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Trabaho ANTICOCEPCIONAL

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CEFETNG

TECNICO EM ENFERMAGEM

TAIARA CRISTIAN SANTOS ANCELMO

METODOS CONTRACEPTIVOS

Professora Heloisa

BELO HORIZONTE-2023
METODOS CONTRACEPTIVOS

RESUMO: No Brasil, a prevalência do uso de contraceptivo é elevada, no


entanto, ainda há um percentual significativo de gravidezes indesejadas, abortos
provocados e mulheres que não querem mais ter filhos ou querem tê-los mais tarde,
porém não estão usando métodos contraceptivos. O uso de métodos contraceptivos é
reconhecido como a variável intermediária de maior importância na determinação dos
níveis de fecundidade. Em relação à assistência em anticoncepção no Brasil, na
Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde (PNDS) de 1996 o método contraceptivo por
laqueadura tubária representou 40% dos casos e a pílula anticoncepcional, 21%. A
maioria das mulheres submetidas à laqueadura se encontra dentro das classes de
menores índices de escolaridade e nível econômico. Estas taxas de prevalência do uso
de anticoncepcionais são similares àquelas dos países desenvolvidos. O objetivo desta
monografia é fazer uma revisão bibliográfica sobre os tipos de métodos contraceptivos
e o uso correto, indicações, contra-indicações e reversibilidade dos métodos
anticoncepcionais mais utilizados pelas mulheres jovens adultas na faixa etária de 20 a
39 anos. Foram revisadas as publicações mais relevantes do Medline, Lilacs e Scielo
sobre o tema e selecionados vários artigos originais em revisão não sistemática. As
informações referem-se ao período de 2000 a 2009.
Palavras-chave: Métodos Contraceptivos. Métodos Anticoncepcionais.
Preventivos Ginecológicos. Preservativos. Planejamento Familiar

1 – INTRODUÇÃO
A realidade da anticoncepção para a mulher brasileira tem suscitado
discussões diversas nos últimos anos, as quais envolvem desde aspectos
sociais – pois as mulheres estão inseridas em um quadro de desigualdade de
direitos, de oportunidades e de recursos financeiros – até aspectos políticos,
uma vez que os programas de atenção a sua saúde não estão efetivamente
implementados (BERQUÓ, et al., 2003). Desde a chamada revolução sexual, a
prática do sexo sem reservas vem acontecendo cada vez mais cedo entre os
jovens, independentemente da classe social, admitindo-se uma tendência
generalizada (PIROTTA & SCHOR, 2007). Entretanto a negligência na prática
da contracepção e da prevenção das doenças sexualmente transmissíveis tem
direcionado jovens adultas à exposição ao HIV/AIDS e às demais doenças
sexualmente transmissíveis, bem como à gravidez não planejada (AQUINO, et
al., 2008).
O conhecimento sobre métodos anticoncepcionais pode contribuir para que
as mulheres escolham o método mais adequado ao seu comportamento sexual
e às suas condições de saúde, bem como, utilizem o método escolhido de forma
correta. Assim, esse conhecimento deve estar relacionado à prevenção da
gravidez indesejada, do aborto provocado, da mortalidade materna e de outros
agravos à saúde relacionados à morbi-mortalidade reprodutiva (VIEIRA, et al.,
2002). Dentre os vários aspectos da saúde reprodutiva, a anticoncepção adquire
papel inigualável e seu uso de forma inadequada implica vários agravos à saúde
da mulher, como gravidez indesejada, gravidez na adolescência, abortamentos
ilegais e até mesmo aumento na mortalidade materna. Também não se podem
desprezar as conseqüências geradas por uma cesariana indicada às vezes
exclusivamente para se realizar uma laqueadura, o que implica potenciais riscos
de morbidade (física e psicológica) e até de mortalidade destas intervenções
sobre o processo de nascimento (MARTINS-COSTA & RAMOS, 2005). Dos 29
até os 35 anos de idade, a possibilidade de uma mulher engravidar é de
aproximadamente 85%, isto leva as mulheres nos casos de gravidez indesejada
e de abortos a procurarem opções contraceptivas de alta eficácia (PENTEADO,
et 7 al., 2001). Nos últimos vinte anos a prevalência de esterilização feminina
cresceu e atualmente é o método anticoncepcional mais prevalente entre as
mulheres em idade fértil, como mostrou o resultado da Pesquisa Nacional sobre
Demografia e Saúde (PNDS) feita no Brasil, onde 52,3% das mulheres são
esterilizadas (BEMFAM, 2003; PENTEADO, ET AL., 2001).
Os motivos principais para a realização da laqueadura foram o desejo de não
ter mais filhos, falta de condições de criá-los ou já ter o número ideal de filhos
(CARVALHO, et al., 2004). Estes dados revelam a preocupação feminina com
o número de filhos e o ônus que elas vêm carregando com relação à
responsabilidade pela concepção e pelo controle da fertilidade do casal. A um
só tempo, assinala o descaso das autoridades públicas que oferecem opções
limitadas às mulheres, levando-as a procurar a contracepção definitiva e por
meio de intervenção cirúrgica que é invasiva e de difícil reversão. A
compreensão de práticas sexuais e reprodutivas é importante elemento para
atuação junto a esse grupo (PERSONA, et al., 2007). Pode-se atuar mais
adequadamente na conscientização dos riscos para adquirir uma DST,
direcionando a prática sexual ao uso de medidas preventivas para doenças
sexualmente transmissíveis e para a gravidez indesejada. A prevenção da
gestação não planejada é fundamental, principalmente para jovens adultas
sexualmente ativas, que devem ser orientadas precocemente, uma vez que a
idade para início das relações sexuais está diminuindo cada vez mais, enquanto
estão aumentando o número de jovens grávidas. Promover o acesso a tais
informações e aos meios para a regulação da fecundidade é um dos aspectos
importantes do planejamento familiar, uma das ações do Programa de
Assistência Integral à Saúde da Mulher – PAISM, implantado em 1986 (OSIS,
2006). O conhecimento do preservativo atualmente chega a 100%,
principalmente entre jovens adultas. Porém, a sua utilização por este público,
ainda não é feita em 37% dos casos e, geralmente, entre pessoas com parceria
fixa há migração para o uso da pílula anticoncepcional. Ainda que a informação
e o conhecimento dos métodos contraceptivos sejam fundamentais para
orientar sobre seu uso, não são suficientes para mudar uma conduta para a
prática de sexo seguro (FIGUEIREDO et al., 2008).
Embora os métodos mais conhecidos sejam o anticoncepcional oral,
preservativo masculino, esterilização feminina, DIU e abstinência periódica, a
contracepção se restringe geralmente ao uso do anticoncepcional oral e da
esterilização feminina. Desse modo, a diversidade de métodos contraceptivos
contrasta com a dificuldade no acesso e limitada informação sobre a ampla
variedade de métodos anticoncepcionais existentes, indicando um
descompasso entre o que é proposto pelo programa de planejamento familiar e
aquilo que é efetivamente implementado (SOS CORPO, 2007).
A oferta de contraceptivos é uma forma importante que permite aos
programas de planejamento familiar e demais programas de saúde reprodutiva
melhorar a qualidade de seus serviços e atender melhor as necessidades da
clientela. A contracepção é necessária embora nenhum método
anticoncepcional seja 100% eficaz e poucas pessoas usam os métodos de
maneira perfeita cada vez que mantêm relação sexual. Uma pesquisa nacional
em 1996 revelou que a utilização de algum método anticoncepcional entre
mulheres em idade fértil foi de 76,7%, sendo que 55,4% estavam sexualmente
ativas e destas 27,3% estavam esterilizadas, 15,8% usavam anticoncepcional
oral, 4,3% usavam preservativo masculino e 8,0% outros métodos (injetáveis,
DIU, vasectomia e métodos naturais) (ESPIRITO-SANTO & TAVARESNETO,
2004).
