dermatose nodular contagiosa integra a lista das doenças de declaração
obrigatória da Organização Mundial de Saúde Animal (OIE), pelo que o seu

24
aparecimento num país pressupõe restrições ao comércio de animais vivos,
sémen, couros, peles e leite.
No passado a dermatose nodular contagiosa era restrita à África subsariana
mas atualmente ocorre na maioria dos países africanos. A maioria dos
surtos recentes fora da África ocorreu no Médio Oriente em 2006 e 2007 e
nas Maurícias em 2008.
A dermatose nodular contagiosa surgiu na Europa, em Agosto de 2015, na
Grécia, progredindo depois para a Bulgária e estando atualmente presente
na maioria dos países do Sudeste Europeu.
Diagnóstico clínico:
Os sinais da dermatose nodular contagiosa podem variar de inaparentes até
doença grave:
• Febre pode ser superior a 41 °C e persistir durante 1 semana;
• Rinite, conjuntivite e salivação excessiva;
• Redução acentuada na produção de leite;
• Nódulos dolorosos de 2-5 cm de diâmetro que se desenvolvem em
todo o corpo, sobretudo na cabeça, pescoço, úbere e períneo entre
7 e 19 dias após a inoculação do vírus. Os nódulos envolvem a derme
e epiderme e inicialmente podem produzir exsudados. Nas 2
semanas seguintes, os nódulos podem vir a originar trombos
necróticos;
• Lesões vesiculosas podem desenvolver-se nas membranas mucosas
da boca e do trato alimentar, na traqueia e nos pulmões, resultando
em pneumonia primária e secundária;
• Depressão, anorexia, agalaxia e emaciação;
• Hipertrofia de todos os nódulos linfáticos superficiais;
• Os membros podem estar edematosos e o animal fica relutante em
mover-se;
• A descarga dos olhos e do nariz torna-se mucopurulenta, e pode
desenvolver-se queratite;
• Nódulos nas mucosas dos olhos, nariz, boca, reto, úbere e genitália,
que ulceram rapidamente - Todas as secreções contêm o vírus;
• As fêmeas prenhas podem abortar, e há relatos de fetos abortados
cobertos por nódulos;

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• Os touros podem tornar-se permanente ou temporariamente
inférteis por orquite e atrofia testicular, e o vírus pode ser excretado
no sémen durante vários meses. Pode ocorrer esterilidade
temporária nas vacas.
• A recuperação da infeção mais severa é lenta devido à emaciação,
pneumonia, mastite, e trombos necróticos, sujeitos a ataques de
moscas, produzindo buracos profundos na pele.
Profilaxia, controlo e erradicação:
Não há tratamento específico. Uma terapia antibiótica forte pode evitar
infeções secundárias.
Profilaxia sanitária:
Nos países indemnes Restrições à importação de gado, carcaças, couros,
peles e sémen.
Nos países infetados: Quarentena rigorosa para evitar a introdução de
animais infetados em efetivos indemnes.
Em caso de foco:
• Isolamento dos animais afetados e proibição da movimentação
animal  Abate e destruição de todos os animais doentes e
infetados (tanto quanto possível)
• Limpeza e desinfeção das instalações e utensílios
• Controle de vetores nas instalações e nos animais
• Controlo de vetores em navios e aeronaves
• Com a exceção da vacinação, geralmente as medidas de controlo
não são eficazes.

Encefalopatia espongiforme bovina:


A Encefalopatia Espongiforme Bovina (EEB), conhecida como BSE ou
doença das vacas loucas, é uma doença neurodegenerativa fatal, que,
como o próprio nome indica, provoca lesões esponjosas no cérebro e na
espinal-medula dos bovinos.

