Location via proxy:   [ UP ]  
[Report a bug]   [Manage cookies]                

8 Ano - Artes

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 66

MANUAL DO EDUCADOR

FORMAÇÃO CONTINUADA
EDIÇÃO
2024-2025-2026

PREÇO GARANTIDO POR 8 ANOS:


2018 • 2019 • 2020 • 2021 • 2022 • 2023 • 2024 • 2025
DE 1º DE SETEMBRO DE 2017 ATÉ 31 DE AGOSTO DE 2025.
LIVROS DE QUALIDADE E PREÇO JUSTO À DISPOSIÇÃO DOS
SEUS ALUNOS DESDE O PRIMEIRO DIA DE AULA. KIT A – 8o ANO 9 livros = 1.392 páginas
1.344 páginas R$ 0,22 por página
9 Livros: Língua Portuguesa + Gêneros, Leitura
Conteúdo de qualidade. e Análise + Matemática + História + Geografia +

R$ 295,60
Ciências + Cidadania Moral e Ética + Arte + Inglês
Menor preço por página.
Responsabilidade social.
Proposta de trabalho sustentável.
Livro de Espanhol Bonificação
Universalização do acesso aos livros.
Disponível gratuitamente para os alunos que 48 páginas gratuitas a mais em relação
adquiriram o kit e estudam em escola que à edição anterior.
oferece a disciplina.
CONHEÇA OS LIVROS DO KIT A.

FC_ME_Arte_6A_a_9A_CCc.indd 3 18/05/2023 13:51:22


ME_FC_Artes_8A_00.indd 1 31/03/2023 11:15:21
FC_ME_Arte_6A_a_9A_FR.indd 3 31/03/2023 10:22:54
EDITOR
Lécio Cordeiro

REVISÃO DE TEXTO
Departamento Editorial

PROJETO GRÁFICO
Arte Totalle Edições Ltda.

8o ano
EDITORAÇÃO ELETRÔNICA
Ensino Fundamental Allegro Digital

Manual do Educador CAPA


Formação Continuada Adriana Ribeiro

Foto da capa: Elayne/Adobestock.com


COORDENAÇÃO EDITORIAL

O conteúdo deste livro está adequado à proposta


da BNCC, conforme a Resolução nº 2, de 22 de
dezembro de 2017, do Ministério da Educação.

Impresso no Brasil.
ISBN aluno: 978-65-87971-09-4
ISBN professor: 978-65-87971-25-4

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei nº 9.610, de 19 de fevereiro de 1998.

Fizeram-se todos os esforços para localizar os detentores dos direitos das fotos, das ilustrações
e dos textos contidos neste livro.
A editora pede desculpas se houve alguma omissão e, em edições futuras, terá prazer em incluir
quaisquer créditos faltantes.

ME_FC_Artes_8A_00.indd 2 31/03/2023 11:15:22


Sobre a Coleção
O que é arte? Qual é a importância dela —, exercitando a discussão e a sensibili- a partir da interação do ser humano his-
para a nossa vida? Questionamentos como dade, argumentando e sendo capaz de tórico com as diferentes formas de orga-
esses são muito recorrentes entre estudan- sensibilizar-se com a arte. nização do pensar, do criar e do agir no
tes nas aulas de Arte. Visando esclarecer tais • Identificar, relacionar e compreender as tempo e no espaço social.
pontos, a coleção Formando Cidadãos – Arte
é constituída de textos e atividades que fo-
diferentes funções da arte, bem como o
trabalho e a produção dos artistas.
• O aprendizado não ocorre apenas em
lugares e momentos prefixados, e sim a
mentam o debate sobre as diversas possibi-
lidades de representação artística, ajudan-
• Identificar e reconhecer produções e
produtores de arte local, distinguindo-
todo instante em que o ser humano es-
tabelece relação com o mundo e com
do os alunos a construir uma concepção de -os como formadores do acervo cultural. outros seres humanos.
arte que esteja ancorada nas suas experiên-
cias e vivências artísticas.
Em linhas gerais, os princípios que nor- • O diálogo, condição necessária à criação
de um ambiente de aprendizagem favo-
teiam a coleção Formando Cidadãos – Arte
Por meio da apreciação de obras varia- rável, permite que educadores e edu-
e seu respectivo manual do educador são:
das e do estímulo à criatividade, esperamos candos atribuam sentido ao ensinar e
que os estudantes possam experimentar e • O conhecimento não é produto estáti- ao aprender.
desenvolver produções que expressem as-
pectos subjetivos, de modo que sejam au-
co e acabado, precisa ser reinventado
continuamente.
• A criatividade é premissa fundamental
para o desenvolvimento da autonomia,
tores e protagonistas do processo de apren-
dizagem. Em vista disso, defendemos a
• A construção do conhecimento acontece da sensibilidade e da autocrítica.

Syda Productions/Adobestock.com
perspectiva de que a prática artística não
deve ser entendida como mero resultado da
aquisição de técnicas, mas sim como uma
linguagem que possibilita a expressão do
ser humano, que, por sua vez, encontra-se
imerso em uma cultura e em um contexto
sócio-histórico específico.
Fruto da concepção de que a sala de
aula é um espaço de construção democrá-
tica dos conhecimentos, a presente coleção,
em acordo com a Base Nacional Comum
Curricular (BNCC), objetiva que, ao final, o
aluno seja capaz de:

• Compreender a arte como linguagem,


promovendo a articulação entre a per-
cepção, investigação, sensibilidade e re-
flexão na formação dos saberes artísticos.
• Exercitar princípios éticos e estéticos du-
rante a produção artística pessoal e dos
demais colegas de classe.
• Identificar e compreender a arte como
fator histórico contextualizado em dife-
rentes culturas.
• Observar as relações entre a arte e a
realidade, refletindo, investigando, in-
dagando — com interesse e curiosidade

III

ME_FC_Artes_8A_00.indd 3 31/03/2023 11:15:23


Como a Coleção está organizada?
Por acreditar que a aprendizagem se O que as outras pessoas respostas, o que, mais uma vez, impli-
concretiza significativamente quando o es- pensam sobre ca no enriquecimento do processo de
tudante se torna protagonista do processo, Tendo em vista que a arte é uma área de ensino-aprendizagem.
a presente coleção é composta por seções conhecimento que abarca subjetividades e
que estimulam o desenvolvimento da auto- diferentes pontos de vista em relação a um + Informações sobre o
nomia criativa e expressiva dos discentes. objeto, essa seção visa apresentar outras tema
Nesse sentido, são propostas leituras e ativi- considerações, feitas por diferentes auto- Essa seção é um espaço destinado à as-
dades de pesquisa e produção artística que res e estudiosos, a respeito do tema aborda- sociação entre o tema do capítulo e as con-
visam ampliar as percepções de mundo dos do no capítulo. Dessa maneira, objetiva-se tribuições teóricas de outras áreas de co-
estudantes, além de fazê-los explorar a in- não apenas enriquecer a discussão sobre a nhecimento ou disciplinas. Os textos aqui
terconexão entre as diferentes linguagens temática tratada, mas também desenvol- apresentados proporcionam tanto uma am-
artísticas. ver o respeito à diversidade de pensamen- pliação do tema como um aprofundamento
to. Vale ainda destacar que esse momento dos conceitos abordados.
Registre suas ideias é frutífero para incentivar novas leituras so-
Essa seção propõe reflexões iniciais a bre o tema. Repensando
respeito do tema apresentado no início do Considerando que o ensino de arte pre-
capítulo. Assim, neste momento, espera-se Diálogos com o tema cisa oportunizar momentos de vivência
que os estudantes registrem os seus conhe- Essa seção compreende a aplicação artística, essa seção objetiva propor ati-
cimentos prévios sobre a temática aborda- dos conhecimentos construídos até en- vidades que contribuam para o desenvolvi-
da. Para isso, é solicitado que os discentes tão. Em vista disso, são propostas ques- mento de habilidades relacionadas às lin-
escrevam, desenhem ou realizem uma bre- tões que aguçam a reflexão e a criticidade guagens artísticas. Sugerimos que você,
ve pesquisa que contemple aspectos iniciais dos estudantes, que, de acordo com a so- professor, complemente as atividades aqui
do assunto tratado. Nessa seção, os estu- licitação, podem responder aos questio- propostas com outras que julgar pertinen-
dantes também são estimulados a desen- namentos individualmente, em duplas ou tes. Ressaltamos, ainda, a importância de
volver a habilidade de sintetizar suas prin- em grupos. Importante destacar que algu- propor atividades que envolvam toda a es-
cipais ideias em relação ao tema. mas questões podem admitir diferentes cola, quando possível.

Daisy Daisy/Adobestock.com

IV

ME_FC_Artes_8A_00.indd 4 31/03/2023 11:15:23


Subsídios teóricos à Coleção
Arte e educação
Que importância é essa que se dá à arte e faz com que ela tenha um espaço na educação em geral e, em especial, na
educação escolar?

Primeiramente, é a importância devida à por artistas) e o domínio de noções sobre a Esses autores podem ser tanto as pes-
função indispensável que a arte ocupa na vida arte derivativa da cultura universal. soas que se dedicam profissionalmente à
das pessoas e na sociedade desde os primór- Ao conhecer diferentes produções produção de arte — os artistas —, como os
dios da civilização, o que a torna um dos fato- do campo artístico (artesanato, objetos, indivíduos que fazem trabalhos artísticos
res essenciais de humanização. É fundamen- design, audiovisual, etc.), feitas por pes- como atividade cultural e educativa — os
tal entender que a arte se constitui de modos soas de classes sociais, períodos históricos estudantes, por exemplo. Nesse caso, ao
específicos de manifestação da atividade cria- e locais distintos, o educando amplia a sua fazer trabalhos artísticos, o educando tam-
tiva dos seres humanos, ao interagirem com concepção de arte e aprende a dar sentido a bém desenvolve ações mobilizadas por suas
o mundo em que vivem, ao se conhecerem e ela. Desse convívio, decorrem conhecimen- ideias, percepções, sensações, sentimentos
ao conhecerem-no. Em outras palavras, o va- tos que desenvolvem o repertório cultural e emoções. Ao produzir seu próprio trabalho
lor da arte está em ser um meio pelo qual as do estudante e, acima de tudo, possibili- e acompanhar os de seus companheiros, ele
pessoas expressam, representam e comuni- tam-lhe a apropriação crítica da arte. As- tem condições de identificar, reconhecer e
cam conhecimentos e experiências. sim, o educando aprende a identificar, res- valorizar as diferenças entre as mais varia-
Os seres da natureza, bem como os obje- peitar e valorizar as produções artísticas e das produções culturais e artísticas.
tos culturalmente produzidos, despertam em compreende que existe uma poética indivi- A comunicação entre o autor e seu públi-
nós diversas emoções e sentimentos, agra- dual dos autores e diferentes modalidades co costuma acontecer em exposições, concer-
dáveis ou não. Logo ao nascer, passamos a de arte, tanto eruditas como populares. tos, apresentações, feiras, etc. No entanto, as
viver em um mundo com uma história social De modo geral, as obras artísticas são novas tecnologias têm permitido outros sis-
de produções culturais que contribuem para construções poéticas por meio das quais temas de veiculação das obras, os quais pro-
a estruturação de nosso senso estético. Des- os artistas expressam ideias, sentimentos porcionam novos intercâmbios entre o real e
de a infância, interagimos com as manifesta- e emoções. Resultam do pensar, do sentir e o virtual. É nessa abrangência, integrando a
ções culturais de nosso meio e aprendemos do fazer, que, por sua vez, são mobilizados relação entre artistas, obras, público, modos
a demonstrar nossos gostos pessoais. Gra- pela materialidade da obra, pelo domínio de comunicação e sociedade (no passado e no
dativamente, vamos dando forma à nossa de técnicas e pelos significados pessoais e presente), que a arte deve compor os conteú-
maneira de apreciar, gostar e julgar as dife- culturais. As produções artísticas são, por dos de estudos no currículo escolar e mobili-
rentes manifestações culturais com as quais isso mesmo, constituídas de um conjunto zar atividades que diversifiquem e ampliem a
entramos em contato — entre elas, as obras de procedimentos mentais, materiais e cul- formação artística e estética dos estudantes.
de arte. Assim, mesmo sem saber, educamo- turais e podem concretizar-se em imagens Essa postura pedagógica, por sua vez, impli-
-nos esteticamente no convívio com as pes- visuais, sonoras, verbais ou corporais, por ca na indissociabilidade entre as experiências
soas e com as situações da vida cotidiana. exemplo. de ensino e aprendizagem de Arte e a produ-
A escola é um dos locais onde os alunos Os artistas, com suas diferentes origens, ção artística, valorizando os processos afeti-
têm a oportunidade de estabelecer vínculos histórias e experiências pessoais, procuram vos, imaginativos e cognitivos nos momentos
entre os conhecimentos construídos e os co- imaginar e inventar “formas novas” para re- de criação e apreciação artísticas.
nhecimentos sociais e culturais. Por isso, é presentar e expressar o mundo interior e sua Para ajudar o entendimento das concep-
também o lugar em que pode se verificar e relação com a natureza e o cotidiano cultu- ções que integram o fazer e o refletir sobre
estudar os modos de produção e difusão da ral. Ao fazê-lo, os autores de trabalhos artís- a arte, apresentamos, no quadro a seguir,
arte na própria comunidade, região ou país. ticos também agem e reagem diante das pes- uma síntese dos componentes que se in-
Desse modo, o aprendizado da arte vai inci- soas e do próprio mundo social. Com isso, ter-relacionam no processo artístico e que,
dir sobre a elaboração de formas de expres- criam novas realidades — é a realidade de portanto, não devem ser esquecidos ao lon-
são e comunicação artística (pelos alunos e cada obra, que é revelada no ato criador. go dos estudos escolares.

ME_FC_Artes_8A_00.indd 5 31/03/2023 11:15:23


Componentes que se articulam no processo artístico
• Autores ou artistas: são pessoas situadas em um contexto sociocultural; são criadores (profissionais ou não) de produtos ou
obras artísticas.
• Produtos artísticos, ou obras de arte: são trabalhos resultantes de um fazer e de um pensar técnico, emotivo e representacional
do mundo da natureza e da cultura; têm uma história, situam-se em um contexto sociocultural e sintetizam modos e conheci-
mentos artísticos e estéticos de seus autores.
• Comunicação, ou divulgação: são diferentes práticas (profissionais ou não) de apresentar, expor, veicular e intermediar as obras
artísticas, as concepções estéticas e a arte.
• Público: são pessoas também situadas em um tempo-espaço sociocultural a partir do qual constroem a história de suas relações
com as produções artísticas e com os autores (ou artistas).

FERRAZ, Maria; FUSARI, Maria. Metodologia do ensino de arte: fundamentos e proposições. 2 ed. São Paulo: Cortez, 2001. p. 17-23. Adaptado.

A arte como objeto de conhecimento


O universo da arte caracteriza um tipo criação singular da imaginação huma- de conhecimento humano é a qualida-
particular de conhecimento que o ser hu- na, cujo valor é universal. Por isso, uma de de comunicação entre os seres hu-
mano produz a partir das perguntas funda- obra de arte não é mais avançada, mais manos que a obra de arte propicia, por
mentais que desde sempre se fez com rela- evoluída, nem mais correta do que ou- uma utilização particular das formas
ção ao seu lugar no mundo. tra qualquer. de linguagem: Assim como cada frase
A manifestação artística tem em comum
com o conhecimento científico, técnico ou
• A obra de arte revela para o artista e
para o espectador uma possibilida-
ganha sentido no conjunto do texto, rea-
lizando o todo da forma literária, cada
filosófico seu caráter de criação e inovação. de de existência e comunicação, além elemento visual, musical, dramático ou
Essencialmente, o ato criador, em qualquer da realidade de fatos e relações ha- de movimento tem seu lugar e se rela-
dessas formas de conhecimento, estrutura bitualmente conhecidos: O conheci- ciona com os demais daquela forma ar-
e organiza o mundo, respondendo aos de- mento artístico não tem como objeti- tística específica.
safios que dele emanam, em um constante
processo de transformação do ser humano e
vo compreender e definir leis gerais que
expliquem por que as coisas são como
• A forma artística fala por si mesma, in-
depende e vai além das intenções do
da realidade circundante. O produto da ação são. As formas artísticas apresentam artista: A forma artística pode significar
criadora, a inovação, é resultante do acrés- uma síntese subjetiva de significações coisas diferentes, resultantes da expe-
cimo de novos elementos estruturais ou da construídas por meio de imagens poé- riência de apreciação de cada um. Seja
modificação de outros. Regido pela necessi- ticas (visuais, sonoras, corporais ou de na forma de alegoria, de formulação crí-
dade básica de ordenação, o espírito huma- conjuntos de palavras, como no texto li- tica, de descoberta de padrões formais,
no cria, continuamente, sua consciência de terário ou teatral). Nesse viés, a arte não de propaganda ideológica, de poesia, a
existir por meio de manifestações diversas. é um discurso linear sobre objetos, fa- obra de arte ganha significado na frui-
tos, questões, ideias e sentimentos. A ção de cada espectador.
O conhecimento artístico
como produção e fruição
forma artística é, antes, uma combina-
ção de imagens que são objetos, fatos,
• A percepção estética é a chave da co-
municação artística: Diante de uma
questões, ideias e sentimentos, orde- obra de arte, habilidades de percepção,
• A obra de arte situa-se no ponto de en-
contro entre o particular e o univer-
nados não pelas leis da lógica objetiva,
mas por uma lógica intrínseca ao domí-
intuição, raciocínio e imaginação atuam
tanto no artista quanto no espectador.
sal da experiência humana: Cada obra nio do imaginário. Mas é inicialmente pelo canal da sensi-
de arte é, ao mesmo tempo, um produ-
to cultural de determinada época e uma
• O que distingue essencialmente a cria-
ção artística das outras modalidades
bilidade que se estabelece o contato en-
tre a pessoa do artista e a do espectador,

VI

ME_FC_Artes_8A_00.indd 6 31/03/2023 11:15:23


mediado pela percepção estética da obra desenvolvimento da criança: visualizar tística, tanto de artistas quanto dos pró-
de arte. A significação não está, portan- situações que não existem, mas que po- prios alunos.
to, na obra, mas na interação complexa dem vir a existir, abre o acesso a possi-
No contexto escolar, aprender arte en-
de natureza primordialmente imaginati- bilidades que estão além da experiên-
volve não apenas uma atividade de pro-
va entre a obra e o espectador. cia imediata.
• A personalidade do artista é ingre-
diente que se transforma em gesto O conhecimento artístico
dução artística pelos alunos, mas também
a conquista da significação do que fazem,
pelo desenvolvimento da percepção esté-
criador, fazendo parte da substância como reflexão
tica, alimentada pelo contato com o fenô-
mesma da obra: A obra de arte não é
Em síntese, o conhecimento da arte meno artístico visto como objeto de cultura
resultante apenas da sensibilidade do
envolve: através da história e como conjunto organi-
artista, assim como a emoção estética
do espectador não lhe vem unicamente
do sentimento que a obra suscita nele.
• a experiência de fazer formas artísticas
e tudo que entra em jogo nessa ação
zado de relações formais. É importante que
os alunos compreendam o sentido do fazer
artístico; que suas experiências de dese-
Na produção e apreciação da arte estão criadora: recursos pessoais, habilida-
nhar, cantar, dançar ou dramatizar não são
presentes habilidades de relacionar e des, pesquisa de materiais e técnicas, a
atividades que visam distraí-los da “serie-
solucionar questões propostas pela or- relação entre perceber, imaginar e rea-
dade” das outras disciplinas.
ganização dos elementos que compõem lizar um trabalho de arte;
as formas artísticas: conhecer arte en-
volve o exercício conjunto do pensa-
• a experiência de fruir formas artísticas,
utilizando informações e qualidades
Ao fazer e conhecer arte, o aluno per-
corre trajetos de aprendizagem que propi-
ciam conhecimentos específicos sobre sua
mento, da intuição, da sensibilidade e perceptivas e imaginativas para estabe-
relação com o mundo. Além disso, desen-
da imaginação. lecer um contato, uma conversa em que
• A imaginação criadora transforma a
existência humana: A imaginação cria-
as formas signifiquem coisas diferentes
para cada pessoa;
volvem potencialidades (como percepção,
observação, imaginação e sensibilidade)

dora permite ao ser humano conceber


situações, fatos, ideias e sentimentos
• a experiência de refletir sobre a arte
como objeto de conhecimento, onde im-
que podem alicerçar a consciência do seu
lugar no mundo e também contribuem ine-
gavelmente para sua apreensão significa-
que se realizam como imagens internas, portam dados sobre a cultura em que o
tiva dos conteúdos das outras disciplinas
a partir da manipulação da linguagem. É trabalho artístico foi realizado, a histó-
do currículo.
essa capacidade de formar imagens que ria da arte e os elementos e princípios
BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais: arte. Brasília:
torna possível a evolução humana e o formais que constituem a produção ar- MEC, 1997. p. 26-33. Adaptado.

peopleimages.com/Adobestock.com

VII

ME_FC_Artes_8A_00.indd 7 31/03/2023 11:15:23


A avaliação a serviço da aprendizagem
A aprendizagem e, consequente e simultaneamente, a avaliação devem ser orientadas e dirigidas pelo currículo — como ideia global
de princípios e marco conceitual de referência que concretiza em práticas específicas a educação como projeto social e político — e pelo
ensino, o qual deve inspirar-se nele.
Partindo dos pressupostos construtivistas sobre o ensino e a aprendizagem, e levando-se em conta a teoria implícita que ilumina o
currículo, devemos reconhecer que um bom ensino contribui positivamente para tornar boa a aprendizagem e que uma boa atividade de
ensino e de aprendizagem torna boa a avaliação.
Do mesmo modo, devemos reconhecer que uma boa avaliação torna boa a atividade de ensino e boa a atividade de aprendizagem.
Assim, estabelece-se uma relação simétrica e equilibrada entre cada um dos elementos que compõem o “currículo total”, considera-
do como meio ideal de aprendizagem e como tempo e lugar de intercâmbio no qual são construídas, cooperativa e solidariamente, as
aprendizagens escolares.
O que fica claro é que, em nenhum caso, a preocupação com os exames — que podem ser, razoavelmente bem utilizados, recursos
aceitáveis, embora não únicos de avaliação — deve condicionar e dirigir a aprendizagem; tampouco, evidentemente, deve condicionar
o currículo e o ensino. Não podemos perder de vista que os exames, qualquer que seja a forma que adotem, devem estar a serviço da
aprendizagem, do ensino e do currículo e antes, é claro, do sujeito que aprende. Do contrário, serão os exames, e não o currículo procla-
mado nem o currículo praticado, os que determinarão o currículo real e o que ele representa.
A partir de uma interpretação tradicional da avaliação, própria da função designada, o professor tem desempenhado um papel decisi-
vo, além de decisório, de um modo unidirecional. O papel destinado a quem aprende é o de responder a quantas perguntas sejam-lhes for-
muladas. A mudança no enfoque e na concepção de todo o processo deve levar, necessariamente, a uma mudança no papel que as técnicas
devem desempenhar na implementação da avaliação.
A partir de concepções alternativas, e mais de acordo com os novos enfoques curriculares, orientados pela racionalidade prática e crí-
tica, quem aprende tem muito o que dizer do que aprende e da forma como o faz, sem que sobre a sua palavra gravite constantemente
o peso do olho avaliador que tudo vê e tudo julga. Por esse caminho, podemos chegar a descobrir a qualidade do aprendido e a qualida-
de do modo pelo qual o aluno aprende, as dificuldades que encontra e a natureza delas, a profundidade e a consistência do aprendiza-
do, bem como a capacidade geradora para novas aprendizagens daquilo que hoje damos por aprendido apenas tendo ouvido e estuda-
do em um texto. Essa é a avaliação que considera o valor agregado do ensino como indicador válido da qualidade da educação.

ALVAREZ MÉNDEZ, J.M. Avaliar para conhecer, examinar para excluir. Porto Alegre: Artmed, 2002. p. 36-37.

Monkey Business/Adobestock.com

VIII

ME_FC_Artes_8A_00.indd 8 31/03/2023 11:15:24


Ensinar exige curiosidade
Se há uma prática exemplar como nega-

tigercat_lpg/Adobestock.com
ção da experiência formadora é a que dificul-
ta ou inibe a curiosidade do educando e, em
consequência, a do educador. É que o educa-
dor, entregue a procedimentos autoritários
ou paternalistas os quais impedem ou difi-
cultam o exercício da curiosidade do educan-
do, termina por igualmente tolher sua pró-
pria curiosidade. Nenhuma curiosidade se
sustenta eticamente no exercício da nega-
ção da outra curiosidade. A curiosidade dos
pais que só se experimenta no sentido de sa-
ber como e onde anda a curiosidade dos fi-
lhos se burocratiza e fenece. A curiosidade
que silencia a outra nega-se a si mesma tam-
bém. O bom clima pedagógico-democrático
é aquele em que o educando vai aprendendo
à custa de sua própria prática, que sua curio-
sidade como sua liberdade deve estar sujei-
ta a limites, mas em permanente exercício.
Limites eticamente assumidos por ele. Mi-
nha curiosidade não tem o direito de invadir
a privacidade do outro e expô-la aos demais.
Como professor, devo saber que, sem a
curiosidade que me move, que me inquieta,
que me insere na busca, não aprendo nem
ensino. Exercer a minha curiosidade de for-
ma correta é um direito que tenho como discursivas do professor, espécies de res- a intimidade do movimento de seu pen-
gente e que corresponde ao dever de lutar postas a perguntas que não foram feitas. Isso samento. Sua aula é, assim, um desafio, e
por ele, o direito à curiosidade. Com a curio- não significa realmente que devamos reduzir não uma cantiga de ninar. Seus olhos can-
sidade domesticada, posso alcançar a me- a atividade docente em nome da defesa da sam, não dormem. Cansam porque acom-
morização mecânica do perfil deste ou da- curiosidade necessária a puro vaivém de per- panham as idas e vindas de seu pensamen-
quele objeto, mas não o aprendizado real ou guntas e respostas, que burocraticamente se to, surpreendem suas pausas, suas dúvidas,
o conhecimento cabal dele. A construção ou esterilizam. A dialogicidade não nega a vali- suas incertezas.
a produção do conhecimento do objeto im- dade de momentos explicativos, narrativos, Antes de qualquer tentativa de discus-
plica o exercício da curiosidade, sua capa- em que o professor expõe ou fala do objeto. são de técnicas, de materiais, de métodos
cidade crítica de tomar distância do objeto, O fundamental é que professor e alunos sai- para uma aula dinâmica, é preciso, indis-
de observá-lo, delimitá-lo, cindi-lo, cercá-lo bam que a postura deles é dialógica, aberta, pensável mesmo, que o professor se ache
ou fazer sua aproximação metódica, sua ca- curiosa, indagadora, e não apassivada, en- “repousado” no saber de que a pedra fun-
pacidade de comparar, de perguntar. quanto fala ou enquanto ouve. O que impor- damental é a curiosidade do ser humano. É
Estimular a pergunta, a reflexão crítica ta é que professor e alunos se assumam epis- ela que me faz perguntar, conhecer, atuar,
sobre a própria pergunta, o que se preten- temologicamente curiosos. perguntar mais, reconhecer.
de com esta ou com aquela pergunta em Nesse sentido, o bom professor é o que
FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia. São Paulo: Paz e Ter-
lugar da passividade, face às explicações consegue, enquanto fala, trazer o aluno até ra, 2006. p. 84-86. Adaptado.

IX

ME_FC_Artes_8A_00.indd 9 31/03/2023 11:15:24


Mediação estética
Mediação estética: o que Mediação estética: de que com os avanços das ciências da Educação,
temos? precisamos? da Sociologia e da Psicologia, particular-
Desde a década de 1990, vem sendo pu- As perguntas feitas às obras são sempre mente das teorias de desenvolvimento
blicada grande quantidade de materiais as oportunas para cada pessoa, em cada cognitivo.
para subsidiar as atividades de leitura de momento da vida. Isso porque nada pode Leitura e apreciação são sinônimos de
imagens na escola e no museu. Entre eles, ser interpretado sem uma conexão com o compreensão, e esta é decorrente de uma
estão livros didáticos, sites da Internet, re- mundo no qual se vive. A vida de uma pes- interpretação. Quando os alunos pensam
comendações, pareceres legais e até a Base soa é determinada, culturalmente, pela ma- que estão apenas descrevendo o que está
Nacional Comum Curricular (BNCC) em Arte. neira como é criada, e a interpretação esté- objetivado à sua frente, estão, na verda-
No entanto, a qualidade desses materiais tica resulta dos instrumentos que a cultura de interpretando, ou seja, atribuindo sen-
muitas vezes deixa a desejar, pois muitos lhe dá para compreender o que está sendo tido. Suas falas são interpretações do que
não respeitam a natureza da leitura dos alu- oferecido para leituras. O professor/media- veem, as quais são geradas nos contextos
nos, nos diversos momentos e contextos do dor tem de estar atento a isso durante as por eles vivenciados. Eles adotam os valo-
processo de escolarização. Como a maioria atividades de leitura. Além disso, deve le- res da sua cultura, mesmo que não demons-
dos professores não conhece o pensamen- var em conta a natureza do desenvolvimen- trem a consciência desse processo.
to estético de seus alunos, não tem condi- to estético dos alunos. Ao trabalhar com a leitura estético-visual
ção de avaliar tais propostas. Assim, mui- Quando dissemos que as perguntas que com crianças, o papel do educador é propi-
tos professores estão fazendo o papel do emergem durante a leitura são sempre as ciar situações que possam implementar o
mediador estético a partir das orientações oportunas para cada pessoa em cada mo- processo de desenvolvimento da compreen-
disponíveis. Mas está na hora de pergun- mento da vida, queremos dizer que estas são estética. Em vez de fixar-se nos aspectos
tar: estamos abordando a leitura estética são as perguntas que devem ser enfocadas, formais e histórico-factuais da obra (o que
de forma adequada? Estamos respeitando discutidas e estimuladas pelo professor, a nada acrescenta ao processo de construção
o modo de construção do conhecimento fim de que o conhecimento estético do alu- do pensamento estético) ou de superesti-
da arte por meio da leitura? Estamos usan- no possa ser desenvolvido. Se ele conside- mar as habilidades interpretativas do aluno
do estratégias adequadas para promover a rar que tais questões são infantis, ingênuas, (por exemplo, exigindo a “identificação” do
formação estética, um dos principais objeti- menores, não estará respeitando a constru- significado da imagem por meio de metáfo-
vos do ensino da arte? Conhecemos as pos- ção do conhecimento estético do aluno. Se ras), o professor fará melhor se respeitar a
sibilidades e as limitações das leituras que ele considerar que as questões dignas, cor- natureza da criação da criança. Para tanto,
propomos? Que tipos de leitura devemos (e retas, adequadas são as que se referem a sala de aula deverá se transformar em um
podemos) proporcionar ao aluno nos dife- apenas aos aspectos formais da composi- espaço estimulante, provocativo, problema-
rentes níveis e contextos de escolarização? ção, como a linha, a cor, a textura, os pla- tizador, onde o aluno possa ter suas ideias
Sem dúvida, para respondermos a es- nos, o equilíbrio, etc., estará demonstrando e teorias confrontadas, refutadas, compar-
sas perguntas, é necessário, antes, ter as uma concepção limitadora de leitura esté- tilhadas, enfim, discutidas entre colegas.
respostas para outras tantas: o que o alu- tica. Como consequência, estará desviando Só assim pode haver crescimento. Um pro-
no vê em uma imagem/obra? Que aspectos a condução das atividades de leitura para fessor ciente de como se dá o conhecimen-
da imagem são priorizados na sua análise? um caminho que levará ao empobrecimen- to estético e receptivo às manifestações do
Como interpreta? Que critérios usa para jul- to do processo de construção do conheci- aluno poderá promover tal situação. Ao con-
gar as obras? O que diferencia a leitura de mento estético do aluno. trário, um professor que tem restrições ao
cada um? A que se devem tais diferenças? O construtivismo nos ensina que o co- discurso espontâneo e intuitivo do aluno
Enquanto não pudermos responder a tais nhecimento é uma construção ativa do su- tenderá a “ensinar-lhe” como interpretar e
questões, não estaremos preparados para jeito. Assim, fazer suposições sobre o que julgar as imagens, de acordo com o que ele
atuar na mediação estética nem teremos o aluno deve ler, ou impor a nossa com- julga digno, correto, adequado.
consciência das (des)orientações que esta- preensão sobre a imagem, é algo que deve- ROSSI, Maria Helena Wagner. Mediação estética: o que temos?
Do que precisamos? Recife: Fundação de Cultura Cidade do
mos disseminando por aí. [...] mos evitar, se pretendemos agir de acordo Recife, 2008. p. 71-75. Adaptado.

