Saude-Mental 1 PDF
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Anamnese
Identificação: Não é pra colocar só nome, idade, estado civil.. Tem que
colocar quem esta acompanhando o paciente.
Queixa principal: Colocar o motivo do paciente. O que? Quando? “Chip
da Nasa”, há 6 meses.
HDA: Aqui eu vou colher os dados em linguagem técnica, mas referente à
queixa principal. O ideal para saúde mental é você colher uma história
subjetiva, que é a historia do relato do paciente, e depois confrontar com a
história objetiva.
Vou atender o paciente, é ele que tem que falar. A família pode
acompanhar? Pode desde que fique de bico calado para o paciente poder
falar. Não é legal ser interrompido. O ideal é que você atenda o paciente
sozinho, depois vc chama a família e colhe a HDA objetiva na frente do
paciente.
HDA objetiva é: vou colher historia com informação de terceiros (mãe,
pai, amigo, vizinho, qualquer pessoa que conviva e conheça o paciente.).
HPP: vai ser importante aqui a historia do desenvolvimento, visto que
muitas doenças mentais tem origem do prejuízo ou atraso do
desenvolvimento, principalmente do sistema neurológico. È importante
colocar o desenvolvimento social (tem amigo; desafia os pais na
adolescência), motor e cognitivo (pegar aquelas tabelas e ver o que é
esperado pra cada idade). Condições do parto (que tipo de parto; se chorou
logo; teve cianose) é um tópico importante, complicações próximo a hora
do parto são fatores de doença mental, como por exemplo esquizofrenia. É
importante colocar aqui também as doenças mentais do paciente, se o
individuo possui uma doença mental de longa data, quando foi que ele
recebeu os diagnósticos, é muito comum o paciente ter 3 ou 4
diagnósticos, tratamentos que ele fez, se foi internado ou não (quanto
tempo, qual motivo) e se tomou medicação (qual? Que dose? Quanto
tempo? – por exemplo, o paciente chega queixando que tomou fluoxetina
20mg por 30 dias e nunca melhorou, mas é claro que ele não melhorou pq
fluoxetina é usada de 12 a 24 meses), tem que perguntar sobre psicoterapia
também (qual a linha de psicoterapia, quanto tempo). Comorbidades
clínicas ou doenças físicas (qual doença, qual tratamento que faz),
portadores de doença mental podem tem doença causada por condições
orgânicas, ou como eles tem prejuízo de critica eles se cuidam menos o
que pode levar a uma doença, ou ainda as medicações que eles tomam são
fortes e podem levar a alterações metabólicas. Sempre lembrar que são
pacientes que adoecem mais. Uso e abuso de substâncias - incluindo álcool
e cigarro - (qual, quanto tempo, usa quanto, já teve algum prejuízo pela
droga, qual impacto da droga na vida). Vida social atual, não só no
desenvolvimento. Vida sexual, perguntar quando houver contexto com as
queixas e se paciente da liberdade, quando isso é um problema a pessoa
fala livremente se confiar no médico. Outra coisa, as medicações
psicotrópicas quase todas interferem na libido, por isso tem que perguntar
sobre efeitos colaterais do remédio.
Exame físico: depende do contexto, da abertura do paciente. Não se
esquecer de sinais vitais, pq muitos paciente podem apresentar delirium,
que é uma confusão mental decorrente de uma doença aguda.
Exame neurológico: epilepsia, esclerose múltipla, tumores cerebrais, são
doenças que comprometem o SN. Nível de consciência, motricidade,
reflexo, sensibilidade, pares cranianos, marcha, coordenação motora.
EXAME PSÍQUICO: 6
Deve-se seguir uma sequência, é necessário que o paciente colabore. Quais
são os itens:
1) Aparência: como se veste, está higienizado, estado de nutrição, detalhes
extravagantes, cicatrizes (mania, transtorno de personalidade histriônica,
comp. Suicida, vitimas de violência) e deformidades, e etc.
