Ebook - Neurociencia Do Comportamento
Ebook - Neurociencia Do Comportamento
Ebook - Neurociencia Do Comportamento
2
Head.Academy NEUROCIÊNCIA DO COMPORTAMENTO
Já que o ambiente pode influenciar significativamente quem somos - inclusive alterando a expressão
gênica - saber lidar, evitar ou estimular eventos externos tornam imprescindíveis na promoção da qualidade de
vida.
A epigenética das influências maternas durante a gestação e durante a infância, da violência e negligência,
você pode conferir na palestra disponível no link: https://www.youtube.com/watch?v=zZgWAj9Fg6w&t=188s
O quadro a seguir traz alguns estudos sobre a relação entre comportamento, epigenética e efeito funcio-
nal:
3
Head.Academy NEUROCIÊNCIA DO COMPORTAMENTO
“podemos constatar que após fazermos exercício o nosso cérebro está pronto a aprender, pois o sangue
que chega ao cérebro, em maior quantidade e mais oxigenado, fá-lo funcionar ao seu melhor nível”.
O exercício físico melhora o cérebro, mas será que não praticá-lo traz algum prejuízo? Parece que sim: os efei-
tos do sedentarismo sobre o cérebro resultam em diminuição da habilidade para responder ao estresse, indicada
pela redução de fatores protetores e reparadores do cérebro3,4,5. Por outro lado, a atividade física moderada reduz
as perdas cognitivas e a demência de causa vascular em idosos, diminuindo os danos que podem ser causados pelo
envelhecimento6.
Vale também citar que, logo após uma única sessão de exercício físico aeróbico, realizado em intensidade
moderada, é possível observar melhora significativa em diferentes tarefas cognitivas, tais como: atenção seletiva,
memória de curto prazo e velocidade de processamento. Outros estudos também indicam que os exercícios de
força e intermitentes (que combinam esforços de alta intensidade e períodos de repouso) exercem influência positi-
va sobre a cognição7,8,9,10,11,12.
4
Head.Academy NEUROCIÊNCIA DO COMPORTAMENTO
É importante reforçar que o exercício físico pode melhorar memória e atenção tanto em crianças quanto em
adultos, por liberar BDNF13. Vale citar que o BDNF é uma proteína que promove a sobrevivência, o crescimento, a
maturação e manutenção das células nervosas; por isso, é importante promover seu aumento no cérebro.
Oliveira e colaboradores (2019) submeteram mulheres idosas (de 64 anos de idade, aproximadamente) à
prática de jogos desportivos, caminhada e alongamento, em ambientes abertos, durante três meses, duas vezes
por semana. A partir de testes cognitivos, concluíram que a prática de caminhada pode melhorar habilidades cogni-
tivas de mulheres idosas destreinadas15.
Outros estudos também comprovam que a atividade física melhora o funcionamento cerebral de áreas
envolvidas com controle cognitivo, desde a infância até a velhice, incluindo controle executivo, espacial, velocidade
de processamento da informação etc16,17,18,19,20.
Segue uma tabela com mais efeitos positivos do exercício físico sobre a performance cognitiva.
5
NEUROCIÊNCIA DO COMPORTAMENTO
Head.Academy
Tipo, intensidade
Hipótese testada
Autor Amostra e duração do Principais Achados
e técnica utilizada
Exercício Físico
60 homens Maior nível de aptidão Nível de aptidão física Adultos e idosos com
Dustman et al. (1990)22 (adultos de 20-30 anos física correlacionada foi estimado por teste maior aptidão física
e idosos de 50-62 anos). com melhor ativação de consumo máximo demonstraram maior
cerebral – eletroencefa- de oxigênio (VO). ativação cerebral em
lograma. comparação a seus
pares de menor aptidão
(+3,5% e 2,5%, respecti-
vamente).
Melhores resultados no
Maior nível de aptidão O nível de aptidão física teste cognitivo e maior
física correlacionada foi avaliado pelo consu- aumento na ativação
41 idosos com melhor ativação mo máximo de oxigênio
Colcombe et al. (2004)24 cortical das regiões 8,
(idade: 67 e 68 anos). cerebral- ressonância (VO).
Estudo 1* 32, 40 e 46, em idosos
magnética. com maior aptidão
física.
6
NEUROCIÊNCIA DO COMPORTAMENTO
Head.Academy
7
NEUROCIÊNCIA DO COMPORTAMENTO
Head.Academy
Alimentação e Epigenética
Embriões e fetos expostos a fome e/ou baixa ingestão calórica da mãe têm um menor grau de metilação do gene
responsável pelo metabolismo da insulina do que os seus irmãos não expostos e também quando adultos ou idosos os
mesmos possuem uma taxa mais elevada de doenças crônicas, como diabetes, doenças cardiovasculares e obesidade
quando comparados a irmãos que não foram expostos a essa condição. Na gravidez, é necessário o consumo de
ômegas 3, 6 e folato, pois influenciam alterações pós-traducionais em histonas de células neurais da prole.
Interessante citar que o que diferencia abelhas operárias e estéreis, da rainha, fértil, não é a genética, mas sim a
dieta no estado larvar. As larvas destinadas a rainha são alimentadas exclusivamente de geleia real, uma substância que
ativa o programa genético responsável pela fertilidade da rainha.
Os exemplos supracitados evidenciam que a dieta é capaz de promover alterações diretas na transcrição gênica,
tornando assim a epigenética nutricional um campo de extrema importância para a humanidade, já que o desenvolvi-
mento de muitas doenças.
É oportuno citar que a obesidade é uma doença que envolve mais de 250 genes26 que são silenciados ou dispara-
dos pelo estilo de vida. Alimentação, tabagismo, alcoolismo, atividade física, estresse, entre outros, são capazes de ativar
ou silenciar genes envolvidos com a obesidade27,28.
8
NEUROCIÊNCIA DO COMPORTAMENTO
Head.Academy
Referências
1. https://www.forbes.com/sites/jennifercohen/2013/10/02/5-things-super-successful-people-do-before-8-am/#74a9c2725769. Acesso disponível em 14 de janeiro de 2020.
2. RATEY, J.J; HAGERMAN, E. Spark: The Revolutionary New Science of Exercise and the Brain. Little Brown and Company, 2012, 304p.
3. ROSE, D.P.; KOMNINOU, D.; STEPHENSON, G.D. Obesity, adipocytokines, and insulin resistance in breast cancer. Obes Rev. 2004; v.5, p.153–65.
4. ARUMUGAM, T.V. et al. Age and energy intake interact to modify cell stress pathways and stroke outcome. Ann Neurol. 2010; 10.1002/ana.21798.
5. STRANAHAN, A.M. et al. Voluntary exercise and caloric restriction enhance hippocampal dendritic spine density and BDNF levels in diabetic mice. Hippocampus. 2009; v.19, p.951–61.
6. MA, Q. Beneficial effects of moderate voluntary physical exercise and its biological mechanisms on brain health. Neurosci Bull. 2008; v.24, n.4, p.265-70. < doi: 10.1007/s12264-008-0402-1.>
7. SPIRDUSO WW. Physical fitness, aging, and psychomotor speed: a review. J Gerontol. 1980;35(6):850-65.
8. HILLMAN CH, ERICKSON KI, KRAMER AF. Be smart, exercise your heart: exercise effects on brain and cognition. Nature Reviews Neuroscience. 2008;9(1):58-65.
9. MCMORRIS, T.; SPROULE, J.; TURNER, A.; HALE, B.J. Acute, intermediate intensity exercise, and speed and accuracy in working memory tasks: a meta-analytical comparison of effects. Physiol Behav.
2011;1;102(3-4):421-8.
10. LAMBOURNE, K.; TOMPOROWSKI, P. The effect of exercise-induced arousal on cognitive task performance: a meta-regression analysis. Brain Res. 2010;23;1341:12-24.
