Deixe Que As Crianças Venham Até Mim
Deixe Que As Crianças Venham Até Mim
Deixe Que As Crianças Venham Até Mim
que as crianças
venham a mim»
Por sua parte, esta segunda edição é publicada um ano depois da primeira com algumas
mudanças gramaticais, com a ampliação de certos temas e maior coerência e ordem em
seu desenvolvimento.
Agora o documento será propriedade daqueles que desejem unir-se a este processo
participativo: lendo-o, discutindo-o e meditando-o. O texto está dividido em parágrafos e
cada parágrafo tem um número, isto com o objetivo de que seja possível fazer referências
(citar partes específicas) com maior facilidade no processo de estudo e reflexão. Nossa
oração radica em que o que começou como um texto escrito se converta, pela graça de
Deus e pelo compromisso do seu Povo, em um movimento que, juntos com a infância e a
juventude, faça possível uma Igreja inclusiva onde, aqueles que tenham sido considerados
por sempre pequenos passem hoje a ser protagonistas da Missão e foco central do
ministério.
1 A equipe de redação foi formada por Nicolás Panotto (Argentina), Edesio Sánchez (México), Ruth Alvarado (Peru), Ángel Manzo (Equador), Juan José Barreda (Peru - Argentina) e Harold Segura (Colômbia -
Costa Rica).Também participaram como leitores e corretores da primeira edição: Luciana Noya (Uruguai), Illich Avilés (Nicarágua) e Priscila Barredo (México - Costa Rica). O editor geral foi o Coordenador da
Mesa de Bíblia e Teologia: Harold Segura.
2 Foram tomados em conta as contribuições que surgiram do trabalho em grupo de mais de 100 participantes do Congresso Mesoamericano A Infância, Coração da Missão, celebrado em San Salvador, El
Salvador, em outubro de 2014 e convocado pelo Movimento Juntos com a Infância e a Juventude e também do encontro de teólogos, biblistas e pastores reunidos na Conferência Latino-americana sobre
Teologia da Infância, auspiciada por Child Theology Movement, em Quito, Equador, de 17 a 21 de agosto de 2015.
3 Todos os textos bíblicos foram pegos da Bíblia Tradução em Linguagem Atual,TLA, Sociedades Bíblicas Unidas, 2003.
0. Meninos, meninas e adolescentes representam os setores mais numerosos de nossas sociedades latino-americanas e, além disso, são os mais vulneráveis em contextos de
pobreza, injustiça e desproteção.4 Eles formam parte dos grupos mais afetados por diversas problemáticas como a violência, migração, HIV e AIDS, entre outros. Dito panorama
forma parte da realidade cotidiana em nossas comunidades e igrejas. Consequentemente, para enfrentar esta situação devemos indagar sobre as estatísticas e outros dados
quantitativos, especialmente em torno a suas causas. A partir daí, é nossa responsabilidade refletir em como podemos agir desde nossas perspectivas de fé. Como povo de Deus
devemos nos interrogar sobre o que nos ensinam as Escrituras, repensar nossa ética cristã, avaliar nossa missão e as possibilidades concretas com as que contamos para agir
como agentes de transformação.
situação de
castigo físico. Estas, em muitos casos, servem como abuso.
motivadoras ou legitimadoras de situações de abuso 6. Um grupo que poucas vezes é visto dentro do círculo
e violência no seio de famílias cristãs. de vítimas ou em situação de risco são os meninos e as
risco social.