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A BSE pertence a um grupo de doenças designadas por priónicas, no qual
estão incluídas entre outras, no caso do Homem, a Doença de Creutzfeld-
Jakob (CJD) e o Kuru.
O agente que transmite a doença é designado por prião (do inglês
proteinaceus infectious particle), e trata-se de uma proteína celular (PrPc)
que a dado momento se pode modificar e tornar infeciosa (PrPsc).
Os bovinos infetados com BSE, manifestam alterações de comportamento
(excitação, depressão, apatia, nervosismo, atitudes repetitivas, medo,
agressividade), falta de coordenação motora (alterações de
posicionamento da cabeça, tremores, quedas, decúbito, paralisias) e uma
série de outros sintomas inespecíficos compatíveis com doenças do sistema
nervoso central.
O período de incubação é extremamente longo, em média 4–5 anos, e após
o aparecimento dos sintomas, a morte ocorre em poucos meses. Não
existe, até ao momento, qualquer tipo de tratamento.
O 1.º caso de BSE surgiu no Reino Unido em novembro de 1986.
Os bovinos ter-se-ão inicialmente infetado através do consumo de rações
contendo proteína animal (farinha de carne e osso) contaminada com o
agente responsável pela doença. As rações estariam infetadas porque,
como matéria-prima, teriam sido utilizados cérebros, espinal-medula,
intestinos, entre outros subprodutos, de animais infetados com priões
ocorrendo por isso a “reciclagem” do agente.
O Homem infeta-se através da ingestão de “Materiais de Risco Específico
(MRE)” - cérebro, olhos, intestinos, espinal medula, coluna vertebral e
gânglios das raízes dorsais infetados com o prião, ou através da ingestão de
alimentos que contenham parte destes materiais.
Por esta razão, a BSE é considerada a par de outras doenças, como
“Foodborne Disease” (Doença de origem alimentar), ou seja uma doença
que pode ser veiculada através da alimentação.
Apesar de ter sido inicialmente diagnosticada na Europa, a BSE encontra-se
espalhada por vários continentes.
A BSE é uma Doença de Declaração Obrigatória (DDO).

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Plano de vigilância, controlo e erradicação – Bovinos:
O plano assenta em duas vertentes principais, vigilância passiva e vigilância
ativa, seguindo as regras estabelecidas no Regulamento CE n.º 999/2001
de 22 de maio e suas alterações, existindo ainda a componente da
erradicação da doença.
No âmbito da Vigilância Passiva são testados bovinos suspeitos clínicos de
EEB/BSE (de qualquer idade).
No Âmbito da Vigilância Ativa são testados:
-Bovinos nascidos nos Estados-Membros contemplados na Decisão
n.º2009/719 de 28 de setembro na sua versão atual:
• Bovinos sujeitos a abate especial de emergência com mais de 48
meses;
• Bovinos com sintomas de doença (que não a BSE) com mais de 48
meses;
• Bovinos mortos na exploração / transporte/ abegoaria com mais de
48 meses.
-Bovinos nascidos noutros Estados-Membros e países terceiros:
• Bovinos saudáveis abatidos para consumo humano com mais de 30
meses;
• Bovinos sujeitos a abate especial de emergência com mais de 24
meses;
• Bovinos com sintomas de doença (que não a BSE) com mais de 24
meses;
• Bovinos mortos na exploração / transporte/ abegoaria com mais de
24 meses.
No contexto da erradicação são testados os bovinos coabitantes de risco,
com idade igual ou superior a 24 ou 48 meses (conforme aplicável).
Aos proprietários dos animais abatidos ou destruídos compulsivamente, no
âmbito dos planos de vigilância controlo e erradicação da EEB, são devidas
indemnizações calculadas em conformidade com o estipulado no Despacho
Conjunto n.º 530/2000 de 16 de maio, e no Despacho Conjunto n.º
88/2004.

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EEB/BSE em Portugal:
O primeiro caso de BSE, surgiu em Portugal em 1990 num
bovino proveniente do Reino Unido.
Só em 1994 se registou o primeiro caso num bovino de origem nacional,
com 9 anos.
Portugal cumpre, à semelhança dos demais Estados-Membros da U.E., com
o estipulado no Regulamento CE n.º 999/2001 de 22 de maio, na sua
redação atual em matéria de controlo e erradicação das Encefalopatias
Espongiformes Transmissíveis.
O primeiro caso positivo que surgiu num animal autóctone da Região
Autónoma dos Açores, ocorreu em 2002 num bovino com 9 anos. O último
caso de BSE ocorreu em novembro de 2014, num animal nascido em 1998,
antes da restrição ao uso das farinhas de origem animal na alimentação de
bovinos.
Em maio de 2008, Portugal foi reconhecido pelo OIE como país de risco
controlado.
Na sequência da candidatura apresentada ao OIE, Portugal obteve o
estatuto mais elevado para esta doença – país de risco negligenciável de
BSE – estatuto que foi reconhecido em maio de 2014, na 82.ª sessão do OIE
As medidas implementadas e o reconhecimento internacional obtido
consagram Portugal como um país que oferece garantias acrescidas
relativamente à segurança sanitária do consumo de carne produzida no
Território Nacional.

