Igreja Relevante
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BEM VINDO!
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Olá, seja bem vindo a nossa Escola Bíblica Dominical. Nós da IECJP em
especial o Conselho de ensino estamos muito felizes e nos sentimos honrados
com a sua presença.
Nas próximas semanas vamos refletir sobre o tema: FRUTIFICAR É O
NOSSO CHAMADO
INDICE
LIÇÃO 01 FOMOS CHAMADOS PARA FRUTIFICAR
LIÇÃO: 02 NO MUNDO, MAS NÃO DO MUNDO.
LIÇÃO: 03 A INFLUÊNCIA DO CRISTÃO
LIÇÃO: 04 DISCIPULADO: O DESAFIO DE TRANSMITIR A FÉ PARA AS NOVAS
GERAÇÕES
LIÇÃO: 05 SANTO NO MUNDO (EM CRISTO)
LIÇÃO: 06 EXEMPLOS DE TRANSFORMAÇÃO
LIÇÃO: 07 BOAS NOVAS
LIÇÃO 08 PRONTOS PARA CONTINUAR
LIÇÃO: 09 APELO À TRANSFORMAÇÃO
LIÇÃO: 10 O MODELO DO MESTRE
Que Deus lhe abençoe.
Com carinho Pastor João Marcos e sua esposa Eliane Machado
LIÇÃO 01 - FOMOS CHAMADOS PARA FRUTIFICAR
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FOMOS CHAMADOS PARA FRUTIFICAR
Texto: João 15.1-27
"Não fostes vós que me escolhestes a mim; pelo contrário, eu vos
escolhi a vós outros e vos designei para que vades e deis fruto, e o
vosso fruto permaneça; afim de que tudo quanto pedirdes ao Pai em
meu nome, ele vo-lo conceda" (João 15.16).
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b) O compromisso é pessoal (Jo 15.4). Jesus atribui a cada
cristão a missão de trabalhar pelo crescimento da igreja.
Essa individualidade implica compromisso pessoal e
envolvimento diário por parte de cada um de nós, como um
corpo bem ajustado (1 Co 12.12).
2. TRABALHANDO OS TALENTOS:
Deus jamais exigiria de um cristão uma vida de frutificação
sem antes prover os recursos necessários para o trabalho. Se não
fosse assim, poderíamos nos escusar quando o Senhor viesse para
ajustar as contas com sua igreja. A parábola dos talentos, narrada
em Mt 25.14-30, ilustra esta verdade. A história diz que certo
homem se ausentou de sua terra e entregou seus bens a seus
servos, para serem trabalhados com disposição, seriedade e
coragem. O que nos ensina esta passagem?
Introdução
O cristão está no mundo. Jesus intercedeu por sua igreja
pedindo ao Pai que não nos tirasse do mundo. Estamos inseridos
neste contexto de coisas trazidas à existência por obra do Criador,
somos homens e mulheres criados conforme a imagem de Deus e
com a tarefa de estabelecer relacionamentos e interagir
biblicamente com o mundo à nossa volta. Mas como fazer isso de
modo que Deus seja glorificado? Como evitar que nossa vida se
torne mundana, secularizada?
Somos cidadãos dos céus, mas com a responsabilidade de
trazer luz a este mundo, cujos valores se distanciam do que
agrada a Deus.
I. O grande problema
A igreja evangélica tem se esforçado para ser relevante como
sal da terra e luz do mundo (Mt 5.13-14), mas geralmente tem
adotado dois extremos perigosos:
(1) Tornar-se um gueto, um grupo isolado, somente voltado
para os exercícios religiosos, inoperante e irrelevante para a
sociedade, uma luz que não brilha;
(2) Firmar um diálogo aberto com o mundo, tanto
empenhando-se em aprender o idioma do mundo que perde sua
própria essência. Portanto, é urgente discutir a questão
biblicamente a fim de adotarmos uma postura equilibrada, que
esclareça os crentes sobre qual é a atitude correta em relação à
cultura.
O fundador do departamento de História da Universidade Livre de
Amsterdã, professor Rookmaaker, com precisão argumentou sobre
um desses extremos, o qual envolve a prática do que ele chama
de espiritualidade fantasmagórica. Segundo Rookmaaker, muitos
cristãos, com frequência, acreditam que é suficiente pregar o
evangelho e fazer caridade. Ao se concentrarem em salvar almas,
esquecem que Deus é o Deus da vida e que a Bíblia ensina como
as pessoas devem viver e como devem lidar com o mundo, a
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criação de Deus. O resultado é que, apesar de muitas pessoas
terem se tornado cristãs, o mundo se tornou totalmente
secularizado – um lugar em que a influência cristã é praticamente
nula.
Do outro lado, temos um movimento de igrejas que tentam
competir com o mundo, no qual o evangelho tem sido
transformado em entretenimento e pastores se esforçam para
serem descolados, tão bacanas quanto celebridades televisivas,
desenvolvendo imitações “cristãs” de tudo o que existe na cultura
popular. Algumas igrejas se orgulham justamente por copiarem o
mundo ao redor.
II. O “mundo” nas Escrituras
A confusão, em parte, ocorre pela dificuldade de entender
como a Bíblia define o mundo e como devemos nos relacionar com
ele. Por vezes a palavra “mundo” é empregada como o resultado
final da criação do universo; às vezes, no sentido de o planeta
Terra; outras vezes, como um conjunto de ideias e
comportamentos que acendem a ira justa de Deus e o entristecem.