meninas envolvidas na delinquência. Em muitos casos,
3. Em uma investigação realizada no Peru e na Bolívia5 existem bandas ou «tribos urbanas» organizadas que
sobre as igrejas evangélicas e a violência doméstica, recrutam menores, alguns de muito pouca idade,
Infância
no parágrafo sobre crenças e práticas de castigo e que são influenciados para manter estilos de vida
disciplina dados aos meninos e meninas, é constatado impregnados pela violência. São diversos os fatores
que mais da metade das famílias evangélicas está de que contribuem para o envolvimento desses meninos
vulnerável e
acordo ou parcialmente de acordo com o castigo em estas bandas delitivas: casos de violência dentro
físico; mais da terceira parte afirma que o faz com da família das que eles querem fugir, discriminação
instrumentos como cintos, varas ou outros objetos. racial, pobreza extrema, anomalia social por migração,
Também foi comprovado que no Peru o castigo físico corrupção policial, ambição por obter certas posses
1. As estatísticas e os estudos sobre a situação dos 4. Em esta mesma investigação foi demonstrado 7. Como outra cara de esta realidade, devemos
meninos, meninas e adolescentes na América Latina que o número de abusos sexuais feitos contra os reconhecer que existem cada vez mais políticas sociais
nos mostram uma imagem que deve nos preocupar meninos é alto: um 90% dos casos corresponde às e iniciativas de diversos atores em favor dos meninos
seriamente: a «infantilização da pobreza». O subgrupo meninas, sendo familiares ou pessoas conhecidas da e das meninas. Durante a última década vários
mais numeroso dentro dos setores empobrecidos e vítima os causadores desses abusos mais comuns. governos na América Latina vêm se aprofundando no
indigentes na nossa região são meninos e meninas. A esse respeito, as porcentagens de abuso sexual estabelecimento de políticas públicas comprometidas
A pobreza é entendida não somente como carência em adolescentes entre 15 e 19 anos alcançam um com este setor desde oportunidades mais igualitárias
econômica, mas também como falta de acesso a 20% em vários países do continente. Além disso, o em educação, saúde, gênero, justiça em casos de
serviços básicos de saúde, à educação formal, a problema do Tráfico6 de menores é crescente na violência doméstica até a geração de contextos de
espaços para participação e espaços de proteção. A região: na América Latina 2 milhões de meninos, igualdade de oportunidades para aqueles que estão
violência, o abandono, a discriminação, a exclusão, a meninas e adolescentes são vítimas de exploração em condição de pobreza. No entanto, as problemáticas
desproteção e a propagação de enfermidades, entre laboral e exploração sexual comercial. antes mencionadas persistem e os meninos, meninas,
outras problemáticas, se apresentam com maior adolescentes e jovens representam o setor de maior
magnitude em contextos de pobreza. 5. O impacto que a epidemia do HlV e AIDS está vulnerabilidade com respeito aos problemas sociais
tendo na infância é devastador. Mais de 2 milhões de de nossas sociedades.
2. Na América Latina, mais de seis milhões de meninos e meninos e meninas vivem com HIV e AIDS no mundo
meninas sofrem de abuso físico, incluindo o abandono. e se calcula que 47.000 estão na América Latina e no Um problema de «grandes».
Mais de 80.000 meninos e meninas menores de 18 Caribe. Apesar de que na Região tenham conseguido
anos morrem cada ano por abuso dos seus pais. Os avançar no cuidado e no tratamento das pessoas 8. As cifras citadas no parágrafo anterior mostram uma
5 países com porcentagens mais elevadas de violência adultas, não acontece a mesma coisa com os meninos realidade que vemos ao nosso redor dia a dia. Agora,
são Nicarágua, República Dominicana, Peru, Costa e meninas. Sem o entorno protetor de suas famílias a pergunta é: Por que os meninos e as meninas do
pode ser
aos meninos. Com respeito a este último, é chamativa uma camponesa, uma menina exposta a muitas
a aproximação que teve Jesus com meninas e meninos situações difíceis pelo simples fato de ser mulher e
como mostra o Evangelho de Marcos: ao jovem menor. Sua condição de fragilidade seria ainda maior
paralítico em 2:1-12; a filha de Jairo em 5:22-24; 35- se se tratasse de uma menina estrangeira ou órfã. É
43; a filha da mulher sírio fenícia em Mc 7:25-30; ao assim que os pequenos e pequenas do reino vêm a
jovem epiléptico em Mc 9:17-29, entre tantas outras ser metáfora de condição de vida desde a qual Jesus
alusões indiretas. Na incorporação destas histórias serve e convoca a seus seguidores a servir aos demais.
no Evangelho de Marcos, e nas histórias mesmas é
16. Jesus nos ensinou que o reino de Deus não está possível apreciar que os ensinamentos e as vivências O reino e a família
correspondido com as perspectivas de outros reinos. do reino de Deus estão estreitamente vinculados à
E o demonstra pondo uma menina ou um menino vida dos meninos. 21. O tema da família na Bíblia está incluído em esta
camponês em meio dos discípulos e mostrando-lhes proposta do reino de Deus como uma instância
que o Messias se identificava com ele ou com ela,7 Os pequenos e as pequenas do Reino central de identidade, educação, convivência, relação
vulnerável e cheio de esperanças e sustentada pelo e crescimento na fé. Deve-se em primeiro lugar,
amor de Deus. 19. Ao longo de toda a Bíblia existe um grupo de pessoas reconhecer que a Bíblia não apresenta nenhum
ao que se ordena cuidar: as viúvas, os órfãos e os modelo ou paradigma único do que poderia chamar-
17. A imagem de um reino de Deus se inspira nas estrangeiros (Ex 22:22; Dt 14:29; 24:17,19-20,21; se família ideal ou família cristã, como se costuma
esperanças do antigo Israel, especialmente em aquele 26:13; 27:19; Sal 68:5; Jer 49:11; Sant 1:18, cf. Jn 14:18). crer. Pelo contrário, descrevem diversas concepções
tempo em que os povos seriam diretamente guiados Estes representavam setores com muitos direitos e organizações de família vinculadas com seus
por ele. Para que isto sucedesse Deus faria surgir a negados, como o da herança, o trabalho justo, o voto contextos. As relações familiares e as famílias não
uma pessoa que o obedecesse em tudo e que seria nas decisões sociais, a dignidade social, etc. No caso foram iguais em contextos de guerra e de paz e houve
um fiel testemunho para os demais: o Messias. Assim, particular dos órfãos se refere não só a uma situação grandes diferenças entre âmbitos rurais e pequenas
em circunstâncias de crise moral, em situações de simples «filhos sem pais», senão a meninos e urbes. Por outro lado, a família não foi igual para quem
de grandes conflitos sociais, e ainda mais, quando meninas abandonados. Trata-se de aqueles cujos era livre que para quem tinha sido escravo, para as
sofriam a opressão de governos estrangeiros que parentes próximos não quiseram cuidar depois da grandes massas pobres que para os poucos ricos em
os maltratavam o povo fiel de Israel intensificava sua morte dos seus pais.Também, pode indicar a meninos tempo de Jesus. Pensar em um modelo, e em este
esperança na intervenção de Deus através de seu e meninas cujos pais e familiares foram assassinados na como único, é uma agressão à Bíblia com respeito ao
elegido e em prol do estabelecimento de um tempo guerra e vagam em busca de sustento, como também testemunho que ela dá.
