Texto 3.3 - Co Producao Controle Ficha Limpa
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RESUMO
Palavras chave: coprodução do bem público; controle social; accountability; Lei da Ficha
Limpa; observatórios sociais.
ABSTRACT
The coproduction of controlling initiatives over the public administration may be considered
as an essential public good for democratic accountability as it involves a different set of
social segments and actors which enables a systemically interaction of formal and informal
controlling mechanisms on the production of information addressed to pressure governments
and to combat corruption. This innovative approach overcomes the traditional dichotomy of
vertical vs. horizontal accountability. In this context, two recent Brazilian practices that
illustrate this interaction of mechanisms are brought to our attention: (i) the mobilization that
motivated the approval of the Clean Record Act (Lei da Ficha Limpa) in Brazil, and (ii) the
work of social observatories in combating corruption and strengthening tax education and
citizenship. Both of these initiatives are discussed over this paper that analysis, at the same
time, their potentials and limitations on the coproduction of control over the public
administration.
Keywords: coproduction of public good; social control; accountability; Lei da Ficha Limpa;
social observatories.
1
Este artigo foi selecionado do IV Encontro Nacional de Pesquisadores em Gestão Social, realizado em São
Paulo em 2012.
2
Universidade do Estado de Santa Catarina - UDESC/ESAG E-mail: guidoin@msn.com
3
Observatório Social de Florianópolis. E-mail: jeferson_dahmer@yahoo.com.br
4
Universidade do Estado de Santa Catarina - UDESC/ESAG. E-mail paulacs3@gmail.com
5
Universidade do Estado de Santa Catarina - UDESC/ESAG. E-mail: elspnl@yahoo.com.br
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Revista Pensamento & Realidade
Introdução
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Nesta seção, discute-se a compreensão de que o controle pode ser visto como um bem público
essencial à accountability democrática e que o mesmo pode ser coproduzido por meio de
diversas formas de interação entre cidadãos e governantes, intermediados por movimentos
sociais, organizações e instituições. Para tal, apresenta-se o conceito de accountability e de
coprodução do bem público, enfatizando a relevância da participação cidadã para promovê-
las, chegando a uma proposta de compreensão sistêmica da accountability.
Accountability e controle como bem público
Accountability pode ser genericamente definida como obrigação de uma pessoa ou grupo de
prestar contas por sua conduta diante de uma responsabilidade assumida perante outrem
(KLUVERS e TIPPET, 2010) ou como estratégia para responder a expectativas
(HEIDEMANN, 2009). No contexto democrático, a razão de ser da accountability está na
necessidade de controle sobre o poder, na busca de garantia de que o poder seja exercido a
serviço da res publica (PINHO e SACRAMENTO, 2009). Pode ser entendida, ainda, como
contínua responsabilização dos governantes por seus atos e omissões perante os governados
(ABRUCIO e LOUREIRO, 2005). Considerando um espectro bidimensional, pode-se
compreendê-la como capacidade de resposta dos governantes aos governados, de um lado, e a
consequente capacidade de punição e recompensa, de outro (CARNEIRO e COSTA, 2001).
Arato (2002) faz lembrar uma característica retrospectiva da accountability, condicionada à
avaliação das ações passadas dos governantes pelos cidadãos. Este mesmo autor aponta,
ainda, que a accountability tem “[...] no seu fundamento um ‘imperativo hipotético’ no
sentido kantiano”. Isso porque ela serviria como meio para reforçar a norma democrática, não
como fim em si mesma (ARATO, 2002, p. 92). Sendo um alicerce para a democracia, vale a
pena trazer à baila o entendimento de Koppel (2005) ao estabelecer que a accountability é
constituída por cinco dimensões indissociáveis que deveriam orientar as relações Estado e
sociedade: a transparência (transparency), a imputabilidade (liability), a sujeição ao controle,
a responsabilidade e a responsividade.
