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Igreja Relevante

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Igreja Evangélica Congregacional do Jardim Peró

Rua Pernambuco - Nº 33- Jard. Peró- Cabo Frio.


Pastor João Marcos M. Cardoso

FRUTIFICAR É O NOSSO CHAMADO

BEM VINDO!
1
Olá, seja bem vindo a nossa Escola Bíblica Dominical. Nós da IECJP em
especial o Conselho de ensino estamos muito felizes e nos sentimos honrados
com a sua presença.
Nas próximas semanas vamos refletir sobre o tema: FRUTIFICAR É O
NOSSO CHAMADO

COMO APROVEITAR MELHOR AS AULAS

 Procure chegar no horário para não perder nada;


 Faça perguntas. Este é o lugar mais apropriado para isso, então tire suas
dúvidas;
 Não falte. As faltas são limitadas por módulo, por isso busque se
organizar. Se tiver muitas faltas, infelizmente não poderá terminar o curso;
 Pratique o que aprender. A grande medida do crescimento espiritual vem
pela prática da verdade e não só pelo seu conhecimento.

COMO APROVEITAR MELHOR ESTE MATERIAL


Esta apostila em suas mãos foi preparada especialmente para você, então:
 Tenha o hábito de ler a lição antes das aulas para assimilar melhor o
conteúdo;
 Traga sempre a apostila com você para poder fazer observações e
perguntas.

INDICE
LIÇÃO 01 FOMOS CHAMADOS PARA FRUTIFICAR
LIÇÃO: 02 NO MUNDO, MAS NÃO DO MUNDO.
LIÇÃO: 03 A INFLUÊNCIA DO CRISTÃO
LIÇÃO: 04 DISCIPULADO: O DESAFIO DE TRANSMITIR A FÉ PARA AS NOVAS
GERAÇÕES
LIÇÃO: 05 SANTO NO MUNDO (EM CRISTO)
LIÇÃO: 06 EXEMPLOS DE TRANSFORMAÇÃO
LIÇÃO: 07 BOAS NOVAS
LIÇÃO 08 PRONTOS PARA CONTINUAR
LIÇÃO: 09 APELO À TRANSFORMAÇÃO
LIÇÃO: 10 O MODELO DO MESTRE
Que Deus lhe abençoe.
Com carinho Pastor João Marcos e sua esposa Eliane Machado
LIÇÃO 01 - FOMOS CHAMADOS PARA FRUTIFICAR

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FOMOS CHAMADOS PARA FRUTIFICAR

Texto: João 15.1-27
"Não fostes vós que me escolhestes a mim; pelo contrário, eu vos
escolhi a vós outros e vos designei para que vades e deis fruto, e o
vosso fruto permaneça; afim de que tudo quanto pedirdes ao Pai em
meu nome, ele vo-lo conceda" (João 15.16).

INTRODUÇÃO: A igreja exerce um papel profético. Embora


enfrente crises e obstáculos, tem a grandiosa promessa de Jesus:
“Eis que estou convosco”. Seu grande desafio é permanecer
firmada em Jesus, a fim de dar fruto (Jo 15.5).

Para que os planos e estratégias da Igreja sejam bem-sucedidos,


cada crente precisa entender que não foi chamado para viver
dentro das quatro paredes do templo. Ele precisa ser o sal da terra
e a luz do mundo, pregar contra o pecado e ter uma vida frutífera,
Mt 5.13 e 14. Este é nosso tema de hoje.
1. CHAMADOS PARA FRUTIFICAR:
  Na alegoria de João 15.1-27, Jesus se apresenta como sendo
a “videira verdadeira”. Seus discípulos são os ramos e só
frutificam se estiverem ligados a Ele, fonte verdadeira de vida.
Nesse processo divino, todo ramo que não dá fruto é cortado e
lançado fora; e todo aquele que dá fruto requer um cuidado
especial, para que frutifique ainda mais (v.2).

A vida de frutificação pregada por Jesus precisa ser vista como


base de crescimento e maturidade da Igreja. Deus não está
interessado em salvar o pecador simplesmente para usufruir de
suas bênçãos. Ele requer de cada cristão uma vida frutífera.

a) O chamado é para todos. Não são apenas alguns que


precisam santificar suas vidas, orar, pregar a Palavra, etc.
Todos os salvos têm os mesmos compromissos diante de
Deus. Quando o Senhor voltar para buscar sua Igreja,
pedirá contas a todos (2 Co 5.10).

3
b) O compromisso é pessoal (Jo 15.4). Jesus atribui a cada
cristão a missão de trabalhar pelo crescimento da igreja.
Essa individualidade implica compromisso pessoal e
envolvimento diário por parte de cada um de nós, como um
corpo bem ajustado (1 Co 12.12).

2. TRABALHANDO OS TALENTOS: 
Deus jamais exigiria de um cristão uma vida de frutificação
sem antes prover os recursos necessários para o trabalho. Se não
fosse assim, poderíamos nos escusar quando o Senhor viesse para
ajustar as contas com sua igreja. A parábola dos talentos, narrada
em Mt 25.14-30, ilustra esta verdade. A história diz que certo
homem se ausentou de sua terra e entregou seus bens a seus
servos, para serem trabalhados com disposição, seriedade e
coragem. O que nos ensina esta passagem?

a) Talento gera talento. O homem que recebera cinco


talentos ganhou com eles outros cinco; o que tinha dois
granjeou outros dois (w. 20 e 22). A diligência levou à
multiplicação. Então, se talento gera talento, pode-se dizer
que ovelha gera ovelha. Para tanto, cada crente precisa
colocar suas aptidões cristãs a serviço do Reino de Deus. É
maravilhoso saber que quando usamos nossos talentos e
dons na obra de Deus, a Igreja é favorecida e abençoada.

b) Frutificar requer esforço e trabalho. Os servos se


esforçaram para que os talentos se multiplicassem.
Trabalharam com seriedade, porque sabiam que seu
senhor haveria de voltar a qualquer momento e pediria
contas dos bens. Aquele que recebeu um talento nada fez
para que o valor recebido fosse multiplicado; sequer o
entregou aos banqueiros (v.27).
Na vida espiritual também é assim. Nada acontece sem que haja
esforço, empenho, disposição e amor. O Senhor disse a
Josué: "Esforça-te, e tem bom ânimo…" (Js 1.9).

3. O PERIGO DE UMA VIDA INFRUTÍFERA: 


Para ilustrar este ponto, vamos à parábola da figueira estéril,
Lc 13: 6-9. Aprendemos as seguintes lições:
4
a) Fidelidade e privilégios. O Judaísmo foi comparado por
Jesus a uma figueira infrutífera. Esperava-se que entre o
povo escolhido houvesse fé, devoção, contrição e santidade.
No entanto, havia apenas formalismo religioso e pecados
ocultos. Deus não queria folhas, mas frutos. Deus exige
fidelidade proporcional às aptidões espirituais que Ele nos
concede.

b) Uma igreja infrutífera. Qual não foi a decepção do senhor


da vinha que, durante três anos, não pôde encontrar um
fruto sequer em sua plantação. O povo escolhido não estava
correspondendo ao chamado de Deus. Por isso, estava sendo
infrutífero em suas realizações, como uma planta que ocupa
a terra inutilmente, v. 7. Muitas igrejas hoje se assemelham
ao Israel daquela época. A cada ano Deus tem procurado
frutos, mas nada tem encontrado.

CONCLUSÃO: Assim como a figueira, o cristão infrutífero na vida


espiritual corre o risco de ser cortado. O que contribuiu para que
a figueira infrutífera não fosse cortada foi a pronta e amorosa
atitude do vinhateiro, Lc 13: 8, 9. No entanto, nada se sabe sobre
o seu o seu fim. Mas, uma coisa é certa, ela teve a oportunidade
de continuar plantada, para apresentar os frutos ao seu senhor.

Deus tem dado a cada crente muitas oportunidades de se envolver


com o crescimento da igreja. Vamos aproveitá-las e, com muita
dedicação, fazer a obra do Senhor.

LIÇÃO: 02 - NO MUNDO, MAS NÃO DO MUNDO.

NO MUNDO, MAS NÃO DO MUNDO.

Texto base: João 17.1-19 


Leitura diária
Seg. Jó 41.1-11 – Tudo lhe pertence
Ter. 1Co 1–3 – Sabedoria
5
Quart. Gn 3 – O pecado no mundo
Quin. Cl 1.13-23 – Restauração
Sex. Rm 12.1-8 – Presente século
Sab. Jo 1.1-14 – Esperança

Introdução
O cristão está no mundo. Jesus intercedeu por sua igreja
pedindo ao Pai que não nos tirasse do mundo. Estamos inseridos
neste contexto de coisas trazidas à existência por obra do Criador,
somos homens e mulheres criados conforme a imagem de Deus e
com a tarefa de estabelecer relacionamentos e interagir
biblicamente com o mundo à nossa volta. Mas como fazer isso de
modo que Deus seja glorificado? Como evitar que nossa vida se
torne mundana, secularizada?
Somos cidadãos dos céus, mas com a responsabilidade de
trazer luz a este mundo, cujos valores se distanciam do que
agrada a Deus.

I. O grande problema
A igreja evangélica tem se esforçado para ser relevante como
sal da terra e luz do mundo (Mt 5.13-14), mas geralmente tem
adotado dois extremos perigosos:
(1) Tornar-se um gueto, um grupo isolado, somente voltado
para os exercícios religiosos, inoperante e irrelevante para a
sociedade, uma luz que não brilha;
(2) Firmar um diálogo aberto com o mundo, tanto
empenhando-se em aprender o idioma do mundo que perde sua
própria essência. Portanto, é urgente discutir a questão
biblicamente a fim de adotarmos uma postura equilibrada, que
esclareça os crentes sobre qual é a atitude correta em relação à
cultura.
O fundador do departamento de História da Universidade Livre de
Amsterdã, professor Rookmaaker, com precisão argumentou sobre
um desses extremos, o qual envolve a prática do que ele chama
de espiritualidade fantasmagórica. Segundo Rookmaaker, muitos
cristãos, com frequência, acreditam que é suficiente pregar o
evangelho e fazer caridade. Ao se concentrarem em salvar almas,
esquecem que Deus é o Deus da vida e que a Bíblia ensina como
as pessoas devem viver e como devem lidar com o mundo, a
6
criação de Deus. O resultado é que, apesar de muitas pessoas
terem se tornado cristãs, o mundo se tornou totalmente
secularizado – um lugar em que a influência cristã é praticamente
nula.
Do outro lado, temos um movimento de igrejas que tentam
competir com o mundo, no qual o evangelho tem sido
transformado em entretenimento e pastores se esforçam para
serem descolados, tão bacanas quanto celebridades televisivas,
desenvolvendo imitações “cristãs” de tudo o que existe na cultura
popular. Algumas igrejas se orgulham justamente por copiarem o
mundo ao redor.
 
II. O “mundo” nas Escrituras
A confusão, em parte, ocorre pela dificuldade de entender
como a Bíblia define o mundo e como devemos nos relacionar com
ele. Por vezes a palavra “mundo” é empregada como o resultado
final da criação do universo; às vezes, no sentido de o planeta
Terra; outras vezes, como um conjunto de ideias e
comportamentos que acendem a ira justa de Deus e o entristecem.
 