ME_FC_Artes_8A_00.indd 10 31/03/2023 11:15:24


Bibliografia recomendada
AMARAL, A. M. Teatro de formas animadas: máscaras, bonecos, objetos. São Paulo: Edusp, 1996.
ARANTES, A. A. O que é cultura popular. São Paulo: Brasiliense, 1983.
BARBOSA, A. M. Arte-educação: leitura no subsolo. São Paulo: Cortez, 1997.
. A imagem no ensino da Arte. São Paulo: Perspectiva, 1991.
. Recorte e colagem: influências de John Dewey no ensino de arte no Brasil. São Paulo: Autores Associados/Cortez, 1982.
. Arte-educação no Brasil: das origens ao modernismo. São Paulo: Perspectiva/Secretaria da Cultura, Ciência e Tecnologia do
Estado de São Paulo, 1978.
BENJAMIN, W. A criança, o brinquedo e a educação. São Paulo: Summus, 1983.
DWORECKI, S. Em busca do desenho perdido. São Paulo: Ed. Scipione Cultural/Edusp, 1999.
FERRAZ, M. H.; FUSARI, M. F. Metodologia do ensino da Arte. São Paulo: Cortez, 1993. (Coleção Magistério).
FREIRE, P. Pedagogia do oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1983.
FUSARI, M. F.; FERRAZ, M. H. Arte na educação escolar. São Paulo: Cortez, 1992.
GARDNER, H. Inteligências múltiplas: a teoria na prática. Porto Alegre: Artes Médicas, 1995.
IAVELBERG, R. Pedagogia da arte ou arte pedagógica: um alerta para a recuperação das oficinas de percurso de criação pessoal no en-
sino da arte. Pátio Revista Pedagógica, Porto Alegre, v. único, p. 25-28, 1997.
. Arte na sala de aula. Porto Alegre: Artes Médicas, 1995.
MACHADO, R. Relatório de experiência. In: BARBOSA, A. M. Arte-educação: acertos e conflitos. São Paulo: Max Limonad, 1985.
MACHADO, Regina Stela Barcelos. Arte educação e o conto de tradição oral: elementos para uma pedagogia do imaginário. 1989. Tese
(Doutorado em Arte e Educação) – Universidade de São Paulo, São Paulo, 1989.
MARQUES, I. Dançando na escola. Motriz, v. 3, n. 1, p. 20-28, jun. 1997.
. Didática para o ensino da dança: do imaginário ao pedagógico. Educação & Sociedade, v. XV, p. 261-270, 1994.
MCLAREN, P. Multiculturalismo crítico. São Paulo: Cortez, 1997.
MORAES, J. J. O que é música. São Paulo: Nova Cultural, 1996.
PERNAMBUCO. Secretaria de Educação, Cultura e Esportes. Diretoria de Educação Escolar. Subsídios para a organização da prática pe-
dagógica nas escolas: Educação Artística. Recife, 1994. (Coleção Prof. Carlos Maciel).
. Secretaria de Educação. DSE/Departamento de Cultura, Cepe. Arte-educação: perspectivas. Recife, 1988.
PRADO, D. O moderno teatro brasileiro. São Paulo: Perspectiva, 1988.
ZANINI, W. (org.). História geral da Arte no Brasil. São Paulo: Instituto Moreira Salles, 1983.

Bibliografia complementar
ABRAMOVICH, F. Literatura infantil: gostosuras e bobices. São Paulo: Editora Scipione, 2010.
AMARAL, A. (org.). Arte construtiva no Brasil. São Paulo: Melhoramentos, 1998. (Coleção Adolpho Leirner).
BARBOSA, A. M. Arte e Educação no Brasil. São Paulo: Perspectiva, 1995. (Coleção Debates).
. Inquietações e mudanças no ensino da arte. São Paulo: Editora Cortez, 2002.
BUORO, A. Olhar em construção: uma experiência de ensino e aprendizagem da arte na escola. São Paulo: Editora Cortez, 1996.
COLL, C.; TEBEROSKY, A. Aprendendo arte na escola. São Paulo: Ática, 1996.
FEIST, H. Pequena viagem pelo mundo da arte. São Paulo: Editora Moderna, 1996. (Coleção Desafio).
KONDELA, I. Jogos teatrais. São Paulo: Editora Perspectiva, 1992. (Coleção Debates).
LIMA, Edmilson. O baú de brinquedos. Recife: Editora Bagaço, 2004.
MORAES, Frederico. O Brasil na visão do artista: O País e sua Cultura. São Paulo: Editora Prêmio, 2004.
PILLAR, Analice Dutra. A educação do olhar no ensino da arte. Porto Alegre: Mediação, 1999.

XI

ME_FC_Artes_8A_00.indd 11 31/03/2023 11:15:24


A importância da Arte à luz da Base Nacional Comum
Curricular (BNCC)
No Ensino Fundamental, o componen- A prática investigativa constitui o modo são, entraves, desafios, conflitos, nego-
te curricular Arte está centrado nas seguin- de produção e organização dos conheci- ciações e inquietações.
tes linguagens: artes visuais, dança, música
e teatro. Essas linguagens articulam saberes
mentos em Arte. É no percurso do fazer ar-
tístico que os alunos criam, experimentam,
• Crítica: refere-se às impressões que im-
pulsionam os sujeitos em direção a novas
referentes a produtos e fenômenos artísticos desenvolvem e percebem uma poética compreensões do espaço em que vivem,
e envolvem as práticas de criar, ler, produzir, pessoal. Os conhecimentos, processos e com base no estabelecimento de relações,
construir, exteriorizar e refletir sobre formas técnicas produzidos e acumulados ao lon- por meio do estudo e da pesquisa, entre
artísticas. A sensibilidade, a intuição, o pen- go do tempo em artes visuais, dança, músi- as diversas experiências e manifestações
samento, as emoções e as subjetividades se ca e teatro contribuem para a contextuali- artísticas e culturais vividas e conhecidas.
manifestam como formas de expressão no zação dos saberes e das práticas artísticas. Essa dimensão articula ação e pensamen-
processo de aprendizagem em Arte. Eles possibilitam compreender as relações to propositivos, envolvendo aspectos es-
O componente curricular contribui, ain- entre tempos e contextos sociais dos sujei- téticos, políticos, históricos, filosóficos, so-
da, para a interação crítica dos alunos com tos na sua interação com a arte e a cultura. ciais, econômicos e culturais.
a complexidade do mundo, além de favo-
recer o respeito às diferenças e o diálogo
A BNCC propõe que a abordagem das
linguagens articule seis dimensões do
• Estesia: refere-se à experiência sensível
dos sujeitos em relação ao espaço, ao
intercultural, pluriétnico e plurilíngue, im- conhecimento que, de forma indissociá- tempo, ao som, à ação, às imagens, ao
portantes para o exercício da cidadania. A vel e simultânea, caracterizam a singu- próprio corpo e aos diferentes materiais.
Arte propicia a troca entre culturas e favo- laridade da experiência artística. Tais di- Essa dimensão articula a sensibilidade e
rece o reconhecimento de semelhanças e mensões perpassam os conhecimentos a percepção, tomadas como forma de co-
diferenças entre elas. das artes visuais, da dança, da música e nhecer a si mesmo, o outro e o mundo.
Nesse sentido, as manifestações artísti- do teatro e as aprendizagens dos alunos Nela, o corpo em sua totalidade (emoção,
cas não podem ser reduzidas às produções em cada contexto social e cultural. Não percepção, intuição, sensibilidade e inte-
legitimadas pelas instituições culturais e vei- se trata de eixos temáticos ou categorias, lecto) é o protagonista da experiência.
culadas pela mídia, tampouco a prática artís-
tica pode ser vista como mera aquisição de
mas de linhas maleáveis que se interpe-
netram, constituindo a especificidade da
• Expressão: refere-se às possibilidades
de exteriorizar e manifestar as criações
códigos e técnicas. A aprendizagem de Arte construção do conhecimento em Arte na subjetivas por meio de procedimentos
precisa alcançar a experiência e a vivência ar- escola. Não há nenhuma hierarquia entre artísticos, tanto em âmbito individual
tísticas como prática social, permitindo que essas dimensões, tampouco uma ordem quanto coletivo. Essa dimensão emerge
os alunos sejam protagonistas e criadores. para se trabalhar com cada uma no cam- da experiência artística com os elemen-
A prática artística possibilita o comparti- po pedagógico. tos constitutivos de cada linguagem, dos
lhamento de saberes e de produções entre os As dimensões são: seus vocabulários específicos e das suas
alunos por meio de exposições, saraus, espe- materialidades.
táculos, performances, concertos, recitais, in-
tervenções e outras apresentações e eventos
• Criação: refere-se ao fazer artístico,
quando os sujeitos criam, produzem e
• Fruição: refere-se ao deleite, ao prazer, ao
estranhamento e à abertura para se sensi-
artísticos e culturais, na escola ou em outros constroem. Trata-se de uma atitude in- bilizar durante a participação em práticas
locais. Os processos de criação precisam ser tencional e investigativa que confere artísticas e culturais. Essa dimensão impli-
compreendidos como tão relevantes quanto materialidade estética a sentimentos, ca disponibilidade dos sujeitos para a re-
os eventuais produtos. Além disso, o compar- ideias, desejos e representações em pro- lação continuada com produções artísti-
tilhamento das ações artísticas produzidas cessos, acontecimentos e produções ar- cas e culturais oriundas das mais diversas
pelos alunos, em diálogo com seus professo- tísticas individuais ou coletivas. Essa di- épocas, lugares e grupos sociais.
res, pode acontecer não apenas em eventos
específicos, mas ao longo do ano, sendo par-
mensão trata de apreender o que está
em jogo durante o fazer artístico, pro-
• Reflexão: refere-se ao processo de cons-
truir argumentos e ponderações sobre
te de um trabalho em processo. cesso permeado por tomadas de deci- as fruições, as experiências e os proces-

XII

ME_FC_Artes_8A_00.indd 12 31/03/2023 11:15:24


sos criativos, artísticos e culturais. É a do mundo. Eles têm, assim, a oportunida- o diálogo com a literatura, além de possibili-
atitude de perceber, analisar e interpre- de de repensar dualidades e binômios (cor- tar o contato e a reflexão acerca das formas
tar as manifestações artísticas e cultu- po versus mente, popular versus erudito, estéticas híbridas, tais como as artes circen-
rais, seja como criador, seja como leitor. teoria versus prática), em favor de um con- ses, o cinema e a performance.
junto híbrido e dinâmico de práticas. Atividades que facilitem um trânsito
A referência a essas dimensões busca A música é a expressão artística que criativo, fluido e desfragmentado entre as
facilitar o processo de ensino aprendiza- se materializa por meio dos sons, que ga- linguagens artísticas podem construir uma
gem em Arte, integrando os conhecimen- nham forma, sentido e significado no âm- rede de interlocução, inclusive, com a li-
tos do componente curricular. Uma vez que bito tanto da subjetividade quanto das teratura e com outros componentes cur-
os conhecimentos e as experiências artís- interações sociais, como resultado de sa- riculares. Temas, assuntos ou habilidades
ticas são constituídos por materialidades beres e valores diversos estabelecidos no afins de diferentes componentes podem
verbais e não verbais, sensíveis, corporais, domínio de cada cultura. compor projetos nos quais saberes se inte-
visuais, plásticas e sonoras, é importante A ampliação e a produção dos conheci- grem, gerando experiências de aprendiza-
levar em conta sua natureza vivencial, ex- mentos musicais passam pela percepção, gem amplas e complexas.
periencial e subjetiva. experimentação, reprodução, manipulação Em síntese, o componente Arte no En-
As artes visuais são os processos e pro- e criação de materiais sonoros diversos, dos sino Fundamental articula manifestações
dutos artísticos e culturais, nos diversos mais próximos aos mais distantes da cultura culturais de tempos e espaços diversos, in-
tempos históricos e contextos sociais, que musical dos alunos. Esse processo lhes pos- cluindo o entorno artístico dos alunos e as
têm a expressão visual como elemento de sibilita vivenciar a música inter-relacionada produções artísticas e culturais que lhes
comunicação. Essas manifestações resul- à diversidade e desenvolver saberes musi- são contemporâneas. Do ponto de vista
tam de explorações plurais e transforma- cais fundamentais para sua inserção e parti- histórico, social e político, propicia a eles o
ções de materiais, de recursos tecnológi- cipação crítica e ativa na sociedade. entendimento dos costumes e dos valores
cos e de apropriações da cultura cotidiana. O teatro instaura a experiência artísti- constituintes das culturas, manifestados
As artes visuais possibilitam aos alunos ca multissensorial de encontro com o outro em seus processos e produtos artísticos, o
explorar múltiplas culturas visuais, dialo- em performance. Nessa experiência, o corpo que contribui para sua formação integral.
gar com as diferenças e conhecer outros é lócus de criação ficcional de tempos, es- Ao longo do Ensino Fundamental, os alu-
espaços e possibilidades inventivas e ex- paços e sujeitos distintos de si próprios, por nos devem expandir seu repertório e am-
pressivas, de modo a ampliar os limites es- meio do verbal, não verbal e da ação física. pliar sua autonomia nas práticas artísticas,
colares e criar novas formas de interação Os processos de criação teatral passam por por meio da reflexão sensível, imaginati-
artística e de produção cultural, sejam elas situações de criação coletiva e colaborati- va e crítica sobre os conteúdos artísticos e
concretas ou simbólicas. va, por intermédio de jogos, improvisações, seus elementos constitutivos e também so-
A dança se constitui como prática artísti- atuações e encenações, caracterizados pela bre as experiências de pesquisa, invenção e
ca pelo pensamento e sentimento do corpo, interação entre atuantes e espectadores. criação. Para tanto, é preciso reconhecer a
mediante a articulação dos processos cog- O fazer teatral possibilita a intensa troca diversidade de saberes, experiências e prá-
nitivos e das experiências sensíveis, implica- de experiências entre os alunos e aprimora ticas artísticas como modos legítimos de
dos no movimento dançado. Os processos a percepção estética, a imaginação, a cons- pensar, de experienciar e de fruir a Arte, o
de investigação e produção artística da dan- ciência corporal, a intuição, a memória, a re- que coloca em evidência o caráter social e
ça centram-se naquilo que ocorre no e pelo flexão e a emoção. Ainda que, na BNCC, as político dessas práticas.
corpo, discutindo e significando relações linguagens artísticas das artes visuais, da Na BNCC de Arte, cada uma das qua-
entre corporeidade e produção estética. dança, da música e do teatro sejam conside- tro linguagens do componente curricu-
Ao articular os aspectos sensíveis, epis- radas em suas especificidades, as experiên- lar — artes visuais, dança, música e tea-
temológicos e formais do movimento dan- cias e vivências dos sujeitos em sua relação tro — constitui uma unidade temática que
çado ao seu próprio contexto, os alunos com a Arte não acontecem de forma com- reúne objetos de conhecimento e habilida-
problematizam e transformam percepções partimentada ou estanque. Assim, é impor- des articulados às seis dimensões apresen-
acerca do corpo e da dança, por meio de tante que o componente curricular Arte leve tadas anteriormente. Além dessas, uma úl-
arranjos que permitem novas visões de si e em conta o diálogo entre essas linguagens, tima unidade temática, Artes Integradas,

XIII

ME_FC_Artes_8A_00.indd 13 31/03/2023 11:15:24


explora as relações e articulações entre as diferentes linguagens e suas práticas, inclusive aquelas possibilitadas pelo uso das novas tec-
nologias de informação e comunicação.
Nessas unidades, as habilidades são organizadas com o intuito de permitir que os sistemas e as redes de ensino, as escolas e os pro-
fessores organizem seus currículos e suas propostas pedagógicas com a devida adequação aos seus contextos. A progressão das apren-
dizagens não está proposta de forma linear, rígida ou cumulativa com relação a cada linguagem ou objeto de conhecimento, mas propõe
um movimento no qual cada nova experiência se relaciona com as anteriores e as posteriores na aprendizagem de Arte.
Cumpre destacar que os critérios de organização das habilidades na BNCC (com a explicitação dos objetos de conhecimento aos quais
se relacionam e do agrupamento desses objetos em unidades temáticas) expressam um arranjo possível (dentre outros). Portanto, os
agrupamentos propostos não devem ser tomados como modelo obrigatório para o desenho dos currículos.
Considerando esses pressupostos, e em articulação com as competências gerais da BNCC e as competências específicas da área de
Linguagens, o componente curricular de Arte deve garantir aos alunos o desenvolvimento de algumas competências específicas.

Competências específicas de Arte para o Ensino


Fundamental

1. Explorar, conhecer, fruir e analisar criticamente práticas e produções artísticas e culturais do seu entorno social, dos povos in-
dígenas, das comunidades tradicionais brasileiras e de diversas sociedades, em distintos tempos e espaços, para reconhecer a
arte como um fenômeno cultural, histórico, social e sensível a diferentes contextos e dialogar com as diversidades.

2. Compreender as relações entre as linguagens da arte e suas práticas integradas, inclusive aquelas possibilitadas pelo uso das
novas tecnologias de informação e comunicação, pelo cinema e pelo audiovisual, nas condições particulares de produção, na
prática de cada linguagem e nas suas articulações.

3. Pesquisar e conhecer distintas matrizes estéticas e culturais — especialmente aquelas manifestas na arte e nas culturas que
constituem a identidade brasileira —, sua tradição e manifestações contemporâneas, reelaborando-as nas criações em arte.

4. Experienciar a ludicidade, a percepção, a expressividade e a imaginação, ressignificando espaços da escola e de fora dela no
âmbito da arte.

XIV

ME_FC_Artes_8A_00.indd 14 31/03/2023 11:15:24


5. Mobilizar recursos tecnológicos como formas de registro, pesquisa e criação artística.

6. Estabelecer relações entre arte, mídia, mercado e consumo, compreendendo, de forma crítica e problematizadora, modos de
produção e de circulação da arte na sociedade.

7. Problematizar questões políticas, sociais, econômicas, científicas, tecnológicas e culturais, por meio de exercícios, produções,
intervenções e apresentações artísticas.

8. Desenvolver a autonomia, a crítica, a autoria e o trabalho coletivo e colaborativo nas artes.

9. Analisar e valorizar o patrimônio artístico nacional e internacional, material e imaterial, com suas histórias e diferentes visões
de mundo.

Arte no Ensino Fundamental — Anos Finais: unidades


temáticas, objetos de conhecimento e habilidades
No Ensino Fundamental — Anos Finais, é preciso assegurar aos alunos a ampliação de suas interações com manifestações artísticas
e culturais nacionais e internacionais, de diferentes épocas e contextos. Essas práticas podem ocupar os mais diversos espaços da esco-
la, espraiando-se para o seu entorno e favorecendo as relações com a comunidade.
Além disso, o diferencial dessa fase está na maior sistematização dos conhecimentos e na proposição de experiências mais diversifi-
cadas em relação a cada linguagem, considerando as culturas juvenis.
Desse modo, espera-se que o componente Arte contribua com o aprofundamento das aprendizagens nas diferentes linguagens — e
no diálogo entre elas e com as outras áreas do conhecimento —, com vistas a possibilitar aos estudantes maior autonomia nas experiên-
cias e vivências artísticas.

Anton_Ivanov/Shutterstock

XV

ME_FC_Artes_8A_00.indd 15 31/03/2023 11:15:25


Arte – 6o ao 9o ano
UNIDADES TEMÁTICAS OBJETOS DE CONHECIMENTO

Contextos e práticas

Elementos da linguagem
Artes visuais
Materialidades

Processos de criação

Sistemas da linguagem

Contextos e práticas

Elementos da linguagem

Dança

Processos de criação

Contextos e práticas

Música

Elementos da linguagem

Materialidades

XVI

ME_FC_Artes_8A_00.indd 16 31/03/2023 11:15:25


HABILIDADES

(EF69AR01) Pesquisar, apreciar e analisar formas distintas das artes visuais tradicionais e contemporâneas, em obras de
artistas brasileiros e estrangeiros de diferentes épocas e em diferentes matrizes estéticas e culturais, de modo a ampliar
a experiência com diferentes contextos e práticas artístico-visuais e cultivar a percepção, o imaginário, a capacidade de
simbolizar e o repertório imagético.
(EF69AR02) Pesquisar e analisar diferentes estilos visuais, contextualizando-os no tempo e no espaço.
(EF69AR03) Analisar situações nas quais as linguagens das artes visuais se integram às linguagens audiovisuais (cinema,
animações, vídeos, etc.), gráficas (capas de livros, ilustrações de textos diversos, etc.), cenográficas, coreográficas, musicais, etc.

(EF69AR04) Analisar os elementos constitutivos das artes visuais (ponto, linha, forma, direção, cor, tom, escala, dimensão,
espaço, movimento, etc.) na apreciação de diferentes produções artísticas.
(EF69AR05) Experimentar e analisar diferentes formas de expressão artística (desenho, pintura, colagem, quadrinhos,
dobradura, escultura, modelagem, instalação, vídeo, fotografia, performance, etc.).

(EF69AR06) Desenvolver processos de criação em artes visuais, com base em temas ou interesses artísticos, de modo individual,
coletivo e colaborativo, fazendo uso de materiais, instrumentos e recursos convencionais, alternativos e digitais.
(EF69AR07) Dialogar com princípios conceituais, proposições temáticas, repertórios imagéticos e processos de criação nas suas
produções visuais.

(EF69AR08) Diferenciar as categorias de artista, artesão, produtor cultural, curador, designer, entre outras, estabelecendo
relações entre os profissionais do sistema das artes visuais.
(EF69AR09) Pesquisar e analisar diferentes formas de expressão, representação e encenação da dança, reconhecendo e
apreciando composições de dança de artistas e grupos brasileiros e estrangeiros de diferentes épocas.

(EF69AR10) Explorar elementos constitutivos do movimento cotidiano e do movimento dançado, abordando, criticamente, o
desenvolvimento das formas da dança em sua história tradicional e contemporânea.
(EF69AR11) Experimentar e analisar os fatores de movimento (tempo, peso, fluência e espaço) como elementos que,
combinados, geram as ações corporais e o movimento dançado.

(EF69AR12) Investigar e experimentar procedimentos de improvisação e criação do movimento como fonte para a construção
de vocabulários e repertórios próprios.
(EF69AR13) Investigar brincadeiras, jogos, danças coletivas e outras práticas de dança de diferentes matrizes estéticas e
culturais como referência para a criação e a composição de danças autorais, individualmente e em grupo.
(EF69AR14) Analisar e experimentar diferentes elementos (figurino, iluminação, cenário, trilha sonora, etc.) e espaços
(convencionais e não convencionais) para composição cênica e apresentação coreográfica.
(EF69AR15) Discutir as experiências pessoais e coletivas em dança vivenciadas na escola e em outros contextos,
problematizando estereótipos e preconceitos.

(EF69AR16) Analisar criticamente, por meio da apreciação musical, usos e funções da música em seus contextos de produção
e circulação, relacionando as práticas musicais às diferentes dimensões da vida social, cultural, política, histórica, econômica,
estética e ética.
(EF69AR17) Explorar e analisar, criticamente, diferentes meios e equipamentos culturais de circulação da música e do
conhecimento musical.
(EF69AR18) Reconhecer e apreciar o papel de músicos e grupos de música brasileiros e estrangeiros que contribuíram para o
desenvolvimento de formas e gêneros musicais.
(EF69AR19) Identificar e analisar diferentes estilos musicais, contextualizando-os no tempo e no espaço, de modo a aprimorar
a capacidade de apreciação da estética musical.

(EF69AR20) Explorar e analisar elementos constitutivos da música (altura, intensidade, timbre, melodia, ritmo, etc.), por meio
de recursos tecnológicos (games e plataformas digitais), jogos, canções e práticas diversas de composição/criação, execução e
apreciação musicais.

(EF69AR21) Explorar e analisar fontes e materiais sonoros em práticas de composição/criação, execução e apreciação musical,
reconhecendo timbres e características de instrumentos musicais diversos.

XVII

ME_FC_Artes_8A_00.indd 17 31/03/2023 11:15:25


Arte – 6o ao 9o ano (Continuação)
UNIDADES TEMÁTICAS OBJETOS DE CONHECIMENTO

Notação e registro musical

Música
Processos de criação

Contextos e práticas

Elementos da linguagem

Teatro

Processos de criação

Contextos e práticas

Processos de criação

Matrizes estéticas e culturais


Artes integradas

Patrimônio cultural

Arte e tecnologia

XVIII

ME_FC_Artes_8A_00.indd 18 31/03/2023 11:15:25


HABILIDADES

(EF69AR22) Explorar e identificar diferentes formas de registro musical (notação musical tradicional, partituras criativas e
procedimentos da música contemporânea), bem como procedimentos e técnicas de registro em áudio e audiovisual.

(EF69AR23) Explorar e criar improvisações, composições, arranjos, jingles, trilhas sonoras, entre outros, utilizando vozes, sons
corporais e/ou instrumentos acústicos ou eletrônicos, convencionais ou não convencionais, expressando ideias musicais de maneira
individual, coletiva e colaborativa.

(EF69AR24) Reconhecer e apreciar artistas e grupos de teatro brasileiros e estrangeiros de diferentes épocas, investigando os
modos de criação, produção, divulgação, circulação e organização da atuação profissional em teatro.
(EF69AR25) Identificar e analisar diferentes estilos cênicos, contextualizando-os no tempo e no espaço de modo a aprimorar a
capacidade de apreciação da estética teatral.

(EF69AR26) Explorar diferentes elementos envolvidos na composição dos acontecimentos cênicos (figurinos, adereços, cenário,
iluminação e sonoplastia) e reconhecer seus vocabulários.

(EF69AR27) Pesquisar e criar formas de dramaturgias e espaços cênicos para o acontecimento teatral, em diálogo com o teatro
contemporâneo.
(EF69AR28) Investigar e experimentar diferentes funções teatrais e discutir os limites e desafios do trabalho artístico coletivo e
colaborativo.
(EF69AR29) Experimentar a gestualidade e as construções corporais e vocais de maneira imaginativa na improvisação teatral e no
jogo cênico.
(EF69AR30) Compor improvisações e acontecimentos cênicos com base em textos dramáticos ou outros estímulos (música,
imagens, objetos, etc.), caracterizando personagens (com figurinos e adereços), cenário, iluminação e sonoplastia e considerando a
relação com o espectador.

(EF69AR31) Relacionar as práticas artísticas às diferentes dimensões da vida social, cultural, política, histórica, econômica, estética
e ética.

(EF69AR32) Analisar e explorar, em projetos temáticos, as relações processuais entre diversas linguagens artísticas.

(EF69AR33) Analisar aspectos históricos, sociais e políticos da produção artística, problematizando as narrativas eurocêntricas e as
diversas categorizações da arte (arte, artesanato, folclore, design, etc.).

(EF69AR34) Analisar e valorizar o patrimônio cultural, material e imaterial, de culturas diversas, em especial a brasileira, incluindo
suas matrizes indígenas, africanas e europeias, de diferentes épocas, e favorecendo a construção de vocabulário e repertório
relativos às diferentes linguagens artísticas.

(EF69AR35) Identificar e manipular diferentes tecnologias e recursos digitais para acessar, apreciar, produzir, registrar e
compartilhar práticas e repertórios artísticos, de modo reflexivo, ético e responsável.

XIX

ME_FC_Artes_8A_00.indd 19 31/03/2023 11:15:25


Sumário
5 Capítulo 1 – A arte como identidade 27 Capítulo 5 – Arte conceitual
5 As cores de Frida Kahlo 27 As possibilidades da arte performática
6 Registre suas ideias 27 Registre suas ideias
6 O que as outras pessoas pensam sobre 28 O que as outras pessoas pensam sobre
6 Frida Kahlo: a arte em pessoa 28 A arte conceitual
7 Diálogos com o tema 30 Diálogos com o tema
7 Os significados da obra de Frida 30 Os gêmeos Otávio e Gustavo Pandolfo
8 + Informações sobre o tema 30 + Informações sobre o tema
8 Pintores com a Boca e os Pés 30 Instituto Inhotim
8 A cultura indígena que resistiu à colonização 31 Repensando
9 Repensando
32 Capítulo 6 – A arte do povo e para o povo
10 Capítulo 2 – Os enigmas da arte 32 A importância social da arte
10 Os mistérios das pirâmides 32 Registre suas ideias
10 Registre suas ideias 33 O que as outras pessoas pensam sobre
11 O que as outras pessoas pensam sobre 33 A arte popular
11 Leonardo da Vinci 34 Diálogos com o tema
12 Diálogos com o tema 34 Renda de bilros
12 O fascínio pela obra de Leonardo da Vinci 35 + Informações sobre o tema
12 + Informações sobre o tema 35 Música Popular Brasileira
12 A cidade lendária 37 Repensando
14 Repensando
38 Capítulo 7 – Sob o ponto de vista da arte
16 Capítulo 3 – A arte da escrita 38 A arte das perspectivas
16 A beleza medieval das iluminuras 38 Registre suas ideias
16 Registre suas ideias 40 O que as outras pessoas pensam sobre
18 O que as outras pessoas pensam sobre 40 Elementos da perspectiva
18 Notação musical 42 Diálogos com o tema
18 Diálogos com o tema 42 Pontos de fuga na criação de cenários
18 A mixagem musical 42 + Informações sobre o tema
19 + Informações sobre o tema 42 A rapidez da fotografia
19 A escrita ideográfica 43 Repensando
20 Repensando FC_A

44 Capítulo 8 – Elementos naturais que se


21 Capítulo 4 – A máscara: representação de um transformam em arte
personagem 44 A união entre a arte e a natureza
21 A diversidade das máscaras teatrais 44 Registre suas ideias
21 Registre suas ideias 45 O que as outras pessoas pensam sobre
22 O que as outras pessoas pensam sobre 45 Espanhol transforma folhas secas em objetos
22 Máscaras africanas: uma construção de de arte
gerações 46 Diálogos com o tema
23 Diálogos com o tema 46 A arte indígena e os elementos da natureza
23 Manifestações culturais 47 + Informações sobre o tema
25 + Informações sobre o tema 47 Releitura de obra
25 A Máscara da Morte Vermelha 47 Repensando
26 Repensando

FC_Artes_8A_01.indd 4 31/03/2023 10:51:17

ME_FC_Artes_8A_01.indd 4 31/03/2023 11:17:43


ção em artes visuais, com base em temas
ou interesses artísticos, de modo individual,
Capítulo coletivo e colaborativo, fazendo uso de ma-

1 A arte como identidade


teriais, instrumentos e recursos convencio-
nais, alternativos e digitais.

Expectativas de

As cores de Frida Kahlo gênero, política e feminismo. Além disso, Frida foi con-
aprendizagem
siderada uma das primeiras mulheres a conseguir reco-
De origem alemã, indígena e mexicana, Magdalena nhecimento na História da Arte, tornando-se uma gran- • Compreender a arte como parte da vida
Carmen Frida Kahlo y Calderón era a terceira de quatro de defensora dos direitos das mulheres e um símbolo na social.
filhas de Guillermo Kahlo e Matilde Gonzalez y Calderón. luta pela causa. Ela foi considerada uma artista surrea-
Tinha ainda duas meias-irmãs mais velhas. Crescendo lista, porém não se via dessa forma, pois dizia que “não • Interpretar obras de arte e analisar em de-
entre várias mulheres, Frida viria a se tornar um verda- pintava sonhos, e sim a sua realidade”.
deiro símbolo de luta, resistência e resiliência feminina.
talhes suas particularidades.

Reprodução.
Com uma vida marcada por grandes infortúnios, logo ce- • Perceber que a arte pode ser uma ferra-
do contraiu poliomielite, o que resultou na deformação
de apenas uma de suas pernas. Esse fato, somado ao menta de superação para as adversidades
bullying que sofria na época, fez com que ela usasse cal-
ças compridas durante grande parte da sua adolescên-
da vida.
cia e juventude. Com o tempo, substituiu por saias lon-
gas, coloridas e estampadas, tornando-as uma de suas Considerações
marcas registradas.
Em 1925, Frida sofreu um trágico acidente. Um ôni-
bus em que viajava se chocou contra um bonde, fazendo
iniciais
com que seus ossos fossem fraturados e sua medula es- Neste capítulo, os alunos serão instruí-
pinhal, danificada. O período de recuperação foi longo e
doloroso, pois foram necessárias várias cirurgias para re- dos a refletir sobre a construção da iden-
construir as partes do seu corpo que haviam sido perfu- tidade de um artista a partir de sua vida e
radas durante o acidente. Kahlo ficou acamada, imóvel e
engessada por um longo período. A maternidade era um obra. Durante a introdução do assunto, é in-
desejo de Frida que, infelizmente, não foi concretizado. A
artista sofreu três abortos espontâneos devido às seque-
teressante refletir com os alunos sobre a im-
las do acidente. Contudo, foi nesse período que a pintura portância da arte para a identidade cultu-
entrou em sua vida. Frida começou a produzir em um ca-
valete adaptado à sua cama, utilizando a caixa de tintas ral de um país.
do seu pai. Foi por meio da arte que ela conseguiu pas-
sar o tempo e expor seus sentimentos e pensamentos.
Frida costumava pintar inúmeros autorretratos e uti-
A pintura The frame (Autorretrato), produzida em 1938, faz parte do acervo do Anotações
lizava, em suas obras, elementos simbólicos que retra- Museu do Louvre. A obra é um dos muitos autorretratos pintados por Frida
Kahlo. Na obra, podemos perceber a forte influência de elementos mexica-
tavam a sua vida. Inspirando-se na cultura popular do nos, como as cores fortes e vibrantes, os pássaros e as flores, que se torna-
México, retratava, também, questões como classe social, ram, também, uma de suas marcas.