Tal aumento do uso de preservativo se deve à disseminação da ameaça da
AIDS e da propagação de campanhas e programas preventivos, além da
visualização do preservativo como uma opção contraceptiva possível, como se
observa entre adolescentes (FIGUEIREDO, et al., 2008).
Alguns estudos identificam os métodos anticoncepcionais que a população
conhece, mas não detalha o conhecimento sobre como utilizá-los e as
contraindicações de cada método. Nesse contexto, a prevalência de
conhecimento de 9 algum método anticoncepcional encontrada no Brasil é
elevada, acima de 80,0% (SCHOR, et al., 2000). Neste sentido, este trabalho
justifica-se uma vez que o esclarecimento quanto aos métodos oferecidos é
inerente às atividades realizadas pelos profissionais de saúde no contexto do
PSF, e de certa forma poderá contribuir para melhor qualidade de vida deste
grupo em particular. O objetivo desta monografia é fazer uma revisão
bibliográfica sobre os tipos de métodos contraceptivos e o uso correto,
indicações, contra-indicações e reversibilidade dos métodos anticoncepcionais
mais utilizados pelas mulheres jovens adultas na faixa etária de 20 a 39 anos.
10 2 OBJETIVO Fazer uma revisão bibliográfica acerca dos tipos de métodos
contraceptivos e o uso correto, indicações, contra-indicações e reversibilidade
dos métodos anticoncepcionais mais utilizados pelas mulheres jovens adultas
na faixa etária de 20 a 39 anos.
METODOLOGIA
A metodologia adotada foi à revisão bibliográfica eletrônica e sistemática de
artigos científicos publicados e à análise dos textos, compilando dados das
opiniões de diversos autores para análise de estudos relacionados aos métodos
contraceptivos e sua utilização pelas mulheres jovens adultas na faixa etária de
20 a 39 anos. O trabalho abordou dentro outros tópicos, cada método
contraceptivo, principais efeitos colaterais, complicações e utilização correta.
Foram utilizadas as bases de dados Lilacs, Scielo e Medline, e identificados
artigos publicados no período compreendido entre 2000 e 2009, que analisavam
informações mais relevantes para esta revisão. Também foram consultados
sites de órgãos governamentais específicos na utilização e divulgação, como
Ministério da Saúde, SUS, Secretaria Estadual e Municipal de Saúde dentre
outros e autores especialistas na doença e prevenção da mesma. As palavras-
chave utilizadas para a busca foram: métodos contraceptivos, métodos
anticoncepcionais, preventivos e preservativos. Os idiomas considerados foram
o português e o inglês, porém, o objetivo enfocado é relativo ao Brasil. O critério
de inclusão foi selecionar artigos e estudos que fizessem alusão aos métodos
contraceptivos, efeitos colaterais, complicações e a utilização dos mesmos, por
mulheres jovens adultas na faixa etária de 20 a 39 anos.
4 REVISÃO DA LITERATURA
Políticas públicas voltadas para o Planejamento Familiar No Brasil, desde a
implantação do Programa de Assistência Integral à Saúde da Mulher (PAISM),
a partir de 1984, tem havido a preocupação de melhorar a qualidade da atenção
em planejamento familiar. Isto levou vários serviços públicos de saúde a
oferecerem, pelo menos uma ação educativa às mulheres que os procuram para
solicitar métodos anticoncepcionais (COSTA, 2002). Em 1996, um projeto de lei
aprovado pelo Congresso Nacional (Lei 9.263), sancionado pela Presidência da
República, regulamentou o planejamento familiar. Formalmente, esta lei
democratiza o acesso aos meios contraceptivos nos serviços públicos de saúde,
assim como regulamenta essa prática na rede privada, sob controle do SUS
(BRASIL, 2002). A oferta de métodos contraceptivos aliada ao
acompanhamento médico com garantia de escolha informada no contexto maior
da saúde reprodutiva foi contemplado pelo Programa de Assistência Integral à
Saúde da Mulher (PAISM), lançado, em 1983, pelo Ministério da Saúde (OSIS,
2006). Em 2001, a última Norma Operacional de Assistência à Saúde (NOAS-
2001) do Ministério da Saúde colocou a assistência em planejamento familiar
entre as ações mínimas que devem ser implementadas em todos os municípios
(MS, 2002). A decisão na escolha dos vários métodos contraceptivos passa pela
análise das vantagens e desvantagens de cada técnica. Devem ser explicados
e entendidos de forma que o indivíduo faça a opção mais adequada. Analisando
o uso de métodos por faixa etária no Estado de São Paulo, Viera (2001)
observou que parece existir um padrão: a partir dos 30 anos, ou um pouco antes,
as mulheres trocam o uso da pílula pela esterilização. Esse padrão não difere
do Brasil, com o uso predominante de pílula até um pouco antes dos 30 anos,
seguido pela esterilização feminina (BERQUÓ, 2004).
Embasados em premissas como essas, muito se tem reivindicado que os
programas voltados à regulação da fecundidade, ao planejamento familiar,
incluam sempre um componente educativo, muitas vezes chamado de ação
educativa, 13 visando a dar subsídios às pessoas para escolherem de forma
livre e informada qual contraceptivo usar (DÍAZ & DÍAZ, 2000). Para autores
como Barroso (1988) e Giffin (1999) a esterilização feminina ocupou o espaço
de outros anticoncepcionais não disponíveis, assim como informações sobre
reprodução humana e métodos anticoncepcionais.
Outros autores como Osis (1998) e Vieira (2004), ressaltaram a esterilização
como conseqüência da história reprodutiva das mulheres. Desde os tempos
antigos, a maior preocupação com o uso de métodos anticoncepcionais – das
receitas dos gregos antigos à eficiente pílula anticoncepcional atual – sempre
foi da mulher, dado que sobre ela cai o peso de gestações sucessivas cujos
efeitos refletem no desgaste não só do corpo como também de sua saúde e
sentimentos. O uso de métodos anticoncepcionais está, com freqüência,
associado ao comportamento da fecundidade. Estudo realizado em Campinas
mostrou que mais de um terço (35,6%) das mulheres esterilizadas tinha tido o
primeiro filho antes dos 19 anos, comparadas a 21% das mulheres não-
esterilizadas. Ter tido falha de método, em particular com a pílula, e ter iniciado
a vida reprodutiva cedo favoreceram submeter-se jovem à esterilização
(HARDY, et al., 2003). Análise das atitudes de mulheres em relação à
contracepção sugere fortemente que elas estão relacionadas ao uso anterior de
métodos contraceptivos, em particular à falha de pílula e seus efeitos colaterais
(VIEIRA, 2004). Historicamente, as diversas pesquisas e análises empíricas
sobre a fecundidade não têm modificado sua perspectiva, e tendem a considerar
os comportamentos femininos, associados às variáveis sociais, econômicas,
demográficas ou culturais, como resposta mecânica e imediata
descontextualizada, que nos leva a pensar que o controle de natalidade, seja
somente para impedir a fecundidade.
Programa de Assistência Integral a Saúde da Mulher (PAISM) Em 1983, o
Ministério da Saúde elaborou o Programa de Assistência Integral à Saúde da
Mulher (PAISM), marcando, sobretudo, uma ruptura conceitual com os 14
princípios norteadores da política de saúde das mulheres e os critérios para
eleição de prioridades neste campo (COSTA, 2002).
