Location via proxy:   [ UP ]  
[Report a bug]   [Manage cookies]                
0% acharam este documento útil (0 voto)
227 visualizações10 páginas

Ebook - Neurociencia Do Comportamento

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1/ 10

Head.

Academy NEUROCIÊNCIA DO COMPORTAMENTO

Efeitos do Ambiente no Comportamento


Drª Rosana Alves
Há muito se sabe que o ambiente influencia quem Mas, atualmente, qual é a ideia predominante
somos. Quando a cor da nossa pele escurece sob a sobre os elementos básicos que atuam na construção
exposição do sol ou quando se perde a audição por de quem somos? A genética ou o meio orquestra a orga-
trauma acústico, fica fácil entender a importância da nização psicobiológica humana? Afinal, qual o lugar de
interação corpo-ambiente. Mas o que dizer sobre uma importância que ocupam a genética e o meio na forma-
influência mais significativa, moldando e, até mesmo, ção complexa e instigante do ser humano?
mudando quem somos?
É nesse cenário que surge, após séculos de inves-
Os ambientalistas, há muito tempo, já defendiam tigação e teorias, a Epigenética. -
o protagonismo do ambiente sobre a formação das
características básicas do ser humano, principalmente -
Epigenética consiste no estudo das mudanças
de sua capacidade cognitiva. Lembram do filósofo John hereditárias na expressão gênica que independem de
Locke (1632-1704)? Segundo ele, nascíamos sem mudanças na sequência primária do DNA. Tais altera-
nenhum registro, uma tábula rasa, totalmente depen- ções são reversíveis e herdáveis.
dentes do meio para construir tudo em nossa mente.
Séculos mais tarde, o psicólogo John B. Watson (1878- Mesmo o cérebro humano, tão magnificamente
-1958), fundador do behaviorismo nos Estados Unidos, projetado, pode ser modificado pelas influências do
insistia em defender que o homem é infinitamente male- -
meio. Como diz Eric R. Kandel (Prêmio Nobel em Medici-
ável, extremamente vulnerável às influências do ambien- na de 2000, por descrever os mecanismos neurobiológi-
te. cos da memória), as experiências vividas podem provo-
car alterações físicas no cérebro, e até mesmo os genes
Por outro lado, os nativistas, embalados pelas são servos do ambiente. A epigenética pode contribuir,
ideias de René Descartes (1596-1650), defendem que por exemplo, para transmissão de comportamentos
herdamos dos nossos pais todas as nossas característi- ansiosos e depressivos através de gerações.
cas, tanto físicas quanto cognitivas ("filho de peixe, peixi-
nho é").

2
Head.Academy NEUROCIÊNCIA DO COMPORTAMENTO

Já que o ambiente pode influenciar significativamente quem somos - inclusive alterando a expressão
gênica - saber lidar, evitar ou estimular eventos externos tornam imprescindíveis na promoção da qualidade de
vida.
A epigenética das influências maternas durante a gestação e durante a infância, da violência e negligência,
você pode conferir na palestra disponível no link: https://www.youtube.com/watch?v=zZgWAj9Fg6w&t=188s
O quadro a seguir traz alguns estudos sobre a relação entre comportamento, epigenética e efeito funcio-
nal:

Mas os efeitos do meio sobre a genética são


sempre prejudiciais? Claro que não. O exercício físico é
um exemplo contundente de como usar o meio para
melhorar a nossa performance.

3
Head.Academy NEUROCIÊNCIA DO COMPORTAMENTO

Exercício Físico: um comportamento em que vale


a pena investir
Foi interessante ler o que Jennifer Cohen, nomeada uma das pessoas mais influentes em saúde e exercício
físico do mundo, escreveu na revista Forbes: ela refere que as pessoas de grande sucesso realizam exercícios físicos
antes das 8 horas da manhã1. Parece que um dos motivos da relação entre exercício físico pela manhã e melhor per-
formance cognitiva e, consequentemente, profissional, pode ser entendida a partir da explicação do Doutor John
Ratey, psiquiatra da Escola Médica de Harvard2:

“podemos constatar que após fazermos exercício o nosso cérebro está pronto a aprender, pois o sangue
que chega ao cérebro, em maior quantidade e mais oxigenado, fá-lo funcionar ao seu melhor nível”.

O exercício físico melhora o cérebro, mas será que não praticá-lo traz algum prejuízo? Parece que sim: os efei-
tos do sedentarismo sobre o cérebro resultam em diminuição da habilidade para responder ao estresse, indicada
pela redução de fatores protetores e reparadores do cérebro3,4,5. Por outro lado, a atividade física moderada reduz
as perdas cognitivas e a demência de causa vascular em idosos, diminuindo os danos que podem ser causados pelo
envelhecimento6.

