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Trabalho Final - Mecânica - 2015 - 1semestre

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Universidade Estadual de São Paulo

Faculdade de Engenharia de Ilha Solteira


Departamento de Engenharia Mecânica

ENGENHARIA DE SEGURANÇA

Docente Responsável: Prof. Ph.D. Miguel Ângelo de Menezes

Redatores:
Arianne Sanflorian RA: 201021591
Odair Fernandes da Cunha Filho RA: 201023511

ILHA SOLTEIRA – SP
2015
Responsáveis
NR12:
Nome RA A RA T MT
Amanda Alves Silva 201024201
Bruno Della Marta Bertolossi 11052457
Guilherme Padro 200821401
Jorge Yano Egami 201023461
Matheus Nery dos Santos 201024521
Raul Fonseca Pedroso 201023861

Radiações não Ionizantes:


Nome RA A RA T MT
Albert George Daviet Franco 122053001
Dimas Viudes Vasques Veiga 200923091
Pedro Henrique de Azevedo Ferreira 11051663
Rodrigo Henrique Vitorasso 11052295

Programa de proteção respiratórias:


Nome RA A RA T MT
André Balhes 200923291
Gabriel Bonancin Silva 201023991
Guilherme de Souza Augusto 201012261
Renan Delfino Ranzani 201013661

Riscos respiratórios:
Nome RA A RA T MT
Arianne Sanflorian 201021591
Bruno Crepaldi Alves 201023781
Josiel Luna Padilha 201021781

Trabalho sobre Pressões anormais:


Nome RA A RA T MT
Gleico Sant’ana Costa 200921751
Lucas Rodrigues Ingraci Araujo 200923831
Rafael Travizan Rodrigues 200921951
Vitor Pigozi Ramos de Almeida 200922011

Equipamentos de proteção:
Nome RA A RA T MT
Eliseu Escanavez 200912421
João Pedro Soares Dutra 200821621
Thiago Augusto Buozo Bertozo 200913181

Onde:
A: Nota de Apresentação
RA: Nota de Recursos de Apresentação
T: Nota do Trabalho
MT: Média do Trabalho
Sumário de Figuras
Figura 1. Faixas de frequências e suas respectivas características....................................26
Figura 2. Esquemático de uma onda eletromagnética plana monocromática..................27
Figura 3. Constante dielétrica relativa do sangue em função da frequência......................29
Figura 4. Condutividade específica do sangue em função da frequência..........................30
Figura 5. Variação da profundidade de penetração em tecidos com a frequência.............31
Figura 6. Variação da profundidade de penetração em tecidos com a frequência.............32
Figura 7. Incidência dos raios solares nas diferentes camadas da pele..............................33
Figura 8. Termografia de um equipamento elétrico..........................................................34
Figura 9. Termografia de um motor elétrico.....................................................................34
Figura 10. Eficiência relativa espectral por comprimento de onda...................................36
Figura 11. Exemplo de um emissor de radiofrequência....................................................38
Figura 12. Exemplo de um emissor de micro-ondas.........................................................39
Figura 13. Efeitos observados em cobaias para diferentes circunstâncias de exposições de
ELF..................................................................................................................................47
Figura 14. Temperatura retal de equilíbrio em um homem adulto, em função da densidade de
potência a 75 MHz..........................................................................................................48
Figura 15. Parte do sistema respiratório..........................................................................77
Figura 16. Efeitos de alguns gases no corpo humano......................................................78
Figura 17. Anticorpos.......................................................................................................79
Figura 18. DNA com mutação..........................................................................................80
Figura 19. Coletor de poeira do tipo ciclone.....................................................................81
Figura 20. Bomba e tubos colorimétricos.........................................................................82
Figura 21. Cromatógrafo a gás.........................................................................................83
Figura 22. Analisador infravermelho...............................................................................83
Figura 23. Amostrador passivo........................................................................................84
Figura 24. Figura esquemática de um tubulão pneumático..............................................87
Figura 25. Tabela de descompressão para pressões entre 0 e 0,900 kgf/cm²..................89
Figura 26. Tabela de descompressão para tempo de trabalho entre 4 e 6 horas..............89
Figura 27. Mergulhador no mar.......................................................................................93
Figura 28. Mergulhador em esgoto...................................................................................93
Figura 29. Monitoramento do andamento do mergulho..................................................96
Figura 30. Manobra de Valsava........................................................................................98
Figura 31. Barotrauma pulmonar à 40m..........................................................................99
Figura 32. Doenças e Causas............................................................................................101
Sumário de Tabelas
Tabela 1. Onze anexos que tratam de regulamentações específicas para algumas
atividades.........................................................................................................................24
Tabela 2. Efeitos da asfixia por porcentagem de oxigênio...............................................75
Tabela 3. Ação do monóxido de carbono e suas consequências........................................76
Tabela 4. Ação do gás sulfídrico e suas consequências....................................................76
Tabela 5. Quadro referente ao item 4................................................................................97
Tabela 6. Tratamento com oxigênio de doenças descompressivas...................................101
Tabela 7. Tratamento com ar e oxigênio de embolia gasosa.............................................102
Sumário
1. Introdução......................................................................................................................9
2. NR 12.............................................................................................................................9
2.1 Princípios gerais ..............................................................................................9
2.2 Arranjo físico e instalações...............................................................................9
2.3 Instalações e Dispositivos Elétricos..................................................................10
2.4 Dispositivos de Partida, Acionamento e Parada................................................11
2.5 Sistemas de Segurança.....................................................................................11
2.6 Dispositivos de Parada de Emergência.............................................................12
2.7 Meios de Acesso Permanente...........................................................................13
2.8 Componentes Pressurizados.............................................................................13
2.9 Transportadores de Materiais...........................................................................14
2.10 Aspectos Ergonômicos...................................................................................16
2.11 Riscos Adicionais.........................................................................................18
2.12 Manutenção, Inspeção, Preparação, Ajustes e Reparos................................19
2.13 Sinalização...................................................................................................20
2.14 Manuais........................................................................................................20
2.15 Procedimentos de Trabalho e Segurança......................................................21
2.16 Projeto, Fabricação, Importação, Venda, Locação, Leilão, Cessão a Qualquer
Título, Exposição e Utilização.........................................................................................22
2.17 Capacitação..................................................................................................23
2.18 Outros Requisitos Específicos de Segurança................................................24
2.19 Disposições Finais.........................................................................................25
3. RADIAÇÕES NÃO IONIZANTES.............................................................................25
3.1 Conceitos básicos de ondas planas e eletromagnetismo.................................26
3.1.1 Interação entre a Radiação Eletromagnética e a Matéria.................28
3.1.2 Materiais Dielétricos.......................................................................28
3.1.3 Constante Dielétrica dos Tecidos.....................................................29
3.1.4 Condutividade Especifica dos Tecidos............................................30
3.1.5 Efeito Pelicular (Efeito Skin) ..........................................................30
3.1.6 Taxa de Absorção Especifica(SAR)................................................31
3.2 Radiação infravermelha..................................................................................32
3.2.1 Medição da Intensidade de Radiação Infravermelha.......................33
3.3 Radiação ultravioleta......................................................................................34
3.3.1 Medição da Radiação Ultravioleta...................................................35
3.3.2 Valores Recomendados...................................................................35
3.4 Microondas e radiofrequências.......................................................................37
3.5 Efeitos da radiação não-ionizante...................................................................39
3.5.1. Limites de Exposição......................................................................40
3.5.2. Efeitos da Exposição em Ondas até 100KHz..................................40
3.6 Riscos devido a exposição à radiação eletromagnética..................................49
3.6.1 Como Quantificar a Gravidade do Risco.........................................50
3.7 Normas de exposição a radiações eletromagnéticas não-ionizantes..............50
3.7.1 Normas Internacionais.....................................................................43
3.7.2 Normas no Brasil.............................................................................51
4. PROGRAMA DE PROTEÇÃO RESPIRATÓRIA....................................................51
4.1 Capítulo I - política da empresa e responsabilidades..................................53
4.1.1 Preâmbulo........................................................................................53
4.1.2 Política da empresa..........................................................................53
4.1.3 Responsabllidades...........................................................................54
4.2 Capítulo II - Administração do programa de proteção respiratória................54
4.3 Capítulo III - avaliação médica.......................................................................55
4.4 Capítulo IV - Avaliação do nível de exposição do trabalhador......................56
4.5 Capítulo VI - Uso de respiradores..................................................................57
4.6 Capítulo VII – Treinamento............................................................................57
4.7 Capítulo VIII - Ensaio de vedação ( fit test )..................................................58
4.8 Capítulo IX - Inspeção, manutenção e guarda de respiradores.......................58
4.9 Capítulo X - Avaliação do programa..............................................................60
4.10 Capítulo XI - Procedimentos operacionais escritos......................................60
4.11 Capítulo XII – Seleção de respiradores .......................................................60
5 RISCOS RESPIRATÓRIOS ........................................................................................61
5.1 Deficiência de oxigênio..................................................................................62
5.1.1 Causas da deficiência de oxigênio...................................................64
5.2 ACGIH...........................................................................................................64
5.3 Agentes químicos...........................................................................................65
5.4 Contaminantes particulados: classificação física............................................66
5.5 Contaminantes particulados: classes e efeitos sobre o organismo...................68
5.5.1 Particulados inaláveis, oracicos e respiráveis.................................68
5.5.2 Efeitos sobre o organismo..............................................................69
5.5.3 Particulados insolúveis não classificados de outra maneira
(PNOS)............................................................................................................................70
5.5.4 Aerossóis fibogênicos e não fibrogênicos.......................................71
5.5.5 Sílica cristalizada, sílica amorfa, silicatos e silicose......................72
5.5.6 Asbesto e doenças pulmonares........................................................72
5.6 Contaminantes gasosos..................................................................................73
5.6.1 Efeitos dos contaminantes gasosos no organismo...........................75
5.7 Análise da exposição a particulados...............................................................80
5.8 Análise da exposição a gases e vapores..........................................................82
6. TRABALHO SOB PRESSÕES ANORMAIS.............................................................84
6.1 Definições pertinentes....................................................................................85
6.2 Trabalhos em tubulações pneumáticas e túneis pressurizados.......................86
6.3 Descompressão.............................................................................................88
6.4 Condições para trabalhos submersos..............................................................89
6.5 Precauções necessárias por parte das equipes de mergulho............................92
6.5.1 Utilização dos Equipamentos de Mergulho ....................................96
6.6 Doenças Descompressivas e Embolia Gasosa................................................97
6.6.1 Tipos de barotraumas.......................................................................98
6.6.2 Tipos de embolias............................................................................100
6.6.3 Consequências, precauções e instruções.........................................100
6.6.4 Cuidados e considerações finais......................................................102
7. EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO...........................................................................103
7.1 Responsabilidades..........................................................................................104
7.2 Certificados de Aprovação – CA..................................................................106
7.3 EPI’s..............................................................................................................107
7.3.1 Tipos de equipamantos de proteção individual...............................107
7.4 Da competência do Ministério do Trabalho e Emprego / TEM.....................115
7.5 Anexos............................................................................................................116
7. CONCLUSÃO.............................................................................................................120
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.........................................................................121
1. INTRODUÇÃO
A Engenharia de Segurança do trabalho é responsável por prevenir riscos à saúde e à
vida do trabalhador, visando assegurar sobretudo sua qualidade de vida. O engenheiro de
segurança do trabalho tem a função de afiançar que o trabalhador não corra risco de acidentes
em sua atividade profissional, sejam eles danos físicos ou psicológicos. É um profissional
habilitado capaz de organizar de forma técnica e eficiente todos os processos referentes à
segurança e higiene do trabalho. Neste trabalho, serão apresentados diversos temas
relacionados à Segurança no Trabalho abordados no dia-a-dia de um profissional da área.

2. NR 12

2.1 Princípios Gerais

Essa Norma Regulamentadora (NR) aprovada pela Portaria GM nº 3.214, de 08 de junho


de 1978 e teve sua última atualização na Portaria SIT nº 197, de 17 de dezembro de 2010,
estabelece referências técnicas, princípios fundamentais e medidas de proteção para garantir a
saúde e a integridade física dos trabalhares e define requisitos mínimos para prevenção de
acidentes e doenças do trabalho.
Tais medidas visão prevenir acidentes que possam ocorrer em toda fase de utilização da
máquina ou equipamento, ou seja, desde a construção até a desativação.
Estão também dispostos na NR quais medidas de proteção os empregadores devem
adotar e a sua relevância. Onde a ordem de prioridade começa com as medidas de proteção
coletiva, passando para as medidas administrativas ou de organização do trabalho e chegado
até as medidas de proteção individual.
Propõe-se ainda que as máquinas e equipamentos devam, desde a sua concepção,
atender ao princípio de falha segura.

2.2 Arranjo Físico e Instalações

A NR-12 determina neste item que áreas de circulação devem sempre estar
desobstruídas e que em locais de instalação de máquinas e equipamentos tais áreas devem ser
devidamente demarcadas conforme normas técnicas. Determina também que deve haver espaço
suficiente ao redor das máquinas e equipamentos para garantir a segurança do operador, sua
manutenção, ajuste, limpeza e inspeção e ainda permitir a toda a movimentação necessária.
Os pisos dos locais de trabalho devem ser mantidos sempre limpos e livres de qualquer
material que ofereça risco de acidentes e também obter características que possam prevenir
riscos provenientes de graxas, óleos e outras substâncias ou materiais escorregadios.
As ferramentas dever ser mantidas organizadas e armazenadas ou dispostas em locais
específicos para sua finalidade.
As máquinas, as áreas de circulação, os postos de trabalho e quaisquer outros locais em
que possa haver trabalhadores devem ficar posicionados de modo que não ocorram transporte
e movimentação aérea de matérias sobre os trabalhadores.

2.3 Instalações e Dispositivos Elétricos

Neste item é determinado que as instalações elétricas das máquinas e equipamentos


devem ser projetadas e mantidas de modo a prevenir choques elétricos, incêndios, explosões e
outros tipos de acidentes. As instalações, carcaças, invólucros, blindagens ou partes condutoras
das maquinas e equipamentos que não façam parte dos circuitos elétricos, mas que podem ficam
sob tensão devem ser aterrados conforme a norma técnica.
As instalações elétricas devem ser projetadas com meios e dispositivos que garantam
sua blindagem contra o contate direto ou indireto com água ou agentes corrosivos.
Os condutores de alimentação elétrica e quadros de energia das máquinas e
equipamentos devem atender os requisitos mínimos de segurança que se encontram na norma
regulamentadora.
Caso a energia elétrica for fornecida por fonte externa, as instalações elétricas devem
possuir dispositivo protetor contra sobrecorrente.
As máquinas e dispositivos devem possuir dispositivos protetores e monitoradores com
a finalidade de diminuir o risco de acidentes.
As baterias devem atender requisitos mínimos de segurança presentes no anexo e
quaisquer serviços ou substituições devem ser realizados conforme indicação do manual de
operação.

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2.4 Dispositivos de Partida, Acionamento e Parada

Os dispositivos de partida, acionamento e parada das maquinas devem ser projetados,


selecionados e instalados de modo que não se localizem em suas zonas perigosas; possam ser
acionados ou desligados em caso de emergência por outra pessoa que não seja o operador;
impeçam acionamento ou desligamento involuntário pelo operador ou por qualquer outra forma
acidental; não acarretem riscos adicionas e que não possam ser burlados. Seus comandos devem
possuir dispositivos que impeçam o seu funcionamento automático ao serem energizadas. Caso
a máquina ou equipamento necessitar de mais de uma pessoa para ser operado, número de
dispositivos de acionamento simultâneos deve corresponde ao número de operadores expostos
aos perigos.
As máquinas e equipamentos, cujo acionamento por pessoa não autorizadas possam
oferecer risco à saúde ou integridade física da mesma devem possuir um sistema que possibilite
o bloqueio de seus dispositivos de acionamento.
O acionamento e o desligamento simultâneo por um único comando de um conjunto de
máquinas e equipamentos ou de máquinas e equipamentos de grande dimensão devem ser
precedidos de sinal sonoro de alarme.

2.5 Sistemas de Segurança

As zonas de perigo das máquinas e equipamentos devem possuir sistemas de segurança,


caracterizados por proteções fixas, proteções móveis e dispositivos de segurança interligados,
que garantam proteção à saúde e à integridade física dos trabalhadores.
A adoção de sistemas de segurança deve considerar as características técnicas da
máquina e de seu funcionamento. Dentre os principais requisitos de para instalação de sistemas
de segurança, pode-se destacar a necessidade da responsabilidade técnica de um profissional
legalmente habilitado e a instalação de modo que esses sistemas não possam ser burlados e/ou
violados.
Considera-se proteção o elemento especificamente utilizado para prover segurança por
meio de barreira física e, consideram-se dispositivos de segurança os componentes que, por si
só ou interligados ou associados a proteções, reduzam os riscos de acidentes e de outros agravos
à saúde.

11
Os dispositivos de segurança podem ser:
a) Comandos Elétricos ou interfaces de segurança;
b) Dispositivos de intertravamento;
c) Sensores de segurança;
d) Válvulas e blocos de segurança ou sistemas pneumáticos e hidráulicos;
e) Dispositivos mecânicos;
f) Dispositivos de validação.

Os sistemas de segurança devem garantir manutenção do estado seguro da máquina e,


consequentemente a saúde e segurança dos trabalhadores na falta de energia e no momento do
religamento; também devem manter a proteção da máquina atuada até que tenha sido eliminado
o risco de lesão devido às funções perigosas.
Devem ser observadas as distâncias de segurança para impedir o acesso às zonas de
perigo, conforme previsto no Anexo I. Escadas também devem ser protegidas quando em zonas
de perigo.

2.6 Dispositivos de Parada de Emergência

As máquinas devem ser equipadas com um ou mais dispositivos de parada de


emergência, por meio dos quais possam ser evitadas situações de perigo latentes e existentes.
Os dispositivos de parada de emergência não devem ser utilizados como dispositivos de partida
ou de acionamento.
Os dispositivos de parada de emergência devem ser posicionados em locais de fácil
acesso e visualização pelos operadores em seus postos de trabalho e por outras pessoas, e
mantidos permanentemente desobstruídos.
A função parada de emergência não deve prejudicar a eficiência do sistema de
segurança, dificultar acesso para resgate de pessoas acidentadas e nem gerar risco adicional à
máquina.
Uma vez acionado, o dispositivo de parada de emergência deve garantir uma retenção
(selo) do acionador, mantendo a parada até que a ocorrência seja solucionada. A parada de
emergência deve exigir rearme, ou reset manual, a ser realizado somente após a correção do
evento que motivou o acionamento da parada de emergência.

12
2.7 Meios de Acesso Permanente

As máquinas e equipamentos devem possuir acessos permanentemente fixados e


seguros. Consideram-se meios de acesso elevadores, rampas, passarelas, plataformas ou
escadas de degraus.
Nas máquinas e equipamentos, os meios de acesso permanentes devem ser localizados
e instalados de modo a prevenir riscos de acidente e facilitar o seu acesso e utilização pelos
trabalhadores.
Os locais ou postos de trabalho acima do nível do solo em que haja acesso de
trabalhadores, devem possuir plataformas de trabalho estáveis e seguras, ou plataformas móveis
ou elevatórias na impossibilidade de se instalar plataformas estáveis.
As plataformas móveis devem ser estáveis, de modo a não permitir sua movimentação
ou tombamento durante a realização do trabalho.
As passarelas, plataformas, rampas (cuja inclinação deve ser obrigatoriamente menor
ou igual a 20°) e escadas de degraus devem propiciar condições seguras de trabalho, circulação,
movimentação e manuseio de materiais.
Quando houver risco de queda de objetos e/ou materiais, o vão do guarda corpo deverá
ter proteção fixa, integral e resistente.

2.8 Componentes Pressurizados

As secções: 77, 78, 79 da NR 12 trata-se de componentes pressurizados como


mangueiras e tubulações, algumas medidas de proteção devem ser tomadas caso essas
estivessem sujeitas a impactos mecânicos e outros agentes agressivos, esses componentes
devem ser localizados ou protegidos de tal forma que uma situação de ruptura e vazamentos de
fluidos não possam ocasionar acidentes de trabalho. Uma observação é que todas as mangueiras
devem possuir indicação da pressão máxima de trabalho admissível especificada pelo
fabricante.

As secções: 80, 81, 82 trata-se dos sistemas pressurizados das maquinas, esses devem
possuir meios ou dispositivos destinados para garantir que a pressão máxima de trabalho nos
circuitos não possa ser excedida e que quedas de pressão progressivas ou bruscas não possam
gerar perigo. Quando a fonte de energia das maquina forem isoladas, a pressão residual dos

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reservatórios, não pode gerar risco de acidentes. Os recipientes contendo gases comprimidos
utilizados em máquinas e equipamentos devem possuir perfeito estado de conservação e devem
ser armazenados em depósitos bem ventilados, protegidos contra quedas, calor e impactos
acidentais.

a) Os pneumáticos devem ser completamente despressurizados, removendo o núcleo da válvula


de calibragem antes da desmontagem e de qualquer intervenção que possa acarretar
acidentes.
b) O enchimento de pneumáticos só poderá ser executado dentro de dispositivo de clausura ou
gaiola adequadamente dimensionada, até que seja alcançada uma pressão suficiente para
forçar o talão sobre o aro e criar uma vedação pneumática. A secção 84 fala que em sistemas
pneumáticos e hidráulicos que utilizam dois ou mais estágios com diferentes pressões
(pressão de contato limitada a 50N/cm2) como medida de proteção, a força exercida
(limitada a 150N) de proteção, a força exercida no percurso ou circuito de segurança não
pode ser suficiente para provocar danos a integridade física dos trabalhadores.

2.9 Transportadores de Materiais

As secções 85 a 93 da NR-12 trata-se de transportadores de matérias, elas serão


explicadas uma a uma logo abaixo.

a) Secção 85: Os movimentos perigosos dos transportadores intermitentes de matérias devem


ser protegidos, especialmente nos pontos de esmagamento, agarramento e aprisionamento
formados pelas esteiras, correias, roletes, acoplamentos, freios, roldanas, a-mostradores,
volantes ,tambores, engrenagens, cremalheiras, correntes, guias, alinhadores, e outras partes
móveis acessíveis durante a operação normal.
b) Secção 85.1: Os transportadores contínuos de correia cuja altura da borda da correia que
transporta a carga esteja superior a 2,70m do piso estão dispensados da observância da
secção 85, desde que não haja circulação nem permanência de pessoas nas zonas de perigo.
c) Secção 85.2: Os transportadores intermitentes de correia em que exista proteção fixa
distante, associada a proteção móvel travada internamente que restrinja o acesso a pessoal
especializado para a realização de inspeções, manutenções e outras intervenções
necessárias, estão dispensados da observância da secção 85.
14
d) Secção86: Os transportadores contínuos de correia, cuja altura da borda da correia que
transporta a carga esteja superior a 2,70m do piso, devem possuir em toda a sua extensão,
passarelas em ambos os lados.
e) Secção 86.1: Os transportadores cuja correia tenha largura de até 762 mm polegadas podem
possuir passarela em apenas um dos lados, devendo se adotar o uso de plataformas móveis
ou elevatórias para quaisquer intervenções e inspeções.
f) Secção 86.2: Os transportadores móveis articulados em que haja possibilidade de realização
de quaisquer intervenções e inspeções a partir do solo ficam dispensados da exigência do
item 86.
g) Secção 87: Os transportadores de materiais somente devem ser utilizados para o tipo e
capacidade de carga para os quais foram projetados.
h) Secção 88: Os cabos de aço, correntes, eslingas, ganchos e outros elementos de suspensão
ou tração e suas conexões devem ser adequados ao tipo de material e dimensionados para
suportar os esforços solicitantes.
i) Secção 89: Nos transportadores contínuos de materiais que necessitem de parada durante o
processo é proibida a reversão de movimento para esta finalidade.
j) Secção 90: É proibida a permanência e a circulação de pessoas sobre partes em movimento,
ou que possam ficar em movimento, dos transportadores de materiais, quando não
projetadas para essas finalidades.
k) Secção 90.1: Nas situações em que haja inviabilidade técnica do cumprimento do disposto
no item 12.90 devem ser adotadas medidas que garantam a paralisação e o bloqueio dos
movimentos de risco.
l) Secção 90.2: A permanência e a circulação de pessoas sobre os transportadores contínuos
devem ser realizadas por meio de passarelas com sistema de proteção contra quedas.
m) Secção 90.3: É permitida a permanência e a circulação de pessoas sob os transportadores
contínuos somente em locais protegidos que ofereçam resistência e dimensões adequadas
contra quedas de materiais.
n) Secção 91: Os transportadores contínuos acessíveis aos trabalhadores devem dispor, ao
longo de sua extensão, de dispositivos de parada de emergência, de modo que possam ser
acionados em todas as posições de trabalho.
o) Secção 91.1: Os transportadores contínuos acessíveis aos trabalhadores ficam dispensados
do cumprimento da exigência da secção 91 se a análise de risco assim indicar.