Febre Aftosa:
A febre aftosa é uma das doenças mais contagiosas dos bovinos, ovinos,
caprinos e suínos, afeta todas as espécies de biungulados tanto domésticos
como selvagens. Esta doença pode ter graves consequências económicas,
pois origina grandes perdas na produção e surge como principal entrave ao
comércio internacional dos animais e seus produtos. Este vírus não é
considerado um risco para saúde humana. Não existe tratamento para esta
doença e a vacinação está proibida em toda a União Europeia. Apenas é

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permita a vacinação de emergência contra a febre aftosa em caso de surto
após autorização da Comissão Europeia.
De acordo com a Comissão Europeia para o Controlo da Febre Aftosa
(EUFMD) ocorrem anualmente em média, 250 milhões de casos de Febre
Aftosa em todo o mundo e por conseguinte existe um risco diário de
introdução de FA nos países membros da União Europeia.
Situação em Portugal
A febre Aftosa está erradicada de Portugal desde o ano de 1984. A
vacinação contra a FA está proibida desde o ano de 1992.
Portugal é considerado país livre de Febre Aftosa sem vacinação, pela
Organização Mundial de Saúde Animal (OIE).
Agente causal
A febre aftosa é causa por um vírus do género Aphtovirus. Existem sete
serotipos distintos: O, A, C, SAT1, SAT2; SAT 3 e Ásia 1. A infeção ou a
vacinação com qualquer um dos serotipos não confere imunidade contra os
outros serotipos
Sobrevivência do vírus da febre aftosa
• Solo: no inverno 28 dias e no verão 3 dias
• Fezes secas:14 dias
• Chorume: no inverno 6 meses
• Palha e feno: 20 semanas
• Em edifícios contaminados: 1 ano
• Em roupa e rações: Até 3 meses
• Pêlos/peles: 1 mês
• Sémen congelado (-79oC): 1 mês
• Ossos não cozinhados: infeciosos por longos períodos
(especialmente em congelações rápidas)
• Carne maturada: não persiste devido à diminuição do pH
• Gânglios linfáticos, medula óssea: 120 dias a 4oC

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• Leite: 20 min à temperatura da pasteurização e 2,5 segundos a 148oC
Inativação do vírus:
• Variações de ph: sensível é rapidamente inativado por pH <6,0 ou>
9,0.
• Progressivamente inativado por temperaturas acima dos 50°C.
Aquecer a carne a uma temperatura interna mínima de 70 ° C por
pelo menos 30 minutos inativa o vírus
• Leite: 20 min à temperatura da pasteurização e 2,5 segundos a 148oC
Desinfetantes aprovados pela DGAV para a eliminação do vírus da febre
aftosa após limpeza cuidadosa
Transmissão:
•Por contato direto entre os animais infetados e os suscetíveis;
•Por contacto indireto por vetores vivos e inanimados, incluindo alimentos
para animais, camas, equipamentos, veículos, roupas que estiveram em
contato com secreções e excreções contaminadas (saliva, leite, fezes e
urina) de animais infetados
•Pela alimentação com restos de comida, como restos de carne, produtos
animais (leite e seus derivados, tripas, couro, peles, trofeus de caça, etc) de
animais infetados com o vírus da FA.
•Por disseminação pelo vento, sendo necessárias determinadas condições
climáticas como sejam velocidade do vento lenta e de constante
orientação, humidade relativa elevada (60%), luz solar fraca e ausência de
chuva intensa.
Período de incubação
•Pode variar entre 1 a 14 dias.
•O período de incubação mais provável é entre 2 a 5 dias

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Vacinação:
O uso de vacinas convencionais protege os animais da doença mas não
previne a infeção e consequentemente o estado de portador. A
Comunidade Europeia adotou desde 1990 a política de proibição da
vacinação profilática contra a Febre Aftosa.

IBR-BVD:
Rinotraqueíte Infecciosa Bovina – Diarreia Viral Bovina
A Norma de Certificação de IBR e BVD em Portugal foi desenvolvida pela
Direção Geral da Alimentação e Veterinária em colaboração com a
Produção.

