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Resposta A Acusação.

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ALEGAÇÕES FINAIS POR MEMORIAIS ART 33

LEI 11.343/2006
EXMO (a).SR (a). DR (a). JUIZ (a). DE DIREITO DA VARA CRIMINAL DA COMARCA
DE PEÇANHA - MG

AUTOS Nº 0001761-26.2023.8.13.0486

ANTHONY BRYAN FELIPE DO CARMO , já devidamente qualificado nos autos em


epígrafe, por seus procurador infra-assinado, nos autos do processo em que o
Ministério Público lhe move, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência,
sob a forma de memoriais, apresentar suas ALEGAÇÕES FINAIS, nos termos dos
artigos 403, § 3º e art. 404, parágrafo único, ambos do Código de Processo Penal:
I - DOS FATOS
O Ministério Público ofereceu denúncia contra 02 (dois) réus, dentre eles o réu
ANTHONY BRYAN FELIPE DO CARMO, pela prática dos crimes previstos nos arts.
33, caput, e 35, ambos da Lei 11.343/2006.
O réu ANTHONY, juntamente com o outra denunciada, foi preso em suposto flagrante,
tendo a prisão sido ratificada e posteriormente convertida em preventiva.
Audiência de instrução e julgamento realizada, ocasião em que foram ouvidas
testemunhas e realizados os interrogatórios dos réus.
É o breve relatório.
II – DO MÉRITO

II.1 – DA ABSOLVIÇÃO (ART. 33) – AUSÊNCIA DE PROVAS – AUSÊNCIA DE


ELEMENTOS CARACTERIZADORES DA MERCANCIA DE ENTORPECENTES

Por primeiro, é imperativo frisar que o réu, de maneira categórica e enfática, refutou
qualquer vínculo com a comercialização de substâncias entorpecentes, admitindo
exclusivamente o consumo pessoal de maconha. Importa salientar que ATHONY
jamais desempenhou o papel de traficante de drogas, sendo apenas uma pessoa no
lugar e momento inadequados.
Inicialmente, é crucial destacar que nenhum objeto ou elemento usualmente associado
ao comércio de entorpecentes foi encontrado na posse do réu ANTHONY, tais como
dinheiro trocado, balança de precisão, entre outros. Conforme mencionado na própria
denúncia, nos depoimentos dos policiais envolvidos na ocorrência e no Boletim de
Ocorrência pertinente, a substância entorpecente não estava em posse de ANTHONY,
mas sim em parte da residência da corréu MARYLEKARLA, que afirmou que ATHONY
residia nos fundos da propriedade.

Ademais, é incontestável que o réu foi abordado sem motivo aparente e conduzido até
sua residência. As testemunhas, policiais militares, afirmaram categoricamente que
ANTHONY não era conhecido por eles e nunca havia sido abordado, nem na
localidade dos fatos, nem em qualquer outro lugar da cidade. Diante disso, a alegação
do Ministério Público de associação entre o réu e a corré para o tráfico de drogas torna-
se questionável, haja vista que os próprios policiais, ouvidos como testemunhas,
afirmaram nunca terem abordado ANTHONY anteriormente e não terem conhecimento
de seu envolvimento com o tráfico.

Nesse contexto, destaca-se que a falta de informações substanciais por parte das
forças militares sobre a identidade do réu contribui para a complexidade da associação
do mesmo ao tráfico de substâncias ilícitas. A ausência de conhecimento por parte da
polícia acerca da identidade do acusado suscita dúvidas sobre a fundamentação da
alegação de envolvimento em atividades ilícitas, considerando que a própria instituição
encarregada da segurança pública não possuía dados que respaldassem a vinculação
do indivíduo ao referido crime.

Conforme jurisprudência elucidativa:

