Aula - 01 - Coceito e Tipologia
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AULA
Conceito e tipologia
Meta da aula
Fundamentar conceitualmente o que se entende por Movimentos
Sociais a partir de categorizações segundo:
a) ordem; e b) tipologia.
objetivo
INTRODUÇÃO
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Concebemos o primeiro tipo de ordem dentro da nomenclatura
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passiva, pois, a forma pela qual o movimento social se articula para
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realizar seus objetivos ocorre de modo bastante tranqüilo. Trabalhos
comunitários e de associações de bairro, grupos religiosos, ONGs
e empresas voltadas para a responsabilidade social, cujos propósitos
se endereçam para a multiplicação de bens e serviços sociais dentro
de moldes e padrões determinados como um modo de vida tal qual o
modo seguido pelas classes hegemônicas, são exemplos de movimento
social de ordem passiva.
A ordem de movimento social passiva é aquela em que deter-
minadas pessoas socialmente adaptadas se organizam de forma
a ajudar outras menos privilegiadas, sem atritos sociais.
A ajuda refere-se à obtenção concreta de benefícios que asseguram
valores erguidos e mantidos na legalidade instituída pelas relações de
trabalho; valores esses voltados ao consumo, nos moldes capitalistas,
sob o discurso do exercício da inserção social e da cidadania. É visto
como um movimento social de ordem passiva, pois não se cria um atrito
direto para mudar a organização social já estabelecida. Tenta-se manter
alguns elementos socioestruturais de forma mais ampla, beneficiando
uma determinada camada ou grupo social dentro de uma organização
previamente estruturada (como uma escola, indústria ou mesmo o governo
de um país). Por exemplo, na região de São Paulo, uma empresa brasileira
do ramo de petróleo, por motivos econômicos, teve de construir um duto
através de uma comunidade carente a fim de transportar produto químico
de uma cidade a outra para industrializá-lo. A construção, a princípio,
provocou muita insatisfação na comunidade. As casas por onde o duto
passaria teriam de ser desapropriadas, e a comunidade seria dividida em
duas partes, já que em determinado trecho seria necessário que o duto
ficasse fora do solo para facilitar sua inspeção e manutenção. O perigo de
a comunidade danificá-lo a curto, médio ou longo prazo poderia trazer
prejuízos humanos e econômicos.
Todos esses fatores levaram a empresa a se envolver com
a comunidade, elaborando atividades de responsabilidade social que
dinamizassem a própria comunidade de maneira que esta viesse a se
organizar coletivamente.
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Agora vamos falar de movimento social de ordem ativa. Esta
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ordem difere da anterior pelo fato de resistir e se contrapor à organização
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instituída. Coletivamente, atua de modo a concentrar sua agitação
objetivando conquistar interesses concretos de forma a seguir um plano
traçado para alcançar (o estabelecimento de) uma nova ordem.
Nessa direção, o movimento social de ordem ativa implica
mudanças sociais não apenas no que diz respeito à inserção de pessoas
dentro de estruturas já instituídas pelos valores hegemônicos, mas
também no que diz respeito às mudanças na expressão cultural de tais
valores, estabelecendo uma nova representação de vida e, por extensão,
um outro modo de viver o cotidiano.
É o caso do Movimento dos Sem-Terra, o MST, cuja história
veremos nas Aulas 4 e 5 com mais detalhes. No momento, não nos
ateremos muito aos efeitos que suas ações parecem evocar no imaginário
internacional. Ações cujas conseqüências chamaram a atenção de
representações em todo o mundo e situaram o MST como referência
de movimento social em todo o planeta. Entretanto, não deixaremos de
mencionar um pouco o MST para ilustrar, a seguir, características do que
denominamos movimento social ativo.
O MST é uma das maiores lições que podemos tirar da história
dos movimentos sociais. Um grupo de pessoas humildes, vivendo na
difícil realidade rural brasileira, diante dos problemas da falta de
propriedade, iniciou um trajeto de união de interesses para resolver
seus problemas de habitação. Ao empreender a luta pela reforma agrária,
acabou entendendo que a conquista de todos os direitos sociais que
compõem o que se poderia chamar de cidadania plena exige também
uma reforma na Educação de seus participantes.
