Emp05 LR
Emp05 LR
Emp05 LR
Ministério da Educação
DESCRIÇÃO
A Bandeira Nacional é um dos símbolos da soberania da República de Angola e foi
adoptada em 1975, por altura da proclamação da Independência Nacional. Dividida
ao meio no sentido horizontal, tem duas cores dispostas em duas faixas, tomando a
superior o tom vermelho rubro e a inferior o preto, uma composição constituída por
5
uma secção de uma roda dentada com nove dentes, uma catana que se sobrepõe
inclinada, com o punho situado à direita, a lâmina curvada voltada para a esquerda,
e uma estrela de cinco pontas. As regras gerais para o uso da Bandeira Nacional
encontram-se estabelecidas na lei n.º 14/18, de 29 de Outubro.
SIGNIFICADO
O vermelho rubro representa o sangue derramado pelos angolanos durante a
opressão colonial, a luta de libertação nacional e a defesa da Pátria. O preto
representa o continente africano. O amarelo representa a riqueza do País. A roda EDUCAÇÃO MANUAL
dentada simboliza os trabalhadores e a produção industrial. A catana representa
os camponeses, a produção agrícola e a luta armada. A estrela é o símbolo da
solidariedade internacional e do progresso. E PLÁSTICA
5.ª CLASSE
5
EDUCAÇÃO MANUAL
E PLÁSTICA
5.ª CLASSE
TÍTULO
Educação Manual e Plástica | Manual da 5.ª Classe
REDACÇÃO DE CONTEÚDOS
Augusto João Ferreira
Bernardo Carlos Simão
José Amândio Francisco Gomes
Catele Conceição Teresa Jeremias
ILUSTRAÇÃO
Juques de Oliveira
CAPA
Ministério da Educação – MED
EDITORA
Editora das Letras, S.A.
geral@editoradasletras.com
Tel: +244 947 642 461 | +244 947 728 128
www.editoradasletras.com
Querido(a) aluno(a),
As lições seleccionadas para esta classe visam conduzir-te ao nível do
progresso e de desenvolvimento, num mundo em constante mudança,
através de conteúdos e de exercícios diversificados para a consolidação de
algumas matérias, assim como o conhecimento de outras.
Deste modo, irás estudar, neste manual escolar de Educação Manual e
Plástica da 5.ª Classe, matérias sobre a representação do espaço, as carac-
terísticas da cor e o tratamento da cor em obras tridimensionais.
Esperamos que as lições a serem estudadas te ajudem a ampliar os
conhecimentos, a desenvolver habilidades e a compreender as realidades
actuais do nosso país, do nosso continente e do mundo, pois será desta
forma que crescerás social e intelectualmente.
O Ministério da Educação
3
ÍNDICE
TEMA 1 – REPRESENTAÇÃO DO ESPAÇO
1.1. A ORGANIZAÇÃO DO ESPAÇO QUE NOS RODEIA ...................................................... 6
1.1.1. Espaço fechado e espaço aberto .................................................................... 8
BIBLIOGRAFIA ............................................................................................................ 63
Tema
REPRESENTAÇÃO DO ESPAÇO
1.1. A ORGANIZAÇÃO DO ESPAÇO QUE NOS RODEIA
Se observares à tua volta, verás que estás rodeado de coisas, formas, objectos, en-
tre outros elementos.
Espaço é um lugar delimitado que um objecto ou um ser ocupa.
Temos consciência da importância do espaço quando ele é reduzido, quando não
está organizado ou quando nos falta.
É importante saberes que o teu espaço está limitado pela distância entre as pessoas
e os objectos que te rodeiam.
Figura 1 O menino olha para o espaço aberto à sua volta. Figura 2 Meninos no interior de uma sala de aula.
É por esta razão que, num espaço que se vai construir ou num espaço já construído,
se deve ter em conta o seguinte:
6
Tema
Figura 3 Vista parcial de uma centralidade. Figura 4 Vista interior de um quarto bem organizado.
Nas grandes cidades onde habitam muitas pessoas, os parques, os espaços verdes,
os espaços de lazer e as praças são indispensáveis para a existência de um equilíbrio
psicológico dos seus habitantes. Por esta razão, cada vez mais organizam-se os espa-
ços a partir de planos urbanísticos, obedecendo a critérios estabelecidos quanto ao
número de habitantes, às casas a construir, à distribuição da água e da electricidade, ao
saneamento básico, entre outros elementos importantes.