A. Um mundo bom.
“No princípio, criou Deus os céus e a terra” (Gn 1.1). Deus trouxe
todas as coisas à existência por meio da sua palavra. Mas o
Criador não apenas ordenou que tudo viesse a existir, ele também
determinou que certas atividades fossem realizadas (Gn 1.26-28).
Ainda “faltava” algo. Alguns elementos e atividades estavam por
existir, e Deus resolver cumprir seu propósito por meio da ação do
ser humano. Por exemplo: Adão e Eva ainda não tinham filhos e a
terra não estava povoada. Deus poderia ter criado um grande
número de pessoas, mas cumpriu seu propósito abençoando o
primeiro casal com fecundidade e ordenando que se
multiplicassem. Outras árvores (além das criadas por Deus)
deveriam ser plantadas a partir daquelas cujos frutos produziam
sementes, e animais deveriam ser cuidados com vista à
manutenção da vida do homem (Gn 1.29-30). Deus ordenou o
estabelecimento das culturas agrícola e pecuária. E “viu Deus
tudo quanto fizera, e eis que era muito bom” (Gn 1.31).
Havia uma infinidade de potencialidades que deveriam ser
desenvolvidas pelos seres humanos. A ordem de povoar a terra
7
não traz consigo a ideia da criação de habitações e a
responsabilidade de organização social? Por isso não é nenhum
exagero pensar que “as ordens de Deus também se estendem às
estruturas da sociedade, ao mundo das artes, dos negócios e do
comércio” (A Criação Restaurada, Albert M. Wolters, Cultura
Cristã). No entanto, o pecado entrou em cena e trouxe
permanentes consequências (Gn 3), mas sem, contudo, apagar a
beleza de Deus impressa em tudo o que ele criou.
No livro de Jó, encontramos uma seção (cap. 38–41) que não
apenas exalta a pessoa de Deus como o Criador, mas também
deixa claro o prazer dele nas obras de suas mãos. Cornelius
Plantinga faz um empolgante comentário sobre essa seção: “Esses
capítulos repletos de teor poético não nos ensinam zoologia, mas
nos transmitem uma coisa importante: eles nos ensinam que
Deus ama a sua criação. Deus celebra a sua criação. Deus até
brinca com a sua criação” (O crente no mundo de Deus, Cultura
Cristã).
Essa perspectiva ecoa nos escritos do Novo Testamento. Quando
João fala “no princípio era o Verbo”, certamente usou a expressão
“no princípio” apontando para Gênesis 1.1, reafirmado, assim, que
o mundo foi criado por Deus. O apóstolo Paulo fala dessa verdade
(At 17; Cl 1.16,17), e o autor da Carta aos Hebreus também diz
que pela fé entendemos que Deus criou todas as coisas (Hb 11.3).

 B. O mundo corrompido


A Bíblia ensina que este mesmo mundo criado por Deus está
sob a maldição do pecado, que afetou toda a realidade criada. De
acordo com o Evangelho de João, por exemplo, “o mundo inteiro
jaz no maligno” (1Jo 5.19) e está sujeito ao dominador deste
mundo, Satanás (Jo 14.30; 16.11), que é o “deus deste século”
(2Co 4.4). O mundo não conhece a Deus nem aos filhos de Deus
(1Co 1.21; Jo 17.25; 1Jo 3.1,13). Na verdade, odeia os filhos de
Deus (Jo 15.18-19; 17.14). Então, os seguidores de Cristo devem
se opor às manifestações de pecado existentes neste mundo e
vencê-las pela fé (1Jo 2.15-17; 5.4).
O texto de 2Coríntios 4.4 afirma: “… o deus deste século cegou o
entendimento dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a luz
do evangelho da glória de Cristo, o qual é a imagem de Deus.”
Paulo ensina, assim, que Satanás é deus deste mundo apenas no
8
sentido de que ele está sendo servido como se fosse Deus.
Satanás, o príncipe do mundo (Jo 14.30), não está no controle de
todas as coisas, mas é um agente importante na produção de uma
cultura marcada pela cegueira espiritual.
Eis aqui outro ponto importante. Os seres humanos que rejeitam
o senhorio de Deus são agentes culturais cegados pelo próprio
pecado e pela ação de Satanás, mas continuam agindo e
produzindo cultura e, por mais que tenham em mente difamar o
Criador, continuam a usufruir das bênçãos divinas: a vida, a
inteligência, a criatividade, o ar, o sol, etc., ou seja, continuam
sempre dependentes de Deus, ainda que produzindo um ambiente
hostil aos filhos de Deus.
Na oração sacerdotal, Jesus intercede por todos os seus, pedindo
que não sejam tirados desta realidade criada, mas libertos do mal
(Jo 17.14-16). Continuamos aqui na Terra, mesmo tendo, em
Cristo, uma nova natureza, porque temos uma missão: ser sal e
luz.
 
C. O mundo sendo redimido.
O universo trazido à existência pelas mãos do Criador, mas agora
manchado pelo pecado, pode ser reparado, restaurado. “Deus
estava em Cristo reconciliando consigo o mundo” (2Co 5.19).
Cristo é a luz do mundo (Jo 1.12) e é também seu Salvador (Jo
4.14). Afinal, Deus continua soberano, a beleza de seus atos ainda
pode ser vista (Sl 19; Rm 1.18-21). Cornelius Plantinga tenta
exemplificar essas questões nos seguintes termos: “Do mesmo
modo que um violino Stradivarius que esteja danificado, batido,
mal consertado, desafinado, pode ser ainda inconfundível ao olhar
e aos ouvidos bem treinados, tudo o que foi feito por Deus retém
pelo menos parte da sua bondade e da sua promessa”. Jesus veio
para nos mostrar que somente nele podemos ter a esperança de o
mundo voltar a soar harmoniosamente.
Ainda na oração sacerdotal, Jesus (Jo 17.17-18), após pedir que
os seus discípulos fossem santificados na verdade, anuncia que
eles agora teriam uma missão no mundo: “Assim como o Pai
enviou seu Filho ao mundo para salvar pecadores, assim Cristo
enviou os apóstolos para darem continuidade a essa obra” (Bíblia
de Estudo de Genebra). A igreja é o povo que deve dar

9
continuidade ao que Cristo iniciou. A igreja deve ser um oásis no
meio do deserto.
 
III. Dualismo
A visão de mundo dualista é uma maneira de tentar entender a
realidade à nossa volta. Parte do princípio da existência de uma
tensão (conflito) de opostos em equilíbrio de forças: o bem e o mal,
as trevas e a luz, o yin e o yang da cultura oriental, o corpóreo e
o espiritual. O dualismo enxerga o mundo na coexistência
de dois poderes, o bem disputando contra o mal. Quando esse
conceito é aplicado ao cristianismo, cria-se a ideia errada de Deus
lutando para tentar vencer o diabo. E assim se enxerga uma
divisão entre aquilo que é santo (de Deus) e o que é profano (do
diabo).
Todavia, não é isso o que a Bíblia ensina. Na verdade, Deus criou
todas as coisas e, mesmo com a ação do pecado e a ação real e
mortal de Satanás, o mundo permanece sob o domínio soberano
de Deus. Um exemplo evidente disso está no início do livro de Jó:
o diabo aflige a vida de Jó dentro dos limites estabelecidos e
permitidos por Deus (Jó 1.12). Nos Evangelhos, os demônios
reconhecem a autoridade de Jesus e são expulsos pelo poder de
Cristo, o Filho do Homem (Mt 8.16,28-32; Mc 1.32-34). Nenhum
pardal cai ao chão sem a permissão divina (Mt 10.29-30), pois não
apenas a vida, mas até a constante ação da gravidade é
manifestação do seu domínio perene. Portanto, o mundo não está
sendo disputado em uma queda de braço.
A Igreja, no período medieval, distanciou-se da visão bíblica e
abraçou a forma dualista de ver e entender o mundo. Como
resultado, passou a enxergar o mundo em basicamente dois
compartimentos distintos: o reino espiritual de Deus (as orações, a
vida monástica, o serviço à igreja, as manifestações de devoção
religiosa) em oposição ao reino deste mundo natural. Naquele
período, por exemplo, o único meio de um pintor talentoso ganhar
a vida era estando a serviço da igreja; as pinturas quase sempre
possuíam temas religiosos, com a intenção de inspirar devoção e
ensinar uma lição moral ou espiritual.
A Reforma Protestante buscou purificar a igreja e livrá-la desse
erro doutrinário. Para os reformadores, o natural era tão santo
quanto o espiritual, e a obra do Pai na criação era considerada tão
10
magnífica e cheia de significado quanto a obra do Filho na
redenção. A partir da Escritura, eles compreenderam que Jesus é
o redentor cósmico, o único por meio de quem todas as coisas
eram restauradas ao Pai (Cl 1.20).
A salvação em Cristo não tem apenas implicações para a glória
futura, tem também alegrias e consequências aqui e agora,
implicações para a vida presente do crente. A vida de santidade se
desenvolve no relacionamento do crente com este mundo: nas
tentações que são superadas, na tarefa de evangelização, na
integralidade da vida do lar, na busca pela excelência profissional
e estudantil, assim como na leitura da Palavra e na vida de
oração. Jesus salvou (transformou) os agentes culturais e espera-
se, portanto, que a cultura também seja transformada.

Conclusão
Realmente existe uma batalha ocorrendo na Terra, onde Satanás
tenta confundir os crentes ou diminuir a confiança de que Cristo é
suficiente para nossa salvação. Em outras palavras, é uma
batalha pelos corações e pelas mentes e tem a ver com
verdade versus erro, fé versus incredulidade. Deus continua no
controle, sem nos dar muitos detalhes do motivo pelo qual permite
a existência das armadilhas do inimigo. E embora a humanidade
tenha transformado este mundo em um lugar de rebeldia,
maldade e aparente desordem, Satanás não tem a menor chance
de vitória final. Ela já foi conquistada por Cristo.
Um entendimento mais profundo do evangelho nos ajudará a
melhor compreender o mundo à nossa volta e como devemos nos
relacionar biblicamente com ele, sem desprezar a realidade do
senhorio de Cristo, vislumbrando a glória porvir, mas entendendo
que temos uma nobre missão.

Aplicação
Como enfrentar este combate? Como equilibrar essa compreensão
de que, por um lado, este mundo jaz no maligno e, por outro, o
cristão é agente de transformação da cultura e deve deixar nela as
marcas do cristianismo? Liste três maneiras sobre como você pode
colocar em prática essa ordenança de ser sal da terra e luz do
mundo.

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Um fabricante de sapatos perguntou a Lutero o que deveria fazer
agora que conhecia o evangelho. Qual deveria, agora, ser seu
chamado? A resposta do reformador ao sapateiro foi
surpreendente (como seria para muitos de nós hoje): “Faça um
bom sapato e venda-o a um preço justo”.

LIÇÃO: 03 - A INFLUÊNCIA DO CRISTÃO

A INFLUÊNCIA DO CRISTÃO
Texto básico: Mateus 5.13-16
Versículo-chave
“Assim brilhe também a vossa luz diante dos homens, para que
vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai que está nos
céus” (Mt 5.16).

Leia a Bíblia diariamente


Segunda: Cl 4.2-6
Terça: Is 51.4-6
Quarta: Jo 8.12-20
Quinta: Is 42.1-9
Sexta: Fp 2.12-18
Sábado: 2Co 4.1-6
Domingo: Mt 5.13-16
12
 
INTRODUÇÃO
Jesus enfatiza a necessidade do cristão exercer influência
para o bem no mundo ao seu redor. Que influência devemos
exercer num mundo tão cheio de mal, corrupção e violência? Para
definir a natureza dessa influência, Jesus usa duas figuras
comuns do lar – sal e luz. Qual é o lar, por mais pobre que seja,
que não usa tanto o sal como a luz? Sal e luz são itens
indispensáveis em qualquer lar.
I – VOCÊS SÃO O SAL DA TERRA (Mt 5.13)

1. A função do sal (v.13)
No mundo antigo, o sal era algo de muito valor. O sal tem, pelo
menos, três características. 
 Sal é tempero que – dá sabor à comida – essa é a
característica mais conhecida. Já pensou comida sem sal? É
tão insípida, como o próprio Jó reconheceu ( Jó 6.6)!
A influência do crente no mundo deve ser como o sal para a
comida – a presença do crente dá um novo sabor ao ambiente
no escritório, na faculdade, na fábrica, etc. Será que a nossa
presença tem essa influência positiva? Infelizmente, muitas
pessoas consideram que o crente tira o sabor da vida.
 Sal é preservador – evita a putrefação
– no mundo antigo o sal era o preservador mais comum. Antes da
invenção da geladeira, o sal era usado para preservar a carne e o
peixe do apodrecimento. Até hoje é usado na tão conhecida carne-
de-sol do Nordeste.
Assim, se o crente vai ser “o sal da terra”, deve ter uma
influência antisséptica no mundo. A presença do crente deve
evitar o progresso do mal, derrotando a podridão ao seu redor.
É uma tragédia que a igreja evangélica, representando 20-25% da
população brasileira, não tem exercido influência maior para o
bem no meio político, sindical e social, como o verdadeiro “sal da
terra”. “Os cristãos foram colocados por Deus numa sociedade
secular para retardar esse processo de podridão. Deus pretende
que penetremos no mundo. O sal cristão não tem nada de ficar
aconchegado em elegantes e pequenas despensas eclesiásticas;
nosso papel é o de sermos ‘esfregados’ na comunidade secular,

13
como o sal é esfregado na carne para impedir que apodreça”
(Stott).

 Sal é ligado à pureza – não há dúvida que sua brancura


brilhante fez essa ligação fácil. Os romanos diziam que o sal
era a coisa mais pura de todas as coisas, porque veio das
coisas mais puras, o sol e o mar.
Se o crente vai ser “o sal da terra”, tem de ser um exemplo de
pureza. Uma das características da sociedade em que vivemos é o
rebaixamento dos padrões de pureza. Não há mais restrições na
área moral – sexo antes de casamento é normal, e infidelidade no
casamento é comum. Os filmes com cenas de sexo explícito na TV
e no cinema, as piadas sujas na fábrica e no escritório são áreas
nas quais o crente tem de demonstrar sua pureza. Quando o
crente está presente, os colegas param de contar as piadas
duvidosas, a TV é desligada. Em outras palavras, o crente deve ser
mais corajoso na condenação do mal. “Às vezes, os padrões de
uma comunidade afrouxam-se por falta de um explícito protesto
cristão” (Stott).
O crente não pode se retirar do mundo, mas deve “a si mesmo
guardar-se incontaminado do mundo” (Tg 1.27). E isso não é
nada fácil. O crente é “chamado a ser um purificador moral
em um mundo onde os padrões morais são baixos, instáveis,
ou mesmo inexistentes” (R.V.G. Tasker).

2. A eficácia do sal (v.13) A eficácia do sal é condicional. Para


continuar a ser útil, o sal tem de conservar a sua salinidade. É um
fato que o sal não pode perder sua qualidade de salinidade. John
Stott explica que “o cloreto de sódio é um produto químico muito
estável, resistente a quase todos os ataques. Mas provavelmente
Jesus está alertando Seus discípulos de que o sal pode se tornar
adulterado por impurezas e, quando isso acontece, “para nada
mais presta”. A mesma coisa pode acontecer aos discípulos. A
salinidade do crente vem do seu caráter descrito nas oito bem-
aventuranças; se não servem ao Senhor pelas suas boas obras, se
tornarão inúteis e serão rejeitados. O problema, muitas vezes, é
que o crente se deixa contaminar pelas impurezas do mundo, e,
por isso, perde a sua capacidade de influenciar.

14
 É irrecuperável – “como lhe restaurar o sabor?” Não há
remédio para o sal sem sua salinidade.
 É inútil – “para nada mais presta.”
 É condenado à destruição – “lançado fora, ser pisado pelos
homens.”
Não há dúvida a respeito da verdade que Jesus está
ensinando. Se não estamos sendo úteis, então seremos
jogados fora. Inutilidade sempre traz desastre. E não se
esqueça! O crente é sal, e não açúcar!

II – VOCÊS SÃO A LUZ DO MUNDO (Mt 5.14-16)


Luz é uma figura muito importante nas Escrituras. “Deus é
luz” (1Jo 1.5). Isaías 9.2 fala da vinda de Jesus: “O povo que
andava em trevas viu grande luz”. A missão de Israel era ser “luz
para os gentios” (Is 42.6; 51.4-5). Paulo nos lembra que “o deus
deste século cegou os entendimentos dos incrédulos, para que lhes
não resplandeça a luz do evangelho da glória de Cristo” (2Co 4.4).

1. A função da luz (v.14-15) É interessante que Jesus convoca


Seus seguidores a ser aquilo que Ele mesmo é – “Eu sou a
luz do mundo” ( Jo 8.12). Aqueles que permanecem em
Cristo, a verdadeira Luz, são também luz. A luz de Jesus,
brilhando neles, aparece em cada rosto, nas palavras, nas
ações, e ilumina o mundo ao redor.

 A luz deve ser vista – As casas na Palestina eram bastante


escuras, com uma abertura pequena que servia de janela. A
posse da luz de Cristo faz com que Seus discípulos sejam
visíveis, como uma “cidade edificada sobre um monte”, que
pode ser claramente vista a quilômetros de distância. Os
crentes não podem se esconder e deixar de brilhar para
Cristo.
Esse texto enfatiza que não pode haver discípulos secretos. A
nossa fé deve ser vista na maneira pela qual tratamos o balconista
na loja, a doméstica em casa, o porteiro no prédio, o empregado
no serviço.
 A luz dissipa as trevas – Paulo, ao escrever aos filipenses,
enfatiza sua função: “Inculpáveis no meio de uma geração
pervertida e corrupta, na qual resplandeceis como luzeiros no
15
mundo” (Fp 2.15). O mundo não pode permanecer nas
trevas.
 A luz avisa do perigo – revela os perigos que nos cercam
neste mundo tenebroso.
 A luz é um guia – “Lâmpada para os meus pés é a tua
palavra, e luz para os meus caminhos” (Sl 119.105). Pelo
nosso testemunho brilhante, dirigimos muitos no caminho
certo.
 A luz deve brilhar no MUNDO – é bom observar que o lugar
onde devemos brilhar para Jesus é o mundo, onde as trevas
dominam.
Jesus não disse – “Vós sois a luz da igreja”, mas “Vós sois a
luz do mundo”.

2. O resultado da luz (v.16)

 Outros podem ver as nossas boas obras – Jesus esclarece


que as nossas boas obras são essa luz. Essa expressão
abrange tudo o que o crente faz e diz, demonstrando sua fé
cristã. Em outras palavras, refere-se ao seu testemunho
diário.
 Outros podem glorificar ao nosso Pai nos céus – Nossas
boas obras não devem chamar a atenção para nós, mas para
Deus. “Quando os homens veem tais obras, disse Jesus,
glorificam a Deus, pois elas encarnam as boas novas do Seu
amor que nós proclamamos” (Stott).

CONCLUSÃO

Não há dúvida que Jesus está enfatizando que deve haver


uma diferença fundamental entre o crente e o não crente, entre a
igreja e o mundo. Diz Stott: “Este tema é básico no Sermão do
Monte. O Sermão foi elaborado na pressuposição de que os
cristãos são por natureza diferentes, e convoca-nos
a sermos diferentes na prática. Provavelmente, a maior de todas
as tragédias da igreja ao longo de sua história … tem sido a sua
constância de conformar-se à cultura prevalecente, em lugar de
desenvolver uma contracultura cristã”.

16
Assim aprendemos que fomos colocados no mundo com este papel
duplo: como sal, para interromper, ou pelo menos retardar este
processo da corrupção moral e espiritual, e como luz, para
desfazer as trevas.
John Stott resume a função do crente da seguinte maneira: “Jesus
chama os Seus discípulos para exercerem uma influência dupla
na comunidade secular: uma influência negativa, de impedir a sua
deterioração, e uma influência positiva, de produzir a luz nas
trevas. Pois impedir a propagação do mal, é uma coisa; e promover
a propagação da verdade, da beleza e da bondade é outra”.

LIÇÃO: 04 - DISCIPULADO: O DESAFIO DE


TRANSMITIR A FÉ PARA AS NOVAS GERAÇÕES

Texto básico: 2 Timóteo 3


Segunda: Deuteronômio 6. 4-9
Terça: Salmo 51. 10-13
Quarta: Provérbios 6. 20-23
Quinta: Mateus 28. 18-20
Sexta: Atos 2. 42-47
Sábado: 1 Timóteo 4. 11-16

INTRODUÇÃO
Podemos enxergar o desafio da transmissão de nossa fé para os
mais novos como um desafio de “formação”. Afinal, não se trata
apenas de compartilhar conceitos ou doutrinas, mas muito mais
de “educar” novos seguidores de Cristo, que aprendam a obedecer
a tudo o que ele nos ensinou (Mateus 28. 20) e que por sua vez se
dediquem a formar novos seguidores.
Falar de formação é falar de um processo, contínuo, que envolve
todas as dimensões do nosso ser – intelectual, moral, espiritual.
Os novos seguidores aprendem com o ensino e, sobretudo, com a
prática deste ensino na vida de seus “formadores”. Este processo
17
nunca vai funcionar na base do “faça o que eu digo, mas não faça
o que eu faço”.
Timóteo, um jovem seguidor de Cristo (1 Timóteo 4. 12), propenso
à introspecção (2 Timóteo 1. 6-8) e de frágil saúde (1 Timóteo 5.
23), teve um “formador” de nome Paulo. E experimentou este
processo de formação que temos mencionado; um processo
integralizador das várias dimensões da vida humana, pois ele
seguia de perto não apenas o ensino de Paulo, mas também “a
conduta, os projetos, a fé, a longanimidade, a caridade, a
perseverança, as perseguições e os sofrimentos” do apóstolo (2
Timóteo 3. 10-11).
Portanto, este é um processo que envolve intimidade,
transparência e autenticidade. Não perfeição, pois senão nenhum
de nós (incluindo Paulo e, principalmente, Timóteo!) poderia
participar dele. Temos nos envolvido neste processo de formação?
Quem tem nos formado como seguidores de Cristo? A quem temos
“educado” neste processo? Nossa comunidade se preocupa
genuinamente com este assunto?                                          

Para entender o que a Bíblia fala


1. Timóteo, filho na fé e colaborador de Paulo na cidade de Éfeso
(1 Timóteo 1. 1-3), já estava vivendo “nos últimos dias” (2 Timóteo
3. 1, 5b), período inaugurado na primeira vinda de Cristo, e que
aguarda seu desfecho na volta do Senhor. Nos vv. 2-4, Paulo
fornece uma lista geral (sem a pretensão de ser definitiva)
contendo as atitudes características das pessoas neste período.
Note a primeira e a última atitude listada por Paulo (v. 1, 4). De
que maneira elas podem resumir bem toda as demais
características? Que evidência temos aqui de que essas pessoas
também eram religiosas (v. 5)?
2. Observe a forma como as pessoas controladas por aqueles
líderes religiosos são descritas (v. 6). Por que nos tornaremos
vulneráveis às manipulações espirituais e religiosas quando
estamos “instáveis, sobrecarregados de pecados e levados por toda
espécie de desejos” (v. 6, NVI)?
3. Ao contrário daqueles líderes, Timóteo deveria se apoiar na
influência espiritual de Paulo (vv. 10-13). Por que Timóteo poderia
confiar neste apoio? É possível percebermos aqui um “legado
integral” por parte do apóstolo? Como?
18
4. Paulo não esperava, da parte de Timóteo, fé e confiança cegas.
O que ele esperava, e quais as duas razões que ele fornece para
isto (vv. 14-15)?
5. Qual é a origem da Escritura Sagrada, e por que ela é
fundamental tanto para o “mestre” quanto para o “aprendiz” (vv.
16-17)?
6.
Hora de Avançar
Diante do desafio de transmitir a fé para novas gerações,
precisamos considerar com seriedade três dimensões que
demonstram a natureza pessoal de nossa fé em Cristo. A primeira é
a necessidade de sermos intelectualmente íntegros.(…) Muitos
jovens abandonam a fé porque encontram respostas evasivas aos
grandes questionamentos, o que os leva a uma crise de confiança.
(…) A segunda é a necessidade de sermos moralmente íntegros. A
fé cristã requer de nós uma coragem moral como expressão do
caráter transformado que experimentamos em Cristo.(…) A terceira
é a necessidade de sermos espiritualmente íntegros. A fé cristã é
um chamado para nos relacionarmos com a Trindade – Pai, Filho e
Espírito Santo. O convite de Jesus para segui-lo envolve estar com
ele e não somente aprender com ele. (Ricardo Barbosa)

Para pensar
John Stott, em seu comentário (A mensagem de 2 Timóteo, ABU
Editora), resume o ensino de Paulo com as seguintes sentenças:
guarda o evangelho (cap. 1), sofre pelo evangelho (cap. 2),
permanece no evangelho (cap. 3), e prega o evangelho (cap. 4). No
terceiro capítulo, portanto, Timóteo é chamado e animado a
permanecer com fidelidade no caminho que havia escolhido
trilhar, caminho que havia sido pavimentado previamente com a fé
de sua família (2 Timóteo 1. 5) e com o ensino e exemplo do
apóstolo.
Timóteo havia não apenas ouvido Paulo, mas também presenciado
a encarnação daqueles ensinamentos no viver diário e nas reações
do apóstolo. Ele devia permanecer firme naquilo que havia
aprendido, pois sabia quais tinham sido seus mestres (v. 14).

19
O que disseram
“Alguém perguntou a Pai Poimen: ‘O que devo fazer com minha
alma: ela é insensível e não teme a Deus!’ Ele lhe disse: ‘Vai e
junta-te a um homem temente a Deus. Quando dele te aproximares,
ele acabará te ensinando a temer a Deus!’” (Apotegma, 639). Aqui
não se oferece uma solução fácil, mas mostra-se uma caminhada
que poderá durar muitos anos.(…) Assim, quando se trata de dar
um conselho, os monges reportam-se à experiência. Não é a teoria,
mas sim a vida na prática que nos ensina a viver corretamente, a
crer corretamente e a amar corretamente. Anselm Grun, “A
orientação espiritual dos Padres do deserto”, Editora Vozes.

Para responder
1. Numa dinâmica saudável do discipulado cristão, nós sempre
estaremos cuidando de alguém e sendo cuidados por outros. Em
outras palavras, sempre estaremos influenciando e sendo
influenciados em nossa caminhada. Como tem sido esta dinâmica
em sua vida? Quem tem acompanhado e influenciado sua relação
com Deus? E como você tem influenciado as pessoas mais novas
ou inexperientes do que você?
2. De que maneiras a minha comunidade cristã pode estar
construindo “uma aparência de piedade, mas de fato negando seu
poder” (v. 5)? Como transformar essa situação?

Eu e Deus
Senhor Jesus Cristo, quando eu usar teu nome, mantém-me
honesto de modo que eu esteja expressando um relacionamento
contigo e me comprometendo com uma resposta a tua vontade.
Quero que toda a minha vida, não apenas minha boca, expresse
teu nome. Amém. (Eugene Peterson, “Um ano com Jesus”, Ed.
Ultimato)

20
LIÇÃO: 05 - SANTO NO MUNDO (EM CRISTO)

Texto básico: Romanos 6
Leitura diária
Dom. Mt 16.24-27 Tome sua cruz
Seg. Cl 3.1-17 Ressuscitados com Cristo
Ter. 1Pe 217-22 A libertinagem corrompe
Quar. Gl 2.15-21 Não vivo eu, mas Cristo
Quin. Rm 13.11-14 Andemos dignamente
Sex. 1Pe 1.13-21 Sede santos
Sab. Ef 4.17.5.2 Imitadores de Deus

INTRODUÇÃO
As descrições e exigências de santidade das Escrituras podem
nos levar a pensar que o padrão de Deus é alto demais para nós.
Afinal, quantas lágrimas já derramamos ao nos dar conta de que
vivemos como se ainda estivéssemos mortos em nossos pecados?
Ao chegarmos em Romanos 6, Paulo já descreveu a miséria
espiritual da humanidade, já expôs a justificação gratuita provida
por Cristo e os seus resultados gloriosos. As perguntas que
surgem diante da obra maravilhosa de Cristo a nosso favor são:
Como poderemos viver à altura dessa salvação? Será que a tarefa
é grande demais para nós? Por outro lado, essa graça não nos
empurra para uma vida de mais pecados ainda? Paulo não foge a
essas questões, mas apresenta a obra de Cristo como suficiente
para nós.

21
I. Crucificados com Cristo
“Permaneceremos no pecado?” Paulo responde firme e
negativamente (Rm 6.1). Ele não se coloca como um super-homem
espiritual, apontando nossas falhas, mas identifica-se com nossa
luta. A questão é crucial. Se estávamos mortos, e por meio do
sacrifício de Cristo fomos declarados justos diante de Deus, agora
devíamos estar vivos no Reino do Filho e mortos para o pecado.
Infelizmente, porém, muitas vezes vivemos como se ainda
estivéssemos mortos para Cristo e vivos para o pecado.
Paulo estava prevendo que os críticos do evangelho da graça
fariam a objeção de que se o perdão vem de graça (sem obras) ao
pecador, então seria lógico viver pecando mais ainda. É como se a
justificação pela graça premiasse o pecado! A resposta vem por
meio de outra pergunta: “Como viveremos ainda no pecado, nós os
que para ele morremos?” (v.2). Uma conversão verdadeira significa
morte verdadeira – morte para o pecado. Na verdade Paulo nos dá
até mesmo a data dessa morte: ao sermos “batizados em Cristo
Jesus” (v.3). Mas, depois de discorrer por cinco capítulos sobre a
justificação pela fé somente, o apóstolo não está mudando sua
tese para “salvação pelo batismo”; acontece que, nos tempos
apostólicos, conforme vemos em Atos (2.41; 8.38; 10.48, por ex.),
o batismo seguia a confissão de fé em Cristo quase que
imediatamente, tornando-se experiências não muito distintas.
Aqui, Paulo fala do batismo como símbolo ou marco da união do
crente com seu Salvador. Simboliza e sela visivelmente a
purificação dos pecados e o recebimento do Espírito Santo pelo
crente (1Co 12.13). A ideia é que nós devemos nos lembrar de que
a vida cristã é uma vida de identificação com a morte de Cristo.
No momento em que aceitamos Cristo como nosso Salvador somos
justificados perante Deus, e nossa culpa se vai; mas ainda
precisamos lidar com esta vida presente, com nossos desejos e
tentações. A chave é não esquecermos que passamos pela morte
de Cristo: “Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue,
tome a sua cruz e siga-me” (Mt 16.24). Ser discípulo de Cristo é
ter sua velha natureza morta para o pecado, por isso, o cristão
não deseja “permanecer” nem “viver” no pecado.
Entretanto, devemos esclarecer que não cabe aqui o conceito
antibíblico ensinado por alguns de que o cristão está morto no
sentido de que já é imune à tentação e ao pecado. Esse erro tem
22
levado muitos crentes sinceros ao autoengano e ao desespero. Em
primeiro lugar, note que nosso texto utiliza a mesma expressão
“morrer para o pecado” tanto para nós quanto para Cristo, e como
é óbvio que Cristo nunca esteve receptivo ao pecado, nem se livrou
de sua influência apenas na sua morte, não pode ser esse o
sentido em relação a nós também. E, segundo, tanto as biografias
dos santos da Bíblia quanto a nossa experiência cristã
demonstram claramente que nossa natureza carnal fica ainda
ativa após a conversão. De qualquer forma o restante da epístola
confirma isto, pois Paulo passa a admoestar os irmãos de Roma a
deixarem as obras das trevas (Rm 13.11-14).
Devemos buscar o verdadeiro significado dessa morte com Cristo
na declaração de que a morte é o salário do pecado (Rm 6.23;
1.32). Cristo morreu como castigo pelo pecado; carregou nossos
pecados e sua justa consequência sobre si. Já sofreu de uma vez
por todas a pena pelos nossos pecados, portanto o pecado já não
tem direito ou poder sobre ele – e nem sobre nós, os que se unem
por meio da fé à sua morte sacrificial (v.7). Mortos para o pecado
porque em Cristo já sofremos o castigo devido ao pecado, e ele já
não tem direito sobre nós.¹ É assim que podemos viver.

II. Ressuscitados com Cristo


Se nós fomos unidos a Cristo na semelhança de sua morte,
algum dia seremos também ressuscitados com ele. Porém isso não
é algo apenas para o futuro, mas tem significado no presente:
“andemos nós em novidade de vida” (Rm 6.4). A ênfase de Paulo é
que não precisamos esperar o futuro, mesmo na vida presente
podemos experimentar a realidade de que não somos mais
escravos do pecado (v.6), pois ele foi destituído completamente de
poder (este é o significado de “destruído”).
É maravilhoso sabermos que, tendo aceitado Cristo como nosso
Salvador, nós, da mesma forma que ele, seremos fisicamente
ressuscitados da morte; mas o ponto aqui é que há um significado
dessa ressurreição que é válido para nossa vida atual. É como se
ele dissesse: “Cristo morreu e ressuscitou no passado; pela fé nós
já morremos com ele e ressuscitaremos como ele – agora viva de
acordo com isso!” Nosso chamado é para vivermos no presente
como se já estivéssemos no futuro. Eis aí o chamado cristão,
esplêndido e real ao mesmo tempo. Assim como Cristo não morreu
23
por morrer simplesmente, nossa vocação também não é
puramente negativa – morrer para o pecado –, mas extremamente
positiva, pois estamos vivos para Deus. A vida cristã não é um
mero estilo de vida mais tristonho, cheio de privações e sacrifícios.
Certamente estão envolvidos aspectos negativos e de sacrifício,
mas são determinados pelo ponto essencial e positivo de viver
para Deus.
A vida cristã não pode ser medida pelo número de programações,
o tempo de conversão ou o número de cargos na igreja. Para
estarmos vivos para Deus temos de ressuscitar de uma morte
continuamente. Devemos morrer para a autossuficiência, para o
egoísmo, para o egocentrismo. Estar vivo para Deus é essencial, e
para isso, deve haver morte. Não há outro caminho. Em nosso
cotidiano, devemos experimentar tanto a morte para o pecado
quanto o viver para Deus.
Entretanto, em lugar algum da Bíblia se diz que alguém seja capaz
de viver de forma perfeita nesta vida; por outro lado, também não
há a sugestão de que nós possamos nos manter amarrados às
cadeias de nosso passado pecaminoso. Há um poder que quebra
essas cadeias, mas ele não vem de nós; é o poder do sangue
derramado por Jesus, que morreu, sim, mas ressuscitou e está
vivo. É por meio de sua obra consumada na cruz que essa vida é
possível. “Vivos para Deus em Cristo Jesus”, Paulo diz (Rm
6.11,23). É em Cristo que viveremos. Isso significa dizer que a
obra de Cristo não inclui apenas o preço do nosso pecado, mas
igualmente o poder de ressurreição para a nossa vida.
Esses são fatos consumados, baseados na obra efetiva de Cristo,
não são fruto de nossa imaginação. Entretanto, Paulo nos convoca
a “considerar” este fato; nossa mente tem um papel importante
aqui: em oposição a “ignorais” (v.3), ele contrapõe três vezes
“saber” (vs. 6,9,16). Não se trata de fantasia, mas de fé em fatos
reais ocorridos no passado, na obra consumada de Cristo, e por
ser essa uma obra digna de crédito, “cremos que com ele
viveremos” (v.8). Nossa mente deve compenetrar-se de tal modo na
morte e ressurreição de Cristo e nas suas consequências para nós
a partir de nosso batismo nele, que vivermos em pecado será uma
alternativa absurda e descartada enfaticamente.
Isso não é uma abstração nem uma espiritualização da vida, mas
Paulo está nos dizendo exatamente os meios pelos quais essa
24
realidade passa a ser concreta em nossa vida. Repetindo: Paulo
não fantasiando a vida cristã, dizendo que você será perfeito daqui
para frente; mas há uma enorme diferença entre não conseguir
ser perfeito e ser escravo do pecado, deixá-lo reinar e dominar (Rm
6.6,12,14,16). A obra de Cristo é a base sobre a qual nossa mente
pode construir novos pensamentos, novos valores e novas atitudes
(Rm 12.2; Ef 4.23,24).

III. Libertos em Cristo


Inúmeras coisas que realizamos parecem ser moralmente
neutras; mas, na maior parte das escolhas que fazemos estamos
nos oferecendo como instrumentos, ou do diabo pela injustiça e
desobediência, ou de Deus pela justiça e obediência (Rm 6.13).
Nessa primeira imagem, Paulo nos vê como instrumentos, armas
ou ferramentas a serviço de quem as manuseia. Através de nossos
atos nós podemos realizar as obras de Satanás, agindo com a
mentira, o ódio, a injustiça, e todas as obras da carne listadas
pelo mesmo Paulo em outra carta (Gl 5.19-21; confira com Jesus
chamando os fariseus de filhos do diabo, Jo 8.44). Mas a partir do
momento da conversão somos feitos ferramentas de um novo
dono, estamos debaixo da dominação da graça, e devemos ser
instrumentos que produzem justiça (Gl 5.22,23).
Porém, a partir do verso 15 ele completa a mesma ideia ao fazer
uso de uma analogia com o mercado de escravos, bem conhecido
daqueles crentes em Roma. Um escravo não tem projetos próprios
nem persegue seus próprios objetivos e desejos, pois não tem
autoridade sobre si mesmo; está obrigado a obedecer seu amo,
seu dono. Mas o apóstolo afirma que há um ponto no qual o dono
perde toda a autoridade sobre seu escravo: a morte. Pois essa é a
situação exata do cristão, que era escravo do pecado e não tinha
forças para fazer outra coisa senão obedecer a ele; mas agora, pela
fé, o escravo foi unido a Cristo em sua morte, e saiu de debaixo do
domínio e da autoridade do pecado. Mas a operação é completa,
pois não somente fomos libertos do pecado e colocados numa
posição de neutralidade, numa liberdade vazia de significado –
pelo contrário, fomos feitos “servos da justiça” (v.18).
É muito importante termos isto em mente – não existe uma tal
liberdade absoluta para seres humanos. Somente Deus tem
liberdade absoluta, pois nenhum de seus atos experimenta
25
contingência externa. Vamos explicar melhor isto: Quando Deus
decide fazer algo, não há nenhuma limitação ao seu poder, nada
que o impeça de realizar o que planejou (Jo 42.2). Nenhuma
criatura finita de Deus pode viver à parte de seu Criador, pois dele
derivamos não só nossa origem, mas nossa própria subsistência,
ou seja, nossa permanência como seres que existem. Isto significa
que o ateísmo é uma piada ridícula e de mau gosto. Mas também
significa que temos de escolher, como seres morais e racionais, se
desejamos viver na contramão do universo, em rebelião contra o
Criador e escravizados ao pecado; ou como escravos voluntários
de Deus, libertos das amarras do pecado e servindo por amor ao
Criador. Não há meio-termo quanto a isso; não há um lugar em
cima do muro onde possamos ficar neutros, nem servos do pecado
nem de Deus, como senhores de nós mesmos. O só cogitar tal
situação já é pecado grave de um coração abertamente rebelde.
Nossa liberdade é vivida quando nos apresentamos a Deus,
oferecendo-nos como “servos para obediência” e nossos membros
“para servirem à justiça para santificação” (Rm 6.16,19).

III. Vida em Cristo


Apesar de fundamentada na obra eterna de Cristo, essa
mudança de senhorio acontece pela verdade do evangelho (Rm
6.17). Jesus declarava ser ele mesmo a verdade, e que o
conhecimento da verdade libertaria os homens (Jo 8.32; 14.6).
Entretanto, em nosso mundo a ideia de uma verdade absoluta é
rejeitada completamente, pois a filosofia que reina na sociedade
afirma que cada pessoa deve encontrar sua própria verdade, que
cada um tem a sua, e que não há uma verdade absoluta.
Essa mentira se reflete no pensamento geral de que toda religião é
válida; mesmo dentro das igrejas muitos entendem que a doutrina
bíblica é somente para pastores e seminaristas, que é uma
questão secundária, ou até mesmo que é um impedimento para a
verdadeira espiritualidade. Porém, devemos insistir junto com
Paulo em que os crentes são libertos da escravidão do pecado ao
“obedecer de coração à forma de doutrina a que fostes entregues”
(Rm 6.17). O conteúdo do evangelho é a verdade sobre Deus
expressa em palavras humanamente compreensíveis, e a salvação
envolve obediência a essa verdade pela fé. É essa obediência à
verdade nos torna livres da servidão ao engano do pecado,
26
portanto somente somos realmente libertos do reino do pecado e
da morte quando nos colocamos realmente debaixo da servidão à
verdade, ao evangelho, a Deus (v.18).
A conversão cristã não pode ser resumida à prática de atividades
eclesiásticas, ou ao uso de algum talento pessoal – como falar em
público ou cantar. A Escritura declara enfaticamente que se trata
de uma mudança radical, do domínio do pecado para a servidão à
justiça. Quando chegamos a esse entendimento da vida cristã, não
só estaremos nos alegrando mais profundamente no Senhor, como
estaremos encontrando muito maior alegria em todos os nossos
relacionamentos humanos. Em algum momento futuro, na
ressurreição, o relacionamento dos homens com Deus, com outros
homens e com a natureza serão completamente restaurados e
aperfeiçoados; contudo, por meio da fé, podemos desfrutar dessa
cura em alguma medida já nesta vida. Para isto, devemos nos
oferecer à justiça “para a santificação” (v.19).
A santificação é o que poderíamos chamar de “lado consciente” da
nossa fé. Certamente é uma obra do Espírito Santo em nós, mas
também é um mandamento, uma oferta, um privilégio e a maior
vocação cristã (Rm 8.11; 12.1,2; Ef 4.22-24; 1Pe 1.15,16). Ela é
descrita como um processo de crescente obediência que perdura a
vida toda do crente, sem nunca alcançar nesta vida a perfeição.
Paulo novamente traça um contraste entre o estado anterior e o
atual: os resultados colhidos na injustiça, isto é, durante a
escravidão ao pecado, foram apenas coisas vergonhosas e morte.
Em outras palavras, antes da conversão até podíamos nos
considerar livres e independentes, mas na realidade apenas
gerávamos injustiça e esperávamos a morte; isso nos afetava e aos
nossos semelhantes. Não havia alternativa, pois a morte é a
consequência, o resultado, “o salário” devido ao pecado (6.23).
Em contraposição a esse quadro sombrio de escravidão e morte, o
apóstolo agora apresenta a realidade de libertação do pecado e
servidão a Deus que caracteriza o cristão verdadeiro, e seus
resultados maravilhosos: “a santificação e, por fim, a vida eterna”
(v.22). À medida que nos oferecemos à “obediência para justiça”,
ou como “instrumentos da justiça”, atendemos ao nosso chamado
para sermos cooperadores com Deus e seu Reino. E assim
descobriremos que é possível viver uma vida verdadeiramente

27
cristã aqui, antecipando a perfeita semelhança com Cristo que
teremos na eternidade de glória prometida.

Conclusão
A vida cristã é uma obra da graça. Mas de modo algum
permite uma vida de licenciosidade, pois isso seria negar o próprio
fundamento da vida cristã: a união com Cristo em sua morte e
ressurreição. Quem foi liberto do pecado é feito automaticamente
servo da justiça e deve viver de acordo com esta realidade – somos
novas criaturas.
Essa nova realidade deve ser experimentada diariamente pelo
oferecimento voluntário e amoroso de nossa vida ao nosso
Salvador. Em vez de desejarmos as mesmas coisas que nos
escravizavam anteriormente ao pecado, buscaremos a
santificação, a vida e a eternidade. Essa é uma vida cristã
gloriosa, alegre e compromissada com Deus, conferida a nós por
meio da obra consumada de Cristo.

Aplicação
Você já se viu tentado a abusar da graça, convivendo com o
pecado como coisa natural? Avalie-se diante de Deus com
urgência, e se arrependa.

LIÇÃO: 06 - EXEMPLOS DE TRANSFORMAÇÃO

Texto da lição: Mateus 10:2-15


Leitura devocional: O custo do discipulado – Lucas 14:25-33
Texto áureo: “Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue,
dia a dia tome a sua cruz e siga-me. “ (Lucas 9:23)

28
INTRODUÇÃO:
A obra que Jesus desejava realizar necessitava da
participação ativa e empenhada de homens e de mulheres. Por
isso, logo no início do Seu ministério, selecionou doze
cooperadores que treinou para se tornarem úteis no Seu trabalho.
Para a sua formação, convidou-os a estarem com Ele e a ajudá-Lo,
durante o Seu ministério terreno, para que, depois, fossem os
continuadores da obra, após a Sua partida. Estes homens
constituíam a Sua equipa de trabalho, escolhidos para ajudar na
realização da Sua Obra. Neste trimestre, as nossas lições terão,
como base, os textos que contêm referências às vidas dos doze
apóstolos.
Tendo em vista a preparação dos apóstolos, Jesus, no texto que
serve de base à nossa lição, comissiona-os e instrui-os,
relativamente aos lugares onde ir e o que dizer. Explicou-lhes,
outrossim, o que deviam fazer a favor dos outros e apresentou-
lhes o lema que deviam seguir, nas suas vidas. Mostrou,
igualmente, a atitude que deviam tomar, tanto no caso de
aceitação da mensagem, quer no caso de rejeição, prevenindo-os,
ainda, da possibilidade de terem que enfrentar inúmeras
dificuldades.
Convém, ao longo do estudo, saber adaptar à nossa vida tudo
quanto seja susceptível de aplicação. Convém-nos, igualmente,
meditar na grande transformação que Jesus realizou na vida
destes doze homens, ponderando, igualmente, a forma como Ele
pode transformar a cada um de nós.

I – JESUS TRANSFORMA PESSOAS COMUNS EM


TRABALHADORES EXTRAORDINÁRIOS (Mat. 10:1-2)
No verso 1, os doze homens são chamados de “discípulos”,
seguidores de Jesus, exemplos, para nós, quanto à forma de
manter um relacionamento com Ele e quanto à forma de O servir.
No verso 2, são apresentados como apóstolos, homens escolhidos
e treinados para uma missão especial e única, investidos de
responsabilidades e poderes únicos. Estes homens ilustram a
forma como Jesus nos pode, também, transformar e preparar para
o Seu serviço.

29
Embora possuindo qualidades especiais em cada um daqueles
homens, as quais determinaram a sua escolha, há um aspecto
comum a todos eles – tratava-se de homens comuns. Não eram
notoriamente ricos, com educação e formação esmeradas, tendo
sido, até, chamados de iletrados e incultos (Atos 4:13); não
descendiam de famílias poderosas ou de posição social; tal como a
grande maioria dos galileus, não integravam a elite religiosa que,
geralmente, morava em Jerusalém.
O fato de Jesus ter escolhido este gênero de pessoas para uma
tarefa tão extraordinária deve encorajar-nos, afastando todo o
gênero de temor, desafiando-nos, antes, a escolher servir ao
Senhor. Jesus não procura pessoas com extraordinários talentos
ou recursos, mas pessoas simples que decidam servi-Lo lealmente,
fazendo uso dos seus talentos e recursos. Deus concedeu-te, caro
leitor, o potencial necessário para fazer coisas grandiosas, o que
pode ser uma realidade, se decidires colocar a tua vida nas Suas
mãos, para a realização da Sua Obra. Aquilo que Paulo disse de si
mesmo, aplica-se, também, a ti: “tudo posso naquele que me
fortalece.” (Fil. 4:13).
Jesus escolheu os apóstolos pelo que podiam fazer, desde que Lhe
pertencessem, se sujeitassem a Ele e Lhe obedecessem. Pela nossa
força, somos incapazes de fazer o que quer que seja; porém, se
deixarmos que Ele nos prepare e capacite, seremos as pessoas
indicadas para realizar a Obra de Deus, “perfeitamente habilitados
para toda a boa obra.” (2 Tim. 3:17). Nunca digas não ter nada a
oferecer. Jesus pode usar-te para fazeres grandes coisas em Seu
Nome!

II – JESUS TRANSFORMA PESSOAS COMUNS NUMA FORTE


EQUIPE DE TRABALHO (Mat. 10:3-4)
É interessante notarmos que Mateus enumera doze homens,
mas menciona, apenas, a ocupação de um deles – o escritor
“Mateus, o publicano”. Sabemos que os homens referidos no verso
2 foram pescadores (Mat. 4:19), conhecedores da sua arte, mas
não preparados para lidar com a alma dos homens, pelo que
Jesus os transformou de pescadores em evangelistas.
Como publicano, Mateus era um corretor de impostos, ao serviço
de Roma; Simão, referido no verso 4, era cananita, conhecido
como Zelote, pessoa que se opunha ao domínio romano,
30
adversário e inimigo de todo o publicano. Porém, com Jesus, o
leão e o cordeiro viveram juntos, cooperando e interajudando-se,
num mesmo espírito. O seu relacionamento com Jesus ajudou-os
a aprenderem a amar-se mutuamente, não obstante o seu
posicionamento político, cultural e social. Só Jesus permite que
todos os crentes consigam trabalhar como uma família. Em
oração, Jesus pediu “Pai santo, guarda-os em teu nome, que me
deste, para que eles sejam um, assim como nós.” (João 17:11)

III – JESUS TRANSFORMA PESSOAS COMUNS, EM PESSOAS


DE DESTAQUE NO SEU REINO (Mat. 10:5-7)
Os apóstolos foram homens a quem fora confiada a
mensagem do “reino dos céus”. Primeiramente, pregaram para os
judeus, que procuravam o reino de Deus; mais tarde, Jesus
enviou-os aos gentios, que não sabiam o que era o reino de Cristo.
A grande maioria dos apóstolos fez o trabalho que lhes fora
confiado, sem grande notoriedade; outros, como Pedro e João,
tornaram-se famosos pelo seu desempenho, ainda que o Novo
Testamento, surpreendentemente, não revele muitos pormenores.
A história universal, porém, revela a mudança de rumo que o
mundo seguiu, fruto da ação dos apóstolos de Jesus. Não tiveram
o reconhecimento dado pelo mundo, mas tê-lo-ão, naturalmente,
pela pessoa de Jesus, na Nova Jerusalém, após a Sua vinda, em
glória. Até os muros dessa cidade testificarão da sua relevância no
serviço do Senhor. “A muralha da cidade tinha doze fundamentos,
e estavam sobre eles os doze nomes dos doze apóstolos do
Cordeiro.” (Apoc. 21:14).
Como transformou Jesus os doze em pessoas tão influentes?
Começou pela sua escolha, pois nenhum deles decidiram tornar-
se apóstolo; Em resposta à chamada, deixaram as suas
ocupações, tendo sido transformados em líderes na maior obra
que pode haver à face da terra.
Jesus continua a transformar homens e mulheres comuns,
dotando-os para trabalharem para o Seu Reino. A chamada pode
colocar-te numa posição de destaque ou na realização de alguma
tarefa que poucos reconheçam ou aplaudam; porém, qualquer
serviço para a obra do Senhor é importante e deve ser realizada
com fidelidade.

31
CONCLUSÃO
Tal como o apóstolo Paulo, somos devedores a todos aqueles
que o Senhor traz até ti (Rom. 1:14-15). Deves-lhes o amor e o
temor do evangelho na tua vida. Não necessitam de nossas
opiniões, mas sim da preciosa verdade que Jesus colocou no teu
coração.
Não nos esqueçamos de seguir os passos que os apóstolos
seguiram: 1. Dá, gratuitamente, do que recebeste do Senhor (Mat.
10:8); 2. Conhece e serve a Jesus, de uma forma pessoal (v. 1-4 e
Marc. 3:14); 3. Vai e prega fielmente (Mat. 10:7); 4. Sustenta
aqueles que dedicam a sua vida ao ministério do evangelho (v. 11-
13); 5. Resiste perante as dificuldades que surgem na tua vida
(v.14). Independentemente daquilo que faças para o Senhor, fá-lo
não nas forças da carne, mas na força que vem do Senhor, que te
transforma num servo extraordinário, na Sua Obra!

LIÇÃO: 07 - BOAS NOVAS

Texto da lição: Atos 1:8; 9:6, 15; Romanos 1:1-5, 14-16


Leituras diárias:
Segunda:   Mat. 28:19-20      Quinta:     2 Cor. 4:1-7
Terça:         Lucas 24:46-49   Sexta:      João 4:27-42
Quarta:       2 Tim. 1:11-14     Sábado:  Atos 28:11-31

Texto áureo: “Pois não me envergonho do evangelho, porque é o


poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê, primeiro do
judeu e também do grego.” (Romanos 1:16)

INTRODUÇÃO:

32
Os filhos de Deus, em virtude da graça recebida de Deus,
dotando-os do mais precioso tesouro que a humanidade pode
possuir – a salvação, em Jesus Cristo, têm uma dívida, constante,
com o mundo. Quanto mais observamos a forma como o apóstolo
Paulo interpretou e aplicou a comissão entregue por Jesus, mais
claramente tomamos consciência da dívida que pesa sobre nós.
Fomos indigitados para partilhar a mensagem do Evangelho, para
que outros possam encontrar o dom da vida abundante e eterna
em Jesus.

I) – ATENTANDO PARA O MANDAMENTO DE JESUS (Atos


1:8)

Quando se aproximava o momento de subir ao Céu, Jesus


tornou claro que a obra da evangelização é um imperativo para
todos os que O seguem, tendo-os comissionado para levarem a
Sua mensagem pelo Mundo. A primeira geração daria o seu
testemunho, na cidade em que morava – Jerusalém. Logo (conosco
incluídos) a mensagem seria levada, gradualmente, a toda a
humanidade.
A partir de Jerusalém, e da região da Judeia, os primeiros
discípulos iriam disseminar a semente do Evangelho entre o povo
malquisto de Samaria, continuando a expandir o conhecimento da
mensagem divina entre todos os povos.
Falar da Boa Nova do Evangelho constituiu um desafio para os
discípulos de então. Eram em pequeno número, e sem recursos.
Não imaginamos a dificuldade e perigo que enfrentavam, nas
viagens.
A ordem de Jesus, todavia, era levar o Evangelho até “aos confins
da terra”. Independentemente de tudo o que fizessem, no nome de
Jesus, não podiam escapar ao mandamento de Deus, de falar da
Boa Nova da Sua graça. Hoje, é esta a tua incumbência! O
mandato tem percorrido todas as gerações e é um imperativo na
tua vida. É importante envolveres-te em toda a obra e projetos da
tua Igreja, cooperando de coração, mas não podes negligenciar a
partilha do Evangelho com os outros, pois estarias a negligenciar
a maior das tuas responsabilidades como filho de Deus. As
pessoas que convivem conosco necessitam conhecer o poder de
Deus, através da tua vida, e o testemunho dos teus lábios.
33
II) – ACEITA O DESAFIO (Atos 9:6, 15; Rom. 1:1-5)

Paulo é um exemplo da chamada divina para o testemunho. Não


obstante ter recebido uma chamada especial para missionário
(Atos 9:6, 15), a sua chamada para ser “testemunha” de Cristo foi-
lhe conferida em virtude da sua submissão à soberania de Jesus
Cristo. Trata-se da mesma chamada que te é conferida, enquanto
crente em Jesus. Realmente, Paulo foi chamado para ser apóstolo,
atributo legitimamente concedido a um número muito reduzido;
porém, antes de ser chamado ao apostolado, foi chamado para ser
“servo de Jesus Cristo” (Rom. 1:1). A sua chamada demonstra-nos
o mandato de Jesus para tornar conhecido o Evangelho “entre as
nações” (v.5).
Como Paulo, somos chamados a sermos servos do Senhor e a
proclamar o Seu Evangelho entre todos com quem nos
relacionamos.
Para falar do Evangelho, Paulo tinha que o conhecer, pelo que a
chamada implicou o estudo das “Sagradas Escrituras, com
respeito a seu Filho” (v. 2 e 3). Todo o crente em Jesus deve
crescer no conhecimento da mensagem do Evangelho e na
capacidade de o partilhar com os outros.
Embora não sendo, à semelhança de Paulo, “apóstolos aos
gentios” (Atos 9:15), fomos, como ele, “separados para o
evangelho” para que, através do teu testemunho, outros possam
ter vida em Cristo (Rom. 1:1).

III) – HONRA A TUA DÍVIDA (Rom. 1:14-16)

Todo o crente é convocado para partilhar o evangelho com


aqueles que nunca ouviram esse convite tão singular e
importante. Deus permitiu que ouvisses a boa nova de salvação
em Cristo, recebendo o perdão dos pecados e o dom da vida
eterna. A partir desse momento, em que reconheceste a abertura
da graça de Deus a todos os que creem, deves partilhar essa
mesma mensagem que te foi transmitida.
A tua posição é semelhante à dos israelitas leprosos que
descobriram o local onde encontrar mantimento, enquanto os
companheiros morriam de fome. Após ter constatado a sua sorte,
34
disseram: “Não fazemos bem; este dia é dia de boas novas, e nós
nos calamos; se esperarmos até à luz da manhã, seremos tidos
por culpados; agora, pois, vamos e o anunciemos à casa do rei.” (2
Reis 7:9). Se te calares, relativamente à salvação de Deus,
negligencias no que respeita à tua obrigação, como crente em
Jesus, e cometes injustiça, no Âmbito da tua roda de influência.
Com Paulo, aprendemos a reconhecer as proporções da nossa
dívida. “Sou devedor”, foram as suas palavras! Somos devedores,
devendo colocar, a nós próprios, a questão: “Como (porém)
invocarão aquele em quem não creram? E como crerão naquele de
quem nada ouviram? E como ouvirão, se não há quem pregue?”
(Rom. 10:14).
Poderá acontecer seres tu a única testemunha com possibilidade
de apresentar a alguém, o caminho para a vida. Estás decidido a
falar?
Paulo afirmou: “Quanto está em mim, estou pronto a anunciar o
evangelho” (v. 15). Esta determinação granjeou-lhe perigos e
dissabores, comparecendo perante reis e governadores e, no fim
da sua vida, conduziu-o à situação de preso, em Roma, e à
condenação à morte. Porém, fielmente, apresentou a Boa Nova a
todos os que encontrava. Paulo é, para cada crente, o exemplo de
serviço a prestar.
O Evangelho é a mensagem poderosa, de Deus, para salvação.
Cristo transforma pecadores em santos, com poder para salvar
todo aquele que aceita o Seu convite a vir a Ele, para ter vida
(Heb. 7:25), não o lançando fora (João 6:37).

LIÇÃO 08 PRONTOS PARA CONTINUAR


Texto da lição: Atos 1:21-26; 1 Cor 15:8-10;
1 Timóteo 1:15-16

Texto áureo: “Depois disto ouvi a voz do Senhor, que dizia: A quem
enviarei, e quem há de ir por nós? Então disse eu: Eis-me aqui,
envia-me a mim.” (Isaías 6:8)

35
INTRODUÇÃO: A obra do Senhor tem continuado, de geração em
geração, realizada por obreiros dedicados que Deus vai chamando.
As tarefas que hoje desempenhamos hão de ser executadas por
alguém que, na hora própria, Deus há de chamar para nos
substituir. A obra de Deus é uma obra de continuidade.
A Bíblia registra o processo usado na igreja primitiva para a
escolha de um homem que ocupasse o lugar deixado vago por
Judas Iscariotes. Na verdade, Deus não só providenciou alguém
para continuar essa função, como também chamou um outro
homem para ser enviado como apóstolo aos gentios. Assim, o
evangelho seria pregado em muitos outros lugares do mundo que
não teriam sido atingidos se a tarefa fosse deixada somente à
responsabilidade dos onze apóstolos.
A forma como Deus vai agindo é, por vezes, admirável. Tem
sempre em vista a Sua glória e o melhor para Seus filhos e filhas.
Embora o mal prevaleça neste mundo, Deus continua sendo o
Senhor da História. Ele é capaz de transformar circunstâncias,
mesmo as que nos parecem menos boas ou inexplicáveis, para que
os Seus propósitos soberanos se cumpram. Nesse projeto, o
Senhor continua usando crentes fiéis, que se apresentem
disponíveis para O servir.
 
I – DISPONÍVEL QUANDO ESCOLHIDO (1:21-26)
A igreja de Jerusalém definiu as qualificações específicas dos
candidatos de entre os quais seria escolhido o substituto de Judas
Iscariotes. Tais cuidados mostram-nos que os primeiros cristãos
sabiam quais deviam ser as qualificações de um apóstolo: “É
necessário, pois, que, dos homens que conviveram conosco todo o
tempo em que o Senhor Jesus entrou e saiu dentre nós,
começando desde o baptismo de João até ao dia em que de entre
nós foi recebido em cima, um deles se faça conosco testemunha
da sua ressurreição” (vs. 21-22).
O primeiro requisito para o apostolado era ter convivido com
Jesus e ser testemunha ocular da Sua ressurreição. Depois, era
necessário ser escolhido pelo próprio Cristo, ou seja, sob a
presença e a orientação do Espírito Santo.
Apenas dois homens foram considerados como candidatos: “José,
chamado Barsabás, que tinha por sobrenome o Justo, e Matias”
(v. 23). Tal facto, não significa, necessariamente, que não
36
houvesse na igreja outras pessoas qualificadas. A escolha foi feita
em espírito de oração e dependência de Deus, invocando a
presença do Senhor e a Sua orientação: “Tu, Senhor, conhecedor
dos corações de todos, mostra qual destes dois tens escolhido…”
(v. 24). Depois, “por voto comum”, Matias foi o eleito.
Após a sua escolha, Matias “foi contado com os onze apóstolos” (v.
26) que, assim, passaram a ser os doze responsáveis pela igreja de
Jerusalém (Atos 6:2). Matias seria, depois, também, um dos “onze”
que se levantaram com o apóstolo Pedro quando este pregou o seu
célebre sermão no Dia de Pentecostes (Atos 2:14).
A tradição atribui a Matias o ministério de um verdadeiro apóstolo
de Jesus. Juntamente com André, ele terá ministrado na região da
Arménia, uma das zonas geográficas onde a perseguição aos
cristãos se tornou mais feroz. Se assim foi, Matias ministrou o
evangelho no meio de grandes perigos, juntamente com Judas
(Tadeu), Natanael, Simão (o Zelote) e André. Todos estes apóstolos
são creditados pelos cristãos arménios como aqueles que
evangelizaram o País. Crê-se que, sem exceção, terminaram as
suas vidas sofrendo o martírio, em nome de Jesus.