de justiça, de arrependimento, de reconciliação, de pequenos e pequenas excluídos do grupo familiar
e de abundância; especialmente para aqueles que por motivos de «impureza», em outras palavras, por 22. No entanto, podemos encontrar, tanto no Antigo
confiam em Deus e em aqueles que praticam seus ter doenças contagiosas, alguma deformidade física Testamento como no Novo Testamento, alguns
ensinamentos. ou algum problema mental. elementos caraterísticos de como era entendida a
família guiada por Deus. Consistia em um lugar de
18. O reino praticado e proclamado por Jesus se inspira 20. Estes também são os pequenos e as pequenas por pertença e identidade (por exemplo, «fé de Israel»,
em esta esperança, especialmente sobre a realidade quem Jesus tem um especial interesse e que também «filho do carpinteiro», etc.). Em muitos casos a família
da ação de Deus sobre os povos e suas circunstâncias. são metáfora de vida no reino. Particularmente, em abrangia todo o clã (como as famílias de Abraão e
Em efeito, teve que ver com optar pelos mais Mateus 18 Jesus fala dos pequenos e das pequenas Lot), e em estas os meninos e meninas foram criados
desfavorecidos da sociedade daquele momento: fazendo uma alusão a aqueles que seguem a Jesus não somente pelos pais senão que também pelos
7 Historicamente sempre se pensou que Jesus escolher a um “menino ”, um rapazinho. Possivelmente esta crença na maioria das pessoas deve-se ao fato de que as traduções escolheram “menino ” em vez de
“menina ” apesar de que o texto grego usa o neutro para se referir ao menino ou menina . Em este sentido, é tão legítimo imaginar que se tratou de um menino como de uma menina.
meninas
necessitará abrir mão do seu adulto centrismo. Não (embora lamentavelmente muitas vezes isso não
se pretende ignorar o fato de que a metáfora do aconteça, já que inclusive o direito a brincar lhes
menino ou menina tem suas limitações como toda é arrebatado). Esta não é somente uma atividade
metáfora. Pensar em uma igreja de meninos não é recreativa senão a maneira em que aprendem a
falar de uma igreja «infantilizada» mas sim de uma sociabilizar-se e a compreender o mundo que os
42. Os meninos e as meninas como metáfora do reino
igreja que questione as perspectivas adulto cêntricas rodeia. A brincadeira se diferencia consideravelmente
não somente reformularam a vida dos primeiros
regidas, entre outros, por exemplo, por relações da maneira em que o adulto centrismo tenta
seguidores de Jesus, senão que também guiaram a
de domínio, por perspectivas éticas baseadas na compreender a realidade: o desfrute se posiciona
imaginação do que foi concebido como a igreja. O
desconfiança, pela exaltação da força e o menosprezo sobre o cumprimento, a espontaneidade por sobre
mesmo termo igreja foi um mais dentro de outros
da debilidade, por um sentido competitivo da vida e, as regras, o corpo e os afetos por sobre a razão, o
(corpo, casa, família, templo) para descrever e
literalmente, pela postergação dos meninos como estético por sobre o escrito.