Tradicional operacionalização do conceito foi introduzida por O’Donnell (1998), distinguindo
dois eixos de accountability. Um deles, horizontal, posto em prática dentro da estrutura do
Estado, no ideal de check and balances entre órgãos dos diferentes Poderes, que exerceriam
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entre si contínua fiscalização na garantia dos valores democráticos. Um dos limitantes deste
eixo seria a prevalência ou independência exagerada na divisão dos poderes, com especial
preocupação com a burocracia excessiva, autônoma e, muitas vezes, “[...] incólume aos
processos de responsabilização política” (VIEIRA, 2005, p. 622).
Em contraposição à accountability horizontal encontra-se a vertical, também denominada de
política ou eleitoral. Manin, Prezeworski e Stokes (1999) apontam que este eixo entra em
cena em dois momentos: primeiro quando o eleitor vota na esperança de escolher o melhor
representante possível e outro quando o representante escolhe o melhor pacote de políticas
que garantiria sua reeleição. Apesar de a eleição ser o canal principal para o desenvolvimento
da accountability vertical, O’Donnell (1998, p. 28) elucida que nesta vertente estão incluídas:
“[...] ações realizadas, individualmente ou por algum tipo de ação organizada e/ou coletiva,
com referência àqueles que ocupam posições em instituições do Estado, eleitos ou não”.
Soma-se aqui o entendimento de Carneiro e Costa (2001) ao ampliarem este eixo para a
accountability societal, ou exercida voluntariamente pelos cidadãos, de forma organizada ou
não, por meios informais ou institucionalizados, também durante os mandatos.
Sobreleva-se que a participação do cidadão durante o mandato, para além de seu papel de
eleitor, pode ocorrer de várias formas, incluindo o monitoramento de informações públicas, a
manifestação de expectativas e o engajamento direto na coprodução de bens ou serviços
públicos. Ressalvando que dita participação será sempre legítima se orientada à produção do
bem comum ou à estabilidade social (SALM e MENEGASSO, 2010). Contudo, não há como
garantir participação social nem o consequente controle do cidadão sobre o Estado sem
informações públicas fiáveis. É nesse norte que tem sido realizados esforços para recordar a
importância da difusão, debate e acesso à informação pública.
Documento pioneiro no tema é a Convenção das Nações Unidas contra a Corrupção (ONU,
2002), ratificada pelo Brasil, com especial relevância aos seus artigos 10 “Acesso à
informação pública”, lido conjuntamente com o artigo 13 “Participação da sociedade”, que
colocam em evidência a liberdade de cada país em fomentar a participação da sociedade civil
e seus movimentos organizados, esforçando-se em garantir o acesso eficaz das pessoas às
informações públicas, dando ênfase, também, a programas e iniciativas de educação pública
que conscientizem os cidadãos sobre o potencial da participação cidadã, bem como sobre seus
direitos de acesso a dados, informações e publicações fidedignas sobre a atuação dos
governos. Este documento internacional integrou o ordenamento jurídico brasileiro por meio
da Lei de Acesso à Informação, Lei nº 12.527/11 (BRASIL, 2011), que passa a valer a partir
de maio de 2012, tomando sua base no princípio da participação ativa da sociedade civil.
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Uma das condições para o bom desempenho do controle sobre o poder é a obtenção e
divulgação de informações públicas com transparência e fidedignidade (ABRUCIO e
LOUREIRO, 2005). Embora as informações públicas sejam tradicionalmente produzidas por
órgãos de governo, este fato não impede que cidadãos e organizações da sociedade civil
envolvam-se em sua produção e difusão, monitorando promessas políticas, por exemplo. Dito
envolvimento faz surgir uma interação, ocasionando modificações na atuação da sociedade
civil e do próprio poder público que se prepara para este ambiente dinâmico.