"PENAL. PROCESSO PENAL. TRÁFICO DE DROGAS. ABSOLVIÇÃO. AUSÊNCIA DE


PROVAS DA TRAFICÂNCIA. AUTORIA DUVIDOSA. RECURSO DESPROVIDO.
Havendo dúvida intransponível sobre a autoria delitiva deve o acusado ser absolvido
em observância do princípio do in dubio pro reo. A palavra do policial isolada e não
confirmada por outros elementos de prova não é suficiente para embasar o decreto
condenatório, especialmente quando o acusado não foi flagrado com entorpecente,
com o dinheiro correspondente do tráfico, além de não ter sido reconhecido pelo
usuário e os vídeos produzidos não comprovarem, extreme de dúvida, a traficância.
Recurso conhecido e desprovido." (TJ-DF 00050050420188070001 DF 0005005-
04.2018.8.07.0001, Relator: DEMETRIUS GOMES CAVALCANTI, Data de Julgamento:
03/12/2020, 3ª Turma Criminal, Data de Publicação: Publicado no PJe: 11/12/2020 .
Pág.: Sem Página Cadastrada.)
Assim, considerando a insuficiência de provas que caracterizem a prática delitiva, a
Defesa requer a absolvição do réu do crime de tráfico de drogas, nos termos do artigo
386, VII, do Código de Processo Penal.
II.2 – DA ABSOLVIÇÃO (ART. 35) – AUSÊNCIA DE PROVAS
No que tange ao crime de associação para o tráfico ilícito de entorpecentes,
entrementes, da mesma forma do que acima argumentado, não há qualquer prova nem
mesmo da existência do referido tipo.
Sabe-se que para ocorrer comprovação do enquadramento de uma conduta no tipo
penal do artigo 35, três requisitos são exigidos, a saber: o concurso de agentes, o
especial fim de agir e a estabilidade ou permanência da associação criminosa.
Sobre as características de tal delito, ensina Guilherme de Souza Nucci:
Análise do núcleo do tipo: associarem-se (reunirem-se, juntarem-se) duas ou mais
pessoas com a finalidade de praticar (realizar, cometer) os crimes previstos nos artigos
33, § 1º e 34 da Lei 11.434/2006. É a quadrilha ou bando específica do tráfico ilícito de
entorpecentes. (...) Demanda-se a prova de estabilidade e permanência da
mencionada associação criminosa. (NUCCI, Guilherme de Souza. Leis Penais e
Processuais Penais Comentadas, 1ª edição, 2006, São Paulo: Revista dos Tribunais,
pág. 784).
Destarte, não há qualquer prova suficiente acerca da permanência e estabilidade da
associação, uma vez que ficou devidamente comprovado que o réu ANTHONY não
integra qualquer associação criminosa, até mesmo pelos depoimentos dos policiais
militares que testemunharam no presente feito.
Neste sentido é o depoimento do Policial Militar, Wanderson Rodrigo de Aquino : “ré.
Apesar de estar há muitos anos no local, o depoente não conhecia o réu. O denunciado
havia chegado há uma semana. Segundo os moradores vizinhos, ele ficava dentro de
casa e, quando saia, saia de táxi. ”
De igual forma, a corré Marylekarla disse : “O Anthony chegou na cidade e pediu um
local. Então a depoente alugou a casa. Ele informou que ficaria pouco tempo. Fazia
uma semana que ele tinha chegado. Não tinha muito contato com ele, pois acordava
cedo pela manhã e saia para trabalhar”
Tendo como base os depoimentos retro mencionados, torna-se latente a ausência de
estabilidade ou permanência de associação criminosa entre os réus.
Assim, ad argumentandum tantum, ainda que sobrevier condenação pelo delito de
tráfico de drogas, tratam os autos de mero caso de coautoria e não da existência de
uma real organização criminosa.
Isto posto, a Defesa requer que seja o réu absolvido do delito de associação para o
tráfico de drogas (art. 35, da Lei 11.343/06), em razão da insuficiência de provas (art.
386, VII, do CPP).
II.3 – PENA NO PATAMAR MÍNIMO
Inicialmente há que se destacar a primariedade e os bons antecedentes do réu,
recomendando, em todo caso, a fixação da pena em seu patamar mínimo, inexistindo
causas de aumento ou circunstâncias agravantes aplicáveis ao caso.
Não existe prova de ser o réu criminoso contumaz.
Não existe comprovação do Réu ter ligação com organização criminosa. Novamente
deve-se ressaltar que o fato de alguém, eventualmente, atuar no varejo do comércio da
droga, como “vapor”, não autoriza a conclusão de que tal pessoa integre a organização
que controla aquele comércio, como não é certo se considerar que o camelô que vende
latinhas de cerveja integre a companhia cervejeira, ou o grande distribuidor da bebida.
Assim, pelos elementos acima, fica demonstrado que a conduta social e a
personalidade do réu são boas, devendo, pois, serem aferidas em patamar máximo no
sopesamento da pena.
Quanto à quantidade de droga apreendida, a mesma não pode ser entendida como
exacerbada, ao ponto de considerar o réu como grande traficante ou mesmo pessoa já
dada aquela pratica, muito pelo contrário, foi apreendida apenas uma qualidade de
droga, não varias como comumente acontece. Inclusive, no cotejo da quantidade com
os demais elementos acima colhidos, não se pode deixar de conceder ao réu, em caso
de condenação, a benesse do tráfico privilegiado, ( § 4º do artigo 33 da Lei nº.
11.343/06).
Conforme já dito, as próprias testemunhas (policiais militares), afirmaram
categoricamente que o réu não é conhecido dos mesmos e que nunca foi abordado.
A princípio, do ponto de vista técnico jurídico, ou seja, a letra fria do processo, seria
mais conveniente ao réu, diante de tudo que militava em seu desfavor, confessar o
crime, o que o mesmo afirma categoricamente não ter praticado. Contudo, por questão
moral e ética, este defensor deixa a cargo do mesmo esta decisão, apesar de explica-la
tecnicamente, optando o mesmo, no caso em apreço, tentar provar sua inocência.
Em sede sucessiva, em remota hipótese de V. Excelência não entender pela aplicação
dos pedidos acima, tendo em vista que o réu é primário, possui bons antecedentes,
bem como inexistem indícios de que o mesmo integre organização criminosa ou se
dedique a práticas criminosas, pugna a Defesa pelo reconhecimento da causa de
diminuição de pena prevista no art. 33, § 4º da Lei 11.343/06, em seu patamar máximo.
Em se aplicando o retro requerido, considerando ainda que o réu ficou preso, em
regime fechado, por mais de 06 meses (xx/xx/xxxx), faz jus a fixação do regime inicial
aberto, bem como a substituição da pena privativa de liberdade pela restritiva de
direitos, uma vez que o STF já se manifestou (HC 97.256, HC 111.840 e HC 118.533)
pela possibilidade de fixação do regime inicial aberto, bem como da substituição pelas
penas restritivas de direito.
III – DO DIREITO DE RECORRER EM LIBERDADE / REVOGAÇÃO DA
PREVENTIVA
Tomando por base todo o retro mencionado, ainda que sobrevenha condenação, esta
não poderá se manter distante do mínimo legal, bem como do regime inicial aberto ou
semiaberto, ainda, levando-se em conta a PRIMARIEDADE, BONS ANTECEDENTES,
EMPREGO LÍCITO e RESIDÊNCIA FIXA, não há motivos que ensejem a manutenção
do réu no ambiente carcerário.
Ora, muito se fala que o sistema prisional está superlotado, contudo, sabe-se que a
grande maioria, são de pessoas ligadas ao tráfico de drogas, normalmente o pequeno
trafico, que são simplesmente lançadas nas masmorras sem qualquer perspectiva de
tratamento e ou ressocialização, não restando ao individuo, assim que deixar o
sistema, outro meio de vida, que não o mesmo que o levou aquele estado, veja-se o
altíssimo índice de reincidência.
No presente caso, conforme já demonstrado, o réu trabalha licitamente, possui vínculo
empregatício (fls.), faz curso profissionalizante no xxxxxx (fls. 70) e estuda (fls. 13 dos
autos em apenso). Assim, prorrogar ainda mais a permanência deste no já degradante
ambiente carcerário só fará piorar a situação, inclusive, com grande possibilidade do
mesmo partir de vez para o crime, visto que as cadeias hoje funcionam como
verdadeiras “escolas do crime”.
Isto posto, pede-se que, em caso de condenação, que o réu possa aguardar eventual
recurso em liberdade, uma vez que o mesmo satisfaz todos os requisitos para tal.
IV – DOS PEDIDOS
1) A absolvição do réu xxxxxxxxxxx quanto aos delitos mencionados na peça
acusatória,em razão da insuficiência de provas (art. 386, VII, do CPP);
2) Sucessivamente, caso não seja o entendimento de V. Excelência o retro exposto,
sobrevindo condenação, a fixação da pena no patamar mínimo, bem como o
reconhecimento da causa de diminuição de pena, em seu patamar máximo, conforme
previsto no art. 33, § 4º da Lei 11.343/06;
3) Em se aplicando o retro requerido, considerando ainda que o réu ficou preso, em
regime fechado, por mais de 06 meses, faz jus a fixação do regime inicial aberto, bem
como a substituição da pena privativa de liberdade pela restritiva de direitos.
4) Finalmente, o réu declara ser pobre no sentido legal, pelo que, requer-se os
benefícios da justiça gratuita, consoante os termos da Lei Estadual 14.939/2003.

Termos em que,
pede deferimento.
Local data
______________xx de___________xxxx
Advogado
OAB

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