II – PRONTO QUANDO CHAMADO (15:8-10; 1 Tm 1:15-16)


Embora Paulo não cumprisse todas as qualificações para ser
apóstolo, tal como foram estabelecidas pela igreja de Jerusalém, o
Senhor qualificou-o de uma forma especial. Quando viajava para
Damasco, com a intenção de perseguir e prender cristãos a fim de
os conduzir a Jerusalém para serem julgados e condenados, Jesus
Cristo ressuscitado apareceu-lhe e confrontou-Se com ele.
A primeira reação de Paulo é reveladora da sua ignorância em
relação a Cristo: “Quem és, Senhor?” (Atos 9:5). Quando o Senhor
Jesus Se lhe revelou, Paulo logo se rendeu, de todo o seu coração,
ao senhorio de Cristo e, atônito, perguntou: “Senhor, que queres
que eu faça?” (Atos 9:6).
Esse encontro com Jesus, juntamente com outras “visões e
revelações do Senhor” (2 Coríntios 12:1), foi o fundamento da
vocação de Paulo para ser o apóstolo dos gentios. Na sequência do
encontro a caminho de Damasco, o Senhor disse a Ananias: “…
Este é para mim um vaso escolhido, para levar o meu nome diante
dos gentios, e dos reis e dos filhos de Israel. E eu lhe mostrarei
quanto deve padecer pelo meu nome” (Atos 9:15-16). Portanto,
37
apesar da tardia chegada de Paulo ao apostolado (1 Coríntios
15:1-8) e da perseguição que ele moveu contra a Igreja (1 Coríntios
15:9-11; 1 Timóteo 1:12-13), o Senhor escolheu-o para mostrar
aquilo que a graça de Deus pode fazer através de uma vida
transformada pelo poder de Deus. Belo e tocante é o testemunho
do Apóstolo:” Esta é uma palavra fiel, e digna de toda a aceitação,
que Cristo Jesus veio ao mundo, para salvar os pecadores, dos
quais eu sou o principal. Mas por isso alcancei misericórdia, para
que em mim, que sou o principal, Jesus Cristo mostrasse toda a
sua longanimidade, para exemplo dos que haviam de crer nele
para a vida eterna” (1 Timóteo 1:15-16).
Assim, Matias foi o escolhido para substituir Judas e Paulo foi
chamado pelo Senhor para a especial tarefa de evangelizar os
gentios. Repetidamente e sob a inspiração do Espírito Santo ele
apresentava-se como sendo “Paulo, chamado pela vontade de
Deus, para ser apóstolo de Jesus Cristo” (1 Coríntios 1:1). É
importante sublinhar que a obra de Deus foi continuada e
reforçada porque ambos estes “servos de Jesus Cristo” (e muitos
outros) se mostraram disponíveis quando Deus os chamou para a
Sua obra. Tal como Isaías, muitos séculos antes, também eles
ouviram a voz do Senhor dizendo: “A quem enviarei, e quem há de
ir por nós?” e, da mesma forma, ambos responderam: “Eis-me
aqui, envia-me a mim” (Isaías 6:8). E nós, ouvimos?

CONCLUSÃO
O Senhor transformou Paulo, de perseguidor dos cristãos num
dos maiores promotores do evangelho. Matias, de discípulo
silencioso foi transformado em alguém capaz de trabalhar, sob
duras condições, sem nunca desistir, para glória do seu Senhor.
Através deles, Deus mostra-nos como é importante estarmos
disponíveis para preencher as “vagas” na Sua obra. Hoje é o nosso
tempo. Que o Senhor permita que estejamos sempre disponíveis
para dar continuidade à difícil mas gloriosa tarefa de ganhar
almas para Cristo.

38
LIÇÃO: 09 APELO À TRANSFORMAÇÃO

APELO À TRANSFORMAÇÃO

Texto da lição: 1 Coríntios 1:1-2, 21-31


Leitura devocional: Transformação genuína. Romanos 12:1-2
Texto áureo: “Por isso não sejais insensatos, mas entendei qual
seja a vontade do Senhor.” (Efésios 5:17)

INTRODUÇÃO: Ao longo das últimas refletimos sobre a conduta


daqueles que o Senhor chamou para serem apóstolos. Notámos
que, ao chamá-los, Jesus confirmou essa chamada transformando
as suas vidas de modo a realizarem o projeto que Deus lhes tinha
determinado. Na obra do Senhor, a validação de uma chamada
divina é sempre confirmada pela frutificação. O Próprio Senhor
Jesus disse de Si mesmo: ”… As obras que o Pai me deu para
realizar, as mesmas obras que eu faço, testificam de mim, que o
Pai me enviou” (João 5:36).
Deus continua fazendo a cada um de nós, seus discípulos uma
chamada que exige uma correspondente transformação em nossas
vidas para que os resultados que o Senhor espera de nós possam
ser atingidos.
Para além de algumas vocações específicas de certas pessoas – por
exemplo, para serem pastores ou missionários – todos os crentes
são salvos para servir ao Senhor. Ou seja: na obra de Deus

39
ninguém é um “peso morto”. Todos são importantes e cada um
deve ser sensível à específica orientação de Deus para uma
determinada área de serviço. O apóstolo Paulo exorta-nos: “…
Vede, irmãos, a vossa vocação…” (v. 26).

I – CHAMADA PARA A SANTIFICAÇÃO (1:1-2, 21)


Paulo foi “chamado pela vontade de Deus para ser apóstolo de
Jesus Cristo”. O sentido da palavra apóstolo designa uma pessoa
que é “enviada” por alguém. Após a ressurreição, Jesus apareceu
aos discípulos e disse-lhes: “Paz seja convosco; assim como o Pai
me enviou, também eu vos envio a vós” (João 20:21). O mesmo
termo é usado na Bíblia para referir a vinda do Senhor Jesus: “Por
isso, irmãos santos, participantes da vocação celestial, considerai
a Jesus Cristo, apóstolo e sumo-sacerdote da nossa confissão”
(Hebreus 3:1).
Mas a principal utilização da palavra “apóstolo” refere-se aos doze
discípulos a quem Jesus enviou para que fossem testemunhas de
Sua vida, mensagem e ressurreição. Cedo apareceram também os
“falsos apóstolos” (2 Coríntios 11:13-14), que procuravam
reivindicar a mesma autoridade espiritual dos Doze mas que
eram, na verdade, “obreiros fraudulentos” que promoviam
doutrina falsa.
Embora a chamada para ser apóstolo fosse limitada a alguns
homens que Jesus escolheu, o apóstolo Paulo afirma que todos os
crentes da igreja em Corinto foram “santificados em Cristo Jesus”
e “chamados para ser santos, com todos os que em todo o lugar
invocam o nome de nosso Senhor Jesus Cristo…” (v. 2).
“Santificado” e “santo” são palavras que têm a mesma raiz e cujo
sentido é “separação”, ou seja: pessoas que pertencem a Deus e
foram separadas e dedicadas para a obra do Senhor. Todos os que
somos salvos fomos “comprados por bom preço” e, agora,
pertencemos ao Senhor. Ele conta conosco para a realização da
Sua obra.
O conceito de santificação envolve também a ideia de ser diferente,
embora o facto de termos sido “separados” para a obra do Senhor
não signifique que somos alheios às questões próprias de uma
vida humana normal. O importante é que, na conjuntura social
em que o nosso dia-a-dia acontece, as pessoas vejam, pelo nosso
comportamento que, de facto, pertencemos a Deus.
40
Paulo refere que a nossa chamada para sermos crentes em Jesus
nos identifica com “todos os que em todo o lugar invocam o nome
de nosso Senhor Jesus Cristo” (v. 2). Somos parte da família de
Deus. Não estamos “isolados”, mas pertencemos a uma família
espiritual de âmbito mundial e, onde quer que estejamos, sempre
devemos agir como filhos e filhas de Deus.

II – CHAMADA PARA TESTEMUNHAR (1:22-28)


Deus continua chamando pessoas para a salvação. Cristo
mostrar-se-á poderoso “para os que são chamados”, sempre que o
povo de Deus lhes anunciar “Cristo crucificado”.
Tendo sido chamados para a salvação, todos fomos igualmente
chamados para testemunhar de Jesus. Tal chamada não se baseia
nos nossos méritos ou capacidades, mas, antes, na graça, poder e
soberania de Deus.
Testemunhar de Jesus é, de fato, uma responsabilidade comum a
todos os crentes e não uma tarefa só para alguns escolhidos;
trata-se de uma ordem, ou “comissão”, vinda de Jesus para toda a
igreja.

III – CHAMADA PARA GLORIFICAR (1:29-31)


Visto que toda a chamada para a salvação vem de Deus e
d’Ele vem igualmente o poder de testemunhar, para o Senhor deve
ser também dirigida a glória resultante do nosso testemunho
cristão. “Nenhuma carne se glorie perante Ele…Aquele que se
gloria glorie-se no Senhor” (vs. 29, 31).
É fácil concentrarmo-nos nas nossas fraquezas e limitações, em
vez de dar o devido valor à chamada que Deus nos fez. Por incrível
que pareça, todos os apóstolos, cujas vidas estudámos neste
trimestre, tinham os seus pontos fracos, mas o Senhor
transformou-os em homens de grande estatura espiritual.
Notemos alguns detalhes dessa transformação.
1. Pedro – Na sua timidez chegou a negar o Senhor; mas Jesus
transformou tal acanhamento em impressionante coragem.
2. André – Foi um dos primeiros discípulos. Convidou Pedro, seu
irmão, para se encontrar com Jesus. Depois, aceitou que o seu

41
ministério se desenvolvesse como que em “segundo plano”,
permanecendo fiel até ao fim.
3. Tiago – Demonstrou, a princípio, alguma ambição exagerada,
mas o seu coração foi transformado de tal maneira que terá sido o
primeiro dos apóstolos a dar a sua vida em martírio por amor a
Jesus.
4. João – Iniciou a sua caminhada com Jesus revelando um
temperamento algo impróprio, mas, depois, foi transformado a
ponto de ficar conhecido como “o apóstolo do amor”.
5. Filipe – A princípio, o enfoque do seu pensamento parecia estar
nos valores materiais, mas o Senhor transformou-o num homem
de grande introspecção espiritual.
6. Natanael – Um homem de coração puro mas com uma
compreensão algo inadequada. O Senhor transformou-o em
alguém capaz de receber grandes revelações espirituais.
7. Mateus – O dinheiro era a grande prioridade da sua vida, mas o
Senhor transformou este homem em alguém capaz de servir
desinteressadamente a Deus.
8. Tomé – De céptico e atormentado por muitas dúvidas, o Senhor
transformou-o a ponto de vir a enunciar uma das mais belas
declarações de fé feita após a ressurreição de Jesus – “Senhor
meu, e Deus meu!” (João 20:28).
9. Judas – O seu relacionamento com Jesus foi sempre
superficial. Nunca se converteu. Recusou ser transformado e
acabou sendo um traidor, que se destruiu a si próprio.
10. Tiago, o menor; Simão, o zelote; Judas, o irmão de Tiago.
Estes três homens laboraram para o Senhor como apóstolos fiéis,
sem receberem grande reconhecimento humano. O Senhor
transformou-os em servos humildes, prontos para servir a Jesus e
indiferentes para com a glória humana.
11. Matias e Paulo – Foram escolhidos para serem apóstolos,
depois do grupo inicial. Matias não recusou ser o substituto de
Judas Iscariotes, e Paulo aceitou o desafio de ser o apóstolo dos
gentios, tornando-se um dos maiores missionários em toda a
história do cristianismo.
Talvez você, caro leitor, sinta que é também um daqueles a quem
o Senhor está chamando a fim de transformar a sua vida para o
desempenho de uma determinada tarefa no Seu reino. Se assim
for, lembre-se: não há em nós qualquer fraqueza humana que
42
Deus, pela Sua graça e poder, não possa transformar para nosso
bem e para Sua honra e glória.