O PAISM surgiu com base no conceito de Atenção Integral à Saúde da
Mulher – AISM, como proposta inovadora que rompia com a visão tradicional,
passando a privilegiar a mulher no atendimento das questões ligadas à
reprodução, uma vez que os programas de atenção à saúde da mulher no país
eram voltados para o grupo materno-infantil, focando as condições de gestação
e do parto para garantir filhos sadios (OSIS, 2006). O processo de implantação
e implementação do PAISM apresenta especificidades no período de 84 a 89 e
na década de 90, sendo influenciado, a partir da proposição do SUS, pelas
características da nova política de saúde, pelo processo de municipalização e
principalmente pela reorganização da atenção básica, por meio da estratégia do
Programa Saúde da Família. Destaca-se o significado social do PAISM, assim
como sua singularidade enquanto proposta de mudança na maneira como até
então a saúde das mulheres era tratada. Entretanto, apesar de relevante, esta
proposta não tem impedido que “[...] a quase totalidade das iniciativas
relacionadas à saúde das mulheres tem se caracterizado por manipular seus
corpos e suas vidas, visando objetivos outros que não seu bem-estar” (BRASIL,
2004, p.33). O PAISM, regulamentado em 1986, resultou do esforço de
profissionais da saúde, do movimento de mulheres e dos técnicos do próprio
Ministério da Saúde, no sentido de preconizar ações que ampliassem
significativamente o atendimento à saúde da mulher. O programa incorporou
como princípios e diretrizes as propostas de descentralização, hierarquização e
regionalização dos serviços, bem como a integralidade e a eqüidade da
atenção, num período em que, paralelamente, no âmbito do Movimento
Sanitário, se concebia o arcabouço conceitual que embasaria a formulação do
Sistema Único de Saúde (SUS). O SUS vem sendo implementado com base
nos princípios e diretrizes contidos na legislação básica: Constituição de 1988,
Lei n.º 8.080 e Lei n.º 8.142, Normas Operacionais Básicas (NOB) e Normas
Operacionais de Assistência à Saúde (NOAS), editadas pelo Ministério da
Saúde (OSIS, 2006). Sob essa óptica, a atenção à mulher deveria ser integral,
podendo contar com exames para detectar 15 câncer cérvico-uterino e de
mama, controle de DST, assim como assistência para o planejamento familiar,
que inclui tanto a infertilidade como a contracepção. O PAISM incluiu ações
educativas, preventivas, de diagnóstico, tratamento e recuperação, englobando
a assistência à mulher em clínica ginecológica, no prénatal, parto e puerpério,
no climatério, em planejamento familiar, DST, câncer de colo de útero e de
mama, além de outras necessidades identificadas a partir do perfil populacional
das mulheres (COSTA, 2002). Um dos objetivos do PAISM é desenvolver
atividades de regulação da fertilidade humana, implementando métodos e
técnicas de planejamento familiar, diagnosticando e corrigindo estados de
infertilidade (BRASIL, 2004). A liberdade de escolha é fundamental na área da
regulação da fecundidade, sendo que, para optar por um método contraceptivo
de forma livre e informada, as mulheres precisam conhecer e ter acesso a
esses. O PAISM enfatiza que, seja qual for a metodologia utilizada, é de
fundamental importância que as práticas educativas tenham caráter
participativo, permitindo a troca de informações e experiências, baseadas na
vivência de cada indivíduo do grupo. A linguagem utilizada pelo profissional de
saúde deve ser sempre acessível, simples e precisa (BRASIL, 2004). Estudos
realizados para avaliar os estágios de implementação da política de saúde da
mulher demonstram a existência de dificuldades na implantação dessas ações
e, embora não se tenha um panorama abrangente da situação em todos os
municípios, pode-se afirmar que a maioria enfrenta ainda dificuldades políticas,
técnicas e administrativas
Planejamento familiar Direitos reprodutivos são os direitos das mulheres de
regular a sua própria sexualidade e capacidade reprodutiva, bem como de exigir
que os homens assumam a responsabilidade pelas conseqüências do exercício
de sua própria sexualidade (AZEREDO & STOLCKE, 2001).
Nos últimos anos, o planejamento familiar no Brasil evoluiu muito. Até o final
dos anos 70, ele era imposto de fora para dentro do País, com poucas opções
para 16 a mulher ou o casal. Apenas dois métodos eram normalmente
utilizados: a pílula e a esterilização feminina. Quem não desejasse usar nenhum
deles ficava sem alternativa. Hoje, as coisas estão mudando e o casal pode
escolher entre os vários métodos existentes: naturais, de barreira, hormonais,
DIU e esterilização. A lei de Planejamento Familiar - que regulamenta o artigo
226 da Constituição Federal de 1988 - data de 1996, e prevê a oferta de um
amplo leque de contraceptivos, a serem escolhidos com a orientação adequada
e de acordo com a necessidade da pessoa interessada (HIRATA, 2004). A não
implantação desta política e um sistema falho de distribuição dos métodos
contraceptivos pelo Sistema Único de Saúde (SUS) fazem com que, quase 20
anos depois da Constituição e uma década depois da promulgação da lei, a
questão do planejamento familiar (PF) ainda seja um problema (SOARES, et al,
2007). A consagração do direito da lei do PF está explicitada no §7º do Art. 226
da Constituição Federal de 1988 (BRASIL, 2002a).
No documento, estão estabelecidas as diretrizes a serem obedecidas pelo
legislador ordinário, que não deve vincular direito e acesso aos serviços de
planejamento familiar às políticas de controle demográfico. Entre essas
diretrizes figuram claramente, a liberdade de decisão do casal e a
responsabilidade do Estado em prover recursos educacionais e científicos para
o exercício desse direito. A regulamentação do direito constitucional se deu pela
Lei n. 9263 de 12 de janeiro de 1996 (BRASIL, 1996-2002b) representando um
avanço na implementação do PAISM pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Na
década de 1960, no Brasil, o programa de PF inicia-se atrelado à política de
controle da natalidade. Nesta mesma década, o movimento feminista ressurge
como um movimento político organizado que passa a influenciar nos rumos que
o debate sobre o PF viria a tomar. Fundado nos princípios da dignidade da
pessoa humana e da paternidade responsável, o PF é livre decisão do casal,
competindo ao Estado proporcionar recursos educacionais e científicos para o
exercício desse direito, vedada qualquer forma coercitiva por parte de
instituições oficiais ou privadas (CONSTITUIÇÃO BRASILEIRA, 1988 / BRASIL,
2002a).
A política do PF desenvolvida pelo Governo Federal prevê a oferta na rede
pública de anticoncepcionais, a redução de preço nas farmácias populares, de
17 serviços para esterilização voluntária e os voltados à reprodução assistida
para casais com dificuldades de ter filhos, o direito de ter filho quando, como,
onde e com quem quiser. No entanto o programa ainda não atende
adequadamente as necessidades das mulheres ou de seus familiares
(MORAES, 2003). A partir de 1974 evidenciou-se um novo discurso e o governo
brasileiro assumiu oficialmente o Planejamento Familiar como direito da
população. Em 1983, o surgimento do PAISM, antecipou uma mudança de
postura posteriormente contemplada pelo SUS, objetivando a integralidade da
atenção, universalidade do atendimento, a regionalização dos serviços, a
garantia de referência e contrareferência e a descentralização da gestão
(SOBRINHO, 2003). O programa de PF do Ministério da Saúde é avançado para
os padrões vigentes, mas ainda é necessário avançar em alguns debates como
o direito da mulher sobre o próprio corpo, discutindo, a necessidade da
autorização do marido numa intervenção cirúrgica de laqueadura. O papel da
mulher na sociedade e a bipolarização de seu trabalho são apenas a borda de
um problema maior que deve ser enfrentado pelas mulheres e pela sociedade
(CAPPELLIN, 2007).