Na medida em que o controle social interage com os controles clássicos – parlamentar,
judicial e administrativo – exercidos por órgãos dos três Poderes e seus auxiliares, como o
Tribunal de Contas e o Ministério Público, bem como participa do controle de resultados,
tem-se a formação de um sistema de controle. Sistema este constituído de várias partes e suas
interações e que pode ser visto como um bem público passível de coprodução, esta entendida
como estratégia para produção de bens e serviços públicos em rede, baseada no engajamento
cidadão, governamental e demais atores da esfera pública (SALM e MENEGASSO, 2010).
A tradição geométrica da accountability deixa de se aplicar por completo, visto que se revela
limitada para representar as assimetrias de poder que ocorrem na accountability horizontal,
bem como o eixo vertical nem sempre reflete a multiplicidade de papéis e interações entre os
distintos atores sociais (CENEVIVA, 2006). Nesse sentido, no período recente da construção
democrática brasileira, há exemplos de práticas que demonstram como os cidadãos
organizados em movimentos sociais, redes e associações passam a exigir informações de
qualidade dos órgãos públicos e mais: começam a produzir informações originais que
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Essas dinâmicas de interação entre a sociedade civil e desta para o aparelho estatal permitem
o amadurecimento democrático pela participação cidadã, via movimentos sociais. A partir da
análise de Teixeira (1997), podemos inferir que:
A participação cidadã utiliza-se não apenas de mecanismos institucionais já
disponíveis ou a serem criados, mas os articula com outros mecanismos e canais que
se legitimam pelo processo social; não nega o sistema de representação, mas busca
aperfeiçoá-lo, exigindo a responsabilização política e jurídica dos mandatários, o
controle social e transparência das decisões (prestação de contas, debate público),
tornando mais freqüentes e eficazes certos instrumentos de participação semidireta
(plebiscito, referendo, iniciativa popular de projeto de lei, democratização dos
partidos) (TEIXEIRA, 1997, p. 192).
Entende-se, portanto, que embora a incorporação da noção de accountability na democracia
brasileira seja dificultada por características históricas que marcam a relação Estado-
sociedade e por fragilidades da cultura política (originada numa estrutura patrimonialista que
até hoje a caracteriza e representa um pesado fardo se antepondo a mudanças mais céleres), os
avanços no contexto político do país, especialmente a partir da década de 1980 (FARAH,
2001; PINHO; SACRAMENTO, 2009), contribuem para que accountability seja tema
presente nos debates e no desenho de regras institucionais e práticas de gestão, influenciadas
pelos diversos atores que atuam na esfera pública.
A seguir trataremos de dois exemplos disso: a mobilização que levou à chamada “Lei da
Ficha Limpa” e a organização da sociedade em torno de observatórios sociais voltados ao
controle dos agentes públicos e à qualidade de vida nas cidades.
Polêmico e recente, o processo de mobilização social que teve como seu mais visível fruto a
aprovação da “Lei da Ficha Limpa” representa uma notável experiência relacionada ao
controle social, à articulação em rede e à coprodução do bem público no Brasil. A “campanha
da Ficha Limpa”, como também ficou conhecida, foi inserida na agenda política brasileira
pelo trabalho de variadas organizações da sociedade civil, especialmente o Movimento pelo
Combate à Corrupção Eleitoral (MCCE) e a Articulação Brasileira contra a Corrupção e
Impunidade (ABRACCI). A estratégia utilizada foi a apresentação de Projeto de Lei de
Iniciativa Popular sobre os critérios de inelegibilidade no país, visando “[...] melhorar o perfil
dos candidatos e candidatas a cargos eletivos” (MCCE, 2012).
A campanha teve início em abril de 2008 e coletou 1 milhão e 300 mil assinaturas,
colacionando o mínimo constitucionalmente definido para a apresentação desta modalidade
legislativa, qual seja, 1% do eleitorado nacional. Para tanto, colocou-se em prática uma
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de controle político, a Lei da Ficha Limpa surge como um aprimoramento nos critérios de
conduta social e política a serem seguidos pelos partidos brasileiros na escolha dos
candidatos, considerando a assimetria de informação a que está sujeito o eleitor ao votar e
exigindo dos partidos que sejam mais seletivos na indicação dos candidatos.