A. Um mundo bom.
“No princípio, criou Deus os céus e a terra” (Gn 1.1). Deus trouxe
todas as coisas à existência por meio da sua palavra. Mas o
Criador não apenas ordenou que tudo viesse a existir, ele também
determinou que certas atividades fossem realizadas (Gn 1.26-28).
Ainda “faltava” algo. Alguns elementos e atividades estavam por
existir, e Deus resolver cumprir seu propósito por meio da ação do
ser humano. Por exemplo: Adão e Eva ainda não tinham filhos e a
terra não estava povoada. Deus poderia ter criado um grande
número de pessoas, mas cumpriu seu propósito abençoando o
primeiro casal com fecundidade e ordenando que se
multiplicassem. Outras árvores (além das criadas por Deus)
deveriam ser plantadas a partir daquelas cujos frutos produziam
sementes, e animais deveriam ser cuidados com vista à
manutenção da vida do homem (Gn 1.29-30). Deus ordenou o
estabelecimento das culturas agrícola e pecuária. E “viu Deus
tudo quanto fizera, e eis que era muito bom” (Gn 1.31).
Havia uma infinidade de potencialidades que deveriam ser
desenvolvidas pelos seres humanos. A ordem de povoar a terra
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não traz consigo a ideia da criação de habitações e a
responsabilidade de organização social? Por isso não é nenhum
exagero pensar que “as ordens de Deus também se estendem às
estruturas da sociedade, ao mundo das artes, dos negócios e do
comércio” (A Criação Restaurada, Albert M. Wolters, Cultura
Cristã). No entanto, o pecado entrou em cena e trouxe
permanentes consequências (Gn 3), mas sem, contudo, apagar a
beleza de Deus impressa em tudo o que ele criou.
No livro de Jó, encontramos uma seção (cap. 38–41) que não
apenas exalta a pessoa de Deus como o Criador, mas também
deixa claro o prazer dele nas obras de suas mãos. Cornelius
Plantinga faz um empolgante comentário sobre essa seção: “Esses
capítulos repletos de teor poético não nos ensinam zoologia, mas
nos transmitem uma coisa importante: eles nos ensinam que
Deus ama a sua criação. Deus celebra a sua criação. Deus até
brinca com a sua criação” (O crente no mundo de Deus, Cultura
Cristã).
Essa perspectiva ecoa nos escritos do Novo Testamento. Quando
João fala “no princípio era o Verbo”, certamente usou a expressão
“no princípio” apontando para Gênesis 1.1, reafirmado, assim, que
o mundo foi criado por Deus. O apóstolo Paulo fala dessa verdade
(At 17; Cl 1.16,17), e o autor da Carta aos Hebreus também diz
que pela fé entendemos que Deus criou todas as coisas (Hb 11.3).
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continuidade ao que Cristo iniciou. A igreja deve ser um oásis no
meio do deserto.
III. Dualismo
A visão de mundo dualista é uma maneira de tentar entender a
realidade à nossa volta. Parte do princípio da existência de uma
tensão (conflito) de opostos em equilíbrio de forças: o bem e o mal,
as trevas e a luz, o yin e o yang da cultura oriental, o corpóreo e
o espiritual. O dualismo enxerga o mundo na coexistência
de dois poderes, o bem disputando contra o mal. Quando esse
conceito é aplicado ao cristianismo, cria-se a ideia errada de Deus
lutando para tentar vencer o diabo. E assim se enxerga uma
divisão entre aquilo que é santo (de Deus) e o que é profano (do
diabo).
Todavia, não é isso o que a Bíblia ensina. Na verdade, Deus criou
todas as coisas e, mesmo com a ação do pecado e a ação real e
mortal de Satanás, o mundo permanece sob o domínio soberano
de Deus. Um exemplo evidente disso está no início do livro de Jó:
o diabo aflige a vida de Jó dentro dos limites estabelecidos e
permitidos por Deus (Jó 1.12). Nos Evangelhos, os demônios
reconhecem a autoridade de Jesus e são expulsos pelo poder de
Cristo, o Filho do Homem (Mt 8.16,28-32; Mc 1.32-34). Nenhum
pardal cai ao chão sem a permissão divina (Mt 10.29-30), pois não
apenas a vida, mas até a constante ação da gravidade é
manifestação do seu domínio perene. Portanto, o mundo não está
sendo disputado em uma queda de braço.
A Igreja, no período medieval, distanciou-se da visão bíblica e
abraçou a forma dualista de ver e entender o mundo. Como
resultado, passou a enxergar o mundo em basicamente dois
compartimentos distintos: o reino espiritual de Deus (as orações, a
vida monástica, o serviço à igreja, as manifestações de devoção
religiosa) em oposição ao reino deste mundo natural. Naquele
período, por exemplo, o único meio de um pintor talentoso ganhar
a vida era estando a serviço da igreja; as pinturas quase sempre
possuíam temas religiosos, com a intenção de inspirar devoção e
ensinar uma lição moral ou espiritual.
A Reforma Protestante buscou purificar a igreja e livrá-la desse
erro doutrinário. Para os reformadores, o natural era tão santo
quanto o espiritual, e a obra do Pai na criação era considerada tão
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magnífica e cheia de significado quanto a obra do Filho na
redenção. A partir da Escritura, eles compreenderam que Jesus é
o redentor cósmico, o único por meio de quem todas as coisas
eram restauradas ao Pai (Cl 1.20).
A salvação em Cristo não tem apenas implicações para a glória
futura, tem também alegrias e consequências aqui e agora,
implicações para a vida presente do crente. A vida de santidade se
desenvolve no relacionamento do crente com este mundo: nas
tentações que são superadas, na tarefa de evangelização, na
integralidade da vida do lar, na busca pela excelência profissional
e estudantil, assim como na leitura da Palavra e na vida de
oração. Jesus salvou (transformou) os agentes culturais e espera-
se, portanto, que a cultura também seja transformada.