O PAISM fruto de reivindicações dos movimentos sociais representa um
conjunto de diretrizes norteadoras para a reorganização da assistência à
mulher, tendo a perspectiva da integralidade e a crítica a medicalização como
eixos estruturantes da atenção à saúde da mulher. Assim, a regulação da
fertilidade passa a ser tratada como um direito fundamental das mulheres e dos
homens (SOBRINHO, 2003). Os elementos fundamentais na qualidade de
atenção são: escolha livre de métodos, informação completa para os usuários,
competência técnica de quem dispensa os métodos, boa relação usuário-
serviço, acompanhamento adequado e a integração do planejamento familiar
ao atendimento em saúde reprodutiva. A ambigüidade do governo brasileiro em
relação ao planejamento familiar é discutida por Rocha (2003), segundo a qual
a posição de cautela do governo em relação à política social de controle da
fecundidade convivia com a posição permissiva acerca da atuação de entidades
privadas. Na prática o PF se restringia à distribuição de preservativos e outros
contraceptivos e ainda está focado na responsabilização da mulher, o espaço
do cuidado e da família ainda é visto como de responsabilidade exclusiva da
mulher, assim como a educação e a cultura da continuidade da relação de
gênero, onde o 18 homem é o mantenedor e aquele que decide e a mulher é o
ator que serve e obedece. Para que o PF seja considerado efetivo ele deve
disponibilizar o acesso aos métodos e práticas que garantam às mulheres e aos
homens o direito de ter ou não ter filhos, o acompanhamento clínico-
ginecológico e ações educativas que permitam escolhas conscientes. No que
se refere à contracepção, deve disponibilizar para mulheres e homens, todos os
métodos anticoncepcionais que o Ministério da Saúde recomenda (BRASIL,
2002b). O PF foi definido na Carta Magna, como o livre arbítrio das pessoas
envolvidas. Com o propósito de garantir autonomia na escolha dos métodos e
do controle da fertilidade, são valorizadas as práticas de educação em saúde e
sexualidade, entendidas como instrumentos disseminadores de informações
para fortalecimento da autonomia. O Programa recomenda ainda que se ofereça
o conjunto de tecnologias disponíveis para a anticoncepção e que a atenção ao
PF seja realizada no contexto da atenção à saúde, portanto sob as diretrizes do
princípio da integralidade da saúde (COSTA, 2002). O Planejamento Familiar
se propõe a inserir o homem, o parceiro, no processo, incentivando sua
participação através da vasectomia, mas na prática não discute sua importância
na formulação das estratégias familiares, não fala do papel fundamental deste
no uso de preservativo masculino e principalmente da sua importância em seus
momentos decisórios, como realizar ou não um aborto, apesar de o parceiro ser,
na maioria das vezes, o agente estimulador da interrupção da gravidez
(HIRATA, 2004). A prática desvirtuada do PF, centrada na falta de informação
e na indução da escolha contraceptiva reforça a assistência clínica inadequada
e tem representado um sério problema para a autodeterminação das mulheres
e fere os direitos reprodutivos.
Esta questão, associada à crescente desvinculação entre sexualidade e
reprodução, bem como o desgaste das mulheres na busca da regulação da sua
fertilidade, sem a participação dos seus parceiros e em contextos de extrema
pobreza, tem caracterizado o processo de controle da fecundidade no Brasil
como um caso de modernidade perversa (GIFFIN, 2001), a exemplo da
esterilização feminina em massa e do alto índice de utilização de hormonais
orais, sendo mais 19 recentemente também encontrado o uso dos injetáveis de
forma indiscriminada (SOARES, et al, 2007). Para o demógrafo José Eustáquio
Diniz Alves, professor da Escola Nacional de Ciências Estatísticas do Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (ENCE/IBGE), o planejamento familiar
brasileiro é uma regulação da fecundidade, não passando de uma imposição ou
um controle coercitivo sobre a liberdade das pessoas de se reproduzirem do
modo que julgam adequados. Para o pesquisador essa regulação não é
debatida sob a ótica dos direitos sexuais e reprodutivos (SPINDEL, 2003). Ao
recomendar o conjunto dos métodos anticoncepcionais disponíveis - naturais ou
comportamentais; de barreira; hormonais; DIU e laqueadura, o Ministério da
Saúde reafirma a autonomia e a liberdade da escolha para as usuárias do
planejamento familiar do SUS: "Planejamento familiar é o direito que toda
pessoa tem à informação, à assistência especializada e ao acesso aos recursos
que permitam optar livre e conscientemente por ter ou não ter filhos. O número,
o espaçamento entre eles e a escolha do método anticoncepcional mais
adequado são opções que toda mulher deve ter o direito de escolher de forma
livre e por meio da informação, sem discriminação, coerção ou violência (MS,
2004). Nesta mesma linha de atuação, em 2007, o governo Federal lançou a
Política Nacional de Planejamento Familiar (PNPF), que tem como meta a oferta
de métodos contraceptivos de forma gratuita para homens e mulheres em idade
reprodutiva e estabelece também que a compra de anticoncepcionais será
disponibilizada na rede Farmácia Popular (UNFPA, 2008). Portanto, O PF é o
ato consciente de planejar o nascimento dos filhos evitando a gravidez, tanto
em relação ao número desejado, quanto à ocasião mais apropriada de tê-los.
Isto pode ser conseguido através de técnicas e métodos anticoncepcionais e de
procedimentos para obter a gravidez em casais inférteis. Bom método
anticoncepcional é aquele que oferece segurança (protegendo a mulher de uma
gravidez e não apresentando riscos à saúde) e que está de acordo com os
conceitos éticos, morais e religiosos do casal.
Métodos Contraceptivos: um breve histórico A história da contracepção é muito
antiga, é uma história milenar. Há registros de métodos contraceptivos dos antigos
egípcios, há mais de mil anos antes de Cristo. Há milhares de anos que as
mulheres usam os métodos contraceptivos de que dispõem (TAYLOR, 2006).
Hipócrates (460-377 a.C.) já sabia que a semente da cenoura selvagem era capaz
de prevenir a gravidez. O uso de anticoncepcionais feitos por plantas naturais
parece ter sido difundido, na região do Mediterrâneo, onde no século II a.C Políbio
escreveu que as famílias gregas estavam limitando-se a ter um ou dois filhos.
(MARTINS, et al., 2006). Em Atenas (500 a.C.), eram utilizados óvulos vaginais
feitos à base de produtos ácidos e poções mágicas. Na bíblia há referência ao coito
interrompido e nos registros do Egito antigo existem descrições de duchas de mel
e de preparados espermicidas feitos com excrementos de crocodilo (TAYLOR,
2006). Entre as primeiras tentativas, encontra-se a descrita num papiro egípcio de
há 3850 anos, onde se explica como evitar a gravidez. A receita era a misturar mel
com cinza da barrilheira e excremento de crocodilo, juntar substâncias resinosas,
aplicar uma dose do produto na entrada da vagina, penetrando um pouco nela
(MARTINS, et al., 2006). Com o avanço dos conhecimentos sobre o funcionamento
do corpo, especialmente sobre os hormônios, associados às novas tecnologias,
sugiram os anticoncepcionais orais e os métodos de esterilização. Mas as
primeiras formas de prevenir a gravidez e a contaminação por doenças
sexualmente transmissíveis iniciaram com os métodos de barreira, especialmente
a camisinha (FREGUGLIA & FONSECA, 2006).
A camisinha não tem uma história precisa. Parece ter surgido há muito tempo, pois
há pinturas pré-históricas, com mais de 10 mil anos, que mostram homens usando
algo parecido com a camisinha durante o ato sexual (SOS CORPO, 2007) Porém
historiadores afirmam que o preservativo masculino data do século XVI e a sua
invenção é atribuída ao médico italiano Gabriel Hallopio, professor de Anatomia da
Universidade de Pádua. Não tinha fins anticoncepcionais, mas, sim, o 21 propósito
mais moderno de evitar contágios venéreos, como o da sífilis, que, na altura,
causava sérios danos (OMS, 2005).
Há séculos atrás os egípcios e os chineses também usavam camisinha. Gregos e
romanos parecem ter sido os primeiros a utilizar tripas de animais como
preservativos. Há uma hipótese de que o inglês Condom, médico pessoal do rei
Carlos II de Inglaterra tenha inventado o preservativo em meados do século XVII.
Certa vez, o monarca expressara a sua preocupação por a cidade de Londres estar
a encher-se de bastardos reais e, ao que parece, foi isso que levou o médico da
corte a produzir aquele dispositivo. Daí o nome – condom – para os atuais
preservativos (OMS, 2005).
