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Estudo Dirigido 2

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ESTUDO DIRIGIDO – ALTERAÇÕES PSICOPATOLÓGICAS DA PERSONALIDADE

DATA DA PROVA: 05.12.23

TRANSTORNOS DE PERSONALIDADE DO GRUPO B E C

Referências:

SADOCK, Benjamin James. Compêndio de psiquiatria: ciências do comportamento e


psiquiatria clínica. – 9. ed. – Porto Alegre: Artmed, 2007. Capítulo 27

CID-10

DSM-5

1. Descreva as características clínicas do indivíduo que apresenta Transtorno de


Personalidade: (Consultar Sadock ou o DSM-5)

a) Narcisista: O Transtorno de Personalidade Narcisista é caracterizado por um padrão


generalizado de grandiosidade, necessidade de admiração e falta de empatia pelos
outros. Indivíduos narcisistas tendem a ter uma autoestima inflada, um senso de
superioridade e uma busca constante por atenção e elogios. Eles podem ter dificuldade
em reconhecer as necessidades e os sentimentos dos outros.

b) histriônica: O Transtorno de Personalidade Histriônica é caracterizado por um


comportamento excessivamente dramático, emocional e busca por atenção. Indivíduos
histriônicos têm uma necessidade constante de serem o centro das atenções, podem
exibir comportamentos sedutores e usar expressões emocionais para atrair a atenção
dos outros. Eles podem ter dificuldades em manter relacionamentos estáveis e
profundamente significativos.

c) Evitativa: O Transtorno de Personalidade Evitativa é caracterizado por uma sensação


crônica de inadequação, hipersensibilidade à crítica, timidez excessiva e Evitação de
situações sociais. Indivíduos com esse transtorno tendem a evitar atividades sociais e
interações por medo de serem julgados ou rejeitados. Eles podem ter uma autoestima
muito baixa e uma necessidade intensa de serem aceitos pelos outros.

d) Obsessivo-compulsiva: O Transtorno de Personalidade Obsessivo-Compulsiva é


caracterizado por um foco excessivo em ordem, perfeccionismo e controle. Indivíduos
obsessivo-compulsivos tendem a ser detalhistas, organizados e rígidos em suas rotinas e
normas pessoais. Eles podem ter dificuldade em delegar tarefas, são excessivamente
autocríticos e podem parecer inflexíveis em relação a regras e procedimentos.

e) Dependente: O Transtorno de Personalidade Dependente é caracterizado por uma


necessidade excessiva de ser cuidado e de ter alguém que tome decisões por eles.
Indivíduos dependentes tendem a ter uma baixa autoconfiança e têm medo extremo de
serem abandonados ou rejeitados. Eles podem evitar tomar iniciativa ou discordar dos
outros, preferindo apoiar-se em decisões e opiniões dos outros.

2. Sobre os transtornos de personalidade do grupo B e C, marque Verdadeiro ou Falso


para as alternativas abaixo, justificando sua resposta, baseando-se nos critérios
diagnósticos:
A. (Verdadeiro) O borderline tem reações inadequadas à ideia de abandono com
frequentes ameaças de suicídio e atos de automutilação. Também mantém
relacionamentos instáveis com crises emocionais repetidas.

O transtorno de personalidade borderline é caracterizado por relações interpessoais


instáveis, sentimentos crônicos de vazio, impulsividade e reações intensas e
inadequadas, especialmente em relação ao medo de abandono. Essas reações podem
incluir ameaças de suicídio e comportamentos de automutilação como forma de lidar
com a angústia emocional.

B. (Falso) O obsessivo-compulsivo tem traços de desconfiança devido à interpretação


distorcida da realidade e, com isso, atuações desproporcionais e hostis.

O transtorno de personalidade obsessivo-compulsivo é caracterizado por


perfeccionismo, rigidez cognitiva e comportamental, preocupação excessiva com ordem
e controle, e uma necessidade de seguir regras e rotinas rígidas. Embora possam existir
traços como desconfiança ou tendência a se apegar a detalhes, a interpretação
distorcida da realidade e atuações desproporcionais e hostis não são características
típicas desse transtorno.

C. (FALSO) O dependente tem sensação persistente de desamparo, incompetência e falta


de vigor, e também facilidade em tomar decisões.

O dependente não é caracterizado pela sensação persistente de desamparo,


incompetência e falta de vigor. Na verdade, os critérios diagnósticos para o Transtorno
de Personalidade Dependente envolvem uma excessiva necessidade de ser cuidado,
medo de ser deixado sozinho e dificuldade em tomar decisões por conta própria.