LIÇÃO - 10 O MODELO DO MESTRE

“SEJA COMO EU SOU”


Fazer discípulos é um processo que começa com ser modelo.
O caráter é transmitido, e não ensinado. E por isso que os
discípulos de Cristo abandonaram suas profissões para estarem
com ele (Mc 3.14). Primeiro, tinham de seguir Jesus. Só então ele
poderia treiná-los para ser “pescadores de homens”.
Os discípulos acompanharam Cristo quando ele transformou água
em vinho. Observaram-no quando ele expulsou os cambistas do
templo. Escutaram-no quando ele ministrou à mulher samaritana,
violando um tabu racial. Viram Cristo curar o filho do nobre e o
coxo em Betesda. Maravilharam-se quando ele expulsou demônios
de um homem em Gerasa. Por meses, observaram-no curar cegos,
coxos e surdos. Viram-no ministrar a crianças, mulheres, homens
e até mesmo a seus inimigos. Ouviram discursos extraordinários,
parábolas surpreendentes e a mensagem mais singular que já foi
transmitida — o Sermão do Monte.
Jesus explicou cuidadosamente os seus ensinos e seus atos aos
discípulos para que eles compreendessem a razão e os princípios
que o motivavam. Ele gastou tempo a sós com eles, explicando-
lhes por que falava em parábolas (Mt 13.10-15) e revelando os
segredos do Reino de Deus (Mc 4.11). Marcos diz que “quando,
porém, estava a sós com seus discípulos, explicava-lhes” (4.34).
Enquanto Jesus ensinava a seus discípulos os princípios que
deveriam seguir em seu ministério, concentrou-se em moldar-lhes
o caráter, e não apenas em transmitir informações. Não houve
43
outros homens que se assentaram aos pés de um mestre mais
profundo e relevante.
O que os discípulos viram e ouviram afetou-os de modo radical.
Nunca se esqueceram da perfeita integração entre o ensino e a
ação de Jesus (At 1.1). Fielmente, eles retrataram Jesus como
alguém que “andou por toda parte fazendo o bem e curando todos
os oprimidos pelo Diabo” (At 10.38). Eles baseavam sua
autoridade e buscavam credenciais para sua mensagem nas
palavras: “Nós lhes proclamamos o que vimos e ouvimos [...]” (ljo
1.3). Ao observar e ouvir a Cristo, esses discípulos incultos foram
transformados em ministros atuantes, homens cheios da graça e
do poder de Deus (At 6.8). Se eles tivessem copiado um modelo
menor, seu ministério teria sido muito menos significativo. Mais
tarde, antagonistas atribuíram o sucesso dos discípulos ao fato de
que “eles haviam estado com Jesus” (At 4.13).
Jesus proporcionou a seus discípulos um modelo perfeito (Jo
13.15). Eles então podiam fazer discípulos, não apenas porque
conheciam Cristo, mas porque se tornaram como ele. Podiam ser
modelo daquilo que outros deveriam ser.
Semelhantemente a Cristo, sua tarefa mais importante é oferecer
um modelo de excelência a seu discípulo. É a lei da natureza
reproduzirmos conforme a nossa espécie. Colhemos aquilo que
semeamos (G1 6.7,8). O fazendeiro que planta batatas não espera
colher pepinos. Jesus disse: “Toda árvore é reconhecida por seus
frutos. Ninguém colhe figos de espinhei- ros, nem uvas de ervas
daninhas” (Lc 6.44).
Esse mesmo princípio é verdade espiritual. Só o discípulo (morto
para si mesmo) pode fazer discípulos (reproduzir). Note que a
comissão de Cristo de fazer discípulos foi dada a seus discípulos.
É por isso que nosso caráter tem de ser como o de Cristo antes
que possamos reproduzir em outras pessoas aquilo que somos.
Nós reproduzimos, segundo a nossa espécie, o bem ou o mal. Se o
cristão carnal treina outra pessoa, a carnalidade será o fruto de
seu relacionamento. Lucas diz: “O discípulo não está acima do seu
mestre, mas todo aquele que for bem preparado será como o seu
mestre” (6.40).
Paulo se ofereceu como modelo para que seus discípulos
pudessem traçar sua vida em confiança. “Ponham em prática tudo
o que vocês aprenderam, receberam, ouviram e viram em mim. E
44
o Deus da paz estará com vocês” (Fp 4.9). Paulo não tinha medo
de investir a vida em seus discípulos. Ele não tinha medo de
influenciá-los porque Paulo não pregava a si mesmo. Ele declarou:
“Tornem-se meus imitadores, como eu o sou de Cristo” (ICo 11.1).
Porque o seu caráter se assemelha ao do Mestre, você deve
ser imitado — vale a pena. O Espírito impele e capacita os
discípulos a imitar o Cristo que vive em você.

TREINAMENTO PRÁTICO
Não existe verdadeiro treinamento sem participação. As
habilidades são desenvolvidas pela aplicação prática do
conhecimento. Jesus foi o maior mestre que o mundo conheceu
porque ele equilibrava perfeitamente teologia e participação
prática no que dava a seus discípulos. Ele declarou: “ ‘Considerem
atentamente o que vocês estão ouvindo. [...] “Com a medida com
que medirem, vocês serão medidos; e ainda mais lhes
acrescentarão’ ” (Mc 4.24).
O treinamento prático exige que você permita que seu discípulo
participe de sua vida e ministério. Isso se faz delegando. Delegar é
confiar responsabilidade e autoridade a outros, estabelecendo
prestação de contas dos resultados. Esses três componentes
trabalham juntos como um tripé. Cada um deles é tão importante
para a delegação bem-sucedida que, se um estiver faltando, o
processo todo pode cair por terra.
Jesus foi mestre de treinamento mediante a delegação de
responsabilidade. Vamos examinar como ele fazia os discípulos
participarem ao treiná-los nas habilidades do ministério.
Jesus delegava responsabilidade. Depois que os discípulos
observaram de perto a vida e o ministério de Cristo e aprenderam
os princípios por trás de seus atos, ele deu-lhes oportunidades de
pôr em prática aquilo que tinham aprendido.
Sua participação começou com tarefas pequenas como procurar
comida, distribuir pães e peixes e arranjar um barco. À medida
que cresceu o compromisso, ele os instruiu a batizar outros. Em
seguida, ele os levou para uma tarefa experimental — uma viagem
missionária muito bem supervisionada através da Galileia. Eles
tornaram-se seus parceiros no ministério.
Logo Jesus passou a lhes dar tarefas a serem desempenhadas
com supervisão limitada (Mt 10.7,8). Ele os comissionou a pregar
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o evangelho e curar os enfermos. Para ajudá-los a cumprir essa
tarefa, deu-lhes diretrizes pelas quais podiam decidir como agir
em diversas situações: o que pregar, como ministrar aos
necessitados, aonde ir, o que levar, como financiar a viagem e
como agir ao enfrentar oposição. Jesus planejou a formação de
seus discípulos não apenas para suprir as necessidades físicas e
espirituais do próximo, mas também visando a aumentar a
confiança e a maturidade deles.
São quatro as diretrizes que o auxiliarão a delegar efetivamente
responsabilidade a seu discípulo:
1. Nunca delegue prematuramente. A delegação prematura
alimenta o orgulho e reforça o pensamento terreno de que
habilidades e talentos é que produzem frutos. Dá a ideia de que
“fazer” é mais importante que “ser” e reflete a mentalidade de que
servir e fazer discípulo são obra do homem, e não do Espírito.
Delegue a responsabilidade com base na morte do seu discípulo
para o ego, na disposição de servo, na maturidade, não nas
capacidades dele.
2. Delegue com clareza. Defina especificamente a
responsabilidade que seu discípulo terá de assumir. Verifique se
ele entende perfeitamente o que se espera dele.
3. Delegue aos poucos. Inicialmente, vocês farão tudo juntos.
Deve começar a delegar responsabilidades devagar. Comece
solicitando pequenas tarefas que tenham alta probabilidade de
sucesso.
Fracassos criam insegurança. Ajude-o a evitar erros
desnecessários que prejudiquem sua confiança. À medida que ele
ganha experiência e amadurece espiritualmente, dê-lhe tarefas
maiores. Lucas 16.10 diz: “Quem é fiel no pouco, também é fiel no
muito [...]”. Embora existam certas responsabilidades e decisões
que você não pode deixar de cumprir, é seu dever delegar tanto
quanto possível. Os homens a quem Cristo treinou delegaram
liberalmente a responsabilidade (lPe 5.1-4; Tt 3.8).
4. Inspire confiança. Seu discípulo tem de saber que você tem
confiança nele e na capacidade dele de cumprir a tarefa que lhe foi
dada. Fale do crescimento que você observa em sua vida. Paulo se
deleitava no crescimento daqueles a quem servia:
Irmãos, devemos sempre dar graças a Deus por vocês; e isso é
justo, porque a fé que vocês têm cresce cada vez mais, e muito
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aumenta o amor de todos vocês uns pelos outros. Por esta causa
nos gloriamos em vocês entre as igrejas de Deus pela
perseverança e fé demonstradas por vocês em todas as
perseguições e tribulações que estão suportando (2Ts 1.3,4).

Ele elogiou Filemom por seu amor e sua fé (Filemom 4,5).


Elogie e cumprimente seu discípulo pelas tarefas bem-feitas.
Ofereça críticas construtivas que levem a melhoras, em vez de
concentrar-se em falhas temporárias. Sua atitude, mais que suas
palavras, aumentará a confiança dele. Certifique-se de que ele
sinta que está dando uma contribuição significativa e tem um
ministério importante. Demonstre sua confiança nele pedindo sua
opinião sobre problemas específicos e siga seu conselho sempre
que possível.
Jesus delegou autoridade. Cristo deu a seus discípulos
autoridade para cumprir as responsabilidades de curar os
enfermos e proclamar o Reino. “[...] deu-lhes autoridade para
expulsar espíritos imundos e curar todas as doenças e
enfermidades” (Mt 10.1).
Responsabilidade e autoridade têm de ser delegadas
igualmente. É injusto pedir que seu discípulo aceite uma
responsabilidade para a qual você não está disposto a lhe dar
autoridade suficiente. A autoridade insuficiente leva a frustração e
ineficiência. Por que confiar uma tarefa a seu discípulo se ele tem
de pedir continuamente sua opinião a fim de receber autorização
para tomar decisões? Uma vez delegada uma responsabilidade a
ele, deixe que ele lidere.
Jesus exercitou a prestação de contas. Cristo amou seus discípulos
de tal forma que lhes avaliava e corrigia os atos para que
pudessem crescer na vida cristã. Ele lhes dava suporte. Depois da
primeira viagem missionária que fizeram sozinhos, “Os apóstolos
reuniram-se a Jesus e lhe relataram tudo o que tinham feito e
ensinado” (Mc 6.30). Sem dúvida, Jesus avaliou o trabalho que
fizeram e revisou os alvos que lhes tinha designado. Esse
momento de compartilhar afiou suas habilidades no ministério.
A tragédia na Igreja de hoje é que tão poucas pessoas estão
dispostas a usar o tempo necessário e investir emocionalmente em
outra pessoa como se requer na prestação de contas. Antes de
começar seu relacionamento de discipulado, você se comprometeu
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a ajudar o discípulo a crescer por meio da prestação de contas.
Não falhe com ele.
Para isso, verifique cada aspecto da vida de seu discípulo e do
ministério que ele exerce. Encoraje-o no estudo regular da Bíblia,
na memorização das Escrituras, na meditação, na oração e na
adoração. Quando seu comportamento e atitudes não forem
marcados pela excelência, você deve ajudá-lo a corrigir as
fraquezas e a desenvolver os pontos fortes.

RETIRADA
Ao ter certeza de que seus homens estavam treinados, Jesus lhes
entregou a liderança da obra de Deus aqui e comissionou— -os a
fazer discípulos por toda parte. Antes de ser crucificado, Cristo
orou ao Pai: “Eu te glorifiquei na terra, completando a obra que
me deste para fazer” (Jo 17.4). A obra de Cristo foi treinar
homens, e nao apenas realizar milagres ou pregar o evangelho.
Tendo preparado seus discípulos, ele podia pedir confiantemente
sua volta ao Pai (Jo 17.5).
A retirada é o passo final no treinamento de seu discípulo para o
ministério. A retirada começa quando seu discípulo está equipado
para começar a fazer discípulos. Você repete o mesmo processo
pelo qual já passou de orar pela escolha de um discípulo e
cuidadosamente escolher aquele no qual investir. No entanto,
dessa vez, tanto você como seu discípulo estarão prontos para
reproduzir. Consequentemente, vocês estarão orando por mais
duas pessoas.
Quando seu discípulo começar a fazer discípulos, o seu
relacionamento continuará, mas o foco irá mudar, assim como o
relacionamento que Cristo teve com os discípulos dele mudou
depois de sua ascensão. Agora você concentra-se em ajudá-lo a
treinar outra pessoa a tornar-se um discípulo atuante.
O método do Mestre era “Seja como eu sou” paralelamente ao
treinamento prático que o levou a se retirar. Somos sábios se
seguirmos seu exemplo.

Lista de verificação do discipulador — O modelo do Mestre


□ Ofereço excelente modelo para o meu discípulo.
□ Ofereço treinamento prático:
□ Delego responsabilidade.
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□ Delego autoridade.
□ Dou suporte.

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