Em 1702, outro médico inglês, John Marten, assegurava ter encontrado um método
eficaz, simultaneamente anticoncepcional e profilático: um saco de linho,
impregnado de um produto cuja fórmula se negou sempre a divulgar, graças ao
qual se evitava o contágio venéreo e se impedia o acesso do esperma ao óvulo
feminino (OMS, 2005). Mas a idéia da anticoncepção é anterior à idéia da profilaxia.
Só se teve consciência de que o coito podia ser uma via de contágio de doenças
já quando o século XV ia adiantado. Contudo, a necessidade de se evitar a
gravidez fez-se sentir no mundo civilizado quase desde os alvores da civilização
(OMS, 2005). Foi sempre a mulher quem mais sofreu com o problema da
contracepção. E, desde tempos imemoriais, utilizou-se, para o fim descrito, uma
série de produtos que iam desde o sumo de limão ao vinagre, a salsa, a mostarda
e soluções salinas e saponáceas. Mas foi na metade do século XIX que Charles
Goodyear inventou o processo de vulcanização da borracha. Isso tornou possível
a fabricação de objetos de borracha de boa qualidade. Com ele nasceu o profilático
de borracha e a camisinha de borracha que foi sendo aperfeiçoada até atingir a
qualidade dos preservativos atuais. O preservativo, tal como hoje o conhecemos,
foi popularizado por ele. Portanto, o primeiro preservativo apareceu em 1842,
porém, foi o desenvolvimento da pílula anticonceptiva, em 1960, que na realidade
revolucionou as práticas contraceptivas (MOURA & SILVA, 2005). Os chineses
conheceram o diafragma, feito à base de cascas de citrino, que a mulher tinha de
introduzir na vagina e em 1860, foi reinventado nos EUA, era o 22 capuz cervical.
Seu inventor, Dr. Foote, viu nele um anticoncepcional eficaz, mas foi esquecido. A
idéia foi retomada pelo austríaco Dr. Kafka, que o popularizou na Europa Central.
Era uma espécie de dedal, fabricado com diversos materiais: celulóide, ouro, prata,
platina (WANG, et al., 2005). Com o avanço da ciência os métodos contraceptivos
estão mais modernos, práticos, acessíveis, eficazes e com menores efeitos
colaterais. Tais métodos são classificados em naturais ou comportamentais,
hormonais, intra-uterinos, de barreira e definitivos (MS, 2002).
Estes métodos podem ser definidos como o uso de medicamentos ou recursos que
impedem a gravidez, impossibilitando a penetração dos gametas, ou seja, é a
interrupção do ato de gerar seres humanos, como também evitar doenças
sexualmente transmissíveis. 4.2.1 Métodos Contraceptivos: classificação,
descrição, vantagens e desvantagens No contexto dos direitos reprodutivos, a
liberdade de escolha é fundamental na área da regulação da fecundidade. Para
optar por um método contraceptivo de forma livre e informada, as mulheres
precisam conhecer e ter acesso a todos os métodos anticoncepcionais
cientificamente aprovados e disponíveis, escolhendo aquele que seja mais
adequado às suas características e às suas condições de vida em cada momento.
No Brasil, a prevalência de uso de métodos anticoncepcionais é alta, porém
concentrada na esterilização tubária e na pílula anticoncepcional (BEMFAM, 2003).
Com respeito ao conhecimento que as mulheres têm acerca de distintas opções
contraceptivas, a Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde (PNDS) de 1996
confirmou o que outros estudos menos abrangentes já haviam apontado: em geral,
quase todas as mulheres referiam conhecer pelo menos algum método
anticoncepcional (VIEIRA, et al., 2002). A referência espontânea aos diversos
métodos foi menor do que quando se perguntou específica e diretamente acerca
de cada um, mas não houve mulheres que não mencionassem pelo menos um
método como sendo conhecido.
O processo de escolha informada na regulação da fecundidade baseia-se nos
princípios de proporcionar bem-estar às pessoas, quanto à sua autonomia,
expectativas, necessidades e poder de decisão, enfocando especialmente os
direitos sexuais e reprodutivos, na qualidade de direitos humanos individuais. Para
que a opção por um método seja livre e informada, além da variedade, também é
necessário ter um número suficiente a ser oferecido, levando-se em conta as
características intrínsecas de cada pessoa e a demanda local (DÍAZ & DÍAZ, 2000).
Na pesquisa do Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde (PNDS), os métodos
mais referidos espontaneamente pelas mulheres foram a pílula anticoncepcional
(87,4%), o preservativo (53,1%), métodos de abstinência periódica (34,8%) e o
dispositivo intra-uterino - DIU (34%). Mediante estimulação, referiram-se
principalmente à pílula (99,3%), ao preservativo (98,6%), à esterilização feminina
(97,6%) e à abstinência periódica (88,5%) (VIANNA, et al., 2005). Além disso, para
que as pessoas, de fato, possam escolher livremente, é relevante também a
informação científica que lhes é dada acerca dos métodos anticoncepcionais
disponíveis. Neste ponto, incluem-se as contra-indicações gerais e as situações
próprias de cada indivíduo que poderiam levar a considerar determinados métodos
anticoncepcionais como mais ou menos adequados para essa pessoa, e,
finalmente, o tipo de suporte que os serviços podem oferecer às pessoas que
escolhem um método específico (BRUCE, 2008).
Antes de iniciar o uso de métodos anticoncepcionais, a mulher deve ser
adequadamente orientada pelo profissional de saúde. Essa orientação deve
abranger informações acuradas sobre todos os métodos anticoncepcionais
disponíveis. Uma orientação adequada permite a tomada de decisão baseada em
informações, traduzindo a escolha livre e informada. Dos métodos contraceptivos
a abstinência contínua, que significa nunca ter intercurso sexual, é o único método
com 100% de eficiência para evitar a gravidez. São considerados métodos
contraceptivos reversíveis, aqueles que ao deixarem de ser utilizados permitem o
retorno à fertilidade. E irreversíveis aqueles que se destinam essencialmente a
quem não deseja ter mais filhos, pois exige uma intervenção cirúrgica. Processo
que permite vida sexual ativa e saudável com menores riscos para concepção
(BRUCE, 2008).
Os métodos contraceptivos dividem-se em
 Métodos reversíveis naturais  Métodos comportamentais
Tabelinha (Método Rítmico ou Ogino-Knaus)
Muco Cervical ou Billings
Temperatura Basal
Coito Interrompido
 Métodos reversíveis não naturais  Métodos de barreira
Preservativo Masculino
Preservativo Feminino
Diafragma
Capuz Cervical
Métodos hormonais ou químicos
Anticoncepcionais Orais (pílulas)
Pílula Vaginal
Anticoncepcionais Injetáveis
Espermicida Vaginal
Esponja Vaginal
 Implante Hormonal
Anel vaginal Nuvaring (Organon)
Adesivos
Contracepção de Emergência ou Pílula do Dia Seguinte
Dispositivos intra-uterinos
Dispositivo Intra-Uterino - DIU
Dispositivo Intra-Uterino combinado com hormônios (MIRENA)  Método
sintotérmico
 Métodos irreversíveis  Cirúrgicos
Laqueadura
Vasectomia
Métodos reversíveis naturais Baseiam no conhecimento do período fértil da mulher
(durante o qual pode ocorrer a fecundação) e na abstenção de relações sexuais
durante esse período. São menos eficazes que os métodos não naturais. A)
Métodos comportamentais Utiliza-se a abstinência sexual durante os dias do ciclo
menstrual em que o óvulo pode ser fertilizado. Consiste em evitar relações sexuais
durante o período fértil. Para isso a mulher precisa saber quando ele ocorre em
geral próximo à metade do ciclo menstrual. Como este pode variar, é preciso
determinar o dia da ovulação pelo acompanhamento diário da temperatura corporal
ao acordar e do aspecto da secreção vaginal. Na época da ovulação, a temperatura
aumenta cerca de 0,5 °C, e a secreção vaginal fica pegajosa, parecida com clara
de ovo (DIAS-DA-COSTA, et al., 2002). Para não engravidar, a mulher deve ter
relação sexual 48 horas depois do dia da ovulação. Apesar de não ter efeitos
colaterais para a saúde, em geral esse 26 método apresenta baixa eficácia e é
necessária uma orientação detalhada do médico. 1. Tabelinha (Método Rítmico ou
Ogino-Knaus) Método conhecido como calendário, tabelinha ou abstinência
periódica e métodos de consciência dos dias férteis que é baseado em cálculos
que a mulher deve fazer de acordo com o seu ciclo menstrual. Consiste em
suspender as relações sexuais no período fértil da mulher, através do controle dos
dias do seu ciclo menstrual (OLINTO & GALVÃO, 2005). Para utilização deste
método a mulher deve anotar pelo menos os seis últimos ciclos e a partir daí
estimar o início de período fértil subtraindo 18 dias do comprimento do ciclo mais
curto, e estimar o fim do período fértil subtraindo 11 dias do ciclo mais longo (FIG.