Vale também citar que, logo após uma única sessão de exercício físico aeróbico, realizado em intensidade
moderada, é possível observar melhora significativa em diferentes tarefas cognitivas, tais como: atenção seletiva,
memória de curto prazo e velocidade de processamento. Outros estudos também indicam que os exercícios de
força e intermitentes (que combinam esforços de alta intensidade e períodos de repouso) exercem influência positi-
va sobre a cognição7,8,9,10,11,12.

4
Head.Academy NEUROCIÊNCIA DO COMPORTAMENTO

É importante reforçar que o exercício físico pode melhorar memória e atenção tanto em crianças quanto em
adultos, por liberar BDNF13. Vale citar que o BDNF é uma proteína que promove a sobrevivência, o crescimento, a
maturação e manutenção das células nervosas; por isso, é importante promover seu aumento no cérebro.

No hipocampo de adultos, estrutura cerebral importante para aquisição, armazenamento e evocação de


memória, é possível observar o surgimento de novos neurônios (chamado de neurogênese) com a atividade física.
É redundante falar da importância do hipocampo sobre a performance cognitiva, já que esta estrutura está tão
intimamente relacionada com a aprendizagem14.

Oliveira e colaboradores (2019) submeteram mulheres idosas (de 64 anos de idade, aproximadamente) à
prática de jogos desportivos, caminhada e alongamento, em ambientes abertos, durante três meses, duas vezes
por semana. A partir de testes cognitivos, concluíram que a prática de caminhada pode melhorar habilidades cogni-
tivas de mulheres idosas destreinadas15.

Outros estudos também comprovam que a atividade física melhora o funcionamento cerebral de áreas
envolvidas com controle cognitivo, desde a infância até a velhice, incluindo controle executivo, espacial, velocidade
de processamento da informação etc16,17,18,19,20.

Segue uma tabela com mais efeitos positivos do exercício físico sobre a performance cognitiva.

5
NEUROCIÊNCIA DO COMPORTAMENTO
Head.Academy

Tabela. Efeitos do exercício físico crônico no metabolismo


cerebral em modelos animais e humanos.

Tipo, intensidade
Hipótese testada
Autor Amostra e duração do Principais Achados
e técnica utilizada
Exercício Físico

60 homens Maior nível de aptidão Nível de aptidão física Adultos e idosos com
Dustman et al. (1990)22 (adultos de 20-30 anos física correlacionada foi estimado por teste maior aptidão física
e idosos de 50-62 anos). com melhor ativação de consumo máximo demonstraram maior
cerebral – eletroencefa- de oxigênio (VO). ativação cerebral em
lograma. comparação a seus
pares de menor aptidão
(+3,5% e 2,5%, respecti-
vamente).

Individuos com maior


24 homens e Maior nível de aptidão Nível de atividade física nível de atividade física
Lardon e Polish (1996)23
12 mulheres (31 anos). física correlacionada foi estimado a partir do desmonstraram maio-
com melhor ativação total de horas participa- res ativações na
cerebral – eletroencefa- das em atividades frequencia média das
lograma. esportivas (total de ondas theta, alpha e
horas por semana). beta (+175%) do córtex
cerebral.

Melhores resultados no
Maior nível de aptidão O nível de aptidão física teste cognitivo e maior
física correlacionada foi avaliado pelo consu- aumento na ativação
41 idosos com melhor ativação mo máximo de oxigênio
Colcombe et al. (2004)24 cortical das regiões 8,
(idade: 67 e 68 anos). cerebral- ressonância (VO).
Estudo 1* 32, 40 e 46, em idosos
magnética. com maior aptidão
física.

Grupo treinando mos-


Treinamento físico
trou redução de 11% no
18 mulheres e melhora a ativação 3 sessões por semana conflito de resposta na
11 homens (idade: cerebral- ressonância de caminhada (~40 –
Colcombe et al. (2004)24 tarefa de descriminação
65,60 ± 5,66 anos). magnética e teste cogni- 70% FCmáx) durante
Estudo 1* de estímulos e um
tivo de descriminação um período de 6 meses. aumento ativação cere-
de estímulos (Flanker
bral na área de controle
Task).
da atenção.