Arte – 8o ano 5

FC_Artes_8A_01.indd 5 31/03/2023 10:51:17

BNCC (EF69AR04) Analisar os elementos constitu-


tivos das artes visuais (ponto, linha, forma,
Habilidades trabalhadas no capítulo direção, cor, tom, escala, dimensão, espa-
(EF69AR01) Pesquisar, apreciar e analisar ço, movimento, etc.) na apreciação de dife-
formas distintas das artes visuais tradicionais rentes produções artísticas.
e contemporâneas, em obras de artistas bra- (EF69AR05) Experimentar e analisar dife-
sileiros e estrangeiros de diferentes épocas e rentes formas de expressão artística (dese-
em diferentes matrizes estéticas e culturais. nho, pintura, colagem, quadrinhos, dobra-
(EF69AR02) Pesquisar e analisar diferentes dura, escultura, modelagem, instalação, ví-
estilos visuais, contextualizando-os no tem- deo, fotografia, performance, etc.).
po e no espaço. (EF69AR06) Desenvolver processos de cria-

Arte – 8º ano 5

:51:17

ME_FC_Artes_8A_01.indd 5 31/03/2023 11:17:43


Registre suas
ideias Uma de suas marcas registradas eram as sobrancelhas,
Registre suas que fugiam do padrão de beleza imposto às mulheres. Isso
Professor, ao propor a atividade, bus-
ideias imprimia grande personalidade ao seu rosto e hoje serve
que enfatizar personalidades que têm fun- de inspiração às que adotam um visual com sobrancelhas
mais grossas. Em conjunto com seus penteados e adere-
1| Atualmente, Frida é um símbolo da cultura mexicana e
damental participação na formação cultural ços indígenas, a artista encarnava uma fiel representante
encanta cada vez mais o público. É bastante comum um
das mulheres mexicanas.
da região. É importante salientar que este povo eleger alguma personalidade por conta de sua con-

Reprodução.
tribuição para a cultura de uma região. Essas personalida- 1
pode ser um bom momento de desconstru- des costumam ser fonte de inspiração para as pessoas do
ção de fatos que são transmitidos de manei- local e fortalecem bastante os laços culturais.

a. Pesquise sobre artistas que fazem parte do imaginá-


ra distorcida. Nesse contexto, pode ser inte-
rio popular da região onde você mora. Em seguida, esco-
ressante pesquisar mais a fundo acerca do lha um dos artistas presentes na pesquisa e registre em
seu caderno informações sobre a sua contribuição para
trabalho de artistas que perderam espaço a cultura nacional.
no gosto popular, mas que deixaram um le- b. Em razão da originalidade de sua arte, Frida Kahlo ad-
quiriu fama internacional ainda em vida. Atualmente, sua
gado de grande importância. obra permanece inspirando diferentes gerações de artis-
tas ao redor do mundo. Com base nessas informações,
Procedimento da questão 1: realize uma pesquisa sobre artistas brasileiros que alcan-
çaram reconhecimento internacional e escreva sobre a
1. O tipo de intervenção artística ficará à vida e obra de um deles em seu caderno.

escolha do grupo. O intuito será despertar a 2| Devido à sua fama mundial, a vida e a obra de Frida
são constantemente homenageadas em diferentes mí-
atenção das pessoas para a situação na qual
dias e expressões artísticas. Pesquise por referências a
se encontra o local. Frida Kahlo em obras de outros artistas e compartilhe
os resultados da pesquisa com seus colegas e professor.
2. A ação deverá ser documentada com
fotografias e vídeos. O que as outras
pessoas pensam

stock.adobe.com/Anton Ivanov Photo


2
3. É importante tomar todas as precau-
ções para que se obtenha autorização para
sobre
a realização da ação, bem como tomar to- Frida Kahlo: a arte em
dos os cuidados para não degradar o local. pessoa
Frida Kahlo nunca se encaixou nos padrões impos-
4. Ao final do trabalho, socializem com o tos pela sociedade, fosse por conta da sucessão de in- 1 – Em muitos dos autorretratos da pintora, Frida está acompanhada dos ani-
restante da turma, parentes e amigos. fortúnios que a acometeram ao longo da vida ou fosse mais favoritos dela, que substituem os filhos que nunca teve. Na imagem, obra
Autorretrato com pequeno macaco, 1945.
por seu comportamento revolucionário em relação ao 2 – O uso de vestidos fortaleceu a identidade de Frida, reafirmando suas cren-
ças políticas. Além disso, a vestimenta também construiu um senso próprio de
que era imposto às mulheres de sua época. Frida tinha herança e história pessoal. Na imagem, registros da exposição intitulada Apa-
amor à vida e despertava a atenção de todos à sua volta. rências enganam: vestidos de Frida Kahlo, inaugurada na Casa Azul, no México.
O que as outras pessoas
pensam sobre 6 Arte – 8o ano

A imposição de padrões pode ser bas-


tante prejudicial, principalmente em con- FC_Artes_8A_01.indd 6 31/03/2023 10:51:18 FC_A

textos artísticos. As sociedades estão sem- o piloto, um dos personagens que interage alter ego de Saint-Exupéry, cuja obra literá-
pre em processo de mudança e, consequen- com o Pequeno Príncipe, revela que, quan- ria, anos mais tarde, se tornou best-seller, e
temente, isso também se reflete na produ- do criança, repetiu algumas vezes um mes- cujo desenho, tão criticado na infância, pas-
ção artística. Logo, é necessário cautela ao mo desenho, no qual se esforçava para re- sou a ser símbolo da pureza da imaginação
transmitir um juízo de valor sobre um traba- presentar uma cobra que teria devorado das crianças.
lho realizado por um estudante. um elefante. Contudo, as opiniões sobre
Um exemplo que ilustra como uma opi- o seu trabalho foram duras, fazendo com
nião inconsequente pode ser prejudicial que ele acreditasse que não tinha talento
para o desenvolvimento artístico de um in- e, por isso, decidisse abandonar a carrei-
divíduo está presente em O Pequeno Prínci- ra de artista que tanto almejava. Para mui-
pe, obra de Antoine de Saint-Exupéry. Nela, tas pessoas, o piloto é considerado como o

6 Manual do Educador

ME_FC_Artes_8A_01.indd 6 31/03/2023 11:17:44


O seu trabalho, até 1951, apresentou am-
pla precisão técnica, mas o frágil estado de
Atualmente, as roupas longas e coloridas que eram 2| Frida Kahlo foi descrita como uma artista surrealista. O
usadas por Frida são copiadas por designers de moda ao surrealismo foi um movimento formado por artistas que
saúde começou a afetar sua destreza com as
redor do mundo. A artista não apenas se tornou um ícone buscavam representar as imagens criadas pelo subcons- mãos. Devido às fortes dores que sentia na
da cultura popular, mas também fascina admiradores de ciente humano, o que resultava em composições que re-
vários segmentos especializados em temas bastante di- metiam aos sonhos. Observe a obra a seguir. coluna, Frida tomava medicamentos cada
versos. Além de um acervo artístico deixado para a pos-
vez mais fortes, o que talvez tenha sido a pro-

stock.adobe.com/sforzza
teridade, o rosto de Frida Kahlo é facilmente encontrado,
por exemplo, em peças de vestuário, filmes, joias, estam- vável causa para suas pinceladas mais frou-
pas, etc. Frida teve uma vida bastante conturbada, cer-
cada de uma grande sucessão de infortúnios que molda- xas, apressadas e quase descuidadas; uma
ram sua personalidade. No entanto, todo o legado deixa- aplicação mais densa de tinta e uma artis-
do por ela é repleto de cor e inspiração. Ela não apenas
criou belas obras de arte; tornou-se sua maior criação.
O homem invisível, de
ta menos precisa caracterizam sua pintura
Salvador Dalí, 1929–1932. A
de 1952. No ano de sua morte, em 1954, ha-
Diálogos com o obra faz parte do acervo do
Museu Nacional Centro de

tema
Arte Reina Sofia, Espanha.
via dias que, simplesmente, não conseguia
pintar, devido ao débil estado de saúde. [...]
Os significados da obra de Disponível em: http://coral.ufsm. br/artesvisuais/index.php/ini-
Frida cio/ publicacoes/45-realidade-e-sentimentona-obra-de-frida-
-kahlo. Acesso em: 25/01/2018. Adaptado.
1| Observe a pintura de Frida Kahlo a seguir.
Reprodução.

Analisando o quadro acima e comparando-o com a tela


Diálogo com o
Meus avós, meus pais e eu, de Frida Kahlo, você diria que
existe alguma semelhança entre as duas composições?
professor
Explique.

Sugestão de resposta: Embora a própria pintora tenha


Sugestão de resposta da questão 1 da se-
ção Diálogos com o tema: A menina ao cen-
negado ser surrealista, sua obra tem muitos elementos
tro é Frida; há características físicas da pintora
que remetem ao estilo.
encontradas na avó paterna, como as sobran-
3| Pesquise outras obras de Frida Kahlo e analise atenta-
celhas grossas e unidas; Frida segura um bar-
mente as composições. Escolha duas delas e, em seu ca- bante vermelho, representando possivelmen-
derno, responda aos questionamentos a seguir.
Meus avós, meus pais e eu, 1936. A obra faz parte do acervo do Museu de Arte Resposta pessoal. te seus laços de sangue; está de pé pisando em
Moderna de Nova York, Estados Unidos.
a. De acordo com os elementos simbólicos presentes nas
Observe atentamente às referências que compõem a pin- obras da artista e sabendo que ela representava seus
uma árvore, demonstrando estar ligada às suas
tura (os elementos simbólicos, as cores, a disposição das sentimentos por meio da arte, qual tema principal pode raízes e está retratada no pátio da Casa Azul;
pessoas) e faça uma análise em seu caderno. Que interpre- ser identificado em cada obra?
tações podemos realizar da obra a partir do fato de que a b. A partir da sua interpretação sobre as pinturas, que no ventre de sua mãe, há uma criança, simbo-
pintora utiliza sua vida pessoal como fonte de inspiração? outro título você daria a cada uma delas?
lizando o seu amor pelo ciclo da vida; além de
haver uma ilustração do encontro de um óvulo
Arte – 8o ano 7
com um espermatozoide, que representa o fato
de não ter conseguido se tornar mãe.
0:51:18 FC_Artes_8A_01.indd 7 31/03/2023 10:51:19

Diálogos com o torretratos. Também aparece vestida com


Anotações
tema roupas típicas da cultura indígena mexica-
na. Seus quadros são uma expressão de sua
consciência nacional. Neles, predominam as
Conhecendo o artista ― realidade
cores verde, branca e vermelha da bandeira
e sentimento na obra de Frida
mexicana. A pintora obteve reconhecimento
Kahlo
artístico ainda em vida, sustentando-se da
Frida Kahlo encontrou na arte popular venda de seus quadros. Frida participou de
mexicana algumas de suas principais temá- várias exposições, tanto em grupo quanto in-
ticas, como as “figuras de Judas” — tipo de dividuais, nos Estados Unidos, em países eu-
esqueleto que a acompanha em alguns au- ropeus e no México na década de 1940. [...]

Arte – 8º ano 7

ME_FC_Artes_8A_01.indd 7 31/03/2023 11:17:45


+ Informações sobre o
tema c. Conhecendo um pouco da história de Frida, quais os signi- texto sobre a importância da inclusão e quais os efeitos
ficados que você pode inferir por trás das cores presentes na que ela causa na vida dessas pessoas.
Durante a atividade, sugira que os alu- pintura? O que elas dizem em relação ao conjunto da obra? Resposta pessoal.
d. Sobre sua observação das obras escolhidas, o que cada
nos pesquisem pintores famosos cujos mé- 2| Que tal pintarmos sem o auxílio da visão?
elemento nas pinturas pode representar na vida de Frida? • Em dupla, um dos estudantes terá os olhos venda-
todos de produção são diferentes do con- Você se identifica com algum deles? Se sim, quais? dos, mentalizará uma imagem e pintará sobre o
e. O que mais chamou a sua atenção durante a análise papel a partir do que foi pensado.
vencional em razão de alguma deficiência. das obras de Frida Kahlo? • O estudante com a visão livre auxiliará na escolha
Nesse momento, é importante expor aos es- das tintas pelo estudante com olhos vendados e o
auxiliará com a limpeza dos pincéis.
tudantes a importância de analisar os de- • Após a conclusão do primeiro trabalho, será a vez

talhes técnicos de cada obra e reconhecer


+ Informações de o segundo estudante ter os olhos vendados e se-
sobre o tema guir as mesmas etapas. Ao final, registre sua expe-
as diferenças entre o estilo de cada artista. riência ao desenvolver essa atividade.

As obras de Frida Khalo sempre retratavam elemen-


Na vida de Frida Kahlo, a expressão artística foi um ca-
Anotações minho para lutar pelo que ela acreditava, superando as
tos de sua vivência, não apenas demonstrando suas lu-
tas, mas, principalmente, mostrando sua cultura e exal-
adversidades. Você já percebeu como a arte pode modifi-
tando suas raízes indígenas. A cultura, que sempre es-
car e transformar a vida das pessoas? O texto a seguir re-
tampou as vestimentas e os quadros da pintora, possui
flete um pouco sobre os problemas enfrentados por pes-
muitas cores e riquezas, sendo hoje considerada um sím-
soas com deficiências e que encontraram novos meios de
bolo de resistência.
desenvolver trabalhos artísticos.
A cultura indígena que
Pintores com a Boca e os resistiu à colonização
Pés
Da Argentina ao Canadá, todo o território compreen-
A Pintores com a Boca e os Pés não é uma associação dido atualmente pelas Américas teve forte influência de
beneficente, mas, sim, uma sociedade de membros es- centenas de povos indígenas, com culturas bastante ca-
peciais importantes. Todos os seus integrantes aprende- racterísticas e que tiveram de enfrentar o mesmo desafio:
ram a pintar sustentando o pincel com a boca ou com os a invasão promovida pelos povos europeus, que não só
dedos dos pés, por não poderem usar as mãos. dominaram suas terras, como também foram responsá-
A constituição dessa sociedade, no ano de 1956, deu veis pelo apagamento de muitos elementos de culturas
oportunidade a todos os seus membros de se manterem

Reprodução.
com a venda de pinturas em forma de cartões, calendá-
rios e outros artigos. A principal preocupação da asso-
ciação é incentivar pessoas com deficiência física, pro-
porcionando-lhes uma bolsa de estudos até o aperfei-
çoamento delas na pintura.

1| Agora, realize uma pesquisa sobre as instituições que


propõem um trabalho artístico direcionado à inclusão de
pessoas com deficiência, ao desenvolvimento e à parti- A primeira missa no Brasil (1860), de Victor Meirelles, retrata o momento em
cipação delas na sociedade. Em seu caderno, redija um que a primeira cerimônia cristã foi celebrada no Brasil.

8 Arte – 8o ano

FC_Artes_8A_01.indd 8 31/03/2023 10:51:19 FC_A

8 Manual do Educador

ME_FC_Artes_8A_01.indd 8 31/03/2023 11:17:45


seus antigos dialetos por conta de todo o
processo de aculturação ao qual estiveram
locais. Seguidores de ideais cristãos da época, espanhóis, O processo de assimilação cultural promovido nas al- submetidos ao longo dos séculos.
portugueses, franceses, ingleses e holandeses julgavam deias indígenas fez com que antigos costumes fossem al-
os povos nativos da região como pessoas sem alma, que terados drasticamente. Um exemplo claro é o desapare- Por outro lado, analisar amostras de
precisavam conhecer o cristianismo, a fim de que se re- cimento de várias línguas ancestrais, que foram sendo DNA da população de Sentinela do Nor-
dimissem daquilo que os europeus consideravam peca- substituídas pela língua portuguesa. Em contrapartida,
do e, assim, alcançassem a redenção divina. muitos costumes indígenas passaram a fazer parte do co- te poderia fornecer várias respostas acer-
O México, berço de povos astecas, toltecas e maias, foi tidiano dos brasileiros ao longo do tempo, como a culi-
palco de grandes conflitos, nos quais os espanhóis sub- nária, as danças, a música, o artesanato, etc.
ca dos primeiros humanos que saíram da
jugaram os povos indígenas da região. Muitos templos África e povoaram o Planeta, o que seria de
foram destruídos, estátuas foram derrubadas, e tudo foi 3| Pesquise e registre, em seu caderno, elementos do seu
sendo substituído por novas edificações e esculturas, en- cotidiano que têm origem indígena. imenso valor para várias áreas científicas.
fatizando as crenças religiosas dos invasores. Entretan- Resposta pessoal.
to, as culturas antigas não desapareceram por comple- 4| Ao longo do tempo, muitos conhecimentos ancestrais
Professor, essa é uma boa oportunida-
to: muitos costumes ancestrais foram adaptados aos no- de povos indígenas ajudaram na obtenção de remédios de de criar um debate sobre ética científica.
vos, e isso resultou em uma cultura híbrida. para milhares de tratamento, a exemplo da aspirina. Cien-
tistas verificaram que indígenas norte-americanos usavam Será que vale a pena entrar em contato com
stock.adobe.com/Carlos Neri

a casca do salgueiro como chá para tratar dores muscula-


os sentineleses ou a opção correta é deixar
res, reumatismo e calafrios. Depois de muitas pesquisas,
conseguiram isolar o ácido salicílico — componente que que permaneçam isolados?
trata as dores — e transformá-lo em medicamento. Exis-
te em Manaus o Centro de Medicina Indígena da Amazô-
nia, inaugurado em 2017. Nesse local, os conhecimentos Anotações
O Dia dos Mortos, feriado católico, é celebrado no México como um evento fes- de vários povos indígenas são usados para tratar enfermi-
tivo por conta de uma antiga crença indígena que afirma que os espíritos dos
mortos voltam para celebrar com seus parentes vivos.
dades, com uso de medicamentos fitoterápicos. Com ba-
se nesses conhecimentos, debata com seus colegas e pro-
No Brasil, a figura do caboclo remete à ancestralidade fessores sobre a importância da preservação e do respei-
de povos indígenas e europeus. Como resultado, os des- to a essas culturas ancestrais.
cendentes não apenas adquiriram características físicas
comuns aos dois grupos étnicos, como também assimi-
laram tradições de ambas as culturas. Em Pernambuco,
existem dois importantes símbolos do folclore local que Repensando
expressam a influência da herança indígena na região:
os caboclinhos e os caboclos de lança.
Em meio ao Oceano Índico, existe uma ilha onde a
stock.adobe.com/karlavidal

população é extremamente hostil à presença de invaso-


res. Trata-se da ilha Sentinela do Norte, um dos lugares
mais isolados do mundo. Após anos de tentativas de con-
tato, o governo indiano proibiu a aproximação de qual-
quer missão exploratória ou atividade comercial nos ar-
redores da região.
Levando em conta o histórico mundial resultante da
aproximação de culturas, discuta com o professor e seus
As apresentações dos caboclinhos simulam cenas de caça e combate. Os mo- colegas as possíveis razões que levaram as autoridades
vimentos são fortes e rápidos, o que exige grande resistência física. a tomar essa atitude de preservação.

Arte – 8o ano 9

0:51:19 FC_Artes_8A_01.indd 9 31/03/2023 10:51:20

afeiçoadas a costumes modernos resulta-


Repensando ram em dominação, mortes e destruição da
cultura nativa. Provavelmente, os sentine-
A curiosidade diante do desconhecido e leses têm uma cultura bastante particular
do que é considerado exótico sempre fascinou que não deve ter sido alterada por muitos
as pessoas. Por conta disso, muitas proezas fo- milênios. Travar contato com eles seria
ram realizadas ao longo da história, porém, na sujeitá-los a doenças para as quais seus
grande maioria dos casos, houve consequên- corpos não possuem defesas ou fazê-los se
cias que, por muitas vezes, foram desastrosas. interessar por elementos culturais novos e,
A história nos mostra que contatos en- com isso, abandonar suas tradições. Muitos
tre sociedades isoladas com civilizações grupos indígenas no Brasil não falam mais

Arte – 8º ano 9

ME_FC_Artes_8A_01.indd 9 31/03/2023 11:17:46


BNCC
Capítulo

2
Habilidades trabalhadas no capítulo
(EF69AR01) Pesquisar, apreciar e analisar Os enigmas da arte
formas distintas das artes visuais tradicio-
nais e contemporâneas, em obras de artis-
tas brasileiros e estrangeiros de diferentes
Os mistérios das pirâmides além desse desgaste natural, é provável que a esfinge
épocas e em diferentes matrizes estéticas tenha perdido seu nariz e sua barba devido a ações ico-

stock.adobe.com/AlexAnton
noclastas. Em busca de maiores explicações sobre sua
e culturais. verdadeira história, escavadores e pesquisadores con-
(EF69AR02) Pesquisar e analisar diferentes tinuam em busca de novos vestígios que tragam essas
informações. Até lá, o mistério em torno da colossal fi-
estilos visuais, contextualizando-os no tem- gura permanece.

po e no espaço.
(EF69AR04) Analisar os elementos constitu- Registre suas
tivos das artes visuais (ponto, linha, forma, ideias
direção, cor, tom, escala, dimensão, espa- A Grande Esfinge de Gizé é uma grandiosa escultura localizada junto às pirâ-
mides de Gizé, no Egito. A junção da cabeça humana com o corpo de leão sig- 1| Iconoclasta é a pessoa que destrói imagens religiosas
nificava inteligência e força para os egípcios antigos.
ço, movimento, etc.) na apreciação de dife- ou se opõe à sua adoração. Pesquise na Internet os mo-
Erguida na necrópole de Gizé, onde também estão tivos pelos quais uma pessoa ou determinado grupo age
rentes produções artísticas. localizadas as pirâmides dos faraós Quéops, Quéfren e dessa forma perante os símbolos religiosos.
Miquerinos, a enigmática figura surge imponente como
(EF69AR05) Experimentar e analisar dife- Sugestão de resposta: Um iconoclasta pode agir pelo
se montasse guarda diante dos gigantescos túmulos de
rentes formas de expressão artística (dese- pedra. A Grande Esfinge de Gizé foi esculpida utilizando-
simples prazer em depredar um símbolo religioso ou
-se uma única rocha de grandes proporções como maté-
nho, pintura, colagem, quadrinhos, dobra- ria-prima. Seu nome atual foi dado cerca de dois mil anos
pode ter outros motivos, como: crença diferente, des-
dura, escultura, modelagem, instalação, ví- após sua construção, pois a estátua remete a uma figura
mitológica grega com corpo de leão, cabeça de mulher e
crença em determinada religião e não aceitação da li-
deo, fotografia, performance, etc.). asas de águia. No entanto, a grande escultura egípcia não
possui asas, e sua cabeça tem proporções masculinas, o
(EF69AR08) Diferenciar as categorias de que evidencia que a obra não faz qualquer referência ao
berdade de culto.

artista, artesão, produtor cultural, curador, mito grego da besta que matava aqueles que não conse-
guissem adivinhar seus enigmas. 2| Quais prejuízos a destruição de símbolos religiosos po-
designer, entre outras, estabelecendo rela- A Grande Esfinge é geralmente atribuída ao faraó de trazer para uma sociedade?
Quéfren, pois muitos elementos a ligam à pirâmide de-
ções entre os profissionais do sistema das le. O rosto da escultura, possivelmente, homenagea-
Sugestão de resposta: Destruição de patrimônio cultu-

artes visuais. va o próprio faraó ou seu pai, Quéops. Em consequên-


ral acarreta prejuízos para a história e identidade de
cia dos efeitos do tempo, suas cores sofreram altera-
ções na tonalidade — ainda que existam vestígios das
um povo.
cores originais, principalmente no rosto da figura — e,
Expectativas de
aprendizagem 10 Arte – 8o ano

• Analisar obras que despertam curiosidade


por conta de suas respectivas singularidades. FC_Artes_8A_01.indd 10 31/03/2023 10:51:21 FC_A

• Desconstruir conceitos infundados acer- ciais. Sendo assim, é de grande importân- pode levar para a aula reportagens sobre
ca de artistas, obras e culturas. cia que os alunos reconheçam a relação ataques a locais sagrados e sobre casos de
entre o estudo da arte e outras áreas do pais que perdem ou têm a guarda de seus fi-
Considerações conhecimento. lhos ameaçada por introduzi-los na religião

iniciais que praticam. Questione os estudantes so-


bre as motivações desses atos e o que pode
Registre suas
Este capítulo propõe que o estudan-
te entenda as possibilidades de utilização
ideias ser feito para combatê-los.

do pensamento crítico e da pesquisa inves- Discuta com os alunos a intolerância re-


tigativa para analisar obras artísticas em ligiosa no Brasil, especialmente aquela que
seus respectivos contextos históricos e so- visa às religiões de matriz africana. Você

10 Manual do Educador

ME_FC_Artes_8A_01.indd 10 31/03/2023 11:17:46


longo dos séculos. Entre os muitos proces-
sos sobre os quais os alquimistas se debru-
3| Além das construções egípcias, o continente africano
O que as outras çavam, estavam a busca pelo elixir da longa
também abriga outro complexo de pirâmides na região
da Núbia, área localizada entre o Egito e o Sudão. Trata- pessoas pensam vida, que permitiria ao indivíduo viver para
-se das pirâmides do Reino de Cuxe, cujo exército inva-
diu o Egito no século VIII a.C. e iniciou uma dinastia de fa-
sobre sempre, e a obtenção da pedra filosofal, que
raós cuxitas. Por volta de 1834, o italiano Giuseppe Ferlini teria o poder de transformar qualquer me-
destruiu a maior parte das pirâmides em busca de relí- Leonardo da Vinci tal em ouro.
quias e joias. Dentre as grandes perdas, está o túmulo
da rainha guerreira Amani-Xaquéto, que teve suas joias Matemático, engenhei- Leonardo Da Vinci, no entanto, era crí-

stock.adobe.com/Juulijs
saqueadas, as quais hoje fazem parte de acervos de mu- ro, inventor, pintor, anato-
seus pela Europa. mista, escultor, arquiteto, tico das pessoas que desperdiçavam suas
poeta e músico, Leonardo
a. Muitos museus se apropriam de artefatos pertecen- da Vinci é considerado um
energias com tais buscas. Em uma das ano-
tes a culturas de outros países. Em sua opinião, é corre- dos maiores artistas oci- tações que deixou registrada, afirma que
to uma peça que conta a história de um povo ser exibida dentais de todos os tempos.
em outro lugar como mero objeto de curiosidade? Outra grande característi- os alquimistas não conseguiram descobrir
ca que fascina milhares de
Resposta pessoal. qualquer elemento químico, embora mere-
pessoas ao redor do mun-
do é a atmosfera de misté- cessem aplausos por descobrirem elemen-
rio que envolve a vida des-
se notável florentino. Levan- Autorretrato de Leonardo da Vinci. tos úteis para as pessoas. Entretanto, não
do uma vida incomum à maioria das pessoas de sua época, lhes poupou críticas por também terem de-
Leonardo era vegetariano, escrevia da direita para a esquer-
b. Amani-Xaquéto vinha de uma dinastia de rainhas guer- da utilizando algarismos invertidos, dormia pouco e estava senvolvido vários tipos de veneno.
reiras e realizou grandes proezas durante seu reinado, co- sempre em busca de cadáveres para estudar a anatomia
mo enfrentar o império romano, o maior de sua época. O humana. Seu comportamento singular, aliado à sua genia- Disponível em: https://super.abril. com.br/historia/9-pergun-
reino cuxita fica em uma região próxima às famosas edifi-
tas-sobre-leonardo-da-vinci-que-nunca-se-calam/. Acesso em:
lidade, intriga tanto as pessoas que é bastante comum ha-
30/01/2021. Adaptado.
cações egípcias. Apesar disso, existem poucas informações ver um desejo de associar suas obras a enigmas.
sobre a vida da rainha. O fato de as pirâmides cuxitas terem A grande verdade, no entanto, é que Leonardo realiza-
sido destruídas contribuiu para isso? Explique. va vários estudos antes de compor uma obra e, assim co-
mo outros artistas da Renascença, valia-se de cálculos ma-
Anotações
Reprodução.

temáticos e geométricos para realizar suas criações. Es-


sa habilidade em criar uma composição na qual todos
os elementos capturassem os olhares das pessoas aca-
bou criando um conjunto de teorias que, em sua ampla
maioria, atribui significados inusitados para as obras de
Leonardo. O quadro La Gioconda, por exemplo, é apenas o re-
Bracelete retirado da tumba de Amani-Xaquéto na Núbia. trato de uma senhora florentina; e A última ceia é a expressão
de um momento considerado sagrado para os cristãos, que
Sugestão de resposta: O saque dos artefatos e a destrui-
foi eternizado pelas mãos de um grande pintor.
Portanto, sua obra, bem como a de tantos outros
ção dos templos contribuíram para tornar o local uma re-
grandes nomes da arte, ajuda-nos a entender que todos
os seres humanos são capazes de criar e que a arte per-
gião com poucos atrativos para pesquisadores e turistas.
tence a todos.

Arte – 8o ano 11

0:51:21 FC_Artes_8A_01.indd 11 31/03/2023 10:51:21

O que as outras pessoas dedicar a outras áreas, como a engenharia.

pensam sobre Nesse ponto, o gênio florentino também se


destacou enormemente.
Na época de Leonardo Da Vinci, não ha- Uma das muitas lendas criadas em tor-
via barreiras que separassem ciência, arte no de Leonardo afirma que ele era um alqui-
e religião. Um médico, por exemplo, geral- mista. A alquimia é uma prática que com-
mente também tinha que possuir diploma bina elementos de várias áreas de conhe-
de teologia; ao passo que a astronomia e a cimento científico, filosófico, artístico e es-
astrologia eram tão interligadas que não ha- piritual. Trata-se de uma prática milenar
via separação entre ambas. Era bastante co- originada no Oriente que teria sido difundi-
mum, também, que um artista pudesse se da na Europa e ganhado vários adeptos ao

Arte – 8º ano 11

ME_FC_Artes_8A_01.indd 11 31/03/2023 11:17:46


Diálogos com o
tema
Diálogos com o + Informações
O Código Da Vinci ficou em evidência por
tema sobre o tema
um bom tempo e, até hoje, gera teorias di-
versas a respeito do mestre florentino. No O fascínio pela obra de
Leonardo da Vinci A cidade lendária
entanto, embora o autor Dan Brown costu-
me afirmar que se baseou em fatos históri- 1| Uma das maiores provas do fascínio que a obra de Leo- No ano de 1925, o explorador britânico Percy Fawcett,
nardo da Vinci exerce sobre as pessoas é o livro O código acompanhado de seu filho Jack e outro explorador aus-
cos, sua obra é, praticamente, toda fictícia. Da Vinci, escrito pelo estadunidense Dan Brown e poste- traliano, embrenhou-se pela Serra do Roncador, no Alto
riormente adaptado para os cinemas. Fazendo juz a to- Xingu, em busca de uma cidade lendária, que ele se refe-
Entre várias teorias levantadas pelo autor da a atmosfera que as pessoas criaram em torno do ar- ria como Z. Em seu poder, trazia uma pequena estatue-
ao longo da obra, existe a sugestão de que tista ao longo dos séculos, a trama aborda enigmas, so- ta, grafada com caracteres desconhecidos por todos os
ciedades secretas, templos religiosos e, claro, obras cria- especialistas que a consultaram. A expedição nunca re-
Leonardo seria o líder de uma sociedade se- das pelo mestre florentino. Acerca do assunto, responda tornou, e até hoje não se sabe o que de fato aconteceu
às questões a seguir. com Fawcett e sua pequena equipe, embora a hipóte-
creta denominada Priorado de Sião. Esse
se mais provável é que tenham sido mortos por indíge-
grupo guardaria segredos capazes de abalar a. Um dos elementos explorados no filme é o fato de Leo- nas da região.
nardo escrever da direita para a esquerda. Essa habili- Uma análise minuciosa sobre todos os fatos que le-
os alicerces da Igreja e mudar todo o contex- dade se chama escrita especular (espelhada). Pesquise varam o coronel a se aventurar em algo dessa natureza,
to histórico sobre a vida de Jesus, pois ele na Internet e tente descobrir o porquê de ele escrever de em posse da estatueta, mostra-nos que ele pode ter si-
maneira tão diferente. do vítima de algo muito comum nesse período: uma fal-
teria se casado com Maria Madalena e tido sificação, ou possivelmente o objeto se tratasse de uma
Sugestão de resposta: Leonardo era canhoto de nascen-
peça artística autêntica que foi considerada por ele co-
dois filhos com ela. Leonardo, então, teria mo sendo uma relíquia que pertencera a alguma civili-
ça, o que fazia com que sua mão borrasse a tinta facil-
deixado várias pistas em suas obras de ma- zação até então desconhecida.
Fawcett recebera a peça de presente do escritor Henry
neira bastante enigmática. mente se ele utilizasse o método de escrita tradicional,
Rider Haggard, autor da obra As minas do Rei Salomão.
Aparentemente, ambos acreditavam que a estatueta em
Na passagem mais marcante da obra, o da esquerda para a direita.
questão era autêntica e que conservava poderes ocultos. O
autor sugere que o quadro A Última Ceia tra- fato de nenhum linguista conseguir desvendar o significado
b. Florentinos são os habitantes de Florença, famosa ci- de suas inscrições não foi suficiente para convencê-los de
ria Maria Madalena retratada ao lado de Je- dade italiana que foi palco do Renascimento, um perío- que a peça poderia se tratar de um mero souvenir vendido
do marcado por grandes produções artísticas, culturais
sus. O personagem, na realidade, é o pro-

stock.adobe.com/Archivist

Reprodução.
e científicas iniciado no século XIV, cujas principais ca-
feta João, e não existe qualquer elemento racterísticas são a valorização da Antiguidade greco-ro-
mana e do gênero humano. Além de Leonardo, Florença
que configure uma figura feminina. Obvia- abriga obras de grandes nomes do Renascimento. Pes-
mente, o autor deturpou vários fatos para quise e registre quais foram os mais famosos.