D. (Verdadeiro) os antissociais têm como principais sintomas a irresponsabilidade e


desrespeito por normas/regras/obrigações sociais, e também incapacidade de sentir
culpa e de aprender com as punições.

O transtorno de personalidade antissocial é caracterizado pela irresponsabilidade e


desrespeito por normas, regras e obrigações sociais. Indivíduos com esse transtorno
também apresentam uma incapacidade de sentir culpa e de aprender com punições, o
que está de acordo com os critérios diagnósticos.

3. Tanto o transtorno de conduta como o Transtorno de Personalidade Antissocial têm como


característica a incapacidade de se adequar às regras sociais que normalmente governam
diversos aspectos do comportamento, bem como indiferença e violação dos direitos dos
outros. Diante disso, quando usar o diagnóstico de transtorno de conduta, e quando é possível
dar o diagnóstico de Transtorno de Personalidade Antissocial?

O diagnóstico de transtorno de conduta é usado em crianças e adolescentes com idade


inferior a 18 anos, quando há padrões repetitivos e persistentes de comportamento
agressivo ou não conformista que violam os direitos básicos dos outros ou normas sociais
importantes. Esses comportamentos podem incluir roubo, agressão física, violação de regras
e mentiras frequentes. O TC geralmente é diagnosticado antes do TPA, pois é considerado
um precursor para o desenvolvimento de um possível TPA mais tarde na vida. Vale ressaltar
que nem todas as crianças com TC desenvolverão TPA.

Por outro lado, o diagnóstico de Transtorno de Personalidade Antissocial é reservado para


adultos com idade igual ou superior a 18 anos. O diagnóstico requer a presença de um
padrão persistente de desrespeito e violação dos direitos dos outros, além de sintomas de
comportamento antissocial que se manifestam desde a adolescência ou início da idade
adulta. Em geral, o TPA é caracterizado por um padrão de engano, manipulação, desprezo
pelas normas sociais e ausência de remorso ou empatia.

É importante ressaltar que o diagnóstico adequado deve ser realizado por profissionais
qualificados, como psicólogos ou psiquiatras, com base em uma avaliação abrangente que
considere os critérios diagnósticos estabelecidos pelos manuais classificatórios, como o
DSM-5

4. Diferencie um indivíduo que apresenta uma conduta de natureza antissocial de um


indivíduo com uma verdadeira personalidade antissocial.

Um indivíduo que apresenta uma conduta de natureza antissocial pode ter comportamentos
contrários às normas sociais e demonstrar falta de empatia ou consideração pelos outros. No
entanto, isso não significa necessariamente que ele tenha uma verdadeira personalidade
antissocial. Esses comportamentos podem ser temporários, causados por influências do
ambiente ou até mesmo por circunstâncias específicas.

Por outro lado, um indivíduo com uma verdadeira personalidade antissocial apresenta traços
persistentes e estáveis de comportamento antissocial ao longo do tempo, geralmente desde
a adolescência. Eles tendem a ter uma falta consistente de empatia, remorso ou sentimento
de culpa, além de demonstrar desprezo pelas normas e direitos dos outros. Esses traços de
personalidade antissocial são frequentemente associados a comportamentos criminosos,
manipulação e falta de remorso pelos danos causados a outras pessoas.

Em resumo, a diferença fundamental está na natureza transitória dos comportamentos


antissociais em contraste com os traços persistentes e estáveis da personalidade antissocial

5. Discorra sobre o diagnóstico diferencial entre Transtorno de Personalidade borderline e


Transtorno Afetivo Bipolar.

O diagnóstico diferencial entre o Transtorno de Personalidade Borderline (TPB) e o


Transtorno Afetivo Bipolar (TAB) pode ser desafiador, pois ambos apresentam características
sobrepostas e sintomas semelhantes. Vou fornece uma breve descrição de cada transtorno
e, em seguida, destacar algumas diferenças importantes.

O Transtorno de Personalidade Borderline é caracterizado por uma instabilidade geral no


humor, nos relacionamentos interpessoais e na imagem de si mesmo. Os indivíduos com TPB
tendem a ter medo do abandono, apresentam oscilações rápidas e intensas do humor, têm
uma visão instável de si mesmos e dos outros, impulsividade e comportamentos
autodestrutivos. Podem ocorrer episódios de raiva intensa e dificuldades em controlar suas
emoções. É importante notar que esses sintomas geralmente são persistentes e ocorrem em
diferentes situações da vida.

Por outro lado, o Transtorno Afetivo Bipolar é caracterizado por episódios de alterações
extremas de humor, que variam entre episódios de depressão e episódios de mania ou
hipomania. Durante a fase depressiva, os indivíduos podem experimentar tristeza profunda,
falta de energia, interesse reduzido nas atividades, alterações do apetite e insônia. Já
durante a fase maníaca, ocorre uma elevação anormal do humor, aumento da energia,
diminuição da necessidade de sono, aumento da autopercepção e comportamentos
impulsivos.