Tabela adaptada de Merege Filho et al, 201421. >

6
NEUROCIÊNCIA DO COMPORTAMENTO
Head.Academy

Meio Virtual e suas influências sobre o cérebro


A entrevista concedida por Miguel Nicolelis a GGN é tão interessante que você
terá acesso a ela na íntegra: Nicolelis afirma que, nos anos 1960, Mcluhan foi capaz de prever o momento
em que a humanidade chegaria hoje. “Ele previu que os grupamentos sociais iam
Testes apontam que a internet, o meio de comunicação mais veloz já existente, começar a fragmentar a sociedade, porque os grupos de interesse iam começar a se
está moldando o cérebro das pessoas, fazendo com que a razão humana funcione auto referenciar no momento em que houvesse um meio de mídia capaz de ser rápido
com características do mundo digital. o suficiente para sincronizar as pessoas na ordem da magnitude de funcionamento do
cérebro”.
“O grande problema nesse processo é que, ao mimetizar o funcionamento dos
computadores, a humanidade tende a perder peculiaridades analógicas de empatia, Não por acaso, completa o neurocientista, é cada vez maior a existência de
solidariedade e respeito à opinião alheia”. O alerta é do neurocientista Miguel Nicolelis, espaços dentro do Facebook “cujos integrantes acham que seu grupo é mais impor-
feito em entrevista exclusiva ao GGN. tante do que o país”25.
Segundo o pesquisador, as mentes de bilhões em todo o mundo podem estar Vale também citar que ainda não sabemos o que ocorrerá com o locus coeru-
sendo moldadas pela imersão contínua no mundo virtual. “As pessoas estão cada vez leus com a nossa intensa exposição ao mundo virtual. O locus coeruleus está envolvi-
mais se comportando como se fossem máquinas”, reforça, afirmando que é capaz de do com os estímulos aversivos e com a novidade, sendo ativado todas as vezes que
provar como isso acontece: esses eventos acontecem. A questão é a seguinte: todas as vezes que acessamos um
site novo ou rolamos a barra para baixo no Instagram, por exemplo, essa estrutura é
“Eu sincronizo os cérebros dos meus macacos num laboratório quando dou ativada e ainda não sabemos quais as consequências dessa super ativação do locus
estímulos visuais comuns, de forma muito rápida. O meio, como diz Marshall Mcluhan coeruleus devido ao nosso novo hábito, adquirido com a nossa vida no mundo virtual.
(teórico da comunicação), é a mensagem, e uma vez que essa mensagem entra no seu
cérebro e no meu, e bate com nossos preconceitos inerentes e nossa visão de mundo
crua, é que nem um vírus, infecta e começa a ser broadcast (transmissor) pelo cara que
foi infectado. Então, você começa a amplificar um grupo de indivíduos que pensa igual”.

7
NEUROCIÊNCIA DO COMPORTAMENTO
Head.Academy

Alimentação e Epigenética
Embriões e fetos expostos a fome e/ou baixa ingestão calórica da mãe têm um menor grau de metilação do gene
responsável pelo metabolismo da insulina do que os seus irmãos não expostos e também quando adultos ou idosos os
mesmos possuem uma taxa mais elevada de doenças crônicas, como diabetes, doenças cardiovasculares e obesidade
quando comparados a irmãos que não foram expostos a essa condição. Na gravidez, é necessário o consumo de
ômegas 3, 6 e folato, pois influenciam alterações pós-traducionais em histonas de células neurais da prole.

Interessante citar que o que diferencia abelhas operárias e estéreis, da rainha, fértil, não é a genética, mas sim a
dieta no estado larvar. As larvas destinadas a rainha são alimentadas exclusivamente de geleia real, uma substância que
ativa o programa genético responsável pela fertilidade da rainha.

Os exemplos supracitados evidenciam que a dieta é capaz de promover alterações diretas na transcrição gênica,
tornando assim a epigenética nutricional um campo de extrema importância para a humanidade, já que o desenvolvi-
mento de muitas doenças.

É oportuno citar que a obesidade é uma doença que envolve mais de 250 genes26 que são silenciados ou dispara-
dos pelo estilo de vida. Alimentação, tabagismo, alcoolismo, atividade física, estresse, entre outros, são capazes de ativar
ou silenciar genes envolvidos com a obesidade27,28.