Mais relevante do que a aprovação da Lei em si é o que esta sinaliza quanto à postura da
sociedade brasileira, engajando-se em grande número no debate e exercendo pressão política
sobre os órgãos institucionalizados, por meio de diversas estratégias, sobretudo as permitidas
pelas tecnologias de informação e comunicação. Observa-se articulação sistêmica entre
mecanismos e instâncias de debate e controle: o Projeto de Lei inicia pela mobilização de
organizações e movimentos sociais nacionais e internacionais, com apoio de servidores
públicos de órgãos institucionalizados de controle, notadamente o Ministério Público. Conta
com participação direta da população por meio de assinaturas para apresentação de Projeto de
Lei de Iniciativa Popular e no debate em redes sociais. É discutido e aprovado no Legislativo
e passa por sanção Presidencial, sob forte pressão social. Tem sua aplicação decidida no
Judiciário, sob pressão da imprensa e de setores da sociedade. Muitos dos casos de
inelegibilidade que chegarem à discussão no STF tinham como origem condenações no
âmbito do controle administrativo e posterior condenação por órgão colegiado do Judiciário, o
que doravante tende gerar mais atenção dos governantes à probidade administrativa, sob o
risco de perderem condição de elegibilidade em eleições futuras.
Entretanto, vale a pena destacar que as limitações para a coprodução neste caso partiram do
questionamento acerca da constitucionalidade da nova Lei que ao ensejar as Ações Diretas de
Constitucionalidades e Inconstitucionalidade perante o Supremo Tribunal Federal fez com
que a Lei, mesmo aprovada, não entrasse em vigor no período estimado. Este questionamento
evidenciou que as iniciativas de controle social (especialmente em regras eleitorais) estão
sujeitas aos complexos mecanismos da accountability horizontal, com os quais cada vez mais,
a sociedade parece desejar interagir e influenciar.
Em síntese, com base nas informações e análises que produzem, os observatórios sociais
podem fiscalizar a ação de gestores públicos, contribuir para a observância dos princípios
constitucionais da administração pública, estimular os demais mecanismos de accountability
durante os mandatos – parlamentar, judicial, administrativo e de resultados –, gerar
mobilização coletiva e influenciar decisões e o processo de planejamento, implantação e
avaliação de políticas públicas (SCHOMMER e MORAES, 2010). Particularmente no que diz
respeito ao seu modo de agir, acionando mecanismos de controle institucional e de controle
externo, isso, talvez, tenha propiciado a apresentação de irregularidades de forma mais
qualificada a estes órgãos, permitindo melhores resultados no sentido de desvendar esquemas
de corrupção nos municípios.
O pleno exercício desses papéis depende de uma série de condições, que nem sempre se
verificam na ação dos observatórios sociais, que enfrentam limites de natureza metodológica,
política e operacional. Entre elas, o desafio de produzir informações de maneira continuada e
de colocá-las em discussão de modo a influenciar o debate e a responsabilização política.
Albornoz e Herschmann (2006) também apontam os riscos de que essas entidades tornem-se
instâncias de lobby de grupos políticos ou econômicos constituídos e de atuarem de modo
distanciado do conjunto dos cidadãos.
Em análise das instituições mantenedoras da grande maioria dos integrantes da Rede OSB de
Controle Social, é perceptível que se trata de um movimento elitizado, pois é patrocinado por
instituições de classe empresarial ou movimentos de grupos específicos que não
necessariamente tem em seus objetivos institucionais a defesa de direitos sociais, mas sim um
trabalho mais voltado à defesa de interesses de uma classe específica.