2) Atitude: como o paciente se relaciona com entrevistador. Paciente pode
ser colaborativo ou não colaborativo. Ex. de não colaborativo:
a. Paciente desconfiado – psicótico;
b. Paciente hostil – agressivo;
c. Paciente querelante – exigente para com o médico;
d. Paciente viscoso: não desgruda do médico;
e. Paciente teatral – mostra mais do que realmente tem, dramático;
f. Paciente negativismo (q não responde), pode ser ativo (paciente já afirma
que não vai responder pergunta alguma) ou passivo (medico pergunta e
paciente não responde).
g. Paciente pueril – fala, gesticula igual criança – retardo mental
h. Paciente lamurioso – que tudo é sofrimento, sem esperança – deprimidos
5) Orientação:
a. Halopsíquica: orientação no tempo ou espaço. Capacidade do individuo
falar onde esta e em que momento. Ex de desorientação halopsíquica:
delirium, intoxicação, demência.
b. Autopsíquica: capacidade do indivíduo se orientar com relação a ele
mesmo e com mundo. Se o paciente consegue saber que eu e ele somos
pessoas diferentes, se ele sabe que o corpo dele é diferente da mesa, que as
atitudes dele vêm dele mesmo. É a consciência do eu. Paciente com
alteração autopsíquica: eu sou uma cadeira, um aparelho no Japão lê minha
mente, etc. Ex de desorientação autopsíquica: transtorno psicótico,
delirium, alucinógenos, transtorno dissociativo, transtorno do pânico, crise
convulsiva.
AULA 2
Exame psíquico avalia: aparência, atitude, consciência, orientação,
consciência do eu, atenção, memória, pensamento, humor e afeto.
10) Linguagem: Para avaliar linguagem, vc tem que ver se o paciente
fala, compreende, se ele se expressa, se ele lê e se ele repete. O
individuo pode ter ausência da capacidade ou alterações que variam de
qualitativas a quantitativas. Quando o individuo não fala nada eu chamo
de afasia. E afasia tem que lembrar que possui diversas modalidades: tem
o individuo que não consegue expressar e o individuo que não consegue
compreender. Toma cuidado que afasia expressiva e afasia de
compreensão às vezes pode significar lesão neurológica. Na psiquiatria é
comum que o paciente não fale por causa de doença mental. Exemplo: o
paciente está em negativismo passivo ou ativo, ele não quer conversar e
ele não fala. Aí vc tem que descrever na atitude, mas a fala dele está
preservada. Quando o paciente não fala voluntariamente, não é afasia. É
negativismo ativo ou passivo. Se ele não falar nada, como vou
descobrir? Nesse caso, vc não fecha a avaliação dele, vc o avalia em
momentos diferentes.
Exame psíquico é igual exame físico. Avaliação pontual das funções
mentais. Vc avalia o que está vendo objetivamente naquele momento. De
manhã vc faz um exame psíquico, à tarde vc faz outro. Vc avalia o que
está vendo. No caso da fala, se vc quer descobrir se o paciente tem afasia
ou não, vc faz vários exames.
Afasia de compreensão pega que área? E afasia de expressão? Qual o
circuito da fala? Depois vcs relembram. (Professor não respondeu).
Se o paciente não lê como que eu chamo isso? Alexia. Agrafia é a
incapacidade de escrever.
Se o individuo tem alteração na forma de escrever, eu chamo de disgrafia.
Disgrafia acontece muito em diversas doenças, principalmente naquelas
que interferem na coordenação motora, como por exemplo doença de
Parkinson. Nesta doença, o individuo faz letras grandes e quadradas, até
que no final a letra fica pequenininha, por causa dos tremores. Logico que
entra falta de estudo, sedação, medicação.
E repetir, porque repetir é importante? Primeiro porque avalia
linguagem como um todo. Entendi, armazenei a informação, depois
consigo resgatar e falar. Segundo envolve interação social, eu consigo ler o
que o outro está fazendo e repetir os movimentos dele. Repetir é uma
função não só de linguagem, mas de comunicação como um todo. E
depende de diversas funções psíquicas integradas. Uma das primeiras
funções que fica comprometida é a repetição. Mas quando falo em
repetição é repetir exatamente o que eu estou fazendo. Não é falar as
palavras de qualquer jeito.