Sugestão de resposta: Michelangelo, Giotto, Botticelli,


dar uma maior ênfase ao seu trabalho. É im-
Os escritores de ficção Sir Arthur Conan Doyle (à esquerda) e Henry Rider
portante lembrar que se trata de uma obra Rafael e Donatello. Haggard também acreditavam que existiria uma civilização perdida em al-
gum lugar do Brasil.

de ficção e, portanto, não está sujeita aos


mesmos julgamentos que estaria um arti- 12 Arte – 8o ano

go científico, por exemplo.


FC_Artes_8A_01.indd 12 31/03/2023 10:51:21

+ Informações sobre o so Manuscrito 512, a estatueta presenteada deadas em veículos de mídia diversos: pro-

tema pelo amigo escritor, a lenda da cidade per-


dida de El Dorado e as descobertas arqueo-
gramas de TV, canais de influenciadores digi-
tais, aplicativos de mensagens, etc.
Professor, a história em torno de Percy lógicas de cidades antigas. Entretanto, ne-
Fawcett permite estabelecer um diálogo nhuma das pistas em que se baseava tinha
com os estudantes acerca da importân- fundamento científico, tendo sido desenco-
cia de uma análise criteriosa de informa- rajado por vários acadêmicos a não seguir
ções com teor sensacionalista. No caso em com sua empreitada.
questão, uma sucessão de indícios fez o ex- A trágica história do explorador pode ser-
plorador se convencer que estava na pis- vir como referência para outras teorias, sem
ta de uma civilização perdida: o fantasio- base científica, que são frequentemente alar-
FC

12 Manual do Educador

ME_FC_Artes_8A_01.indd 12 31/03/2023 11:17:47


para os exploradores da época; Após tantos desdobramentos em torno dessa aventu-

Reprodução.
em vez disso, preferiram ra histórica, vale o questionamento: tudo isso teria acon-
acreditar que estavam diante tecido se o coronel tivesse se convencido de que a es-
de um item verdadeiro, porém tatueta que carregava não passava de um artefato pro-
oculto ao conhecimento dos duzido por algum artista em qualquer parte do mundo?
cientistas. Além da amizade
com Haggard, Fawcett também 1| O Manuscrito 512 é um documento que relata elemen-
mantinha relações com outro tos existentes em uma suposta cidade perdida encontra-
O coronel Percy Fawcett desa-
grande escritor: Sir Arthur Conan pareceu na região do Alto Xin- da por bandeirantes. Embora intrigue muitas pessoas,
Doyle, o criador do famoso gu enquanto procurava uma ci-
dade perdida que ele acredita-
atualmente o documento é considerado uma fraude, pois
personagem Sherlock Holmes. va existir. nunca se encontrou qualquer vestígio da suposta cida-
Tanto Haggard quanto Doyle posteriormente escreve- de. Isso custou a vida de várias pessoas, pois, além do co-
ram livros baseados na história de Fawcett: Ela, a feiticei- ronel Fawcett, outros exploradores morreram em busca
ra e O mundo perdido, respectivamente. Até mesmo o fa- dessa cidade mítica. Em sua opinião, como devemos pro-
moso personagem Indiana Jones foi inspirado na histó- ceder diante de falsas informações?
ria do destemido coronel. Nas histórias em quadrinhos, o

Reprodução.
fato também gerou grande influência: Hugo Pratt, artista
italiano, visitou o Brasil e embrenhou-se pela região do
Xingu e também no sertão da Bahia, onde supostamente
alguns bandeirantes afirmaram ter encontrado, no sécu-
lo XVIII, uma antiga cidade abandonada. Existe, inclusi-
ve, um documento, conhecido como Manuscrito 512, que
se encontra atualmente no acervo da Biblioteca Nacio-
nal do Rio de Janeiro. Nele, há relatos sobre o que teria
sido encontrado nessa suposta cidade. O fascínio do ar- Primeira página do Manuscrito 512, que se encontra guardado no acervo da
Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro.
tista italiano fez com que ele referenciasse Fawcett nas
histórias de seu mais famoso personagem: Corto Maltese.
Resposta pessoal.
Reprodução.

0:51:21
2| A região do Xingu abriga a maior reserva indígena do
mundo e está localizada no Estado de Mato Grosso. No lo-
cal existem quinze aldeias, que falam quatro grupos lin-
guísticos diferentes, porém todos apresentam semelhan-
ças com relação a crenças, rituais e cerimônias similares.
Pessoas de outras origens étnicas precisam de autorização
para entrar nessas localidades, pois esses povos são mais
vulneráveis a doenças comuns do que os habitantes das
Corto Maltese, personagem dos quadrinhos, e Indiana Jones, personagem do
cinema, foram inspirados no coronel Percy Fawcett. cidades. Além disso, povos indígenas vivem em equilíbrio

Arte – 8o ano 13

FC_Artes_8A_01.indd 13 31/03/2023 10:51:22

Arte – 8º ano 13

ME_FC_Artes_8A_01.indd 13 31/03/2023 11:17:47


Repensando
com o meio ambiente, não extraindo dele mais do que o

stock.adobe.com/Adwo
Converse com a turma sobre a importân- necessário. Manter exploradores fora das reservas garan-
te a preservação das florestas e dos animais.
cia de valorizar e preservar os sítios arqueo-
lógicos ao redor do mundo. Durante o diá- a. Por que é importante demarcar terras indígenas?

logo, é importante questionar os alunos so- Sugestão de resposta: A demarcação das terras indíge-

bre iniciativas que podem contribuir para a nas resulta no estabelecimento dos limites físicos das

divulgação e para o reconhecimento da re- terras pertencentes aos indígenas, na proteção a possí-
levância desses lugares.
veis invasões e ocupações por parte dos povos não in-

Sugestão de dígenas, entre outros. Além disso, a demarcação é um


Uma das hipóteses sobre Machu Picchu é que o local tenha sido usado como
centro administrativo do Império Inca.

filme

stock.adobe.com/Daniel Prudek
meio de preservar a identidade, as tradições e a cultura

Tales by Light de milhares de etnias indígenas.


Direção: Abraham Joffe
b. As sociedades exploram, cada vez mais, os recursos
A série documental mostra o cotidiano naturais em uma velocidade que não permite sua devi-
da recuperação. Ciente disso, o que podemos aprender
de fotógrafos profissionais que percorrem o com as culturas indígenas?

mundo fazendo registros e explicando sobre Resposta pessoal.

suas metodologias de trabalho.


As Linhas de Nazca podem significar apelos aos deuses para a chegada das

Sugestão de chuvas nessa região desértica.

leitura 1| Institucionalmente, o Brasil é um país com centenas


de anos de história, porém os povos indígenas já habi-
tavam esta terra há milênios. Todo esse período de ocu-
O poder do mito pação humana deixou vários vestígios e heranças cultu-
Autores: Joseph Campbell e Bill Moyers Repensando rais, que podemos presenciar na atualidade. Uma das
melhores formas de manter viva a história de um local é
por meio do registro fotográfico, pois, ao longo do tem-
O poder do mito é fruto de uma série de Na época em que Percy Fawcett realizou sua trágica po, diversos fatores podem ocasionar profundas mudan-
expedição, o mundo inteiro se maravilhava com gran- ças na paisagem, nos costumes ou na composição étni-
conversas mantidas entre Joseph Campbell des descobertas arqueológicas, como Machu Picchu, em ca de um povo.
e o jornalista Bill Moyers, em uma combina- 1911, e as Linhas de Nazca, em 1930. Foi um período de
explorações e descobertas que trouxeram também algu- a. Em grupo, escolham um lugar de sua cidade que tenha
ção de sabedoria e humor. O casamento, os mas perguntas, que permanecem sem respostas satisfa- grande relevância histórica para a cultura local. Pode ser
tórias até a atualidade. uma igreja, um casarão centenário, uma praça, uma bi-
nascimentos virginais, a trajetória do herói,
o sacrifício ritual e até os personagens he-
14 Arte – 8o ano
roicos do filme Guerra nas estrelas são abor-
dados nessa obra.
FC_Artes_8A_01.indd 14 31/03/2023 10:51:23

Anotações

FC

14 Manual do Educador

ME_FC_Artes_8A_01.indd 14 31/03/2023 11:17:48


blioteca, uma casa de vilarejo, etc. Nesse local, façam registros fotográficos buscando retratar a arquitetura do local,
detalhes da construção e elementos que despertam curiosidade. Após realizarem os registros, escolham dez fotogra-
fias para criar um álbum e, por fim, compartilhem-no com o professor e o restante da turma.

b. Com base em registros fotográficos, pesquise, na Internet ou em outras fontes (biblioteca, igreja, álbuns pessoais,
etc.), as transformações físicas pelas quais sua cidade passou ao longo dos anos. O que mudou? Como essa mudança
impactou física e socialmente a memória da cidade? Registre as respostas em seu caderno.

2| No Brasil, existem centenas de sítios arqueológicos com vestígios de povos indígenas que há milênios habitavam es-
ses locais. Entre os registros mais comuns, estão peças de cerâmica e pinturas rupestres feitas nas paredes de cavernas
e grutas. Esses registros artísticos possuem formas variadas e geralmente são classificados como antropomorfos, fi-
tomorfos, zoomorfos e amorfos. Pesquise e descubra o significado de cada um desses termos e, em seguida, classifi-
que as figuras a seguir de acordo com a composição das imagens.
Reprodução.
Reprodução.

stock.adobe.com/gerasimov174
Amorfo. Antropomorfo.. Amorfo.
stock.adobe.com/Bruno Sodré

0:51:23

Zoomorfo.

Arte – 8o ano 15

FC_Artes_8A_01.indd 15 31/03/2023 10:51:24

Arte – 8º ano 15

ME_FC_Artes_8A_01.indd 15 31/03/2023 11:17:48


BNCC
Capítulo

3
Habilidades trabalhadas no capítulo
(EF69AR01) Pesquisar, apreciar e analisar A arte da escrita
formas distintas das artes visuais tradicio-
nais e contemporâneas, em obras de artis-
tas brasileiros e estrangeiros de diferentes
épocas e em diferentes matrizes estéticas e A beleza medieval das que esses volumes chegassem às mãos da grande popu-

culturais, de modo a ampliar a experiência iluminuras lação, o que fazia com que existissem muitos analfabe-
tos e os poucos registros de conhecimento ficassem res-

stock.adobe.com/radiokafka
com diferentes contextos e práticas artís- tritos a uma pequena parcela da sociedade.
Um aspecto formidável das iluminuras é a sua dura-
tico-visuais e cultivar a percepção, o ima- bilidade. Enquanto muitas pinturas e afrescos realiza-
dos em séculos posteriores à Idade Média se perderam
ginário, a capacidade de simbolizar e o re- ao longo do tempo, uma grande quantidade de iluminu-
pertório imagético. ras sobreviveu sem apresentar grande deterioração. Is-
so constitui um rico acervo artístico e histórico disponí-
(EF69AR02) Pesquisar e analisar diferen- vel na atualidade, que nos permite compreender como
era a vida das pessoas durante a Idade Média.
tes estilos visuais, contextualizando-os no
Imagem da Virgem Maria e os monges dominicanos no acervo da biblioteca
tempo e no espaço.
Registre suas
do Museu San Marco, mosteiro do século XV. Florença, Itália.

(EF69AR03) Analisar situações nas quais Bastante comum na Idade Média, uma iluminura é ideias
um tipo de pintura decorativa aplicada à primeira letra
as linguagens das artes visuais se inte-
que abre um capítulo de um pergaminho, às imagens que
gram às linguagens audiovisuais (cinema, o ilustram e a outros elementos decorativos presentes na 1| Lettering é um termo inglês que basicamente signifi-
obra. O termo surgiu pelo fato de se utilizar ouro ou pra- ca desenhar letras em vez de simplesmente escrevê-las.
animações, vídeos etc.), gráficas (capas de ta para criar um aspecto brilhante na imagem. No en- Nesse tipo de arte, as frases ou blocos de palavras são
livros, ilustrações de textos diversos etc.), tanto, havia várias formas de se obter uma imagem ilu- desenhados de forma a se assemelharem a ilustrações,
minada utilizando minerais variados, que eram adminis- e cada elemento recebe grande atenção em seus deta-
cenográficas, coreográficas, musicais etc. trados aos pigmentos vegetais utilizados para a realiza- lhes, para criar um efeito exclusivo na composição final.
ção dos trabalhos.
(EF69AR06) Desenvolver processos de As iluminuras foram uma herança dos povos germâ-
criação em artes visuais, com base em te- nicos que se converteram ao cristianismo e difundiram

stock.adobe.com/GiorgioMorara
seus conhecimentos em manuscritos feitos em peles de
mas ou interesses artísticos, de modo indi- alguns animais, como a ovelha. Posteriormente, o supor-
te para o trabalho que era realizado sobretudo nos mo-
vidual, coletivo e colaborativo, fazendo uso nastérios medievais passou a ser o papel, uma invenção
de materiais, instrumentos e recursos con- chinesa. Esse trabalho, no entanto, era bastante lento e
meticuloso, o que demandava bastante tempo para se
vencionais, alternativos e digitais. produzir um único livro. Além disso, os elevados custos
desse tipo de produção totalmente artesanal impediam
(EF69AR22) Explorar e identificar diferen- Dois exemplos de arte feitos utilizando a técnica de lettering.

tes formas de registro musical (notação


16 Arte – 8o ano
musical tradicional, partituras criativas e
procedimentos da música contemporâ-
nea), bem como procedimentos e técnicas FC_Artes_8A_01.indd 16 31/03/2023 10:51:25 FC_A

de registro em áudio e audiovisual. Considerações do familiar apenas a um grupo de pessoas.

iniciais A aparente complexidade de uma forma


de escrita pode ocasionar alguns estranha-
Expectativas de
aprendizagem Em um mundo complexo e repleto de
particularidades, a escrita pode assumir ca-
mentos, como é o caso de inscrições desco-
bertas em cidades antigas, que não possuem
• Compreender que a representação gráfi- racterísticas tão peculiares que acaba se tor- um manual de referência para que se pos-
ca e simbólica de palavras assume caracte- nando muito complexa para pessoas de ou- sa compreender o que está ali representado.
rísticas diferentes de acordo com a socieda- tras culturas. Diferente do que ocorre com Por outro lado, o fator enigmático gera fas-
de e com o tempo. uma pintura, uma dança, uma música instru- cínio, sendo esse um dos principais motivos
• Analisar várias expressões artísticas ela- mental ou uma peça teatral, a escrita, muitas pelo qual as pessoas apreciam formas de es-
boradas a partir de técnicas de escrita. vezes, não possui caráter multicultural, sen- crita ainda desconhecidas para elas.

16 Manual do Educador

ME_FC_Artes_8A_01.indd 16 31/03/2023 11:17:48


para ensinar aos estudantes a função dos
esquadros em um trabalho manual e o
2| A tipografia é a arte de criação e impressão de carac-
quanto eles podem se tornar excelentes

stock.adobe.com/GiorgioMorara
teres de um texto, de forma manual ou digital. Surgida na
China e aperfeiçoada pelo alemão Johannes Gutenberg ferramentas para criar linhas paralelas e
no século XV, a tipografia permitia a impressão em larga
escala, o que barateou bastante o processo de produ-
outras formas.
ção de um livro e permitiu que o conhecimento, gradati-
vamente, pudesse ser espalhado entre pessoas de todas
as classes sociais. As fontes tipográficas correspondem a
diversos conjuntos de caracteres, que seguem uma mes-
Anotações
Que tal criar uma mensagem utilizando essa técnica
ma linha de design e são apresentados de maneira bas-
e apresentá-la para a sala?
tante legível e facilmente compreensível para os leitores.
Exemplos de fontes tipográficas:
Material necessário:
• Lápis. • Régua.
• Borracha. • Canetas hidrográficas. Times New Roman Arial
• Papel. • Marcador de texto. Century Gothic Gill Sans

Procedimento: Bodoni Liberation Sans


1. Trace linhas paralelas no papel de maneira a delimitar
a base das letras, a altura das letras minúsculas e a altu-

stock.adobe.com/Juergen
ra das maiúsculas.
Linha de altura para as maiúsculas
Linha de altura para as minúsculas

Linha da base

2. Trace levemente cada letra utilizando o lápis. Você pode


se inspirar em fontes (estilos de letra) de sua preferência.
Tente criar um espaçamento uniforme entre elas.

Imprensa da época de Gutenberg.

Escolha um texto curto de sua preferência — um poe-


3. Utilize a caneta e o marcador para fazer o acabamento. ma, trecho de música, miniconto, etc. Em seguida, ba-
Geralmente, ao desenhar, utiliza-se a regra de criar tra- seado no sentimento que esse texto lhe despertar, utili-
ços finos quando se “sobe” e grossos quando se “desce”. ze um aplicativo de edição textual para fazer as devidas
edições e escolha uma fonte que represente esse senti-
mento. Você pode utilizar fontes variadas para separar
Desce grosso título do corpo do texto, por exemplo. Ao final, imprima
o material e registre o nome do autor, caso seja conheci-
Sobe fino
do, bem como o nome da fonte utilizada.

Arte – 8o ano 17

0:51:25 FC_Artes_8A_01.indd 17 31/03/2023 10:51:25

Registre suas artístico. Esquadros tinham maior utilida-

ideias de nas escolas na época em que havia a


disciplina de desenho geométrico. Atual-
Ao propor a atividade envolvendo mente, muitas instituições não incluem
lettering, explique aos estudantes que, mais o material na lista de itens a serem
assim como existem caligrafias variadas, utilizados ao longo do ano.
o resultado final também pode variar bas- Professor, caso você não seja familia-
tante de um estudante para o outro. rizado com o uso desses instrumentos,
Apesar de não ser pedido na atividade, pode acompanhar tutoriais em platafor-
o uso de esquadros tende a ser mais indi- mas de vídeos, como o YouTube. Dessa
cado na produção desse tipo de trabalho maneira, você pode aproveitar a ocasião

Arte – 8º ano 17

ME_FC_Artes_8A_01.indd 17 31/03/2023 11:17:48


O que as outras pessoas
pensam sobre
O que as outras Diálogos com o
Sete dicas para aprender a ler e pessoas pensam tema
escrever partituras sobre
A mixagem musical
Para estudantes de música, ter a capa- Notação musical
1| É bastante comum, durante as gravações de uma mú-
cidade de aprender a ler e escrever parti-
Um sistema de notação musical possibilita represen- sica, os membros de uma banda realizarem as apresen-
turas se mostra uma excelente habilida- tar uma música de forma gráfica com o intuito de permitir tações em seus respectivos instrumentos em momentos
que um intérprete possa executar a peça musical da mes- separados. Ao final, depois que todos os membros termi-
de para que possam tocar qualquer can- ma maneira que o autor a compôs. Mundialmente, o sis- nam suas respectivas contribuições, o trabalho é mixado,
ção que desejarem exatamente da mesma tema mais utilizado atualmente é o ocidental, porém exis- criando um resultado harmônico. Isso é possível a partir
tem outras formas de representar os sons graficamente. da notação musical que é criada pelo(s) compositor(es),
forma que a composição foi escrita. No en- No sistema ocidental, a quantidade de elementos grá- que serve de guia para que todos os membros possam
ficos é bastante variada. Destacaremos alguns a seguir. realizar seus trabalhos. Acerca do assunto, responda às
tanto, esse conhecimento precisa vir acom- Partitura: constitui-se por cinco linhas chamadas de questões a seguir.
panhado de habilidade motora para inter- pauta, ou pentagrama, em que são dispostos símbolos
e várias outras representações musicais. a. É bastante comum um artista criar uma versão de uma
pretar a música em seu instrumento. Para Compassos: permitem dividir a quantidade de sons de música composta em um estilo diferente, obtendo um re-
uma composição musical com base nas batidas e pausas. sultado que tenha uma outra sonoridade. Quais elemen-
conseguir realizar ambas as tarefas e ob-
Os compassos definem a unidade de tempo, o pulso e rit- tos da música podem sofrer alterações para se obter uma
ter a fluência musical, o caminho não cos- mo de uma composição, facilitando sua execução. sonoridade diferente?
Figuras musicais: são os símbolos utilizados para re-
tuma ser simples, e o futuro músico profis- presentar o tempo de duração dos sons a serem executa-
Sugestão de resposta: Podem ser alterados elementos

sional deve praticar com muita regularida- dos. Abaixo estão as formas mais utilizadas:
como ritmo, tempo, batidas e pausas.

de até que tudo se torne um processo au-


b. Você já percebeu que uma mesma canção pode soar
tomático. Apesar de não existirem atalhos, diferente na versão gravada em estúdio em comparação
Semibreve Mínima Semínima Colcheia
algumas dicas podem facilitar o processo com apresentações ao vivo? Quais elementos podem pro-
vocar essa diferença de sonoridade?
de aprendizado.
Sugestão de resposta: Nos estúdios, os músicos podem
1. Primeiramente, é importante conhe- regravar as canções várias vezes até conseguirem alcan-
Semicolcheia Fusa Semifusa Notas çar um resultado satisfatório, o que não é possível ao
cer muito bem os símbolos musicais. Ba- unidas
vivo. Além disso, nos estúdios podem ser adicionados
sicamente, a alfabetização musical fun- vários efeitos que são mais difíceis de serem obtidos em
uma apresentação em público. E, por fim, estúdios são
Pausas: representam o tempo em que um determina-
ciona como a tradicional, ou seja, sem locais onde não existe captação de ruídos externos, o
do instrumento não produz sons. Assim como as figuras
que é praticamente impossível em uma apresentação
conhecer todos os caracteres, você não musicais, as pausas também se dividem de acordo com
ao vivo.
seu tempo de duração.
conseguiria ler um livro. Dessa maneira, Clave: elemento que propõe a representação musical
é fundamental conhecer elementos como adequada ao instrumento que irá executar a partitura.

o pentagrama, as claves, os valores musi-


18 Arte – 8o ano
cais, os acidentes, etc.
2. Treinar a música sem o instrumento
pode ser uma excelente alternativa para fi- FC_Artes_8A_01.indd 18 31/03/2023 10:51:25 FC_A

xar a partitura. Para isso, o estudante pode 4. Praticar, primeiramente, com músicas entre os estudos irão gerar esquecimento
treinar trechos isolados e depois tentar sol- fáceis. Essa é uma lição que se aplica a toda e não permitirão que se adquira a fluên-
fejá-los. Só após se familiarizar com a me- forma de aprendizado. No caso da música, cia. Nesse contexto, é melhor estudar de
lodia e com o ritmo é que ele deve interpre- iniciar com partituras complexas repletas de forma constante, dedicando-se um pouco
tar utilizando o instrumento. fusas e semifusas, provavelmente, irá gerar a cada dia.
3. Respeitar o ritmo de aprendizagem. grande frustração no praticante. Dessa ma- 6. Procurar formas criativas para estu-
Pessoas que ainda estão em processo de neira, é mais indicado começar com músicas dar pode quebrar a monotonia que tende a
aprendizado tendem a ler as partituras mais fáceis e, conforme o estudante progre- aborrecer alguns estudantes. Praticar com
mais lentamente. Uma boa maneira de dir, passar para partituras mais complexas. amigos e propor competições divertidas
compensar isso é aproveitar as pausas da 5. Praticar regularmente. Assim como pode ser uma excelente pedida para resol-
música para preparar o próximo compasso. aprender um novo idioma, grandes pausas ver o problema.

18 Manual do Educador

ME_FC_Artes_8A_01.indd 18 31/03/2023 11:17:49


+ Informações sobre o

c. Algumas composições musicais fazem tanto sucesso se forem somadas todas as variantes existentes, em-
tema
que são regravadas por diversos artistas diferentes em bora o governo local tenha implementado uma po-
vários momentos da história. Pesquise alguma canção lítica de simplificação de muitos desses caracteres. Alguns países asiáticos ainda utilizam
que tenha sido regravada várias vezes e indique quem é Nas culturas ocidentais, apesar do uso do alfabeto ideogramas para a escrita, um deles é o Ja-
seu compositor e quais artistas já a interpretaram. arábico, também se utilizam muitos ideogramas na
comunicação. É o caso, por exemplo, dos símbolos pão, que possui três alfabetos predominan-
Resposta pessoal.
matemáticos. Existem ainda os pictogramas, cujas fi-
guras representam símbolos figurativos que são facil-
tes: hiragana, katakana e kanji. Atualmen-
mente identificados pela população. Placas de trân- te, muito da cultura japonesa é difundido
sito são bons exemplos de pictogramas.
por meio de mangás e animes. Sendo as-

stock.adobe.com/graphixmania
sim, pergunte aos alunos se já tiveram con-
tato com a escrita japonesa — ou até mes-
mo de outros países — por meio de algumas
+ Informações dessas mídias.
sobre o tema
A escrita ideográfica Anotações
Um ideograma é um símbolo gráfico utilizado pa-
ra representar uma palavra ou um conjunto de pala-
vras. Os sistemas de escrita ideográfica tiveram ori-
gem na Antiguidade e, em muitos casos, conservaram
muitas de suas características milenares. Nesses sis-
temas de escrita, é comum haver centenas de figuras
diferentes utilizadas para representar os vocabulários
locais. Diferem, portanto, da escrita alfabética, que é
baseada em um conjunto com poucos caracteres (em
média 26 em países ocidentais).
Entre os povos que utilizaram ou ainda utilizam
ideogramas, destacam-se os egípcios, japoneses,
astecas, anatólios, chineses, cretenses, maias e ol-
mecas. Em comum, essas culturas têm uma história
bastante antiga, que se desenvolveu muito antes da
criação dos primeiros alfabetos utilizados por gran-
de parte do mundo atual. No Japão, por exemplo, os
kanji, como são chamados os caracteres desse país,
somam mais de 1.400 símbolos diferentes. Esse siste-
ma é derivado do chinês, cuja complexidade é muito
maior, e possui muitas variantes entre regiões. Calcu-
la-se que existam mais de 85 mil caracteres chineses, Pictogramas que representam modalidades praticadas nos jogos olímpicos.

Arte – 8o ano 19

0:51:25 FC_Artes_8A_01.indd 19 31/03/2023 10:51:26

7. Por fim, a Internet oferece uma varie- tar duas versões de uma mesma música e
dade de softwares que podem ajudar os fu- pedir que eles observem e comentem quais
turos músicos a aprimorar a teoria musical. mudanças notaram. Você pode também
Disponível em: https:// canaldoensino.com.br/blog/7-dicas- mostrar uma versão ao vivo e uma versão
-para-aprender-a-ler-e-escrever-partituras-musicais. Acesso
em: 31/01/2021. Adaptado. gravada em estúdio. Em ambos os momen-
tos, converse com os alunos, ajudando-os
Diálogos com o a perceber aspectos que, porventura, ain-
tema da não tenham observado.

Para ajudar a turma a responder melhor


às questões propostas, você pode apresen-

Arte – 8º ano 19

ME_FC_Artes_8A_01.indd 19 31/03/2023 11:17:49


Repensando
1| Alguns ideogramas e pictogramas são conhecidos em Baseando-se nos registros deixados por antigas ci-
praticamente todo o mundo, pois sua utilização foi bas- vilizações, você irá produzir um registro ideográfico
Nessa seção, é interessante buscar o tante difundida por pessoas de grande influência ou por em argila.
apoio do professor de História para trabalhar algum tipo de instituição de alcance mundial. Analise
os sinais abaixo e descreva quais são seus respectivos Material necessário:
com os alunos sobre diferentes povos indíge- significados. •Argila.

nas e suas contribuições para a sociedade do •Palitos de churrasco e picolé.


•Pincel.
passado e a atual. Além disso, apresente à
Procedimento:
turma os povos indígenas de diferentes na-

stock.adobe.com/Julia
1. Trabalhe manualmente a argila para que ela adquira
bastante liga e fique consistente.
ções, principalmente os indígenas brasileiros 2. Espalhe a argila em uma superfície de maneira a for-
— não só pela a herança cultural que temos mar um suporte retangular, oval ou triangular.
3. Utilizando os palitos de churrasco e picolé, desenhe
desses povos, mas também pela sua impor- símbolos com os quais você se identifica.
Reciclagem.
4. Utilize o pincel umedecido levemente com água para
tância, bem como as suas lutas e conquistas.
dar o acabamento final sobre a superfície do trabalho.
5. Deixe secar ao sol durante alguns dias até que toda a
umidade tenha se evaporado.
Anotações

stock.adobe.com/Arcady
Repensando
Os incas ergueram o maior império da América do
Sul. Apesar de não desenvolverem a escrita, grava-
ram narrativas, por meio de pinturas em vasos, xíca-
Teatro.
ras e tecidos, que contam sua história. Além disso, o
que se conhece sobre o maior império andino tam-
2| Surgidos em uma época em que ainda não se uti- bém é baseado em relatos orais, registros de invaso-
lizava papel, muitos ideogramas foram feitos em tá- res espanhóis e hipóteses levantadas após descober-
buas de argila ou entalhados em pedras. Por conta dis- tas arqueológicas.
so, muitas informações milenares resistiram à ação do No Brasil, é evidente a herança genética e cultu-
tempo e chegaram até nós. Uma das heranças mais ral dos povos indígenas na população brasileira, po-
antigas é proveniente da Mesopotâmia e era produ- rém muitas pessoas desconhecem essas raízes por-
zida utilizando-se a escrita cuneiforme, que recebe que, assim como ocorreu com o Império Inca, todo o
esse nome por ser feita com o auxílio de cunhas. Os conhecimento era transmitido de forma oral, fato que
sumérios, habitantes da Mesopotâmia que desenvol- favoreceu o desaparecimento dessas tradições à me-
veram esse sistema de escrita, levavam as tábuas de dida que os europeus impunham uma nova cultura.
argila para serem tostadas em fornos, o que lhes con- Debata, com o professor e a turma, sobre possibili-
feria grande durabilidade depois do trabalho concluí- dades de manter viva a cultura dos povos indígenas
do. Os maias, por sua vez, criavam imagens em relevo restantes e o quanto isso pode ser importante para a
com uma qualidade impressionante. sociedade como um todo.