15
p) Secção 92: Os transportadores contínuos de correia devem possuir dispositivos que
garantam a segurança em caso de falha durante sua operação normal e interrompam seu
funcionamento quando forem atingidos os limites de segurança, conforme especificado em
projeto, e devem contemplar, no mínimo, as seguintes condições:
a. Desalinhamento anormal da correia;
b. Sobrecarga de materiais.
q) Secção 93: Durante o transporte de materiais suspensos devem ser adotadas medidas de
segurança visando a garantir que não haja pessoas sob a carga.
r) Secção 93.1: As medidas de segurança previstas na secção 93 devem priorizar a existência
de áreas exclusivas para a circulação de cargas suspensas devidamente delimitadas e
sinalizadas.

2.10 Aspectos Ergonômicos

As secções 94 a 105 da NR-12 trata-se de Aspectos Ergonômicos, elas serão explicadas


uma a uma logo abaixo.
a) Secção 94: As máquinas e equipamentos devem ser projetados, construídos para seguir os
seguintes aspectos:
a. Atendimento da variabilidade das características antropométricas dos operadores.
b. Respeito às exigências posturais, cognitivas, movimentos e esforços físicos
demandados pelos operadores.
c. Os componentes como monitores de vídeo, sinais e comandos, devem possibilitar a
interação clara e precisa com o operador de forma a reduzir possibilidades de erros.
d. Os comandos e indicadores devem representar, sempre que possível, a direção do
movimento e demais efeitos correspondentes.
e. Os sistemas interativos, como ícones, símbolos e instruções devem ser coerentes em
sua aparência e função.
f. Favorecimento da eficiência e a confiabilidade das operações, com a minimização
da probabilidade de falhas na operação.
g. Diminuição da exigência de força, pressão, preensão, flexão, extensão ou torção dos
segmentos corporais.

16
h. A iluminação deve ser adequada e ficar disponível em situações de emergência,
quando necessário o ingresso em seu interior.
b) Secção 95: Os comandos das máquinas e equipamentos devem ser projetados, construídos
para seguir os seguintes aspectos:
a. Localização e distância de forma a permitir manejo fácil e seguro.
b. Instalação dos comandos mais utilizados em posições mais acessíveis ao operador.
c. A visibilidade, identificação e sinalização que permita serem distinguíveis entre si.
d. Instalação dos elementos de acionamento manual ou a pedal de forma a facilitar a
execução da manobra levando em consideração as características biomecânicas e
antropométricas dos operadores.
e. Garantia de manobras seguras e rápidas e proteção de forma a evitar movimentos
involuntários.
c) Secção 96: As Máquinas e equipamentos devem ser projetados, construídos e operados
levando em consideração a necessidade de adaptação das condições de trabalho às
características psicofisiológicas dos trabalhadores e à natureza dos trabalhos a executar,
oferecendo condições de conforto e segurança no trabalho.
d) Secção 97: Os assentos utilizados na operação de máquinas devem possuir estofamento e
ser ajustáveis à natureza do trabalho executado.
e) Secção 98: Os postos de trabalho devem ser projetados para permitir a alternância de
postura e a movimentação adequada dos segmentos corporais, garantindo espaço suficiente
para operação dos controles nele instalados.
f) Secção 99: As superfícies dos postos de trabalho não devem possuir cantos vivos,
superfícies ásperas, cortantes e quinas em ângulos agudos ou rebarbas nos pontos de contato
com segmentos do corpo do operador, e os elementos de fixação, como pregos, rebites e
parafusos, devem ser mantidos de forma a não acrescentar riscos à operação.
g) Secção 100: Os postos de trabalho das máquinas e equipamentos devem permitir o apoio
integral das plantas dos pés no piso.
h) Secção 100.1: Deve ser fornecido apoio para os pés quando os pés do operador não
alcançarem o piso, mesmo após a regulagem do assento.
i) Secção 101: As dimensões dos postos de trabalho das máquinas e equipamentos devem:
a. Atender às características antropométricas e biomecânicas do operador, com
respeito aos alcances dos segmentos corporais e da visão.

17
b. Assegurar a postura adequada, de forma a garantir posições confortáveis dos
segmentos corporais na posição de trabalho.
c. Evitar a flexão e a torção do tronco de forma a respeitar os ângulos e trajetórias
naturais dos movimentos corpóreos, durante a execução das tarefas.
j) Secção 102: Os locais destinados ao manuseio de materiais em processos nas máquinas e
equipamentos devem ter altura e ser posicionados de forma a garantir boas condições de
postura, visualização, movimentação e operação.
k) Secção 103: Os locais de trabalho das máquinas e equipamentos devem possuir sistema de
iluminação permanente que possibilite boa visibilidade dos detalhes do trabalho, para evitar
zonas de sombra ou de penumbra e efeito estroboscópio.
l) Secção 103.1: A iluminação das partes internas das máquinas e equipamentos que
requeiram operações de ajustes, inspeção, manutenção ou outras intervenções periódicas
deve ser adequada e estar disponível em situações de emergência, quando for exigido o
ingresso de pessoas, com observância, ainda das exigências específicas para áreas
classificadas.
m) Secção 104: O ritmo de trabalho e a velocidade das máquinas e equipamentos devem ser
compatíveis com a capacidade física dos operadores, de modo a evitar agravos à saúde.
n) Secção 105: O bocal de abastecimento do tanque de combustível e de outros materiais deve
ser localizado, no máximo, a 1,50 m (um metro e cinquenta centímetros) acima do piso ou
de uma plataforma de apoio para execução da tarefa.

2.11 Riscos Adicionais

A NR-12 considera riscos adicionais:


a) Substâncias perigosas quaisquer, sejam agentes biológicos ou agentes químicos em estado
sólido, líquido ou gasoso, que apresentem riscos à saúde ou integridade física dos
trabalhadores por meio de inalação, ingestão ou contato com a pele, olhos ou mucosas;
b) Radiações ionizantes geradas pelas máquinas e equipamentos ou provenientes de
substâncias radiativas por eles utilizadas, processadas ou produzidas;
c) Radiações não ionizantes com potencial de causar danos à saúde ou integridade física dos
trabalhadores;
d) Vibrações;

18
e) Ruído;
f) Calor;
g) Combustíveis, inflamáveis, explosivos e substâncias que reagem perigosamente;
h) Superfícies aquecidas acessíveis que apresentem risco de queimaduras causadas pelo
contato com a pele.
Dessa forma devem-se tomar medidas que limitem a emissão ou liberação de agentes
químicos, físicos e biológicos até a sua eliminação. Ou, ao menos, a redução de
emissão/liberação e/ou redução da exposição dos trabalhares.
Máquinas e equipamentos que possam causar incêndios, explosões, queimaduras e
emitam ou liberem substâncias em ambientes confinados devem ter estabelecidos
procedimentos de segurança para garantir a utilização de forma segura pelos trabalhadores.

2.12 Manutenção, Inspeção, Preparação, Ajustes e Reparos

Máquinas e equipamentos devem ser submetidos periodicamente a manutenção e está


dever ser registrada da seguinte forma:
a) Cronograma de manutenção;
b) Intervenções realizadas;
c) Data da realização de cada intervenção;
d) Serviço realizado;
e) Peças reparadas ou substituídas;
f) Condições de segurança do equipamento;
g) Indicação conclusiva quanto às condições de segurança da máquina;
h) Nome do responsável pela execução das intervenções.
Onde tais registros devem estar disponíveis a todos os trabalhadores envolvidos na ação,
bem como a Comissão Interna de Prevenção de Acidentes – CIPA, ao Serviço de Segurança e
Medicinado Trabalho – SESMT e a fiscalização do Ministério do Trabalho e Emprego.
Para que se realize a manutenção, inspeção, preparação, ajustes e reparos há necessidade
de se parar a máquina de forma a manter os trabalhadores seguros enquanto realizam a operação
solicitada. Na NR-12 as exigências de parada estão dispostas nos artigos 12.113 e 12.113.1.
Estão inclusos também nessa NR a manutenção de máquinas e equipamentos para a
realização de ensaios não destrutivos – END, artigos 12.114 e 12.114.1.

19
E peças e componentes substituídos devem garantir o mesmo padrão de segurança para
os trabalhadores.

2.13 Sinalização

As máquinas e equipamentos devem possuir sinalização de segurança para advertir os


trabalhadores e terceiros sobre os riscos a que estarão expostos, as instruções de operação e
manutenção e outras informações necessárias para garantir a integridade física e a saúde dos
trabalhadores.
Os tipos de sinalização são: cores, símbolos, inscrições, sinais luminosos ou sonoros
entre outras formas de comunicação de mesma eficácia.
Para as sinalizações de segurança tem-se que devem:
a) Ficar destacada na máquina ou equipamento;
b) Ficar em localização claramente visível;
c) Ser de fácil compreensão.
As demais informações sobre a sinalização de máquinas e equipamentos estão dispostas
na NR-12 nos artigos 12.116 ao 12.124.1.

2.14 Manuais

As máquinas e equipamentos devem possuir manual de instruções fornecido pelo


fabricante ou importador, com informações relativas à segurança em todas as fases de
utilização. Quando inexistente ou extraviado, o manual de máquinas ou equipamentos que
apresentem riscos deve ser reconstituído pelo empregador, sob a responsabilidade de
profissional legalmente habilitado.
Os manuais devem:
a) Ser escritos na língua portuguesa - Brasil, com caracteres de tipo e tamanho que possibilitem
a melhor legibilidade possível, acompanhado das ilustrações explicativas;
b) Ser objetivos, claros, sem ambiguidades e em linguagem de fácil compreensão;
c) Ter sinais ou avisos referentes à segurança realçados; e
d) Permanecer disponíveis a todos os usuários nos locais de trabalho.

20
Os manuais das máquinas e equipamentos fabricados ou importados a partir da vigência
desta Norma devem conter, no mínimo, as seguintes informações:
a) Razão social, CNPJ e endereço do fabricante ou importador;
b) Tipo, modelo e capacidade;
c) Número de série ou número de identificação e ano de fabricação;
d) Normas observadas para o projeto e construção da máquina ou equipamento;
e) Descrição detalhada da máquina ou equipamento e seus acessórios;
f) Diagramas, inclusive circuitos elétricos, em especial a representação esquemática das
funções de segurança;
g) Definição da utilização prevista para a máquina ou equipamento;
Riscos a que estão expostos os usuários, com as respectivas avaliações quantitativas de
emissões geradas pela máquina ou equipamento em sua capacidade máxima de utilização;
h) Definição das medidas de segurança existentes e daquelas a serem adotadas pelos usuários;
i) Especificações e limitações técnicas para a sua utilização com segurança;
j) Riscos que podem resultar de adulteração ou supressão de proteções e dispositivos de
segurança;
k) Riscos que podem resultar de utilizações diferentes daquelas previstas no projeto;
l) Procedimentos para utilização da máquina ou equipamento com segurança;
m) Procedimentos e periodicidade para inspeções e manutenção;
n) Procedimentos a serem adotados em situações de emergência;
o) Indicação da vida útil da máquina ou equipamento e dos componentes relacionados com a
segurança.
No caso de máquinas e equipamentos fabricados ou importados antes da vigência desta
Norma, os manuais devem conter, no mínimo, as informações “b”, “e”, “f”, “g”, “i”, “j”, “k",
“l”, “m”, “n” e “o” do item anterior.

2.15 Procedimentos de Trabalho e Segurança

Devem ser elaborados procedimentos de trabalho e segurança específicos,


padronizados, com descrição detalhada de cada tarefa, passo a passo, a partir da análise de risco.
Porém não podem ser as únicas medidas de proteção adotadas para se prevenir acidentes, sendo

21
considerados complementos e não substitutos das medidas de proteção coletivas necessárias
para a garantia da segurança e saúde dos trabalhadores.
Ao início de cada turno de trabalho ou após nova preparação da máquina ou
equipamento, o operador deve efetuar inspeção rotineira das condições de operacionalidade e
segurança e, se constatadas anormalidades que afetem a segurança, as atividades devem ser
interrompidas, com a comunicação ao superior hierárquico.
Os serviços em máquinas e equipamentos que envolvam risco de acidentes de trabalho
devem ser planejados e realizados em conformidade com os procedimentos de trabalho e
segurança, sob supervisão e anuência expressa de profissional habilitado ou qualificado, desde
que autorizados. Devem ser precedidos de ordens de serviço – OS - específicas, contendo, no
mínimo:
a) A descrição do serviço;
b) A data e o local de realização;
c) O nome e a função dos trabalhadores; e
d) Os responsáveis pelo serviço e pela emissão da OS, de acordo com os procedimentos de
trabalho e segurança.

2.16 Projeto, Fabricação, Importação, Venda, Locação, Leilão, Cessão a Qualquer Título,
Exposição e Utilização.

O projeto deve levar em conta a segurança intrínseca da máquina ou equipamento


durante as fases de construção, transporte, montagem, instalação, ajuste, operação, limpeza,
manutenção, inspeção, desativação, desmonte e sucateamento por meio das referências técnicas
indicadas nesta Norma, a serem observadas para garantir a saúde e a integridade física dos
trabalhadores.
O projeto da máquina ou equipamento não deve permitir erros na montagem ou
remontagem de determinadas peças ou elementos que possam gerar riscos durante seu
funcionamento, especialmente quanto ao sentido de rotação ou deslocamento.
O projeto das máquinas ou equipamentos fabricados ou importados após a vigência
desta Norma deve prever meios adequados para o seu levantamento, carregamento, instalação,
remoção e transporte.

22
Devem ser previstos meios seguros para as atividades de instalação, remoção, desmonte
ou transporte, mesmo que em partes, de máquinas e equipamentos fabricados ou importados
antes da vigência desta Norma.
É proibida a fabricação, importação, comercialização, leilão, locação, cessão a qualquer
título, exposição e utilização de máquinas e equipamentos que não atendam ao disposto nesta
Norma.

2.17 Capacitação

A capacitação dos trabalhadores deve ser realiza pelo empregador em horário de


trabalho e deve abrangem a operação, manutenção e qualquer intervenção pela qual a máquina
ou equipamento deve ser submetido.
A realização da capacitação deve ser registrada na Carteira de Trabalho e Previdência
Social – CTPS, e deve haver reciclagens sempre que houver modificação na metodologia ou na
máquina ou equipamento para o qual se concede a capacitação.
A capacitação deve:
a) Ocorrer antes que o trabalhador assuma a sua função;
b) Ser realizada pelo empregador, sem ônus para o trabalhador;
c) Ter carga horária mínima que garanta aos trabalhadores executarem suas atividades com
segurança, sendo distribuída em no máximo oito horas diárias e realizada durante o horário
normal de trabalho;
d) Ter conteúdo programático conforme o estabelecido no Anexo II desta Norma;
e) Ser ministrada por trabalhadores ou profissionais qualificados para este fim, com supervisão
de profissional legalmente habilitado que se responsabilizará pela adequação do conteúdo,
forma, carga horária, qualificação dos instrutores e avaliação dos capacitados.
E o conteúdo programático deve abranger:
a) Histórico da regulamentação de segurança sobre a máquina especificada;
b) Descrição e funcionamento;
c) Riscos na operação;
d) Principais áreas de perigo;
e) Medidas e dispositivos de segurança para evitar acidentes;
f) Proteções - portas, e distâncias de segurança;

23
g) Exigências mínimas de segurança previstas nesta Norma e na NR 10;
h) Medidas de segurança para injetoras elétricas e hidráulicas de comando manual; e
i) Demonstração prática dos perigos e dispositivos de segurança.
As máquinas injetoras devem receber treinamento diferenciado como trata o Anexo IX.

2.18 Outros Requisitos Específicos de Segurança

As ferramentas e acessórios necessários para se realizar manutenção, inspeção ou repara


em máquinas ou equipamentos devem ser adequados as suas funções.
As ferramentas e acessórios/componentes devem ser mantidos em local apropriado a
sua finalidade.
Os reboques em máquinas de tração devem ser padronizados e de fácil manuseio,
identificação e de resistência adequada para que realize sua função com segurança.
Nessa norma NR-12 estão dispostos, ainda, onze anexos que tratam de regulamentações
específicas para algumas atividades, tais anexos tratam:

Tabela 1. Onze anexos que tratam de regulamentações específicas para algumas atividades
Anexo Atividade
I. Distância de segurança e requisitos para o uso de detectores de presença
optoeletrônicos
II. Conteúdo programático da capacitação
III. Meios de acesso permanentes
IV. Glossário
V. Motosserras
VI. Máquinas para panificação e confeitaria
VII. Máquinas para açougue e mercearia
VIII. Prensas e similares
IX. Injetora de materiais plásticos
X. Máquinas para fabricação de calçados e afins
XI. Máquinas e implementos para uso agrícola e florestal
Fonte: Próprio autor

24
2.19 Disposições Finais

O empregador deve manter inventário atualizado das máquinas e equipamentos com


identificação por tipo, capacidade, sistemas de segurança e localização em planta baixa,
elaborado por profissional qualificado ou legalmente habilitado.
Toda a documentação referida nesta norma, inclusive o inventário, deve ficar disponível
para o SESMT, CIPA ou Comissão Interna de Prevenção de Acidentes na Mineração –
CIPAMIN, sindicatos representantes da categoria profissional e fiscalização do Ministério do
Trabalho e Emprego.
As máquinas autopropelidas agrícolas, florestais e de construção em aplicações agro-
florestais e respectivos implementos devem atender ao disposto no Anexo XI desta Norma.

3. RADIAÇÕES NÃO IONIZANTES

As radiações constituem uma forma de energia que, de acordo com a sua capacidade de
interagir com a matéria e considerando sua capacidade de energia, podem subdividir-se em:
● Radiações Ionizantes: As que possuem energia suficiente para ionizar os átomos e
moléculas com as quais interagem, variando entre 2,5 e 25 eV; sendo as mais conhecidas:
- Raios X e raios gama (radiações eletromagnéticas);
- Raios alfa, raios beta, neutrões, protões (radiações corpusculares).
● Radiações Não Ionizantes: São as radiações com comprimento de onda superior a
200nm, possuindo relativamente baixa energia (abaixo de 10eV), incapazes de interagir
atomicamente; embora possam servir de catalizadores na quebra molecular e ligações químicas,
sendo as mais conhecidas:
- Luz visível (400 nm < λ < 700 nm);
- Infravermelhos (100 nm < λ < 1 mm);
- Ultravioletas (15 nm < λ < 400 nm);
- Microondas de aquecimento (λ = 12,2 cm);
- Microondas de rádio telecomunicações (1 mm < λ < 1 m);
- Corrente elétrica (10000 km < λ < 100000 km).

25
Todas as radiações eletromagnéticas têm uma origem comum: a movimentação de
cargas elétricas. Elas variam em frequência, comprimento de onda e nível energético,
produzindo assim diferentes efeitos físicos e biológicos.
As radiações não ionizantes mais conhecidas e utilizadas no meio das engenharias e das
indústrias são:
● A Radiação Infravermelha;
● A Radiação Ultravioleta;
● As Radiações de microondas e Radiofrequências
A Figura (1) exemplifica as variadas faixas de frequência, com suas respectivas
características.

Figura 1. Faixas de frequências e suas respectivas características

Fonte: Espectograma, 2014.

3.1 Conceitos básicos de ondas planas e eletromagnetismo

A radiação eletromagnética se comporta como uma onda transversal, de tal forma que
sua oscilação ocorre perpendicularmente à direção de propagação da onda (dada pelo vetor de
poynting, S = E x H), que coincide com a direção de transferência de energia. Um esquemático
de uma onda transversal pode ser vista na Figura (2).

26
Figura 2. Esquemático de uma onda eletromagnética plana monocromática.

Fonte: The plane wave equation, 2007

Uma onda consiste em sucessivas cristas e vales, e a distância entre duas cristas ou dois
vales adjacentes é chamada o comprimento de onda λ. Ondas do espectro eletromagnético
variam em tamanho, das ondas de rádio muito longos do tamanho de edifícios a raios gama
muito curtos menores do que núcleos de átomos. A frequência é inversamente proporcional ao
comprimento de onda, de acordo com a equação v=λf, em que v é a velocidade da onda
(c=3.10^8 m/s no vácuo, decrescendo em valor em outros meios), f é a frequência e λ é o
comprimento de onda. Quando uma onda eletromagnética passa de um meio para outro, sua
velocidade mudar mas sua frequência permanece constante. As componentes magnéticas e
elétricas dos campos mantém dependência dadas pelo equacionamento de Maxwell, onde
𝐸 = 𝐸0 𝑐𝑜𝑠𝛷ŷ [V/m] e 𝐻 = 𝐻0 𝑐𝑜𝑠𝛷𝑥 [A/m]. Num meio homogêneo qualquer, a razão entre os
campos elétricos e magnéticos chama-se impedância característica do meio, 𝑍 = (𝜇/𝜀)^½;
onde µ é a permeabilidade magnética e ε é a permissividade elétrica do meio. Para o vácuo tem-
se 𝜇0 = 4𝜋10−7 H/m e 𝜀0 = 109 /36𝜋F/m; resultando em Z0 = 377 Ω.
A propagação das ondas é perpendicular aos campos E e H, e é descrita pelo vetor de
poynting: S = E x H. Esta grandeza de fundamental importância representa a densidade de
2
potência da onda, dada por 𝑆 = |𝐸| /𝑍 ou 𝑆 = |𝐻|2 𝑍, com unidade [W/m2] no SI.
Essa mesma grandeza é também conhecida como irradiância, em estudos de
luminosidade, em outra parte do espectro eletromagnético.
A descrição de onda eletromagnética plana não é valida em interações próximas a fontes
de emissão, como transmissores, telefones celulares, etc. Neste caso, a densidade de potência S
é muito variável e complexa, indicando o chamado Campo Próximo. Da mesma forma em todos
os casos em que ocorrem fenômenos de interferência, difração de ondas, ou ondas estacionárias,
esta descrição é incompleta.
27
É importante para qualquer medida de densidade de potência (fluxo de energia), saber-
se que a própria sonda pode seriamente perturbar os resultados das medidas. O grau da interação
depende do tamanho, frequência, forma, orientação, características elétricas da sonda, e da
proximidade de superfícies refletoras.
Em geral a densidade de potência em campos próximos, não é um bom indicador para
determinar riscos destas radiações, pois cálculos baseados nesta grandeza subestimam a
intensidade dos campos.
Tecnologias envolvendo o uso de ondas eletromagnéticas resultaram em imensos
benefícios para a humanidade, modificando a comunicação, a medicina, os negócios, a
manufatura de bens, etc.

3.1.1 Interação entre a Radiação Eletromagnética e a Matéria

Para que a radiação eletromagnética possa produzir algum efeito, em um tecido ou em


qualquer outra substância, é necessário que haja transferência de energia desta radiação para o
meio, e que esta energia seja absorvida. Os efeitos desta absorção no tecido humano são de
natureza térmica ou não-térmica, dependendo se os efeitos são devidos à deposição de calor
(efeito térmico) ou devido à interação direta do campo com as substâncias, sem transferência
significativa de calor (efeito não-térmico). Os fatores mais importantes, para a absorção das
ondas são: constante dielétrica, condutividade, geometria e conteúdo de água do meio.

3.1.2 Materiais Dielétricos

Um material dielétrico não contém cargas livres capazes de se moverem sob a ação de
um campo elétrico externo aplicado. No entanto as cargas positivas e negativas em moléculas
dielétricas podem ser separadas pela ação do campo, e se isso ocorre dizemos que o material
ficou polarizado. A relação entre a intensidade do campo elétrico E, em um material dielétrico
é dado por 𝜀0 𝐸 = (𝐷 − 𝑃); onde ε0 é a permissividade do vácuo, D o vetor deslocamento,
associado com cargas livres e P o vetor polarização, associado com as cargas de polarização.

28
Uma equação similar descreve a relação entre a indução magnética B, num meio
isotrópico, com o campo magnético externo H, dada por 𝐵 = 𝐾𝑚 𝜇0 𝐻; onde Km e μ0 são a
permeabilidade magnética relativa e a do vácuo respectivamente.

3.1.3 Constante Dielétrica dos Tecidos

O valor das constantes dielétricas de diferentes tecidos depende da constituição dos


mesmos, da frequência, e em caso de moléculas polares, também da temperatura. No caso da
água, que é uma molécula polar, a constante dielétrica relativa é 81 para baixas frequências e
cai com o aumento da frequência, devido à inércia rotacional dos dipolos elétricos com o campo
externo.
A constante dielétrica relativa do sangue é mostrada na Figura (3) em função da
frequência. Nesta figura vemos três regiões com diferentes mecanismos responsáveis por cada
região.
Figura 3. Constante dielétrica relativa do sangue em função da frequência

Fonte: Elbern A., CNEM, 2009

Para frequências de 10 kHz a 100 MHz, a constante dielétrica é afetada pela polarização
das membranas; acima de 100 MHz, as membranas perdem sua influência, e se comportam
como curto circuito; acima de 10 GHz a constante dielétrica reflete o conteúdo de água no
sangue.
Nos tecidos gordurosos, a constante dielétrica é baixa, assim, por exemplo, a 900 MHz,
um tecido adiposo com 10% de água possui μr = 4 enquanto com 50% de água o mesmo tecido
possui μr = 12. Devido a esta variação com a concentração de água é difícil predizer o

29
comportamento dielétrico dos tecidos in vivo. A dependência com a temperatura é da ordem de
2% / C.