7
1.1.1. Espaço fechado e espaço aberto
Existem os espaços abertos, aqueles quase sem limitações, nos quais nos movimen-
tamos de forma livre.
Por exemplo, no campo, quando esti-
vermos a observar a paisagem, esta sen-
sação com que ficamos deve-se precisa-
mente ao facto de estarmos num espaço
aberto.
Deves, também, saber que as relações
que se estabelecem entre os elementos
de um espaço determinado dependem da
posição do observador. É por esta razão
que dizemos que a realidade depende da
posição do observador – maior/menor;
perto/longe; dentro/fora; acima/abaixo.
Na compreensão ou percepção do es- Figura 6 Vista sobre o espaço aberto do rio Kwanza.
paço, este vai-nos parecendo diferente à
medida que nos movimentamos.
8
Tema
Uma paisagem, um edifício, um campo plantado ou uma escola mudam de posição
à medida que nos movimentamos.
Quando estiveres a criar uma obra e for necessário representar a organização de
um espaço, é importante teres em conta as suas dimensões.
Sabes que o espaço físico em que te movimentas ou em que vives é tridimensional?
Quer isto dizer que tem três dimensões: largura, comprimento e altura. As três dimen-
sões resultam no volume.
Por sua vez, o espaço bidimensional tem duas dimensões: largura e comprimento.
É o caso, por exemplo, das superfícies das folhas de papel, das folhas de um livro, do
papel em que desenhas, entre outros.
Não te esqueças de que todos nós temos sensibilidade à forma como um espaço é
organizado. Por isso, deves organizar todos os espaços sob tua responsabilidade a fim
de melhorares o teu relacionamento com as pessoas próximas de ti.
9
1.2. AS FORMAS E AS SUAS DIMENSÕES
1.2.1. A estrutura
ou uma forma.
As estruturas podem ser naturais ou artificiais.
10
Tema
O volume
É o espaço estruturado que cada forma tridimensional
ocupa: largura, comprimento e profundidade.
O espaço contido num volume é conhecido por interior.
O espaço que rodeia a forma volumétrica é conhecido por
exterior.
Os objectos e as formas que ocupam um espaço ou um
lugar têm uma relação directa com o ser humano na sua vi-
vência quotidiana.
Figura 13 Escultura angolana.
11
ACTIVIDADE
1 - Desenha uma forma com volume. Procura observar os objectos de
vários ângulos para facilitar a apreensão. Podes desenhar a mesma
forma, alterando o ponto de vista. Agora, compara a forma desenhada
com a forma observada. Qual é a tua opinião?
Figura 14 Exemplo de estrutura resistente à carga: ponte Figura 15 Estrutura de edifícios modernos em Luanda.
sobre o rio Keve.
– Achas que, com o peso que o elefante tem, este poderia manter-se em
pé se tivesse o tamanho do esqueleto do cão? Claro que não!
12
Tema
É por esta razão que é importante conhecerem-se os princípios que determinam
uma estutura.
Os princípios que determinam a estrutura são: a resistência, o equilíbrio e a estabi-
lidade.
Figura 16 Galinha de pequena/média estrutura, quando Figura 17 Os elefantes são animais de grande porte.
comparada com elefantes.
13
A textura é qualidade de uma superfície. Ela pode ser natural ou fabricada.
A textura é um dos elementos que ajudam a caracterizar uma forma.
Figura 19 Superfície de uma parede: textura fabricada. Figura 20 Textura natural de uma ovelha.
ACTIVIDADE
Realiza trabalhos onde se possam observar vários tipos de texturas.
A forma
Olha para todos os lados e verás que tudo o que te rodeia tem uma forma. É por esta
razão que se diz que nada do que existe à nossa volta poderia ser se não tivesse forma.
14
Tema
É importante que saibas que é através da linha, do espaço, da textura, do volume,
da superfície, da luz e da cor que definimos e identificamos uma forma. Também en-
contramos diferentes percepções da forma, ou seja, as formas variam a sua aparência
consoante a posição e a intensidade da luz.
É na relação que todos estes elementos vão estabelecer entre si que percebemos a
existência de uma forma, de um objecto, entre outros. Repara que, quando estamos a
observar a natureza, a luz facilita ou permite-nos ver as formas muito variadas e com
muitas cores.