2). Esse método só é válido para mulheres com ciclos regulares e tem chance de
falha de 40 por 100 mulheres/ano. FIGURA 2. Tabelinha Geralmente o período
fértil da mulher, ou seja, o período em que ela ovula, está ente o 8º e o 19º dia
após a menstruação. Nesse período, a mulher que utiliza este método não deve
ter relações sexuais. Este não é um método seguro para evitar a gravidez, pois só
funciona para quem tem o ciclo regular, além de não proteger contra as Doenças
Sexualmente Transmissíveis (DST) (MARTINS, et al., 2006). A mulher com um
ciclo menstrual regular tem por mês em torno de 9 ou mais dias férteis, ou dias nos
quais ela pode ficar grávida. Abstinência periódica significa não ter relação sexual
nos dias que pode estar fértil. A tabela 1 mostra as vantagens e desvantagens da
utilização deste método. 27 TABELA 1 – Vantagens e desvantagens da tabelinha
Fonte: UZUNIAN & BIRNER 2. Muco Cervical ou Billings Assim como no método
da tabelinha, este também exige que a mulher não tenha relações no seu período
fértil. Para detectar seu período fértil, a mulher precisa observar e reconhecer o
tipo de secreção presente no colo do útero. O muco cervical é uma secreção
produzida pelo colo do útero, que umedece a vagina, e, às vezes, sai na calcinha.
Ele varia de aparência em cada período do ciclo menstrual. Aprendendo essas
diferenças, é possível saber qual é o período fértil (FIG. 3) (SCHOR, 2000).
FIGURA 3. Muco Cervical As vantagens e desvantagens deste método
contraceptivo são apresentadas na tabela 2 abaixo. 28 TABELA 2 – Vantagens e
desvantagens do Muco Cervical Fonte: UZUNIAN & BIRNER Para examinar o
muco, observa-se o que sai na calcinha ou apalpa-se a vulva. No entanto, como
muitas mulheres têm pouca secreção, é mais seguro colocar o dedo na vagina,
para em seguida, observar que tipo de secreção está presente (SCHOR, 2000).
Não adianta examinar o muco durante a excitação sexual, depois de tomar duchas
ou lavagens vaginais, no dia em que teve relações sexuais, depois de usar
produtos vaginais. A observação deve ser diária. O muco cervical aparece cerca
de 2 a 3 dias depois da menstruação, e inicialmente é pouco consistente e
espesso. Logo antes da ovulação, ele atinge o chamado ápice, em que fica bem
grudento. 3. Temperatura basal Esse método é baseado na alteração térmica que
o corpo apresenta quando ocorre a ovulação. A temperatura se eleva devido ao
aumento da progesterona. Por ocasião da ovulação acontece uma ligeira queda
na temperatura corpórea e após há uma elevação de aproximadamente entre 0,3
e 0,8o C em relações às medidas basais (as da primeira fase do ciclo) (MOURA &
SILVA, 2005). A temperatura deve ser tomada sempre no mesmo local: na boca
ou na vagina, depois se deve anotar as temperaturas diariamente e construir um
gráfico 29 (FIG. 4). Esta permanecerá elevada até a próxima menstruação. O
terceiro dia após a elevação da temperatura é considerado o fim do período fértil.
FIGURA 4. Temperatura basal A tabela 3 lista as principais vantagens e
desvantagens da utilização do método da temperatura basal. TABELA 3 –
Vantagens e desvantagens da Temperatura basal Fonte: UZUNIAN & BIRNER A
temperatura basal deve ser medida diariamente, antes da mulher se levantar pela
manhã com um termômetro clínico, bucal ou retal. Mede-se a temperatura oral,
durante 5 minutos, pela manhã (após repouso de no mínimo 5 horas) antes de se
levantar da cama, de comer ou fazer qualquer esforço. Medições 30 a partir do
primeiro dia da menstruação até o dia em que a temperatura se elevar por 3 dias
consecutivos (MOURA & SILVA, 2005). A desvantagem deste método é se a
mulher tiver alguma doença, o aumento de temperatura pode não ser devido à
ovulação. Existem vários problemas comuns que alteram a temperatura corpórea
e dificultam a confecção do gráfico, como: gripes, noites mal dormidas,
necessidade de levantar freqüentemente à noite e outros. 4. Coito interrompido O
método inclui a participação do homem na prevenção da gravidez. O método
baseia-se na capacidade do homem pressentir a iminência da ejaculação e neste
momento retirar o pênis da vagina evitando assim a deposição do esperma, ou
seja, antes de ejacular (FIG. 5). Dessa forma tenta evitar que os espermatozóides
entrem no corpo da mulher. O homem deve ter total controle da ejaculação, para
conseguir retirar o pênis da vagina antes que ela aconteça (LEITE, 2003). FIGURA
5. Coito interrompido O líquido pré-ejaculatório pode conter espermatozóides vivos
o que aumenta o índice de falha; não oferece proteção contra DST/AIDS. É comum
a insatisfação sexual de um ou de ambos os parceiros e a eficácia deste método é
difícil de se avaliar, acreditando-se que o índice de gravidez seja acima de 25
gravidezes por 100 mulheres (LEITE, 2003). As vantagens e desvantagens do
método de coito interrompido estão na tabela 4 abaixo. 31 TABELA 4 – Vantagens
e desvantagens do Coito interrompido Fonte: UZUNIAN & BIRNER A eficácia deste
método é baixa e oferece alto risco de gravidez, pois o pênis solta gotas de
lubrificação pré-ejaculatória que pode conter espermatozóides que ficam na vagina
antes da interrupção da relação sexual. Como exige retenção constante da
ejaculação, para alguns homens, pode gerar tensão, ansiedade e dor pélvica.
Exige dos homens uma aprendizagem de controle da ejaculação, por isso, não é
indicado na adolescência quando a prática de relações sexuais está começando.
Como cuidado, antes do ato sexual o homem deve urinar e retirar restos de
esperma de uma eventual relação anterior; antes da ejaculação, o pênis deve ser
retirado da vagina e o sêmen depositado longe dos genitais femininos. 4.2.1.2
Métodos reversíveis não naturais Os métodos reversíveis não naturais impedem a
fecundação através da utilização de dispositivos adequados, enquanto que outros
se baseiam no uso de substâncias. Dividem-se em químicos que são substâncias
químicas que podem ser utilizadas para evitar uma gravidez e mecânicos que são
dispositivos que impedem a fecundação e a nidação. O único método reversível
não natural mecânico é o DIU (dispositivo intra-uterino). 32 A) Métodos de barreira
No período fértil pode-se ter relação sexual, porém usando métodos
anticoncepcionais de barreira, os quais impedem o esperma de alcançar o óvulo.