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A IBR e a BVD, são duas doenças víricas dos bovinos.
Em Portugal existem alguns programas voluntários concebidos para a
certificação dos bovinos face a IBR e BVD, o primeiro em funcionamento
desde 2009.
Esta certificação vai permitir ao setor valorizar animais com elevado
estatuto sanitário no mercado comunitário e de exportação para países
terceiros. As explorações certificadas terão, em acréscimo, um aumentando
os rendimentos pela redução de perdas provocadas por estas doenças.
A adesão dos produtores de bovinos aos planos certificados permitirá a
evolução do controlo de IBR e de BVD, com vista à sua erradicação.

Leucose Enzoótica Bovina:


A Leucose Enzoótica Bovina, é uma doença dos bovinos adultos causada
pelo retrovírus, o vírus da Leucemia Bovina (VLB, BLV).
Os animais podem ser infetados em qualquer idade, incluindo na fase
embrionária.
A maioria das infeções é subclínica, mas uma proporção de bovinos (aprox.
30%) acima dos 3 anos pode desenvolver linfocitose persistente e uma
menor proporção desenvolver linfossarcomas (tumores) em vários órgãos
internos. Os sinais clínicos quando presentes, dependem dos órgãos
afetados.
Atualmente todas as regiões de Portugal, com exceção da Divisão de
Alimentação Veterinária (DAV) do Porto, estão reconhecidas pela Comissão
Europeia como regiões oficialmente indemnes de Leucose Enzoótica Bovina
(LEB). Nessas Regiões está implementado um programa de vigilância para
manutenção do estatuto.
Para que todo o país obtenha o estatuto de indemnidade à LEB, está em
curso um Programa de Erradicação para a DAV do Porto.

33
Lingua Azul (Febre Catarral Ovina):
A Língua azul é causada por um arbovírus da família Reoviridae, género
Orbivirus. Existem 24 serotipos antigénicos do vírus que não desenvolvem
imunidade cruzada entre si. A virulência varia com os serotipos do vírus.
Informação técnica:
A Língua Azul é uma doença viral, infeciosa não contagiosa, não
transmissível aos humanos. Existem 26 serotipos que se traduzem por 26
doenças diferentes sem imunidade cruzada entre elas.
A doença é habitualmente transmitida por insetos do género Culicoides,
que são os vetores biológicos.
Foram identificados na Europa nos últimos anos, vários serotipos de Língua
Azul, sendo que o mapa das zonas de restrição pode ser consultado no
Portal da Comissão Europeia.
A distribuição geográfica da Língua Azul depende da presença de certas
espécies de Culicoides (nomeadamente C. imicola, C. obsoletus, C.
pulicaris).
As Regiões Autónomas da Madeira e dos Açores são livres de língua azul.
MEDICAMENTOS E BIOCIDAS:
• Medicamentos com Avermectinas – Bovinos, Ovinos ou Caprinos
• Medicamentos contendo piretróides para espécies pecuárias
• Inseticidas autorizados para instalações contendo substâncias com
eficácia conhecida contra mosquitos do género Culicoides spa.

Peripneumonia contagiosa dos bovinos:


Portugal é um país indemne de Peripneumonia Contagiosa Bovina desde
2003, conforme certificado da Organização Mundial de Saúde Animal (OIE),
tendo o último caso ocorrido em 1999.
Informação técnica:
É uma doença contagiosa entre os bovinos, causada pelo Micoplasma
mycoides, subespécie mycoides.

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A doença não é transmissível ao Homem.
A transmissão ocorre principalmente através da inalação de aerossóis, mas
também pelo contacto com saliva, urina, membranas fetais e conteúdo
uterino de animais infetados.
A peripneumonia não apresenta sintomas típicos, podendo os animais
doentes mostrar febre, perda de apetite, dificuldade respiratória ou
diminuição da produção de leite.
Nos vitelos podem surgir edemas nas articulações, dificuldade em
manterem-se de pé e cheiro intenso das fezes.
Podem ainda existir animais afetados que não apresentam qualquer sinal.
A septicémia pode provocar extensas lesões supurativas nos pulmões,
pleura e pericárdio, assim como nos rins e placenta.
A doença pode atingir taxas de mortalidade de 50% dos animais, podendo
25% dos animais que recuperam tornar-se portadores.
Legislação:
Decreto-Lei n.º 179/98, de 3 julho -Aprova as medidas de luta contra a
Peripneumonia Contagiosa dos Bovinos.
Portaria n.º 430/98, de 25 julho-Aprova o Regulamento do Programa de
Erradicação da Peripneumonia Contagiosa dos Bovinos.