15
É possível que, quando estiveres a olhar para a forma de alguma coisa, penses que
existam formas em falta na estrutura, mas na verdade não. Se olhares com bastante
atenção, verás que em tudo encontramos uma estrutura.
Afinal de contas, o que é uma forma?
É assim que encontramos formas naturais e formas criadas pelo ser humano (ar-
tificiais), que poderão ser planas ou com volume. Podem ser geométricas, as que têm
como base figuras geométricas como o triângulo, o quadrado, o prisma, o cubo, o círcu-
lo, entre outras. Também temos formas que não apresentam configurações geométri-
cas, como árvores, vegetais, rios, entre outros.
ACTIVIDADE
Representa graficamente, num espaço bidimensional, uma forma com
volume e textura.
Forma/função
Será que já paraste para te perguntares por que as formas na natureza são como
são?
Por que o coco tem aquela forma e o bico do beija-flor é tão comprido?
Por que a tartaruga ou o cágado têm aquela forma?
Não é por mero acaso que as formas na natureza se apresentam como são. Cada
forma tem o motivo ou a sua razão de ser e surgiu e desenvolveu-se adaptando-se ao
meio circundante e ao fim destinado.
16
Tema
ACTIVIDADE
Representa, num espaço bidimensional, uma forma, desempenhando a sua
função.
17
A forma e o ser humano
Desde os tempos mais remotos, o ser humano tem adaptado ou criado formas para
dar resposta às suas necessidades. Os primeiros objectos e formas inventados foram
utensílios que auxiliavam o trabalho feito com as mãos, utilizando-se para a sua cons-
trução os materiais da natureza, como paus, pedras, ossos, entre outros. O ser humano
observou, na natureza, os vários elementos existentes, percebendo bem as suas estru-
turas, formas e funções, para os imitar nos objectos que construísse.
Figura 29 Utensílios rudimentares usados pelo ser humano como auxílio ao trabalho feito com as mãos.
O ser humano inventou formas com mecanismos ou sistemas que têm como ob-
jectivo reduzir os seus esforços em funções importantes, como cortar, serrar, agarrar,
levantar, conter, martelar, furar, entre outros.
Figura 30 Gruas e retroescavadoras com braços mecânicos que permitem reduzir o esforço humano.
18
Tema
É assim que ao longo dos tempos o ser humano tem adaptado os objectos e instru-
mentos do seu meio natural para assegurar a sobrevivência e o seu conforto, conse-
guindo correspondências significativas na criação das formas.
Repara que o ser humano, inspirando-se nos pássaros, construiu o avião e, a partir
do estudo dos peixes, concebeu a forma dos barcos e navios de grande porte.
Nestas transformações que o ser humano vai operando no seu meio ambiente, num
mundo de objectos e formas, com as quais vai melhorando a sua qualidade de vida, não
nos devemos esquecer da sua responsabilidade de cuidar e conservar a natureza para
as gerações vindouras.
O ser humano, ao transformar os materiais em objectos úteis, deve sempre estabe-
lecer a relação entre o aspecto formal e as necessidades de utilização.
19
Devido a vários problemas como a escassez de espaço e as exigências estéticas, o
ser humano preocupa-se cada vez mais com a forma que vai conceber e o tipo do ma-
terial a ser utilizado.
É importante saber que, em tudo aquilo que o ser humano cria, é indispensável exis-
tir harmonia e coerência entre a forma, a função e os materiais utilizados, para que o
objecto ou a forma resultantes sejam realmente belos.
ACTIVIDADE
Representa, num espaço tridimensional, um objecto utilitário criado pelo
ser humano.
Podes fazer o uso de materiais recicláveis a teu critério.
20
Tema
Figura 35 Menino junto de uma casa em escala reduzida. Figura 36 Menino junto de uma abelha em escala ampliada.
É importante saberes que as formas podem ter vários tamanhos e que para qual-
quer um dos tamanhos é fundamental conseguir-se um certo equilíbrio. Para o efeito,
deves relacionar as partes com o todo e obedecer à representação proporcional das
formas.
Mesmo que a forma que se pretenda representar tenha grandes dimensões, não te
esqueças da proporcionalidade que elas apresentam. Quando pretenderes representar
uma forma, deves começar por observar e analisar a realidade, tendo sempre em conta
a concepção de equilíbrio e de proporção.