compreender as relações e os acordos que o grupo
sujeitos «imaturos» ou «incompletos». Está claro que
de seguidores de Jesus defendia. No entanto, o uso de
não se quer ignorar o processo de «crescimento» 47. Em este sentido, as igrejas necessitam partir também
dito termo foi resignificado à luz dos ensinamentos
no qual se encontram os meninos e as meninas. O da lógica da brincadeira. O que queremos dizer com
de Jesus, por exemplo, quanto ao envolvimento de
que se questiona, mais bem, é que se entende por isto? Que o ser da igreja reflete mais abertamente
escravos, de mulheres, meninos e estrangeiros. Em
crescimento. Ou seja, devemos questionar a ideia de as caraterísticas das brincadeiras na liturgia, na
a ekklesia grega não participavam estes grupos de
«maturação» que inculcamos em meninos e meninas organização institucional, nos esquemas de liderança,
pessoas, embora a igreja cristã nos seus inícios tenha
que confiam em nós. Desde que lugar nos sentimos de predicação e ensinamento, entre outras. Isto
sido conformada em uma grande porcentagem por
capazes e capacitados para “formá-los” e como é que significa que o afetivo, o lugar da espontaneidade,
eles.
a relação de mutualidade entre adultos e meninos os movimentos do corpo, a flexibilidade, o
fica quebrada pelo adulto centrismo, a ponto de questionamento ao estabelecido, o uso da imaginação
43. Se os seguidores de Jesus deviam ser como meninos
comunicar uma mirada tergiversada do reino de e a pluralidade das formas de fazer as coisas – bem
para formar parte do reino de Deus, como deveriam
Deus. como a maioria dos nossos meninos e as meninas
ser as igrejas que formavam? A igreja foi pensada a si
o vivenciam dia a dia – tomem um lugar central
mesma desde a metáfora menino e também – embora
45. Enquanto em alguns setores há um despertar positivo em nossas comunidades eclesiásticas. Que sejamos
não exclusivamente - desde a realidade dos meninos.
respeito à relação dos meninos com o resto da igreja, originais e que usemos a criatividade em nossos
Se, como foi dito anteriormente, Marcos 9:35-37
lamentavelmente, a grande maioria das igrejas, e cultos, que as liturgias sejam mais inclusivas, que exista
ensina sobre a simplicidade e a vulnerabilidade como
das pessoas que criam opinião em estas, continuam maior participação da voz dos meninos e das meninas
qualidades centrais nos seguidores de Jesus, a igreja
anunciando uma visão anti-reino. Esta afirmação tão na tomada de decisões e nos projetos eclesiásticos,
que quer ser testemunho de vida no reino deverá
categórica está diretamente relacionada às palavras entre outros elementos que poderíamos mencionar.
constituir suas relações com base em ditas condições
de Jesus que nos disse que se não somos como um
de vida. Ela deve ser uma comunidade de meninos,
destes meninos, não poderemos entrar no reino Meninos e meninas no centro
de gente simples, que confia no seu Senhor e que se
dos céus (Mt 18:3). O adulto centrismo forma parte
entrega aos demais em amor que cria laços onde as
dessa visão anti-reino. Em certos espaços, ainda, a 48. De tudo que foi desenvolvido até aqui podemos
relações de poder circulam em busca de abençoar o
“evangelização” e o “discipulado” implica perder a fé dizer que uma igreja que caminha pelas veredas do
próximo e dar testemunho da presença de Deus. Pelo
no próximo, cuidar-se dos riscos de amar, obedecer reino de Deus põe a infância como um dos seus
contrário, quando uma igreja constrói seus vínculos
a cegas, proibir-se ou brincar e gozar sensorialmente, agentes principais. Com isto não queremos insinuar
em base ao poder de uns sobre os outros, os meninos
estruturar a vida e seguir a sequência do mandado que os meninos e as meninas sejam o único sujeito
e as meninas ficam iniludivelmente postergados ou
eclesiástico, entre outros aspectos onde se confunde a tomar em conta desde a perspectiva do reino. Os
ainda oprimidos. Mas também, com esta postergação
a missão com a religiosidade. A igreja deve questionar meninos e meninas necessitam de um lugar de maior
49. Como dissemos, falar de meninos e meninas no Teologia e brincadeira Em uma teologia desde a infância, a brincadeira
centro é outorgar maior protagonismo a um setor nos ajuda a experimentar a realidade desde outros
cuja vulnerabilidade provém da invisibilidade e da 51. Toda maneira de compreender a fé, a espiritualidade parâmetros, como por exemplo, desde o lado
exclusão. Isso implica dar-lhes poder, reconhecer sua e a igreja estão estreitamente vinculadas a uma das relações (amizade, companheirismo), desde a
capacidade criativa, seu direito a voz, entre outros. visão de Deus e a uma teologia. Em outras palavras, criatividade construtiva (brincadeira como construção
Para isto deveremos reimaginar nossas estruturas nossas compreensões e definições de Deus darão de acordos e lógicas imaginárias), desde os terrenos
eclesiásticas, tanto na teologia e na pastoral que a lugar, permitirão, tornarão possíveis (ou não!) certas da vida (não submetida a regras rígidas), bem como
sustentam, como na participação dos seus membros. práticas e cosmovisões. Com esta afirmação partimos também nos permite entender a centralidade da vida
Como permitir que estejam realmente “no centro” de que a teologia é uma prática que desenvolve todo humana desde o desfrute.