Esses métodos têm eficiência entre 75-99% na prevenção da gravidez (PIROTTA
& SCHOR, 2007). Os métodos de barreira evitam a gravidez porque impedem o
acesso dos espermatozóides ao útero, através de obstáculos mecânicos, químicos
ou mistos. Conhecidos há muito tempo, os mais populares são os preservativos
masculinos. Sua utilização vem sendo altamente recomendada, graças ao efeito
protetor contra DST/HIV/AIDS. 1. Preservativo Masculino É um dos métodos
anticoncepcionais mais difundidos no mundo, por ter um papel importante na
prevenção, pois além de evitar a gravidez, impedindo que os espermatozóides
penetrem na vagina. É recomendado pelos órgãos de saúde devido a sua eficácia
na prevenção, é o único método comprovado para prevenir as DSTs, inclusive o
HIV/Aids. A camisinha é feita de látex, um tipo de borracha, mas há também
camisinhas feitas de poliuretano, indicadas para pessoas que têm alergia ao látex.
(FIG. 6) Alguns cuidados na colocação aumentam a eficácia desse preservativo, a
camisinha deve ser colocada no pênis ereto (DUARTE, et al., 2003). FIGURA 6.
Preservativo masculino É importante segurar a ponta da camisinha durante a
colocação, deixando uma parte vazia, sem ar, para que o esperma fique
depositado ali depois da 33 ejaculação. Caso contrário, a camisinha poderá
estourar ou o esperma subir para a base do pênis e entrar em contato com o corpo
feminino. Deve ser usada somente uma vez e é preciso observar também os
cuidados com o descarte. Não se deve utilizar material pontiagudo para abrir a
embalagem com risco de inutilizar o látex. Algumas são lubrificadas com silicone
ou lubrificante à base de água, outras são revestidas com espermicidas além do
lubrificante. Não podem ser utilizados com lubrificantes à base de óleo, devido ao
risco de degradar a borracha. Apesar de ser o método mais adotado no mundo, o
uso regular da camisinha ainda é insuficiente. A camisinha masculina é o método
contraceptivo mais simples. Tem baixo custo, e acesso relativamente fácil para
todas as camadas da sociedade, não exige prescrição médica podendo ser
adquirido em supermercados, farmácias e outros estabelecimentos comerciais, ou
distribuído pelo governo. Sua eficácia depende do uso, mas tecnicamente há 3%
de chance de falha para o uso correto (DUARTE, et al., 2003). A tabela 5 abaixo
apresenta as vantagens e desvantagens na utilização da camisinha. TABELA 5 –
Vantagens e desvantagens no uso da camisinha Fonte: UZUNIAN & BIRNER 2.
Preservativo Feminino A camisinha feminina é feita de um tipo de borracha,
plástico ou poliuretano, com anéis flexíveis nas duas extremidades, um deles
fechado e deve ser colocado no interior da vagina que impedem que os
espermatozóides possam chegar às tubas 34 uterinas. O outro é aberto e deve
ficar do lado de fora protegendo os pequenos e grandes lábios (FIG. 7)
(FREGUGLIA & FONSECA, 2006). FIGURA 7. Preservativo feminino Assim como
o preservativo masculino, este método é uma proteção da mulher contra gravidez
e as DSTs. A camisinha feminina é fácil de ser usada, pode ser colocada até 8
horas antes da relação sexual. Ideal para lidar com os parceiros que se recusam a
usar preservativos. Na tabela 6 as vantagens e desvantagens no uso do
preservativo feminino. TABELA 6 – Vantagens e desvantagens no uso do
preservativo feminino Fonte: UZUNIAN & BIRNER 35 Nunca use camisinha
feminina junto com a masculina por causa do risco de aderência e ruptura. A
eficácia do produto está diretamente ligada à qualidade do produto e ao seu uso
correto. A camisinha feminina também é lubrificada e deve ser utilizada uma única
vez. Não exige prescrição médica e a possibilidade de falha é de aproximadamente
5%, podendo chegar a 20% (FREGUGLIA & FONSECA, 2006). 3. Diafragma O
diafragma é um anel de metal flexível, recoberto por uma membrana de borracha
fina, de forma côncava. Como uma barreira, é introduzido pela mulher na vagina,
sobre o colo do útero antes da relação sexual (FIG. 8). Para aumentar sua
eficiência, devem-se lubrificar as bordas com geléia espermicida (SOS CORPO,
2007). Sua eficácia é menor que a da pílula do DIU e da camisinha. Ele evita a
gravidez impedindo que os espermatozóides atinjam o útero e cheguem às tubas
uterinas, devendo ser utilizado junto com um espermicida para garantir maior
segurança. FIGURA 8. Diafragma Há vários tamanhos e para saber o mais
adequado, a mulher deve fazer uma medição com um profissional de saúde
capacitado. O papel deste profissional é 36 muito importante, pois existe um
tamanho adequado para cada mulher, também para orientar como colocar e retirar
o diafragma. Deve ser colocado imediatamente antes da relação sexual ou com
até 6 horas de antecedência e só pode ser retirado de 6 a 8 horas depois da última
ejaculação. O espermicida colocado no diafragma só é atuante para uma
ejaculação. Quando na relação sexual houver mais de uma ejaculação, deve-se
recolocar espermicida na vagina, com a ajuda de um aplicador. Isso deve ser feito
sem mexer no diafragma. Recomenda-se a utilização do diafragma juntamente
com pomada espermicida para aumentar a sua eficácia. Este método tem pouca
aceitação no Brasil. Seu uso depende do conhecimento da genitália feminina e
uma série de cuidados na colocação e na retirada do produto. A possibilidade de
falha desse método está entre 2% e 6%, podendo chegar a 20% (SOS CORPO,
2007). As vantagens e desvantagens da utilização do diafragma estão listadas na
tabela 7 abaixo: TABELA 7 – Vantagens e desvantagens no uso do diafragma
Fonte: UZUNIAN & BIRNER 37 4. Capuz cervical O capuz cervical é um dispositivo
de borracha caliciforme ou látex em forma de dedal que se ajusta ao redor do colo
uterino. Antes da relação sexual é usado com espermicida colocando-o dentro da
vagina para tampar seu cervix (colo do útero) (FIG. 9). O dispositivo tem eficiência
entre 80-90% para mulheres que ainda não tiveram filhos, e entre 60-80% para as
que já foram mães (ROCHA, 2003). FIGURA 9. Capuz cervical Antes de usá-lo,
levante o capuz contra a luz e olhe atentamente para quaisquer fissuras, buracos,
ou manchas que indiquem fragilidade no mesmo (se achar quaisquer falhas, não
o use). Encha um terço do capuz com geléia ou creme espermicida e empurre-o
para cima na vagina de forma que ele cubra a cérvice. Sempre se deve colocar um
espermicida em seu interior, antes de usá-lo O capuz cervical pode ser deixado no
local por mais tempo que o diafragma, sendo mais confortável, porém não deixe o
capuz na cérvice por períodos mais longos que 48 horas. Nas mulheres obesas o
encaixe do capuz pode ser difícil. Insira o capuz não mais do que 24 horas antes
da relação sexual. Não remova o capuz por pelo menos 6 a 8 horas após ter
mantido relação sexual. Durante este tempo pode manter relações sexuais mais
de uma vez sem remover o capuz. Para melhor prevenção aplique mais
espermicida (ROCHA, 2003). Os vários tipos de capuz são fabricados em
tamanhos diferentes e precisa de assistência profissional para escolher o que
melhor se encaixa, devendo ser ajustados no colo uterino por um médico. Faça um
acompanhamento médico através de exame de Papanicolaou após ter usado o
capuz cervical por 3 meses para ter certeza de que a área ao redor da 38 sua
cérvice não sofreu mudança. O dispositivo deve ser usado só por mulheres cujo
resultado do exame foi normal. O capuz cervical é uma escolha imprópria ate a
sexta semana pós-parto e após um aborto (ROCHA, 2003). Uma secreção vaginal
com um odor desagradável pode aparecer se o capuz cervical for retirado
tardiamente da cérvice. Limpe o capuz com sabão neutro e seque-o cada vez que
o usar. Armazene-o em um lugar seco, longe do calor e luz. O capuz cervical
freqüentemente usado pode começar a perder seu formato, o ideal é utilizar um
novo depois de uso prolongado ou se perceber quaisquer fissuras, buracos, ou
manchas que denotam fragilidade. As vantagens e desvantagens do capuz cervical
são as mesmas do diafragma (tabela 7), exceto o tempo o tempo de permanência
dentro do colo do útero. B) Métodos hormonais ou químicos Geralmente são uma
mistura de derivados sintéticos de estrogênios e progesterona, que inibem o
aumento de LH (responsável pela ovulação) impedindo a concepção por inibir a
ovulação pelo bloqueio da liberação de gonadotrofinas pela hipófise. Algumas
pílulas contêm apenas derivados da progesterona (PERSONA, et al., 2007). É um
método muito eficiente, mas deve ser sempre indicado por um médico. Modifica o
muco cervical tornando-o hostil ao espermatozóide, altera as condições
endometriais e modifica a contratilidade das tubas, interferindo no transporte
ovular. Outra opção são injeções desses hormônios a cada dois ou três meses ou
o uso de pequenos tubos de plástico implantados sob a pele, que liberam
hormônios. Os anticoncepcionais hormonais devem ser utilizados com indicação
médica, pois podem trazer prejuízos à saúde se usados indevidamente. Não
devem ser usados por mulheres com mais de 35 anos e fumantes são contra-
indicados para quem teve trombose, neoplasias, diabetes insulino dependentes,
para mulheres com hipertensão arterial, hepatites, com problemas
cardiovasculares, glaucoma, entre outros. Dependendo do tipo de hormônio que é
feita, a pílula não deve ser utilizada por mulheres que estejam amamentando, pois
reduz a quantidade de leite materno (PERSONA, et al., 2007). 39 1.