Conclusão
Realmente existe uma batalha ocorrendo na Terra, onde Satanás
tenta confundir os crentes ou diminuir a confiança de que Cristo é
suficiente para nossa salvação. Em outras palavras, é uma
batalha pelos corações e pelas mentes e tem a ver com
verdade versus erro, fé versus incredulidade. Deus continua no
controle, sem nos dar muitos detalhes do motivo pelo qual permite
a existência das armadilhas do inimigo. E embora a humanidade
tenha transformado este mundo em um lugar de rebeldia,
maldade e aparente desordem, Satanás não tem a menor chance
de vitória final. Ela já foi conquistada por Cristo.
Um entendimento mais profundo do evangelho nos ajudará a
melhor compreender o mundo à nossa volta e como devemos nos
relacionar biblicamente com ele, sem desprezar a realidade do
senhorio de Cristo, vislumbrando a glória porvir, mas entendendo
que temos uma nobre missão.
Aplicação
Como enfrentar este combate? Como equilibrar essa compreensão
de que, por um lado, este mundo jaz no maligno e, por outro, o
cristão é agente de transformação da cultura e deve deixar nela as
marcas do cristianismo? Liste três maneiras sobre como você pode
colocar em prática essa ordenança de ser sal da terra e luz do
mundo.
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Um fabricante de sapatos perguntou a Lutero o que deveria fazer
agora que conhecia o evangelho. Qual deveria, agora, ser seu
chamado? A resposta do reformador ao sapateiro foi
surpreendente (como seria para muitos de nós hoje): “Faça um
bom sapato e venda-o a um preço justo”.
A INFLUÊNCIA DO CRISTÃO
Texto básico: Mateus 5.13-16
Versículo-chave
“Assim brilhe também a vossa luz diante dos homens, para que
vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai que está nos
céus” (Mt 5.16).
1. A função do sal (v.13)
No mundo antigo, o sal era algo de muito valor. O sal tem, pelo
menos, três características.
Sal é tempero que – dá sabor à comida – essa é a
característica mais conhecida. Já pensou comida sem sal? É
tão insípida, como o próprio Jó reconheceu ( Jó 6.6)!
A influência do crente no mundo deve ser como o sal para a
comida – a presença do crente dá um novo sabor ao ambiente
no escritório, na faculdade, na fábrica, etc. Será que a nossa
presença tem essa influência positiva? Infelizmente, muitas
pessoas consideram que o crente tira o sabor da vida.
Sal é preservador – evita a putrefação
– no mundo antigo o sal era o preservador mais comum. Antes da
invenção da geladeira, o sal era usado para preservar a carne e o
peixe do apodrecimento. Até hoje é usado na tão conhecida carne-
de-sol do Nordeste.
Assim, se o crente vai ser “o sal da terra”, deve ter uma
influência antisséptica no mundo. A presença do crente deve
evitar o progresso do mal, derrotando a podridão ao seu redor.
É uma tragédia que a igreja evangélica, representando 20-25% da
população brasileira, não tem exercido influência maior para o
bem no meio político, sindical e social, como o verdadeiro “sal da
terra”. “Os cristãos foram colocados por Deus numa sociedade
secular para retardar esse processo de podridão. Deus pretende
que penetremos no mundo. O sal cristão não tem nada de ficar
aconchegado em elegantes e pequenas despensas eclesiásticas;
nosso papel é o de sermos ‘esfregados’ na comunidade secular,
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como o sal é esfregado na carne para impedir que apodreça”
(Stott).
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É irrecuperável – “como lhe restaurar o sabor?” Não há
remédio para o sal sem sua salinidade.
É inútil – “para nada mais presta.”
É condenado à destruição – “lançado fora, ser pisado pelos
homens.”
Não há dúvida a respeito da verdade que Jesus está
ensinando. Se não estamos sendo úteis, então seremos
jogados fora. Inutilidade sempre traz desastre. E não se
esqueça! O crente é sal, e não açúcar!
2. O resultado da luz (v.16)
CONCLUSÃO
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Assim aprendemos que fomos colocados no mundo com este papel
duplo: como sal, para interromper, ou pelo menos retardar este
processo da corrupção moral e espiritual, e como luz, para
desfazer as trevas.
John Stott resume a função do crente da seguinte maneira: “Jesus
chama os Seus discípulos para exercerem uma influência dupla
na comunidade secular: uma influência negativa, de impedir a sua
deterioração, e uma influência positiva, de produzir a luz nas
trevas. Pois impedir a propagação do mal, é uma coisa; e promover
a propagação da verdade, da beleza e da bondade é outra”.
INTRODUÇÃO
Podemos enxergar o desafio da transmissão de nossa fé para os
mais novos como um desafio de “formação”. Afinal, não se trata
apenas de compartilhar conceitos ou doutrinas, mas muito mais
de “educar” novos seguidores de Cristo, que aprendam a obedecer
a tudo o que ele nos ensinou (Mateus 28. 20) e que por sua vez se
dediquem a formar novos seguidores.
Falar de formação é falar de um processo, contínuo, que envolve
todas as dimensões do nosso ser – intelectual, moral, espiritual.
Os novos seguidores aprendem com o ensino e, sobretudo, com a
prática deste ensino na vida de seus “formadores”. Este processo
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nunca vai funcionar na base do “faça o que eu digo, mas não faça
o que eu faço”.
Timóteo, um jovem seguidor de Cristo (1 Timóteo 4. 12), propenso
à introspecção (2 Timóteo 1. 6-8) e de frágil saúde (1 Timóteo 5.
23), teve um “formador” de nome Paulo. E experimentou este
processo de formação que temos mencionado; um processo
integralizador das várias dimensões da vida humana, pois ele
seguia de perto não apenas o ensino de Paulo, mas também “a
conduta, os projetos, a fé, a longanimidade, a caridade, a
perseverança, as perseguições e os sofrimentos” do apóstolo (2
Timóteo 3. 10-11).
Portanto, este é um processo que envolve intimidade,
transparência e autenticidade. Não perfeição, pois senão nenhum
de nós (incluindo Paulo e, principalmente, Timóteo!) poderia
participar dele. Temos nos envolvido neste processo de formação?
Quem tem nos formado como seguidores de Cristo? A quem temos
“educado” neste processo? Nossa comunidade se preocupa
genuinamente com este assunto?
Para pensar
John Stott, em seu comentário (A mensagem de 2 Timóteo, ABU
Editora), resume o ensino de Paulo com as seguintes sentenças:
guarda o evangelho (cap. 1), sofre pelo evangelho (cap. 2),
permanece no evangelho (cap. 3), e prega o evangelho (cap. 4). No
terceiro capítulo, portanto, Timóteo é chamado e animado a
permanecer com fidelidade no caminho que havia escolhido
trilhar, caminho que havia sido pavimentado previamente com a fé
de sua família (2 Timóteo 1. 5) e com o ensino e exemplo do
apóstolo.
Timóteo havia não apenas ouvido Paulo, mas também presenciado
a encarnação daqueles ensinamentos no viver diário e nas reações
do apóstolo. Ele devia permanecer firme naquilo que havia
aprendido, pois sabia quais tinham sido seus mestres (v. 14).
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O que disseram
“Alguém perguntou a Pai Poimen: ‘O que devo fazer com minha
alma: ela é insensível e não teme a Deus!’ Ele lhe disse: ‘Vai e
junta-te a um homem temente a Deus. Quando dele te aproximares,
ele acabará te ensinando a temer a Deus!’” (Apotegma, 639). Aqui
não se oferece uma solução fácil, mas mostra-se uma caminhada
que poderá durar muitos anos.(…) Assim, quando se trata de dar
um conselho, os monges reportam-se à experiência. Não é a teoria,
mas sim a vida na prática que nos ensina a viver corretamente, a
crer corretamente e a amar corretamente. Anselm Grun, “A
orientação espiritual dos Padres do deserto”, Editora Vozes.
Para responder
1. Numa dinâmica saudável do discipulado cristão, nós sempre
estaremos cuidando de alguém e sendo cuidados por outros. Em
outras palavras, sempre estaremos influenciando e sendo
influenciados em nossa caminhada. Como tem sido esta dinâmica
em sua vida? Quem tem acompanhado e influenciado sua relação
com Deus? E como você tem influenciado as pessoas mais novas
ou inexperientes do que você?
2. De que maneiras a minha comunidade cristã pode estar
construindo “uma aparência de piedade, mas de fato negando seu
poder” (v. 5)? Como transformar essa situação?
Eu e Deus
Senhor Jesus Cristo, quando eu usar teu nome, mantém-me
honesto de modo que eu esteja expressando um relacionamento
contigo e me comprometendo com uma resposta a tua vontade.
Quero que toda a minha vida, não apenas minha boca, expresse
teu nome. Amém. (Eugene Peterson, “Um ano com Jesus”, Ed.
Ultimato)
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LIÇÃO: 05 - SANTO NO MUNDO (EM CRISTO)
Texto básico: Romanos 6
Leitura diária
Dom. Mt 16.24-27 Tome sua cruz
Seg. Cl 3.1-17 Ressuscitados com Cristo
Ter. 1Pe 217-22 A libertinagem corrompe
Quar. Gl 2.15-21 Não vivo eu, mas Cristo
Quin. Rm 13.11-14 Andemos dignamente
Sex. 1Pe 1.13-21 Sede santos
Sab. Ef 4.17.5.2 Imitadores de Deus
INTRODUÇÃO
As descrições e exigências de santidade das Escrituras podem
nos levar a pensar que o padrão de Deus é alto demais para nós.
Afinal, quantas lágrimas já derramamos ao nos dar conta de que
vivemos como se ainda estivéssemos mortos em nossos pecados?
Ao chegarmos em Romanos 6, Paulo já descreveu a miséria
espiritual da humanidade, já expôs a justificação gratuita provida
por Cristo e os seus resultados gloriosos. As perguntas que
surgem diante da obra maravilhosa de Cristo a nosso favor são:
Como poderemos viver à altura dessa salvação? Será que a tarefa
é grande demais para nós? Por outro lado, essa graça não nos
empurra para uma vida de mais pecados ainda? Paulo não foge a
essas questões, mas apresenta a obra de Cristo como suficiente
para nós.
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I. Crucificados com Cristo
“Permaneceremos no pecado?” Paulo responde firme e
negativamente (Rm 6.1). Ele não se coloca como um super-homem
espiritual, apontando nossas falhas, mas identifica-se com nossa
luta. A questão é crucial. Se estávamos mortos, e por meio do
sacrifício de Cristo fomos declarados justos diante de Deus, agora
devíamos estar vivos no Reino do Filho e mortos para o pecado.
Infelizmente, porém, muitas vezes vivemos como se ainda
estivéssemos mortos para Cristo e vivos para o pecado.
Paulo estava prevendo que os críticos do evangelho da graça
fariam a objeção de que se o perdão vem de graça (sem obras) ao
pecador, então seria lógico viver pecando mais ainda. É como se a
justificação pela graça premiasse o pecado! A resposta vem por
meio de outra pergunta: “Como viveremos ainda no pecado, nós os
que para ele morremos?” (v.2). Uma conversão verdadeira significa
morte verdadeira – morte para o pecado. Na verdade Paulo nos dá
até mesmo a data dessa morte: ao sermos “batizados em Cristo
Jesus” (v.3). Mas, depois de discorrer por cinco capítulos sobre a
justificação pela fé somente, o apóstolo não está mudando sua
tese para “salvação pelo batismo”; acontece que, nos tempos
apostólicos, conforme vemos em Atos (2.41; 8.38; 10.48, por ex.),
o batismo seguia a confissão de fé em Cristo quase que
imediatamente, tornando-se experiências não muito distintas.
Aqui, Paulo fala do batismo como símbolo ou marco da união do
crente com seu Salvador. Simboliza e sela visivelmente a
purificação dos pecados e o recebimento do Espírito Santo pelo
crente (1Co 12.13). A ideia é que nós devemos nos lembrar de que
a vida cristã é uma vida de identificação com a morte de Cristo.
No momento em que aceitamos Cristo como nosso Salvador somos
justificados perante Deus, e nossa culpa se vai; mas ainda
precisamos lidar com esta vida presente, com nossos desejos e
tentações. A chave é não esquecermos que passamos pela morte
de Cristo: “Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue,
tome a sua cruz e siga-me” (Mt 16.24). Ser discípulo de Cristo é
ter sua velha natureza morta para o pecado, por isso, o cristão
não deseja “permanecer” nem “viver” no pecado.
Entretanto, devemos esclarecer que não cabe aqui o conceito
antibíblico ensinado por alguns de que o cristão está morto no
sentido de que já é imune à tentação e ao pecado. Esse erro tem
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levado muitos crentes sinceros ao autoengano e ao desespero. Em
primeiro lugar, note que nosso texto utiliza a mesma expressão
“morrer para o pecado” tanto para nós quanto para Cristo, e como
é óbvio que Cristo nunca esteve receptivo ao pecado, nem se livrou
de sua influência apenas na sua morte, não pode ser esse o
sentido em relação a nós também. E, segundo, tanto as biografias
dos santos da Bíblia quanto a nossa experiência cristã
demonstram claramente que nossa natureza carnal fica ainda
ativa após a conversão. De qualquer forma o restante da epístola
confirma isto, pois Paulo passa a admoestar os irmãos de Roma a
deixarem as obras das trevas (Rm 13.11-14).
Devemos buscar o verdadeiro significado dessa morte com Cristo
na declaração de que a morte é o salário do pecado (Rm 6.23;
1.32). Cristo morreu como castigo pelo pecado; carregou nossos
pecados e sua justa consequência sobre si. Já sofreu de uma vez
por todas a pena pelos nossos pecados, portanto o pecado já não
tem direito ou poder sobre ele – e nem sobre nós, os que se unem
por meio da fé à sua morte sacrificial (v.7). Mortos para o pecado
porque em Cristo já sofremos o castigo devido ao pecado, e ele já
não tem direito sobre nós.¹ É assim que podemos viver.
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cristã aqui, antecipando a perfeita semelhança com Cristo que
teremos na eternidade de glória prometida.
Conclusão
A vida cristã é uma obra da graça. Mas de modo algum
permite uma vida de licenciosidade, pois isso seria negar o próprio
fundamento da vida cristã: a união com Cristo em sua morte e
ressurreição. Quem foi liberto do pecado é feito automaticamente
servo da justiça e deve viver de acordo com esta realidade – somos
novas criaturas.
Essa nova realidade deve ser experimentada diariamente pelo
oferecimento voluntário e amoroso de nossa vida ao nosso
Salvador. Em vez de desejarmos as mesmas coisas que nos
escravizavam anteriormente ao pecado, buscaremos a
santificação, a vida e a eternidade. Essa é uma vida cristã
gloriosa, alegre e compromissada com Deus, conferida a nós por
meio da obra consumada de Cristo.
Aplicação
Você já se viu tentado a abusar da graça, convivendo com o
pecado como coisa natural? Avalie-se diante de Deus com
urgência, e se arrependa.
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INTRODUÇÃO:
A obra que Jesus desejava realizar necessitava da
participação ativa e empenhada de homens e de mulheres. Por
isso, logo no início do Seu ministério, selecionou doze
cooperadores que treinou para se tornarem úteis no Seu trabalho.
Para a sua formação, convidou-os a estarem com Ele e a ajudá-Lo,
durante o Seu ministério terreno, para que, depois, fossem os
continuadores da obra, após a Sua partida. Estes homens
constituíam a Sua equipa de trabalho, escolhidos para ajudar na
realização da Sua Obra. Neste trimestre, as nossas lições terão,
como base, os textos que contêm referências às vidas dos doze
apóstolos.
Tendo em vista a preparação dos apóstolos, Jesus, no texto que
serve de base à nossa lição, comissiona-os e instrui-os,
relativamente aos lugares onde ir e o que dizer. Explicou-lhes,
outrossim, o que deviam fazer a favor dos outros e apresentou-
lhes o lema que deviam seguir, nas suas vidas. Mostrou,
igualmente, a atitude que deviam tomar, tanto no caso de
aceitação da mensagem, quer no caso de rejeição, prevenindo-os,
ainda, da possibilidade de terem que enfrentar inúmeras
dificuldades.
Convém, ao longo do estudo, saber adaptar à nossa vida tudo
quanto seja susceptível de aplicação. Convém-nos, igualmente,
meditar na grande transformação que Jesus realizou na vida
destes doze homens, ponderando, igualmente, a forma como Ele
pode transformar a cada um de nós.
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Embora possuindo qualidades especiais em cada um daqueles
homens, as quais determinaram a sua escolha, há um aspecto
comum a todos eles – tratava-se de homens comuns. Não eram
notoriamente ricos, com educação e formação esmeradas, tendo
sido, até, chamados de iletrados e incultos (Atos 4:13); não
descendiam de famílias poderosas ou de posição social; tal como a
grande maioria dos galileus, não integravam a elite religiosa que,
geralmente, morava em Jerusalém.
O fato de Jesus ter escolhido este gênero de pessoas para uma
tarefa tão extraordinária deve encorajar-nos, afastando todo o
gênero de temor, desafiando-nos, antes, a escolher servir ao
Senhor. Jesus não procura pessoas com extraordinários talentos
ou recursos, mas pessoas simples que decidam servi-Lo lealmente,
fazendo uso dos seus talentos e recursos. Deus concedeu-te, caro
leitor, o potencial necessário para fazer coisas grandiosas, o que
pode ser uma realidade, se decidires colocar a tua vida nas Suas
mãos, para a realização da Sua Obra. Aquilo que Paulo disse de si
mesmo, aplica-se, também, a ti: “tudo posso naquele que me
fortalece.” (Fil. 4:13).
Jesus escolheu os apóstolos pelo que podiam fazer, desde que Lhe
pertencessem, se sujeitassem a Ele e Lhe obedecessem. Pela nossa
força, somos incapazes de fazer o que quer que seja; porém, se
deixarmos que Ele nos prepare e capacite, seremos as pessoas
indicadas para realizar a Obra de Deus, “perfeitamente habilitados
para toda a boa obra.” (2 Tim. 3:17). Nunca digas não ter nada a
oferecer. Jesus pode usar-te para fazeres grandes coisas em Seu
Nome!
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CONCLUSÃO
Tal como o apóstolo Paulo, somos devedores a todos aqueles
que o Senhor traz até ti (Rom. 1:14-15). Deves-lhes o amor e o
temor do evangelho na tua vida. Não necessitam de nossas
opiniões, mas sim da preciosa verdade que Jesus colocou no teu
coração.
Não nos esqueçamos de seguir os passos que os apóstolos
seguiram: 1. Dá, gratuitamente, do que recebeste do Senhor (Mat.
10:8); 2. Conhece e serve a Jesus, de uma forma pessoal (v. 1-4 e
Marc. 3:14); 3. Vai e prega fielmente (Mat. 10:7); 4. Sustenta
aqueles que dedicam a sua vida ao ministério do evangelho (v. 11-
13); 5. Resiste perante as dificuldades que surgem na tua vida
(v.14). Independentemente daquilo que faças para o Senhor, fá-lo
não nas forças da carne, mas na força que vem do Senhor, que te
transforma num servo extraordinário, na Sua Obra!
INTRODUÇÃO:
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Os filhos de Deus, em virtude da graça recebida de Deus,
dotando-os do mais precioso tesouro que a humanidade pode
possuir – a salvação, em Jesus Cristo, têm uma dívida, constante,
com o mundo. Quanto mais observamos a forma como o apóstolo
Paulo interpretou e aplicou a comissão entregue por Jesus, mais
claramente tomamos consciência da dívida que pesa sobre nós.
Fomos indigitados para partilhar a mensagem do Evangelho, para
que outros possam encontrar o dom da vida abundante e eterna
em Jesus.
Texto áureo: “Depois disto ouvi a voz do Senhor, que dizia: A quem
enviarei, e quem há de ir por nós? Então disse eu: Eis-me aqui,
envia-me a mim.” (Isaías 6:8)
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INTRODUÇÃO: A obra do Senhor tem continuado, de geração em
geração, realizada por obreiros dedicados que Deus vai chamando.
As tarefas que hoje desempenhamos hão de ser executadas por
alguém que, na hora própria, Deus há de chamar para nos
substituir. A obra de Deus é uma obra de continuidade.
A Bíblia registra o processo usado na igreja primitiva para a
escolha de um homem que ocupasse o lugar deixado vago por
Judas Iscariotes. Na verdade, Deus não só providenciou alguém
para continuar essa função, como também chamou um outro
homem para ser enviado como apóstolo aos gentios. Assim, o
evangelho seria pregado em muitos outros lugares do mundo que
não teriam sido atingidos se a tarefa fosse deixada somente à
responsabilidade dos onze apóstolos.
A forma como Deus vai agindo é, por vezes, admirável. Tem
sempre em vista a Sua glória e o melhor para Seus filhos e filhas.
Embora o mal prevaleça neste mundo, Deus continua sendo o
Senhor da História. Ele é capaz de transformar circunstâncias,
mesmo as que nos parecem menos boas ou inexplicáveis, para que
os Seus propósitos soberanos se cumpram. Nesse projeto, o
Senhor continua usando crentes fiéis, que se apresentem
disponíveis para O servir.
I – DISPONÍVEL QUANDO ESCOLHIDO (1:21-26)
A igreja de Jerusalém definiu as qualificações específicas dos
candidatos de entre os quais seria escolhido o substituto de Judas
Iscariotes. Tais cuidados mostram-nos que os primeiros cristãos
sabiam quais deviam ser as qualificações de um apóstolo: “É
necessário, pois, que, dos homens que conviveram conosco todo o
tempo em que o Senhor Jesus entrou e saiu dentre nós,
começando desde o baptismo de João até ao dia em que de entre
nós foi recebido em cima, um deles se faça conosco testemunha
da sua ressurreição” (vs. 21-22).
O primeiro requisito para o apostolado era ter convivido com
Jesus e ser testemunha ocular da Sua ressurreição. Depois, era
necessário ser escolhido pelo próprio Cristo, ou seja, sob a
presença e a orientação do Espírito Santo.
Apenas dois homens foram considerados como candidatos: “José,
chamado Barsabás, que tinha por sobrenome o Justo, e Matias”
(v. 23). Tal facto, não significa, necessariamente, que não
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houvesse na igreja outras pessoas qualificadas. A escolha foi feita
em espírito de oração e dependência de Deus, invocando a
presença do Senhor e a Sua orientação: “Tu, Senhor, conhecedor
dos corações de todos, mostra qual destes dois tens escolhido…”
(v. 24). Depois, “por voto comum”, Matias foi o eleito.
Após a sua escolha, Matias “foi contado com os onze apóstolos” (v.
26) que, assim, passaram a ser os doze responsáveis pela igreja de
Jerusalém (Atos 6:2). Matias seria, depois, também, um dos “onze”
que se levantaram com o apóstolo Pedro quando este pregou o seu
célebre sermão no Dia de Pentecostes (Atos 2:14).
A tradição atribui a Matias o ministério de um verdadeiro apóstolo
de Jesus. Juntamente com André, ele terá ministrado na região da
Arménia, uma das zonas geográficas onde a perseguição aos
cristãos se tornou mais feroz. Se assim foi, Matias ministrou o
evangelho no meio de grandes perigos, juntamente com Judas
(Tadeu), Natanael, Simão (o Zelote) e André. Todos estes apóstolos
são creditados pelos cristãos arménios como aqueles que
evangelizaram o País. Crê-se que, sem exceção, terminaram as
suas vidas sofrendo o martírio, em nome de Jesus.
CONCLUSÃO
O Senhor transformou Paulo, de perseguidor dos cristãos num
dos maiores promotores do evangelho. Matias, de discípulo
silencioso foi transformado em alguém capaz de trabalhar, sob
duras condições, sem nunca desistir, para glória do seu Senhor.
Através deles, Deus mostra-nos como é importante estarmos
disponíveis para preencher as “vagas” na Sua obra. Hoje é o nosso
tempo. Que o Senhor permita que estejamos sempre disponíveis
para dar continuidade à difícil mas gloriosa tarefa de ganhar
almas para Cristo.
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LIÇÃO: 09 APELO À TRANSFORMAÇÃO
APELO À TRANSFORMAÇÃO
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ninguém é um “peso morto”. Todos são importantes e cada um
deve ser sensível à específica orientação de Deus para uma
determinada área de serviço. O apóstolo Paulo exorta-nos: “…
Vede, irmãos, a vossa vocação…” (v. 26).
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ministério se desenvolvesse como que em “segundo plano”,
permanecendo fiel até ao fim.
3. Tiago – Demonstrou, a princípio, alguma ambição exagerada,
mas o seu coração foi transformado de tal maneira que terá sido o
primeiro dos apóstolos a dar a sua vida em martírio por amor a
Jesus.
4. João – Iniciou a sua caminhada com Jesus revelando um
temperamento algo impróprio, mas, depois, foi transformado a
ponto de ficar conhecido como “o apóstolo do amor”.
5. Filipe – A princípio, o enfoque do seu pensamento parecia estar
nos valores materiais, mas o Senhor transformou-o num homem
de grande introspecção espiritual.
6. Natanael – Um homem de coração puro mas com uma
compreensão algo inadequada. O Senhor transformou-o em
alguém capaz de receber grandes revelações espirituais.
7. Mateus – O dinheiro era a grande prioridade da sua vida, mas o
Senhor transformou este homem em alguém capaz de servir
desinteressadamente a Deus.
8. Tomé – De céptico e atormentado por muitas dúvidas, o Senhor
transformou-o a ponto de vir a enunciar uma das mais belas
declarações de fé feita após a ressurreição de Jesus – “Senhor
meu, e Deus meu!” (João 20:28).
9. Judas – O seu relacionamento com Jesus foi sempre
superficial. Nunca se converteu. Recusou ser transformado e
acabou sendo um traidor, que se destruiu a si próprio.
10. Tiago, o menor; Simão, o zelote; Judas, o irmão de Tiago.
Estes três homens laboraram para o Senhor como apóstolos fiéis,
sem receberem grande reconhecimento humano. O Senhor
transformou-os em servos humildes, prontos para servir a Jesus e
indiferentes para com a glória humana.
11. Matias e Paulo – Foram escolhidos para serem apóstolos,
depois do grupo inicial. Matias não recusou ser o substituto de
Judas Iscariotes, e Paulo aceitou o desafio de ser o apóstolo dos
gentios, tornando-se um dos maiores missionários em toda a
história do cristianismo.
Talvez você, caro leitor, sinta que é também um daqueles a quem
o Senhor está chamando a fim de transformar a sua vida para o
desempenho de uma determinada tarefa no Seu reino. Se assim
for, lembre-se: não há em nós qualquer fraqueza humana que
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Deus, pela Sua graça e poder, não possa transformar para nosso
bem e para Sua honra e glória.
TREINAMENTO PRÁTICO
Não existe verdadeiro treinamento sem participação. As
habilidades são desenvolvidas pela aplicação prática do
conhecimento. Jesus foi o maior mestre que o mundo conheceu
porque ele equilibrava perfeitamente teologia e participação
prática no que dava a seus discípulos. Ele declarou: “ ‘Considerem
atentamente o que vocês estão ouvindo. [...] “Com a medida com
que medirem, vocês serão medidos; e ainda mais lhes
acrescentarão’ ” (Mc 4.24).
O treinamento prático exige que você permita que seu discípulo
participe de sua vida e ministério. Isso se faz delegando. Delegar é
confiar responsabilidade e autoridade a outros, estabelecendo
prestação de contas dos resultados. Esses três componentes
trabalham juntos como um tripé. Cada um deles é tão importante
para a delegação bem-sucedida que, se um estiver faltando, o
processo todo pode cair por terra.
Jesus foi mestre de treinamento mediante a delegação de
responsabilidade. Vamos examinar como ele fazia os discípulos
participarem ao treiná-los nas habilidades do ministério.
Jesus delegava responsabilidade. Depois que os discípulos
observaram de perto a vida e o ministério de Cristo e aprenderam
os princípios por trás de seus atos, ele deu-lhes oportunidades de
pôr em prática aquilo que tinham aprendido.
Sua participação começou com tarefas pequenas como procurar
comida, distribuir pães e peixes e arranjar um barco. À medida
que cresceu o compromisso, ele os instruiu a batizar outros. Em
seguida, ele os levou para uma tarefa experimental — uma viagem
missionária muito bem supervisionada através da Galileia. Eles
tornaram-se seus parceiros no ministério.
Logo Jesus passou a lhes dar tarefas a serem desempenhadas
com supervisão limitada (Mt 10.7,8). Ele os comissionou a pregar
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o evangelho e curar os enfermos. Para ajudá-los a cumprir essa
tarefa, deu-lhes diretrizes pelas quais podiam decidir como agir
em diversas situações: o que pregar, como ministrar aos
necessitados, aonde ir, o que levar, como financiar a viagem e
como agir ao enfrentar oposição. Jesus planejou a formação de
seus discípulos não apenas para suprir as necessidades físicas e
espirituais do próximo, mas também visando a aumentar a
confiança e a maturidade deles.
São quatro as diretrizes que o auxiliarão a delegar efetivamente
responsabilidade a seu discípulo:
1. Nunca delegue prematuramente. A delegação prematura
alimenta o orgulho e reforça o pensamento terreno de que
habilidades e talentos é que produzem frutos. Dá a ideia de que
“fazer” é mais importante que “ser” e reflete a mentalidade de que
servir e fazer discípulo são obra do homem, e não do Espírito.
Delegue a responsabilidade com base na morte do seu discípulo
para o ego, na disposição de servo, na maturidade, não nas
capacidades dele.
2. Delegue com clareza. Defina especificamente a
responsabilidade que seu discípulo terá de assumir. Verifique se
ele entende perfeitamente o que se espera dele.
3. Delegue aos poucos. Inicialmente, vocês farão tudo juntos.
Deve começar a delegar responsabilidades devagar. Comece
solicitando pequenas tarefas que tenham alta probabilidade de
sucesso.
Fracassos criam insegurança. Ajude-o a evitar erros
desnecessários que prejudiquem sua confiança. À medida que ele
ganha experiência e amadurece espiritualmente, dê-lhe tarefas
maiores. Lucas 16.10 diz: “Quem é fiel no pouco, também é fiel no
muito [...]”. Embora existam certas responsabilidades e decisões
que você não pode deixar de cumprir, é seu dever delegar tanto
quanto possível. Os homens a quem Cristo treinou delegaram
liberalmente a responsabilidade (lPe 5.1-4; Tt 3.8).
4. Inspire confiança. Seu discípulo tem de saber que você tem
confiança nele e na capacidade dele de cumprir a tarefa que lhe foi
dada. Fale do crescimento que você observa em sua vida. Paulo se
deleitava no crescimento daqueles a quem servia:
Irmãos, devemos sempre dar graças a Deus por vocês; e isso é
justo, porque a fé que vocês têm cresce cada vez mais, e muito
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aumenta o amor de todos vocês uns pelos outros. Por esta causa
nos gloriamos em vocês entre as igrejas de Deus pela
perseverança e fé demonstradas por vocês em todas as
perseguições e tribulações que estão suportando (2Ts 1.3,4).
RETIRADA
Ao ter certeza de que seus homens estavam treinados, Jesus lhes
entregou a liderança da obra de Deus aqui e comissionou— -os a
fazer discípulos por toda parte. Antes de ser crucificado, Cristo
orou ao Pai: “Eu te glorifiquei na terra, completando a obra que
me deste para fazer” (Jo 17.4). A obra de Cristo foi treinar
homens, e nao apenas realizar milagres ou pregar o evangelho.
Tendo preparado seus discípulos, ele podia pedir confiantemente
sua volta ao Pai (Jo 17.5).
A retirada é o passo final no treinamento de seu discípulo para o
ministério. A retirada começa quando seu discípulo está equipado
para começar a fazer discípulos. Você repete o mesmo processo
pelo qual já passou de orar pela escolha de um discípulo e
cuidadosamente escolher aquele no qual investir. No entanto,
dessa vez, tanto você como seu discípulo estarão prontos para
reproduzir. Consequentemente, vocês estarão orando por mais
duas pessoas.
Quando seu discípulo começar a fazer discípulos, o seu
relacionamento continuará, mas o foco irá mudar, assim como o
relacionamento que Cristo teve com os discípulos dele mudou
depois de sua ascensão. Agora você concentra-se em ajudá-lo a
treinar outra pessoa a tornar-se um discípulo atuante.
O método do Mestre era “Seja como eu sou” paralelamente ao
treinamento prático que o levou a se retirar. Somos sábios se
seguirmos seu exemplo.
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