para que essa expressão deixe de ser somente um crente e toda igreja em sua vida diária ao ver suas
clichê? Como aprender a ouvir melhor sua voz, circunstâncias à luz da fé. Já vimos que existe uma 53. Com lógica descrevemos o processo vivencial pelo
aprender da sua condição, considerar profundamente imagem preponderantemente adulto cêntrico de qual organizamos nosso conhecimento e a realidade
suas perspectivas? A igreja deve ser reevangelizada Deus, o qual também legitima e promove certas da que formamos parte. Lógica não é o mesmo que
em termos de voltar a compreender a mensagem imagens, práticas, cosmovisões e dinâmicas. Por isso racionalismo. Na lógica teológica da brincadeira está
salvadora de Jesus que nos apresenta na condição de nos perguntamos: Como construir uma teologia que envolvida toda a vida humana, obviamente, também
pessoas. Temos que aprender a “ler vidas humanas”, seja mais sensível a nossos meninos e meninas? Como seu corpo e suas percepções. A lógica da brincadeira
o qual nos traz aos textos bíblicos onde Jesus desenvolver uma teologia na que os meninos também é diferente das lógicas controladoras racionalistas. Na
primeiramente “viu a pessoa” e discerniu a vontade sejam seus artífices e não seus meros receptores? brincadeira não se sabe tudo, nem se necessita sabê-
de Deus. lo. Sua busca é a vinculação com o outro como um fim
52. O caminho que necessitamos percorrer consiste em em si mesmo, não como meio. As relações utilitárias
50. Que os meninos estejam no centro, então, nos facilitar uma teologia desde a infância. Isto significa são superadas por uma noção de “nós” que se irmana
convoca a: construir espaços onde meninos e meninas sejam ao suprir-se mutuamente necessidades da alma como:
escutados sobre os assuntos da fé, da Bíblia e da ou divertir-se, ou imaginar novas realidades, ou fazer
a. Desprover do adulto centrismo que condiciona nossa Igreja. Logicamente que as pessoas adultas têm muito acordos mútuos, poder dedicar tempo a si mesmo,
maneira de vê-los e os menospreza; que ensinar. Mas também podemos criar espaços empoderar destrezas motoras que normalmente são
b. Revisar nossa concepção de infância e de maturidade, onde as apreciações e imagens da infância nos postergadas, etc.
especialmente desde sua vinculação, sem ver o ensinem mais de Deus. Ao vincular a teologia com a
segundo como a superação do primeiro; infância, a brincadeira surge como lugar e como lógica Na lógica da brincadeira se conhece a Deus desde
c. Observar que a vulnerabilidade e a vulneração são de encontro com Deus desde o próximo. Quando se todo o ser. O processo de conhecimento teológico
condições e práticas diferentes. A vulnerabilidade pensa em lugar, estamos falando do mundo do qual que se exercita envolve toda a vida humana e não
é uma condição que em si mesma não é negativa. formamos parte, assumimos nosso posicionamento e somente a racionalidade. Conhece-se a Deus a partir
Requer de um grande cuidado, mas também possibilita condição em frente a este. Pensar o mundo como do corpo, das emoções, dos sentidos, do comunitário,
a geração de relações de mútua entrega e cuidado uma brincadeira nos leva a reformular o mundo que desde as frustações, desde a imaginação.
que são difíceis de gerar quando se está à defensiva. ignoramos e do qual, ainda assim, formamos parte:
A vulneração é uma prática que faz indefensa a uma o mundo dos sentidos, da recreação, da não-ordem 54. Isto representa grandes mudanças em como a igreja
pessoa e a leva a sofrer os estragos de condições da imaginação libertadora ou da estrutura rígida que se reconhece a si mesma como uma comunidade de
pessoais e sociais hostis para sua pessoa. Assim, o aprisiona. O mundo do qual formamos parte está aprendizagem. Por isso nos perguntamos: Como são
adulto centrismo, por exemplo, torna vulneráveis os organizado pelo controle, pela competitividade, pela construídas as instâncias educativas nas igrejas? Têm
meninos e meninas porque o desqualifica, não adverte eficiência, pela superioridade, entre outros, onde os meninos e meninas possibilidade de fazer teologia,
de suas qualidades intrínsecas e pode coisificá-lo tudo requer ser ordenado (o primeiro, o segundo... de manifestar sua visão de quem é Deus e como
valiosas
trabalham pela infância – é cada vez mais notório.