Agora, vamos às diferenças principais:

1. Duração e natureza dos episódios: Nos indivíduos com TPB, as flutuações de humor
podem ocorrer rapidamente e de forma reativa, geralmente em resposta a situações
interpessoais. Já no TAB, os episódios maníacos ou depressivos podem durar semanas,
meses ou até mais tempo, e não estão necessariamente relacionados a eventos específicos.

2. Estabilidade do senso de identidade: Os indivíduos com TPB podem ter uma imagem
instável de si mesmos, enquanto os indivíduos com TAB geralmente têm uma identidade
mais estável, que é influenciada principalmente por mudanças de humor ou autoestima
relacionadas aos episódios.

3. Resposta a estabilizadores de humor: Medicações estabilizadoras de humor, como


estabilizadores do humor e antipsicóticos atípicos, costumam ser eficazes para o tratamento
do TAB, ajudando a controlar o humor e prevenir episódios maníacos ou depressivos. No
entanto, essas medicações geralmente não são tão eficazes no tratamento do TPB, que é
mais abordado através de terapia psicodinâmica, terapia cognitivo-comportamental ou
terapia dialética comportamental.

Reforço que essa descrição é uma visão geral e não substitui uma avaliação profissional
especializada para um diagnóstico correto. É sempre recomendado buscar a orientação de
um profissional da saúde mental para esclarecer quaisquer preocupações específicas
relacionadas ao diagnóstico diferencial entre o TPB e o TAB.

6. Diferencie o Transtorno de Personalidade obsessiva-compulsivo do Transtorno obsessivo-


compulsivo (TOC).
O Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC) e o Transtorno de Personalidade Obsessiva-
Compulsiva são distúrbios psicológicos distintos.

O TOC é um transtorno mental caracterizado por pensamentos obsessivos e


comportamentos compulsivos, como lavar as mãos repetidamente, contar coisas, ou checar
constantemente se as portas estão trancadas. Esses comportamentos são realizados para
aliviar a ansiedade causada pelas obsessões. No entanto, esses pensamentos e
comportamentos podem consumir uma quantidade significativa de tempo e interferir
significativamente na vida diária da pessoa.

Por outro lado, o Transtorno de Personalidade Obsessiva-Compulsiva é um padrão


duradouro de pensamentos, sentimentos e comportamentos caracterizados pela busca da
perfeição, ordem, controle e rigidez. As pessoas com esse transtorno tendem a ser
extremamente organizadas e perfeccionistas, podem ter dificuldade em delegar tarefas, e
podem ser excessivamente cautelosas e rígidas em relação ao cumprimento de regras e
horários.

Em resumo, enquanto o TOC é caracterizado por pensamentos repetitivos e


comportamentos compulsivos que causam ansiedade, o transtorno de personalidade
obsessiva-compulsiva se refere a um padrão duradouro de traços de personalidade que
afetam a forma como uma pessoa pensa, sente e age no dia a dia.

7. Leia o caso abaixo e responda:

a) qual o diagnóstico mais provável? Justifique sua resposta a partir dos critérios diagnósticos
estudados em sala de aula.

Denise é uma mulher de 32 anos, negra, casada, heterossexual, profissional da saúde,