Tem algumas alterações que são chamadas qualitativas dentro da
linguagem. O individuo tem uma forma de falar diferente por causa de
uma deficiência mental. Quais seriam essas alterações? Uma muito
conhecida é o neologismo. O paciente que inventa palavras novas. Isso é
muito comum em pacientes com transtorno psicótico, em especial
esquizofrenia, mas pode acontecer em qualquer portador de deficiência
mental. Outra alteração chama jargonofasia. Ocorre em indivíduos que
falam de uma forma incompreensível, como se estivesse falando outras
línguas. É uma parafasia literal na qual o doente interpõe silabas e palavras
sem sentido na linguagem, tornando-a incompreensível. É muito comum
nos psicóticos.
Se o paciente tiver afasia de expressão, ele solta algum som, fala alguma
coisa ou nada? Ele solta sons, mas não compreensíveis. Porque o órgão
fonador está preservado, a lesão é cerebral. Ele pode soltar sons sim, mas
sem significado.
Outra alteração muito comum é a parafasia. O que é parafasia da
linguagem? É quando o individuo troca de silaba, troca o final do som da
palavra, faz uma troca fonológica, ou seja, fala errado.
Quando o individuo fala de uma forma estranha, o nome disso é disfasia.
Na disfasia, o indivíduo fala de uma forma pouco compreensível, mas o
problema está no SNC. Na disfonia, o indivíduo tem dificuldade em
entonar, de pronunciar certos sons das palavras. Na disartria, o indivíduo
não articula bem. É um problema de articulação das palavras. Na disfonia
vc até consegue separar, mas disartria de disfasia nem sempre é fácil
conseguir diferenciar. Vc tem que falar para o paciente articular palavras
bem difíceis para conseguir identificar o problema. Na disfasia o
problema é no SNC, já na disartria o problema pode ser central ou
periférico. Uma coisa que causa muita disartria é efeito colateral de
antipsicótico, que deixa a musculatura mais rígida, mais dura. O que faz
com que o individuo articule de forma mais dificultosa, mais lenta.
Continuando as alterações qualitativas. Ecolalia ou ecopraxia = o
indivíduo repete as últimas sílabas ou palavras proferidas por outra pessoa.
Porque alguém faria isso? Porque esse individuo tem comprometimento na
atividade voluntária, ou seja, no controle das próprias atitudes, e ele
precisa se apoiar no outro para ver o que vai fazer. Isso anda junto com o
comprometimento da critica e da autonomia. Ecolalia é um sinal de
gravidade da doença mental. Quer dizer que o individuo não tem atitude
própria. Palilalia = o indivíduo repete o final da sílaba que ele próprio
proferiu. Palilalia é mais comum em transtorno mental orgânico e retardo
mental. É comprometimento das funções cognitivas como um todo.
Palilalia é problema nas funções mentais superiores, é problema no
cérebro como um todo. Ecolalia é problema na atividade voluntária.
11) Psicomotricidade ou atividade psicomotora = individuo faz os
movimentos baseados em sua vontade para realizar determinado fim. Ele
pensa no que está fazendo, não faz no automático.
Atividade motora é dividida em voluntaria e espontânea ou
involuntária. Vc avalia se a atividade motora voluntária do indivíduo está
normal, aumentada ou diminuída. Atividade motora voluntária
aumentada é hipercinesia ou agitação psicomotora. Diminuída é
hipocinesia. Se está normal, escreve que está normal.