Vemos a ONG, municípios, escolas (privadas e 69. Não está por demais assinalar aqui os efeitos
públicas), organizações civis, entre outros que buscam negativos que estas percepções têm para nosso
comunidades eclesiásticas ou organizações baseadas ministério a favor da infância e também para o
na fé para desenvolver projetos, conformar grupos ministério que a infância deve desenvolver a favor das
consultivos, acompanhar casos de emergência, pessoas adultas. Por isso, como assinala o documento,
elaborar propostas legislativas a favor da infância, etc. necessitamos transformar as maneiras de como até
agora estamos compreendendo o mundo da infância.
66. Portanto, o desafio não consiste em iniciar algo que Desta compreensão dependem, em muito, as formas
até agora não tenhamos feito, senão em aprofundar e maneiras como atuemos em direção a ela e o lugar
62. A situação das meninas, meninos, adolescentes e
o que já estamos fazendo, em aprender das melhores que lhe concedamos em nossos contextos sociais.
jovens no nosso continente requer de ações valentes
experiências e em revisar a efetividade do realizado,
(proféticas) e coordenadas por parte das igrejas,
em dar-lhe, além do seu sentido social, o caráter 70. O diálogo interdisciplinar com as ciências da
instituições e organizações cristãs. A mensagem
político a essas ações e em assumir o papel que educação, da psicologia, da antropologia, da política,
de Jesus nos convoca a agir em um duplo sentido:
nossas igrejas podem cumprir no campo da incidência da teologia e outras mais é urgente em este
a envolver-nos com os meninos e meninas em
pública a favor dos direitos da infância. O ministério caminho de aprendizado. Necessitamos revisar, entre
processos que promovam seu bem-estar integral e,
focado na promoção e na defesa dos direitos da outros assuntos, nossas maneiras tradicionais de
por outra parte, a permitir que a infância confronte
infância é ainda um campo inexplorado para muitas compreender a infância, bem como nossas visões
nossos modelos de vida adulto cêntrico, e nos
igrejas. da infância, os discursos teológicos que estamos
conduza por caminhos de transformação humana. É
empregando e as formas de nos relacionar com as
um processo de transformação em dupla via: fazer
mais do que até agora fizemos a favor dos meninos 67. Os desafios que se apresentam com vistas a cumprir meninas e os meninos.
com maior fidelidade e pertinência o papel serviçal e
e meninas e deixar que a infância faça o muito que
profético (Prov 31.8-9), têm que ver com levantar a 71. Jesus, por exemplo, tinha uma compreensão da
pode fazer a favor do nosso mundo adulto. Em outras
voz junto aos diversos atores sociais comprometidos infância que nos ajuda a entender a forma em como
palavras, transformar e ser transformados.
com a situação da infância e da adolescência no que se a respeitava, valorizava e lhe concedia seu lugar na
refere à conscientização sobre a situação deste setor sociedade e no reino (Lc 10:21). Pôs os meninos
63. Os desafios de nossas igrejas, e dos cristãos e
social, a necessidade de criar mais políticas públicas, como exemplo diante dos discípulos adultos (Mt
cristãs em particular, são muitos; alguns deles foram
denunciar situações, discursos e práticas de abuso 18:1-2; 19:13-14), lhes serviu da mesma maneira que
enunciados com urgência pastoral no presente
e violência e, sobretudo, ser um agente de mudança o fazia com aqueles que os seguiam, mostrando com
documento. O seguinte é um breve resumo desses
através do acompanhamento pastoral e a atenção de isso que também eram seus discípulos sem distinção
desafios:
problemáticas específicas em nossas comunidades. alguma com o resto (Mc 10:15-16). Mas o gesto do
abraço com a menina ou menino que pôs no centro
Igreja serviçal e profética
Igreja sensível e aprendiz mostrou uma vinculação e identificação com eles que
teve com poucos. Isto nos faz pensar em uma igreja
64. O Senhor quer uma Igreja que dê testemunho de seu
68. Necessitamos reconhecer que nossas igrejas têm que se identifique com eles em suas estruturas e
amor entre as pessoas mais necessitadas e, como se
concepções erradas sobre a infância e o mundo ações.