No dia-a-dia, deparamo-nos sempre com formas naturais ou fabricadas que se asse-
melham às figuras geométricas, o que quer dizer que, a todo o momento vemos formas
variadas. Com certeza, tens encontrado ou visto em vários livros e revistas ou mesmo
tens desenhado figuras geométricas (bidimensionais), como: triângulos, rectângulos,
círculos, entre outros.
21
Figura 37 Escultura hiper-realista (muito ampliada em relação à escala humana) de um rapaz de calções.
Obra do artista australiano Ron Mueck.
22
Tema
Quando pretendemos fazer a representação de uma forma ao dispormos formas
geométricas numa superfície, é importante termos em conta ou procurar uma organi-
zação onde exista unidade e equilíbrio entre os diversos elementos utilizados na com-
posição. Este processo ocorre:
Por repetição: pode-se repetir uma forma geométrica, com iguais intervalos
entre si, estando esta sempre na mesma posição e com a mesma cor.
Figura 38 Repetição e simetria dos elementos decorativos Figura 39 Repetição do mesmo elemento decorativo.
na fachada desta igreja.
23
ACTIVIDADE
1 - Desenha algumas figuras geométricas como: um cubo, um cone, uma
pirâmide, um cilindro, um quadrado, um rectângulo, um prisma, entre
outros. É claro que estas figuras devem ser feitas cada uma no seu
espaço. Depois de as desenhares, terás de pensar que as figuras geo-
métricas combinadas irão originar uma forma arquitectónica.
24
Tema
1.3. A PROFUNDIDADE ATRAVÉS DO DESENHO
Desenhar é representar aquilo que está à nossa vista ou aquilo que está
gravado na nossa memória; é também ver, observar e compreender o que nos
rodeia.
Antes do desenho há, também, o esboço, que é desenhar com traço rápido sem es-
tarmos preocupados se vamos apagar ou se uma linha está por cima da outra, sendo
esta considerada a primeira fase do desenho.
25
Por exemplo, quando estivermos a observar uma fotografia de uma paisagem que é
bidimensional, poderás ter a sensação do espaço, que é dado pelo facto de as formas
que estiverem mais distantes aparecerem mais pequenas. Veremos que os objectos, as
formas e as coisas de dimensões iguais parecem diminuir de tamanho à medida que se
afastam do observador.
Figura 44 Passadeira para peões em que é visível o efeito de Figura 45 Nesta fotografia de uma linha do comboio, temos
perspectiva graças à sensação de aproximação das riscas a sensação de que os carris convergem para um ponto
brancas. distante lá bem ao fundo.
26
Tema
ACTIVIDADE
Todas estas informações serão,
seguramente, de grande importância
para ti. Representa ou desenha o que
quiseres, aplicando a profundidade
(uma passagem, uma casa, um
animal, um objecto, entre outros).
27
Agora observa as figuras que se seguem:
Figura 48 Edifício da Assembleia Nacional da República de Figura 49 Monumento histórico – Largo da Independência –
Angola – Luanda. Angola.
Figura 50 Perspectiva da nova Marginal de Luanda. Figura 51 Vista do pátio de uma escola – Angola.
28
Tema
1.4. INTRODUÇÃO À PERSPECTIVA LINEAR
Perspectiva: é uma expressão que tem a sua origem no Baixo latim (perspectiva)
que em português significa “visto através de”.
A perspectiva é uma representação visual que nos dá uma ideia de um todo ou con-
junto de uma figura, um objecto ou uma paisagem, onde temos a sensação de existir a
profundidade.
29
Se estiveres numa estrada ladeada de árvores, dos dois lados, em toda a sua ex-
tensão, e observares mais além, verá que no fim parecem tocar-se num determinado
ponto, mas tal não acontece.
Ponto de fuga
Linha do horizonte
ga
fu
de
ha
L in
Figura 53 Perspectiva de uma estrada em que se percebe bem onde se encontra a linha do horizonte, o ponto de fuga e a
linha de fuga (ver imagem da direita).
O que é a linha horizontal? É uma linha imaginária situada ao nível dos olhos do
observador.
Também podemos chamar linha horizontal por estar no limite da nossa visão.
Exemplo: a terra ou o mar dão a sensação de tocar o céu. Quando estamos na praia
e vemos o sol a pôr-se, reparamos o sol a “entrar no mar” ou mesmo “no rio”, num
ponto que se chama linha do horizonte.
Sobre a linha do horizonte (LH), vão estar os pontos de FUGA (I), onde se dirigem ou
convergem as linhas de fuga, que saem das formas. As linhas de fuga são as que te dão
a ilusão da profundidade. Observa, com atenção, as imagens na página seguinte.