3.1.4 Condutividade Especifica dos Tecidos

A condutividade dos tecidos varia de forma significativa com a frequência para valores
acima de 1 GHz, como se vê na Figura (4) para o sangue. Este gráfico de modo geral, tipifica
o comportamento de tecidos com alto conteúdo de água. Em tecidos gordurosos, existe uma
dependência linear entre o conteúdo de água e a condutividade. Assim por exemplo a 900 MHz,
um tecido com 6% de água possui uma condutividade de 4 mS/cm enquanto para outro com
60% de água a condutividade é 40 mS/cm, valores estes que sempre variam com a frequência.

Figura 4. Condutividade específica do sangue em função da frequência

Fonte: Elbern A., CNEN 2009

3.1.5 Efeito Pelicular (Efeito Skin)

“Efeito Skin”, também chamado de efeito pelicular da radiação em uma substância, é


definido como sendo a profundidade numa substância na qual a amplitude da radiação é
reduzida em 1/e ( 37%) do valor incidente, e a densidade de potência, em 1/e2 ou seja a 13,5 %;
portanto 86,5% da energia é dissipada na película de espessura. Essa profundidade é função da
substância e da frequência da radiação incidente. A Figura (5) mostra a dependência típica para
os tecidos vivos, mostrando que diminui com o aumento da frequência.

30
Figura 5. Variação da profundidade de penetração em tecidos com a frequência.

Fonte: Elbern A, CNEN 2009

3.1.6 Taxa de Absorção Especifica(SAR)

Uma das grandezas físicas de maior interesse na quantificação de limites básicos de


exposição às radiações eletromagnéticas é a taxa de absorção específica, ou em inglês Specific
Absoption Rate - SAR.
Essa grandeza representa a taxa de potência absorvida por unidade de massa, e é dado
em watt por quilo [W/kg], usado em medidas ou cálculos de corpo-presente. Ela representa a
média espacial sobre toda a massa exposta a radiações de frequências maiores que 10 MHz,
porque para frequências menores o conceito de SAR perde o significado, visto que os efeitos
biológicos resultantes da exposição humana, são melhor correlacionados com as densidades de
corrente resultantes no corpo.
A SAR é também considerada como sendo a variação no tempo do aumento da energia
absorvida, dW num elemento de volume dV de massa dm, e densidade, sendo dada por:
SAR = d/dt (dW/dm)
Para exposição do corpo inteiro, por exemplo, pode-se considerar a SAR média, que
será então, a relação entre a potência total absorvida pelo corpo e sua massa. Na Figura (6)
observa-se o aquecimento relativo, devido a SAR, é menor no tecido gorduroso do que nos
músculos, devido à diferença do conteúdo de água, e, portanto o aquecimento no músculo decai
exponencialmente com a penetração, sendo a constante maior para frequências menores.

31
Figura 6. Variação da profundidade de penetração em tecidos com a frequência.

Fonte: Elbern A,. CNEN, 2009

A dependência da frequência do SAR pode ser dividida em três partes. Na região de


mais baixa frequência, abaixo de 30 MHz, a energia de absorção diminui rapidamente com a
diminuição da frequência. Os efeitos não-térmicos são predominantes na região principalmente
de frequências muito baixas (< 300 kHz).
Na região de ressonância, entre (30 e 400 MHz), o tamanho do corpo e o comprimento
de onda são da mesma ordem de grandeza e por isso a absorção da radiação é maior e os efeitos
térmicos predominam. Nas regiões de maior frequência, > 300 MHz, a penetração de radiação
é menor, e pode ocorrer a produção de locais sobre-aquecidos em regiões do corpo, como por
exemplo, na cabeça.

3.2 Radiação infravermelha

A exposição à radiação infravermelha poderá sempre ocorrer desde que uma superfície
tenha temperatura mais elevada que o receptor, podendo ser utilizada em qualquer situação em
que se queira promover o aquecimento localizado de uma superfície. Na indústria, este tipo de
radiação poderá ter aplicação nomeadamente na secagem de tintas e vernizes e em processos
de aquecimento de metais. A radiação infravermelha é perceptível como uma sensação de
aquecimento da pele, dependendo do seu comprimento de onda, energia e tempo do exposição;
podendo causar efeitos negativos no organismo como queimaduras da pele, aumento persistente
da pigmentação cutânea e lesões nos olhos.
A Figura (7) retrata a incidência dos raios solares nas camadas da pele.
32
Figura 7. Incidência dos raios solares nas diferentes camadas da pele

Fonte: Sejam bem vindos à MNC Fisioterapia! , 2012

3.2.1 Medição da Intensidade de Radiação Infravermelha

A termografia é uma técnica que permite mapear um corpo ou uma região com o intento
de distinguir áreas de diferentes temperaturas, sendo portanto uma técnica que permite a
visualização artificial da luz dentro do espectro infravermelho. A termografia hoje tem um
papel muito importante na área de manutenção preditiva. Através da sua utilização, é possível
eliminar muitos problemas de produção, evitando falhas elétricas, mecânica e fadiga de
materiais.
Embora hoje existam sensores infravermelhos de estado sólido que operem à
temperatura ambiente (os ccd de infravermelho), os primeiros termovisores funcionavam com
nitrogênio líquido (entre 63K e 77K), estando portando numa temperatura baixa para poder
"ler" o calor radiante de qualquer corpo que esteja nas imediações. A câmera de termovisão
transforma uma radiação infravermelha invisível ao olho humano em uma imagem visível. Ela
detecta a energia emitida por um objeto, modifica a frequência da energia recebida e produz
uma imagem correspondente, contudo na faixa visível do espectro eletromagnético.
Assim, a termografia infravermelha é o mapeamento sem contato e análise dos padrões
térmicos da superfície de um objeto. Para formação de uma imagem térmica, devemos ter
diferenças de temperatura. Se tivermos uma superfície com temperatura constante, não se
formará nenhuma imagem. Pode-se observar na Figura (8) uma termografia de um equipamento
elétrico e na Figura (9) uma termografia de um motor elétrico.

33
Figura 8. Termografia de um equipamento elétrico

Fonte: http://www.pollustermovisores.com.br/produtos/prodcategorias/eletrica-2.jpg

Figura 9. Termografia de um motor elétrico

Fonte: http://www.manutencaoesuprimentos.com.br/imagens/uma-imagem-criada-por-termografia-e-
chamado-de-termograma.jpg

3.3 Radiação ultravioleta

Na indústria, no que se refere à emissão deste tipo de radiações, temos as operações de


soldagem por corte oxi-gás e a soldagem ao arco elétrico. O poder de penetração das radiações
ultravioletas é relativamente fraco, pelo que os seus efeitos no organismo humano se restringem
essencialmente aos olhos e à pele, nomeadamente:

34
- inflamação dos tecidos do globo ocular, em especial da córnea e da conjuntiva (a
queratoconjuntivite é considerada uma doença que geralmente atingem soldadores); em regra,
a profundidade de penetração é maior de acordo com o aumento do comprimento de onda,
assim, o cristalino e a retina só poderão ser atingidos em casos extremos;
- queimaduras cutâneas, de incidência e gravidade variáveis, de acordo também com a
pigmentação da pele; os ultravioletas produzem envelhecimento precoce da pele e podem
exercer sobre ela, o efeito carcinogênico, em especial nas exposições prolongadas à luz solar;
- foto sensibilização dos tecidos biológicos. A gravidade da inflamação da córnea e
conjuntivo por "queimadura por flash" ou "clarão de soldadura" depende de vários fatores como
a duração da exposição, o comprimento de onda e o nível de energia.
A vigilância de saúde é importante na detecção precoce de alterações nos órgãos-alvo
(por exemplo, nos olhos refere-se a "sensação de areia", intolerância à luz, lacrimejo e inchaço
das pálpebras). De igual forma, é fundamental a formação e informação dos trabalhadores
expostos à radiação ultravioleta de forma a utilizar quotidianamente os procedimentos mais
corretos.

3.3.1 Medição da Radiação Ultravioleta

Os equipamentos utilizados na medição de ultravioleta podem ser do tipo célula


fotoelétrica, célula fotocondutiva, célula fotovoltaica ou detector fotoquímico. Destes, os de
uso mais frequentes são os de célula fotovoltaica e os chamados de “termopilhas”. Os aparelhos
podem ser obtidos de empresas especializadas em instrumentação ou junto a representantes de
equipamentos que geram U.V. que normalmente possuem os detectores (ex. fabricantes de
lâmpadas U.V.). Em relação com as medições, deve-se tomar cuidado com substâncias no ar
(como ozona ou vapor de mercúrio) que absorvem a radiação, ou materiais como vidros ou
plásticos, que também interferem em forma apreciável na transmissão da U.V.

3.3.2 Valores Recomendados

O valor do limite de tolerância para exposição ocupacional à radiação ultravioleta


incidente sobre os olhos ou pele, onde os valores de irradiação são conhecidos e o tempo de
exposição é controlado, é o seguinte:

35
1. Para a região do espectro ultravioleta próximo (320 a 400 nm), a irradiação total
incidente sobre os olhos ou pele desprotegidos não deve exceder 1 mw/cm² para períodos
maiores que 10³ segundos (aproximadamente 16 minutos), e para tempo de exposição menor
que 10³ segundos não deve exceder 1 J/cm²
2. Para a região do espectro da ultravioleta actínico (200-315 nm), e exposição à
radiação incidente sobre os olhos ou pele desprotegidos não deverá exceder os valores dados
na Tabela 1, durante um período de 8 horas.”
3. Para determinar a irradiação efetiva de uma fonte, de bandas largas ponderadas em
relação ao pico da curva de efetividade espectral (270 nm), deverá ser utilizada a seguinte
fórmula de ponderação:

𝐸𝑒𝑓 = 𝛴 𝐸𝛾 . 𝑆𝛾 . 𝛥𝛾

Onde:
𝐸𝑒𝑓 é a irradiação efetiva relativa para uma fonte monocromática a 270nm, em
W/cm², 𝐸𝛾 é a irradiação espectral em W/(cm².nm), 𝛥𝛾 é a largura da faixa em nm e 𝑆𝛾 é a
efetividade relativa espectral (Valor adimensional).
A Figura (10) mostra a eficiência relativa espectral por comprimento de onda.

Figura 10. Eficiência relativa espectral por comprimento de onda

Fonte: Radiações não ionizantes, 2015

36
4. O tempo de exposição permissível em segundos para exposição à radiação
ultravioleta actínica, incidente sobre a pele ou olhos desprotegidos, pode ser computado
dividindo-se 0,003 𝐽/𝑐𝑚2 por 𝐸𝑒𝑓 em 𝑊/𝑐𝑚2 . O tempo de exposição também pode ser
determinado utilizando-se a Tabela a seguir, a qual relaciona os tempos de exposição e as
irradiações efetivas em μW/cm².

3.4 Microondas e radiofrequências

As microondas consistem numa faixa do espetro eletromagnético situada entre as ondas


radioelétricas ultracurtas e os infravermelhos do espetro ótico. Este tipo de radiação
eletromagnética situa-se na gama de frequências entre os 1000 e 300 000 megahertz (MHz), a
que correspondem os comprimentos de onda de 30 e 0,1 cm, respetivamente.
As microondas propagam-se facilmente através do nevoeiro, da chuva e das nuvens, ao
contrário do que acontece com a luz visível. Também penetram facilmente na ionosfera, pelo
que são adequadas para as comunicações via satélite.
Por este motivo, as microondas são utilizadas também para localizar aviões e barcos,
para determinar a velocidade dos automóveis e para muitos outros fins semelhantes. O
procedimento correspondente recebe o nome de radar.
As microondas tornaram-se conhecidas durante a Segunda Guerra Mundial, quando a
sua utilização nos radares pelas forças britânicas possibilitou que estas se antecipassem em
cerca de duas horas à aproximação dos caças alemães.
Hoje em dia, as microondas são usadas nas comunicações globais via satélite, nos
telefones celulares, nos radares e nos fornos de microondas. Nestes últimos, aproveita-se o
efeito das intensidades elevadas das microondas para preparar ou aquecer os alimentos com
maior rapidez.
Ao penetrar nos alimentos em profundidade, o aquecimento não se produz do exterior
para o interior, como acontece com o forno convencional, mas de uma forma simultânea em
todas as partes. A porcelana e os plásticos não absorvem as microondas. Quando se coloca um
prato de sopa dentro do forno microondas, a sopa ficará quente enquanto que o recipiente
manterá sensivelmente a mesma temperatura.
Todos os dias, muitas pessoas são expostas a ondas eletromagnéticas de
radiofrequências de baixa intensidade, provenientes de diversas fontes, sem perceber qualquer

37
efeito. Apesar disso, pesquisas científicas continuam investigando a possibilidade da existência
de efeitos ainda não detectados. Quando expostas a campos eletromagnéticos intensos, algumas
pessoas podem apresentar aumento na temperatura do corpo, mas a população em geral não se
aproxima o suficiente das antenas transmissoras para sentir esses efeitos. O acesso às antenas é
protegido por cercas ou edificações que impossibilitam essa aproximação, principalmente nos
serviços de radiodifusão.
O cumprimento da regulamentação é monitorado por meio das ações de fiscalização
que a Anatel realiza regularmente. Essas ações são previstas em um plano anual de fiscalização
da Agência e visam aferir os níveis dos campos em estações transmissoras de
radiocomunicação. As avaliações feitas em estações transmissoras de telecomunicações, em
diversas localidades brasileiras, têm demonstrado que seus campos eletromagnéticos estão
abaixo dos valores limites adotados. A Anatel, ao estabelecer limites de exposição a campos
eletromagnéticos de radiofrequências e fiscalizar seu atendimento, busca garantir que, em locais
passíveis de ocupação humana, não sejam excedidos os limites de exposição.
Nas Figuras 11 e 12 podemos ver exemplos de emissores de radiofrequência e
microondas, respectivamente.

Figura 11. Exemplo de um emissor de radiofrequência

Fonte: http://www.netwire.com.br/wp-content/uploads/2012/10/celuar.jpg, 2015

38
Figura 12. Exemplo de um emissor de micro-ondas

Fonte: http://api.ning.com/files/m9wY6nHswW6wVfvrWQLarAKW2EC288BPg64l0MRvFg
xsuB8FxMM-qalmHQmLdaaJRmTgzNFVdHSFeSAbzbTSOXq59R60Plp6/satelite.jpg, 2015.

3.5 Efeitos da radiação não-ionizante

Em 1974, a Associação Internacional de Proteção a Radiações (IRPA) organizou um


grupo de trabalho sobre radiação não-ionizante (RNI), que investigou os problemas originados
no campo da proteção contra os vários tipos de RNI. No Congresso da IRPA em Paris em 1977,
este grupo de trabalho tornou-se a Comissão Internacional de Radiações Não Ionizantes
(INIRC). Em colaboração com a Divisão de Saúde Ambiental da Organização Mundial de
Saúde (OMS), a IRPA/INIRC desenvolveu vários documentos contendo critérios de saúde,
como parte do Programa de Critérios de Saúde Ambiental da OMS, patrocinado pelo Programa
Ambiental das Nações Unidas (United Nations Environmental Programme - UNEP). Cada
documento inclui uma visão geral das características físicas, técnicas de medição e
instrumentação, fontes e aplicações de RNI, uma análise completa da literatura sobre efeitos
biológicos, e uma avaliação dos riscos de saúde devidos à exposição a RNI. Estes critérios de
saúde proporcionaram uma base de dados científica para posterior desenvolvimento dos limites
de exposição e dos procedimentos relacionados a RNI.
Durante o Oitavo Congresso Internacional da IRPA (Montreal, de 18 a 22 de maio de
1992), foi criada uma nova organização científica internacional independente — a Comissão
Internacional de Proteção contra as Radiações ICNIRP, que sucedeu à IRPA/INIRC. As
funções da Comissão são: investigar os perigos que podem ser associados com as diferentes
formas de RNI, desenvolver diretrizes internacionais sobre limites de exposição a RNI e
também tratar de todos os aspectos da proteção a RNI.
O principal objetivo das publicações destes órgãos é estabelecer as diretrizes para limitar
a exposição a campos eletromagnéticos (CEM), de forma a proteger contra efeitos
reconhecidamente adversos à saúde. São descritos estudos sobre efeitos diretos e indiretos de

39
CEM. Os efeitos diretos resultam da interação direta de campos com o corpo humano, e os
efeitos indiretos envolvem interações com um objeto a um potencial elétrico diferente do corpo.
São apresentadas conclusões de estudos de laboratório e epidemiológicos, critérios
básicos de exposição e níveis referenciais para a avaliação prática de riscos. Ao estabelecer os
limites de exposição, reconhece-se a necessidade de reconciliar diferentes opiniões de
especialistas, considerar a validade de relatórios científicos e extrapolar experiências com
animais, para efeitos nas pessoas. As restrições incluídas nestas diretrizes foram baseadas
somente em dados científicos; entretanto, o conhecimento atualmente disponível, indica que
estas restrições propiciam um nível adequado de proteção contra a exposição a CEM variáveis
no tempo.

3.5.1. Limites de Exposição

Estas diretrizes para limitação da exposição foram desenvolvidas após uma análise
abrangente de toda a literatura científica publicada. A indução de câncer pela exposição de
longa duração a CEM, não foi considerada estabelecida. Por essa razão, estas diretrizes são
baseadas em efeitos na saúde de caráter imediato, em curto prazo, tais como estimulação dos
nervos periféricos e músculos, choques e queimaduras causadas por tocar em objetos
condutores, e elevação de temperatura nos tecidos, resultante da absorção de energia durante
exposição a CEM.
No caso dos efeitos potenciais da exposição em longo prazo, tais como aumento de risco
de câncer, a ICNIRP concluiu que os dados disponíveis são insuficientes para prover uma base
para fixar restrições à exposição, embora pesquisas epidemiológicas tenham produzido
evidências sugestivas, mas não convincentes, de uma associação entre possíveis efeitos
carcinogênicos e a exposição à densidade de fluxo magnético de 50/60 Hz em níveis
substancialmente inferiores aos recomendados nestas diretrizes.

3.5.2. Efeitos da Exposição em Ondas até 100KHz

Os itens abaixo apresentam um exame geral da literatura pertinente a efeitos biológicos


e sobre a saúde, devidos à exposição a campos elétricos e magnéticos com frequências até 100
kHz, nas quais o principal mecanismo de interação é a indução de correntes em tecidos.

40
Efeitos Diretos da Exposição de Campos Eletromagnéticos

Efeitos na Reprodução Humana: Estudos epidemiológicos sobre efeitos na gravidez,


não têm fornecido nenhuma evidência consistente de efeitos adversos à gestação, em mulheres
trabalhando com monitores de vídeo. Por exemplo, estudos combinados, comparando mulheres
grávidas que usam monitores de vídeo, com mulheres que não usam, não revelaram nenhum
excesso de risco de aborto espontâneo ou má formação, (Shaw e Croen 1993). Dois outros
estudos concentraram-se em medidas reais dos campos elétricos e magnéticos emitidos por
monitores de vídeo: um estudo sugeriu uma associação entre campos magnéticos de frequência
extremamente baixa (ELF) e aborto (Lindbolm et al. 1992), enquanto o outro estudo não
verificou tal associação (Schnorr et al, 1991). De um estudo que incluiu um grande número de
casos, com alto índice de participação e uma detalhada avaliação das exposições (Bracken et
al. 1995), resultou que nem o peso de nascença, nem a taxa de crescimento intra-uterino tinham
relação com qualquer exposição a campos magnéticos ELF.
Consequências adversas não foram associadas com níveis mais altos de exposição. As
medições de exposição incluíram a capacidade de corrente de linhas de transmissão fora das
residências, medições de exposição individual por 7 dias, medições nas residências por 24
horas, e relatórios individuais sobre o uso de cobertores elétricos, colchões de água aquecida e
monitores de vídeo. Há uma controvérsia considerável sobre a possibilidade de haver uma
ligação entre exposição a campos magnéticos ELF e um risco elevado de câncer. Muitos
relatórios sobre este assunto têm aparecido desde que Wertheimer e Leeper reportaram (1979)
uma associação entre mortalidade por câncer infantil e a proximidade de casas às linhas de
distribuição de energia, que os pesquisadores classificam como “configuração de correntes
elevadas”. A hipótese básica que emergiu do estudo original, foi a de que a contribuição à
intensidade dos campos magnéticos de 50/60 Hz, no ambiente residencial, devidos a fontes
externas, tais como linhas de transmissão, poderia estar relacionada ao risco de câncer na
infância.
Até o presente, houve mais de uma dúzia de estudos sobre câncer na infância e exposição
a campos magnéticos de 50/60 Hz, devidos a linhas de transmissão nas proximidades de
residências. Estes estudos estimaram a exposição ao campo magnético a partir de medidas de
curto prazo, ou com base na distância entre a residência e a linha de transmissão e, na maioria
dos casos, a partir da configuração da linha. Alguns estudos também levaram em conta a carga
da linha. Os resultados relacionados à leucemia são os mais consistentes. De 13 estudos

41
publicados (Wertheimer e Leeper 1979; Fulton et al. 1980; Myers et al. 1985; Tomenius 1986;
Savitz et al. 1988; Coleman et al. 1989; London et al. 1991; Feychting and Ahlbom 1993; Olsen
et al 1993; Verkasalo et al 1993; Michaelis et al. 1997; Linet et al. 1997; Tynes e Haldorsen
1997), todos, exceto 5, acusaram estimativas de riscos relativos entre 1,5 e 3,0.
Tanto as medições diretas dos campos magnéticos, quanto as estimativas baseadas na
proximidade de linhas de transmissão são procedimentos imprecisos e substitutos para avaliar
a exposição que ocorreu em várias situações, antes que fossem diagnosticados os casos de
leucemia, e não é claro qual dos dois métodos oferece a estimativa mais válida. Embora os
resultados sugiram que realmente o campo magnético pode representar um papel na associação
com o risco de leucemia, há uma incerteza por causa do pequeno número de amostras e devido
à dependência entre o campo magnético e a proximidade a linhas de transmissão.

Estudos ocupacionais: Um grande número de estudos epidemiológicos tem sido


realizado para avaliar as possíveis ligações entre exposição a campos de ELF e o risco de câncer
entre trabalhadores do setor elétrico. O primeiro estudo deste tipo (Millan 1982) utilizou uma
base de dados fundamentada em certificados de óbito, que incluía tipos de emprego e
informações sobre a mortalidade por câncer. Como método impreciso para avaliar a exposição,
Milham classificou tipos de emprego de acordo com a exposição presumida a campo magnético
e encontrou um excesso de risco para a leucemia, entre os trabalhadores do setor elétrico. Em
estudos mais recentes (Savitz e Ahlbom 1994), que utilizaram bases de dados similares; os tipos
de câncer, para os quais foram notados índices elevados, variaram nos diversos estudos,
particularmente quando foram caracterizados os subtipos de câncer. Foram relatados aumentos
de risco de vários tipos de leucemia e tumores de tecidos nervosos, e em alguns casos, de câncer
de mama feminino e masculino. Além de produzir resultados até certo ponto inconsistentes,
estes estudos apresentam a falha de terem recorrido a métodos imprecisos de avaliação da
exposição e não terem controlado fatores interferentes, como p. ex., a exposição ao solvente
benzeno, no local de trabalho.
Foi recentemente sugerida uma associação entre doença de Alzheimer e exposição
ocupacional a campos magnéticos (Sobel e Davanipour 1996). Entretanto, este efeito ainda não
foi confirmado.