Nesse sentido, o MST é um movimento social ativo, pois, em sua
luta, institui uma nova representação social, a dos “sem terra”, cuja cultura
difere do modo de vida das classes hegemônicas e revela uma preocupação
em transformar politicamente nossa sociedade de consumo.
Certa vez, em 1999, perguntamos ao líder do MST por que
não se candidatava a uma cargo político em Brasília. A expressão de
descontentamento tornou-se patente. Ele respondeu que o movimento
representava uma força de expressão contrária a toda forma de
organização já existente. A contraposição em seus propósitos fundamenta
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MÓDULO 1
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ATIVIDADE
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1. Vamos refletir um pouco como a ação socialmente incomum pode nos
causar um determinado estranhamento. Você já pensou ou participou de
uma experiência de ensino entre alunos de diferentes idades? Caso não tenha
ido tal experiência, você acredita que isso poderia ser educacionalmente
proveitoso? Por quê? Ao responder, pense um pouco sobre o que a
Pedagogia vem defendendo a respeito do convívio entre pessoas diferentes.
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a) Tipo Migratório
b) Tipo Progressistas
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e) Tipo Reformistas
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Movimentos sociais cujos membros primam por introduzir o que
acreditam ser o melhor para a sociedade à qual pertencem, sem alterar as
estruturas básicas estabelecidas. Dependendo do tipo de sociedade em que
se encontram, seus membros acabam por enfrentar grandes resistências
ou incentivos para sua dinâmica. A resistência é inevitável em sociedades
de regime autoritário, onde mudanças advindas da participação do
consenso coletivo se contrapõem, natural e indubitavelmente, à tirania.
Por outro lado, o mesmo consenso coletivo é desejável nas sociedades
de governo democrático. Logo, na democracia, os movimentos sociais
de natureza reformista são essenciais para a atualização de sistemas
estruturais societários.
Ex.: Movimentos feministas, homossexuais, ou mesmo o
movimento abolicionista durante o período do Império.
f) Tipo Expressivos
g) Tipo Utópicos
h) Tipo Revolucionários
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CONCLUSÃO
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RESUMO
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Os movimentos do tipo migratório não resistem à ordem social na qual se
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encontram. Ocorrem de maneira que as pessoas mudem de moradia na
expectativa de alterarem seu padrão de vida. Os progressistas, por sua vez, ensejam
transformações nos segmentos sociais a que pertencem. Os conservacionistas ou
de resistência fazem frente às mudanças e desejam que tudo permaneça do
jeito que está, mediante a ameaça de mudanças. Os regressivos propugnam um
retorno à ordem anterior à já conquistada. Os reformistas intentam introduzir
melhoramentos sem interferir na estrutura básica socialmente estabelecida.
Os expressivos propõem realizar mudanças de significados a partir da alteração
de sua própria percepção e reação frente à realidade. Os utópicos projetam idéias
de forma a idealizar transformações desejáveis e se caracterizam por uma fuga
do real vivido. Por fim, os revolucionários agem de forma a substituir a realidade
existente por outra totalmente diferente.
ATIVIDADES FINAIS
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2. E o Presidente Lula, cuja história de vida nos revela um líder político articulador,
carismático na liderança dos metalúrgicos e de todos os operários? Como você
veria sua ação dentro das categorizações aqui apreendidas?
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3. Na sua região, qual movimento você crê ser importante realizar? Em que ordem
e tipo? Por quê?
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AUTO-AVALIAÇÃO
Pensando na importância do fato de que uma pessoa sempre age para conquistar
melhorias à sua sobrevivência, e pelo que conhece de si mesmo, você se diria
capaz de se engajar – e até mesmo de ser um líder de um movimento social –,
objetivando uma melhoria de vida?
Leituras recomendadas
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