O Olhar Regional No Romance 2 Ano
O Olhar Regional No Romance 2 Ano
O Olhar Regional No Romance 2 Ano
NEIDE COSTA
LÍNGUA PORTUGUESA
Romance regional
Romance
É um gênero textual que consiste em uma narrativa
longa, escrita em prosa.
O discurso direto pode ser entendido como a reprodução exata da fala de alguém.
Já o discurso indireto ocorre quando o autor expressa com suas palavras a fala de
outrem. Por fim, o discurso indireto livre é uma mescla entre o direto e o indireto
• O discurso direto é aquele que reproduz exatamente a fala de
outrem. Esse tipo de discurso está presente na literatura e também no
cotidiano.
Exemplo:
Esses dias minha mãe disse: “Vá trabalhar!”
Exemplo:
Esses dias minha mãe me disse para ir trabalhar.
Exemplo:
• Eles disseram que não era possível entrar no estabelecimento.
• disseram = verbo de elocução
• que = conjunção integrante
• Eles disseram = voz do narrador
• Não é possível entrar no estabelecimento = possível voz da personagem
• O discurso indireto livre se trata de uma mescla entre os discursos direto
e indireto. Nele, o narrador assume o lugar de outro, expressando
sentimentos e pensamentos em sua narrativa. Esse tipo de discurso é mais
comum em textos literários.
Ex.: Flávia estava cansada e logo se deitou. Ela precisava trabalhar em
poucas horas. Acordei desesperada. Já era para estar no trabalho. As
poucas horas passaram e nem percebi.
JUNIOR, A. O violeiro.1899.
Questão 04
Sobre o romance regional estão corretas, exceto:
a) O romance regional não seguia o modelo europeu. Por esse motivo, foi obrigado
a construir seus próprios modelos e, em virtude disso, a Literatura Brasileira
alcançou maior autonomia.
b) Os escritores do romance regional foram influenciados pelo espírito
racionalista: estavam sintonizados com o cientificismo da época, que explicava o
mundo através de leis objetivas e a influência do meio no comportamento humano.
c) Foram quatro os espaços nacionais que despertaram o interesse entre os
escritores românticos: o das capitais, com destaque para o Rio de Janeiro, e os
espaços das regiões Sul, Nordeste e Centro-Oeste.
d) Seus principais representantes foram José de Alencar, Franklin Távora e
Visconde de Taunay.
e) Um dos principais problemas encontrados pelos autores regionalistas foi a
adequação da variedade linguística regional à linguagem literária, cuja principal
característica é o emprego da norma culta
Obras romantismo
• Fabiano (pai)
• Sinha Vitória (mãe)
• O menino mais novo (filho)
• O menino mais velho (filho)
• Baleia (cachorra da família)
• O soldado amarelo
• Tomás da bolandeira
Retirantes (1944)
Tempo da obra Vidas secas
• O tempo da narrativa não está especificado. Mas
tudo indica que a história se passa em algum
momento durante as três primeiras décadas do
século XX. Assim, nessa obra, o que predomina é o
tempo psicológico.
• realismo social;
• caráter regionalista;
• ausência de idealizações;
• parcialidade narrativa;
• valorização do espaço;
• determinismo;
• linguagem simples.
Contexto histórico de Vidas Secas
“(...)O que indignava Fabiano era o costume que os miseráveis tinham de atirar bicadas aos olhos de
criaturas que já não se podiam defender. Ergueu-se, assustado, como se os bichos tivessem descido do céu
azul e andassem ali perto, num vôo baixo, fazendo curvas cada vez menores em torno do seu corpo, de
Sinha Vitória e dos meninos.
Sinha Vitória percebeu-lhe a inquietação na cara torturada e levantou-se também, acordou os. filhos,
arrumou os picuás. Fabiano retomou o carrego. Sinha Vitória desatou-lhe a correia presa ao cinturão,
tirou a cuia e emborcou-a na cabeça do menino mais velho, sobre uma rodilha de molambos. Em cima pôs
uma trouxa. Fabiano aprovou o arranjo, sorriu, esqueceu os urubus e o cavalo. Sim senhor. Que mulher!