42
Estudos em Laboratório: Os parágrafos seguintes proporcionam um sumário e uma
avaliação crítica de estudos em laboratório sobre efeitos biológicos de campos elétricos e
magnéticos, com frequências abaixo de 100 kHz.
Ocorreram pequenas mudanças na função cardíaca de voluntários expostos a campos
elétricos de 60 Hz, combinados com campos magnéticos (9 kV.m-1, 20 μT) (Cook et al. 1992;
Graham et al. 1994). A taxa de batimento cardíaco em repouso foi reduzida de forma leve, mas
significativa (de 3 a 5 batidas por minuto), durante ou imediatamente após a exposição. Esta
resposta não foi encontrada com exposição a campos mais intensos (12 kV.m-1 , 30 μT), ou
mais fracos (6 kV.m-1 , 10 μT), e diminuiu quando a pessoa estava mentalmente alerta.
Nenhuma das pessoas estudadas foi capaz de detectar a presença dos campos, e não houve
nenhum outro resultado consistente, numa grande série de testes sensoriais e perceptivos.
Nenhum efeito fisiológico e psicológico adverso foi observado nos estudos em
laboratório, com pessoas expostas a campos de 50 Hz na faixa de 2 a 5 mT (Sander et al. 1982;
Ruppe et al. 1995). Nos estudos realizados por Sander et al (1982) e Graham et al. (1994) não
foi observada nenhuma mudança na composição química e na contagem de células do sangue,
nos gases sanguíneos, nos níveis de lactato, no eletrocardiograma e eletroencefalograma, na
temperatura da pele, ou nos níveis de hormônios em circulação. Estudos recentes em
voluntários, também não mostraram nenhum efeito da exposição a campos magnéticos de 60
Hz, no nível noturno de melatonina no sangue (Graham et al. 1996, 1997; Selmaoui et al. 1996).
Campos magnéticos ELF suficientemente intensos, podem provocar o estímulo direto de nervos
periféricos e do tecido muscular, e pulsos curtos de campo magnético têm sido usados
clinicamente para estimular nervos nos membros e conferir a integridade de vias neurais.
Finalmente, muitos estudos relatam que voluntários experimentaram fracas sensações
visuais oscilatórias, conhecidas como fosfenos magnéticos, durante a exposição a campos
magnéticos ELF acima de 3-5 mT (Silny 1986). Estes efeitos visuais podem também ser
induzidos pela aplicação direta de correntes elétricas fracas na cabeça. Em 20 Hz, têm sido
estimadas densidades de corrente de cerca de 10 mA.m-2 na retina, como limiar para indução
de fosfenos, o que está acima das densidades de corrente endógenas típicas, em tecidos
eletricamente excitáveis.
Um aspecto importante na avaliação dos efeitos de campos eletromagnéticos é a
possibilidade de efeitos no desenvolvimento. Com base em evidências científicas publicadas, é
improvável que campos de frequências baixas tenham efeitos adversos em mamíferos, no
desenvolvimento embrionário e logo após o nascimento. Além do mais, evidências atualmente

43
disponíveis indicam que mutações somáticas e efeitos genéticos são resultados improváveis da
exposição a campos elétricos e magnéticos de frequências abaixo de 100 kHz. Não há nenhuma
evidência que campos ELF alterem a estrutura do DNA e cromatina, e não são esperados efeitos
mutacionais e de transformação neoplásica. Isto é sustentado por resultados de estudos em
laboratório, projetados para detectar danos no DNA e em cromossomos, mutações e aumento
na frequência de transformação, devidos à exposição a campo ELF. A falta de efeitos na
estrutura dos cromossomos sugere que campos ELF, se é que têm algum efeito no processo de
carcinogênese, é mais provável que ajam como promotores do que como iniciadores,
promovendo a proliferação de células geneticamente alteradas, mais do que propriamente
causando lesão inicial em DNA ou cromatina.

Efeitos Biológicos: Com a possível exceção de tumores de mama, há pouca evidência,


a partir dos estudos em laboratório, de que os campos magnéticos de frequência de distribuição
de energia tenham um efeito de promoção de tumores. Embora sejam necessários estudos
adicionais em animais, para esclarecer os possíveis efeitos de campos ELF sobre sinais
produzidos em células e na regulação endócrina — ambos os quais podem influenciar o
crescimento de tumores promovendo a proliferação de células iniciadas — só se pode concluir
que não há, atualmente, nenhuma evidência convincente de efeitos carcinogênicos destes
campos e que, portanto, estes dados não podem ser usados como base para desenvolver
diretrizes para a exposição. Estudos em laboratório, com sistemas celulares e animais, não
encontraram nenhum efeito bem fundamentado, de campos de baixa frequência, que seja
indicador de efeitos prejudiciais à saúde.
Desconhece-se a causa básica para a ligação hipotética entre a leucemia infantil e o fato
de residir na proximidade imediata de linhas de transmissão. Se a ligação não está relacionada
a campos elétricos e magnéticos ELF, gerados pelas linhas de transmissão, então fatores de
risco desconhecidos para a leucemia teriam que estar relacionados com as linhas, de maneira a
ser determinada. Tem havido relatos de aumento de risco de certos tipos de câncer, tais como
leucemia, tumores de tecidos nervosos e, limitadamente, câncer da mama, entre eletricitários.
Na maioria dos estudos, os tipos de trabalho foram usados para classificar os indivíduos de
acordo com os níveis de exposição presumida a campos magnético. Em um grande número de
estudos epidemiológicos, não resultou nenhuma evidência consistente da existência de efeitos
reprodutivos adversos.

44
Exposição em Ondas de 100khz até 300GHz

Efeitos sobre a reprodução: Dois estudos extensos, realizados com mulheres tratadas
com diatermia de microondas para aliviar a dor das contrações uterinas durante o parto, não
acharam nenhuma evidência de efeitos prejudiciais ao feto (Daels 1973, 1976). Todavia, sete
estudos sobre consequências na gravidez, entre trabalhadoras expostas ocupacionalmente a
radiação de microondas e sobre defeitos de nascimento entre suas proles, produziram tanto
resultados positivos quanto negativos. Em alguns dos mais extensos estudos epidemiológicos,
com operadoras de máquinas seladoras de plásticos por radiofrequência e fisioterapeutas
trabalhando com aparelhos de diatermia por ondas curtas, não foram achados efeitos
estatisticamente significativos sobre índices de aborto ou má formação do feto. Como contraste,
outros estudos sobre populações semelhante, de mulheres trabalhadoras, acharam um aumento
de risco de aborto e defeitos de nascimento (Larsen et al. 1991; Ouellet-Hellstron e Stewart
1993). Um estudo sobre trabalhadores em instalações de radar não achou nenhuma associação
entre exposição a microondas e risco de síndrome de Down em sua descendência.
Em geral, os estudos sobre consequências na reprodução, relacionadas com a exposição
a microondas, são imprecisos na avaliação da exposição e representam um número muito
pequeno de casos. Apesar dos resultados destes estudos serem geralmente negativos, será difícil
chegar a conclusões seguras sobre riscos na reprodução, sem mais dados epidemiológicos
relacionados com indivíduos altamente expostos e sem uma avaliação mais precisa da
exposição.

Estudos sobre o Câncer: Estudos sobre o risco de câncer relacionado à exposição a


microondas são poucos e geralmente falta uma determinação quantitativa de exposição. Dois
estudos epidemiológicos em trabalhadores em instalações de radares na indústria de aviação e
nas forças armadas dos Estados Unidos não encontraram nenhuma evidência de aumento de
morbidez ou mortalidade, por qualquer causa (Barron e Baraff 1958; Robinette et al. 1980;
UNEP/WHO/IRPA 1993).
Estudos mais recentes falharam em mostrar aumentos significativos nos tumores de
tecidos nervosos em trabalhadores e guarnições militares expostas a campos de microondas.
Além disso, não ficou evidenciado um aumento de mortalidade, por nenhuma causa, entre
usuários de telefones móveis, mas é ainda muito cedo para observar um efeito (que se manifesta
a longo prazo), na incidência de câncer ou na mortalidade .

45
Estudos em Células e Animais: Há vários relatórios sobre respostas comportamentais
e fisiológicas de animais de laboratório, inclusive roedores, cachorros e primatas não humanos,
a fenômenos térmicos relacionados com CEM em frequências acima de 10 MHz. Respostas,
tanto na termosensibilidade, como na termoregulação, são associadas com o hipotálamo e com
receptores térmicos localizados na pele e nas partes internas do corpo. Sinais aferentes
refletindo mudanças de temperatura convergem ao sistema nervoso central e modificam a
atividade dos principais sistemas de controle neuroendócrino, disparando as respostas
fisiológicas e de comportamento necessárias à manutenção da temperatura corporal. A
exposição de animais de laboratório, a CEM, resultando numa absorção de energia superior a
4 W.kg-1, revelou um modelo característico de resposta termoreguladora, segundo a qual a
temperatura do corpo aumenta inicialmente e em seguida se estabiliza, a partir da ativação de
mecanismos termoreguladores (Michaelson 1983). A fase inicial desta resposta é acompanhada
por um aumento do volume de sangue, devido ao movimento de fluido extracelular para a
circulação e por aumentos na taxa de batida cardíaca e na pressão sanguínea intraventricular.
Vários estudos com roedores e macacos, demonstraram também uma componente
comportamental nas respostas termoreguladoras. Foi observada uma queda no desempenho de
tarefas por macacos e ratos, para valores de SAR entre 1 e 3 W.kg-1 (Stern et al. 1979; Adair e
Adams 1980; de Lorge e Ezell 1980; D'Andrea et al. 1986). Nos macacos, as alterações no
comportamento termoregulador começam quando a temperatura na região do hipotálamo
aumenta apenas 0,2 - 0,3oC .
Sob condições de exposição parcial do corpo a CEM intensos, pode ocorrer um dano
térmico significativo em tecidos sensíveis, tais como encontrados nos olhos e nos testículos.
Cataratas nos olhos de coelhos resultaram da exposição a microondas,com 2-3 horas de duração
e SAR de 100-140W.kg-1, causando temperaturas lenticulares de 41-43 ºC. Nenhum caso de
catarata foi observado em macacos expostos a campos de microondas com intensidades
similares ou mais altas, possivelmente por causa de diferenças nas formas de absorção de
energia nos olhos dos macacos e dos coelhos. Nas frequências muito altas (10-300 GHz), a
absorção de energia eletromagnética ocorre principalmente nas camadas epidérmicas da pele,
nos tecidos subcutâneos e na parte externa do olho. A Figura (13) mostra os efeitos observados
em cobaias para diferentes circunstâncias de exposições de ELF.

46
Figura 13. Efeitos observados em cobaias para diferentes circunstâncias de exposições de ELF

Fonte: Próprio autor

A evidência experimental disponível indica que a exposição de humanos em repouso,


por aproximadamente 30 min, a CEM produzindo uma SAR de corpo inteiro entre 1 e 4 W.kg-
1
, resulta num aumento da temperatura do corpo inferior a 1 ºC . A exposição a campos mais
intensos, produzindo valores de SAR superiores a 4 W.kg-1, pode exceder a capacidade
termoreguladora do corpo e produzir níveis de aquecimento nocivos aos tecidos. Muitos estudos
de laboratório com roedores e primatas não humanos, demonstraram a grande variedade de
danos em tecidos provocados por elevações de temperatura superiores a 1 – 2 ºC devidas ao
aquecimento de partes - ou da totalidade - do corpo. A Figura (14) mostra a temperatura retal
de equilíbrio em um homem adulto, em função da densidade de potência a 75 MHz.

47
Figura 14. Temperatura retal de equilíbrio em um homem adulto, em função da densidade de potência a
75 MHz

Fonte: Próprio autor

A sensibilidade de vários tipos de tecidos a danos térmicos varia amplamente, mas o


limiar para efeitos irreversíveis, mesmo nos tecidos mais sensíveis, é maior do que 4 W.kg-1,
em condições ambientais normais. Estes dados formam a base para a restrição de 0,4 W.kg-1
para a exposição ocupacional, o que garante uma larga margem de segurança para outras
condições limitantes, tais como alta temperatura ambiental, umidade, ou nível de atividade
física.
Dados de laboratório e resultados de estudos limitados com seres humanos (Michaelson
e Elson 1996) apontam claramente que ambientes termicamente fatigantes e o uso de drogas ou
álcool, podem comprometer a capacidade de termoregulação do corpo. Sob estas condições,
fatores de segurança devem ser introduzidos para fornecer proteção adequada aos indivíduos
expostos. Estudos epidemiológicos com trabalhadores expostos e com o público em geral não
mostraram nenhum efeito significativo para a saúde relacionado com condições típicas de
exposição. Embora o trabalho epidemiológico apresente deficiências, como a avaliação
imprecisa da exposição, os estudos não apresentaram nenhuma evidência convincente de que
níveis típicos de exposição possam conduzir a resultados adversos na reprodução ou a um maior
risco de câncer para as pessoas expostas.

48
3.6 Riscos devido a exposição à radiação eletromagnética

O aceite da sociedade dos riscos associados com as radiações é condicionado aos


benefícios a serem obtidos do uso destas radiações. No entanto, os riscos devem ser restritos e
a sociedade deve se proteger dos mesmos aplicando padrões de segurança. Assim o conceito de
risco está intimamente ligado ao de segurança. De fato, uma atividade é tanto mais segura
quanto menor for o risco associado a ela.
Em qualquer processo de tomada de decisão em que a segurança, portanto, o risco é um
fator importante, as idéias qualitativas não são suficientes; sendo necessário o estabelecimento
de critérios quantitativos que permitam uma comparação mais objetiva dos níveis de risco das
diversas atividades.
A exposição à radiação ocupacional tem seus limites estabelecidos pela Comissão
Nacional de Energia Nuclear - CNEN - e as normas técnicas para seu uso são regulamentadas
pelo Estado de São Paulo.
O uso de dosímetros (de uso pessoal) é necessário para que se avalie a exposição do
indivíduo à radiação. Estes dosímetros registram a radiação acumulada. Além da utilização de
dosímetros, testes laboratoriais e avaliações clínicas devem ser realizadas periodicamente para
se detectar alguma complicação ou alteração clínica.
A saúde dos trabalhadores, em relação ás suas respectivas atividades profissionais, tem
merecido uma progressiva atenção dos Sistemas Nacionais de Saúde e dos Organismos
Internacionais como a Organização Mundial de Saúde, a Organização Internacional do
Trabalho e as Comunidades Européias.
O campo da Segurança, Higiene e Saúde no Trabalho encontra-se juridicamente
enquadrado no DL 441/91, de 14 de Novembro, o qual integra os princípios definidos pela
Diretiva 89/391/CEE (Diretiva Quadro) e pela Convenção n.º 155 da OIT (Convenção sobre a
segurança, a saúde dos trabalhadores e o ambiente de trabalho). No âmbito de tal regime ressalta
o conceito de risco profissional.
Entende-se por risco profissional a possibilidade de que um trabalhador sofra um dano
provocado pelo trabalho. Sendo estes danos patologias, ou outras lesões sofridas pelo
trabalhador, por motivo ou durante o trabalho.

49
3.6.1 Como Quantificar a Gravidade do Risco

Estimativas de risco para radiações começaram a serem usados pela comunidade


científica no início dos anos 50, principalmente no estudo das radiações ionizantes. “Risco” é
uma palavra comum, que pode significar coisas diferentes a pessoas diferentes. Desta forma,
com o propósito de se fazer comparações entre diferentes tipos de riscos, riscos associados a
diferentes eventos específicos, etc. é conveniente definir-se “risco” como sendo a
consequência de um dado evento por unidade de tempo.
Assim por exemplo, houve 50.000 mortes (consequência) por acidente de carro
(evento) nos EUA em um ano (tempo). Como nessa época havia 200 milhões de habitantes, o
risco médio individual é definido como sendo:

Risco = (5 . 104mortes/ano ) / ( 200.106 pessoas ) = 2,5.10-4 mortes/pessoa.ano

Aparentemente o público desenvolveu uma atitude consciente com os riscos mais


familiares, sendo que um risco da ordem de 10-4/(pessoa.ano) é considerado problemático,
enquanto riscos altos como 10-3 / (pessoa.ano) são inaceitáveis. Riscos da ordem ou menores
do que 10-6 / (pessoa.ano), parecem ser ignorados pela maioria da população, e são vistos como
“atos de Deus” ou azar. Um catálogo de riscos relativos (RR) de danos à saúde é dado por
Cohen e Lee.

3.7 Normas de exposição a radiações eletromagnéticas não-ionizantes

O objetivo de todas as Normas e Regulamentos é estabelecer limites e procedimentos,


que são usados, reduzem os riscos de efeitos deletérios na população a níveis aceitáveis. Dessa
forma o primeiro passo dos diversos órgãos reguladores é estabelecer limites de exposição à
população em geral ou a grupos particulares dessa população.
O público em geral, compreende de indivíduos de todas as idades, e de diferentes
condições de saúde, que em princípio podem estar expostos 24 horas por dia, ao longo de toda
a vida, enquanto que o grupo ocupacionalmente exposto, consiste de adultos, expostos sob
condições controladas, que são treinados a assumirem um risco, tomando precauções adequadas
para tal. A duração da exposição ocupacional, é limitada à duração do trabalho diário durante

50
toda a vida ativa de trabalhador. Não pode ser esperado que o público em geral, tome qualquer
precaução em relação a sua exposição às radiações, e por isso devem ser adotados Limites de
Exposição mais baixos para este público do que para os grupos de indivíduos ocupacionalmente
expostos.

3.7.1 Normas Internacionais

As normas IEEE C95.1-1991 determinam a Máxima Exposição Permissível (MPE) do


ser humano à radiação eletromagnética na faixa de frequência entre 3 kHz e 300 GHz em
ambientes controlados e não-controlados, a fim de prevenir efeitos adversos à saúde. Essas
normas substituem as ANSI C95.1 de 1982 e incluem informações sobre como foram obtidos
os valores recomendados e os fatores considerados.
Nas frequências entre 100 kHz e 6 GHz, os valores de MPE, para intensidades de campos
eletromagnéticos, podem ser excedidos em ambientes não-controlados se os valores da SAR
média de corpo inteiro forem menores do que 0,08 W/kg e os valores de pico não excederem
1,6 W/kg (considerando-se 1g de tecido com o volume em forma de cubo), exceto para mãos,
punhos, pés e tornozelos, quando este valor não deve exceder de 4 W/kg (considerando-se 10 g
de tecido com o volume em forma de cubo).

3.7.2 Normas no Brasil

No Brasil, a primeira proposta, a nível nacional, de normatizar a exposição à RNI surgiu


em julho de 1999, com a decisão da ANATEL de adotar, como referência provisória, os
mesmos limites propostos pela ICNIRP. O documento foi então traduzido para o português pela
ABRICEM (Associação Brasileira de Compatibilidade Eletromagnética) e disponibilizado,
inclusive, na Internet.
Em 2 de julho de 2002 entrou em vigor a Resolução No 303 da ANATEL com o
“Regulamento sobre Limitação da Exposição a Campos Elétricos, Magnéticos e
Eletromagnéticos na Faixa de Radiofrequências entre 9 kHz e 300 GHz”, que estabelece, além
dos limites à exposição à RNI, métodos de avaliação e procedimentos para licenciamento das
estações de radiocomunicação. O seu conteúdo tem bases nas diretrizes da ICNIRP e nas

51
contribuições recebidas em decorrência de duas consultas públicas realizadas em abril e maio
de 2001. Os limites não sofreram alteração em relação aos valores determinados pela ICNIRP.
Ao nível de municípios, alguns deles, como Campinas (Lei No 9580 de 22/12/1997,
alterada pela Lei No 9891 de 26/10/1998 e regulamentada pelo Decreto No 13261 de
28/10/1999), São José dos Campos (Lei No 5646 de 31/05/2000 e Decretos No 9854 de
07/01/2000 e No 10323/01 de 08/08/2001) e Porto Alegre (Lei No 8463 de 19/01/2000), já
estabeleceram legislação relativa à emissão de RNI pelas antenas emissoras, incluindo as ERB’s
(Estações Rádio-Base) para telefonia celular.

NR – 15 ANEXO 7 – Radiações Não-Ionzantes:

● Para efeitos desta norma, são radiações não-ionizantes as microondas, ultravioletas e


laser;
● A exposição normal dos indivíduos deve ser restringida de tal modo que nem a dose
efetiva nem a dose equivalente nos órgãos ou tecidos de interesse, causadas pela possível
combinação de exposições originadas por práticas autorizadas, excedam o limite de dose
especificado, salvo em circunstâncias especiais, autorizadas pela CNEN;
● É caracterizado adicional por insalubridade: as operações ou atividades que exponham
os trabalhadores às radiações não-ionizantes sem fornecimento proteções adequadas (em casos
ofício sob exposição excedente ao limite, dado que exista limite para a frequência exposta) ou
sem fornecimento de dosímetro por parte do empregador para a monitoração individual
(considerado negligência por parte do empregador no controle do risco ocupacional);
● Os limites de dose estipulados não se aplicam às exposições clínicas e médicas;
● As atividades ou operações que exponham os trabalhadores às radiações ultravioletas
da luz negra ( 420-320 nanômetros), não serão consideradas insalubres.

52
4. PROGRAMA DE PROTEÇÃO RESPIRATÓRIA

4.1 Capítulo I - política da empresa e responsabilidades

4.1.1 Preâmbulo
Segundo a Portaria número 1 de 11 de Abril de 1994, emitida pelo Ministério do Trabalho, cujo
conteúdo estabelece um regulamento técnico sobre uso de equipamentos de proteção respiratória,
todo empregador deverá adotar um conjunto de medidas com a finalidade de adequar a utilização
de equipamentos de proteção respiratória - EPR, quando necessário para complementar as
medidas de proteção eletivas implementadas, ou com a finalidade de garantir uma completa
proteção ao trabalhador contra os riscos existentes nos ambientes de trabalho.

4.1.2 Política da empresa


Esta empresa tem como meta primordial assegurar que todos os seus trabalhadores. no
desempenho de suas atividades profissionais tenham suas condições de saúde preservadas.
Todos os locais de trabalho onde haja a possibilidade de liberação de contaminantes
atmosféricos, tais como: poeiras, fumos, névoas, neblinas, gases e vapores; ou haja potencial
para a atmosfera ser deficiente em Oxigênio; serão avaliados e os trabalhadores monitorados
de tal forma que sejam obtidos dados e informações suficientes para identificar níveis de
exposição que possam ser prejudiciais à saúde de trabalhador exposto.
Nos casos em que sejam identificados tais riscos esta política estabelece que devem ser
implantados, um ou mais dos seguintes métodos de controle, de acordo com a hierarquia abaixo:
1) Substituição das matérias-primas utilizadas por substâncias que sejam comprovadamente
menos tóxicas;
2) Alteração no processo produtivo de forma a eliminar ou reduzir esta exposição a níveis
aceitáveis; isolamento do trabalhador ou do processo produtivo de modo a diminuir ou eliminar
a exposição ; implantação de sistemas de ventilação ambiental ou local exaustora para
diminuição da concentração dos contaminastes;
3) Adoção do uso de equipamento individual de proteção respiratória, de acordo com os
critérios técnicos e administrativos estabelecido neste documento.

53
4.1.3 Responsabllidades

1. Diretoria da Empresa

É responsabilidade da Diretoria da Empresa, determinar as atividades específicas requerem o


uso de - equipamento de proteção respiratória. Deve ainda fornecer o respirador conveniente e
apropriado para cada atividade específica, acompanhado de treinamento e instruções detalhadas
sobre o seu uso.

2. Gerência e Supervisão

É responsabilidade da Gerência / Supervisão de cada área, assegurar que todas as pessoas sob
seu controle estão informadas sobre a necessidade do uso de EPR para execução das atividades
que a requerem o uso de tais equipamentos, conforme determinado no capitulo Seleção de
Respiradores. Devem ainda assegurar que seus subordinados sigam rigorosamente todas as
determinações do programa de proteção respiratória, incluindo inspeção e manutenção dos
respiradores. É também responsabilidade da Gerência, Supervisão estabelecer medidas
disciplinares para aqueles que não atenderem estas determinações.

3. Usuários de respiradores

É de responsabilidade dos trabalhadores das áreas atividades que necessitem o uso de EPRs,
que utilizem corretamente o respirador indicado, seguindo as instruções fornecidas durante o
treinamento. É também sua responsabilidade a manutenção, guarda e limpeza do equipamento,
mantendo-o sempre em boas condições de uso. A Empresa proverá os meios para que essa
manutenção seja realizada.

4.2 Capítulo II - Administração do programa de proteção respiratória

O encarregado tem a autoridade para agir sobre todas as matérias relacionadas a


administração e operação do programa de proteção respiratória. Todos os trabalhadores,

54
departamentos operacionais e de serviços deverão ser cooperativos no sentido de se conseguir
a completa eficácia do programa suas responsabilidades incluem: medições, estimativas ou
informações atualizadas sobre a concentração do contaminante na área trabalho; manutenção
de registros e procedimentos escritos de tal maneira, que o programa fique documentado e
permita uma avaliação de sua eficácia; a avaliação da sua eficácia, através de um auditor. A
planilha de controle do PPR é a ferramenta básica para coleta e checagem dos dados do PPR e
será mantida sempre atualizada.

A função do auditor do PPR é zelar para que o PPR seja cumprido em sua íntegra,
relatando à direção da empresa qualquer irregularidade que possa comprometer o andamento
do programa ou a integridade da empresa. Suas inspeções devem ser periódicas e seguidas de
um relatório de conformidade.

4.3 Capítulo III - avaliação médica

Todos os trabalhadores que forem incluídos no programa de proteção respiratória


deverão passar por uma avaliação médica. Esta avaliação deverá ser feita primeiramente na
contratação do trabalhador; quando houver alteração em suas funções que exijam a utilização
de EPR; e a cada 24 meses daí em diante.
O trabalhador deverá preencher o questionário médico para usuários de respiradores, o
qual deverá ser revisto pelo médico.
De acordo com o julgamento do médico, o trabalhador deve ou não passar por um
exame.
O objetivo do questionário e do exame médico é assegurar que o trabalhador se encontra
física e psicologicamente habilitado a executar suas atividades e utilizar o EPR.
Se assim julgado pelo médico, o trabalhador pode não estar habilitado ao uso do EPR e
nem participar do Programa de Proteção Respiratória.
As cópias da avaliação e do questionário médico devem ser arquivadas.