afirmou na primeira parte deste documento, a infância
que conforma. Este é um desconhecimento que
não é uma, senão a primeira dessas populações. Mas
compartilhamos com a sociedade em geral. Falamos Igreja intergeracional e inclusiva
além da pobreza, bem conhecidas são as estatísticas
dela e acreditamos ter a última palavra, mas, a verdade
8 As comunidades de fé e as organizações que desenvolvem programas, serviços ou têm contato direto com pessoas menores de 18 anos fariam bem em adotar uma política por escrito para mantê-
los protegidos. Isto é conhecido geralmente como política de proteção de meninos, meninas e adolescentes. Esta política deve ajudar a criar um ambiente seguro e positivo e demonstrar que a Igreja ou
Organização assume com seriedade sua responsabilidade de cuidá-los. Não devemos ignorar que, lamentavelmente, em meio de tantas pessoas genuinamente interessadas pelas meninas e pelos meninos
também se infiltram pessoas inescrupulosas e com más intenções (abusadores sexuais ou traficantes de meninos, meninas e adolescentes); é por esta razão que devem ser tomadas medidas contundentes
para reduzir a possibilidade de que estas pessoas se infiltrem.Visão Mundial publicou um caderno informativo a esse respeito, intitulado: Igrejas e organizações seguras para a infância e a adolescência, que
pode ser visto aqui: http://www.wvi.org/es/IglesiasSeguras
2. As ilustrações tentam plasmar, de forma gráfica, o que está exposto no documento. Através
das imagens busca-se trabalhar, de forma inclusiva, com aqueles que tenham dificuldade com a
leitura. Além disso, se busca explorar e integrar outras vias de conhecimento, como são a visual e a
memória emocional, e provocar uma conversação ainda mais rica em possibilidades para compartilhar
experiências e criar conhecimentos significativos. Deve ser levado em consideração que a proposta
gráfica não esgota o material escrito. Por essa razão é muito relevante a leitura compartilhada e comentada,
de todo o documento. Os workshops estão orientados a realizar a leitura de forma seccionada.
3. No primeiro workshop trabalha-se a partir de duas ilustrações; o segundo, terceiro e quarto workshop é iniciado com
a visualização de uma ilustração; no quinto workshop não se utiliza ilustração como ponto de arranque da reflexão. Todas
as ilustrações fazem referência aos conteúdos desenvolvidos no documento preparado pela equipe que conforma a Mesa
de Bíblia e Teologia do Movimento Juntos com a Infância e a Juventude.
Cada ilustração está acompanhada de umas perguntas geradoras. As perguntas têm a intenção de proporcionar o diálogo
com respeito aos conteúdos da ilustração correspondente ao workshop que está sendo desenvolvido.
Sugere-se ir fazendo um processo de reflexão acumulativo, de maneira que em cada workshop sejam integrados os
aspectos mais sobressalentes do workshop anterior. Esta tarefa deve ser especialmente assumida por parte da pessoa
coordenadora ou facilitadora dos workshops. Recomenda-se levar um caderno para fazer anotações e anotar as
contribuições das pessoas participantes e dar a retroalimentação ao processo de reflexão com as contribuições que as
mesmas vão fazendo. Estas anotações têm grande importância e seria conveniente que os façam chegar à equipe que forma
a Mesa de Bíblia e Teologia, do Movimento Juntos com a Infância e a Juventude para que lhes sirva de insumos para seu
trabalho no futuro.
4. No final de cada workshop é indicado o parágrafo do texto no qual encontrarão informação mais detalhada do conversado
e as pessoas são convidadas para ler a seção que tem relação com a ilustração e o workshop correspondente.
1. Em pequenos grupos vamos ver a ilustração • Conhecemos casos parecidos aos expostos serão colocados sobre o piso ao redor
n° 1 e a compartilhar o que nos chame na ilustração n° 2? da ilustração n° 1. Serão acesas velas em
mais a atenção.Vamos nos regozijar no • Existe na nossa realidade outras situações sinal de compromisso por transformar as
projeto comunitário de amor, solidariedade de violência, risco social da infância, da condições nas quais vivem essas meninas,
e justiça ao que estamos convidadas e adolescência e da juventude que não estão meninos, adolescentes e jovens e serão
convidados. Depois vamos nos deter na expressadas na ilustração n° 2? convidados a viver no Projeto de Jesus,
segunda ilustração e pôr atenção a todas • Quais são essas outras situações? representado na ilustração.
as situações expostas na ilustração N° 2. • Como nos sentimos diante dessas situações
Podem anotar em um flipchart ou em um pelas quais passam muitas meninas, 3. Recomenda-se ler a primeira parte do
papelógrafo para deixá-las visíveis e retomá- meninos, adolescentes e jovens? documento, começando no numeral 1 até o
las depois. • Como nos questiona essa realidade a partir numeral 7.
da nossa identidade cristã?
2. Depois vamos conversar sobre nossas • Sugere-se um momento de devoção que
próprias experiências em relação com possa consistir nos seguintes passos:
as situações expressadas na ilustração. escrever sobre pedaços de papel os
Podemos nos interrogar sobre os seguintes nomes de meninas, meninos, adolescentes
aspectos: e jovens que estejam em situações de
risco, de violência, de desamparo. Estes
1. Em pequenos grupos vamos ver a ilustração • Que papel desempenha a comunidade as pedras algumas flores, água sobre a terra
e a compartilhar aquilo que nos chama a eclesial nesta problemática? seca, sementes e frutas (que representem
atenção. É importante destacar as atitudes • O que se faz atualmente a nível eclesial a capacidade de transformação que temos
das pessoas adultas que aparecem na e civil para transformar as situações como pessoas cristãs sempre convidadas
ilustração. Pode-se fazer uma chuva de comentadas? a promover mudanças por meio de
ideias e anotá-las no flipchart. • Como podemos melhorar o que já está seguimento de Jesus Cristo).
sendo feito?