Assim ele ficaria com a carga aliviada e o pequeno teria um guarda-sol. O peso da cuia era uma
insignificância, mas Fabiano achou-se leve, pisou rijo e encaminhou-se ao bebedouro. Chegariam lá antes
da noite, beberiam, descansariam, continuariam a viagem com o luar. Tudo isso era duvidoso, mas
adquiria consistência. E a conversa recomeçou, enquanto o sol descambava.
— Tenho comido toicinho com mais cabelo, declarou Fabiano desafiando o céu, os espinhos e os urubus.
— Não é? murmurou Sinha Vitória sem perguntar, apenas confirmando o que ele dizia.
Pouco a pouco uma vida nova, ainda confusa, se foi esboçando. Acomodar-se-iam num sítio pequeno, o
que parecia difícil a Fabiano, criado solto no mato. Cultivariam um pedaço de terra. Mudar-se-iam
depois para uma cidade, e os meninos freqüentariam escolas, seriam diferentes deles. Sinhá Vitória
esquentava-se. Fabiano ria, tinha desejo de esfregar as mãos agarradas a boca do saco e à coronha da
espingarda de pederneira. (...)”
Vidas Secas, Graciliano Ramos
Romance regionalista modernista
PERÍODO LITERÁRIO: MODERNISMO
Herdeiros dos modernistas de 1922, os modernistas da segunda geração (1930-45) também se voltam
para a realidade brasileira, mas agora com uma intenção clara de denúncia social e engajamento
político. Unindo ideologia e análise sociológica e psicológica a novas técnicas narrativas, o romance de
30 constitui um dos melhores momentos da ficção brasileira.
Romance regionalista modernista
A imagem da tela expressionista de Cândido Portinari, Menino Morto, que faz parte da série Retirantes e mostra o
sofrimento do sertanejo diante de uma realidade muito triste: a mortalidade infantil por falta de condições
mínimas de sobrevivência.
Observe como José Américo de Almeida, em A bagaceira (1928), retrata o
drama coletivo da degradação humana na descrição que faz da chegada
dos retirantes ao engenho Marzagão.
• Era o êxodo da seca de 1898. Uma Fugiam do sol e o sol guiava-os nesse forçado
ressurreição de cemitérios antigos – nomadismo.
esqueletos redivivos, com o aspecto terroso
e o fedor das covas podres.
Adelgaçados na magreira cômica, cresciam,
Os fantasmas estropiados como que iam como se o vento os levantasse. E os braços
dançando, de tão trôpegos e trêmulos, num afinados desciam-lhes aos joelhos, de mãos
passo arrastado de quem leva as pernas, abanando.
em vez de ser levado por elas. Vinham escoteiros. Menos os hidrópicos –
Andavam devagar, olhando para trás,
como quem quer voltar. Não tinham pressa doentes da alimentação tóxica – com os fardos
em chegar, porque não sabiam onde iam. das barrigas alarmantes.
Expulsos do seu paraíso por espadas de Não tinham sexo, nem idade, nem condição
fogo, iam ao acaso, em descaminhos, no nenhuma. Eram os retirantes, nada mais.
arrastão dos maus fados.
Nos anos seguintes, esse veio literário foi explorado por
muitos outros autores, como Amando Fontes, Jorge
Amado, José Lins do Rego e Graciliano Ramos, cujas
obras trazem temas novos, como o cangaço, o fanatismo
religioso, o coronelismo, a luta pela terra, a crise dos
engenhos. O regionalismo também se manifestou no Sul
do país, na ficção histórica e épica de O tempo e o vento,
de Érico Veríssimo, ou no romance de fazenda de Ivan
Pedro de Martins, com Fronteira agreste. Nessas obras é
ressaltado o homem hostilizado pelo ambiente, pela
terra, pela cidade, pelos poderosos, o homem sendo
devorado pelos problemas que o meio lhe impõe. Em
algumas delas, o romance alcança um perfeito equilíbrio
entre a abordagem sociológica e a introspecção
psicológica.