55
4.4 Capítulo IV - Avaliação do nível de exposição do trabalhador

Todas as áreas de trabalho onde haja deficiência de Oxigênio, presença de


contaminantes potenciais e/ou sejam liberados contaminantes na atmosfera devem ser avaliadas
com métodos apropriados de análise quantitativa.
A identificação destas áreas deve ser feita de acordo com os seguintes critérios: locais,
processos ou operações que manuseiem ou processem substâncias que sejam reconhecidas
como potencialmente perigosas à saúde humana. Devem ser consultados dados e informações
toxicológicas destas substâncias utilizando-se de literatura nacional e estrangeira e através de,
informações acumuladas ou estudos realizados pela própria empresa.
A investigação destes processos e operações deve ser feita de modo a identificar o
potencial destes riscos. Um estudo de análise de riscos; ou informações contidas nos mapas de
riscos; ou informações sobre processos e/ou operações similares; ou ainda informações médicas
dos trabalhadores expostos podem ser úteis na identificação de áreas onde haja potencial para
super exposição do trabalhador.
Utilizando-se de técnicas e instrumentos de acuidade e precisão reconhecidos como
próprios para o tipo de avaliação que se deseja executar, os ambientes onde estes riscos estão
presentes ser os amostrados e analisados de modo a identificar os níveis de concentração dos
contaminantes atmosféricos e/ou nível de Oxigênio.
Cuidados especiais devem ser tomados nesta avaliação de modo que: As operações e/ou
processos que estejam sendo realizadas no momento da amostragem sejam representativas do
trabalho diário no local.
As amostras devem ser coletadas em meios próprios para sua conservação de modo que
não haja perda do contaminante no manuseio.
A periodicidade da amostragem será anual para toda a empresa, e sempre que ocorrer
alguma alteração de processos ou inclusão de novos equipamentos, uma nova amostragem nos
locais alterados será imprescindível.
A empresa reserva parte de seu orçamento anual para a amostragem sob
responsabilidade de.

56
4.5 Capítulo VI - Uso de respiradores

Em atmosferas que sejam consideradas ou tenham potencial de ser IPVS


(Imediatamente Perigosas à Vida ou Saúde) e em atmosferas com perigo desconhecido somente
máscaras autônomas ou Respiradores de linha de ar comprimido devem ser utilizados.
Nenhum equipamento que requeira vedação facial (tanto os de pressão positiva como
negativa) deve ser utilizado por pessoas que utilizem barbas ou outros pêlos faciais que
dificultem o contato da borda do respirador com o rosto do usuário.
Será permitido que o usuário de respirador deixe a área contaminada por qualquer uma
das razões abaixo:
1) Falha do respirador, alterando a proteção proporcionada; mau funcionamento do respirador;
2) Detecção de penetração de ar contaminado dentro do respirador;
3) Aumento da resistência à respiração;
4) Grande desconforto devido ao uso do respirador; mal estar sentido pelo usuário, tais com
náusea, fraqueza, tosse, espirro, dificuldade para respirar, calafrio, tontura vômito, febre.
5) Lavar o rosto e a peça facial sempre que necessário, para diminuir a irritação da pele; trocar
o filtro ou outros componentes, sempre que necessário;
6) Descanso periódico em área não contaminada, conforme avaliação de penosidade feita pelo
administrador ou auditor do PPR.

4.6 Capítulo VII – Treinamento

Todos os trabalhadores de áreas ou atividades que requerem o uso de respiradores


deverão ser instruídos sobre suas responsabilidades no Programa de Proteção Respiratória. Eles
devem ser treinados sobre a necessidade, uso, limitações e cuidados com os respiradores. O
conteúdo especifico do treinamento será provido por instrutor habilitado e com formação
mínima de Técnico de Segurança do Trabalho.
A cada 12 meses será feito um novo treinamento. Os registros deste treinamento serão
arquivados pelo administrador do programa.

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4.7 Capítulo VIII - Ensaio de vedação ( fit test )

Os trabalhadores passarão por um ensaio de vedação antes de utilizar um respirador


numa área contaminada o ensaio deve ser adequado para o tipo de respirador utilizado e repetido
anualmente Todos os respiradores de pressão negativa deverão passar pelo ensaio de vedação.
Os respiradores de pressão positiva que possuam cobertura das vias respiratórias com vedação
facial serão ensaiados no modo de pressão negativa.
Todos os registros do ensaio de vedação serão arquivados pelo administrador do
programa.
No caso do trabalhador não conseguir obter uma adequada vedação facial com um
respirador de pressão negativa, será utilizado um respirador do tipo motorizado, ou linha de ar
comprimido.
Não deve ser realizado ensaio de vedação facial com indivíduos que possuam barbas ou
cicatrizes profundas na face.
Fit-Test ficará a cargo de profissional que foi treinado para sua realização e que fará o
registro dos resultados e encaminhará ao SESMT relatório sumário com as ocorrências.

4.8 Capítulo IX - Inspeção, manutenção e guarda de respiradores

Devem ser realizadas manutenções periódicas nos respiradores para que eles
mantenham sua eficiência original através de inspeções, reparos, limpezas e guarda adequadas.

1.Inspeção

Os usuários deverão fazer diariamente inspeções e limpezas no respirador sempre que


estiver em uso. Os supervisores deverão fazer rápidas checagens nos respiradores em uso por
seus subordinados para verificar seu estado geral e vedação e outros aspectos aparentes. Não
será permitido o uso de respiradores defeituosos.
Os respiradores defeituosos deverão ser devolvidos para o encarregado de providências
quanto a recuperação, descarte ou reclamação ao fabricante.

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2. Reparos

Os respiradores que durante a inspeção, limpeza ou manutenção não forem considerados


próprios para o uso deverão ser reparados ou substituídos imediatamente. Todas as substituições
de partes ou peças deverão ser feitas conforme instruções do fabricante. Nenhum ajuste,
modificação, substituição de componente ou reparo deverá ser feito se não for recomendado
pelo fabricante do EPR.

3. Limpeza

Todos os respiradores (exceto aqueles destinados ao uso por um único turno) deverão ser
limpos diariamente (ou após cada uso no caso de respiradores que não são de utilização diária),
de acordo com as instruções do fabricante, pelo próprio usuário ou pelo responsável pela
Administração do Programa de Proteção Respiratória. Será determinado pelo Supervisor do
trabalhador o local, tempo e fornecido o material necessário par fazer esta limpeza.

4. Guarda

Os respiradores que não forem descartados após o turno de trabalho deverão ser guardados
em local próprio longe da área contaminada e protegido da luz do sol, poeiras, calor, frio,
umidade e produtos químicos agressivos. Quando possível, estes respiradores deverão ser
marcados e guardados de forma a assegurar que sejam utilizados apenas por um trabalhador.
Se utilizado por mais de um trabalhador, o respirador deverá ser limpo após cada uso.

5. Sistemas de ar comprimido

Precauções especiais serão tomadas com os respiradores do tipo linha de ar comprimido e


máscaras autônomas. O ar destes sistemas deverá ser de qualidade respirável.

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4.9 Capítulo X - Avaliação do programa

Este programa deverá ser revisto e avaliado a cada 2 meses. Será elaborado um relatório
escrito desta avaliação Para cada deficiência encontrada. Será elaborada uma ação corretiva, o
auditor do programa observará os seguintes tópicos em sua avaliação:
a) Administração do programa;
b) Treinamento;
c) Avaliação médica;
d) Ensaios de vedação;
e) Amostragem do ar e classificação do risco;
f) Seleção e distribuição dos respiradores;
g) Forma de uso dos respiradores;
h) Limpeza, manutenção e inspeção;
i) Fontes de ar respirável;
j) Guarda dos respiradores;
k) Prontidão para emergências;
l) Problemas especiais.

4.10 Capítulo XI - Procedimentos operacionais escritos

A empresa estabelecerá procedimentos operacionais que deverão ser seguidos por todos
os usuários e seus superiores, para determinar como serão utilizados cada tipo de respirador.
Esses procedimentos terão a assinatura de concordância e adesão de cada pessoa envolvida com
o uso de respiradores. Ver anexos.

4.11 Capítulo XII – Seleção de respiradores

É atributo do SESMT selecionar os respiradores para uso rotineiro e de emergência


seguindo para isso a Instrução Normativa N.º 1 de 11 de Abril de 1994 (da Secretaria de
Segurança e Saúde do Trabalhador) e a publicação PROGRAMA DE PROTEÇÃO
RESPIRATÓRIA da Fundacentro, que passa a ser parte integrante do Programa de Proteção

60
Respiratória desta empresa, que reconhece sua validade e se compromete a acatar suas
recomendações e revisa-las quando houver alterações futuras.

5. RISCOS RESPIRATÓRIOS

O objetivo deste trabalho é dissertar sobre os riscos respiratórios que os trabalhadores


podem estar susceptíveis. O tema abordará um resumo sobre o sistema respiratório, deficiência
de oxigênio e suas causas, agentes químicos contaminantes particulados e gasosos, seus efeitos
no organismo e uma avaliação da exposição.
Nos ambientes de trabalho, os riscos respiratórios podem ocorrer devidos à deficiência
de oxigênio e/ou à presença de agentes químicos, segundo a NBR 12543. Ao estudar os riscos
respiratórios e a deficiência de oxigênio, precisamos conhecer alguns termos, que serão
definidos a seguir:
Atmosfera normal – contém 20,9% de oxigênio, em volume, e 79,1% de dióxido de
carbono.
Atmosfera perigosa – apresenta deficiência em oxigênio, ou contém substâncias tóxicas
(particuladas ou na forma de gases ou vapores) em concentração acima do limite exposto.
Atmosfera IPVS – refere-se à exposição respiratória aguda, que provoca ameaça direta
de morte ou consequências irreversíveis à saúde e também exposições agudas aos olhos que
impeçam a fuga de atmosferas perigosas.
Atmosfera não IPVS – pode causar irritação, desconforto físico imediato ou produzir
algum mal após prolongada exposição e também efeito crônico em exposições curtas com
repetições.
Atmosfera explosiva – provocada por agentes químicos, ocorre quando a concentração
de gás, vapor, ou de material particulado está dentro de sua faixa de explosividade.
Anoxia – diminuição do oxigênio disponível nas células do corpo.
Asfixia – condição do corpo resultante da anoxia.
Cianose – causada pela excessiva quantidade de hemoglobina não oxigenada nos vasos
sanguíneos cutâneos, principalmente nos capilares, responsável pela coloração azulada da pele.
Espaço confinado – local fechado sem a função de ocupação humana e com entradas e
saídas de pequenas dimensões, exemplos: silos, tanques, vasos, poços, redes de esgoto, carros-
tanque, etc.

61
No caso onde trabalhos são realizados em espaços confinados, como definido acima, o
risco respiratório pode estar associado ao risco de explosão, pois geralmente têm vapores ou
gases misturados com o ar em concentrações capazes de provocar a combustão. Os riscos
podem ser afastados com uso apropriado de ventilação diluidora, exaustora, ou da diluição com
gases inertes.
Os trabalhos de manutenção neste tipo de lugar exigem que os envolvidos conheçam as
precauções e procedimentos de segurança, assim como devem existir procedimentos escritos
para a liberação e entrada no local para realização dos trabalhos.

5.1 Deficiência de oxigênio


Consiste em um risco respiratório muito comum na indústria e na agricultura, onde os
espaços confinados são causas frequentes de acidentes fatais como os que ocorrem devido à
presença de contaminantes. Por ser um risco que não apresenta sinais de alerta, quase sempre
resulta em morte, pois a falta de oxigênio no cérebro durante quatro minutos produz danos
permanentes, e de seis a oito minutos, a morte. Outro cuidado a ser tomado é na entrada abrupta
em espaços com deficiência de oxigênio, pois pode provocar perda instantânea de consciência.
A deficiência pode ocorrer em incêndios, locais com galerias subterrâneas, tubulações,
silos, reservatórios vazios, reatores, poços de água, etc. Qualquer ambiente com oxigênio
abaixo do normal é considerado deficiente, segundo a NR6 e NR15, um ambiente é deficiente
de oxigênio quando sua concentração, em volume, for inferior a 18%.
A NBR 12543 classifica as atmosferas deficientes da seguinte forma:
a) Imediatamente perigosa à vida ou a saúde (IPVS) – quando o teor de oxigênio, em
volume, está abaixo de 12,5% ao nível do mar, ou seja, quando a pressão parcial de
oxigênio (pp𝑂2) é inferior a 95mmHg.
b) Não IPVS – apresenta teor de oxigênio entre 12,5% e 21% ao nível do mar, ou
também quando a pp𝑂2 é superior a 95mmHg.

A asfixia está relacionada com a pressão parcial de oxigênio, pois o máximo teor que a
hemoglobina pode transportar é função da pp𝑂2 que existe no fim da troca gasosa. Na nossa
atmosfera normal, a pp𝑂2 é de 110mmHg. A curva de dissociação oxigênio-hemoglobina indica
o nível de saturação e permite verificar que a medida que a concentração de oxigênio no
ambiente diminui, a pp𝑂2 também diminui e consequentemente a saturação da hemoglobina
também.

62
A deficiência de oxigênio não se caracteriza apenas pela concentração de oxigênio, mas
também pela pressão ambiente. A maioria dos fisiologistas afirmam que os sintomas se tornam
evidentes quando a pp𝑂2 atinge 60mmHg ao nível do mar, onde a concentração de oxigênio é
de 14,5%. Por essa razão que os regulamentos adotam um valor fixado em 18%, onde os
sintomas são mais suaves e há uma margem de segurança.
De uma forma geral, a frequência respiratória não aumenta de forma significativa até
2400 metros de altitude, até 4800 metros o aumento ocorre de forma gradativa, quando então a
ventilação pulmonar atinge 65% acima do normal. Com altitudes acima de 3600 metros, os
efeitos da falta de oxigênio alveolar são sonolência, lassidão, fadiga mental, e às vezes podem
ocorrer cefaléia, náuseas e euforia. Observa-se que a maioria dos sintomas apresentados se
intensificam com a altitude: a cefaléia acentua-se, e os sintomas podem progredir para
contrações ou convulsão, terminando em coma quando atingem altitudes superiores a 7000
metros, para individuos não aclimatados.
Um dos efeitos mais importantes da hipoxia é a baixa acuidade mental, que provoca
diminuição no poder de julgamento, da memória e da realização de movimentos motores
discretos. Geralmente, essas habilidades se mantêm normais até altitudes em torno de 2700
metros e podem assim permanecer até 4500 metros, porém por curto período de exposição.
Quando há períodos longos, como no caso dos pilotos de aviões, a acuidade mental, através de
experimentos, pode diminuir para 80% do normal, mesmo com altitudes em torno de 3000
metros.
Portanto, é importante ressaltar que na realização de trabalhos em ambientes com pp𝑂2
reduzida pode requerer o enclausuramento do local, além de outras medidas. Um exemplo disso
são as cabinas de avião, onde as portas e janelas são herméticas e o aumento da pressão
ambiente são aceitáveis. Quando voam acima de 4000 metros, aviões com passageiros devem
ser pressurizados com a utilização do ar externo, onde sempre terá 20,9% de oxigênio.
Em ambientes com pressões reduzidas, outro recurso importante é a aclimatação, que é
a capacidade que o corpo humano possui para se ambientar em um novo meio, com algumas
modificações. Dessa forma, se um indivíduo permanecer em grandes altitudes por dias, semanas
ou anos, gradualmente seu organismo se adaptará a baixas pressões, sofrendo menos com os
efeitos citados anteriormente.

63
5.1.1 Causas da deficiência de oxigênio
Três podem ser as causas que diminuem a porcentagem de oxigênio num local, são elas:
consumo, diluição e adsorção.
O consumo ocorre tanto na combustão, quando o oxigênio do ar reage com material
combustível (incêndios) como na oxidação de metais (superfícies internas de reservatórios,
equipamentos de provesso de aço-carbono sem pintura e fechados, etc). Estruturas metálicas,
como escadas de aço em poços localizados abaixo do nível do solo, quando perdem a pintura
protetora e estão há muito tempo sem ser visitados podem gerar atmosferas deficientes de
oxigênio e oferecer risco de morte ao primeiro visitante do local.
A diluição ocorre quando gases inertes como o dióxido de carbono e o nitrogênio são
utilizados na inertização de tanques ou de equipamentos que vão sofrer manutenção. Esses
gases deslocam o ar, diluindo-o ou expulsando-o totalmente. Assim como ocorre com o metano
e o dióxido de carbono, produzidos pela putrefação da matéria orgânica em locais fechados ou
pouco ventilados, estes gases deslocam o ar ou se misturam com ele , acarretando situações de
deficiência de oxigênio.
A adsorção do oxigênio do ar pode ocorrer em leitos de carvão ativo no interior de
reatores ou câmaras, tornando as operações de inspeção, recarga ou manutenção um tanto
quanto perigosas.
Mesmo nos ambientes com 21% de oxigênio, a deficiência pode ocorrer em nível
celular, devido à inalação de certos contaminantes que diminuem a capacidade das células do
sangue se combinarem quimicamente com as moléculos de oxigênio. Um exemplo comum é
quando alguém inala monóxido de carbono, as moléculas desse gás combinam-se centenas de
vezes mais rapidamente com as moléculas de hemoglobina, sendo assim, impedem o transporte
de oxigênio. O ácido cianídrico também impede o recebimento de oxigênio pelas moléculas,
portanto, quando agentes asfixiantes bioquímicos estão presentes, respiradores purificadores de
ar não são recomendados.

5.2 ACGIH
A ACGIH é uma associação científica. A ACGIH não é um órgão que estabelece
padrões. Na condição de entidade científica, conta com comitês que analisam e compilam dados
publicados na literatura científica.
ACGIH publica guias de orientação, denominadas Threshold Limit Values (TLVs) e
Biological Exposure Índices (Bels), para a utilização por higienistas ocupacionais na tomada

64
de decisões em relação a níveis de exposição seguros de vários agentes químicos e físicos
encontrados no ambiente de trabalho.
TLVs definidos - termo TLV é uma marca registrada da ACGIH. Ele é definido como
a concentração de contaminante na qual se acredita que a maioria dos trabalhadores podem
estar repetidamente expostos, dia após dia, sem desenvolver efeitos adversos à saúde. E
importante entender que o TLV não é uma linha divisória entre o seguro e o inseguro. Devido
às diferenças fisiológicas, metabólicas e bioquímicas entre indivíduos, alguns trabalhadores
podem desenvolver efeitos adversos mesmo em concentrações abaixo do TLV, enquanto outros
podem não ser afetados mesmo em concentrações acima do TLV.

5.3 Agentes químicos


Os vários riscos ambientais que podem causar nos trabalhadores doenças ocupacionais
ou significativo desconforto podem ser devidos aos agentes químicos, físicos, biológicos ou
ergonômicos.
No caso dos agentes químicos deve-se a presença de substancias, compostos ou produtos
em concentrações relativamente elevadas, na forma de particulados sólidos ou líquido, gases e
vapores. Os agentes físicos incluem radiações ionizantes e não ionizantes, ruído, vibrações,
temperaturas extremas, pressões anormais, infrassom e ultrassom.
Agentes ergonômicos estão relacionados aos locais de trabalho ou ferramentas mal
projetadas, como o levantamento incorreto de pesos, a má iluminação e os movimentos
repetitivos.
Os agentes biológicos estão relacionados com a presença de qualquer organismo vivo é
capaz de causar, em humanos, doenças em razão da presença no ambiente de trabalho de
insetos, fungos, bactérias, parasitas, protozoários, vírus entre outros.
É muito trabalhoso, porém de fundamental importância, conhecer os produtos químicos
utilizados pela empresa.Os riscos respiratórios no ambiente de trabalho podem ser causados por
deficiências de oxigênio e em decorrência de agentes químicos presentes no ar.
A avaliação do grau de exposição do trabalhador frente aos agentes químicos é feita
medindo-se a concentração destes na zona respiratória (aproximadamente 20 cm do nariz) e
comparar como os limites de exposição encontrados.

65
5.4 Contaminantes particulados: classificação física
Podem ser classificados de acordo com o seu estado físico e propriedades ou de acordo
com as reações que o organismo humano apresenta quando são inalados.
O “diâmetro aerodinâmico” representa a dimensão de uma partícula imaginária de
formato esférico com densidade unitária e que tem o mesmo comportamento aerodinâmico, isto
é, velocidade de deposição da partícula real, de geometria irregular.
Os aerossóis, partículas em suspensão no ar e possuem diâmetro na faixa de 0,01 μm a
100 μm, podem-se apresentar como poeiras, névoas, fumos, neblinas, fumaça e radionuclídeos.
A concentração de aerossóis é expressa geralmente em mg/m³. No caso do asbesto, é usual a
unidade fibras/m³, devido a natureza do asbesto.
Algumas palavras devem ser compreendidas e utilizadas corretamente com o objetivo de
aplicar os critérios de seleção de filtros químicos e para particulados contidos no programa de
proteção respiratória, assim como para preparar os procedimentos de segurança, compra de
equipamentos de proteção.

Poeira
É uma suspensão de partículas no ar, formadas mecânicamene, constituída por partículas
sólidas.
As poeiras são geradas no manuseio de sólidos a granel, como grãos; na forma de pó,
como oxido de zinco ou negro de fumo; na britagem ou moagem de minérios; na detonação
para desmonte de rochas; no corte de madeira por serra circular; no lixamento de madeira ou
concreto, etc.
A maior parte das poeiras na indústria é formada por partículas de tamanho muito variado,
prevalecendo as menores, embora sejam percebidas apenas as de maior tamanho. Se um
trabalho como a detonação de rochas na escavação de poços gera partículas que permanecem
por muito tempo no ar, é sinal que as partículas menores prevalecem, com isso deve-se aguardar
mais tempo para continuar o serviço.

Névoa
Névoa é a suspensão de partículas líquidas no ar, formadas por ruptura mecânica de um
líquido. Aparecem em atividades como pintura spray, que utilizam tinta com solvente orgânico,
a névoa é formada pelas gotículas do solvente orgânico. Aplicação de agrotóxicos por
nebulização, as partículas liquidas contém o agente ativo que é pouco volátil, acompanhado do

66
líquido utilizado como veículo de dispersão. Em processos eletrolíticos a nevoa pode ser gerada
por bolhas de gás, que se desprendem durante a passagem da corrente elétrica e, ao chegarem
à superfície do liquido, rompem-se formando partículas líquidas. Ainda podemos citar a
utilização de fluidos de corte em operações de usinagem, entre outros.
As nevoas são sempre acompanhadas pelo vapor do liquido que a constitui, pois as
gotículas, com grande área superficial, geram vapor.

Fumos
São partículas sólidas, aerodispersóides gerados termicamente, formadas por
condensação de vapores, formados após a volatilização de substância sólida fundida.As
partículas existentes nos fumos são extremamente pequenas. Os fumos metálicos são gerados
em operações de solda, metalização a quente, fundição etc. No caso das soldagem para se fazer
uma análise correta devemos levar em conta a composição, quantidade da liga soldada, o
processo, eletrodo e outros.

Neblina
É a suspensão de partículas líquidas no ar, geradas por condensação de um vapor de um
líquido volátil. Na indústria, isso e muito raro, pois a condensação do vapor só ocorre quando
o ambiente ficar saturado de um liquido, seguido da diminuição da temperatura do ar.
Um exemplo doméstico é a neblina formada no banheiro durante um banho quente
prolongado. Inicialmente, o vapor gerado é incorporado pelo ar até o ponto de saturação, e,
posteriormente, obrigando a sua condensação.

Fumaça
Mistura formada por partículas suspensas no ar, gases e vapores resultantes da combustão
incompleta de materiais. Contém partículas sólidas de carbono, assim como partículas líquidas
provenientes da condensação de vapores de hidrocarbonetos com massa molecular elevada.

Radionuclídeos
São materiais que devido a sua estrutura atômica são capazes de emitir radiação ionizante.
As radiações emitidas são de tipo e energia para cada espécie de radionuclídeo.

67
5.5 Contaminantes particulados: classes e efeitos sobre o organismo
A deposição de partículas é função do diâmetro aerodinâmico e os principais mecanismos
que contribuem para deposição das partículas no trato respiratório são a inércia, a sedimentação,
a interceptação direta e o movimento browniano(difusão).
A “fração inalável” é a fração das partículas que podem se depositar em qualquer uma
das regiões do trato respiratório, com diâmetro de corte para 50% da massa das partículas igual
a 100 μm . A “fração torácica” pode se depositar nas vias aéreas (região traqueobrônquica), e
na região de troca gasosa (alvéolos), com diâmetro de corte de 50% da massa das partículas
igual a 10 μm. Por fim a “fração respirável” é a que atinge a região alveolar e tem diâmetro de
corte para 50% da massa das partículas igual a 4 μm.
Para haver penetração de partículas nos pulmões, é necessário que seu diâmetro esteja
na faixa de tamanhos que constitui a fração respirável.
A deposição de partículas no trato respiratório varia com as condições fisiológicas da
respiração do indivíduo e da região do trato respiratório.

5.5.1 Particulados inaláveis, oracicos e respiráveis


O comitê de TLVs (threshold limit values) da ACGIH (american conference of industrial
hygienists) divide os particulados suspensos no ar em três classes: inaláveis, torácicos e
respiratórios. Este critério considera que o risco potencial depende do tamanho da partícula,
bem como da sua concentração em massa.
Os tlvs por seleção de tamanho das partículas são expressos em três formas:
 (MPI – TLV) TLV para massa de particulado inalável. Partículas com diâmetro de corte
para 50% da massa das partículas igual a 100 μm, depositados quem qualquer parte do
trato respiratório.
 (MPT – TLV) TLV para massa particulado de penetração torácica. Partículas com
diâmetro de corte para 50% da massa das partículas igual a 10 μm, depositados em
qualquer lugar no interior das vias aéreas dos pulmões e da região de troca de gases.
 (MPR – TLV) TLV para massa de particulado respirável. Partículas com diâmetro de
corte para 50% da massa das partículas igual a 4 μm, depositados na região de troca de
gases.

68
5.5.2 Efeitos sobre o organismo
Os efeitos dependem da natureza das partículas, da sua toxidade e da atuação dos
mecanismos de defesa, podendo ser diversos e incluindo doenças pulmonares, efeitos
sistêmicos, câncer, irritação, mutação e alterações genéticas.
Doenças pulmonares
As partículas depositam-se no trato respiratório e podem provocar reações no próprio
local, indo desde uma irritação aguda das vias aéreas até uma reação pulmonar por
hipersensibilidade, dependendo da atividade biológica da substancia invasora e dos seus
contaminantes.
Exemplos de doenças causadas por particulados incluem a fibrose, a bronquite (produção
excessiva de muco), a asma (constrição dos dutos bronquiais) e o câncer.
As reações a partículas de poeiras inorgânicas, dependem de muito fatores como a
natureza, dose e tempo de exposição, entre outros fatores.
Segundo a ACGIH as partículas inertes, inócuas ou incomodas, denominadas atóxicas,
como estanho, ferro, carbono puro e bário, deixam a estrutura alveolar intacta e a reação do
organismo é potencialmente reversível.
Vários dos agentes orgânicos podem provocar doenças por sensibilização. Para a
ocorrência de uma reação alérgica, o agente químico combina-se com as proteínas do
organismo, formando um complexo denominado antígeno, que ao ser absorvido leva a
produção de anticorpos que demoram algum tempo para ser detectados. Os sintomas mais
comuns são dermatite, urticária, conjuntivite, inchaço das membranas, espirro, dificuldade de
respirar e diminuição da ventilação pela produção excessiva de muco (bronquite) ou a formação
de anticorpos que levam a constrição dos dutos bronquiais (asma), e em alguns casos, morte
resultante de choque anafilático.
Há ainda o caso de que pessoas apresentam uma reatividade excessiva a um alérgeno, ou
seja, uma extrema sensibilidade a doses baixas e outras apresentam uma reação extremamente
baixa a altas doses.
Em alguns indivíduos, a reação do organismo produz alterações nas células dos pulmões
que, após um período latente, transforma-se em câncer, como no caso do asbesto, cromatos,
níquel, poeiras de madeira duras, partículas radioativas.

Febre
A inalação de fumos, recém gerados de zinco, magnésio e cobre, produz calafrios

69
seguidos de febre.

Efeitos sistêmicos
Ocorrem quando o sangue absorve componentes das partículas depositadas nos alvéolos
que produzem danos em órgãos do corpo humano. Algumas substancias podem gerar câncer.
Essas substancias, solúveis nos fluidos corpóreos, acabam na corrente sanguínea, sendo
transportadas para todo o corpo humano.

Irritação
Certos contaminantes produzem irritação química, inflamação e ulceração do trato
respiratório superior. Alguns particulados podem produzir danos instantâneos, reações lentas
ou somente deposição sobre o tecido.

Mutação genética
Algumas substâncias como mercúrio, causam mudança ou mutação no material genético
de uma célula viva.

Alterações genéticas
Teratógeno é o termo que se aplica a qualquer substância que possa causar malformações
não-hereditárias. Certos materiais inalados por trabalhadoras grávidas podem causar defeito no
desenvolvimento do embrião ou feto como as poeiras e fumos de chumbo.

5.5.3 Particulados insolúveis não classificados de outra maneira (PNOS)


Muitas substancias na lista de TLVs, e várias outras não constantes na lista que eram
denominadas no passado de partículas incomodas, pois apesar denao causarem danos ao
organismo, não são biologicamente inertes. Em altas concentrações não classificadas de outra
maneira têm sido associadas com uma condição, ocasionalmente, fatal, conhecida com
proteinose fatal. Em baixas concentrações podem inibir a eliminação de partículas toxicas do
pulmão por decréscimo da mobilidade dos macrófagos.
Portanto é considerado incorreto o emprego das expressões “respirador para partículas
incômodas” e “respirador para conforto” indicando que a poeira é inócua, não se fazendo
necessário o uso de um EPI – equipamento de proteção individual.

70
Alguns particulados PNOS podem provocar depósitos opacos nos pulmões, visíveis em exames
de raio-x, mas não provocando reações nos tecidos, a menos que sua exposição seja severa. As
pneumoconioses provocadas por partículas PNOS são potencialmente reversíveis.

5.5.4 Aerossóis fibogênicos e não fibrogênicos


Comumente, os aerossóis fibrogênicos são constituídos de partículas sólidas minerais
naturais ou artificiais e orgânicas como sílica cristalina, asbesto e fungos. Um aerossol é dado
como fibrogênico quando tem a capacidade de desencadear reação orgânica que resulta na
deposição de tecido conectivo (não elástico, não permeável) nas regiões do tecido pulmonar.
O termo não fibrogênico ou inerte tem significado relativo, pois mesmo a deposição
desses aerossóis considerados não fibrogênicos provoca discreta reação inflamatória local, às
vezes acompanhada de fibrose, como o óxido de ferro. Aerossóis não fibrogênicos ou inertes
são os que, quando depositados no sistema respiratório, têm limitada capacidade de provocar
reação orgânica maior que a fagocitose. Estes aerossóis também são compostos de partículas
minerais ou orgânicas, como estanho, titânio e algodão.
Como os aerossóis no ambiente de trabalho geralmente são formados por partículas com
mais de um elemento químico, torna-se necessário avaliações qualitativas e quantitativas para
uma correta orientação quanto definição de fibrogênica ou não fibrogênica.
Para aerossol que contenha mais que 7,5% de sílica cristalina em sua composição deve
ser considerado como fibrogênico. E caso a porcentagem fique abaixo dos 7,5%, mas a
concentração total de poeiras respiráveis exceda o limite calculado pela fórmula: LT = 8 /
(%Si𝑂2+ 2), também deverá ser considerado fibrogênico.
São exemplos de aerossóis fibrogênicos: carvão mineral, grafite natural(mineração),
poeiras contendo asbesto e ou outras fibras naturais, poeira com fibras artificiais, talco, sílica
com Si𝑂2 acima de 7,5% na fração respirável, cobalto, ligas de metais duros, berílio, carbeto
de silício (carborundum) e alumínio.
Se o limite de tolerância para sílica não seja ultrapassado, são exemplos de aerossóis
não fibrogênicos: antimônio, bário, carvão vegetal, estanho, grafite natural de uso industrial,
ferro, sílica amorfa, titânio puro e tungstênio puro.
Alguns aerossóis podem ser classificados como fibrogênicos ou não fibrogênicos, na
dependência de algumas variáveis, como é o caso das poeiras mistas, negro de fumo e grafite
sintético.

71
5.5.5 Sílica cristalizada, sílica amorfa, silicatos e silicose
A sílica, ou o dióxido de silício contém átomos de oxigênio e silício, arranjados de
maneiras diferentes formando diversas substâncias químicas.São as substâncias químicas
naturais menos reativas e os mais insolúveis. Representa cerca de 60% da crosta terreste.
Existe sob forma cristalina(quartzo, cristobalita e tridimita), criptocristalina(calcedônia,
jaspe, sílex) e amorfa. Outra classifcação divide entre sílica combinada e cristalina livre. A
sílica combinada está ligada quimicamente a óxidos de metais como alumínio, magnésio, ferro
e outros, constituindo os silicatos. A sílica cristalina livre não está ligada a outras substâncias.
A sílica amorfa é uma forma não cristalina e praticamente não apresenta ação tóxica
para os pulmões. Nos silicatos, cátions e ânios como Na, Mg, Al, K, Ca, Fe, F, OH, etc, estão
ligados à estrutura da sílica cristalizada.
A silicose é uma doença pulmonar atribuída à inalação de várias formas de sílica livre
e cristalizada que produz uma reação fibrosa no tecido alveolar. É uma doença crônica
fibrogência, de evolução em geral uma lenta, progressivamente e erreversível que provoca
insuficiência pulmonar. O risco da silicose é maior nas indústrias de cerâmica e abrasivos, na
mineração, na fundição de ferro e no jateamento de areia. Poeiras mistas, ou seja, poeiras
contendo sílica livre abaixo de 10% associada a poeiras menos fibrogênicas, como o ferro,
óxidosde alumínio, silicatos como o caolim, as micas, a carvão mineral e até as PNOS,
apresentam poder fibrogênico diminuído.
Alguns silicatos apresentam riscos variáveis de pneumoconiose, mas geralmente, não
têm efeito patogênico. Assim, por exemplo, o talco geralmente não é fibrogênico, mas quando
contaminado por sílica cristalizada ou asbesto, pode ser causa da silicose ou asbesto. A sílica
cristalina, por enquanto, é considerada como suspeita de cancerígena para o ser humano.

5.5.6 Asbesto e doenças pulmonares


O Asbesto, que do grego significa incombustível, também é conhecido como amianto,
que do grego significa incorruptível, sendo que o segundo nome é a designação comercial.
Fibras minerais como silicatos hidratados de magnésio, ferro, cálcio ou sódio, são
denominados cientificamente de asbesto. As variedades principais de asbetos são classificados
em dois grupos anfibólios e da serpentina. O grupo do anfibólios compreende a amosita
(amianto marrom), acrocidolita(amianto azul), a antofilita entre outros, existente também em
minas brasileiras, e a tremolita. O grupo da serpentina, ou amianto branco é o mais abundante
e de maior importância econômica.

72
As princiais patologias por exposição à poeira de amianto são: asbesto, pneumoconiose
que se deselvolve geralmente cinco ou mais anos após a exposição ao abesto; cancêr de pulmão,
devido às propriedades carcinogênicas encontradas em quase todos os tipos de amianto; e o
mesotelioma, neoplasia difusa da pleura que se origina do mesotélio.
Além do câncer de pulmão e do mesotelioma de pleura, grande número de outros
cânceres é hoje associado à exposição ao asbesto, como o cancêr de laringe e faringe, assim
como uma variedade de cânceres gastrintestinais, incluindo esôfago, estômago, cólon e reto.
Todos os tipos de fibras de asbesto têm sido implicados como na potencialidade cancerígena
com relação aos mesoteliomas, que dependem da dimensão da fibra de asbesto.
A fibrose pulmonar geralmente se desenvolve após vários anos de exposição, em
ambientes de trabalho que apresentam concentrações superiores ao limite de tolerância.
Abestose é o acumulo de partículas nos pulmões e as reações do tecido à sua presença. O câncer
do pulmão é uma complicação da asbestose. Não existe nível de exposição abaixo do grau de
risco. O mesoteolima é um tumor maligno raro que acomete a pleura e o peritônio, a grande
maioria de mesoteolima encontrado, houve exposição ao asbesto.

5.6 Contaminantes gasosos


Primeiramente, deve-se entender os conceitos de gás e vapor. Gás é um fluido que está
no estado gasoso. Suas moléculas não têm restrição de movimento, uma vez que as forças de
coesão entre elas são muito fracas e por isso ocupam todo o espaço. Podem-se citar como
exemplo: cloro, amônia, entre outros. O vapor é uma fase gasosa se uma substância que existe
normalmente no estado líquido ou sólido e que também ocupa todo o espaço. São formados a
partir das moléculas que se libertam das substâncias que na temperatura e pressão ambiente são
líquidas ou sólidas, mas são voláteis. Podem-se citar como exemplo: vapor de benzeno,
naftalina.
A concentração desses gases e vapores pode ser expressada pela fórmula (1):
24,45 .𝐶
𝐶∗ = [ppm] (1)
𝑝

Onde p: é o peso molecular da substância em gramas;


C: é a concentração em mg/𝑚3 .
De acordo com a NBR 12543, os gases e vapores podem ser classificados como:
 Orgânicos;
 Ácidos;
 Alcalinos;
73
 Inertes;
 Especiais.

Orgânicos
Os gases e vapores orgânicos contêm carbono em sua estrutura molecular. Por sua
facilidade de se combinar com outros átomos, existem milhares de compostos orgânicos.
Existem os formados somente por hidrogênio e carbono, como o etano e metano, e os formados
por outros compostos químicos além do carbono, como por exemplo as cetonas e os ácidos. Os
compostos organometálicos são aqueles que possuem metais em suas moléculas, como o
chumbo tetraetila.

Ácidos
Os contaminantes gasosos ácidos contêm hidrogênio na molécula e quando são dissolvidos
em água produzem íon hidrogênio, o qual é responsável pelo pH ácido, que se situa entre 0 e 7.
Dentre suas características podem-se citar:
 Sabor ácido;
 Corrosivo ao tecido humano;
 Reagem com metal produzindo hidrogênio gasoso e sal;
 Reagem com substâncias alcalinas gerando sais.

Podem ser fortes, quando sua reação com metal libera hidrogênio rapidamente ou fracos, se
esta reação for lenta. O dióxido de enxofre é um exemplo de ácido forte e o dióxido de carbono
um exemplo de ácido fraco. A toxicidade não depende se ele é forte ou fraco.

Alcalinos
São aqueles que reagem com água, resultando em uma base. Essas substâncias em meio
aquoso formam íons hidroxila, responsáveis pela solução com pH básico de 7 a 14. Dentre suas
características podem-se citar:
 Sabor amargo;
 Algumas são corrosivas ao tecido humano.

Podem ser álcalis fortes quando produzem facilmente íons hidroxila na água e reagem
rapidamente com outra substância. Caso contrário, são fracos. Como nos ácidos, sua toxicidade
não depende se eles são fracos ou fortes.
74
Inertes
Não reagem quimicamente com outras nas condições normais de temperatura e pressão.
Quando estão em altas concentrações no ambiente podem gerar deficiência de oxigênio. Dentre
eles podem-se citar: nitrogênio e dióxido de carbono. Alguns deles, se em uma certa
concentração, podem gerar riscos de explosão, como o metano e o butano.

Especiais
São os compostos que exigem filtros especiais, como monóxido de carbono e mercúrio.

5.6.1 Efeitos dos contaminantes gasosos no organismo

Asfixia
Ocorre do bloqueio dos processos vitais pela falta de oxigênio. Os gases inertes em
grande quantidade diluem o oxigênio do ar, provocando uma atmosfera com deficiência de
oxigênio, levando a pessoa à asfixia. A Tabela (2) mostra os efeitos da asfixia por porcentagem
de oxigênio.

Tabela 2. Efeitos da asfixia por porcentagem de oxigênio


%O2 Sintomas
18 Nível mínimo de oxigênio aceitável pela NR15.
Aparecem os primeiros sintomas: diminui a capacidade de realização de trabalhos pesados e a
18 - 15
coordenação motora.
15 - 12 Aumenta a respiração. Pequena capacidade de julgamento.
12 - 10 Aumenta a respiração. Os lábios ficam azulados.
10 - 8 Falha mental. Sensação de desmaio. Náuseas. Inconsciência. Vômito
Fatal em 8 minutos. Fatal para 50% das pessoas expostas durante 6 minutos. Possível recuperação
8-6
se a exposição for de 4 a 5 minutos.
6-4 Advém o coma em 40 segundos. Morte.
Fonte: Manual de proteção respiratória, 2003

Alguns gases, mesmo em baixas concentrações, provocam a asfixia bioquímica. Eles


interferem no suprimento ou utilização do oxigênio em nível celular. Como exemplo, pode-se
75
citar o monóxido de carbono, que apesar de não interferir nos pulmões, afeta o transporte do
oxigênio para o corpo todo. O gás sufidrico, famoso pelo seu cheiro de ovo podre, é originado
por decomposição de matéria orgânica. Ele paralisa parte do cérebro, o qual controla a
respiração e o odor. As Tabelas (3) e (4) mostram, respectivamente, a ação do monóxido de
carbono e do gás sufidrico no organismo e suas consequências.

Tabela 3. Ação do monóxido de carbono e suas consequências

Concentração (ppm) Tempo de exposição Efeitos

39 8 horas Nenhum.

200 3 horas Ligeira dor de cabeça. Desconforto.

600 1 hora Dor de cabeça. Desconforto.

1000 - 2000 2 horas Confusão. Dor de cabeça.

1000 - 2000 1,5 hora Tendência a cambalear.

1000 - 2000 30 minutos Palpitação leve

2000 - 5000 30 minutos Inconsciência.

10000 1 minuto Fatal.

Fonte: Manual de proteção respiratória, 2003

Tabela 4. Ação do gás sufidrico e suas consequências


Concentração (ppm) Tempo de exposição Efeitos
8 8 horas Nenhum.
50 - 100 1 hora Irritação noderada na garganta e nos olhos.
200 - 300 1 hora Forte irritação.
500 - 700 1,5 hora Inconsciência e morte por paralisia respiratória.
Acima de 1000 Minutos Inconsciência e morte por paralisia respiratória.
Fonte: Manual de proteção respiratória, 2003

Irritação
Algumas substâncias corrosivas lesam os tecidos e causam inflamação das mucosas das
vias aéreas. O local e a intensidade dessa inflamação dependem da solubilidade e da
concentração da substância.
Os agentes irritantes podem ser divididos em:

76
 Irritantes primários: Ação é local e imediata. Se a solubilidade do agente em água é alta,
a irritação ocorre na cavidade nasal e na garganta. Exemplos são: ácido clorídrico, ácido
sulfúrico, amônia. Se a solubilidade é moderada, a irritação é quase uniforme em todas
as vias respiratórias, mas terá efeito principal nos brônquios. Exemplos são: Cloro, iodo.
Quando os contaminantes são insolúveis ou pouco solúveis, a irritação é muito menor,
podendo atingir a parte mais profunda do sistema respiratório: os bronquíolos terminais
e os alvéolos. Exemplos são: dióxido de nitrogênio e ozônio.
 Irritantes secundários: A ação é local e sistêmica. Exemplos são: gás sulfídrico e a
fosfina.

A Figura (15) mostra uma parte do sistema respiratório.

Figura 15. Parte do sistema respiratório

Fonte: Neste inverno, fique longe do “Atchim”!, 2015

Efeitos sistêmicos
Os efeitos da inalação de alguns gases atacam órgãos e sistemas do corpo humano
diferentes dos pulmões. A Figura (16) mostra efeitos de alguns gases no corpo humano.

77
Figura 16. Efeitos de alguns gases no corpo humano

Sistema nervoso
Ossos - Fósforo
mercúrio, anilina,
benzeno, nitritos

Gás sulfídrico
Rins Paralisia Respiratória
mercúrio, clorofórmio,
tetracloreto de carbono

Fonte: Próprio autor


Anestesia e narcose
A ação anestésica é dada por ação depressora do sistema nervoso central e provoca perda
parcial ou total das sensações. A anestesia pode ser local, onde só se perde sensação em uma
área particular ou geral, onde se perde a consciência e a total sensação. O efeito inicial é uma
intoxicação com mal estar e perda da coordenação motora. Em seguida, se continuar exposto
ao agente, pode ocorrer perda de consciência e o se esta exposição for muito severa, poderá
ocasionar uma parada respiratória seguida de morte. Os gases e vapores orgânicos são
anestésicos.
Os anestésicos podem ser:
 Primários: Só produzem efeito anestésico. Exemplos: Butano, propano, cetona.
 De efeito sobre as vísceras: Podem acarretar danos aos rins e ao fígado. Exemplos:
tricloroetileno e tetracloreto de carbono.
 De ação sobre o sistema formador do sangue: Se acumulam nos tecidos gordurosos,
sistema nervoso e medula óssea. Exemplos: Xileno, tolueno e benzeno.
 De ação sobre o sistema nervoso: Exemplos: álcoois metílico e etílico, dissulfeto de
carbono.
 De ação sobre o sangue e o sistema circulatório: Alterações na hemoglobina. Exemplos:
Anilina e toluidina.

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A ação narcótica é dada por inconsciência e muitas pessoas apresentam os mesmos sintomas
da asfixia. Em doses baixas, ambos exercem sua ação principal sem efeitos sistêmicos graves,
mas em altas doses podem causar morte.

Sensibilizantes
Certos gases quando inalados podem causar a formação de anticorpos, levando a um
aumento da probabilidade de reações, como asma ocupacional, que é uma obstrução das vias
aéreas e é causada também pela inalação de particulados. A Figura (17) mostra anticorpos.

Figura 17. Anticorpos

Fonte: ANTICORPOS, 2015

Câncer
Quando inalados, alguns componentes podem produzir ou acelerar o aparecimento de
câncer após um certo período de latência, como níquel e benzidina. Uma substância é
carcinogênea quando pode induzir o aparecimento de um tumor maligno após uma certa
exposição. Podem-se citar diversos fatores relacionados ao aparecimento do câncer:
 Genéticos;
 Vírus;
 Radiação;
 Desequilíbrio hormonal;
 Certos agentes químicos.

79
Não deve ser permitido nenhum contato ou exposição com as substâncias cancerígenas,
pois não existe limite de exposição.

Mutação genética
Certas substâncias causam mudanças no DNA de uma célula viva, causando danos aos
cromossomos. Podem ser hereditárias se forem nos óvulos e espermatozoides. Quando ocorrem
em outras células podem levar ao desenvolvimento de tumores malignos ou benignos.
Exemplos: Benzeno e benzidina. A Figura (18) mostra um DNA com mutação.

Figura 18. DNA com mutação

Fonte: APRENDER A APRENDER, 2015

Alteração genética
Certos materiais podem causar defeito no desenvolvimento do embrião quando a mulher
grávida é exposta a eles. A deformação varia com o tipo de substância e as deformações não
são hereditárias. Teratógeno é aplicado a qualquer substância que pode causar malformações
não hereditárias. Exemplos: Talidomida, esteroides e mercúrio.

5.7 Análise da exposição a particulados


Para avaliar a exposição a um particulado são fatores importantes:
 Tipo de partícula:
 Inorgânicos:
 Metálicos: Chumbo e cádmio;
80
 Não metálicos:
o Particulados sem sílica
o Particulados com sílica
 Livre: Combinada (areia) ou amorfa (Terra
diatomácea);
 Combinada (talco).
 Orgânicos:
 Sintéticos: Dinitrobenzeno;
 Naturais: Origem vegetal (fibras) ou animal (pelo).
 Tempo de exposição: Os efeitos da exposição de alguns compostos demoram anos para
aparecerem, como carvão, silicose, abestose. Já os efeitos de exposição a alguns metais
aparecem após alguns dias ou semanas, como chumbo e cádmio.
 Concentração: Pode ser medida com o uso de um filtro de éster de celulose. Um certo
volume de ar atravessa esse filtro, que captura partículas de ar na faixa respirável (0,5 a
10 micrometros). A Figura (19) mostra o esquema de um coletor de poeira do tipo
ciclone.

Figura 19. Coletor de poeira do tipo ciclone

Fonte: Zhengzhou Hongji Mining Machinery Co., Ltd. , 2015

 Tamanho: São importantes partículas com diâmetro aerodinâmico médio mássico


abaixo de 10 micrometros. A maioria das poeiras industriais é de tamanho variado.
Quando por inspeção visual, nota-se a presença das maiores (acima de 50 micrometros),
mas sabe-se que existem muitas menores, invisíveis a olho nu.

81
5.8 Análise da exposição a gases e vapores
Os danos ao organismo por exposição a gases e vapores dependem de:
 Concentração: Deve-se usar aparelhagem adequada e a amostra deve ser representativa.
Devem ser coletadas amostras em diferentes pontos de um local de trabalho, tendo
assim várias concentrações diferentes;
 Tempo de exposição: Deve-se calcular a exposição média ponderada, verificar se os
picos estão dentro dos limites máximos calculados a partir do fator de desvio ou
compará-los com os limites de exposição-valor teto;
 Características físico-químicas do agente;
 Suscetibilidade pessoal.

Instrumentos de leitura
 Aparelhos de leitura direta: Coletam e analisam a amostra dentro do próprio instrumento
no local de trabalho. Existem os colorímetricos, que utilizam métodos químicos,
mostrando a concentração do local de trabalho por meio da alteração de cor. São baratos,
mas podem induzir erros de até 25%. Por essa razão, seu emprego é limitado aos casos
em que a concentração está muito acima ou abaixo do Limite de Exposição do agente
químico. Os analisadores infravermelho e os cromatógrafos a gás utilizam métodos
físicos. A indicação da concentração é dada por deflexão do ponteiro ou leitura digital.
As Figuras (20), (21) e (22), respectivamente, mostram a bomba e os tubos
colorimétricos, cromatógrafo a gás e analisador infravermelho.

Figura 20. Bomba e tubos colorimétricos

Fonte: UNIPHOS ® ASP-21, 2015

82
Figura 21. Cromatógrafo a gás

Fonte: INTRUMENTACION, 2015

Figura 22. Analisador infravermelho

Fonte: Vectus Importatum Instrumentos de Precisão Ltda, 2015

 Duas etapas:
 Coleta do agente em amostradores: Podem ser transportados pelo próprio
trabalhador. Nos ativos, os gases são retidos num meio de coleta. Nos
passivos, as moléculas do contaminante movem-se por difusão até a
camada de adsorvente onde são retidas. A Figura (23) mostra um
amostrador passivo;

83
Figura 23. Amostrador passivo

Fonte: Amostrador Passivo SKC para Vapores Orgânicos, Carvão Ativado 350 mg, 5 um, 2015

 Análise em laboratório.

6. TRABALHO SOB PRESSÕES ANORMAIS

As Normas Regulamentadoras - NR, relativas à segurança e medicina do trabalho, são


de observância obrigatória pelas empresas privadas e públicas e pelos órgãos públicos da
administração direta e indireta, bem como pelos órgãos dos Poderes Legislativo e Judiciário,
que possuam empregados regidos pela Consolidação das Leis do Trabalho - CLT.
O não cumprimento das disposições legais e regulamentares sobre segurança e medicina
do trabalho acarretará ao empregador a aplicação das penalidades previstas na legislação
pertinente.
Constitui ato faltoso a recusa injustificada do empregado ao cumprimento de suas
obrigações com a segurança do trabalho. [1]
A Norma Regulamentadora 15, cujo título é Atividades e Operações Insalubres,
define em seus anexos, os agentes insalubres, limites de tolerância e os critérios técnicos e
legais para avaliar e caracterizar as atividades e operações insalubres e o adicional devido para
cada caso. [2]
A seguir será detalhado o anexo VI da NR 15, que trata de Trabalho sob condições
hiperbáricas.

84
Nesse tipo de serviço, o trabalhador é submetido a uma pressão maior do que a
atmosférica. A transição entre a pressão de trabalho e a atmosférica deve seguir um
procedimento cuidadoso de descompressão, conforme as tabelas anexas.

6.1 Definições pertinentes

a) Câmara de Trabalho
É o espaço ou compartimento sob ar comprimido, no interior da qual o trabalho está
sendo realizado;

b) Câmara de Recompressão
É uma câmara que, independentemente da câmara de trabalho,
é usada para tratamento de indivíduos que adquirem doença descompressiva ou embolia
e é diretamente supervisionada por médico qualificado;

c) Campânula
É uma câmara através da qual o trabalhador passa do ar livre para a câmara de trabalho
do tubulão e vice-versa;

d) Eclusa de Pessoal
É uma câmara através da qual o trabalhador passa do ar livre para a câmara de trabalho
do túnel e vice-versa;

e) Encarregado de Ar Comprimido
É o profissional treinado e conhecedor das diversas técnicas empregadas nos trabalhos
sob ar comprimido, designado pelo empregador como o responsável imediato pelos
trabalhadores;

f) Médico Qualificado
É o médico do trabalho com conhecimentos comprovados em Medicina Hiperbárica,
responsável pela supervisão e pelo programa médico;

85
g) Operador de Eclusa ou de Campânula
É o indivíduo previamente treinado nas manobras de compressão e descompressã
o das eclusas ou campânulas, responsável pelo controle dapressão no seu interior;

h) Período de Trabalho
É o tempo durante o qual o trabalhador fica submetido a pressão maior que a
do ar atmosférico excluindo-se o período de descompressão;

i) Pressão de Trabalho

É a maior pressão de ar à qual é submetido o trabalhador no tubulão ou túnel dura


nte o período de trabalho;

j) Túnel Pressurizado
É uma escavação, abaixo da superfície do solo, cujo maior eixo faz um ângulo não
superior a 45° (quarenta e cinco graus) com a horizontal, fechado nas duas extremidades, em
cujo interior haja pressão superior a uma atmosfera;

l) Tubulão de Ar Comprimido
É uma estrutura vertical que se estende abaixo da superfície da água ou solo, atravéas
da qual os trabalhadores devem descer, entrando pela campânula, para uma pressão maior que
a atmosférica. A atmosfera pressurizada opõe-se à pressão da água e permite que os homens
trabalhem em seu interior. [3]

6.2 Trabalhos em tubulações pneumáticas e túneis pressurizados

A Figura (24) mostra um tubulão pneumático.

86
Figura 24. Figura esquemática de um tubulão pneumático

Fonte: PINI, Infraestrutura Urbana, 2015

A fim de exemplificar a norma, a seguir são apresentadas algumas normas, retiradas do


anexo VI da NR15, a serem seguidas em trabalhos em tubulões pneumáticos e túneis
pressurizados:

i) Durante o transcorrer dos trabalhos sob ar comprimido, nenhuma pessoa poderá


ser exposta à pressão superior a
3,4 kgf/cm2, exceto em caso de emergência ou durante tratamento em câmara de r
ecompressão, sob supervisão direta do médico responsável;
ii) Durante o transcorrer dos trabalhos sob ar comprimido, nenhuma pessoa poderá
ser exposta à pressão superior a
3,4 kgf/cm2, exceto em caso de emergência ou durante tratamento em câmara de r
ecompressão, sob supervisão direta do médico responsável;

iii) A duração do período de trabalho sob ar comprimido não poderá ser superior a 8 (
oito) horas, em pressões de trabalho de 0 a 1,0 kgf/cm2; a 6 (seis) horas em press

87
ões de trabalho de1,1 a 2,5 kgf/cm2; e a 4 (quatro) horas, em pressão de trabalho
de 2,6 a 3,4 kgf/cm2;
iv) Após a descompressão, os trabalhadores serão obrigados a permanecer, no mínim
o, por 2 (duas) horas, no canteiro de obra, cumprindo um período de observação
médica; O local adequado para o cumprimento do período de observação deverá
ser designado pelo médico responsável;
v) Em relação à supervisão médica para o trabalho sob ar comprimido, deverã
o ser observadas as seguintes condições:

a) sempre que houver trabalho sob ar comprimido, deverá ser providenciada a assistência p
or médico qualificado, bem como local apropriado para atendimento médico;
b) todo empregado que trabalhe sob ar comprimido deverá ter uma ficha médica, onde deve
rão ser registrados os dados relativos aos exames realizados;
c) Nenhum empregado poderá trabalhar sob ar comprimido, antes de ser examinado por um
médico qualificado, que atestará, na ficha individual, estar essa pessoa apta para o trabalho;
d) o candidato considerado inapto não poderá exercer a função, enquanto permanecer sua
inaptidão para esse trabalho;
e) o atestado de aptidão terá validade por 6 (seis) meses;

f) em caso de ausência ao trabalho por mais de 10 (dez) dias ou afastamento por doença,
o empregado, ao retornar, deverá ser submetido a novo exame médico.[3]

6.3 Descompressão

No Quadro III da NR15, estão contidas as tabelas de descompressão supracitadas. As


tabelas se dividem por tempo de exposição e pressão do ambiente hiperbárico. Abaixo são
exemplificadas as tabelas de pressão de trabalho de 0 a 0,900 kgf/cm² (Figura 25) e tempo de
trabalho entre 4 e 6 horas (Figura 26).

88
Figura 25. Tabela de descompressão para pressões entre 0 e 0,900 kgf/cm²

Fonte: NR15, Anexo VI, 2015.

Figura 26. Tabela de descompressão para tempo de trabalho entre 4 e 6 horas

Fonte: NR15, Anexo VI, 2015.

6.4 Condições para trabalhos submersos

Trabalhos submersos são aqueles realizados em meios líquidos em que o mergulhador


é submetido a pressões maiores que a pressão atmosférica, sendo requerida uma descompressão
cuidadosa.

A NR15 define:

I - Águas Abrigadas: toda massa líquida que, pela existência de proteção natural ou
artificial, não estiver sujeita ao embate de ondas, nem correntezas superiores a 1 (um) nó;

89
II - Câmara Hiperbárica: um vaso de pressão especialmente projetado para a ocupação
humana, no qual os ocupantes podem ser submetidos a condições hiperbáricas;
III - Câmara de Superfície: uma câmara hiperbárica especialmente projetada para ser
utilizada na descompressão dos mergulhadores, requerida pela operação ou pelo tratamento
hiperbárico;
IV - Câmara Submersível de Pressão Atmosférica: uma câmara resistente à pressão
externa, especialmente projetada para uso submerso, na qual os seus ocupantes permanecem
submetidos à pressão atmosférica;
V - Câmara Terapêutica: a câmara de superfície destinada exclusivamente ao tratamento
hiperbárico;
VI - Comandante da Embarcação: o responsável pela embarcação que serve de apoio
aos trabalhos submersos;
VII - Condição Hiperbárica: qualquer condição em que a pressão ambiente seja maior
que a atmosférica;
VIII - Condições Perigosas: situações em que uma operação de mergulho envolva riscos
adicionais ou condições adversas, tais como:
a) uso e manuseio de explosivos;
b) trabalhos submersos de corte e solda;
c) trabalhos em mar aberto;
d) correntezas superiores a 2 (dois) nós;
e) estado de mar superior a "mar de pequenas vagas" (altura máxima das ondas de
2,00m).
f) manobras de peso ou trabalhos com ferramentas que impossibilitem o controle da
flutuabilidade do mergulhador;
g) trabalhos noturnos;
h) trabalhos em ambientes confinados.
IX - Contratante: pessoa física ou jurídica que contrata os serviços de mergulho ou para
quem esses serviços são prestados.
X - Descompressão: o conjunto de procedimentos, através do qual um mergulhador
elimina do seu organismo o excesso de gases inertes absorvidos durante determinadas
condições hiperbáricas, sendo tais procedimentos absolutamente necessários, no seu retorno à
pressão atmosférica, para a preservação da sua integridade física;

90
XI - Emergência: qualquer condição anormal capaz de afetar a saúde do mergulhador
ou a segurança da operação de mergulho;
XII - Empregador: pessoa física ou jurídica, responsável pela prestação dos serviços, de
quem os mergulhadores são empregados;
XIII - Equipamento Autônomo de Mergulho: aquele em que o suprimento de mistura
respiratória é levado pelo próprio mergulhador e utilizado como sua única fonte;
XIV- Linha de Vida: um cabo, manobrado do local de onde é conduzido o mergulho,
que, conectado ao mergulhador, permite recuperá-lo e içá-lo da água, com seu equipamento;
XV - Mar Aberto: toda área que se encontra sobre influência direta do mar alto;
XVI - Médico Hiperbárico: médico com curso de medicina hiperbárica com currículo
aprovado pela SSMT/MTb, responsável pela realização dos exames psicofísicos admissional,
periódico e demissional de conformidade com os Anexos A e B e a NR 7.
XVII - Mergulhador: o profissional qualificado e legalmente habilitado para utilização
de equipamentos de mergulho, submersos;
XVIII - Mergulho de Intervenção: o mergulho caracterizado pelas seguintes condições:
a) utilização de misturas respiratórias artificiais;
b) tempo de trabalho, no fundo, limitado a valores que não incidam no emprego de
técnica de saturação.
XIX - Misturas Respiratórias Artificiais: misturas de oxigênio, hélio ou outros gases,
apropriadas à respiração durante os trabalhos submersos, quando não seja indicado o uso do ar
natural;
XX - Operação de Mergulho: toda aquela que envolve trabalhos submersos e que se
estende desde os procedimentos iniciais de preparação até o final do período de observação;

XXI - Período de Observação: aquele que se inicia no momento em que o mergulhador


deixa de estar submetido a condições hiperbáricas e se estende:
a) até 12 (doze) horas para os mergulhos com ar;
b) até 24 (vinte e quatro) horas para os mergulhos com misturas respiratórias artificiais.
XXII - Plataforma de Mergulho: navio, embarcação, balsa, estrutura fixa ou flutuante,
canteiro de obras, estaleiro, cais ou local a partir do qual se realiza o mergulho;
XXIII - Pressão Ambiente: a pressão do meio que envolve o mergulhador;
XXIV - Programa Médico: o conjunto de atividades desenvolvidas pelo empregador, na
área médica, necessária à manutenção da saúde e integridade física do mergulhador;

91
XXV - Regras de Segurança: os procedimentos básicos que devem ser observados nas
operações de mergulho, de forma a garantir sua execução em perfeita segurança e assegurar a
integridade física dos mergulhadores; XXVI - Sino Aberto: campânula com a parte inferior
aberta e provida de estrado, de modo a abrigar e permitir o transporte de, no mínimo, 2 (dois)
mergulhadores, da superfície ao local de trabalho, devendo possuir sistema próprio de
comunicação, suprimento de gases de emergência e vigias que permitam a observação de seu
exterior;
XXVII - Sino de Mergulho: uma câmara hiperbárica, especialmente projetada para ser
utilizada em trabalhos submersos;
XXVIII - Sistema de Mergulho: o conjunto de equipamentos necessários à execução de
operações de mergulho, dentro das normas de segurança;
XXIX - Supervisor de Mergulho: o mergulhador, qualificado e legalmente habilitado,
designado pelo empregador para supervisionar a operação de mergulho;
XXX - Técnicas de Saturação: os procedimentos pelos quais um mergulhador evita
repetidas descompressões para a pressão atmosférica, permanecendo submetido à pressão
ambiente maior que aquela, de tal forma que seu organismo se mantenha saturado com os gases
inertes das misturas respiratórias;
XXXI - Técnico de Saturação: o profissional devidamente qualificado para aplicação
das técnicas adequadas às operações em saturação;
XXXII - Trabalho Submerso: qualquer trabalho realizado ou conduzido por um mergulhador
em meio líquido;
XXXIII - Umbilical: o conjunto de linha de vida, mangueira de suprimento respiratório
e outros componentes que se façam necessários à execução segura do mergulho, de acordo com
a sua complexidade.

6.5 Precauções necessárias por parte das equipes de mergulho

O mergulho é uma atividade humana de origem remota. Contudo, apesar do grande


desenvolvimento de tecnologia para esta área, muitos cuidados devem ser tomados a fim de
assegurar as operações envolvidas por esta atividade. Tais precauções envolvem planejamento,
preparação, execução e procedimentos de emergência e são apresentados a seguir, extraídas da

92
NR 15. As Figuras (27) e (28) mostram, respectivamente, mergulhador no mar e o mergulhador
em esgoto.
Figura 27. Mergulhador no mar

Fonte: http://mundocrux.com.br/wp-content/uploads/2012/03/Fernando-de-Noronha.jpg, 2015

Figura 28. Mergulhador em esgoto

Fonte: http://brejo.com/wp-content/uploads/2014/09/mergulhador_de_esgoto_3.jpg, 2015

93
1) Quanto ao Planejamento: Antes de iniciar a atividade do mergulho propriamente
dita, algumas condições são necessárias de serem observadas:

a) Condições meteorológicas;
b) Condições de mar;
c) Movimentação de embarcações;
d) Perigos submarinos, incluindo ralos, bombas de sucção ou locais onde a diferença de
pressão hidrostática possa criar uma situação de perigo para os mergulhadores;
e) Profundidade e tipo de operação a ser executada;
f) Adequação dos equipamentos;
g) Disponibilidade e qualificação do pessoal;
h) Exposição a quedas da pressão atmosférica causadas por transporte aéreo, após o
mergulho;
i) Operações de mergulho simultâneas.

2) Quanto à Preparação: referem-se também a procedimentos necessários de serem


realizados antes mesmo de iniciar o mergulho.

a) obtenção, junto aos responsáveis, pela condução de quaisquer atividades que, na área,
possam interferir com a operação, de informações que possam interessar à sua segurança;
b) seleção dos equipamentos e misturas respiratórias;
c) verificação dos sistemas e equipamentos;
d) distribuição das tarefas entre os membros da equipe;
e) habilitação dos mergulhadores para a realização do trabalho;
f) procedimentos de sinalização;
g) precauções contra possíveis perigos no local de trabalho.

3) Quanto à execução:

a) responsabilidade de todo o pessoal envolvido;


b) uso correto dos equipamentos individuais;
c) suprimento e composição adequada das
b) uso correto dos equipamentos individuais;

94
d) locais de onde poderá ser conduzida a operação;
e) operações relacionadas com câmaras de compressão submersíveis;
f) identificação e características dos locais de trabalho;
g) utilização de ferramentas e outros equipamentos pelos mergulhadores;
h) limites de profundidade e tempo de trabalho;
i) descida, subida e resgate da câmara de compressão submersível e dos mergulhadores;
j) tabelas de descompressão, inclusive as de tratamento e de correção;
l) controle das alterações das condições iniciais;
m) período de observação;
n) manutenção dos registros de mergulho.

4) Quanto aos Procedimentos de Emergência: caso a situação de alguma forma fuja do


controle, deve-se zelar por:

a) sinalização;
b) assistência na água e na superfície;
c) disponibilidade de câmara de superfície ou terapêutica;
d) primeiros socorros;
e) assistência médica especializada;
f) comunicação e transporte para os serviços e equipamentos de emergência;
g) eventual necessidade de evacuação dos locais de trabalho;
h) suprimentos diversos para atender às emergências.

A Figura (29) mostra um monitoramento do andamento de um mergulho.

95
Figura 29. Monitoramento do andamento do mergulho

Fonte: http://www.techdiving.com.br/Abyss/manual/Image4.gif

6.5.1 Utilização dos Equipamentos de Mergulho

Os equipamentos de mergulho influem diretamente na produtividade a ser realizada pelo


mergulhador, bem como apresenta grande influência relacionada à segurança deste. Assim a
norma destaca condições pertinentes ligados a tais equipamentos. Algumas destas resoluções
são apresentadas a seguir, também extraídas da NR 15:

1) Os sistemas e equipamentos deverão ser instalados em local adequado, de forma a


não prejudicar as condições de segurança das operações.

2) Os equipamentos de mergulho utilizados nas operações de mergulho deverão possuir


certificado de aprovação fornecido ou homologado pela Diretoria de Portos e Costas (DPC).

3) Os vasos de pressão deverão apresentar em caracteres indeléveis e bem visíveis:


a) limites máximos de trabalho e segurança;
b) nome da entidade que o tenha aprovado;
c) prazo de validade do certificado;
d) data do último teste de ruptura

4) O certificado referido no item 2, logo acima não terá validade se:

96
a) qualquer alteração ou reparo tiver sido efetuado no sistema ou equipamento de forma
a alterar suas características originais;
b) vencidos os períodos estabelecidos no quadro abaixo para os testes de vazamento e
testes de ruptura.
A Tabela (5) mostra o quadro referente ao item 4.

Tabela 5. Quadro referente ao item 4


Equipamentos Testes De Vazamento De Ruptura
Câmaras Hiperbáricas 2 anos 5 anos
Reservatório de Gases 5 anos 5 anos
Não Submersos
Reservatório de Gases 2 anos 5 anos
Submersos
Equipamentos com 2 anos 2 anos
pressão de trabalho
superior a 500 mbar.
Fonte: NR 15, 2015

5) A equipe de mergulho deverá ter, sempre, condições de analisar, no local da operação,


as Misturas Respiratórias Artificiais empregadas, quanto ao percentual de:
a) oxigênio;
b) gás carbônico;
c) monóxido de carbono

6.6 Doenças Descompressivas e Embolia Gasosa

Existem várias doenças que podem ser causadas devido ao trabalho em condições
hiperbáricas. Podem ser barotraumas, devido às oscilações da pressão atmosférica sobre os
gases cavitários do organismo humano, ou embolias, que são causadas devido à prática de
atividades sob pressões anormais.

97
6.6.1 Tipos de barotraumas

No ouvido médio
Quando o ouvido, normalmente ajustado à pressão da superfície, é exposto a um
aumento de pressão durante o mergulho, o tímpano do ouvido médio pode se sentir incomodado
por uma dor. Nesse caso, utilizamos a manobra de Valsalva para equilibrar a pressão. A
manobra de Valsalva consiste em forçar o ar para fora enquanto seguramos o nariz entre os
dedos e mantemos a boca fechada. Esta ação força o ar para o ouvido médio através do tubo de
Eustáquio. Entretanto, deve se ter cuidado para não forçar demais, evitando assim danos devido
à pressurização excessiva. Métodos mais suaves incluem engolir ou bocejar longamente.
A Figura (30) mostra a manobra de valsava.

Figura 30. Manobra de Valsava

Fonte: Fisiologia Submarina, 2006.

Seios da face

Os seios da face se unem à cavidade nasal através de pequenos orifícios chamados


óstios. Eles estão sempre abertos, e a pressão se equilibra em condições normais. Entretanto,
eles podem ser bloqueados facilmente em casos de resfriados ou inflamações alérgicas,
ocasionando sinusite.
Para os mergulhadores, isto representa um problema doloroso devido ao desequilíbrio
da pressão. Geralmente, os seios da face na área frontal ficam doloridos. Na pior das hipóteses,

98
a pressão faz com que os capilares se partam, causando sangramento na área dos seios da face
que se une à garganta.

Pulmão

Além do ouvido e outros espaços corporais que contém ar, em condições hiperbáricas,
ocorrem mudanças na composição de gases dos pulmões. No caso do oxigênio, por exemplo,
quanto maior a pressão deste gás no pulmão, maior quantidade será absorvida pelo sangue e
dissolvida em todos os líquidos do corpo. Uma estrutura rígida, a traquéia, vai se ramificando
em ramos cada vez menores até que bronquíolos terminam e formam os sacos alveolares.
Estes mantêm grande quantidade de ar no tecido pulmonar, que é bastante elástico. Na
pressurização o pulmão é comprimido, se o indivíduo estiver com a respiração contida (apnéia)
e a pressão for excessiva, podem ocorrer lesões ao pulmão, caracterizando o barotrauma
pulmonar.
A 40m, mesmo estando comprimidos à 1/5 do seu tamanho normal, pulmões flexíveis
podem experimentar o barotrauma. Isto acontece devido ao fenômeno conhecido como
“vazamento sanguíneo”, no qual o sangue vaza para certas áreas do corpo devido à pressão. A
Figura (31) mostra um barotrauma pulmonar à 40 metros.

Figura 31. Barotrauma pulmonar à 40m

Fonte: Fisiologia Submarina, 2006.

99
6.6.2 Tipos de embolias

Embolia pulmonar

Embolia pulmonar (ou tromboembolismo pulmonar) é a obstrução repentina da artéria


pulmonar ou de um de seus ramos por um êmbolo, com prejuízos significativos para a
circulação sanguínea e a respiração. Trata-se de uma condição grave que pode levar à morte.
Cerca de 15% das mortes súbitas são devido à embolia pulmonar.

Embolia traumática pelo ar

No mergulho com equipamento ou em câmaras hiperbáricas, o ar deve ser inspirado na


mesma pressão que o ambiente, permitindo que o tórax e os pulmões tenham pressão suficiente
para sua movimentação, vencendo a pressão que a água ou ar-comprimido faz sobre o peito. Se
o indivíduo, nestas condições, respirar ar ou oxigênio sob pressão e conter a respiração em
apnéia, no caso de ocorrer uma despressurização súbita (como no mergulho, em uma subida
muito rápida à superfície), o pulmão será submetido a uma expansão súbita, com grande
aumento de sua pressão interna. Isto poderá ocasionar uma ruptura de alvéolos, entrando ar no
espaço pleural. Nesta caso pode haver um colapso do pulmão (pneumotórax), entrada de ar na
membrana que reveste o coração (pneumomediastino) o mesmo abaixo da pele do tórax e
pescoço (enfisema subcutâneo). Este acidente, muito grave, é denominado embolia traumática
pelo ar (E.T.A.).

6.6.3 Consequências, precauções e instruções

A NR15 nos fornece algumas tabelas com informações sobre as diversas doenças
causadas por exposição à ambientes hiperbáricos. A Figura (32) mostra doenças e causas.

100
Figura 32. Doenças e Causas

Fonte: Segurança e Medicina do Trabalho, 2012.

As duas tabelas abaixo indicam o tipo de tratamento que deve ser realizado para cada
tipo de doença causada por trabalho em condições de alta pressão. A Tabela (5) mostra
Tratamento com oxigênio de doenças descompressivas e a Tabela (6) mostra o Tratamento com
ar e oxigênio de embolia gasosa.

Tabela 6. Tratamento com oxigênio de doenças descompressivas

Fonte: Segurança e Medicina do Trabalho, 2012

101
Tabela 7. Tratamento com ar e oxigênio de embolia gasosa

Fonte: Segurança e Medicina do Trabalho, 2012

6.6.4 Cuidados e considerações finais


Depois de estudar e analisar as consequências do trabalho em locais de alta pressão,
observa-se a importância do treinamento e da experiência do profissional. Este deve ser bem
capacitado para poder operar nestas condições.
Tanto um mergulhador de alta profundidade, como um enfermeiro e técnicos em
enfermagem que trabalham com ar comprimido com desígnios terapêuticos, devem seguir as
normas da NR15, seguindo tabelas de descompressão e diretrizes de segurança.
Deve-se também fiscalizar as idades dos trabalhadores para que estejam nos limites
considerados aptos para essa atividade insalubre (18 e 45 anos), apresentar exames médicos
obrigatórios e respeitar a qualidade dos equipamentos utilizados.