20 Arte – 8o ano

FC_Artes_8A_01.indd 20 31/03/2023 10:51:26 FC_A

20 Manual do Educador

ME_FC_Artes_8A_01.indd 20 31/03/2023 11:17:49


máticos ou outros estímulos (música, ima-
gens, objetos, etc.), caracterizando perso-
Capítulo nagens (com figurinos e adereços), cenário,

4 A máscara: representação
de um personagem
iluminação e sonoplastia, considerando a
relação com o espectador.
(EF69AR34) Analisar e valorizar o patrimô-
nio cultural, material e imaterial, de culturas
diversas, em especial a brasileira, incluin-
A diversidade das máscaras As máscaras larvárias assumem fisionomias e lem-
teatrais bram formas simplificadas da figura humana. Recebem do suas matrizes indígenas, africanas e eu-
esse nome porque simbolizam o ser humano ainda em
ropeias, de diferentes épocas, e favorecen-
Reprodução.

estado de formação.
A máscara expressiva também pertence à categoria do a construção de vocabulário e repertório
das máscaras silenciosas. Ela possui feições mais elabo-
radas, enfatizando o caráter de uma personagem. São relativos às diferentes linguagens artísticas.
máscaras que cobrem o rosto inteiro e são inspiradas em
rostos comuns do cotidiano.
Já a meia-máscara é aquela que cobre a parte superior
do rosto e permite o uso da voz pelo atuante. A voz é um dos
Expectativas de

Unindo a arte com o lúdico, o Grupo Teatral Moitará apresenta um trabalho


pontos-chaves na atuação com esse tipo de máscara, pois es-
ta enfatiza o caráter físico e social do ator que a utiliza.
aprendizagem
baseado em pesquisas sobre a dramaturgia e a função da máscara no tea- A última máscara pesquisada pelo grupo é o acento,
tro. O uso da máscara nas apresentações teatrais teve início na Grécia Antiga.
que cobre uma parte do rosto visando exacerbá-la. Esse • Desenvolver a criatividade e a esponta-
Surgido em 1988, o Grupo Teatral Moitará desenvolve tipo de máscara enfatiza algum aspecto do caráter da
um trabalho focado na utilização da máscara nas apre- personagem, expondo suas fragilidades e fazendo des-
neidade por meio da confecção e do uso de
sentações. Visando expandir esse campo de atuação, o tas sua força teatral. máscaras.
grupo desenvolve projetos artísticos, didáticos e socio- Com efetiva participação na cena teatral brasileira, o Gru-
culturais por meio de oficinas e espetáculos por todo o po Moitará prossegue com suas pesquisas, democratizando • Utilizar a máscara como instrumento para
País. Também desenvolve trabalhos além das fronteiras, os conhecimentos sobre a linguagem da máscara teatral e
participando de festivais internacionais. contribuindo para o desenvolvimento cultural do Brasil.
estimular uma improvisação teatral.
A máscara, acessório associado ao teatro desde a An- Disponível em: http://www.grupomoitara.com.br/. Acesso em: 10/11/2020.
tiguidade, constitui verdadeira fonte de investigação pa- Adaptado.
ra o grupo, que mergulha profundamente em cada estilo Considerações
iniciais
de máscara estudada.
A máscara neutra, primeira a ser pesquisada pelo Registre suas
grupo, propõe um estado de calma e percepção, des-
pertando os sentidos do ator e ampliando sua presen-
ideias
ça no palco. Com ela, o ator entra em contato com o si- A máscara é um recurso geralmente uti-
lêncio que antecede a ação e coloca seu corpo em esta- Carnaval de Veneza: lizado para esconder nossa verdadeira iden-
do de total atenção. glamour, tradição e turistas
As máscaras geométricas podem assumir diferen- tidade, ou seja, quando alguém utiliza uma
tes formas. Cobrem todo o rosto, impossibilitando o uso Veneza fica repleta de turistas e venezianos fanta-
da voz pelo ator. siados, festejando pelas ruas, em um dos mais famosos
máscara, pode assumir, temporariamente,
outra identidade. Dessa forma, a máscara
Arte – 8o ano 21 não tem uma função apenas estética: sua
utilização está, também, ligada ao nosso
0:51:26 FC_Artes_8A_01.indd 21 31/03/2023 10:51:27
perfil psicológico.

nho, pintura, colagem, quadrinhos, dobra-


BNCC dura, escultura, modelagem, instalação, ví- Registre suas

Habilidades trabalhadas no capítulo


deo, fotografia, performance, etc.). ideias
(EF69AR06) Desenvolver processos de cria-
(EF69AR01) Pesquisar, apreciar e analisar ção em artes visuais, com base em temas Carnaval, teatro, bailes de máscara e
formas distintas das artes visuais tradicionais ou interesses artísticos, de modo individual, eventos religiosos diversos permitem que
e contemporâneas, em obras de artistas bra- coletivo e colaborativo, fazendo uso de ma- as pessoas possam lidar com personagens
sileiros e estrangeiros de diferentes épocas e teriais, instrumentos e recursos convencio- que, muitas vezes, assumem perfis conside-
em diferentes matrizes estéticas e culturais. nais, alternativos e digitais. rados extraordinários e, portanto, inexisten-
(EF69AR05) Experimentar e analisar dife- (EF69AR30) Compor improvisações e acon- tes no cotidiano. Dessa forma, uma másca-
rentes formas de expressão artística (dese- tecimentos cênicos com base em textos dra- ra acompanhada de uma vestimenta pode

Arte – 8º ano 21

ME_FC_Artes_8A_01.indd 21 31/03/2023 11:17:50


dar forma a uma criatura folclórica, mágica
ou fantástica, por exemplo. Nesse contex-
to, a verdadeira identidade da pessoa que carnavais do mundo. O carnaval de Veneza surgiu a partir
1| O texto relata que os trajes usados no carnaval vene-
ziano ainda são característicos de séculos passados. Con-
interpreta o personagem tem pouca impor- da tradição do século XVI, na qual a nobreza se disfarçava
verse com seu professor e responda: por que é importan-
para sair e se misturar com o povo. Desde então, a másca-
tância, sendo desnecessária sua revelação. ra é o elemento mais importante desse carnaval.
te preservar traços de nossa cultura?

As comemorações começam com a festa veneziana


Nos eventos carnavalescos, é bastante Resposta pessoal. Espera-se que o aluno reflita sobre a
SullʼAcqua, com danças, músicas, jogos pirotécnicos e
comum haver personagens percorrendo as barcos alegóricos nas águas do principal canal da cida- importância da preservação da história e dos elementos
de, seguidos das maravilhosas comidas e bebidas típi-
ruas durante três dias com seus rostos ocul- cas, como o vinho. de sua cultura para levá-los a futuras gerações.
tos por máscaras. Questione, em sala de

stock.adobe.com/emperorcosar
2| Hoje, ainda é comum ver as máscaras no carnaval ve-
aula, qual a reação que os estudantes têm neziano com o intuito de preservar a cultura carnavales-
ao se depararem com algum desses perso- ca, porém, no princípio, a necessidade era outra. O tex-
to nos conta que a tradição das máscaras venezianas
nagens que fazem parte do folclore local. começou com os nobres da época buscando uma alter-
nativa para poder festejar nas ruas junto aos plebeus.
Acerca disso, por que era necessário que os nobres usas-
Sugestão de sem máscaras?

leitura Resposta pessoal.

Os trajes e as máscaras brancas usados pelos venezianos e pelos turistas são


O Visconde de Bragelonne característicos do século XVIII. Estes são os elementos mais importantes das
luxuosas fantasias nos desfiles pela cidade.

Autor: Alexandre Dumas O carnaval de Veneza tem duração de dez dias, e, nessa
época, as ruas ficam lotadas. O lugar principal é a Piazza
Este é o último livro da trilogia que con- San Marco, onde acontecem os desfiles de máscaras. Pe- O que as outras
ta a história dos Três Mosqueteiros e o que
las ruas, é possível encontrar lojas vendendo máscaras e
roupas de carnaval, tudo no estilo veneziano.
pessoas pensam
mais rendeu adaptações para o teatro e para Os trajes utilizados são característicos do século XVIII, sobre
e são comuns as maschera nobile, ou seja, máscaras no-
o cinema. O grande destaque dessa obra, bres, caretas brancas com roupa de seda negra e chapéu Máscaras africanas: uma
que mistura ficção com fatos reais, se deu
de três pontas. Desde 1979, foram somadas outras cores
aos trajes, embora as máscaras mais comumente usadas
construção de gerações
sejam brancas, prateadas e douradas. Uma das sociedades que mais se manifestam simbo-
por conta de um prisioneiro que utiliza uma
Em 1797, Veneza passou a fazer parte do Reino licamente por meio de suas expressões artísticas e que
horrenda máscara de ferro: Phillipe, irmão Lombardo-Vêneto, e Napoleão Bonaparte assinou um se tornaram conhecidas pelas suas máscaras é a africa-
decreto que proibia os festejos. No ano seguinte, os aus- na. No continente africano, encontram-se várias socie-
gêmeo de Luis XIV, rei da França. A trama traz tríacos tomaram conta da cidade. dades e etnias, em que cada uma possui traços especí-
ainda a presença de Nicolas Fouquet, ex-mi- Os festejos só foram restabelecidos em 1980 de forma ficos e particulares, respeitando o contexto cultural de
oficial, após quase dois séculos de ausência. Desde en- cada uma.
nistro de finanças do rei, que, historicamente, tão, a festa acontece nos dias antes da Quaresma. O continente africano é enorme e habitado por várias
etnias, por isso apresenta diferenças culturais, estéticas e
tem seu nome ligado ao famoso prisioneiro. Disponível em: http://www.correiodobrasil.com.br/carnaval-de-veneza-2016-
-glamour-tradicao-turistas-e-tristeza/. Acesso em: 11/03/2016. Adaptado. religiosas de uma região para outra. Consequentemente,

O que as outras pessoas 22 Arte – 8o ano

pensam sobre
O texto apresentado nos faz refletir so- FC_Artes_8A_01.indd 22 31/03/2023 10:51:28 FC_A

bre a diversidade de máscaras no continen-


Anotações
te africano e a sua forte relação com as cul-
turas dos povos. Foi possível perceber que
os traços de cada objeto evidenciam carac-
terísticas das tribos. Assim como nos países
da África, o Brasil também possui máscaras,
que evidenciam nossas culturas, como as
artesanais, carnavalescas e indígenas. Pen-
sando nisso, questione de que forma os ele-
mentos das máscaras caracterizam as nos-
sas culturas brasileiras.

22 Manual do Educador

ME_FC_Artes_8A_01.indd 22 31/03/2023 11:17:50


Diálogos com o

a máscara africana não tem traços homogêneos, cada co-


tema
munidade possui seu próprio estilo artístico. Diálogos com o
Professor, esta é uma boa oportunida-
A maioria das máscaras africanas é feita de madeira. tema
O artista parte um tronco cilíndrico e o vai afinando com de para os alunos aprenderem mais sobre
o auxílio de suas ferramentas — a madeira escolhida por
ele deve ser verde, e, para que não rache, ele a carboni- Manifestações culturais a cultura popular da região em que vivem e
za jogando óleos de palmeira. Além da madeira, outros
materiais podem ser usados nas esculturas, como pedra, A existência de máscaras remonta à Idade da Pedra.
do Brasil como um todo. Ao final do texto,
marfim, ouro, cobre e bronze. As pinturas rupestres já apresentavam seres mascarados, quando realizarem a atividade, peça para
Não é qualquer um que pode esculpir máscaras em reproduzindo criaturas imaginárias.
uma sociedade africana. O artista não é um ser individual, Os antigos diziam que as máscaras eram o corpo das que eles socializem as suas pesquisas com
pois, pelas suas mãos, a coletividade fala. Cabe a ele o pa- almas e que, por meio delas, o ser humano se apresen-
pel de interpretar os valores de todos e os concretizar em tava aos seus deuses, tendo como objetivo enganá-los,
a turma e, partindo do que eles apresenta-
sua obra. Na maioria dos casos, o escultor pertence a uma afugentá-los ou defendê-los. rem, converse sobre festividades ou folgue-
família de artistas. Inclusive será ali que ele irá aprender o Na Grécia, a máscara era chamada de persona, e
uso e os instrumentos para a atividade artística. No entan- aquele que a utilizava em cerimônias religiosas para fin- dos da região que, porventura, eles não te-
to, pode acontecer de algum jovem da aldeia se interes- gir ser um espírito virava personagem. De persona, origi-
nham abordado. Logo após, apresente fes-
sar pela arte, mesmo sem ser da família de artistas. Nesse naram-se palavras como pessoa e personalidade.
caso, ele começará como aprendiz, copiando os modelos Segundo Rubem Alves, “essa máscara que se chama tividades ou manifestações populares de
do mestre para depois criar os seus próprios, sempre obe- pessoa e que é representada pelo meu nome é uma evi-
decendo ao estilo vigente [...]. dência de que eu não me pertenço”. As pessoas represen- outras regiões que possuam semelhanças
A posição do escultor dentro de cada comunidade po- tam diversos papéis sociais na vida: é possível que seja- ou a mesma origem das que foram expos-
derá variar, em algumas ele é visto antes do agricultor, mos personagens adorados ou odiados. Portanto, todas
em outras é inferior. Em alguns reinados, o artista tor- as pessoas estão atuando no grande teatro que é a vi- tas por eles.
na-se um instrumento de ostentação do rei. Assim sen- da. Para tal, fazem uso de máscaras. Criando novas fa-
do, ele irá fazer obras onerosas para mostrar como aque-
le rei é rico [...].
ces, imagens que produzem alegria, tristeza e mistério.
As máscaras aparecem em todos os lugares: nas carran-
Anotações
Apreciar uma escultura africana é ler a história, ouvir cas de barcos, as quais têm por objetivo afugentar assom-
a voz de uma coletividade ou o antepassado da popula- brações e seres imaginários que os navegadores, durante
ção. A própria peça fala por si, é um objeto de testemunho. suas viagens, acreditavam aparecer; em cerimônias indí-
Disponível em: http://www.geledes.org.br/mascaras-africanas/. Acesso em:
genas, fazendo referências aos deuses da natureza; nas
11/03/2016. Adaptado. máscaras mortuárias do Egito Antigo, usadas pelo faraó
após a sua morte.
Abaixo, veja algumas máscaras africanas de diferentes O Brasil apresenta uma grande riqueza no que diz res-
etnias. Dá para perceber que elas possuem característi- peito à diversidade cultural, que se expressa pelas cha-
cas bem diferentes. Algumas são mais detalhadas, pos- madas manifestações culturais. No País, é possível ver
suem diversos materiais, outras são mais simples. máscaras durante todo o ano, no Carnaval, na Páscoa,
no Natal e em outras manifestações culturais. Além des-
sas máscaras comemorativas, usamos diferentes másca-
ras no nosso dia a dia. Qual é a sua máscara preferida? O
que ela comunica?
Já estudamos a origem e o significado das máscaras.
Agora, compreenderemos um pouco mais sobre a forma
stock.adobe.com/poco_bw, aquariagirl1970, aquariagirl1970 e Marc Dietrich como o povo brasileiro conta suas histórias e se diverte

Arte – 8o ano 23

0:51:28 FC_Artes_8A_01.indd 23 31/03/2023 10:51:28

Arte – 8º ano 23

ME_FC_Artes_8A_01.indd 23 31/03/2023 11:17:50


enquanto constrói cultura. Leia, com atenção, algumas Caiporas (Pernambuco) – Reza a lenda que tochas so-
das diversas formas de utilização das máscaras em fes- brenaturais aparecem em cima de árvores, assustando
tas ou folguedos populares. os caçadores do município de Pesqueira. As assombra-
ções ficaram conhecidas como caiporas, seres noturnos
que pregam peças em caçadores e cães.
Folguedo: Forma de manifestação popular que Para “acalmar” os caiporas, colocavam-se fumo e ca-
envolve a dança, a música e a representação de chaça no tronco das árvores. Em 1962, João Justino criou
personagens, caracterizados por seus figurinos, o bloco carnavalesco Os Caiporas, que transformou o que
maquiagens e outros elementos específicos. era assustador em uma grande diversão. Nele, homens,
mulheres e crianças saem às ruas vestidos de terno e gra-
vata com enormes sacos de estopa na cabeça. O bloco,
Caretas (Pernambuco) – Indivíduos da cidade de
que desfila à noite, transformou-se na marca do carna-
Triunfo, no sertão pernambucano, durante os festejos
val pesqueirense.
de carnaval, fantasiam-se com roupas coloridas, chapéu
com fitas de cetim e outras indumentárias, como másca-

Reprodução.

Reprodução.
ras feitas em papel machê, o relho (uma espécie de chico-
te feito de madeira, ponteira e corda que estala no ar, em
desafios a outros caretas) e, ainda, os chocalhos presos a
placas com dizeres populares. Difícil precisar quando os
primeiros caretas apareceram nas ruas de Triunfo. O que
é certo é que, durante os quatro dias de Carnaval, grupos
de adultos e crianças fantasiados saem às ruas da cida-
de. É tradição os moradores oferecerem mungunzá sal-
gado para os mascarados. Simbolicamente, os caretas de
Triunfo são uma versão do personagem Mateus (do bum- A utilização de máscaras é uma característica marcante do carnaval pernam-
ba meu boi e do reisado), que, após expulso do “grupo”, bucano. À esquerda, um registro da troça carnavalesca Os Caiporas; à direi-
ta, uma fotografia de pessoas caracterizadas como papangus.
veste-se de mascarado para brincar na festa.

Papangu (Pernambuco) – No domingo de carnaval,


Reprodução.

a cidade de Bezerros, hoje conhecida como a Terra dos


Papangus, acorda sempre com o mesmo grito: “Lá vem
o papangu!”. O papangu é um personagem tradicional
do carnaval da cidade. Todo ano, centenas de pessoas
saem às ruas com o rosto mascarado. Na década de 1930,
a maioria dos foliões que se mascarava de papangu era
pobre e se vestia com roupas velhas e remendadas. Em
1960, as roupas velhas foram substituídas por batas lon- FC_A

gas e coloridas, e o número de participantes da festa au-


mentou consideravelmente. Mas a concretização da tra-
dição aconteceu mesmo em 1990, quando o carnaval be-
zerrense ganhou destaque nacional. Em concomitância
aos adereços, a outra tradição é o preparo do angu —
prato típico da região feito de fubá —, que é servido aos
mascarados no domingo de carnaval. É do nome angu
Os caretas são divididos em grupos chamados de trecas, e suas fantasias vão
da cabeça aos pés, com máscaras feitas de papel, cola e amido de mandioca. que deriva o nome papangu. Os papangus saem de porta

24 Arte – 8o ano

FC_Artes_8A_01.indd 24 31/03/2023 10:51:29

24 Manual do Educador

ME_FC_Artes_8A_01.indd 24 31/03/2023 11:17:51


+ Informações sobre o

em porta pedindo um pouco da guloseima feita com mi- 1| Faça uma pesquisa sobre as festividades da região on-
tema
lho. Esse é um dos momentos principais da festa, pois, de você mora e anote, em seu caderno, as informações Professor, o conto A Máscara da Morte
se o papangu for reconhecido pelo dono da casa, preci- que são pedidas. Resposta pessoal.
sa tirar a máscara.
Vermelha — ou Rubra — tem características
Cavalhada (Goiás) – A cavalhada teve origem nos tor- a. Nome da festividade ou folguedo. típicas de uma peça teatral: os cenários re-
neios medievais, os quais têm, entre outras lembranças, b. Tipo de máscara que é usado.
o uso de fitas como prêmio, oferecidas pelo ganhador a c. História da máscara e da festividade. tratam salões de cores diferentes, os perso-
uma mulher ou a uma pessoa a quem se deseje homena- d. Material de que as máscaras são feitas.
nagens aparecem todos utilizando másca-
gear. É uma festa viva em vários pontos do Brasil, como e. Imagens da festividade.
Alagoas, Minas Gerais e Goiás. Em Pirenópolis (GO), a ca- ras e tudo combina perfeitamente com mú-
valhada é realizada durante a Festa do Divino.
sicas de festejos.
Nesse festejo, os mascarados, ou curucucus, assim cha-
mados por causa do som que emitem, vestem-se com más-
+ Informações Uma boa possibilidade de abordagem
caras, roupas coloridas, luvas e botas. Eles mudam a voz ao sobre o tema
falar e cobrem todo o corpo para não serem reconhecidos. desse conto seria adaptá-lo ao formato de
Enfeitam seus cavalos com fitas, tecidos, plantas e outros
texto teatral e, em seguida, encenar a peça
adereços. A máscara de boi é a mais tradicional e só é en- A Máscara da Morte
contrada entre os mascarados de Pirenópolis.
Vermelha para uma apresentação na escola. Como se
Reprodução.

trata de uma apresentação em que todos


Em 1842, o escritor estadunidense Edgar Allan Poe publi-
cou A Máscara da Morte Vermelha, um conto no qual a per-
aparecem com as identidades em sigilo, é
sonagem principal se escondia atrás de uma máscara. Am- uma boa oportunidade para trabalhar ele-
bientado em um reino onde uma epidemia mortal se alas-
trava entre a população, um príncipe resolve convidar vá- mentos como desinibição dos estudantes e
rios nobres para se abrigar no seu palácio, que era protegido
analisar como agem quando estão em situa-
por muros e grades, enquanto a praga se alastrava fora de-
le, matando aqueles que não faziam parte da nobreza. Pa- ção de anonimato.
ra passar o tempo, o príncipe e seus convidados se divertem
Reisado (Sergipe, Alagoas e Piauí) – É uma das pan- em um baile de máscaras, até que um convidado inespera-
tomimas folclóricas mais ricas e mais admiradas, princi- do se apresenta e muda toda a história. Anotações
palmente no Nordeste. Faz parte do repertório das fes- O conto se tornou um enorme sucesso e foi traduzido
tas jesuínas e é apresentado de 24 de dezembro a 6 de ja- para várias línguas. Além disso, foi adaptado para outros
neiro, isto é, no Natal, Ano-Novo e Dia de Reis. O reisado formatos, como teatro, cinema e quadrinhos. Confira um
é composto por um grupo de foliões, de pastores e pas- trecho da obra traduzida para o português:
toras que se reúnem em uma espécie de rancho, com a “[...]
intenção de visitar a casa das pessoas mais gratas e hos- A festa continuou girando, até que finalmente come-
pitaleiras da região, onde cantam e dançam. O reisado çou o som da meia-noite no relógio. E então a música ces-
possui muitas modalidades e é composto de várias par- sou, como já disse; e as evoluções das valsas foram acal-
tes: “abrição” da porta, entrada, louvação ao divino, cha- madas; e houve uma cessação desconfortável de todas as
madas do rei, peças de sala, danças, a guerra, as sortes coisas como antes. Mas agora havia doze toques a serem
e encerramento da função. Tem como principais perso- tocados pela campainha do relógio; e assim aconteceu,
nagens o rei, o mestre, o contramestre, Mateus, Catirina, talvez, que mais pensamentos se infiltrassem, com mais
figuras e moleques. tempo, nas meditações dos pensadores entre os que se

Arte – 8o ano 25

FC_Artes_8A_01.indd 25 31/03/2023 10:51:29

51:29

Arte – 8º ano 25

ME_FC_Artes_8A_01.indd 25 31/03/2023 11:17:51


Repensando
deleitavam. E assim também aconteceu, talvez, que, an- • Comece a fazer a pintura. Primeiramente, passe tinta
Professor, é possível que essa atividade tes das últimas batidas, muitos indivíduos na multidão guache branca a fim de servir de base para a másca-
notaram a presença de uma figura mascarada, que não ra. Desenhe com lápis a figura que você deseja fazer
exija alguns dias. É recomendável a utiliza- havia chamado a atenção antes. E o boato dessa nova na máscara. Depois, pinte com tinta guache do jeito
ção de um espaço amplo e tranquilo para a presença se espalhou como murmúrio, expressivo de de- que preferir.
saprovação e surpresa — então, finalmente, de terror, de
criação das máscaras. 1. 2.

Reproduções
horror e de repulsa.
Em uma assembleia de fantasmas, como eu pin-
Nos últimos anos, estamos vendo as
tei, é de se supor que nenhuma aparência comum po-
mídias digitais substituírem muitos veícu- deria ter excitado tal sensação. Na verdade, a liberda-
de do baile de máscaras da noite era quase ilimitada;
los impressos, como jornais, revistas e ou- mas a figura em questão ultrapassara em extravagância a
tros periódicos. Dessa forma, para evitar o Herodes e excedia os limites do decoro indefinido do
príncipe. Existem acordes no coração dos mais impru- 3. 4.
problema de falta de jornal, recomenda-se dentes que não podem ser tocados sem emoção. Mesmo
com os totalmente perdidos, para quem a vida e a morte
que esse material seja solicitado aos estu- são igualmente brincadeiras, há assuntos dos quais ne-
dantes com antecedência. nhuma brincadeira pode ser feita.
[...]”
Disponível em: https://pt.wikisource.org/wiki/A_m%C3%A1scara_da_Mor-
te_Vermelha. Acesso em: 10/11/2020. Adaptado.
Sugestão de 5. 6.

filme Repensando
O fantasma da ópera
1| Agora que vimos um pouco sobre a história das másca-
Direção: Joel Schumacher ras e suas variedades, vamos criar uma máscara de jornal?
7. 8.
O Teatro de Paris é o lugar perfeito pa- • Encha uma bexiga até ficar um pouco maior que a sua
cabeça. Recorte o jornal em pequenos pedaços. Com
ra um “Fantasma” se refugiar. Gênio da mú- um pincel, passe cola em apenas um dos lados da be-
sica desfigurado, ele encontra na ingênua xiga (para formar o rosto da máscara) e vá colando
pedacinhos de jornal. Repita essa operação três vezes
Christine a cantora ideal para alcançar as suas para formar camadas. Não precisa esperar secar entre
uma camada e outra.
próprias aspirações. Quando a temperamen-
• Depois que o jornal estiver seco, estoure a bexiga. Ela 9. 10.
tal La Carlotta abandona os ensaios do espe- desgrudará da máscara.

táculo pouco antes da estreia, resta aos no-


• Corte as sobras de jornal ao redor da máscara para
dar acabamento. Ela precisa encaixar perfeitamente
no seu rosto. Coloque a máscara e marque o lugar dos
vos gerentes do teatro escalar Christine para olhos com caneta. Depois, recorte em círculo para for-
o papel principal. Na noite da estreia, o Fan- mar os olhos no lugar marcado.

tasma assiste ao début de sua protegida de ca-


marote. Mas ele não é o único a ser seduzido 26 Arte – 8o ano

pelos encantos da jovem. O Visconde Raoul


de Chagny, um ex-namorado de infância de FC_Artes_8A_01.indd 26 31/03/2023 10:51:31 FC_A

Christine, a reencontra. Com o coração divi-


dido entre seus dois “pretendentes”, a moça Anotações
acaba despertando a ira do Fantasma, cujo
ciúme violento e obsessivo coloca em risco a
vida de qualquer um que ouse entrar no Tea-
tro de Paris.

26 Manual do Educador

ME_FC_Artes_8A_01.indd 26 31/03/2023 11:17:52


(EF69AR31) Relacionar as práticas artísti-
cas às diferentes dimensões da vida social,
Capítulo cultural, política, histórica, econômica, es-

5 Arte conceitual
tética e ética.
(EF69AR34) Analisar e valorizar o patrimô-
nio cultural, material e imaterial, de culturas
diversas, em especial a brasileira, incluin-
do suas matrizes indígenas, africanas e eu-
As possibilidades da arte pontos opostos até se encontrarem na metade do ca- ropeias, de diferentes épocas, e favorecen-
performática minho, onde finalmente se despediram para sempre e
continuaram a caminhar, dessa vez se distanciando ca- do a construção de vocabulário e repertório
da vez mais um do outro. Cada um caminhou mais de
Marina Abramović é uma artista sérvia com mais de
2.500 quilômetros em uma jornada que visava dar um
relativos às diferentes linguagens artísticas.
40 anos de atuação em arte performática. Seu trabalho
clima de romantismo a uma relação que, embora tives-
explora a relação entre artista e público, os limites do
se chegado ao fim, tinha gerado grandes frutos e que
corpo e as possibilidades da mente. Uma performance
é uma modalidade de expressão artística que pode
encantou públicos do mundo inteiro durante mais de Expectativas de
uma década.
combinar música, teatro, poesia e vídeo. Pode ser rea-
aprendizagem

Reprodução.
lizada com ou sem a presença do público e geralmente
segue um roteiro preestabelecido, ou seja, não é algo
improvisado. Por contar com um público participante • Conhecer as expressões artísticas surgi-
bastante limitado ou mesmo ausente, muitas apresen-
tações só podem ser apreciadas por meio de fotogra- das no século XX que se baseiam em concei-
fias e filmagens.
Por sua visão inovadora, Marina se tornou um dos
tos, e não apenas no produto final.
grandes nomes da arte performática, e suas apresenta- • Analisar exemplos de artes conceituais
ções encantam por despertar os sentimentos das pes-
soas que têm a oportunidade de participar delas. A ar- presentes em nosso cotidiano.
tista teve uma infância difícil, pois a região onde nasceu
foi marcada por um longo histórico de conflitos arma-
dos, separações e disputas políticas violentas. Tudo is-
so iria se refletir no seu trabalho, em que sempre aborda
No trabalho Relation in time (1977), Marina e Ulay sentaram-se de costas, amar-
rados pelos cabelos durante dezesseis horas. O público podia entrar e intera-
Considerações
a resistência para vencer situações adversas. Com uma
vida bastante intensa, que seguia a mesma linha de seu
gir com ambos, com o intuito de lhes passarem energias positivas e aumen-
tarem a resistência do casal. iniciais
trabalho, Marina teve um relacionamento de longa da-
ta com Ulay, um artista performático de origem alemã. O senso comum nos ensina desde cedo a
A parceria rendeu diversos projetos, nos quais explora- Registre suas
atribuir valor para expressões artísticas tra-
vam desafios desconcertantes para o público e temas ideias
como a resistência do corpo, e a energia masculina e fe- dicionais que se baseiam em produtos aca-
minina presente em ambos.
Em 1988, em um trabalho intitulado Amantes, Ma- 1| Em 2010, o Museu de Arte Moderna de Nova York (MoMA) bados, como quadros, uma escultura, um
rina e Ulay foram até a Grande Muralha da China, e lá reservou todos os seus seis andares para receber uma ex-
cada um começou uma longa caminhada a partir de posição abrangendo toda a obra de Marina Abramović.
filme, uma peça teatral ou uma música. No
entanto, a partir do século XX, surgiram no-
Arte – 8o ano 27 vas formas de expressão que traziam pro-
postas igualmente interessantes, porém
0:51:31 FC_Artes_8A_02.indd 27 14/01/2023 10:04:00
não se baseando no tradicional já social-
mente consagrado. Nesse contexto, surgi-
estilos visuais, contextualizando-os no tem-
BNCC po e no espaço.
ram abordagens como as performances, as
intervenções urbanas, a Land Art, Body Art
(EF69AR05) Experimentar e analisar dife-
Habilidades trabalhadas no capítulo e a videoarte. Essas novas perspectivas mu-
rentes formas de expressão artística (dese-
daram bastante as ideias sobre o que é arte.
(EF69AR01) Pesquisar, apreciar e analisar nho, pintura, colagem, quadrinhos, dobra-
formas distintas das artes visuais tradicio- dura, escultura, modelagem, instalação, ví- Registre suas
nais e contemporâneas, em obras de artis-
tas brasileiros e estrangeiros de diferentes
deo, fotografia, performance, etc.).
(EF69AR29) Experimentar a gestualidade e
ideias
épocas e em diferentes matrizes estéticas as construções corporais e vocais de manei- O momento do encontro de Marina
e culturais. ra imaginativa na improvisação teatral e no Abramović com Ulay permite que possa-
(EF69AR02) Pesquisar e analisar diferentes jogo cênico. mos sentir uma atmosfera única, que só

Arte – 8º ano 27

ME_FC_Artes_8A_01.indd 27 31/03/2023 11:17:52


pode ser revivida porque alguém filmou o
momento. Caso o registro em vídeo não ti-
vesse sido realizado, o momento proporcio- Nesse local, ela apresentou danças e figurinos inspirados

Reprodução.
o trabalho A artista está pre- nessa forma de expressão.
nado por eles não teria chegado ao público. sente, em que passou, ao to- Lady Gaga, cantora estaduni-
Compreender essa particularidade é funda- do, 736 horas sentada em uma dense, é um bom exemplo de
cadeira praticamente sem se artista contemporânea que
mental para entender como funciona uma mexer enquanto os visitan- conquistou grande reconhe-
tes sentavam à sua frente e cimento tanto por sua músi-
performance artística e, consequentemen- podiam interagir com ela visualmente, sem trocar pala- ca quanto pela performance
te, a arte conceitual. vras. Um dos visitantes, para surpresa dela, seria Ulay, com no palco.
quem não falava há vários anos. O vídeo registrando esse Assim como Lady Gaga,
momento ficou famoso no mundo inteiro e pode ser con- outros artistas também se
A cantora Lady Gaga durante uma
ferido no QR Code ao lado. utilizam de coreografias, fi- apresentação em Roma, na Itália.
O que as outras pessoas gurinos, vídeos e dança para performar sua arte. Pesqui-

pensam sobre a. Com base no que você observou no vídeo, descre-


va quais sentimentos devem ter sido despertados nos
dois artistas.
se sobre um artista ou grupo que também utilize esses re-
cursos e descreva, em sua opinião, quais seriam os signi-
ficados das mensagens transmitidas com a performance
Flávio de Carvalho – Um artista Resposta pessoal.
no palco.

visionário Resposta pessoal.

Uma das características da arte perfor-


mática é proporcionar questionamentos
acerca de assuntos que possam ser verda- b. Nesse trabalho, Marina Abramović não utilizou ele-
deiros tabus para uma sociedade. Dessa mentos clássicos da arte, como tintas, mármore, más- O que as outras
forma, os artistas costumam se debruçar
caras ou instrumentos musicais. Que impacto a arte
performática pode exercer sobre a sociedade?
pessoas pensam
sobre temas que, geralmente, são delica- Resposta pessoal.
sobre
dos e que podem gerar grande repercussão A arte conceitual
se forem questionados. Os locais onde são Desde a Antiguidade, a ideia que a humanidade tinha
sobre arte estava atrelada ao uso de determinados ins-
realizados esses trabalhos também são va- trumentos e matérias-primas. Assim, artista era aque-
riados, podendo ocorrer em instalações es- 2| A arte performática surgiu por volta da década de 1960 le que trabalhava com alguma das formas de expressão
e, ao contrário de outras formas de expressão artística, consagradas: pintura, escultura, arquitetura, dança, tea-
pecíficas, em locais improvisados ou públi- muitas vezes ficava restrita a espaços como museus e ga- tro, música e literatura. No entanto, a partir da metade
lerias de arte, para deleite de um público bastante re- do século XIX, muitos movimentos passaram a contestar
cos, como metrôs, parques, avenidas, en- duzido. Isso ocorre porque muitas dessas apresentações esse ambiente completamente fechado que circundava
tre outros. são direcionadas para um público específico, geralmen- o mundo dos artistas. Graças a revoluções tecnológicas,
te com perfil acadêmico. a fotografia e o cinema despontaram como novas for-
Artista de grande importância para o No entanto, muitos artistas populares apreciado- mas de arte e passaram a encantar um público que cres-
res da arte performática passaram a criar movimentos, cia vertiginosamente.
modernismo brasileiro, Flávio de Carva-
lho era engenheiro civil, arquiteto, pintor,
28 Arte – 8o ano
escultor, desenhista, cenógrafo, figurinista,
dramaturgo e escritor. Além disso, foi tam-
bém um artista performático e é conside- FC_Artes_8A_02.indd 28 14/01/2023 10:04:00 FC_A

rado o precursor desse tipo de expressão ciam uma perseguição ao artista com o in- na qualidade de cristãos, deveriam agir de
artística no Brasil. tuito de linchá-lo. Flávio consegue fugir e acordo com suas crenças, ou seja, serem be-
No ano de 1931, Flávio de Carvalho rea- se abrigar em uma leiteria — que, naquela nevolentes, mansos, amarem ao próximo e
lizou, no centro da cidade de São Paulo, época, funcionava como as atuais lancho- estarem prontos para perdoar outras pes-
uma ação que denominaria Experiência no netes — e, então, é resgatado pela polícia, soas. O resultado de sua ação rende um en-
2, pois não costumava dar títulos para mui- que o leva preso. saio intitulado no livro Experiência no 2: uma
tos de seus trabalhos. Na ação, o artista — Na delegacia, o artista informa que todo possível teoria e uma experiência. Quase 30
que trazia em sua cabeça um extravagan- o furdunço foi gerado por conta de uma ex- anos depois, como conclusão de uma série
te boné verde — caminha, em sentido con- periência na qual ele gostaria de analisar de artigos sobre moda, realiza sua Experiên-
trário a uma procissão de Corpus Christi. O a capacidade agressiva de uma procissão cia no 3, na qual exibe o New Look, uma con-
ato desperta a fúria da turba e logo eles ini- formada por religiosos que, teoricamente, cepção particular de vestimentas para o ho-

28 Manual do Educador

ME_FC_Artes_8A_01.indd 28 31/03/2023 11:17:53


uma roupa à decoração de um ambiente,
em que o equilíbrio entre as cores e as for-
a ideia que a população sempre teve em relação ao ob- mas é essencial.
stock.adobe.com/Roman

jeto ou local onde há a intervenção.


A instalação artística é um gênero de trabalho em A arte também nos ajuda a compreender
terceira dimensão que, geralmente, é realizado em um o estado de espírito das pessoas, uma vez
local específico, podendo ser em áreas internas, exter-
nas ou mesmo em locais distantes dos grandes centros que expressam seus sentimentos por meio
urbanos. Esse tipo de trabalho pode ser temporário ou
permanente, e os artistas podem se utilizar de uma in-
das diversas linguagens artísticas (música,
finidade de materiais para realizar suas criações. É co- dança, teatro, artes visuais, entre outras).
mum que muitas instalações estejam associadas a for-
mas de comunicação contemporâneas, como o vídeo e Lembre aos seus alunos de que o ser hu-
a realidade virtual.
Parede com grafite retratando os rostos de pessoas de diferentes nacionali- As instalações artísticas costumam atrair um gran-
mano não vive sem se expressar. Por isso, é
dades. Rio de Janeiro, Brasil.
de público, e isso acaba por despertar interesse de gran- importante compreender a linguagem artís-
A partir da década de 1960, os artistas resolveram des investidores, atraídos por trazer obras desse tipo co-
ir além: criar arte sem que houvesse a necessidade de mo atrativo publicitário. Essa característica singular das tica tão presente no nosso cotidiano.
utilizar objetos e processos predeterminados. Assim instalações pode ser conferida em locais como o Museu
surgiu a arte conceitual, que se fundamenta mais na Americano de História Natural, em Nova York, onde os
ideia a ser transmitida do que no produto acabado. Em visitantes podem encontrar obras que remetem a paisa- Anotações
muitos casos, esse produto final nem chega a existir, gens realísticas de diferentes locais e épocas.
pois o processo criativo pode ser totalmente centra- Muitas instalações são interativas e envolvem a parti-
do apenas na ideia, como ocorre nas apresentações cipação direta do público no trabalho artístico, a fim de
de Marina Abramović. que este possa atingir o objetivo para o qual foi idealiza-
A partir de então, novas formas de expressão pas- do. Existem muitas maneiras de promover essa interação
saram a surgir. Essa nova demanda também exigiu a entre público e obra: a partir do manejo de itens especí-
criação de novos museus voltados para a arte contem- ficos; das mudanças de elementos de lugar; da ação dos
porânea, que hoje podem ser encontrados nas gran- visitantes, criando modificações permanentes; da utiliza-
des cidades. Dentre as novas formas de expressão que ção de equipamentos eletrônicos ou acessórios que pro-
se consagrariam, além da performance, também hou- movam uma experiência virtual, como os telefones ce-
ve grande destaque para as intervenções e as instala- lulares. Esse tipo de instalação se tornou popular a par-
ções artísticas. tir da década de 1980 e ganhou muitos adeptos na dé-
A intervenção é um processo muito ligado aos gran- cada seguinte.
des centros urbanos e consiste na interação com algum Com o aprimoramento da tecnologia ao longo dos
objeto artístico já existente, dando-lhe um novo signifi- últimos anos, uma nova geração de artistas foi capaz
cado. Ocorre, por exemplo, em algum monumento ou de ultrapassar fronteiras que não puderam ser rompi-
prédio com arquitetura remetente a outros períodos his- das no passado. Inovações tecnológicas possibilita-
tóricos. O intuito dos artistas envolvidos nesse tipo de ram criar projetos experimentais cada vez mais ousa-
atuação é trazer uma nova visão para o cenário urbano dos, como o uso de sensores que atuam com base no
e criar uma maior identidade com ele, despertando o la- movimento do público ao se moverem entre as insta-
do emocional das pessoas que habitam aquele espaço e lações. Aliado a isso, o uso da realidade virtual possi-
produzindo questionamentos. As intervenções podem bilitou uma profunda imersão do visitante, que não
ser feitas de diversas maneiras: a partir de grafites, es- mais se restringe à simples observação de uma obra,
têncil, cartazes, cenas de teatro ao ar livre ou acréscimo mas a uma verdadeira vivência do trabalho em sua to-
de outros elementos à arquitetura, de forma a modificar tal plenitude.

Arte – 8o ano 29

0:04:00 FC_Artes_8A_02.indd 29 14/01/2023 10:04:01

mem dos trópicos, com o qual passeia pelas Diálogo com o


ruas de São Paulo, despertando a curiosi-
dade e a aversão das pessoas. O conjunto é
professor
composto por blusa de manga curta e folga- Professor, a arte, muitas vezes, não é
da, um saiote, chapéu de abas longas, tudo compreendida por alguns alunos, que ques-
confeccionado com tecidos leves. Comple- tionam o porquê de aprender determinados
tam o conjunto sandálias e meias. O desfile conteúdos, tais como: cores, figuras geomé-
com o traje visava a gerar uma reflexão so- tricas, técnicas de pinturas, entre outros.
bre as convenções sociais. No entanto, esses elementos estão pre-
sentes em tudo, afinal, vivemos em um
Disponível em: http://enciclopedia. itaucultural.org.br/pes-
soa9016/ flavio-de-carvalho. Acesso em: 03/02/2021. Adaptado. mundo visual, desde a combinação de

Arte – 8º ano 29

ME_FC_Artes_8A_01.indd 29 31/03/2023 11:17:53


Diálogos com o
tema a. O castelo de Kelburn está localizado em uma área
Diálogos com o campestre, longe de construções modernas. Além disso,
Graffiti, a arte além dos muros do tema a arquitetura do lugar remete a períodos centenários,
preconceito quando as construções eram bastante rebuscadas. Ana-
lisando a imagem acima, você diria que a intervenção dos
Os gêmeos Otávio e brasileiros descaracterizou a história do lugar? Explique.
O graffiti interfere na leitura dos espa-
Gustavo Pandolfo Sugestão de resposta: Não foi alterado qualquer ele-
ços urbanos, e os grafiteiros acreditam que
1| Em 2007, os gêmeos brasileiros Otávio e Gustavo
mento arquitetônico, o que mantém o caráter histórico
seus desenhos possam ser vistos e inter- Pandolfo foram convidados pelos filhos do conde es-
cocês, Patrick Boyle, para grafitar as paredes do caste-
pretados por pessoas de qualquer segmen- lo de Kelburn, residência da família. Boyle, nascido em
do local.

to social. A maioria dos grafites representa 1939, ficou apreensivo por imaginar que a construção
com mais de 800 anos iria receber uma ação daque- b. O conde Patrick Boyle foi convencido por seus filhos
algo para o grafiteiro ou para o mundo que le tipo. Entretanto, como planejava trocar todo o rebo- a aceitar a intervenção no castelo. Muitas pessoas ainda
co das paredes externas posteriormente, aceitou que enxergam o grafite como uma ação de vandalismo, e não
o rodeia. É uma espécie de linguagem e ne- os gêmeos realizassem a ação, que consumiu cerca de como arte. Para ampliar seu ponto de vista, faça uma
cessidade básica do ser humano de se co- 1.500 latas de spray. O que o conde não imaginava era entrevista com no máximo três pessoas conhecidas (fa-
que o local viraria um sucesso turístico na região. Ao fi- miliares ou membros da sua comunidade escolar) que
municar com o auxílio de figuras e símbo- nal de três anos, prazo concedido pelas autoridades lo- tenham idades diferentes. Em seguida, compare se as
cais para que o mural fosse retirado, o conde, na épo- respostas foram similares, mais ou menos similares ou
los por meio da arte. ca com 72 anos, escreveu para as autoridades gover- destoantes. Por fim, discuta o tema com a turma.
Os grafites atuais remetem a um sentido namentais pedindo para que o trabalho permaneces-
se. Seu pedido foi prontamente atendido.
diferente dos muros do passado, pois todas
+ Informações
Reprodução.

as manifestações humanas, em especial a


artística, retratam um contexto histórico e
sobre o tema
uma realidade distinta. Mas, apesar disso,
Instituto Inhotim
pode-se afirmar que as expressões gráficas
O Instituto Inhotim foi uma idealização do empresário
possuem uma intenção atemporal e comum mineiro Bernardo de Mello Paz, que concebeu a ideia de
criar um espaço que juntasse a arte contemporânea com
à comunicação. uma coleção botânica e reunisse espécies raras de to-
Muitas polêmicas giram em torno des- do o Planeta. Com uma missão voltada para o desenvol-
vimento público sustentável, o Inhotim promove ações
se movimento artístico, pois, de um lado, educativas para públicos e faixas etárias distintas, além
de promover ações visando dialogar com as comunida-
o graffiti é desempenhado com qualidade des do seu entorno. Em seu acervo, é possível encontrar
artística e, por outro lado, a pichação não obras de artistas de grande destaque, como Adriana Va-
rejão e Hélio Oiticica.
passa de poluição visual e vandalismo. Graças à intervenção artística dos gêmeos brasileiros, o castelo de Kelburn,
Uma das preocupações de grande parte dos artistas
residência do conde de Glasgow, na Escócia, tornou-se um destino muito bus-
contemporâneos e apreciadores desse tipo de arte está
A pichação, ou vandalismo, é caracteri- cado por turistas.

zado pelo ato de escrever em muros, edifí-


30 Arte – 8o ano
cios, monumentos e vias públicas, de forma
invasiva e ilegal, sendo, assim, bem diferen-
te da arte de grafitar. Os materiais utilizados FC_Artes_8A_02.indd 30 14/01/2023 10:04:01 FC_A

pelos grafiteiros vão desde tradicionais la- + Informações sobre o


tas de spray até o látex. tema
O graffiti é uma ferramenta extrema-
Professor, incentive os alunos a traba- É importante ressaltar o intuito da
mente importante para a questão da in-
lhar com as expressões artísticas de que atividade, orientando a turma a ter cuida-
tervenção social, acesso à arte e, principal-
mais gostam, conversando com os outros do com o ambiente onde fará a intervenção
mente, para um trabalho feito ao público,
membros do grupo para buscar maneiras para não causar danos.
sem distinção de classes sociais e pessoas.
de integrar as diferentes formas de arte que
Ele é aberto a todos de forma gratuita e vai
cada um gostaria de trabalhar.
além da estética, pois procura transmitir
sempre uma reflexão.
Disponível em: https://agencia. ac.gov.br/graffiti-a-arte-
-alem-dos-muros-do-preconceito/. Acesso em: 04/01/2022.
Adaptado.

30 Manual do Educador

ME_FC_Artes_8A_01.indd 30 31/03/2023 11:17:53


Repensando
relacionada com a preservação do meio ambiente. O Ins- design e desenho, além de criar suas esculturas de for-
tituto Inhotim conta com uma grande extensão de terras ma independente. Professor, esse pode ser um bom mo-
localizadas, em sua maior parte, na Mata Atlântica, um Essa necessidade de se mudar e ter que se adaptar a
dos biomas mais devastados da vegetação brasileira, o outra cultura refletiu bastante em seu trabalho, pois ela
mento para debater sobre outras culturas
que garante proteção às espécies nativas da região. Cien- sempre teve desejo de se encaixar e criar harmonia em e sobre o quanto algumas de suas particu-
te disso, em grupo, promova uma intervenção na sua ci- sua vida. Sobre seu estilo de trabalho, a artista o define
dade, em um lugar onde possam ser implementadas me- como “impressionismo em terceira dimensão”. laridades podem ser benéficas para o corpo,
lhorias visando à conservação ambiental. Sayaka acredita que é muito difícil imaginar como
para a mente e para a natureza. Além disso,
será o futuro da humanidade baseando-se em previ-
novos conhecimentos podem desencadear
Reprodução.

sões. A artista não condena o uso do plástico ou um es-


tilo de vida confortável, porém utiliza seu trabalho pa-
ra mostrar às pessoas o que pode ser feito com os ma- ideias criativas nos estudantes.
teriais que a sociedade descarta.
A escultora utiliza várias formas de plástico descarta-
do, de talheres a óculos de sol e cestas. Em seguida, tu- Procedimentos complementares
do é classificado em vários grupos de cores. Por fim, ela
prende cada pedaço de plástico a uma armadura de ara-
para a questão 1
me, até atingir a forma planejada. Cada obra pode con-
Hélio Oiticica criou experiências sensoriais por meio de suas instalações,
que remetem a labirintos. ter centenas de peças, e as mais complexas levam até um Material necessário:
mês para serem concluídas.
• Peças de plástico.
Repensando
Disponível em: https://sayakaganz.com/. Acesso em: 18/11/2020. Adaptado.

• Fita adesiva colorida.

Reprodução.
• Barbante.
O xintoísmo é uma tradição espiritual japonesa bas-
tante antiga que conta com adeptos até os dias atuais.
Tendo a natureza como grande pilar de culto, os xintoís- Procedimento:
tas acreditam que objetos não devem ser descartados
se tiverem pouco tempo de uso, pois tudo foi extraído 1. Reúnam uma boa quantidade de pe-
da natureza e, por conta disso, possui espírito. Basean-
do-se nesses ensinamentos, que ouvia desde a infância
ças plásticas, de preferência da mesma cor.
no Japão, a artista Sayaka Ganz produz belíssimas es- 2. Utilizem o barbante para amarrar as
culturas a partir de objetos que são encontrados em la-
tas de lixo ou doados por amigos e familiares. peças.
Quando tinha 9 anos, Sayaka se mudou com sua fa-
3. Cubram com fita adesiva as partes em
mília para São Paulo, onde permaneceu por cinco anos. Utilizando principalmente o plástico como matéria-prima, as esculturas pro-

Após esse período, retornou para o Japão e seguiu pa-


duzidas por Sayaka Ganz retratam animais em movimento.
que o barbante estiver exposto. Utilizem, de
ra Hong Kong. Durante todo esse tempo, a futura escul- 1| Inspirando-se no trabalho de Sayaka Ganz, construa, em
tora não conseguia fincar raízes em um mesmo lugar e grupo, uma escultura utilizando apenas itens feitos de plás- preferência, uma fita com a mesma cor das
teve de mudar de escolas diversas vezes, fato que a im- tico que foram descartados pelas pessoas da sua casa. peças de plástico.
pedia de criar um sentimento de pertencimento a um
local. Seguiu para os Estados Unidos para cursar a uni- 2| Após concluídas as esculturas, a turma fará uma exposi-
versidade, onde se graduou como bacharel em Belas-
-Artes. Desde então, passou a se dedicar ao ensino de
ção na escola enfatizando a importância de não se descar-
tar no meio ambiente materiais feitos com plástico.
Anotações
Ver procedimento no manual do educador.

Arte – 8o ano 31

0:04:01 FC_Artes_8A_02.indd 31 14/01/2023 10:04:03

Sugestão de
filme
Cidade Cinza
em museus e em grandes galerias no exterior,
Direção: Guilherme Valiengo, Marcelo Mesquita
mas que, em São Paulo, cidade natal dos artis-
Este documentário é uma produção inde- tas, seus trabalhos são pintados de cinza pela
pendente que contou com a participação de ar- prefeitura. O documentário também acompa-
tistas como Os Gêmeos, Nunca e Nina, e Crio- nha a repintura de um enorme mural que foi
lo e Daniel Ganjaman, que compuseram a tri- apagado, faz alusão para a questão das cores
lha sonora. O trabalho mostra que os grafitei- desses artistas e questiona o cinza como cor
ros em questão possuem suas obras expostas predominante nas grandes metrópoles.

Arte – 8º ano 31

ME_FC_Artes_8A_01.indd 31 31/03/2023 11:17:54


BNCC
Capítulo

6
Habilidades trabalhadas no capítulo

(EF69AR06) Desenvolver processos de cria- Arte do povo e para o povo


ção em artes visuais, com base em temas
ou interesses artísticos, de modo individual,
coletivo e colaborativo, fazendo uso de ma-
A importância social Courbet nasceu em 1819, filho de um próspero casal
de agricultores. Seus pais tinham forte aversão à monar-
da arte quia e eram defensores da república, um fato que iria in-
teriais, instrumentos e recursos convencio-

Reprodução.
fluenciar o rapaz ao longo de toda a sua vida. As irmãs de
nais, alternativos e digitais. Courbet foram suas primeiras modelos, e todo esse am-
biente acolhedor lhe renderia grandes inspirações pa-
(EF69AR07) Dialogar com princípios con- ra o futuro. Convivendo com camponeses e compreen-
ceituais, proposições temáticas, repertó- dendo a dura realidade que a maior parte deles enfren-
tava, o artista desenvolveu uma visão bastante diferen-
rios imagéticos e processos de criação nas te da maioria dos pintores que se formavam nas escolas
de arte. Aos 20 anos, foi morar em Paris, onde estudou os
suas produções visuais. mestres espanhóis, holandeses e franceses.
(EF69AR08) Diferenciar as categorias de Pintura Os quebradores de pedras (1849), de Gustave Courbet. O pintor retra-
Inicialmente, as obras de Courbet não agradaram o jú-
tava a realidade dos trabalhadores à sua volta. ri responsável por aprovar quais quadros seriam aceitos,
artista, artesão, produtor cultural, curador, pois o pintor não tinha interesse pela pintura histórica,
Por muitos séculos, o trabalho dos artistas europeus
um tema muito apreciado pelos jurados e que era consi-
designer, entre outras, estabelecendo rela- esteve sujeito aos gostos das classes ricas e detentoras
derado como a vocação máxima de um pintor. Courbet
de poder perante a sociedade. No século XIX, no entanto,
ções entre os profissionais do sistema das novas ideias tomaram força entre a classe dominante eu-
simplesmente dizia que nenhum artista seria capaz de
pintar os aspectos de um período passado ou futuro da
artes visuais. ropeia e as classes mais pobres, que passaram a lutar por
forma como realmente seriam. Afirmava também que a
mudanças que pudessem dar maior dignidade às pes-
(EF69AR31) Relacionar as práticas artísti- soas que nasciam em condições miseráveis e não tinham
única fonte possível para um trabalho verdadeiro é a pró-
pria experiência do artista.
grandes expectativas ao longo da vida. Em meio a tudo
cas às diferentes dimensões da vida social, isso, surgiria um pintor francês que encarnava todo es-
cultural, política, histórica, econômica, es- se espírito de mudança em suas telas: Gustave Courbet.
Enquanto a imensa maioria dos artistas europeus pin- Registre suas
tética e ética. tava temas enfatizando seres mitológicos, cenas de bata- ideias
lha, retratos de famílias poderosas ou representações bí-
(EF69AR34) Analisar e valorizar o patrimô-
blicas, Courbet escandalizava os salões ao exibir quadros
nio cultural, material e imaterial, de cultu- nos quais as pessoas homenageadas faziam parte de uma 1| Almeida Júnior foi um pintor e desenhista paulista
camada desfavorecida da sociedade. Os mercadores de ar- que teve grande destaque para a História da Arte no Bra-
ras diversas, em especial a brasileira, in- te, reconhecendo o grande talento de Courbet, recomen- sil. Seus primeiros trabalhos remetiam a temas bíblicos
cluindo suas matrizes indígenas, africanas davam-lhe pintar cenas heroicas, mitológicas ou angeli- e heroicos, pois eram as temáticas mais adotadas en-
cais para agradar os compradores. O pintor, no entanto, tre os membros da Academia Imperial de Belas Artes e
e europeias, de diferentes épocas, e favo- recusava-se a mudar os temas de seus trabalhos e afirma- as que conferiam um bom retorno financeiro para os ar-
va que só pintava aquilo que realmente existia, e não pro- tistas. Em 1876, durante uma viagem ao interior paulis-
recendo a construção de vocabulário e re- dutos criados pela imaginação das pessoas. ta, o Imperador D. Pedro II ficou impressionado com os
pertório relativos às diferentes linguagens
artísticas. 32 Arte – 8o ano

Expectativas de FC_Artes_8A_02.indd 32 14/01/2023 10:04:04 FC_A

aprendizagem poder. Nesse contexto, a grande maioria das Registre suas


• Compreender que a arte pode ser um ins-
produções artísticas era voltada para a ma-
nutenção de governos, das religiões e de
ideias
trumento de afirmação de poder.
seus representantes. Com isso, os artistas O fato de Almeida Júnior ter iniciado sua
• Analisar obras que dialogam com o coti-
eram quase compelidos a se dedicar à pro- carreira como artista ligado ao tradicionalismo
diano da população em geral.
dução de quadros, esculturas e obras arqui- da Academia Imperial de Belas Artes e ter mu-
Considerações tetônicas, enaltecendo o status quo. dado seu estilo após retornar da Europa eviden-

iniciais A partir do século XIX, no entanto, novas


ideias mudaram o contexto social e político
cia a situação política e social que o Brasil se en-
contrava: ainda fortemente ligado a movimen-
Desde a Antiguidade, a arte sempre foi do mundo. Desde então, a arte passou a dia- tos como o neoclassicismo e o romantismo, que
usada como instrumento de afirmação de logar mais com a realidade da sociedade. já tinham perdido muita força na Europa.

32 Manual do Educador

ME_FC_Artes_8A_01.indd 32 31/03/2023 11:17:54


papel é fundamental para o desenvolvi-
mento intelectual, formação de opinião,
trabalhos do jovem pintor e resolveu custear-lhe uma As cores frias, como o azul, o verde e o violeta, têm um
viagem à França, para que aprimorasse sua técnica. Du- efeito mais tranquilizante e nos convidam à reflexão ou inclusão social, educação e, por fim, é a
rante sua estadia, Almeida Júnior conheceu os traba- podem ainda transmitir tristeza. As cores utilizadas em
lhos de pintores realistas, que influenciaram bastante Caipira picando fumo são, em sua maioria, neutras. Em
forma mais incrível de fazer com que as
sua produção. De volta ao Brasil, aos poucos foi aban- sua opinião, por que o pintor não utilizou cores que en- pessoas enxerguem o mundo com uma
donando os temas tradicionais da academia e passou a fatizam sentimentos?
desenvolver os trabalhos realistas, por meio dos quais outra visão.
Sugestão de resposta: As cores neutras foram utiliza-
seria sempre lembrado.
Independentemente do tipo de arte —
Reprodução.

das para enfatizar uma cena corriqueira, presente em


seja cinema, música, teatro, circo, litera-
nosso cotidiano, que não costuma despertar maiores tura, entre outros —, o artista é sempre o
sentimentos. protagonista e transmissor de algo extre-
mamente transformador.

A importância do artista na inclusão


social
Em um país tão desigual como o Bra-
sil, dificilmente outras ações são tão efi-
cientes quanto o papel da arte em regiões
O que as outras carentes. O artista — e seu trabalho — são
pessoas pensam personagens fundamentais e mais efica-
sobre zes que qualquer política de mudança.
São capazes de transmitir alegria, conhe-
Arte popular
Caipira picando fumo (1893), de Almeida Júnior. cimento e emoções até nos cenários mais
Arte popular, segundo o professor e museólogo Al-
a. A obra Caipira picando fumo nos mostra o retrato de um
mir Paredes Cunha, pode ser definida como a arte sem
tristes de nossa realidade.
trabalhador rural representante do povo que vivia no inte-
rior paulista. A cena, no entanto, poderia ter sido atribuída
sofisticação, produzida fora do campo da arte erudita — Além da desigualdade, a inclusão so-
as chamadas artes maiores, ou belas-artes — e, supos-
a qualquer parte do País e ainda assim seria familiar à po-
tamente, associada às raízes da consciência coletiva da cial abrange um grupo muito maior de
pulação como um todo. Responda em seu caderno: quais
população mais simples.
elementos presentes na composição criam essa identifica-
No Brasil, costumamos chamar de arte popular a pro-
pessoas, como pessoas com deficiência,
ção do quadro com o povo brasileiro em geral?
dução de pinturas, esculturas e modelagens feita por ar- indivíduos com dificuldade de aprendi-
b. Em uma pintura, cores quentes, como vermelho, tistas que não receberam ensino ou treinamento profis-
amarelo e laranja, podem nos transmitir sensações de sional específico, mas criam obras de reconhecido valor zado, entre outros. E, da mesma forma, a
calor, ternura, vivacidade ou até mesmo agressividade. estético e artístico. Seus autores são gente do povo, o
ferramenta mais efetiva para integrá-las à
sociedade é a arte.
Arte – 8o ano 33

A importância do artista no cenário


0:04:04 FC_Artes_8A_02.indd 33 14/01/2023 10:04:06
político
A arte sempre reflete o contexto social de der que tudo muda e que não existem regras Todo artista é politizado, mesmo que
um povo em determinado momento da histó- a serem seguidas à risca pode promover um ele não queira ou, muitas vezes, nem sai-
ria. Dessa forma, situações como as ocorridas grande incentivo criativo aos estudantes. ba. Entretanto é somente por meio da arte
com Almeida Júnior tendem a provocar um que conseguimos refletir sobre a realida-
choque de realidades e, consequentemente, O que as outras pessoas de que estamos imersos e, consequente-
inspirar alguém a produzir coisas diferentes. pensam sobre mente, transmitir isso aos demais. Com
Professor, uma boa sugestão de tema- isso, as pessoas conseguem se posicio-
Artista: qual a sua influência na
para discutir com a turma é sobre a impor- nar, questionar e traduzir seus ideais e
sociedade?
tância de estar sempre em busca de inova- ideologias.
ções, sem se prender a modelos, aparente- A importância do artista na sociedade A prova disso é que, historicamente, a
mente, herméticos. Dessa forma, compreen- vai muito além do entretenimento. Seu música, a literatura, o teatro, o cinema e

Arte – 8º ano 33

ME_FC_Artes_8A_01.indd 33 31/03/2023 11:17:55


qualquer outra forma de arte esteve dire-
tamente ligada a revoluções políticas no
mundo inteiro, e alguns artistas tiveram que, em geral, quer dizer pessoas com poucos recursos como barro ou madeira, e ainda outros, como areia, pa-
econômicos, que vivem no interior do País ou na perife- lha, contas, tecidos e penas de aves. Para muitas pes-
seus trabalhos consagrados na história ria dos grandes centros urbanos, e para quem a arte sig- soas, prestar atenção nos diversos estilos, cores e ma-
por esse feito. nifica, antes de mais nada, uma fonte de renda. teriais que compõem as obras dos artistas populares é
Suas produções possuem, geralmente, um colorido bri- um meio de descortinar um mundo de arte desconhe-
lhante e não naturalista, a perspectiva não é exata, e o as- cido. Conhecer essa produção também é conhecer me-
pecto geral é infantil. Entretanto, os artistas ditos popula- lhor o Brasil e os brasileiros. E significa, sobretudo, fa-
A importância do artista na cidadania res, ou ingênuos, não são, necessariamente, amadores ou zer uma fascinante aventura pelos caminhos da imagi-
A base de qualquer sociedade é a edu- sem contato com os conhecimentos artísticos. Alguns ar- nação humana.
tistas extremamente sofisticados têm buscado, intencio-
cação. Triste é o povo que não enxerga a nalmente, uma expressão ingênua, sobretudo a partir do
Disponível em: http://museuhoje.com/app/v1/br/arte/67-arte-popular-brasileira. Acesso em:
10/04/2012. Adaptado.

século XX. A arte popular também é conhecida como naïf,


arte e a cultura como pilares essenciais palavra francesa que significa ingênuo. Diálogos com o
para isso. Sem elas, não há crescimen- Apesar de fortemente enraizada na cultura e no mo-
do de viver das pequenas comunidades nas quais tem tema
to. É preciso que cada cidadão consuma origem, a arte popular exprime o ponto de vista de indi-
arte, não somente como entretenimento víduos cujas experiências de vida são únicas. Apresen- Renda de bilros
ta os principais temas da vida social e do imaginário —
ou obrigação, mas com a percepção de seja por meio da criação de seres fantásticos ou de sim- 1| A renda de bilros é um trabalho artesanal de ori-
ples cenas do cotidiano — em uma linguagem em que o gem europeia que também foi muito difundido em
que ela é parte de uma necessidade de bom humor, a perspicácia e a determinação têm lugar de países colonizados por Portugal, Espanha e França.
engrandecimento, de vida e de cidadania. destaque. Talvez venha daí seu forte poder de comuni- No Brasil, a ilha de Florianópolis se destaca como
cação, que ultrapassa as fronteiras de estilo de vida, si- grande centro de produção desse tipo de renda por
tuação socioeconômica e visão de mundo, interessando conta da forte presença de povos vindos do arquipé-
a todos, de maneira geral. lago dos Açores. É bastante comum, para quem ca-
A importância do artista na educação minha pelas ruas da capital catarinense, encontrar,

stock.adobe.com/jeroks
stock.adobe.com/Cacio Murilo

O artista tem inúmeras funções na so- principalmente, mulheres se dedicando a esse habi-
lidoso ofício ao ar livre.
ciedade. E uma das mais importantes é

stock.adobe.com/SWILKE
educar. Todas as formas de arte e de cul-
tura são educativas e devem ser incentiva-
das aos mais jovens como ferramenta de
A arte da ciclogravura é um exemplo
aprendizado. O artista consegue estimu- de produção da arte popular, em que
os artesãos utilizam materiais da natu-
lar a percepção, a sensibilidade e a cria- Bonecas de pano feitas à mão.
reza, como areia difundida, para fazer
seus objetos de arte.

tividade de uma maneira surpreendente. O mundo da arte popular brasileira — ou seja, o mun-
do dos costumes, das religiões e festas que se revelam
Disponível em: https://www.sabra. org.br/site/artista-qual- por seu intermédio e lhe servem habitualmente de te-
-a-sua-influencia-na-sociedade/. Acesso em: 04/01/2022. ma — é bastante complexo e dinâmico. As manifesta-
Adaptado. ções artísticas acontecem em todas as regiões do Bra- Trabalho com bilros feito por uma rendilheira, que cruza fios têxteis de forma
sil, e seus autores utilizam os materiais que têm à mão, bastante rápida e hábil.

Diálogos com o 34 Arte – 8o ano

tema
Incentive os alunos a pesquisarem so- FC_Artes_8A_02.indd 34 14/01/2023 10:04:08 FC_A

bre o artesanato local, buscando saber as


Anotações
origens e as mudanças ocorridas ao lon-
go do tempo, incorporando novos aspec-
tos culturais.
Este também é um bom momento para
pesquisar as definições de arte e artesana-
to para discutir sobre.

34 Manual do Educador

ME_FC_Artes_8A_01.indd 34 31/03/2023 11:17:55


século XX, o sudeste do Brasil se rendeu
àquelas canções que remetiam ao nordeste
a. Muitas heranças culturais brasileiras têm origem eu- ligiosa que coordenou a construção, os artistas envolvi- brasileiro e faziam com que os trabalhado-
ropeia. No entanto, grande parte delas se mesclou a ou- dos e o tempo necessário para a edificação e decoração
tras tradições de origem indígena ou africana, criando da igreja. res — que, muitas vezes, chegavam só com
um elemento novo com características tipicamente bra-
Professor, a grande maioria das igrejas carece de fontes a roupa do corpo — pudessem matar a sau-
sileiras. Isso ocorreu, sobretudo, nas danças folclóricas.
Pesquise, em sua região, sobre alguma dança que tenha dade de suas raízes.
acerca dos artistas envolvidos na criação das peças uti-
se tornado um símbolo cultural e descreva quais foram
suas origens. Apesar do grande sucesso entre as mas-
lizadas para a decoração do lugar. Com isso, o estudante
Resposta pessoal. A ideia é instigar o estudante a conhe- sas, o reconhecimento por parte das clas-
provavelmente terá dificuldade para obter informações. ses favorecidas só veio quando o Velho Lua
cer mais sobre as origens culturais de sua região.
3| Na Suécia, um dos países mais igualitários do mundo,
já tinha mais de sessenta anos. Sua influên-
estudantes aprendem a desempenhar diversas ativida- cia, no entanto, nunca perdeu força e segue
des, que vão além do currículo escolar tradicional. Nesse
contexto, as escolas incorporam várias atividades úteis firme como um grande símbolo do povo
para a formação pessoal dos jovens suecos. Carpintaria,
nordestino.
b. É bastante comum, nas cidades brasileiras, existirem robótica, bordado e outros tipos de artesanato são ati-
museus e galerias de arte dedicadas a expor trabalhos vidades desempenhadas por todos, sem exceção. Gra- Disponível em: https://novaescola. org.br/conteudo/196/o-
realizados por artistas com grande renome no ramo ar- ças a essa diversificação do currículo escolar, os suecos -baiao-de-luiz-gonzaga-na-sala-de-aula. Acesso em:
tístico internacional, bem como espaços dedicados aos desenvolvem maior autonomia e aprendem a valorizar 04/02/2021. Adaptado.
trabalhos de artesanato, que, muitas vezes, são expostos o trabalho artesanal como uma grande riqueza cultural.
em centros que enaltecem a cultura popular. Em sua opi-
nião, alguns desses espaços teriam maior importância Debata com o professor e a turma sobre possibilidades Anotações
para a região? Explique. de desenvolvimento de atividades curriculares que, em
sua opinião, seriam interessantes de serem trabalhadas
Resposta pessoal. Embora seja uma resposta pessoal, a
em sala de aula.

ideia é fazer com que o estudante compreenda que am-

bos os espaços têm grande importância para o contex- + Informações


to cultural local, tanto do ponto de vista artístico quan- sobre o tema
to histórico e turístico.
Música Popular Brasileira
2| Muitos trabalhos que foram realizados por artesãos, MPB é uma sigla adotada para designar a expressão
hoje, têm imenso valor artístico, porém não há registros Música Popular Brasileira, um gênero musical surgido
suficientes dos artistas e de suas obras. No Brasil, isso na década de 1960 que incorporava arranjos sofistica-
ocorreu na produção de peças para as igrejas do perío- dos com elementos folclóricos nacionais. O termo MPB
do barroco, o que resultou em muitas questões, que, pro- passou a ser adotado como uma forma de diferenciar es-
vavelmente, não terão respostas conclusivas. Faça uma se novo estilo musical de outras formas de músicas po-
pesquisa sobre alguma igreja do barroco brasileiro e pulares no Brasil, pois, embora tenham uma forte liga-
descreva as informações disponíveis sobre a ordem re- ção, diferenciam-se em vários pontos, como no fato de as

Arte – 8o ano 35

0:04:08 FC_Artes_8A_02.indd 35 14/01/2023 10:04:08

+ Informações sobre o característica e reconhecida nos quatro can-

tema tos do País, a música de Luiz Gonzaga se tor-


nou o maior símbolo da cultura nordestina.
A música popular brasileira, desde seu Vindo da cidade de Exu, interior de Per-
início, carrega fortes elementos da cultura nambuco, Luiz Gonzaga, assim como tantos
das massas, principalmente a música que nordestinos que eram obrigados a abando-
faz parte das tradições de diversas regiões nar sua terra e suas famílias em busca de al-
do país. Um dos maiores nomes da cultura guma oportunidade, chegou ao Rio de Ja-
popular que reescreveu a história da música neiro, onde encontrou terreno fértil para di-
brasileira foi o pernambucano Luiz Gonza- vulgar suas canções. Com a frequente che-
ga, o rei do baião. Com uma batida bastante gada de novos migrantes sertanejos no

Arte – 8º ano 35

ME_FC_Artes_8A_01.indd 35 31/03/2023 11:17:55


músicas populares se manterem fiéis às tradições origi- vários músicos e estilos locais que o influenciariam bas-
nais, enquanto as da MPB incorporam vários elementos, tante a partir de então. Profundo divulgador de músicas
que podem ter origens variadas, criando vínculos, inclu- com raízes afro, Gil se tornou uma personalidade de gran-
sive, com estilos musicais de outros países. de importância no cenário político mundial, sendo pre-
Um dos maiores nomes da MPB de todos os tempos, miado por várias entidades por conta de seus trabalhos.
o carioca Chico Buarque de Hollanda foi um dos grandes Em 1999, a Unesco o homenageou como Artista pela Paz.
responsáveis pelo sucesso do novo estilo, tendo ganha-
1| Uma das características da MPB é a abordagem de te-
do notoriedade a partir de 1966, quando lançou seu pri-
mas referentes a problemas sociais vivenciados por pes-
meiro álbum e venceu o Festival de Música Popular Bra-
soas de várias partes do País. Uma notória canção da dé-
sileira com a música A banda. Em 1971, lança Construção,
cada de 1960 é Carcará, do maranhense João do Vale,
considerado um de seus melhores trabalhos da carreira.
que gravou uma versão acompanhado de Chico Buarque.
Além de trabalhos próprios, Chico Buarque também pro-
Leia um trecho da canção.
moveu grandes parcerias com outros nomes da música
nacional e internacional.
[...]
Outro grande nome da MPB é o baiano Caetano Velo-
Carcará
so, que liderou o movimento Tropicália, um gênero que
Vai fazer sua caçada
tinha forte influência do rock and roll e que viria a se fun-
Carcará come inté cobra queimada
dir com estilos regionais para originar a MPB. Dono de um
Quando chega o tempo da invernada
grande talento para compor arranjos acompanhados por
O sertão não tem mais roça queimada
letras poéticas, Caetano Veloso tem uma longa carreira,
Carcará mesmo assim num passa fome
na qual se reinventou em várias ocasiões, demonstran-
Os burrego que nasce na baixada
do criatividade e habilidade de adaptação aos diversos
Carcará
períodos sociais vividos no Brasil.
Pega, mata e come
Dona de uma voz poderosa, a gaúcha Elis Regina é
Carcará
considerada, por muitos críticos, como uma das maio-
Num vai morrer de fome
res cantoras brasileiras de todos os tempos. Realizando
Carcará
grandes performances no palco, Elis se destacou em vá-
Mais coragem do que fome
rios estilos, como samba, jazz, rock e MPB. Obteve grande
Carcará
notoriedade no cenário nacional e internacional, tendo
Pega, mata e come
sua voz comparada à de grandes cantoras internacionais,
como Ella Fitzgerald, Sarah Vaughan e Billie Holiday. For- Na canção, o carcará simboliza um animal resistente que
mou grandes parcerias ao longo da carreira, sendo lem- não abandona sua terra mesmo diante das piores adver-
brada por trabalhos memoráveis, a exemplo da parceria sidades. Analisando a letra da música, a qual povo o autor
com o músico Jair Rodrigues. João do Vale se refere? Qual a mensagem transmitida?
Nascido em Salvador, Gilberto Gil é músico multi-ins-
Sugestão de resposta: Na canção, o carcará simboli-
trumentista, compositor e produtor musical. Com uma FC_A

carreira coroada por vários prêmios internacionais, Gil


za o povo nordestino. A mensagem está relacionada
possui uma vasta discografia, na qual estão presentes to-
dos os gêneros musicais que o influenciaram ao longo de
às formas de resistência desse povo diante dos con-
sua criativa trajetória. Além de gêneros populares brasi-
leiros, o artista também trabalhou com o rock, o funk, a
trastes sociais.
música disco, o reggae e o forró.
Na década de 1970, viajou para a Nigéria para par-
ticipar do Festival de Cultura Africana, onde conheceu

36 Arte – 8o ano

FC_Artes_8A_02.indd 36 14/01/2023 10:04:08

36 Manual do Educador

ME_FC_Artes_8A_01.indd 36 31/03/2023 11:17:56


brias, pois eram tempos de repressão políti-
2| Com a MPB, a música brasileira passou a influenciar teve como grande característica a incorporação de vários es- ca, tortura, censura e medo de uma nova guer-
muitos artistas internacionais, que se encantavam com tilos, e isso continua a se repetir. Essa mistura de gêneros
ra mundial. Esse ambiente criou um público
os arranjos musicais compostos com maestria. Na déca- se reflete claramente nos trabalhos de artistas como Tiago
da de 1970, artistas, como a banda estadunidense The Iorc, Maria Gadú, Anavitória, Criolo, Emicida, Mallu Maga- que tinha um pensamento contestador e que
Doors, incorporavam vários elementos de música brasi- lhães e Duda Beat. Muitos desses artistas realizam parcerias,
leira em suas composições. Ao longo do tempo, essa ad- inclusive, com nomes consagrados da MPB. Assim, a nova não estava disposto a aceitar aquela dura rea-
miração pela MPB nunca cessou, e cada vez mais artis- geração de músicos vem trazendo novas sonoridades tipi- lidade que lhe era imposta. O apreciador da
tas de renome internacional são influenciados pela mú- camente brasileiras, com características muito autênticas.
sica brasileira. Pesquise sobre algum artista ou grupo in- Aliado a isso, muitos festivais promovem esse intercâmbio MPB atual mantém, até hoje, essa indignação
ternacional que adote ritmos do Brasil e faça uma breve entre os nomes tradicionais e os novos.
descrição sobre o perfil do artista pesquisado.
contra certos dogmas ainda impostos pela
Disponível em: https://www.letras.mus.br/blog/velha-e-nova-mpb/. Acesso em: 23/11/2020.
Adaptado.
sociedade, mas não encontra mais um am-
1| Em 2016, o Brasil inteiro conheceu a canção Trem bala, biente tão hostil e, por isso, interage de ma-
Repensando que trazia versos cantados pela paranaense Ana Vilela. Ra-
pidamente a canção viralizou na Internet, emocionando mi- neira diferente à música. Aliado a tudo isso,
lhares de pessoas. No ano seguinte, vários artistas regra-
muito estilos se popularizaram e ganharam o
A nova MPB varam a canção, e o sucesso se estendeu além das frontei-
ras do País, graças à velocidade de propagação da Internet. gosto do público, as formas de divulgação es-
Falar em uma nova geração da MPB é um tema que gera
certa resistência entre os admiradores da geração de artis- Pesquise na Internet e responda às questões em seu tão diferentes, assim como a forma de intera-
tas surgidos na década de 1960 e que compuseram músicas caderno. Resposta pessoal.
eternizadas na memória do povo brasileiro. Muitas pessoas
ção dos artistas com o público.
a. A canção Trem bala remete a canções compostas nos
contestam a expressão Nova MPB porque isso coloca artistas
anos 1960. Em sua opinião, Ana Vilela, assim como ou-
Professor, um problema que infelizmente
novos em um patamar de equiparação aos já consagrados.
Muitos estilos musicais têm características bem defini-
tros artistas brasileiros da atualidade, pode representar ocorre em sala de aula é emitir um juízo ne-
a voz de uma geração de maneira tão marcante quanto
das. Quando falamos em rock, por exemplo, já associamos
fizeram nomes como Chico Buarque e Elis Regina em gativo sobre um novo estilo musical e com-
a uma banda com guitarra, baixo e bateria; o forró con-
décadas anteriores? Explique.
ta com a sanfona, triângulo e zabumba; no samba, apa- pará-lo a estilos passados. O mundo atual
recem o pandeiro, o violão e o cavaquinho; porém a MPB b. Uma grande diferença entre a primeira geração da
não apresenta características definidas, pois desde o início MPB e os artistas da atualidade está na forma de divul-
está mais complexo, e as possibilidades tor-
o termo foi utilizado para designar uma música repleta de gação de seus trabalhos. Enquanto no século anterior os naram-se inúmeras. Logo, é um grande equí-
ritmos brasileiros aliados a belos arranjos. Sendo assim, artistas dependiam muito do rádio e da TV, a contempo-
não se pode delimitar a MPB a um grupo restrito, quan- raneidade trouxe a Internet, que permite novas formas voco acreditar que a música atual tem me-
do desde o início o intuito dos artistas que criaram o esti- de divulgação e um maior contato com os admiradores
lo era propagar a sonoridade a todos os cantos do País e do trabalho dos artistas. Muitas pessoas culpam a baixa
nor valor. A História da Arte nos mostra vá-
do mundo. qualidade das canções contemporâneas pela facilidade rios exemplos de movimentos que surgiram
É importante frisar que a música, como todas as outras de acesso — como é o caso dos streamings de música —
formas de expressão artística, muda e se adapta ao momen- e pela produção em massa, aparentemente com o intui- e, diante da opinião de pessoas apegadas ao
to vivenciado pela sociedade. Assim, se na década de 1960 to de venda. Muitos artistas vivem agora sob o imperati-
os artistas brasileiros tinham forte influência de música es-
que era tradicional, foram taxados como in-
vo da constante exposição de sua vida nas redes sociais,
tadunidense, como rock e jazz, na atualidade outros gêne- podendo gerar sérios conflitos entre a vida pessoal e a feriores. Isso aconteceu em diversas formas
ros tiveram grande ascensão e se tornaram muito popula- profissional. Qual é a sua opinião a respeito? Você acre-
res no Brasil. Funk, rap e sertanejo universitário, por exem- dita que essa superexposição pode atrapalhar na quali- de expressão artística. Mas a mesma Histó-
plo, reúnem muitos adeptos em todo o País. A MPB sempre dade do conteúdo produzido pelo artista? ria da Arte nos mostra que esses movimen-
tos logo conquistaram o público e atingiram
Arte – 8o ano 37
um patamar admirável. Portanto, é bastante
insensato julgar o trabalho de um novo artis-
FC_Artes_8A_02.indd 37 14/01/2023 10:04:09
ta se baseando no trabalho de outro que per-
tamente no resultado do trabalho de am- tencera a outro momento histórico.
Repensando bas as gerações.
Os músicos da MPB sempre experimen- Anotações
Como vimos no capítulo anterior, a taram e flertaram com uma infinidade de es-
arte sempre retrata o momento vivido tilos nacionais e internacionais. Essa carac-
por uma sociedade em determinado con- terística nunca mudou, porém mudou bas-
texto. Assim, quando comparamos o tra- tante o perfil do público que aprecia o esti-
balho de artistas que se lançaram na dé- lo musical.
cada de 1960 com os artistas atuais, de- No contexto em que a MPB tomou a for-
paramo-nos com realidades diferentes e, ma que a consagrou, as perspectivas a respei-
consequentemente, isso influencia dire- to do Brasil e do mundo eram bastante som-
04:08

Arte – 8º ano 37

ME_FC_Artes_8A_01.indd 37 31/03/2023 11:17:56


BNCC
Capítulo

7
Habilidades trabalhadas no capítulo

(EF69AR01) Pesquisar, apreciar e analisar Sob o ponto de vista da arte


formas distintas das artes visuais tradicio-
nais e contemporâneas, em obras de artis-
tas brasileiros e estrangeiros de diferentes
A arte das perspectivas o que favorecia o destaque dos elementos principais de
épocas e em diferentes matrizes estéticas e uma imagem.

stock.adobe.com/pyty
Uma das maiores inovações do período renascentis-
culturais, de modo a ampliar a experiência ta foi a introdução da perspectiva nas composições. Em
com diferentes contextos e práticas artísti- arte, perspectiva é uma técnica de representação que
cria uma ilusão tridimensional, fazendo com que uma
co-visuais e cultivar a percepção, o imaginá- imagem adquira profundidade e uma forma possa apa-
rentar ter espessura. Leonardo da Vinci utilizou esse re-
rio, a capacidade de simbolizar e o repertó-
curso no afresco A última ceia, assim como Rafael em Es-
rio imagético. cola de Atenas. Analisando as duas imagens, você pode
perceber que as linhas arquitetônicas de ambos os ce-
(EF69AR02) Pesquisar e analisar diferentes nários convergem para um único ponto, onde os pinto-
estilos visuais, contextualizando-os no tem- res colocaram os personagens que deveriam ter maior
destaque: no caso de A última ceia, o foco está na figu-
po e no espaço. O afresco Escola de Atenas, do italiano Rafael Sanzio, foi composto de forma a
ra de Jesus Cristo, ao passo que, em Escola de Atenas, o
centro da composição está fixado nas figuras de Aristó-
(EF69AR04) Analisar os elementos constitu- guiar nosso olhar para os personagens centrais: Aristóteles e Platão.
teles e Platão.
tivos das artes visuais (ponto, linha, forma, Durante a Idade Média, a pintura europeia tinha ca-
racterísticas bastante singulares, que remetiam à simpli-
direção, cor, tom, escala, dimensão, espa- cidade das formas. Em um período no qual a Igreja Cató-

ço, movimento etc.) na apreciação de dife- lica detinha grande poder sobre os reinos, a arte estava Registre suas
a serviço da evangelização. Por conta disso, as composi- ideias
rentes produções artísticas. ções artísticas enfatizavam as figuras de Jesus Cristo, Ma-
ria e os santos católicos. Era bastante comum, por exem-
(EF69AR05) Experimentar e analisar dife- plo, que um desses personagens fosse representado em 1| O Renascimento foi sucedido pelo estilo barroco quan-
uma proporção muito maior em relação às demais figu- do a produção artística voltou a ter grande influência das
rentes formas de expressão artística (dese-
ras da pintura. religiões cristãs. Esse novo momento trouxe outras ino-
nho, pintura, colagem, quadrinhos, dobra- Com o Renascimento, no entanto, a produção pictóri- vações, como a pintura paisagística, muito comum em
ca europeia passou por profundas transformações. Após países como a Holanda, onde a população protestante
dura, escultura, modelagem, instalação, ví- a Igreja perder boa parte da hegemonia que manteve ao não era afeita a representações artísticas de personagens
deo, fotografia, performance etc.). longo dos séculos, os artistas passaram a enfatizar o pen- bíblicos. Assim, nomes como o pintor Frans Post se dedi-
samento racional e a colocar o ser humano como o fo- caram a produzir belas paisagens, que, assim como no
(EF69AR35) Identificar e manipular diferen- co principal de suas criações. Nessa época de profundos Renascimento, eram compostas utilizando-se técnicas
avanços científicos, pintores, desenhistas e arquitetos de perspectiva. Para uma paisagem, no entanto, como
tes tecnologias e recursos digitais para aces- passaram a adotar a geometria nas suas composições, muitas vezes não existem os recursos arquitetônicos pa-
sar, apreciar, produzir, registrar e comparti-
lhar práticas e repertórios artísticos, de mo- 38 Arte – 8o ano

do reflexivo, ético e responsável.


FC_Artes_8A_02.indd 38 14/01/2023 10:04:09 FC_A

Expectativas de
aprendizagem Considerações tura, desenho, ilustração, cenografia, etc.

• Analisar recursos artísticos que possibili-


iniciais Dessa maneira, conhecer mais sobre
essa técnica trará muitas informações que
tam a criação de efeitos tridimensionais em Embora a humanidade domine técnicas serão de grande valia para os estudantes.
suportes bidimensionais. arquitetônicas desde a Antiguidade, o es-
• Compreender como os recursos artísti- tudo de perspectiva surgiu só após a Idade Registre suas
cos induzem o olhar do observador para
um ponto desejado pelo artista.
Média. Tal fato indica que a pintura adquiriu
a importância que detém até hoje apenas
ideias
• Entender como a perspectiva possibilita no período renascentista. Desde então, o es- O período das invasões holandesas
a criação de cenários tridimensionais por tudo de perspectiva se tornou indispensá- trouxe artistas e cientistas para o Brasil.
meio de ilusões de ótica. vel para várias áreas, como arquitetura, pin- Além de Frans Post, vieram nomes como

38 Manual do Educador

ME_FC_Artes_8A_01.indd 38 31/03/2023 11:17:57


Anotações
ra criar linhas de referência, os artistas se valiam da pers- b. Utilizando uma técnica de sua escolha (pintura, de-
pectiva tonal, na qual são utilizadas cores suaves nas senho, fotografia, entre outras), registre uma paisagem.
imagens de fundo e tons mais fortes nas imagens mais Caso sua cidade não apresente grande área verde, bus-
próximas. Além disso, também se utilizava o recurso do que locais onde você possa ter uma vista panorâmica do
grande vazio, que consistia em representar o céu ocu- local. Compartilhe o trabalho com o professor e a turma.
pando grande parte da pintura, o que favorece a ilusão
Resposta pessoal.
de profundidade e imensidão.
Reprodução.

Pintura Vista de Olinda, Brasil, de Frans Post, 1662. O pintor holandês este-
ve no Brasil durante a ocupação holandesa no Nordeste (1630–1654). Re- 2| Outro pintor barroco que utilizou os recursos da pers-
tratou muitas paisagens locais, e atualmente a maior parte dos seus tra-
balhos se encontra exposta no Instituto Ricardo Brennand, localizado no
pectiva com maestria foi o espanhol Diego Velázquez,
Recife, Pernambuco. que deixou uma herança repleta de obras magníficas,
sendo As meninas uma de suas mais famosas criações.
a. Os quadros de Frans Post retratando paisagens do O quadro foi pintado em 1656 e apresenta uma compo-
Nordeste geralmente apresentam um plano de fundo, sição intrigante e complexa que confunde o observa-
um plano intermediário e o primeiro plano. Analise, dor, pois todo o cenário cria um questionamento se o
juntamente com o professor, sobre quais seriam as ca- que se apresenta foi tirado da realidade ou se tudo não
racterísticas de cada um desses planos e registre o que passa de uma ilusão de ótica. A composição mostra um
aparece retratado em cada um deles. grande aposento onde estão presentes várias persona-
lidades da corte espanhola. O mais intrigante, no en-
Sugestão de resposta: O plano de fundo apresenta pla-
tanto, é que algumas das pessoas representadas — in-
cluindo o próprio pintor que se retratou na cena — es-
nícies e rios; o plano intermediário apresenta tipos hu-
tão com os olhares voltados na direção do observador.
Embora os movimentos artísticos que permitem a inte-
manos e edificações; o primeiro plano apresenta ele-
ração do público com o trabalho só surgissem séculos
depois, Velázquez já demonstrava estar muito à frente
mentos típicos da fauna e flora local.
do seu tempo. Por esse motivo, As meninas é uma das
obras mais analisadas no Ocidente. Muitos estudiosos
da obra de Velázquez acreditam que o artista se inspi-
rou em outro quadro famoso: O casal Arnolfini, do pin-
tor flamengo Jan van Eyck, que traz ao fundo um espe-
lho onde é possível ver o reflexo dos dois personagens
retratados em perspectiva.

Arte – 8o ano 39

0:04:09 FC_Artes_8A_02.indd 39 14/01/2023 10:04:10

Albert Eckhout , Zacharias Wagner, Faça uma pesquisa, reúna várias imagens e
Guilherme Piso e George Marcgraf. Grande exiba um slide para a turma enfatizando os
parte dos trabalhos realizados por eles elementos que mais caracterizam o barro-
chegou à contemporaneidade e nos co holandês.
permite analisar paisagens brasileiras da
época, técnicas e estilos de cada artista,
além do uso de perspectivas típicas do
barroco holandês.
Professor, como essas obras estão em
domínio público, existe uma grande varie-
dade de trabalhos disponíveis na Internet.

Arte – 8º ano 39

ME_FC_Artes_8A_01.indd 39 31/03/2023 11:17:57


O que as outras pessoas
pensam sobre
O que as outras

stock.adobe.com/GiorgioMorara
A perspectiva e a arte pessoas pensam
A perspectiva, matematicamente fun-
sobre
damentada, desenvolveu-se na Itália dos Elementos da perspectiva
Ao observarmos uma situação, é interessante enten-
séculos XV e XVI, a partir das investiga-
dermos de que perspectiva estamos vendo.
ções de Filippo Brunelleschi (1377–1446), Perspectiva é o ponto de vista do qual estamos
olhando, e isso se aplica a várias situações além da ar-
arquiteto e escultor florentino — pioneiro te. Por exemplo, se estamos ouvindo um colega desaba-
As meninas (1656), de Velázquez, e O casal Arnolfini (1434), de Jan van Eyck.
no uso da técnica — e descrita pelo mais Até hoje, as obras são objeto de estudo e contemplação. far sobre uma situação chata entre ele e outra pessoa, é
importante entendermos que estamos conhecendo a si-
importante teórico da renascença, o pin- a. Analisando ambos os quadros, quais pontos desper- tuação pela perspectiva de apenas um lado da história.
tam maior atenção? Vimos que uma das características das obras renas-
tor, escultor e arquiteto Leon Battista Al- centistas é a inovação com o uso da perspectiva. Muito
Sugestão de resposta: Em As meninas, o homem ao fun-
berti (1404–1472). Escrito, originalmente, embora hoje estejamos acostumados a observar uma
pintura e perceber nela a relação entre os objetos retra-
do chama atenção porque as linhas arquitetônicas con-
em latim — De Pictura —, o tratado Del- tados, com suas dimensões e distâncias claramente de-
finidas, o uso da perspectiva é relativamente recente na
la Pittura (1435), de Alberti, é a primeira vergem em sua direção. Já no quadro O casal Arnolfini,
História da Arte. Podemos afirmar que o uso da perspec-
descrição sistemática de construção da as linhas do aposento convergem para o espelho ao fun-
tiva, com sua característica de projetar a ilusão de pro-
fundidade em uma base bidimensional, a partir do uso
perspectiva. dos pontos de fuga — para onde todas as linhas conver-
do, o que lhe confere grande destaque na composição.
gem e encaminham o olhar para o horizonte —, foi rea-
A partir daí, a nova ciência da perspec-
lizado somente no século XV, por um arquiteto italiano
tiva é colocada em prática por uma série chamado Filippo Brunelleschi (1377–1446). A partir daí,
o uso da técnica passou a se ampliar entre os pintores
de artistas. Masaccio (1401–1428) é consi- b. Baseando-se na resposta anterior, em sua opinião, italianos e a se espalhar pelo mundo, nas obras de gran-
derado exímio na aplicação das conquis- quais características esses dois pontos apresentam em des artistas que conhecemos em toda a História da Arte.
comum? Quando aplicado ao desenho, a perspectiva determi-
tas científicas à arte da representação. na os elementos, os tamanhos e as distâncias existentes
Sugestão de resposta: Ambos os pontos — a porta aber-
no ambiente retratado. A seguir, veja alguns elementos
A primeira obra a ele atribuída, o Triccio da perspectiva aplicada ao desenho.
ta e o espelho — sugerem uma passagem para um novo
do San Giovenale (Uffizi, Florença, 1422), 1. Linha do horizonte (LH): é o elemento da cons-
trução em perspectiva que representa o nível dos olhos
é exemplar de como conseguir criar um ambiente, o que amplia a profundidade da imagem.
do observador. Em uma paisagem, é a linha do horizon-
te que separa o céu e a Terra. Vista ao longe, ela está
sentido coerente de terceira dimensão na base das montanhas e risca horizontalmente o ní-
sobre a superfície bidimensional. Além vel do mar.
2. Ponto de vista (PV): na representação gráfica
dele, outros artistas importantes da épo- da perspectiva, é comum o ponto de vista ser identifi-
cado por uma linha vertical perpendicular: a linha do
ca exercitam as potencialidades da nova
técnica, dentro e fora da Itália: Piero Della
40 Arte – 8o ano
Francesca (1415–1492), Leonardo da Vinci
(1452–1519), Albrecht Dürer (1471–1528),
etc. A perspectiva, magistralmente prati- FC_Artes_8A_02.indd 40 14/01/2023 10:04:11 FC_A

cada pelos artistas do Renascimento, tor- nova concepção da luz recusam as nor- o espaço moderno na pintura, o que se ve-
na-se um dos fundamentos mais impor- mas da arte acadêmica, o que já se obser- rifica, decisivamente, na obra de Edouard
tantes da pintura europeia até meados do va em artistas românticos como Eugène Manet (1832–1883). É com o impressionis-
século XIX. Delacroix (1798–1863). O questionamento mo que a crise da perspectiva anunciada
A arte moderna — cujo trajeto no sé- com os temas clássicos, defendidos pelas anteriormente se agudiza.
culo XIX acompanha a curva definida pelo academias de arte, vem acompanhando a Disponível em: http:// enciclopedia.itaucultural.org.br/ ter-
mo3636/perspectiva. Acesso em: 27/02/2018. Adaptado.
romantismo, realismo e impressionismo arte moderna pelo abandono das tentati-
— caracteriza-se por uma atitude crítica vas de representar, ilusionisticamente, um
em relação às convenções artísticas, en- espaço tridimensional sobre um suporte
tre elas, a perspectiva. O emprego livre de plano. A consciência da tela plana, de seus
cores vivas, as pinceladas expressivas e a limites e de suas possibilidades inaugura

40 Manual do Educador

ME_FC_Artes_8A_01.indd 40 31/03/2023 11:17:57


Sugestão de

horizonte (LH). O ponto de vista revela-se exatamente O uso dos elementos da perspectiva em conjunto per-
filme
no cruzamento dessas duas linhas. mite a elaboração de esquemas gráficos necessários pa-
ra desenhar objetos contextualizados em ambientes ou 2001 – Uma Odisseia no Espaço
paisagens sem distorção estrutural. Veremos a base des-
ses recursos gráficos, conhecendo sobre os diferentes ti-
Direção: Stanley Kubrick
pos de visualização em perspectiva.
Dr. Dave Bowman e outros astronautas
são enviados para uma missão rumo ao pla-
neta Júpiter em uma aeronave controlada
pelo computador HAL 9000. No entanto, es-
se equipamento comete uma falha, levando a
um tenso confronto entre homem e máquina.
Nota: assim como a maioria dos filmes produ-
Tipos de perspectiva
zidos pelo diretor Stanley Kubrick, 2001 — Uma
Dependendo da posição ou do nível visual em que um
objeto esteja em relação ao observador, a sua represen- Odisseia no Espaço apresenta várias tomadas
tação em perspectiva pode ser aplicada com um, dois
ou três pontos de fuga, denominada respectivamente de filmadas com um ponto de fuga, o que gera um
perspectiva paralela, oblíqua ou aérea. Veja a seguir efeito bastante característico de perspectiva.
como são aplicados os conceitos de perspectiva parale-
la e oblíqua.
Dependendo do ângulo visual de observação do mo-
tivo, a linha vertical que localiza o ponto de vista pode 1. Perspectiva paralela (PF1):
Anotações
situar-se centralizada na cena compositiva ou em um de No desenho em perspectiva paralela, as linhas de fuga
seus lados, esquerdo ou direito. deslocam-se apenas para um ponto (PF). Objetos nessa
3. Ponto de fuga (PF): é o ponto localizado na linha situação apresentam sua face frontal paralela ao obser-
do horizonte, para onde todas as linhas paralelas conver- vador, tanto os que estão localizados à sua frente (cubo
gem quando vistas em perspectiva. B) quanto aqueles à sua esquerda (cubo A) ou à direita
Em alguns tipos de perspectiva, são necessários dois (cubo C).
ou mais pontos de fuga. Em situações como estas, pode- Um detalhe a ser ob-
rão ter pontos tanto na linha do horizonte quanto na li- servado é que, na pers-
nha vertical do ponto de vista. Em alguns casos, é possí- pectiva paralela, o ponto
vel o ponto ficar fora tanto da linha do horizonte quan- de vista (PV, linha ponti- C
to do ponto de vista.
4. Linhas de fuga: são as linhas imaginárias que des-
lhada vertical) localiza-
-se representado em po-
A B
crevem o efeito da perspectiva convergindo para o pon- sição perpendicular à li-
to de fuga (linhas convergentes pontilhadas). É o afuni- nha do horizonte, situa-
lamento dessas linhas em direção ao ponto que gera a do tão próximo ao ponto
sensação visual de profundidade das faces em propor- de fuga que parece estar
ções menores dos objetos em perspectiva. sobre ele (PF).

Arte – 8o ano 41

0:04:11 FC_Artes_8A_02.indd 41 14/01/2023 10:04:12

Arte – 8º ano 41

ME_FC_Artes_8A_01.indd 41 31/03/2023 11:17:58


Diálogos com o
tema 2. Perspectiva oblíqua (PF2): 1| Atualmente, com as inovações tecnológicas, que per-
Quando um objeto fica em posição oblíqua, ou seja, mitem que recursos visuais digitais substituam comple-
Professor, na atualidade, as produções com uma de suas arestas voltada para o observador, suas tamente os cenários tradicionais criados com material
cinematográficas exploram recursos visuais linhas de fuga se deslocam para dois pontos (PF1 e PF2). concreto e que ocupam grandes espaços, muitos filmes
Em casos como esse, como pode ser visualizado na ilus- trazem tomadas nas quais prédios, ruas e veículos são
que proporcionam cenas envolventes que tração do cubo à direita, observe que nenhuma linha na adicionados digitalmente, o que possibilita a criação de
estrutura do objeto foi representada na posição horizon- cenários fantásticos e inexistentes no mundo real.
são capazes de fazer com que o espectador tal. Quando não são verticais, é porque deslocam-se para Diante disso, pesquise e escreva o nome de cinco fil-
se sinta dentro do filme. Os recursos propor- um dos pontos de fuga. mes ou animações que utilizem recursos digitais para
Em relação ao ponto de vista (PV), sua representação criar cenários.
cionados pela terceira dimensão enfatizam na linha do horizonte está centralizada entre os dois pon-
Resposta pessoal. A proposta dessa questão é propor-
tos de fuga (PF1 e PF2). E estes, por sua vez, devem es-
bastante esses efeitos. tar o mais distante possível um do outro para evitar er-
cionar uma maior aproximação do estudante com o
Uma boa possibilidade de compreender ros no desenho.
Disponível em: http://www.sobrearte.com.br/desenho/perspectiva/elementos_da_perspecti-

o efeito do uso da perspectiva de um filme é va.php. Acesso em: 14/09/2017. Adaptado. tema em questão.

comparar uma cena de ação de um filme de PF1 PV PF2

super-heróis, por exemplo, com uma cena


+ Informações
de um filme de gênero comédia ou drama.
sobre o tema

+ Informações sobre o A perspectiva também está presente em outras ex-

tema pressões artísticas. Na fotografia, ter noção das orienta-


ções de perspectivas contribui para retratar a profundi-
dade da imagem.
Fotógrafo viaja o mundo sem
dinheiro trocando seus cliques A rapidez da fotografia
Diálogos com o Hoje em dia, é muito mais rápido, fácil e barato ter
por serviços
tema um retrato de si mesmo ou de um ente querido, porque
existe a fotografia, que, como a pintura, é uma arte que
Nos últimos anos, tornou-se bastante Pontos de fuga na criação lida com imagens.
A fotografia surgiu oficialmente em 1839, quando se
comum ver pessoas viajando por vários lu- de cenários anunciou em Paris que o artista francês Louis Jacques
gares do mundo sem dinheiro. Essas pes- Mandé Daguerre (1787–1851) havia inventado um pro-
O uso de pontos de fuga para a criação de cenários é cesso para fixar uma imagem em um papel especial. Tan-
soas, geralmente, fazem parte de alguma um recurso bastante utilizado nos quadrinhos e nas ani- to o processo quanto o aparelho utilizado e o resultado
mações. Graças a esse recurso, é possível criar vistas pa- final receberam o nome de daguerreótipo.
rede de intercâmbio e realizam serviços em norâmicas mesmo sem uma referência fotográfica. O re- Para chegar a esse resultado, Daguerre levou mais
troca de estadia e comida. Embora não pro- sultado permite que o cenário crie grande impacto visual de dez anos fazendo uma série de pesquisas e experiên-
na imagem, enfatizando uma ação que possa estar sen- cias, inicialmente com outro francês, Nicéphore Niepce
porcione os confortos típicos de uma via- do realizada por um personagem. (1765–1833). A imagem obtida por esse processo não

gem de férias, esse tipo de escambo permi-


42 Arte – 8o ano
te que as pessoas tenham períodos sabáti-
cos para conhecer o mundo e repensarem
suas vidas. FC_Artes_8A_02.indd 42 14/01/2023 10:04:13 FC_A

No entanto, o fotógrafo e aventureiro Os australianos são famosos por te- riscos e abrir mão de sua antiga vida. Ele
australiano Shantanu Starick soube apro- rem espírito aventureiro e é bastante co- afirma que as viagens são muito mais pro-
veitar bem esse sistema para unir o útil ao mum tirarem um período sabático após o dutivas do que seriam se as planejasse e
agradável: viajar o mundo e oferecer seus ensino médio para descansar e escolher juntasse dinheiro para poder fazê-las. Em-
serviços fotográficos como moeda de troca. quais rumos dar para suas vidas. Starick bora não siga um roteiro programado, seus
A iniciativa se transformou no projeto afirma que, no passado, preferiu optar por passos são planejados mediante disponi-
Pixel Trade e teve início em Melborne, Aus- uma vida de comodidade e dinheiro, po- bilidade de locais. Quando concluir sua
trália, passando por vários países do mun- rém isso não lhe trouxe o resultado espe- jornada, terá reunido um acervo de valor
do. A iniciativa de Starick visa a atingir todos rado, chegando a perder um relacionamen- inestimável.
os continentes do planeta. Em troca, ele re- to por conta de seu antigo comportamen- Disponível em: https://www. hypeness.com.br/2015/03/ foto-
grafo-viaja-o-mundo-sem-dinheiro-trocando-seus-cliques-por-
cebe abrigo, comida e transporte. to. Decidiu, então, que era hora de correr -servicos/. Acesso em: 05/02/2021. Adaptado.

42 Manual do Educador

ME_FC_Artes_8A_01.indd 42 31/03/2023 11:17:58


Repensando

stock.adobe.com/R.M. Nunes
apresentava grande precisão e tampouco permitia que
se fizessem cópias. Por isso, outros pesquisadores foram Professor, essa seção aborda um dos
aperfeiçoando o invento até produzir o que hoje conhe-
cemos como fotografia. passatempos favoritos de alguns estudan-
Depois de um longo tempo, a fotografia se estabele-
tes: as fotos com perspectiva forçada.
ceu como arte. O fotógrafo não se limita a registrar a rea-
lidade por intermédio de uma máquina. O simples fato Esse recurso já é bastante comum nas fo-
de escolher o que vai fotografar já revela sua sensibilida-
de. Em seguida, ele decide focalizar de determinada ma- tografias encontradas em redes sociais, no
neira o objeto escolhido, procurando a intensidade de luz entanto, todo o processo geralmente é feito
que acha mais adequada e selecionando os demais ele-
Sugestão de resposta: Posicionando a câmera próxima
mentos que poderão compor a foto. Com isso, de certa
ao solo, pôde-se obter esse efeito, uma vez que os pés
de forma bastante amadora, o que não per-
forma, ele altera a realidade e imprime na foto seu mo-
do original de ver o mundo que o rodeia.
do homem no primeiro plano estão praticamente no mite uma boa exploração dos recursos pos-
mesmo nível das pessoas ao fundo, criando-se a ilusão
Disponível em: http://arteeformas-sidneytorres.blogspot.com.br/2012/03/190312-e-200312- de que ambos estão no mesmo plano. síveis para o uso da perspectiva. Se possível,
-8-ano-e-b-rapidezda.html. Acesso em: 14/09/2017. Adaptado.

antes de realizar a atividade, proponha uma


Em todo lugar, existe alguém em busca do momento
exato para ser registrado. Atualmente, a grande maioria pesquisa para buscar imagens produzidas
das pessoas se encaixa no perfil do fotógrafo amador, ou
seja, aquela pessoa que registra momentos marcantes com recursos de perspectiva forçada e peça
ou corriqueiros de sua vida, como eventos festivos, via- Repensando para que a turma tente compreender como
gens ou fatos do cotidiano. Os fotógrafos profissionais,
no entanto, passam por uma ampla formação na área. as pessoas conseguiram obter os resultados.
Que tal criar uma série de fotografias retratando si-
Essa profissionalização envolve, na maior parte dos ca-
sos, dedicação exclusiva à fotografia, e isso inclui desde a
tuações nas quais foram utilizados recursos da pers- Importante: este é um momento de
pectiva forçada?
formação continuada até o investimento em áreas afins, muita cautela, pois não são raros os aciden-
a exemplo da indústria cinematográfica. Procedimento:
As inovações tecnológicas permitem a manipulação de 1. Em grupo, escolham locais que favoreçam o en- tes ocorridos com pessoas ao redor do mun-
uma fotografia em poucos segundos. Essa facilidade, no en- quadramento das fotos, bem como forneçam op-
tanto, pode descaracterizar uma fotografia, pois adiciona al- ções para interações criativas com o ambiente.
do que, em busca de uma foto em um ângu-
terações ao momento da captura, podendo, inclusive, trans- 2. Busquem referências de imagens nas redes so- lo diferente, se colocam em situações de ris-
mitir uma mensagem diferente da ideia original. Fotógrafos ciais para se inspirar.
profissionais geralmente avaliam vários elementos, como 3. Escolham um momento oportuno do dia, pois a co. Instrua os estudantes a não proceder de
enquadramento, luz, ângulo e equipamento adequado, an- luz adequada tem grande importância em um re-
tal maneira e acompanhe todo o processo
tes de fazer um registro fotográfico, pois não é sua intenção gistro fotográfico.
adicionar efeitos corretivos posteriormente. 4. Caso possuam, levem consigo um tripé ou outro para evitar situações arriscadas.
tipo de suporte que possa ser útil.
1| Mesmo não realizando a edição de uma imagem, mui- 5. Após realizarem os registros fotográficos, não
tos efeitos podem ser criados utilizando simples truques. apliquem efeitos visando modificar as imagens
Um dos mais comuns é chamado de perspectiva força- capturadas. Anotações
da, que gera um efeito de ilusão de ótica. Analise a ima- 6. Compartilhem as imagens com a turma e tentem
gem a seguir e procure descrever quais procedimentos descobrir quais procedimentos outros grupos uti-
foram utilizados para criá-las. lizaram para realização do trabalho.

Arte – 8o ano 43

0:04:13 FC_Artes_8A_02.indd 43 14/01/2023 10:04:14

Arte – 8º ano 43

ME_FC_Artes_8A_01.indd 43 31/03/2023 11:17:58


BNCC
Capítulo

8
Habilidades trabalhadas no capítulo
Elementos naturais que se
(EF69AR01) Pesquisar, apreciar e analisar
formas distintas das artes visuais tradicio-
transformam em arte
nais e contemporâneas, em obras de artis-
tas brasileiros e estrangeiros de diferentes A união entre a arte e a humanas. Em sua terra natal, a Itália, Arcimboldo não
épocas e em diferentes matrizes estéticas obteve grande destaque, porém no reino da Boêmia, on-
natureza de os governantes tinham gosto pelo diferente e promo-
e culturais. viam grandes incentivos às atividades artísticas e pesqui-

stock.adobe.com/GiorgioMorara

Reprodução.
1 2
sas científicas, o italiano encontrou um local e momento
(EF69AR02) Pesquisar e analisar diferentes apropriado para se dedicar às suas criações.
estilos visuais, contextualizando-os no tem- À distância, seus quadros pareciam retratos humanos
comuns. Porém, ao nos aproximarmos da pintura, po-
po e no espaço. demos perceber que tudo é formado por vários elemen-
tos inanimados sobrepostos, que eram cuidadosamen-
(EF69AR05) Experimentar e analisar dife- te construídos em sua imaginação. Esses elementos, no
rentes formas de expressão artística (dese- entanto, não eram escolhidos aleatoriamente, pois ca-
da um deles enfatizava a caracterização da imagem e su-
nho, pintura, colagem, quadrinhos, dobra- geria uma mensagem. É o que ocorre com o quadro Pri-
mavera, no qual os elementos utilizados remetem a es-
dura, escultura, modelagem, instalação, ví-
sa época do ano na Europa.
deo, fotografia, performance, etc.). Muitos artistas contemporâneos de Arcimboldo taxa-
vam sua arte de grotesca e ofensiva, e isso era potenciali-
(EF69AR06) Desenvolver processos de cria- zado pelo fato de o artista ser ligado a sociedades secre-
1 – Verão (1563), de Giuseppe Arcimboldo. A obra faz parte do acervo do Museu
ção em artes visuais, com base em temas Kunsthistorisches de Viena.
tas, algo muito comum a outros artistas e cientistas da
2 – O garçom (1574), de Giuseppe Arcimboldo. época, que temiam ser considerados hereges por mem-
ou interesses artísticos, de modo individual, Natureza-morta é um tipo de pintura ou fotografia
bros radicais da Igreja. Logo, suas telas remetiam a toda
a paixão e ardor de uma época em que muitos pesquisa-
coletivo e colaborativo, fazendo uso de ma- que retrata elementos inanimados, como frutas, horta-
dores se debruçavam sobre a natureza e as suas maravi-
liças, talheres, livros, garrafas, entre outros objetos. Ini-
teriais, instrumentos e recursos convencio- cialmente, esse tipo de trabalho era feito para que os pin-
lhas ainda a serem descobertas.

tores pudessem praticar o retrato sem precisar de mode-


nais, alternativos e digitais.
(EF69AR07) Dialogar com princípios con-
los vivos; porém, com o tempo, tornou-se uma forma de
arte muito apreciada e passou a ser encomendada pe-
Registre suas
los compradores. ideias
ceituais, proposições temáticas, repertó- Giuseppe Arcimboldo foi um dos primeiros artistas
rios imagéticos e processos de criação nas a explorar esse tipo de produção com intuito comercial. 1| Ao longo da História da Arte, muitos artistas se dedica-
Seus trabalhos, no entanto, causavam estranheza para as ram à produção de naturezas-mortas e ganharam notorie-
suas produções visuais. pessoas da época, que ainda associavam a pintura a figu- dade com o resultado de seus trabalhos. Alguns, no entan-
ras humanas. Muito criativo, o italiano inovou e passou to, só obtiveram o devido reconhecimento muito tempo de-
a produzir naturezas-mortas que remetessem a formas pois. Dois exemplos clássicos foram os pintores Vincent van

Expectativas de
44
aprendizagem Arte – 8o ano

• Conhecer manifestações artísticas que FC_Artes_8A_02.indd 44 14/01/2023 10:04:15 FC_A

utilizam elementos naturais em suas


res e frutos. A escolha desses elementos tem delo, por exemplo. É importante que se es-
composições.
a ver com a efemeridade, já que, em pouco colha um local onde haja predominância de
• Compreender a relação entre a arte e a
tempo, podem murchar, ressecar ou apo- luz artificial, pois a luz natural varia bastan-
natureza.
drecer. Nesse contexto, o artista busca re- te ao longo do dia, o que acaba refletindo
• Produzir obras de arte a partir de elemen-
tratar os elementos com toda a sua plenitu- nas referências visuais da natureza morta.
tos encontrados na natureza.
de e vivacidade. Dessa forma, nem sempre
Registre suas o que é retratado corresponde ao que está

ideias exposto como modelo.


Os estudantes podem criar seus traba-
Tradicionalmente, o trabalho com a na- lhos seguindo o mesmo conceito ou podem
tureza morta envolve, principalmente, flo- variar, utilizando apenas objetos como mo-

44 Manual do Educador

ME_FC_Artes_8A_01.indd 44 31/03/2023 11:17:59


O que as outras pessoas

Gogh e Paul Cézanne. Contemporâneos, ambos chegaram Como vimos, uma natureza-morta pode ser obtida a
pensam sobre
a dividir o mesmo estúdio em uma época em que se encon- partir de técnicas variadas, como a pintura ou a fotogra-
travam em profundas dificuldades financeiras. Para pintar fia. Escolha uma expressão artística para criar uma obra Natureza na arte e arte na
modelos vivos, era preciso alugar o tempo dessas pessoas retratando elementos inanimados. natureza
ou encontrar alguém disposto a posar durante várias horas
(ou dias) de graça. Os pintores, então, para resolver o pro- Procedimento:
blema, dedicavam-se a retratar flores e frutas. Dessa épo- 1. Primeiramente, reserve um local apropriado para co- O projeto naturayarte, do artista Lorenzo
ca, resultaram a famosa série de girassóis de Van Gogh e as locar os objetos a serem retratados.
Durán, tem folhas de árvores como matéria-
composições com frutas de Cézanne. 2. Distribua os elementos de forma a criar uma cena har-
mônica, a fim de evitar confusão na disposição das -prima, que, por meio de técnicas de perfu-
stock.adobe.com/sforzza

1 imagens.
3. Pinte, desenhe ou registre a imagem a partir de um rações de origem oriental, se transformam
bom ângulo, no qual a luz enfatize as formas. em delicadas obras de arte. Esses desenhos
4. Compartilhe o resultado com a turma.
geométricos perfurados adaptam-se à for-
O que as outras ma de cada folha, obtendo um resultado
pessoas pensam tão frágil e delicado como a natureza que
sobre nos rodeia.
Naturayarte é um exemplo de arte e sus-
Espanhol transforma folhas tentabilidade no sentido mais amplo da ex-
secas em objetos de arte pressão, não apenas por ter como matéria e
Nas mãos do artista espanhol Lorenzo Durán, as fo-
substância folhas das árvores em sua obra,
lhas podem ganhar contornos bem distintos daqueles
que herdaram da natureza. nem tampouco por proporcionar uma re-
flexão sobre a natureza e sua fragilidade.
Reprodução.
Reprodução.

2
Mas sim, porque Lorenzo Durán propõe a
Naturayarte como uma forma criativa e ino-
vadora de “comércio justo” com a qual pre-
tende não só ganhar a vida com o seu tra-
balho, mas também quebrar certos esque-
mas consagrados no mercado da arte. As fo-
lhas de Lorenzo estão à venda por meio do
Reprodução.

sistema testamento, deixando nas mãos do


1 – Girassóis (1888), obra de Vincent van Gogh.
2 – Natureza-morta com uma cortina, de Paul Cézanne, criada entre 1895 e 1900.
comprador a difícil tarefa de fixar o preço
da obra.
Arte – 8o ano 45
Disponível em: https://www-artesostenible-org.translate.goog/
naturayarte/?_x_tr_sl=auto&_x_tr_ tl=pt&_x_tr_hl=pt-PT. Aces-
so em: 04/01/2022. Adaptado.
0:04:15 FC_Artes_8A_02.indd 45 14/01/2023 10:04:16

Anotações

Arte – 8º ano 45

ME_FC_Artes_8A_01.indd 45 31/03/2023 11:17:59


Diálogos com o
tema Usando uma técnica oriental bastante disseminada esculturas, adornos, utensílios, entre outros elementos
na China e no Japão, que permite fazer recortes em fo- que encantam pela sua riqueza de cores e detalhes.
Neste momento, a imaginação deve lhas de papel, Durán resolveu picotar folhas secas de vá-

stock.adobe.com/Imago Photo
aflorar, tanto na preparação dos pigmen- rias árvores da região onde mora, na cidade de Guadala-
jara, na Espanha. Com o nome Naturayarte, o projeto de
tos naturais quanto nas pinturas nas folhas. Durán também envolve sua família.
“Há quem use a madeira, escultores que talham as
pedras e outros que usam as folhas como meio de ex-
pressão artística, coisa que me parece nova e apaixonan-
Sugestão de te”, diz.

leitura Antes de picotar as folhas, Durán faz os desenhos em


um molde de papel. Ele conta, em seu site, que desenvol-
veu a técnica sozinho. O artista diz acreditar, no entanto,
Alice no País das Maravilhas que o formato natural das folhas e de outros elementos
da natureza também tem seu quê de arte.
Autor: Lewis Carroll “Creio que cada objeto da natureza ou um ser vivo Pintura corporal.
tem impressa em sua forma a arte em sua mais pura es-

stock.adobe.com/Amarildo
Essa obra clássica apresenta um mundo sência”, diz.

no qual tudo ganha vida, desde maçanetas Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/bbc/1045029-espanhol-transforma-folhas-


-secas-em-objetos-de-arte-veja.shtml. Acesso em: 01/04/2012.

até cartas de baralho. Existe uma forte liga-


ção entre a obra de Carroll e trabalhos co- Diálogos com o
mo os de Arcimboldo, pois ambos utilizam tema
elementos inanimados para enfatizar a vida.
A arte indígena e os
O livro é repleto de elementos oníricos que
elementos da natureza Cerâmica marajoara.
não seriam encontrados no mundo real, o Ao falarmos sobre a História da Arte e sobre a criação
que, claramente, é uma qualidade típica artística a partir do uso dos elementos da natureza, po- 1| Vamos preparar tintas a partir de pigmentos naturais
demos dizer que uma das manifestações artísticas que e utilizá-los para realizar uma pintura em folhas? Para is-
das expressões artísticas: dar forma, voz e representam fortemente essa relação, da maneira mais so, você precisará do auxílio de um adulto.
natural que podemos observar, é a arte indígena.
movimento ao que não podemos ver, mas
Assim como os pigmentos naturais serviram aos ar- Material necessário para as cores:
que, mesmo assim, exerce grande fascínio tistas da Pré-História, para que produzissem sua arte, a • Casca de jabuticaba (rosa).
sobre nós.
natureza possui infinitas possibilidades à criação artís- • Casca de uva preta (azul).
tica, e os indígenas souberam tirar grande proveito des- • Amora ou morango (tons avermelhados ou violetas).
sas possibilidades. • Espinafre ou erva-mate (verde).
A arte indígena é constituída pelo trabalho com di- • Folha de beterraba ou de cenoura (verde).
Anotações versos elementos da natureza, como os pigmentos na- • Beterraba (vermelho).
turais, a argila, a madeira, as sementes e as fibras das • Cenoura (laranja).
árvores, que, transformados, presenteiam a arte e sua • Pó de café (marrom).
história com criações que vão desde pintura corporal a • Colorau (amarelo e laranja).
46 Arte – 8o ano

FC_Artes_8A_02.indd 46 14/01/2023 10:04:18 FC_A

46 Manual do Educador

ME_FC_Artes_8A_01.indd 46 31/03/2023 11:18:00


O quadro original apresenta uma parti-
cularidade bastante revolucionária para a
Material necessário para obter as cores: um novo sentido. Uma releitura bem-sucedida depende, época: o pintor espanhol se retratou execu-
• Panela com tampa. •
Peneira ou coador. primeiramente, da compreensão de todos os elementos
• Água. •
Bacia. da obra original. Assim, uma releitura não copia uma obra, tando seu trabalho. O foco da obra, porém,
• Colher. •
Potes. mas a recria. Também não se faz necessário utilizar a mes- é a jovem infanta Margarida Teresa.
ma técnica ou estilo empregados no trabalho original, po-
Procedimento: dendo ser utilizadas outras linguagens artísticas. Ou seja, Séculos depois, Pablo Picasso — tam-
1. Coloque um copo do ingrediente escolhido (picado o foco principal da releitura é a criação de algo novo, que
ou em pó) na panela e adicione um litro de água. mantenha uma ligação facilmente perceptível com a obra
bém espanhol — realizou mais de quaren-
2. Tampe a panela e coloque para ferver. que serviu de inspiração. ta releituras para esta obra, todas executa-
3. Depois que a água começar a ferver, reduza o fogo e co- A História da Arte está repleta de releituras realizadas
zinhe de 45 minutos a 1 hora mexendo constantemente. por artistas renomados para homenagear outros que os das a óleo. A versão mais famosa apresenta
4. Retire do fogo e deixe a mistura esfriar. tenham inspirado. Casos famosos são o pintor Claude Mo-
5. Coe ou passe a mistura na peneira e coloque a tinta net, que recriou o quadro Almoço na relva, originalmente
características quase monocromáticas, em
nos potes. E, então, a tinta para a pintura em papel concebido por seu amigo Édouard Manet; e também Pablo que foram utilizados, basicamente, tons de
estará pronta. Picasso, que fez dezenas de releituras do quadro As meni-
6. Com as tintas prontas, escolha uma folha para ser a nas, de Diego Velázquez. cinza. Na versão de Picasso, Velázquez é re-
tela da sua pintura. Solte a criatividade e compartilhe Disponível em: https://iphotochannel.com.br/o-que-e-releitura-e-o-que-e-plagio-em-arte-e- tratado em grandes proporções, assumin-
a sua obra com os colegas. -fotografia/. Acesso em: 25/11/2020. Adaptado.

do o protagonismo da composição cubista.


Atenção: 1| A seguir, temos uma releitura do quadro La Gioconda,
— Ao coletar materiais, não devemos esquecer de pre- ou Mona Lisa, de Leonardo da Vinci. Analisando ambas as Nas demais versões, Picasso utilizou cores
servar a natureza. Caso encontre o material que precisa, imagens, descreva, em seu caderno, quais semelhanças como vermelho, verde e amarelo.
retire o que já estiver caído no chão. e diferenças você encontra entre elas e registre com qual
— Se for necessário colher plantas vivas, tome cuida- dos retratos você se sente mais familiarizado. Uma releitura, geralmente, é acompa-
do para não retirar muitas plantas do mesmo local, para

stock.adobe.com/master1305
nhada de características que podem alterar
stock.adobe.com/GiorgioMorara

não alterar o meio ambiente.


— Existem plantas tóxicas, como espirradeira e ur- muitos elementos da obra na qual foi inspi-
tiga. Portanto, se você não conhecer a planta, deixe-a
na natureza. rada. Nesse contexto, uma releitura em foto-
grafia, por exemplo, pode conter vários de-
+ Informações talhes típicos da contemporaneidade e que
sobre o tema possam ressignificar ou enfatizar algo que
desperte grande atenção no original.
Releitura de obra
Reler uma obra é dar uma nova interpretação a ela,

Repensando
sem se desviar da mensagem original. Engloba vários cam-
pos da arte e tem por finalidade dar uma nova interpreta- Repensando
ção a um trabalho que geralmente já é conhecido pelo pú-
blico. Para se criar uma releitura, o artista, geralmente, in-
sere características pessoais ou referentes ao período em Gulal é o nome dado a um pó colorido e perfumado Como o final do ano letivo se aproxima,
que vive a ideia original, criando uma obra que pode ter utilizado nos rituais hindus típicos da Índia e de países
que tal organizar uma despedida em gran-
de estilo? Com bastante pó colorido para ce-
Arte – 8o ano 47
lebrar as conquistas e amizades, a festa de
encerramento pode se tornar inesquecível.
0:04:18 FC_Artes_8A_02.indd 47 14/01/2023 10:04:19
No Brasil, existem muitas versões não
+ Informações sobre o tóxicas que são vendidas por valores bas-

tema tante convidativos. No nosso país, não há o


costume de chamá-los de gulal, sendo inti-
tulados de pó para Festa Holi, pó neon ou,
Picasso faz releitura de Velázquez
simplesmente, pó colorido.
Professor, muitos estudantes podem confundir o conceito de releitura com o de có-
pia. Embora ambas as situações envolvam uma obra original, são abordagens bastante
diferentes.
Uma boa maneira de explicar a diferença é exibindo exemplos de releituras famo-
sas, como as realizadas por Pablo Picasso tendo como referência a tela As Meninas, de
Velázquez. Teremos, então, trabalhos característicos de duas escolas: a barroca e a cubista.

Arte – 8º ano 47

ME_FC_Artes_8A_01.indd 47 31/03/2023 11:18:00


como Suriname, Guiana, Trinidad, Inglaterra e Nepal. Em- pelos processos químicos agora podem participar dos
bora sua utilização aconteça em vários eventos anuais, o festivais, mas sempre tomando os cuidados essenciais
maior destaque fica por conta do Holi, o festival das co- de proteção ao rosto.
res que ocorre entre fevereiro e março. Durante esse fes-
1| No Brasil, bem como em outras partes do mundo, o gulal
tival, que celebra o amor e a igualdade, as pessoas ati-
passou a ser utilizado em festivais musicais que celebram
ram o pó colorido umas nas outras enquanto cantam,
o amor e a igualdade. As pessoas que participam desses
dançam, comem e se divertem.
eventos não são, em sua grande maioria, praticantes da
stock.adobe.com/tanmoythebong

religião hindu. Em sua opinião, esse fato descaracteriza a


proposta da utilização do gulal? Escreva a respeito.

Resposta pessoal.

Muito comum na Índia, o gulal passou a ser difundido em outras partes do


mundo, inclusive no Brasil. Para celebrar o amor e a igualdade, muitos festi-
vais musicais passaram a adotar a celebração com pó colorido.

No início, os pós de gulal eram extraídos de flores co-


letadas em árvores típicas da flora indiana. Essas flores ti-
nham propriedades medicinais, benéficas para a pele. No
entanto, com o crescimento populacional e consequen-
te diminuição das áreas verdes, passaram a ser produzi-
dos pós sintéticos no final do século XIX. Isso acabou ge-
rando problemas para a população, pois muitos desses
produtos eram produzidos a partir de processos quími-
cos sem fiscalização, acarretando alergias diversas, irri-
tação nos olhos, infecções na pele e crises respiratórias.
Além disso, o pó sintético causa poluição em reservató-
rios de água.
Nos últimos anos, no entanto, graças a ações visando
preservar o meio ambiente, os adeptos dessa celebração
passaram a adotar novamente pós produzidos a base de
produtos naturais, como o urucum, o índigo e a cúrcuma.
Esses ingredientes são facilmente encontrados nos mer-
cados a preços razoáveis. Além disso, os novos proces-
sos não utilizam metais pesados na composição do pó,
o que resulta em um material macio com boa capacida-
de de aderência à pele. Assim, muitas pessoas que evi-
tavam os festejos por conta dos malefícios produzidos

48 Arte – 8o ano

FC_Artes_8A_02.indd 48 14/01/2023 10:04:20

48 Manual do Educador

ME_FC_Artes_8A_01.indd 48 31/03/2023 11:18:01


MANUAL DO EDUCADOR
FORMAÇÃO CONTINUADA
EDIÇÃO
2024-2025-2026

PREÇO GARANTIDO POR 8 ANOS:


2018 • 2019 • 2020 • 2021 • 2022 • 2023 • 2024 • 2025
DE 1º DE SETEMBRO DE 2017 ATÉ 31 DE AGOSTO DE 2025.
LIVROS DE QUALIDADE E PREÇO JUSTO À DISPOSIÇÃO DOS
SEUS ALUNOS DESDE O PRIMEIRO DIA DE AULA. KIT A – 8o ANO 9 livros = 1.392 páginas
1.344 páginas R$ 0,22 por página
9 Livros: Língua Portuguesa + Gêneros, Leitura
Conteúdo de qualidade. e Análise + Matemática + História + Geografia +

R$ 295,60
Ciências + Cidadania Moral e Ética + Arte + Inglês
Menor preço por página.
Responsabilidade social.
Proposta de trabalho sustentável.
Livro de Espanhol Bonificação
Universalização do acesso aos livros.
Disponível gratuitamente para os alunos que 48 páginas gratuitas a mais em relação
adquiriram o kit e estudam em escola que à edição anterior.
oferece a disciplina.
CONHEÇA OS LIVROS DO KIT A.

FC_ME_Arte_6A_a_9A_CCc.indd 3 18/05/2023 13:51:22

Você também pode gostar