• Além do regionalismo, os anos 1930 viram florescer outras linhas temáticas no
romance. No Rio de Janeiro, surgiu o romance urbano e psicológico, representado
por Marques Rebelo, Cornélio Pena, Octávio de Faria. Em Minas Gerais teve vez o
romance poético-metafísico de Lúcio Cardoso. No Rio Grande do Sul, o romance
urbano e psicológico, também cultivado por Érico Veríssimo, alcançou um momento
de rara introspecção em Os ratos, de Dionélio Machado. Jorge de Lima, escritor
católico militante, publicou no Rio de Janeiro O anjo, uma narrativa surrealista com
matizes ideológicos cristãos e claras referências a reformas sociais.
• Sinopse: A nova edição de As três Marias conta com prefácio de Heloísa Buarque de Hollanda,
fortuna crítica com textos de Mário de Andrade e Fran Martins e um encarte com fotos da autora e
das amigas que inspiraram as personagens do romance. As três Marias, romance de Rachel de
Queiroz, publicado originalmente em 1939, conta a história das três amigas Maria Augusta (Guta),
Maria da Glória e Maria José, desde sua infância em um colégio de freiras até a vida adulta.
Neste romance de formação, Rachel retrata o processo de ajustamento ao mundo pelos olhos das
meninas e convida o leitor a acompanhá-las desde os medos e as incertezas da juventude – quando
ainda sonhavam com a liberdade além das paredes do internato e se abismavam com a cidade –
até o passar dos anos e chegarem ao amadurecimento e aos dilemas da vida adulta. Sempre juntas,
independente das escolhas do caminho. Maria da Glória dedicou-se à maternidade e à família,
Maria José, sempre devota, voltou a morar com a mãe e virou professora, e Maria Augusta,
diferente das amigas, determinou-se a construir o próprio caminho: voltou a morar com a família,
mas, descontente, retornou para Fortaleza.
Trabalhou como datilógrafa e, lá, apaixonou-se. É quando a autora permite-se ir mais fundo na
perspectiva social e na agudeza da observação psicológica. E em nada estas três Marias perdem
para as três estrelas da constelação de Orion, que se destacam alinhadas e reluzentes no céu e
serviram de inspiração para apelidar as personagens de Rachel: notórias e brilhantes na
lembrança de todos que as conhecem.
Incidente em Antares
• Considerada como pertencendo ao Realismo Mágico, a obra Incidente
em Antares (1971), de Érico Veríssimo, foi uma das últimas criações do
escritor gaúcho.
• A história, dividida em duas partes (Antares e o Incidente), gira em torno
de uma pequena cidade no interior do Rio Grande do Sul que tem a sua
rotina completamente virada de cabeça para baixo após uma greve geral.
• Operários, garçons, bancários, enfermeiros, funcionários do cemitério...
todos aderiram a greve e a cidade parou. Diante da impossibilidade de
serem enterrados os sete cadáveres que faleceram durante aquele período,
os defuntos se levantam dos seus caixões e passam a perambular pela
cidade.
Segunda parte: O incidente
O incidente, que dá nome à segunda parte do livro,
Primeira parte: Antares aconteceu sexta-feira, dia 13 de dezembro do ano
de 1963 e colocou Antares no radar do Rio Grande
do Sul e do Brasil. Embora a fama tenha sido
• Na primeira parte do romance de Érico passageira, foi graças ao incidente que todos
Veríssimo ficamos conhecendo a pequena ficaram conhecendo essa pequena cidade ao sul do
cidade fictícia de Antares, situada no Rio país.