102
7. EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO

De acordo com a Organização Internacional do Trabalho, todos os anos, cerca de 330


milhões de trabalhadores são vítimas de acidentes de trabalho em todo o mundo, além de 160
milhões de novos casos de doenças ocupacionais. Sobre as mortes, a OIT aponta mais de 2
milhões relacionadas ao trabalho: 1.574.000 por doenças, 355.000 por acidentes e 158.000
por acidentes de trajeto.
O Equipamento de Proteção Individual - EPI - é todo dispositivo ou produto, de uso
individual utilizado pelo trabalhador, destinado à proteção contra riscos capazes de ameaçar a
sua segurança e a sua saúde durante a atividade laboral, regulamentados pela norma
regulamentadora NR 6, da Portaria n.º 3.214 de 08/06/78 do Ministério do Trabalho.
O uso deste tipo de equipamento só deverá ser feito quando não for possível tomar
medidas que permitam eliminar os riscos do ambiente em que se desenvolve a atividade, ou
seja, quando as medidas de proteção coletiva não forem viáveis, eficientes e suficientes para a
atenuação dos riscos e não oferecerem completa proteção contra os riscos de acidentes do
trabalho e/ou de doenças profissionais e do trabalho.
O fornecimento, manutenção, limpeza e utilização dos EPIs estão fundamentados
legalmente. É importante salientar a existência da responsabilidade civil e criminal dos
responsáveis, caso seja comprovado negligência ou dolo. Para ser considerado EPI, o produto
deve possuir o Certificado de Aprovação (CA), que é emitido pelo Ministério do Trabalho e
atesta a eficácia do produto na proteção contra os agentes nocivos à saúde.
O equipamento de proteção individual (EPI), um dos itens de segurança do trabalho,
tem seu uso banalizado por falta de conhecimento das normas e legislações. Poucos percebem
a complexidade que envolve a escolha do EPI, assim sendo, ocasionam problemas de
aceitação por parte dos trabalhadores e gastos desnecessários às empresas. A qualidade e
ergonomia desses equipamentos também são fundamentais para o bom desempenho das
funções dos trabalhadores, além das instruções corretas de uso.
No Brasil existem milhares de pessoas que indicam e compram EPI e fazem isso sem
qualquer critério técnico levando em conta apenas fatores como o preço. Obviamente não é
preciso ser especialista em prevenção de acidentes para entender que dois objetos muito
similares com preços muito distintos podem significar algum tipo de diferença que foge aos
olhos do leigo – e estas mesmas diferenças podem fazer também diferença para a saúde do
usuário e em alguns casos – contribuir para a ocorrência de acidentes fatais.
103
7.1 Responsabilidades

É OBRIGAÇÃO DO EMPREGADOR:

1. Fornecer EPI’s adequados aos riscos aos quais os funcionários poderão estar expostos;
2. Providenciar treinamento aos servidores quanto à utilização, higienização e guarda dos
EPI’s;
3. Registrar a participação dos funcionários em treinamentos;
4. Registrar o fornecimento dos EPI’s em ficha de controle devidamente assinada,
indicando o respectivo CA do equipamento fornecido;
5. Exigir e monitorar o uso adequado dos EPI’s; e
6. Adotar medidas administrativas caso o trabalhador que, sem motivo justificado, recusar-
se a usar o EPI necessários à sua atividade.

É OBRIGAÇÃO DO SERVIDOR:

1. Verificar a atividade a ser desenvolvida;


2. Consultar a planilha Atividade x EPI (Anexo 2) conferindo os EPI’s necessários para
cada trabalho a ser realizado;
3. Utilizar o EPI apenas para a atividade a que se destina;
4. Higienizar antes e depois do uso;
5. Providenciar a guarda dos EPI’s em local previamente definido, longe de fontes de calor,
umidade, poeiras ou produtos químicos;
6. Verificar a validade e vida útil de cada EPI;
7. Comunicar o extravio ou qualquer dano causado no EPI ao chefe imediato; e
8. Em atividades que necessitam da utilização de protetor respiratório, é proibido o uso de
barba, bigode ou costeletas.

104
É OBRIGAÇÃO DO FABRICANTE NACIONAL OU IMPORTADOR:

1. Cadastrar-se junto ao órgão nacional competente em matéria de segurança e saúde no


trabalho;
2. Solicitar a emissão do CA;
3. Solicitar a renovação do CA quando vencido o prazo de validade estipulado pelo órgão
nacional competente em matéria de segurança e saúde do trabalho;
4. Requerer novo CA quando houver alteração das especificações do equipamento
aprovado;
5. Responsabilizar-se pela manutenção da qualidade do EPI que deu origem ao Certificado
de Aprovação - CA;
6. Comercializar ou colocar à venda somente o EPI, portador de CA;
7. Comunicar ao órgão nacional competente em matéria de segurança e saúde no trabalho
quaisquer alterações dos dados cadastrais fornecidos;
8. Comercializar o EPI com instruções técnicas no idioma nacional, orientando sua
utilização, manutenção, restrição e demais referências ao seu uso;
9. Fazer constar do EPI o número do lote de fabricação;
10. Providenciar a avaliação da conformidade do EPI no âmbito do SINMETRO, quando
for o caso; e
11. Fornecer as informações referentes aos processos de limpeza e higienização de seus
EPI, indicando quando for o caso, o número de higienizações acima do qual é necessário
proceder à revisão ou à substituição do equipamento, a fim de garantir que os mesmos
mantenham as características de proteção original.

NOTA: Os procedimentos de cadastramento de fabricante e/ou importador de EPI e de


emissão e/ou renovação de CA devem atender os requisitos estabelecidos em Portaria
específica.

105
7.2 Certificados de Aprovação – CA

Para fins de comercialização o CA concedido aos EPI terá validade:

1. De 5 (cinco) anos, para aqueles equipamentos com laudos de ensaio que não tenham
sua conformidade avaliada no âmbito do SINMETRO;
2. Do prazo vinculado à avaliação da conformidade no âmbito do SINMETRO, quando
for o caso;
3. De 2 (dois) anos, quando não existirem normas técnicas nacionais ou internacionais,
oficialmente reconhecidas, ou laboratório capacitado para realização dos ensaios, sendo
que nesses casos os EPI’s terão sua aprovação pelo órgão nacional competente em
matéria de segurança e saúde no trabalho, mediante apresentação e análise do Termo de
Responsabilidade Técnica e da especificação técnica de fabricação, podendo ser
renovado por 24 (vinte e quatro) meses, quando se expirarão os prazos concedidos; e
4. De 2 (dois) anos, renováveis por igual período, quando não existirem normas técnicas
nacionais ou internacionais, oficialmente reconhecidas, ou laboratório capacitado para
realização dos ensaios, caso em que os EPI’s serão aprovados pelo órgão nacional
competente em matéria de segurança e saúde no trabalho, mediante apresentação e
análise do Termo de Responsabilidade Técnica e da especificação técnica de fabricação.

* O órgão nacional competente em matéria de segurança e saúde no trabalho, quando


necessário e mediante justificativa, poderá estabelecer prazos diversos daqueles citados
anteriormente.

** Todo EPI deverá apresentar em caracteres indeléveis e bem visíveis, o nome comercial da
empresa fabricante, o lote de fabricação e o número do CA, ou, no caso de EPI importado, o
nome do importador, o lote de fabricação e o número do CA.

106
7.3 EPI’s

Os EPI passíveis de restauração, lavagem e higienização, serão definidos pela comissão


tripartite constituída, na forma do disposto no item 6.4.1, desta NR, devendo manter as
características de proteção original.

7.3.1 Tipos de equipamantos de proteção individual

Os equipamentos de proteção não têm uma classificação oficial, mas podemos


identificá-los como:

1. Proteção da cabeça;
2. Proteção auditiva;
3. Proteção respiratória;
4. Proteção do tronco;
5. Proteção dos membros superiores;
6. Proteção dos membros inferiores;
7. Proteção do corpo inteiro; e
8. Proteção contra quedas com diferença de nível.

Segue abaixo o detalhamento de cada item citado acima:

Proteção para a cabeça

Os protetores para a cabeça podem ser divididos em:

 Protetores para a cabeça, propriamente ditos, que são protetores usados para crânio e
rosto (Ex.: capacetes, máscaras);

 Protetores para os órgãos nela localizados, que são os protetores para os órgãos da visão
e audição.
107
Protetores para o crânio

Os capacetes de segurança são usados para proteger o crânio contra: quedas de objetos
provenientes de níveis elevados; impactos e partículas projetadas; projeção de produtos
químicos; fogo e calor; eletricidade;
Encontramos no mercado os capacetes com aba total, que é uma parte integrante do
casco e tem a função de proteger a face, o pescoço e os ombros. O outro tipo de capacete
comercial é o que tem aba frontal, também chamado de boné, o mais utilizado na construção
civil.
O casco do capacete é suportado por uma suspensão que compreende todo o conjunto
de tiras internas, mantendo o casco no mínimo 32mm acima do contato direto com o crânio.
Esta suspensão tem a função de amortecer qualquer impacto e, para que isto ocorra, ela deve
estar ajustada para cumprir sua função.

Protetores para o rosto

São conhecidos pelo nome genérico de "protetor facial". Sua finalidade é proteger o
rosto contra o impacto de partículas, contra respingos de produtos químicos e contra a ação de
radiações nocivas e excesso de luminosidade.
De certa forma, também protegem os olhos, mas não servem como único equipamento
de proteção para o órgão da visão, como poderemos observar adiante.
Os protetores para rosto podem ser divididos em:

 Protetor com visor plástico: possui visor de acetato de celulose ou acrílico; deve ser
transparente e sem ondulações. Se tiver função de proteção contra radiação luminosa,
o visor deverá ter a tonalidade adequada;
 Protetor com anteparo aluminizado: dotado de visor de plástico, aluminizado na
face externa. Serve para proteger a face contra impactos e diminui a ação da radiação
luminosa;
 Protetor com visor de tela: o visor é feito de tela de malha pequena, tornando-a
transparente. Tem como função proteger o funcionário contra riscos de impacto por
estilhaços e diminui o efeito do calor radiante; e
108
 Máscara para soldador: é de uso específico dos soldadores de solda elétrica. Além
de proteger contra a radiação calorífica e luminosa produzidas durante a soldagem,
protege também contra respingos do metal fundente e das fagulhas da solda.

Proteção para os olhos

A proteção dos olhos é um dos pontos mais importantes da prevenção de acidentes; eles
devem ser protegidos contra impactos de estilhaços, partículas, fagulhas, respingos de
produtos químicos e metais fundidos, assim como, contra radiações e luminosidade. Para
proteção dos olhos, normalmente, são usados óculos que variam de forma e aplicação.
Óculos para soldador – solda a gás: tem como finalidade proteger o trabalhador
contra as radiações e luminosidade, e contra os respingos e fagulhas de solda. Sua armação
possui a forma de duas conchas. As lentes são removíveis, possibilitando o uso da tonalidade
adequada de acordo com as necessidades do serviço.

Óculos contra impactos: existem de variados tipos e qualidades. As principais


características desses óculos estão nas lentes, que podem ser de resina sintética, ou de cristal
ótico endurecido por tratamento térmico e resistente a impactos.

Proteção auditiva

Proteção auditiva só deve ser usada como último recurso. Apesar de existir algum
desacordo, a máxima intensidade de som ao qual o ouvido humano pode estar sujeito sem
dano à audição, considera-se estar na faixa de 90 a 100 decibéis. Se uma pessoa deve
trabalhar por longos períodos exposto a níveis (pressões) de som superiores a
aproximadamente 85 decibéis (para cada oitava acima de 300 ciclos/segundo) deve usar
alguma forma de proteção auditiva.
Um simples decibel representa a menor troca de volume de som que pode ser detectado
pelo ouvido humano. Um som de 130 decibéis é tão intenso que reproduz sensação de dor no
ouvido.
É necessário equipamento especializado e homens treinados para analisar uma
exposição ao barulho. É necessário um médico ou departamento médico da companhia para
aprovar tipos de proteção ao ouvido que serão mais efetivos.

109
Protetores de inserção

Os materiais mais utilizados são a borracha, plástico macio, cera e algodão. Os tipos de
borracha e plástico são populares porque são fáceis de se manter limpos, são baratos e têm
bom desempenho.

Tipo concha

Este protetor deve cobrir o ouvido externo para promover uma barreira acústica efetiva.
É um dos tipos e mais completos. Pelo fato de abranger toda a concha auditiva, deve ser feito
em material macio, confortável e de fácil higienização.

Proteção respiratória

Sua finalidade é impedir que as vias respiratórias sejam atingidas por gases ou outras
substâncias nocivas ao organismo.
A máscara é a peça básica do protetor respiratório. É chamada semifacial quando cobre
parcialmente o rosto, mais precisamente, nariz e boca. É chamada facial quando cobre todo o
rosto, havendo, nesse caso, um visor. A máscara semifacial ou facial deve permitir vedação
perfeita nas áreas de contato com o rosto.

Máscaras com filtro

Esses filtros podem ser:

 De material fibroso que retém partículas de poeira, fumos, névoas, etc.; ou

 Compostos de um recipiente cheio de carvão ativo, absorvente de determinados


vapores, como os derivados de petróleo, de álcool, etc.

110
Máscaras com suprimento de ar

Em lugares onde o ar está altamente contaminado por gases nocivos, ou onde há


deficiência de oxigênio, não se usam máscaras com filtros, mas, sim, máscaras com
suprimentos de ar puro, autônomas.
O ar poderá ser fornecido por cilindros (de ar comprimido) ou por ventoinha acionada à
distância, sendo o ar levado através de mangueiras.

Máscaras contra gás

São dispositivos de proteção que purificam o ar, fazendo-o passar através de uma caixa
com substâncias químicas que absorvem os contaminantes. É necessário ter em mente que as
máscaras deste tipo não proporcionam proteção onde há deficiência de oxigênio.

Proteção de tronco

Aventais e vestimentas especiais são empregados contra os mais variados agentes


agressivos.

Avental de raspa de couro

Normalmente usado por soldadores. É usado também contra riscos de cortes e atritos
que podem ocorrer no manuseio de chapas grandes com arestas cortantes.

Avental de lona

Usado para trabalhos secos em que não haja risco de pegar fogo e contra riscos leves de
cortes e atritos.

Avental de amianto

Usado para trabalhos quentes. Não é inflamável, mas oferece algumas desvantagens
porque é pouco resistente ao atrito e é muito pesado.
111
Avental de plástico

Para manuseio de ácidos ou outros produtos químicos. Evita que os mesmos penetrem
na roupa.

Proteção para membros superiores

Nos membros superiores, situam-se as partes do corpo onde, com maior frequência,
ocorrem lesões: as mãos. Grande parte dessas lesões pode ser evitada através do uso de luvas.
As luvas impedem, portanto, um contato direto com materiais cortantes, abrasivos, aquecidos,
ou com substâncias corrosivas e irritantes da pele. Há luvas especiais para os variados tipos de
trabalho:

Para trabalhos com solda

O soldador deverá proteger-se com luvas e mangas contra a agressividade do calor e


contra respingos incandescentes. São usadas, geralmente, luvas de raspa de couro ou de outro
material que apresente isolação térmica.

Para trabalhos pesados e secos

Devem ser utilizadas luvas de couro, muito resistentes ao atrito. Vaqueta ou vaqueta
bufalada são usadas para confecção dessas luvas, normalmente com reforço e palma dupla.

Para trabalhos pesados e úmidos

Devem utilizar luvas de lona, desde que os líquidos manuseados não sejam nocivos à
pele.

Para trabalhos com líquidos

Adotam-se luvas impermeáveis de plástico ou borracha. Para manuseio de produtos


derivados de petróleo, devem ser usadas luvas de borracha sintética ou de PVC.
112
Para trabalhos quentes (corpos aquecidos ou nos casos de exposição à radiação térmica)

Recomendam-se luvas de amianto ou de fibra de vidro por serem materiais


incombustíveis. Quando as mãos são expostas a fortes radiações de calor, as luvas de amianto
e de fibra de vidro serão mais eficientes, se o dorso for aluminizado.

Para trabalhos de alta tensão

Devem ser utilizadas luvas de borracha especial, são as que têm maior responsabilidade
na proteção do trabalhador, pois protegem a vida do indivíduo contra eletrocussão. Não
devem ter quaisquer defeitos, arranhaduras, perfurações ou desgastes. Para evitar tudo isso,
elas devem ser usadas, obrigatoriamente, com luvas de pelica ou outro couro macio,
sobrepostas, e examinadas toda vez que forem utilizadas (teste de sopro).

Mangotes

Proteção para os braços na realização de operações que possam causar alguma lesão
como: raspões, queimaduras, batidas, etc.

Proteção para membros inferiores

Os pés e pernas devem ser protegidos através de sapatos de segurança, botas e


perneiras, quando o trabalho exigir.

Sapatos de Segurança

Protegem os pés contra impactos, principalmente contra queda de objetos pesados. O


tipo de calçado recomendado é o que possui biqueira de aço capaz de resistir a fortes
impactos, protegendo os dedos e evitando ferimentos.
O calçado de segurança pode possuir, também, solado antiderrapante e palmilha de aço
para proteção contra objetos perfurantes.

113
Botas de borracha ou plástico

Utilizada para trabalhos realizados em locais úmidos ou quando em contato com


produtos químicos (ex.: concreto). Possui canos de comprimentos variáveis.

Perneiras

São usadas para a proteção das pernas. De acordo com o risco, as perneiras cobrem só a
perna ou podem chegar até a coxa. Perneiras de raspa de couro são usadas para soldadores e
fundidores.

Proteção do Corpo Inteiro

Macacão

 Proteção do tronco e membros superiores e inferiores contra chamas;


 Proteção do tronco e membros superiores e inferiores contra agentes térmicos;
 Proteção do tronco e membros superiores e inferiores contra respingos de produtos
químicos
 Proteção do tronco e membros superiores e inferiores contra umidade proveniente de
operações com uso de água.

Conjunto

 Formado por calça e blusão ou jaqueta ou paletó, para proteção do tronco e membros
superiores e inferiores contra agentes térmicos;
 Formado por calça e blusão ou jaqueta ou paletó, para proteção do tronco e membros
superiores e inferiores contra respingos de produtos químicos;
 Formado por calça e blusão ou jaqueta ou paletó, para proteção do tronco e membros
superiores e inferiores contra umidade proveniente de operações com uso de água;
 Formado por calça e blusão ou jaqueta ou paletó, para proteção do tronco e membros
superiores e inferiores contra chamas.
114
Vestimenta de corpo inteiro

 Proteção de todo o corpo contra respingos de produtos químicos;


 Proteção de todo o corpo contra umidade proveniente de operações com água;
 Proteção de todo o corpo contra choques elétricos.

Proteção contra quedas com diferença de nível – cintos de segurança

Não têm a finalidade de proteger esta ou qualquer parte do corpo.


Destinam-se a proteger o homem que trabalha em lugares altos, prevenindo quedas por
desequilíbrio.

Cinto com travessão

É um cinto largo e reforçado, de couro ou lona, com uma ou duas fivelas, conforme o
tipo. O travessão é preso por dois anéis colocados de maneira que fique um de cada lado do
corpo do usuário.

Cinto com corda

Este tipo de cinto possui suspensório e, em alguns casos, até tiras de assento como os
cintos de paraquedistas.

7.4 Da competência do Ministério do Trabalho e Emprego / MTE

Cabe ao órgão nacional competente em matéria de segurança e saúde no trabalho:

1. Cadastrar o fabricante ou importador de EPI;


2. Receber e examinar a documentação para emitir ou renovar o CA de EPI;
3. Estabelecer, quando necessário, os regulamentos técnicos para ensaios de EPI;
4. Emitir ou renovar o CA e o cadastro de fabricante ou importador;

115
5. Fiscalizar a qualidade do EPI;
6. Suspender o cadastramento da empresa fabricante ou importadora; e,
7. Cancelar o CA.

7.5 Anexos

116
117
118
119
8. CONCLUSÃO

É fato que se deve sempre prezar pelo bem estar do trabalhador. É importante
sempre agir na direção de diminuição e eliminação dos fatores de risco. O trabalhador sempre
deve ter em mãos os EPI’s e orientações de forma de trabalho. Assim, o jeito mais eficaz de
impedir o acidente é conhecer os riscos e controlá-los. É neste sentido que existem políticas de
segurança e saúde dos trabalhadores que tenham por base a ação de profissionais
especializados, antecipando, reconhecendo, avaliando e controlando todo o risco existente.

120
9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
[1] ESPECTOGRAMA. Disponível em: < http://pt.wikipedia.org/wiki/Espectrograma> .
Acesso em 02 de março de 2015.
[2] THE PLANE WAVE. Disponível em:< http://www.mike-willis.com/Tutorial/PF3.htm>
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[3]Elbern A., CNEM, 2009
[4] Sejam bem vindos à MNC Fisioterapia!. Disponível em:
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[5] Disponível em:<http://www.pollustermovisores.com.br/produtos/prodcategorias/eletrica-
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[6] Disponível em: <http://www.netwire.com.br/wp-content/uploads/2012/10/celuar.jpg.>
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[7] Disponível em:<
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[8] Torloni, M. , Viera, A.V., Manual de proteção respiratória. São Paulo, ABHO, 2003.
[9] Zhengzhou Hongji Mining Machinery Co., Ltd. , Disponível em:
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[10] NESTE INVERNO, FIQUE LONGE DO “ATCHIM”!. Disponível em:<
http://www.acaifrooty.com.br/blog/neste-inverno-fique-longe-do-atchim/>. Acesso em 14 de
fevereiro de 2015.
[11] ANTICORPOS. Disponível em:<
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2015.
[12] APRENDER A APRENDER. Disponível em:<
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2015.
[13] UNIPHOS ® ASP-21 .Disponível em:< http://www.faxsa.com.mx/Uniphos/ASP-
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[14] INSTRUMENTACION. Disponível em: < http://gsite.univ-
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[15] VECTUS IMPORTATUM INSTRUMENTOS DE PRECISÃO LTDA. Disponível em: <
http://www.solucoesindustriais.com.br/empresa/automatizacao-e-robotica/vectus-importatum-
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[16] Amostrador Passivo SKC para Vapores Orgânicos, Carvão Ativado 350 mg, 5 um.
Disponível em: < http://www.fasteronline.com.br/products/amostrador-passivo-para-vapores-
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[17] Guia Trabalhista, Disponível em:<
http://www.guiatrabalhista.com.br/legislacao/nrs.htm>. Acesso em 24 de fevereiro de 2015.
[18] Legislação Comentada: NR 15 - Atividades e Operações Insalubres, Disponível em:<
http://pro-
sst1.sesi.org.br/portal/lumis/portal/file/fileDownload.jsp?fileId=8A90152A2A15F2A8012A3
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[19] Norma Regulamentadora 15. Disponível em:
<http://www.guiatrabalhista.com.br/legislacao/nr/nr15_anexoVI.htm> . Acesso em 24 de
fevereiro de 2015.
[20] PINI, Infraestrutura Urbana. Disponível em:<
http://infraestruturaurbana.pini.com.br/solucoes-tecnicas/20/imagens/i358500.jpg>. Acesso
em 24 de fevereiro de 2015.
[21] NR15, Anexo VI. Disponível em:
<http://www.guiatrabalhista.com.br/legislacao/nr/nr15_anexoVI.htm.> Acesso em 24 de
fevereiro de 2015.
[22] Disponível em: <http://mundocrux.com.br/wp-content/uploads/2012/03/Fernando-de-
Noronha.jpg>. Acesso em 24 de fevereiro de 2015.
[23] Disponível em: <http://brejo.com/wp-
content/uploads/2014/09/mergulhador_de_esgoto_3.jpg>. Acesso em 24 de fevereiro de 2015.
[24] Disponível em: <http://www.techdiving.com.br/Abyss/manual/Image4.gif>. Acesso em
24 de fevereiro de 2015.
[25] Fisiologia Submarina. Disponível em: <http://pt.net-diver.org/selftraining/manual/p69-
2.htm>. Acesso em 24 de fevereiro de 2015.

122
[26] Segurança e Medicina do Trabalho, 2ed edição, editora Saraiva, 2012.
[27] ANEXO II PROCEDIMENTO PARA UTILIZAÇÃO DE: EQUIPAMENTOS DE
PROTEÇÃO INDIVIDUAL - EPIS . Disponível em:
<http://fisio.icb.usp.br:4882/seguranca/Procedimentos%20EPI%20ICB.pdf>. Acesso em 15 de
março de 2015.
[28] NORMA REGULAMENTADORA 6 - NR 6. EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO
INDIVIDUAL – EPI. Disponível em:
<http://www.guiatrabalhista.com.br/legislacao/nr/nr6.htm> . Acesso em 15 de março de 2015.
[29] DADOS GLOBAIS. Disponível em:
<http://www.segurancanotrabalho.eng.br/estatisticas/estacidmundo.pdf>. Acesso em 15 de
março de 2015.
[30] EPI/EPC – A SEGURANÇA AO SEU ALCANCE. DISPONÍVEL EM:
<http://www.eliteengenharia.com/noticias/noticia-1/>. Acesso em 15 de março de 2015.

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