8
NEUROCIÊNCIA DO COMPORTAMENTO
Head.Academy

Referências
1. https://www.forbes.com/sites/jennifercohen/2013/10/02/5-things-super-successful-people-do-before-8-am/#74a9c2725769. Acesso disponível em 14 de janeiro de 2020.
2. RATEY, J.J; HAGERMAN, E. Spark: The Revolutionary New Science of Exercise and the Brain. Little Brown and Company, 2012, 304p.
3. ROSE, D.P.; KOMNINOU, D.; STEPHENSON, G.D. Obesity, adipocytokines, and insulin resistance in breast cancer. Obes Rev. 2004; v.5, p.153–65.
4. ARUMUGAM, T.V. et al. Age and energy intake interact to modify cell stress pathways and stroke outcome. Ann Neurol. 2010; 10.1002/ana.21798.
5. STRANAHAN, A.M. et al. Voluntary exercise and caloric restriction enhance hippocampal dendritic spine density and BDNF levels in diabetic mice. Hippocampus. 2009; v.19, p.951–61.
6. MA, Q. Beneficial effects of moderate voluntary physical exercise and its biological mechanisms on brain health. Neurosci Bull. 2008; v.24, n.4, p.265-70. < doi: 10.1007/s12264-008-0402-1.>
7. SPIRDUSO WW. Physical fitness, aging, and psychomotor speed: a review. J Gerontol. 1980;35(6):850-65.
8. HILLMAN CH, ERICKSON KI, KRAMER AF. Be smart, exercise your heart: exercise effects on brain and cognition. Nature Reviews Neuroscience. 2008;9(1):58-65.
9. MCMORRIS, T.; SPROULE, J.; TURNER, A.; HALE, B.J. Acute, intermediate intensity exercise, and speed and accuracy in working memory tasks: a meta-analytical comparison of effects. Physiol Behav.
2011;1;102(3-4):421-8.
10. LAMBOURNE, K.; TOMPOROWSKI, P. The effect of exercise-induced arousal on cognitive task performance: a meta-regression analysis. Brain Res. 2010;23;1341:12-24.
11. ALVES, C.R.R.; TESSARO, V.H.; TEIXEIRA, L.A.C.; MURAKAVA, K.; ROSCHEL, H.; GUALANO, B.; TAKITO, M.Y. Influence of an acute high-intensity interval training session on selective attention and short-term
memory tasks. Percept Mot Skills. 2014;118(1):63-72.
12. ETNIER, J.L.; CHANG, Y.K. The effect of physical activity on executive function: a brief commentary on definitions, measurement issues, and the current state of the literature. J Sport Exerc Psychol.
2009;31(4):469-83.
13. NIEDERER, I. et al. Relationship of aerobic fitness and motor skills with memory and attention in preschoolers (Ballabeina): A cross-sectional and longitudinal study. BMC Pediatr. 2011, 11, 34.
14. LIU, P.Z.; NUSSLOCK, R. Exercise-Mediated Neurogenesis in the Hippocampus via BDNF. Front. Neurosci., 2018, 12:52. <doi: 10.3389/fnins.2018.00052>
15. OLIVEIRA, R.A.; SOARES, V.N.; SAMPAIO, R.A.C.; FERNANDES, P.T. Influência da caminhada na cognição e composição corporal de mulheres idosas. Rev Bras Ativ Fis Saúde. 2019;24:e0081. <doi:
10.12820/rbafs.24e0081>
16. AUDIFFREN, M.; ANDRÉ, N. The exercise-cognition relationship: a virtuous circle. Journal of Sport and Health Science. 2019;8(4):339-347. <doi:10.1016/j.jshs.2019.03.001>
17. GOMEZ-PINILLA, F.; HILLMAN, C.H. The Influence of Exercise on Cognitive Abilities. Comprehensive Physiology. 2013; 3:403-428. <doi: 10.1002/cphy.c110063>
18. HILLMAN, C.H.; ERICKSON, K.I.; KRAMER, A. Be smart, exercise your heart: exercise effects on brain and Cognition. Nature Reviews. 2008; 9:58-65. <doi:10.1038/nrn2298>
19. HILLMAN, C. H. et al. Effects of the FITKids randomizedcontrolled trial on executive control and brain function. Pediatrics. 2014:134(4), e1063-e1071. <doi: 10.1542/peds.2013-3219>
20. RATEY, J.; LOEHR, J.E. The positive impact of physical activity on cognition during adulthood: a review of underlying mechanisms, evidence, and recommendations. Neuroscience. 2011;22(2): 171–185.
<doi:10.1515/rns.2011.017>
21. MEREGE FILHO, CAA et al. Influência do exercício físico na cognição: uma atualização sobre mecanismos fisiológicos. Rev Bras Med Esporte. 2014; 20:3. <doi: http://dx.doi.org/10.1590/1517-
-86922014200301930>
22. DUSTMAN, R.E. et al. Age and fitness effects on EEG, ERPs, visual sensitivity, and cognition. Neurobiol Aging. 1990;11(3):193-200.
23. LARDON, M.T.; POLICH, J. EEG changes from long-term physical exercise. Biol Psychol. 1996;27;44(1):19-30.
24. COLCOMBE, S.J. al. Cardiovascular fitness, cortical plasticity, and aging. Proc Natl Acad Sci U S A. 2004;2;101(9):3316-21.
25. Disponível em: https://www.redebrasilatual.com.br/saude-e-ciencia/2016/12/internet-molda-o-cerebro-das-pessoas-diz-nicolelis-4588/. Acesso em 21 de abril de 2020.
26. PÉRUSSE, L. et al. The human obesity gene map: the 2000 update. Obes Res, v.9, p.135-69. 2009.
27. KAPUT, J. Diet-disease gene interactions. Nutrition, v.20, p.26-31. 2004
28. KAPUT, J. et al. The case for strategic international alliances to harness nutritional genomics for public and personal health. Br J Nutr, v.94, p.623-32. 2005.

Você também pode gostar