Grande do Sul, quase na fronteira com a No dia 12 de dezembro de 1963, ao meio-dia, foi
Argentina. declarada uma greve geral em Antares. A greve
abrangia todos os setores da sociedade: indústria,
• A região era dominada por duas famílias que transportes, comércio, central elétrica, serviços.
se odiavam profundamente: os Vacariano e Os coveiros e o zelador do cemitério também
os Campolargo. A descrição da cidade e do aderiram a greve de Antares, causando assim um
mecanismo de funcionamento social ocupa enorme problema na região.
quase um terço do texto. Fica claro ao longo O cemitério havia sido igualmente interditado
da leitura das páginas como as duas famílias pelos grevistas, mais de quatrocentos operários que
que geriam a região tinham valores fizeram um cordão humano para impedir a entrada
altamente questionáveis e se alfinetavam no local.
mutuamente Durante a greve morreram sete cidadãos
antarenses que, com o protesto, não puderam ser
devidamente enterrados
Tiêta do Agreste
• Tieta do Agreste, romance de Jorge Amado publicado em 1977, é
um clássico da literatura brasileira. Trata-se de uma obra que mapeia,
de forma sagaz, ácida, mas realista, a colcha de retalhos do moralismo
provinciano que tão bem representa o Brasil distante da vida das
metrópoles. Conduzida pela figura de Antonieta Esteves, a Tieta do
título, a filha pródiga catalisadora de toda a ação e conflito presente no
enredo, Tieta do Agreste é uma história com potencial dramático
que, como veio a se confirmar, transcende os limites da literatura escrita
e faz necessárias adaptações em outros meios.
• Tieta foi pastora de cabras na adolescência, subindo e descendo as
dunas de Santana do Agreste, onde perdeu a virgindade ao ser
estuprada por um mascate, dando início à uma agitada vida sexual, se
tornando a mais admirada e desejada pelos homens da cidade,
causando a inveja de sua irmã mais velha, Perpétua, que a denuncia ao
pai, Zé Esteves, o fazendo escorraçar e expulsar Tieta de casa, passando
humilhação pública, apanhando de cajado na rua e desaparecendo do
mapa.
• Tieta, longe do Agreste, cresce como uma das maiores cafetinas de São Paulo, dona de
um randevu frequentado pelos maiores políticos do país. E apesar de nunca ter voltado
à sua cidade natal, passados 25 anos ela continua ajudando a família enviando cheques
e presentes todos os meses, tomando conhecimento de como estão Perpétua, agora
viúva e mãe de dois filhos – o moleque Peto e o coroinha Ricardo -, a irmã caçula Elisa,
pobre e bem casada, e de Carmosina, a Agente dos Correios e Telégrafos, outrora sua
melhor amiga.
• O retorno de Tieta à cidade é quase uma apoteose, um verdadeiro evento. Enquanto
todos a esperam vestida de luto, ela desce estonteante da marinete de Jairo, encarando
familiares e amigos, todos de preto no calor do sertão:
• “será ela? Peto fica em dúvida. […] Na porta, sobre o degrau, majestosa, Antonieta
Esteves – Antonieta Esteves Cantarelli, faça o favor, exige Perpétua. Deslumbrante.
Alta. Fornida de carnes, a longa cabeleira loira sobrando do turbante vermelho”. Do
corpo da musa, pra reviver a inveja da irmã e causar rebuliço nos homens, o autor não
economiza nos detalhes: “vermelho igual à blusa esporte, de malha, simples e
elegante, marcando a firmeza dos seios volumosos. […] A calça Lee azul colada às
coxas e à bunda, valorizando volumes e reentrâncias, que volumes! que
reentrâncias!”.
São Bernardo
• Publicado por Graciliano Ramos em 1934, São
Bernardo é um clássico da segunda fase da
literatura modernista. Através do romance, dividido
em trinta e seis capítulos, ficamos conhecendo o
protagonista Paulo Honório e a dura vida no
interior do nordeste brasileiro.
• Paulo Honório decidiu escrever um livro para
contar a sua história. O personagem assim se
apresenta ao leitor: