Analise de 1 Joao 2.15 17 Helen Regina
Analise de 1 Joao 2.15 17 Helen Regina
Analise de 1 Joao 2.15 17 Helen Regina
ABAETETUBA – 2021
ANÁLISE DE I JOÃO 2.15-17
1. Texto
“Não ameis o mundo nem as coisas que há no mundo. Se alguém amar o mundo, o
amor do Pai não está nele; porque tudo que há no mundo, a concupiscência da carne, a
concupiscência dos olhos e a soberba da vida, não procede do Pai, mas procede do mundo.
Ora, o mundo passa, bem como a sua concupiscência; aquele, porém, que faz a vontade de
Deus permanece eternamente”. 1João 2:15-17 (ARA)
2. Contexto Histórico
A primeira epístola de João foi escrita, na cidade de Éfeso, pelo apóstolo João, por
volta do ano 85 d.C., algum tempo depois de ele ter escrito o evangelho que também leva seu
nome. O tom da carta não transparece que tenha sido escrito em um período de perseguição
que ocorreu nos anos finais do reinado do imperador Domiciano. Na época em que escreveu a
carta, João estava em Éfeso, onde se refugiou após o exílio dos judeus, com a destruição da
cidade de Jerusalém e do Templo em 70 d.C.
A maneira como João se refere aos seus leitores, dá a entender que João escreveu para
crentes em Cristo, pois escreve aos fiéis (1.3-4; 2.12-14) localizados na Ásia Menor, atual
Turquia. João parte de uma descrição da Igreja para uma descrição do mundo, expondo
instruções sobrea atitude da Igreja para com o mundo. Diante do avanço de algumas heresias
dentro da Igreja, João pretendia transmitir aos seus leitores os fundamentos para a comunhão
cristã, baseando-se no incentivo a santidade pessoal (1.6; 2.15).
O capítulo 2 da epístola é o início da exposição das três provas que João apresenta,
sobre o cristão deve se relacionar com a verdade de Deus. Ele propõe três provas: a prova
moral, que é manifesta pela obediência; a prova social, manifestada pelo amor e; a prova
doutrinária, manifesta pela fé em Cristo. O texto em análise (vv.15-17) está localizado logo
após João haver concluído a exposição da segunda prova (vv.12-14), nesses versos ele fala
contra os falsos mestres, considerados por ele ilegítimos, diferente dos crentes verdadeiros.
João divide seus leitores em três grupos: filhinhos, pais e jovens; e se dirige duas vezes
para cada grupo. Essa divisão não indica as idades físicas, mas os estágios em seu
desenvolvimento espiritual, pois a família de Deus, como toda família humana, tem membros
de diferentes maturidades. O propósito de João, ao escrever, é confirmar a correta segurança
do cristão genuíno e ao mesmo tempo tirar-lhes da simulação de sua falta segurança. Sua
mensagem é segura e firme; não muda de opinião.
Por isso, nos versos 15-17, ele dá instruções a respeito de como esses filhinhos devem
se relacionar com o mundo em que estão inseridos. Já nos versículos 18-27, posteriores ao
texto analisado, João retoma o ponto da discriminação entre os verdadeiros e os falsos mestres
por meio de provas. Ele acrescenta, agora, às provas moral e social, a prova doutrinária.
3.1. A Literatura
O texto em análise, é parte do corpo da epístola. Em que João faz exortações aos seus
leitores. A carta, como um todo, sugere João como um professor que não tem medo nem
vergonha de amar os seus alunos. Seu amor é explícito e sincero; ele demonstra uma clara
preocupação com seus leitores, de que eles aprendessem a amar de fato e de verdade.
3.2. O Texto
Acredito que a palavra mais importante citada neste texto, seja “amor”. O substantivo
“amor”, bem como, o verbo “amara”, aparecem nos escritos de João mais de quarenta vezes.
Particularmente, na primeira epístola, João se estimula o tempo todos os seus leitores a
amarem a Deus e ao próximo. No entanto, em 2.15-17, João usa uma ordem negativa a
respeito do amor, “não ameis o mundo”, seguindo a proposição de que aquele que ama o
mundo não ama Deus.
3.3. Divisão do Texto
4. Análise Teológica
Algumas pessoas têm ficado confusas sobre como este mandamento, de não amar o
mundo, pode conciliar-se com a afirmação do amor de Deus pelo mundo em João 3.16. Há
duas explicações possíveis. A primeira é que o mundo tem conotação diferente nestes
versículos. Visto como pessoas, o mundo deve ser amado, porém, como um sistema ele é
maligno e organizado sob o domínio de Satanás e não de Deus, portanto não deve ser amado.
A segunda explicação, é que o verbo amar e não o seu objetivo, o mundo, tem significado
diferente. Pois no caso de João 3.16, o amor pelo mundo é de redenção, por outro aqui neste
texto seria o amor egoísta de participação. O primeiro visa salvar a pessoa do pecador; o
segundo, participar do seu pecado.
O cristão deve amar a Deus e ao seu irmão, mas não deve amara o mundo. E o amor é
a própria proibição, porque não é uma emoção incontrolável, mas é a decisão sincera da
vontade. A razão pela qual somos intimados a não amar o mundo é que o amor pelo Pai e o
amor pelo mundo são mutuamente excludentes, “a amizade do mundo é inimiga de Deus” (Tg
4.4); “Ninguém pode servir a dois senhores” (Mt 6.24; Lc 16.13). Se não podemos servir a
Deus e a Mamon, tampouco podemos amar o Pai e o mundo.
4.2. Analogia da Fé
Outros textos bíblicos reforçam o dever do cristão em abster-se das coisas mundanas
como sinal de amor a Deus:
“Infiéis, não compreendeis que a amizade do mundo é inimiga de Deus? Aquele, pois, que
quiser ser amigo do mundo constitui-se inimigo de Deus.” (Tiago 4:4)
“E não vos conformeis com este século, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente,
para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus.” (Romanos
12:2)
5. Aplicação
Diante disso, como igreja somos chamados amar. Amar a Deus acima de todas as
coisas e amar próximo como a nós mesmos (Mt 22.37). João, por diversas vezes em seus
escritos ensina que o mandamento de Deus é que nos amemos uns aos outros (Jo 13.34), dessa
forma, entendemos que o amor é a base da vida cristã. A manifestação do amor de Deus ao
mundo veio por meio da entrega do Filho à morte em favor de todos aqueles que nele creem
(Jo 3.16). Tendo Deus amado ao mundo, como igreja somos chamados a manifestar o amor
redentivo de Deus ao mundo. Todavia, o amor não implica envolver-se naquilo que é
contrário a vontade de Deus, aquilo que “não procede de Deus”, pois amar a Deus implica que
amemos o nosso próximo, mas que nos abstenhamos do pecado que reina nesse mundo.
6. Referências Bibliográficas
STOTT, John R. 1, 2, 3 João – Introdução e Comentário. São Paulo: Vida Nova, 2014.