2. Depois vamos conversar sobre nossas • Sugere-se um momento de devoção que 3. Recomenda-se ler a primeira parte do
próprias experiências em relação com as possa consistir nos seguintes passos: documento, começando no numeral 8 até o
situações expressadas na ilustração n° 3. colocar sobre o piso elementos que numeral 15.
Podemos nos perguntar: representem as atitudes de egoísmo,
• Conhecemos casos parecidos? violência, falta de interesse, abandono,
• Existe em nossa realidade outras situações falta de amor, etc. que as pessoas adultas
onde as pessoas adultas agem de forma expressam a respeito da vida de meninas,
parecida as que aparecem na ilustração? meninos, adolescentes e jovens (podem
ser algumas espinhas, pedras, terra árida,
etc.). Depois podem ser colocadas sobre
NCIA
ISTÊ
ASS DICA
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PO
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IVO
LIXO
1. Em pequenos grupos vamos ver a ilustração • Como pessoas crentes em Deus da Vida e exemplares de alguns documentos da
e compartilhar o que mais nos chama a seguidoras de Jesus e seu projeto libertador. legislação vigente a favor das pessoas
atenção. O que nos motiva a trabalhar pelo bem- menores de idade ou, em sua ausência,
estar da infância, da adolescência e da serão escritos seus nomes em pedaços
2. Depois vamos conversar sobre nossas juventude? de papel. Podemos, também, escrever o
próprias experiências em relação com • Que tanto conhecemos e integramos no nome de algumas instituições e projetos
as situações expressadas na ilustração. nosso cotidiano a legislação onde são que trabalhem pelo bem-estar das meninas,
Podemos nos perguntar: plasmados os direitos da infância e da meninos, adolescentes e jovens. Será feita
• Conhecemos experiências parecidas? adolescência? uma oração de ação de graças por essas
• Existe na nossa realidade iniciativas eclesiais • Sugere-se um momento de devoção que iniciativas e as pessoas darão suas mãos em
ou civis similares que apóiam a infância, a possa consistir nos seguintes passos: sinal de apoio e compromisso a favor dessas
adolescência e a juventude? Recomenda- colocar sobre o piso a ilustração n° 2 organizações e projetos.
se anotar o que for comentado para (utilizada no primeiro workshop), onde são
ter um mapa de atores envolvidos na expostas as situações pelas que atravessam 3. Recomenda-se ler o segundo parágrafo do
transformação da realidade. as meninas, meninos, adolescentes e jovens. documento, que inclui do numeral 16 ao
Ao redor da ilustração serão colocados numeral 30.
OS CASTIGOS
DO SENHOR!
ESPERE,
QUANDO VOCÊ
FOR ADULTA AS PESSOAS
PODERÁ ADULTAS
DECIDIR SOBRE SEMPRE TÊM
SUA VIDA! RAZÃO!
O
MEN E DA
MEN ITOS D
INA
INO
E
DIR
1. Em pequenos grupos vamos ver a ilustração necessitam sempre e em todos os casos um pedaço de pão, um copo de leite, alguns
e compartilhar o que mais nos chama a dos bons critérios das pessoas adultas que brinquedos como sinal da alegria e da
atenção e por quê. os orientam” criatividade da infância. Estão convidados a
• São certas estas frases? pensar em meninas, meninos, adolescentes
2. Depois vamos conversar sobre nossas • Existe na nossa realidade eclesial ou civil e jovens que exalam energia, vitalidade,
próprias experiências em relação com experiências onde sejam valorizadas e inteligência, amor e que nutrem as famílias e
as situações expressadas na ilustração. integrem de forma respeitosa a infância, a comunidades com seus dons.
Podemos nos perguntar: população adolescente e jovem?
• Qual é a valoração que prevalece com • Que podemos fazer para reconhecer, 3. Recomenda-se ler a terceira, quarta e quinta
respeito à infância, a adolescência e a valorizar, impulsionar e integrar as parte do documento, que inclui do numeral
juventude? contribuições da infância, da adolescência e 31 até 61.
• Durante sua infância, adolescência e da juventude?
juventude escutaram frases como as • Sugere-se um momento de devoção
seguintes: “as meninas e os meninos, bem que pode consistir nos seguintes passos:
como as pessoas adolescentes e jovens colocar sobre o piso a ilustração utilizada
não sabem, não podem opinar, suas no desenvolvimento deste workshop.
contribuições não são valiosas, não têm Colocar ao redor da ilustração uma vela
experiência, não sabem o que lhes convêm, grande acesa, uma planta em crescimento,
DEUS É
UMA FAMÍLIA
AS
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DE TOD S UMA VIDA
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LÊNCIA
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