30
Tema
31
Já deves ter encontrado dificuldades em desenhar ou representar num espaço bidi-
mensional (superfície de uma folha) o que observaste no espaço tridimensional, como,
por exemplo, um carro, uma casa, uma pessoa ou uma paisagem.
Transferir o que vemos para o papel, se não tivermos conhecimentos, é bastante
difícil, porque essas representações dependem da posição do observador, ou seja, do
indivíduo que estiver a observar, em relação à forma, à coisa, ao objecto a desenhar ou
representar.
32
Tema
ACTIVIDADE
1 - A partir dos conhecimentos que tens sobre perspectiva, representa
a tua rua, ou uma paisagem que gostes, usando linhas do horizonte,
ponto de fuga e linha de fuga.
33
1.4.1. Representação de uma paisagem simples em função
da perspectiva linear. O emprego das linhas de fuga
Para melhor compreenderes, vamos começar por falar da perspectiva que já viste
nas aulas anteriores, dos pontos de fuga e da linha de fuga, a fim de produzires uma
perspectiva.
Para representares uma paisagem simples em perspectiva, traça uma linha do hori-
zonte, estabelece os pontos de fuga e as linhas de fuga. Seguidamente, começas a dese-
nhar de forma que dê a ilusão de profundidade (perspectiva). As formas irão tornar-se
mais pequenas, conforme forem afastando-se do observador. Não te esqueças de que
são as linhas de fuga que dão a ilusão de profundidade (perspectiva).
Figura 61 Construção de uma paisagem em perspectiva a partir do ponto fuga e das linhas de fuga.
34
Tema
AS CARACTERÍSTICAS DA COR
2.1. LUMINOSIDADE, INTENSIDADE OU VALOR E MATIZ
O meio que nos circunda tem como uma das suas características mais importantes a
cor. Já pensaste como seria o mundo sem cor, ou seja, incolor? Não dá nem sequer para
imaginarmos esta possibilidade, porque os efeitos coloridos desapareceriam e as for-
mas distinguir-se-iam muito mal. O nosso meio circundante teria de ser compreendido
com auxílio dos outros sentidos.
Algumas vezes, dizemos que uma flor é amarela, a calça é azul, a folha é verde, como
se as cores fossem propriedades do objecto. Mas será que a cor de facto está no pró-
prio objecto ou estará na luz que nos faz ver este objecto?
Nas classes anteriores, quando falaste sobre a cor, aprendeste que só podemos dis-
tinguir as cores se houver luz, se não houver luz, não pode existir a cor.
Faz a seguinte experiência: tira uma calça, camisa ou outra peça de roupa qualquer,
leva-a para o quarto, fecha as janelas e as portas e apaga todas as luzes, se for de noite.
Segura na peça de roupa e vê se consegues distinguir a cor; não vai ser possível porque
não há luz, portanto, não pode haver cor.
Já viste um arco-íris? De certeza que já. Em que período? De dia ou de noite? De cer-
teza que foi de dia, porque é neste período que há luz solar.
36
Tema
37
2.2. AS DIFERENÇAS NA APARÊNCIA DOS OBJECTOS
PELA INFLUÊNCIA DA LUZ
Repara nas duas imagens. Elas apresentam-te duas fotografias tiradas em diferentes
períodos do dia. A primeira foi tirada com a presença da luz solar e a segunda fotografia
ao anoitecer.
Nota que há diferenças. Que diferenças são essas? Qual é o elemento que achas que
é o modificador? Certamente que é a luz!
Observa como, nas imagens, com a diminuição da intensidade luminosa, não se
vêem os pormenores ou detalhes, as formas já não se observam com clareza, desta-
cando-se somente as linhas de contorno.
Vejamos como a incidência da luz nos objectos pode produzir zonas muito mais ilu-
minadas.
As zonas de penumbra são aquelas em que a luz não incide na sua totalidade ou não
chega a incidir. Os objectos, ao serem iluminados, podem resultar em sombras produzi-
das no espaço onde se situam, ou ainda, produzirem sombras nos outros objectos que
estiverem perto.
Figura 66 Fotografia colorida tirada à luz do dia. Figura 67 Fotografia colorida tirada ao anoitecer.
38
Tema
Figura 68 Embondeiros fotografados à luz do dia. Figura 69 Fotografia da marginal de Luanda tirada com
pouca luz, sendo pouco visíveis as formas e toda a gama de
cores.
Repara como a aparência dos objectos se pode alterar quando existe a variação da
intensidade da luz e da sua direcção.
Observa, também, como a iluminação pode realçar as formas e a textura ou mo-
dificá-las. O contraste do claro-escuro pode criar padrões com interesse visual bem
definidos.
ACTIVIDADE
Representa, numa folha A4, o efeito da luz nos objectos, resultando em
sombra.
39
2.2.1. A escala de valores de uma determinada cor
O que farias se te mandassem escolher uma cor, na presença das suas tonalidades?
Figura 71 Lápis de cor de várias tonalidades de azul (à esquerda) e várias tonalidades de verde (à direita).
Figura 72 Vista aérea de uma floresta onde predominam diferentes tonalidades de verde.
ACTIVIDADE
Faz uma representação onde possas aplicar as diferentes tonalidades de
uma cor.
40
Tema
2.2.2. Diferença entre a luz e a sombra num
objecto de uma só cor
A luz permite-nos observar e analisar uma forma, dependendo da sua incidência (di-
reita, esquerda, por trás, frontal, entre outras), criando valores luminosos que podem
alterar a leitura ou a aparência da forma ou do objecto.
Se analisares as imagens acima, verás que é a luz que contribui para a identificação
visual dos volumes e da textura através das sombras que produz. É o que nos permite
ver e saber se o volume é rugoso ou macio.
41
Ao incidirmos a luz no objecto em várias direcções e posições, veremos que se vão
criando sombras, alterando-se a percepção e a compreensão da forma.
As sombras que vão existir no objecto ou na forma chamam-se sombras próprias e
as sombras provocadas pelo objecto ou forma chamam-se sombras projectadas.
Nas superfícies em que incidem os raios de luz, a cor é mais clara e luminosa; quan-
do a intensidade da luz diminui, essas superfícies tendem a tornar-se mais escuras.
Com efeito, obtemos ou recebemos sensações diferentes na presença de luzes de
cores diferentes. Se estivermos num espaço ou ambiente em que se muda a direcção
da luz, a sensação nesse ambiente poderá ser assustadora ou festiva conforme a cor e
da direcção da luz projectada durante o dia.
Observa, por exemplo, como as cores vão-se alterando conforme as horas do dia.
Alguma vez observaste o planeta Terra onde vives por meio de várias imagens e
vídeos? Se ainda não o fizeste, fá-lo e verás que é iluminado pela luz do sol desde o
momento em que se formou. A essa luz reagem todas as formas de vida. Foi por esta
razão que os olhos dos animais se desenvolveram. De todas as formas vivas na Terra, o
ser humano é o mais dependente da visão. Quase 90% da informação que te chega ao
cérebro é transmitida pelos olhos, o que torna a visão igualmente importante como os
outros sentidos.
42
Tema
A luz que recebemos do sol é uma forma de energia que os nossos olhos são capa-
zes de apreender.
Se decompusermos a luz branca do sol, através de experiência, veremos que apare-
cem cores.
Com a orientação do teu professor(a), faz a seguinte experiência:
• Faz coincidir, num prisma óptico (espécie de varinha de cristal de forma triangular),
um feixe de luz branca. A impressão que temos de a luz ser branca resulta da combina-
ção das sete cores. Um bom exemplo para percebermos esta afirmação é o arco-íris,
também chamado arco-da-velha.
Este fenómeno natural, visível às vezes no céu, apresenta cores do espectro solar
resultantes da dispersão da luz ao atravessar as gotículas ou gotinhas de água que se
formam, quando uma nuvem se desfaz em chuva. As sete cores do espectro solar são:
vermelha, laranja, amarela, verde, azul, anil e violeta.
Sem dúvida, um dos aspectos mais atractivos que a luz nos oferece é a de configurar
as formas. Das várias classes de luz, na 5.ª classe, terás algumas noções sobre a luz na-
tural e a luz artificial e aprofundarás estes conhecimentos nas classes seguintes.
A luz natural é proveniente do sol, é uma luz forte e branca, que ilumina com muita
intensidade todos os locais.
43
A luz artificial é produzida pelo ser humano para iluminar, à noite, os locais onde
este se encontra, em substituição da luz natural.
Saiba que, quando a luz incide sobre os objectos, ela produz zona iluminada, zona de
sombra e zona de penumbra e os objectos adquirem a sua sombra própria e projectam
outra.
É importante realçar que a luz é um elemento a que deves prestar toda atenção por-
que sem ela não seria possível diferenciar as cores, as formas, as texturas, os padrões,
os contrastes, entre outros elementos.
ACTIVIDADE
Desenha um espaço que mude conforme a direcção da luz; torna o mesmo
ambiente diferente, utilizando várias cores.
44
Tema
Ao observares essa paisagem num dia de sol, as cores parecer-te-ão muito intensas,
ao contrário do que sucede se por acaso o dia estiver cinzento ou o céu estiver coberto
de nuvens.
Figura 80 Uma paisagem num dia de sol. Figura 81 Uma paisagem num dia cinzento.
A cor que vês na natureza e na obra do ser humano é fortemente influenciada pela
luz. Procura perceber este fenómeno observando a natureza e as coisas à tua volta em
diversos momentos do mesmo dia.
Podes fazer várias experiências, por exemplo, pegar num objecto colorido e analisá-
-lo à luz natural ou à luz artificial ou metê-lo num quarto escuro; podes olhar as árvores
e descobrir a variedade de tons de verde, analisar essas árvores em diferentes horas do
dia e ver as tonalidades que vão adquirindo. Interessa, neste momento, que entendas
que a cor está relacionada com a luz e sem luz não existe cor.
45
A experiência visual continua a reco-
nhecer a cor como uma das qualidades da
forma que, conjugadas com a estrutura, a
textura e a configuração, caracterizam o
todo. Portanto, se a cor é parte integrante
do desenho e da pintura, então é neces-
sário compreender a cor para aprender a
ver e a registar o que vemos.
46
Tema
As cores podem ser classificadas em função do seu grau na escala de construção
cromática.
Aparecem, assim, em primeiro lugar as cores primárias (vermelho, amarelo, azul),
por serem aquelas a partir das quais é possível obter todas as outras.
Cores primárias
Cores secundárias
47
2.3. OBRAS PRODUZIDAS COM A VARIAÇÃO DA
TONALIDADE CLARO-ESCURO
Depois de teres estudado a luz, a cor e as respectivas manifestações, embora de
forma superficial, pensamos estarem criadas as condições que permitem o estudo de
obras com a utilização do fenómeno de claro-escuro.
Para analisarmos este fenómeno, primeiro vamos procurar saber o que se entende
por contraste.
Quando observamos a natureza e a obra feita pelo ser humano, encontramos for-
mas que se diferenciam umas das outras, pelo contraste que se observa entre elas, que
pode ser de forma e também de cor, de textura, de tamanho, de peso e de movimento.
Figura 86 Os girassóis apresentam cores primárias. Aqui o Figura 87 Exemplo de contraste claro-escuro.
amarelo contrasta com o azul do céu.
48
Tema
49
Os aspectos a ter em conta quando se trata de estudar ou analisar uma obra com
a utilização de claro-escuro são: observar a direcção, intensidade e qualidade da luz;
observar o grau de luminosidade das cores (o contraste claro-escuro deve variar con-
soante a direcção da luz); por fim, verificar que uma das cores deve ser mais clara do
que as outras.
Figura 92 Três obras do pintor holandês Rembrandt em que são visíveis os contrastes de claro-escuro.
ACTIVIDADE
Representa, numa folha A4, o que observaste depois de um passeio,
fazendo o contraste de claro-escuro.
50
Tema
51
Em Educação Manual e Plástica, quando estamos a representar os objectos, de-
senhamos e pintamos, criando, assim, formas. Quando pintamos empregamos a cor
como elemento fundamental de identificação por meio da luz.
Portanto, neste caso específico, a diferença de intensidade da cor é definida pela
incidência ou intensidade da luz, pela existência de cores mais claras do que outras,
pelo valor da tonalidade, entre outros.
ACTIVIDADE
Numa folha A4, representa, de um lado, as formas geométricas naturais e
do outro lado as formas geométricas criadas pelo ser humano.
52
Tema
O TRATAMENTO DA COR
EM OBRAS TRIDIMENSIONAIS
3.1. A REPRESENTAÇÃO DA COR NAS FORMAS
BIDIMENSIONAIS E TRIDIMENSIONAIS
Nas classes anteriores, estudaste as formas bi e tridimensionais. Sabes que as for-
mas bidimensionais têm duas dimensões (comprimento e largura) e existem num su-
porte plano. As formas tridimensionais, por sua vez, apresentam três dimensões, que
são: comprimento, altura e profundidade (volume).
54
Tema
cor, no momento da pintura, é que pode variar consoante a direcção e qualidade da luz
que incide sobre a obra ou sobre o objecto a representar.
Outro aspecto fundamental a que deves dar muita atenção, no momento de repre-
sentar as formas, é a relação de proporcionalidade ou equilíbrio que deve existir entre
o objecto e o suporte ou a superfície.
ACTIVIDADE
Com esta técnica terás a oportunidade de construir diversos objectos
como, chapéus, copos, máscaras, fantoches, frutos, pássaros, entre
outros. Aproveita a oportunidade para fabricares outros objectos que te
poderão ser úteis na vida social.
55
Vê, a seguir, alguns objectos construídos, com a técnica de papier-mâché, que pode-
rão inspirar a fazer o mesmo.
56
Tema
3.2.1. Pintura em papier-mâché
Como já viste, o papier-mâché é uma técnica que se utiliza para a elaboração de
vários objectos de utilidade social. Tu já aprendeste a construir alguns destes objectos,
aplicando a técnica acima referenciada.
Depois de teres construído vários objectos, estes devem ser pintados. Mas para apli-
car a tinta num suporte ou numa superfície, deves, antes, conhecer alguns aspectos
essenciais sobre ela.
A tinta é uma matéria colorida (corante) que é aplicada sobre um suporte, subordi-
nada a uma determinada organização formal.
Numa pintura podemos distinguir o suporte, que poderá ser de madeira, papel, me-
tal, cerâmica, etc., e as matérias corantes, moídas e dissolvidas ou aglutinadas num veí-
culo líquido, que, ao secar, deposita os pigmentos coloridos sobre o suporte de modo
mais ou menos aderente. Entre os materiais corantes estão a aguarela, o guache, o
óleo, o esmalte, entre outros.
Mas dos materiais mencionados só vais estudar os dois primeiros (a aguarela e o
guache), porque neste nível são os materiais que mais vais utilizar.
57
Figura 104 Pintura a óleo. Figura 105 Pintura com esmalte sintético.
A aguarela
A aguarela é um tipo de tinta que tem como principal característica a transparência.
Antes de ser utilizada prepara-se com água e pode ser aplicada sobre papel, seco ou
húmido, para evitar a formação de rugas.
Antes de pintares com aguarela, deverás diluí-la com muita água, para conseguires
a transparência necessária.
58
Tema
O guache
O guache é uma tinta opaca e luminosa à qual se junta água em pequenas quanti-
dades até se obter a consistência adequada. É feito a partir de pigmentos em pó, utiliza
a goma arábica como aglutinante. É uma tinta que permite a mistura das diferentes
cores, possibilitando assim uma gama variada de tonalidades.
ACTIVIDADE
Utilizando a aguarela ou o guache, pinta os objectos que elaboraste em
papier-mâché.
59
3.3. TRABALHO EM TÉCNICA MISTA A PARTIR DE UM
FENÓMENO PERCEBIDO OU IMAGINADO
As técnicas mistas nas artes plásticas são de vital importância. Na 4.ª classe, apren-
deste a definição de técnica mista.
Técnica mista é a combinação das várias técnicas que podem ser aplicadas numa
obra. Estudaste técnicas como a técnica de dobragem, a técnica de colagem, a técnica
de rasgado, a técnica do recorte, entre outras. Também aprendeste em que consiste
cada uma destas técnicas.
Ao utilizares os conhecimentos adquiridos, irás criar várias obras onde aplicarás a
técnica mista. Pensa, por exemplo, num acontecimento maravilhoso que te causou al-
guma sensação ou uma ideia. Por exemplo, o aquecimento global que tem estado a
provocar seca em muitas regiões do planeta, o desaparecimento de alguns rios, lagos
ou ainda as chuvas intensas que provocam inundações, deslocados e o desaparecimen-
to de aldeias.
60
Tema
ACTIVIDADE
Depois de teres pensado num acontecimento, faz uma bela composição
desse acontecimento com auxílio das técnicas mistas e pinta-a utilizando
as técnicas em pintura e as cores que aprendeste.
61
BIBLIOGRAFIA
Faleiro, A. (s.d.). Educação Visual e Tecnológica, 5.º e 6.º anos. Gesto Imagem.
63