11. ALVES, C.R.R.; TESSARO, V.H.; TEIXEIRA, L.A.C.; MURAKAVA, K.; ROSCHEL, H.; GUALANO, B.; TAKITO, M.Y. Influence of an acute high-intensity interval training session on selective attention and short-term
memory tasks. Percept Mot Skills. 2014;118(1):63-72.
12. ETNIER, J.L.; CHANG, Y.K. The effect of physical activity on executive function: a brief commentary on definitions, measurement issues, and the current state of the literature. J Sport Exerc Psychol.
2009;31(4):469-83.
13. NIEDERER, I. et al. Relationship of aerobic fitness and motor skills with memory and attention in preschoolers (Ballabeina): A cross-sectional and longitudinal study. BMC Pediatr. 2011, 11, 34.
14. LIU, P.Z.; NUSSLOCK, R. Exercise-Mediated Neurogenesis in the Hippocampus via BDNF. Front. Neurosci., 2018, 12:52. <doi: 10.3389/fnins.2018.00052>
15. OLIVEIRA, R.A.; SOARES, V.N.; SAMPAIO, R.A.C.; FERNANDES, P.T. Influência da caminhada na cognição e composição corporal de mulheres idosas. Rev Bras Ativ Fis Saúde. 2019;24:e0081. <doi:
10.12820/rbafs.24e0081>
16. AUDIFFREN, M.; ANDRÉ, N. The exercise-cognition relationship: a virtuous circle. Journal of Sport and Health Science. 2019;8(4):339-347. <doi:10.1016/j.jshs.2019.03.001>
17. GOMEZ-PINILLA, F.; HILLMAN, C.H. The Influence of Exercise on Cognitive Abilities. Comprehensive Physiology. 2013; 3:403-428. <doi: 10.1002/cphy.c110063>
18. HILLMAN, C.H.; ERICKSON, K.I.; KRAMER, A. Be smart, exercise your heart: exercise effects on brain and Cognition. Nature Reviews. 2008; 9:58-65. <doi:10.1038/nrn2298>
19. HILLMAN, C. H. et al. Effects of the FITKids randomizedcontrolled trial on executive control and brain function. Pediatrics. 2014:134(4), e1063-e1071. <doi: 10.1542/peds.2013-3219>
20. RATEY, J.; LOEHR, J.E. The positive impact of physical activity on cognition during adulthood: a review of underlying mechanisms, evidence, and recommendations. Neuroscience. 2011;22(2): 171–185.
<doi:10.1515/rns.2011.017>
21. MEREGE FILHO, CAA et al. Influência do exercício físico na cognição: uma atualização sobre mecanismos fisiológicos. Rev Bras Med Esporte. 2014; 20:3. <doi: http://dx.doi.org/10.1590/1517-
-86922014200301930>
22. DUSTMAN, R.E. et al. Age and fitness effects on EEG, ERPs, visual sensitivity, and cognition. Neurobiol Aging. 1990;11(3):193-200.
23. LARDON, M.T.; POLICH, J. EEG changes from long-term physical exercise. Biol Psychol. 1996;27;44(1):19-30.
24. COLCOMBE, S.J. al. Cardiovascular fitness, cortical plasticity, and aging. Proc Natl Acad Sci U S A. 2004;2;101(9):3316-21.
25. Disponível em: https://www.redebrasilatual.com.br/saude-e-ciencia/2016/12/internet-molda-o-cerebro-das-pessoas-diz-nicolelis-4588/. Acesso em 21 de abril de 2020.
26. PÉRUSSE, L. et al. The human obesity gene map: the 2000 update. Obes Res, v.9, p.135-69. 2009.
27. KAPUT, J. Diet-disease gene interactions. Nutrition, v.20, p.26-31. 2004
28. KAPUT, J. et al. The case for strategic international alliances to harness nutritional genomics for public and personal health. Br J Nutr, v.94, p.623-32. 2005.