Anticoncepcionais Orais (pílulas) A pílula anticoncepcional (FIG. 10) é considerada
um dos melhores métodos de prevenção de uma gravidez indesejada. São
comprimidos feitos com substâncias químicas semelhantes aos hormônios
estrogênio ou progesterona do corpo da mulher. Este método evita a gravidez de
diferentes maneiras: as pílulas impedem a ovulação, evitam a nidação e
engrossam o muco fértil, atrapalhando assim a passagem dos espermatozóides.
FIGURA 10. Pílulas anticoncepcionais / Míni-pílulas A margem de segurança da
pílula é de 99%, o que a torna o método anticoncepcional mais seguro de todos.
Entretanto sua eficácia está relacionada ao modo pelo qual a mulher o utiliza, não
deixando de tomar nenhum dia durante o uso da mesma cartela (VIEIRA, et al.,
2002). Os hormônios presentes na pílula impedem a ovulação e,
conseqüentemente, a gravidez. Existem diversos tipos de pílula porque existem
diversos tipos de mulheres. Por isso, é imprescindível a orientação médica para o
uso desse método. Existem diferentes tipos de pílulas é só o ginecologista pode
avaliar corretamente as mulheres que podem, e as que não podem usar este
método, além de escolher o tipo ideal para cada mulher. Diferente da pílula
combinada, a mini-pílula tem somente o hormônio progestina (progestágeno
sintético), e não estrogênio mais progestina. Tomada diariamente, a mini-pílula
reduz e engrossa o muco cervical para prevenir que o esperma alcance o óvulo.
Ela também impede o ovo fertilizado de implantar-se no útero (VIEIRA, et al.,
2002). 40 As vantagens e desvantagens no consumo de pílulas anticoncepcionais
ou mini-pílulas estão descritos na tabela 8 abaixo: TABELA 8 – Vantagens e
desvantagens da pílula anticoncepcional Fonte: UZUNIAN & BIRNER A mini-pílula
ainda diminui o fluxo da menstruação e protege contra câncer endometrial e de
ovário. Mulheres amamentando podem usar a mini-pílula porque ela não afeta o
suprimento de leite. A mini-pílula é uma boa opção para mulheres que não podem
tomar estrogênio ou que têm risco de coágulos sanguíneos. Se usada
corretamente, a eficiência da mini-pílula é de 95-99,9% na prevenção da gravidez.
Precisa de orientação médica para certificar-se que não terá problemas (VIEIRA,
et al., 2002). 2. Pílula vaginal A pílula vaginal é um método a base de hormônios
artificiais (FIG. 11), que não permite que a mulher ovule, desta forma não há
gravidez. Ela é utilizada diariamente e deve ser introduzida na vagina para ser
absorvida pelo organismo e segue os mesmos princípios das pílulas orais. Essa
opção normalmente é utilizada por pessoas que em problemas estomacais ou que
enjoam demais com a pílula anticoncepcional oral (SCHOR, et al., 2000).

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Não adianta apenas saber da existência dos diferentes métodos contraceptivos, é
essencial o conhecimento de seu funcionamento, sua eficácia, vantagens e
desvantagens. O desconhecimento desses fatores leva ao seu uso inadequado,
com o risco de uma gravidez indesejada. Ao recomendar o conjunto dos métodos
anticoncepcionais disponíveis o Ministério da Saúde reafirma a autonomia e a
liberdade da escolha para os usuários do Sistema Único de Saúde, incluindo o
direito a informações, assistência especializada e acesso aos recursos que
permitam optar livre e conscientemente por ter ou não ter filhos, sem discriminação,
coerção ou violência. Porém, apesar da prevalência de uso de anticoncepção no
Brasil ser muito alta, se comparada a outros países do Terceiro Mundo, concentra-
se apenas na pílula e na laqueadura, indicando deficiências do programa de
Planejamento Familiar, levando a refletir sobre alguns pontos que podem estar
vinculados ao serviço e profissionais de saúde e aos usuários. Como a
possibilidade de escolha livre e informada; acesso e oferta satisfatória dos métodos
anticoncepcionais; competência técnica dos profissionais de saúde que realizam
as atividades educativas, de aconselhamento e clínicas e qualidade da
comunicação interpessoal. O conhecimento sobre métodos contraceptivos pode
contribuir para que os indivíduos escolham o que é mais adequado ao seu
comportamento sexual e condições de saúde, bem como para seu uso de forma
correta. Assim, esse conhecimento deve estar relacionado à prevenção da
gravidez indesejada, ao aborto provocado, a mortalidade materna e outros agravos
à saúde relacionados à morbimortalidade reprodutiva. Promover o acesso a tais
informações e aos meios para a regulação da fecundidade é um dos aspectos
importantes do planejamento familiar, uma das ações do PAISM.
Entretanto, estes programas não estão cumprindo a assistência que as mulheres
necessitam, principalmente a orientação e o acompanhamento das questões
relacionadas às práticas contraceptivas e à escolha do método a ser 58 utilizado.
Além de não incentivarem a participação masculina no processo de regulação da
fecundidade.
O governo deveria incentivar através de campanhas, cursos, palestras e encartes,
etc, os profissionais de saúde a aconselhar as mulheres de acordo com a sua
situação de vida, fazendo uma pesquisa dos hábitos sexuais dessas mulheres,
para então destinar os recursos específicos conforme a demanda de cada
comunidade. Faz-se necessário que considerem a individualidade de cada mulher,
dado que cada uma possui sua história de vida, condições econômicas e bens
sociais específicos. Também é preciso, a cada dia, fortalecer a importância dos
programas de PF e PAISM nas comunidades, com fornecimento de subsídios para
que se possam planejar ações de saúde para as mulheres e a implementação dos
programas em âmbito local. Só assim, estas mulheres, poderão usar e escolher
métodos contraceptivos, conforme os conhecimentos adquiridos.
A sociedade e seus dirigentes devem efetivamente voltar seus esforços para
garantir a consolidação destes programas de atenção à saúde da mulher,
enfatizando a informação, a orientação e o acesso à anticoncepção, tomando em
conta os princípios dos direitos reprodutivos.
2 – CONCLUSÃO

.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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