filha adotiva em uma prole de quatro irmãos, mãe de um filho. Ela procura tratamento após
um episódio de estresse no ambiente laboral, no qual um superior hierárquico proferiu
comentários de cunho racista e a remanejou para outra unidade de saúde do município em
que trabalha. No mesmo dia dessa ocorrência, chegou em casa, procurou uma lâmina e tentou
se cortar com o objetivo de se matar, tendo de ser contida pelo marido. Em um primeiro
contato com o terapeuta, diz sentir-se totalmente desnorteada por conta da situação: “Eu não
quero mais viver; ninguém gosta de mim e vão tentar me destruir”. Relata como principal
queixa uma sensação profunda de vazio associada a uma ideia constante de morte, que
descreve como “dor na alma”. Segundo ela, sua vida não faz nenhum sentido e, na maioria das
vezes, é insuportável. Esse pensamento a acompanha desde o começo da adolescência. Ela
atribui isso, entre outros motivos, ao fato de ter sido adotada, pois “uma criança ser largada
no mundo quando bebê é algo indescritivelmente horrível”. Refere ter recebido afeto por
parte do pai ao longo do seu desenvolvimento, mas que a mãe constantemente cometia
agressões físicas e verbais contra ela. Essas ocorrências se deram desde os 2 anos, começando
Com beliscões e evoluindo para tapas e empurrões à medida que ficava mais velha.
Em um episódio específico, a mãe esfregou uma esponja de aço contra todo o corpo
da menina porque “ela estava encardida demais”. Explosões de raiva, manifestadas
constantemente por meio de gritos e quebra de objetos, são habituais. Ela não consegue achar
uma explicação para isso, pois, conforme refere, “qualquer coisa me irrita e tira do sério”.
Relata que essas explosões se intensificaram quando estava no ensino médio. Teve dificuldade
de inclusão no ambiente escolar, no qual era alvo de xingamentos racistas e excluída das rodas
de amizade, o que eliciava crises de raiva. Na sua concepção, isso contribuiu para elevar sua
ideação suicida, que oscila conforme o dia, mas está sempre presente.
Aos 15 anos, iniciou comportamento autolesivo com tesouras e facas, cortando-se na
região das coxas para que ninguém percebesse os ferimentos. Isso a fazia sentir alívio, pois
“nada mais adiantava”. Em geral, os gatilhos para as autolesões eram os ataques verbais e/ou
agressões físicas que a mãe cometia. Em uma situação específica, após ser chamada de
“vagabunda”, Denise sacou uma faca da cozinha e tentou esfaquear a mãe, sendo na
sequência internada em um hospital psiquiátrico, onde permaneceu por 10 dias. O pai não
impedia os comportamentos violentos da mãe, o que, conforme Denise, a fez sentir muito
desamparo: “Não tem ninguém por mim nesse mundo”.
Durante a faculdade, desenvolveu algumas amizades, com as quais se sentia
constantemente instável, tendo a sensação recorrente de que estava sendo rejeitada e
abandonada. Teve algumas experiências sexuais com rapazes, mas nunca levou nenhuma
relação adiante. Aos 22 anos, começou a fazer uso recorrente de maconha e álcool, pelo
menos três vezes na semana, comportamento que se mantém no momento, embora com
redução na frequência e na quantidade.
Segundo ela, faz isso para se anestesiar e “ficar de boa”, sendo uma das poucas formas
por meio das quais consegue ter tranquilidade, já que passa boa parte do seu tempo
ruminando pensamentos autodepreciativos, como “eu sou um lixo de pessoa”, “não presto
para nada” e “não sirvo para esse mundo”. Eventualmente, quando comparecia a festas,
envolvia-se em brigas, nas quais apanhava e era retirada dos ambientes. Nos momentos nos
quais não consumia substâncias, tentava dedicar-se aos estudos, pois tinha a pretensão de
desenvolver autonomia financeira.
Aos 25 anos, engravidou ao se relacionar com um rapaz que havia conhecido em uma
festa. O fruto dessa relação é um menino, atualmente com 7 anos de idade, que não tem
contato com a paciente, pois mora com o pai. Entretanto, a mãe de Denise, avó do menino,
mantém contato semanal com a criança, dando presentes, levando para passear e ajudando
financeiramente, o que constantemente ocasiona crises de raiva na paciente, que considera
aquilo um absurdo e se sente trocada. O menino se queixa por sentir falta da mãe e pede que
ela o visite. Apesar de ter ciência dessas solicitações, ela não busca se aproximar por dizer que
não gosta de criança, não tem afinidade com ela e não tem interesse pelas mesmas coisas.
Toda vez que alguém menciona o assunto, ela grita e quebra coisas.
O atual marido, que ela conheceu há três anos, queixa-se constantemente do
comportamento instável de Denise. Ele a acusa de louca toda vez que ela entra em crise diante
de algum episódio familiar ou no trabalho. Muitas vezes após esses ocorridos, ela acaba
entrando na internet e fazendo compras de valor expressivo no cartão de crédito do marido, já
tendo contraído dívidas elevadas no passado.
Quando esse impulso de gastar passa, avalia que se sente esvaziada e não reconhece a
si mesma, recorrendo à bebida para aliviar esse mal-estar. Quando o marido se queixa de seu
uso de bebida, ela grita e quebra coisas em casa. Quando ele ameaça terminar o
relacionamento e sair de casa, ela costuma se desesperar, chorar compulsivamente e pedir
para que não a deixe sozinha, prometendo mudanças que não consegue sustentar por muito
tempo. Eventualmente, após discussões por telefone com a mãe ou outras situações
estressoras, acredita que está sendo perseguida pelas outras pessoas e que estão “armando
contra ela”, afastando-se das suas amizades atuais e isolando-se do marido, que torna a
chama-la de louca.
TRANSTORNO BODERLINE

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