As Promessas Vazias de Futuro e A Construção de Um Imaginário Social: Ditadura e Os Grande Esquecimentos Nono Espírito Santo
As Promessas Vazias de Futuro e A Construção de Um Imaginário Social: Ditadura e Os Grande Esquecimentos Nono Espírito Santo
As Promessas Vazias de Futuro e A Construção de Um Imaginário Social: Ditadura e Os Grande Esquecimentos Nono Espírito Santo
VAZIAS DE FUTURO
E A CONSTRUÇÃO
DE UM IMAGINÁRIO
SOCIAL: A DITADURA
MILITAR E OS GRANDES
ESQUECIMENTOS NO
ESPÍRITO SANTO Rafael Pagatini
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Palavras-chave: Memória, ditadura militar, arquivo.
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2. GRANDES ESQUECIMENTOS
Nem o filme de Amylton de Almeida nem as sucessivas
investigações de pesquisadores como Rosana Mattos parecem
reverberar no imaginário social de parcela significativa da sociedade
capixaba. Em “Grandes projetos, grandes esquecimentos: o
Espírito Santo entre a modernização conservadora e a repressão
política”, os pesquisadores Pedro Ernesto Fagundes e Vitor Amorim
de Angelo analisam como a memória da ditadura é elaborada
na contemporaneidade no estado. Nessa análise, identificam a
contradição na forma parcial de recordar o período, reforçada
principalmente pela elite econômica local. Para isso, partem da
contraposição entre os ganhos econômicos que um grupo restrito
da sociedade favorecida pelas políticas implantadas teve e a política
de vigilância e controle social evidenciada em arquivos do SNI –
Serviço Nacional de Informação. A memória seletiva nas palavras
dos pesquisadores denota como a narrativa traz contrastes que
refletem interesses e olhares à luz do tempo presente. Ponto
importante de salientar, tendo em vista que, quando essa memória
sofre um processo de presentificação, é realizada uma construção
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3. A GAZETA
A visualidade do discurso otimista em relação aos projetos de
modernização e ao próprio governo militar foi expresso no contexto
capixaba nas páginas do jornal A Gazeta. Pedro Ernesto Fagundes,
no artigo “A marcha de Vitória: a marcha da Família com Deus pela
Liberdade na capital do Espírito Santo” (1964), analisa o apoio de
setores civis ao golpe militar em 64 no contexto capixaba. Fagundes
argumenta que ocorreram perseguições, prisões e torturas logo
após o desenrolar do movimento golpista. O historiador apresenta
três momentos que identifica como chaves no processo de
celebração de parcela da sociedade sobre a deposição de Jango
em favor da instauração do governo militar. Esses momentos
seriam: a comemoração da posse de Castelo Branco, a Marcha da
Família com Deus pela Liberdade e a publicação por empresários
de um Caderno Especial no Jornal A Gazeta que trazia discursos
de euforia e otimismo em relação aos acontecimentos. Nesse
contexto, chama atenção a figura do jornal como elemento que
aglutinou representações e promoveu visibilidade de interesses de
uma parcela da sociedade capixaba de captura do estado.
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