Tuberculose Bovina:
A tuberculose bovina é uma doença crónica dos animais, que se transmite
naturalmente entre os animais e dos animais ao homem, assumindo assim
a definição de zoonose.
É causada por uma bactéria, o Mycobacterium bovis, que possui marcadas
semelhanças com a bactéria causadora da tuberculose humana – ver mais
informação sobre tuberculose bovina.
Com o objetivo de uniformizar procedimentos no âmbito da erradicação
da tuberculose bovina, foram elaborados:
O Manual de Procedimentos de Intradermotuberculinização;

35
O Manual de Apoio ao Controlo e Erradicação da Tuberculose Bovina, e
respetivo Anexo I (Modelo 758/DGV)
Modelo de Inquérito Epidemiológico de Tuberculose Bovina;
Modelo 759/DGV Folha de Requisição de Análises para Amostras
recolhidas em Bovinos submetidos a Abate Sanitário;
Modelo 760/DGV Folha de Requisição de Análises para Amostras
recolhidas em Bovinos com Suspeita de Tuberculose detetada em
Matadouro.
Legislação nacional
Decreto-Lei nº 39 209, de 14 maio 1953
Decreto-Lei n.º 272/2000, de 8 novembro
Estabelece as normas técnicas de execução do Programa de Erradicação da
Tuberculose Bovina
Portaria n.º 178/2007, de 09 de fevereiro
Regulamenta o exercício das competências ou atribuições das diferentes
entidades que participam na execução das intervenções sanitárias do
Programa Nacional de Saúde Animal, bem como a modalidade de apoios do
Estado às ações executadas pelas Organizações de Produtores Pecuários
(OPP) e, ainda, o pagamento pelos criadores das ações executadas pelos
serviços oficiais.

Vírus de Schmallenberg:
O vírus Schmallenberg é transmitido através de um vetor, inseto
hematófago do género Cullicoides e de mosquitos.
A Comissão Europeia apresentou uma proposta de declaração, que foi
subscrita por todos os Estados-Membros, e se cita um parecer do
“European Centre of Prevention and Disease and Control (ECDC)”, que
considera que é pouco provável que este vírus possa infetar seres humanos.
A declaração refere ainda a importância do aumento da vigilância conjunta
por todos os Estados Membros, sendo previsível um possível aumento da
incidência da doença na próxima Primavera e Verão, atendendo à sua forma
de transmissão vetorial.

36
DIAGNÓSTICO
Diagnóstico clínico
A manifestação de sinais clínicos varia segundo as espécies: os bovinos
adultos têm manifestado formas leves ou agudas de doença durante a
época de atividade dos vetores enquanto as malformações congénitas têm
afetado mais espécies de ruminantes (à data: ovinos, bovinos, caprinos e
bisontes). Nalguns casos de explorações leiteiras de ovinos e bovinos
também foram notificadas diarreias.
Adultos (bovinos):
 Frequentemente subclínica, mas com alguns casos de doença aguda
durante a época de atividade dos vetores;
 Febre (>40°C)
 Deterioração do estado geral;
 Anorexia;
 Quebra da produção de leite (até mais de 50%);
 Diarreia;
 Recuperação em poucos dias, 2–3 semanas a nível do rebanho
Animais com malformações e fetos nados mortos (vitelos, borregos,
cabritos)
 Artrogripose – contraturas múltiplas das articulações, fraqueza muscular
e fibrose.
 Hidrocefalia - acumulação de líquido cefalorraquidiano no interior da
cavidade craniana
 Braquignatia inferior - encurtamento do maxilar inferior
 Anquilose - rigidez de articulação
 Torcicolo - contração, espástica ou não, de músculos do pescoço
 Escoliose - deformidade vertebral

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PROFILAXIA, CONTROLO E ERRADICAÇÃO:
Não existe, à data, nenhum tratamento específico ou vacina para o vírus de
Schmallenberg.

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