Além disso, verifica-se ainda incompreensão por parte do poder público sobre as organizações
não governamentais que atuam na área de direitos, ao contrário das mais tradicionais
entidades de assistência social. Diante de organizações que trabalham com temas mais
específicos, sem prestar serviços ao governo, pode haver um clima de desconfiança,
complementado pela legislação ainda incipiente sobre acesso a informações públicas e de
atuação do controle social, trazendo como resultados demora em atender às solicitações,
incompreensão no sentido de não entenderem para que uma organização demanda estes
dados, impactando diretamente nos resultados de seus trabalhos.
Soma-se a isso o baixo grau de participação cidadã nestes assuntos, demonstrando que,
mesmo com os avanços alcançados nas últimas décadas, o controle social ainda tem um longo
caminho a percorrer para promover as mudanças que almeja na construção da democracia.
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Embora atentos aos seus limites, pode-se considerar observatórios e redes voltadas à
qualidade de vida das cidades como parte da diversidade de formas de organização social que
ganham espaço no Brasil. Uma das renovadas maneiras de se exercer participação cidadã e
controle social, articulando capacidades técnicas e políticas, buscando contribuir para a
qualidade da gestão pública e a qualidade de vida nas cidades. No contexto em que atuam, é
possível reconhecer seu potencial inovador na promoção do controle social, a partir de
metodologias que buscam auxiliar a qualidade na aplicação dos recursos públicos, aliadas à
mobilização social e política nos municípios. Seu trabalho passa pela construção de uma
agenda de combate à corrupção e de acompanhamento permanente da gestão pública. E a
articulação de redes como a Rede OSB com outras redes, movimentos e entidades brasileiras
e estrangeiras que apresentam agenda pública semelhante, constituem redes de redes.
Nesta seção, busca-se sintetizar o que os dois exemplos analisados revelam em relação à
coprodução do controle (Quadro 1), apontando para questões que poderão ser exploradas em
futuros estudos. Faz-se, ainda, relação dessas questões com o processo em curso em torno da I
Conferência Nacional sobre Transparência e Controle Social (Consocial), uma vez que este
tem relação direta com o tema e o contexto de ação aqui analisados.
A recente mobilização social que tem na Lei da Ficha Limpa uma de suas faces mais visíveis
sinaliza potenciais de engajamento político dos cidadãos brasileiros. Para além da Lei em si,
pelas discussões que vem provocando, pelos critérios que passam a ser considerados em
estados e municípios para a ocupação de cargos públicos, pela visibilidade do processo
político que envolve os três poderes e a sociedade. Em que pesem os limites da Lei, tanto em
seus fundamentos como em seu processo de aplicação, esta instrumentaliza o eleitor para
fazer escolhas melhores ou “não tão ruins”. Seria preferível que cada eleitor adotasse seus
próprios critérios de “ficha limpa” ao votar, porém há que se considerar que os eleitores
usualmente não estão instrumentalizados ou não contam com informação adequada sobre a
trajetória e os propósitos dos postulantes a cargos eletivos. Entendendo o processo
simbolizado pela Lei da Ficha Limpa como um avanço, cabe dizer que este é ainda
insuficiente para eleições mais transparentes. É relevante, porém, ver que a iniciativa da
sociedade vingou, apesar dos sobressaltos, tentativas de postergação ou de alteração do
espírito do projeto; apesar da omissão do parlamento e da dubiedade do judiciário.
No que tange aos observatórios sociais, as práticas, objetivos e concepções podem variar em
cada local, mas o ponto comum é a possibilidade observada de coprodução do controle. Os
observatórios sociais produzem informações, orientam, denunciam, processam, educam,
propõem políticas. A sociedade age pelo bem comum e reage às investidas dos benefícios
privados. As ações desencadeadas pelos observatórios sociais envolvem e articulam cidadãos,
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Considerações Finais
A accountability e o controle como bem público é uma temática que já tem sua história,
envolvendo formalização e sua constante relação com movimento e práticas autônomas e
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Referências bibliográficas
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