A hipercinesia pode ter propósito ou não. Ou seja, tem pacientes que estão
agitados por algum motivo, outros podem não ter motivo. Não achem que
agitação é igual a agressividade. Na agressividade, o individuo aumenta
atividade motora voluntária com o propósito de lesar objeto ou pessoa. As
pessoas ficam com medo dos doentes mentais porque acham que porque
estão agitados vão ser agressivos. Nem sempre. Um ansioso está agitado,
mas não significa que vai bater em alguém. Como sei que o paciente tem
um potencial agressivo? Primeiro, pela sua história, se já agrediu alguém
antes ou a si mesmo. Porque agressão pode ser autodirigida. E se ele
demonstrar sinais que podem indicar agressão, por exemplo, começar a
falar alto e bater em objeto, bater o pé no chão. Se o paciente anda de um
lado para outro, está ansioso, e vc parar para conversar com ele, as vezes
ele não coloca a mão em vc e conversa sem agredir.
Qual a conduta se o paciente está agressivo? Sai de perto dele se vc não
sabe o que fazer. Deve-se conversar com ele calmamente sem falar alto e
perguntar a ele o que está acontecendo. 50% dos problemas são simples:
está com sede ou fome, não deram atenção para ele, aí ele conversa e
passa. Se não funcionou, pede p ele se acalmar. Não funcionou, chama ele
para um ambiente onde ele não chama muita atenção, como um quarto.
Não funcionou, vc vai para as condutas de agitação e agressividade. 90%
se resolve conversando, na lábia. Não se pode medicar o paciente agitado,
sem antes perguntar p ele porque ele está agitado. Uma das maiores causas
de agitação é a contenção no leito, o paciente está amarrado e por isso se
agita. Quando o desamarra ele se acalma e dorme. A melhor conduta é
comunicação. Não posso chegar falando mais alto que ele. Sempre o tratar
com respeito. Se o paciente está agitado com potencial agressivo, não se
deve colocar a mão nele. E devemos ficar perto da porta do consultório,
para qualquer problema sair correndo, fugir.
O que pode dar aumento da atividade motora voluntária? Falta de
crítica, ansiedade, uso abusivo de drogas estimulantes, estados fisiológicos
(fome, sede), estados emocionais (raiva, sensação de não estar sendo
compreendido, revolta). E a diminuição? Medicação sedativa, depressão,
transtorno mental crônico, comprometimento das funções mentais, doença
de Parkinson, demência.
O mini-exame do estado mental tem uma variação para atividade motora,
tanto para coordenação quanto para controle voluntário. Vc pede p o
paciente pegar o papel na mesa, dobrar. Quando avaliamos
psicomotricidade, avaliamos junto coordenação motora e a marcha.
Atividade motora involuntária é o paciente que tem movimentos que
ele não consegue controlar. O mais famoso é o tremor, ou seja, abalo
muscular principalmente das extremidades de caráter involuntário. Tremor
tem vários tipos, o mais comum é o que chamamos de tremor essencial.
Sabem o que é tremor essencial? É o tremor não patológico. Qualquer
pessoa pode ter em algum momento da vida isolado (nervosismo) ou de
forma constante (sem ser em doença, não confundir com Parkinson nem
nervosismo). Todo mundo sempre tem algum grau de tremor, depende do
momento. Isso é tremor essencial, não é preocupante não.
No Parkinsonismo o tremor é mais visível quando se está com as mãos
em repouso. Pega principalmente a musculatura de preensão. Parkinson
pode dar tremor em qualquer parte do corpo, não só na mão. Quando o
individuo movimenta, o tremor melhora. Que outras situações podem dar
tremor? As mesmas que causam hipercinesia, como doses excessivas de
estimulantes, ansiedade, intoxicação por cafeína.
Acatisia = sensação de inquietude incontrolável. O indivíduo fica andando
de um lado para o outro, não consegue ficar parado de forma alguma.
Ocorre muito como efeito colateral de medicamento antipsicótico. Uma
medicação que dá muito isso é o Plasil (antiemético e antinauseante).
Porque o Plasil tem estrutura molecular e é da classe próxima do ??
(professor fala o nome de um medicamento que termina com Plasil) (25’)
que é um antipsicótico. Na acatisia o paciente quase sempre fica andando,
pode até sentar mas fica mexendo as pernas.
Distonia aguda = contraturas de grandes grupos musculares, lentas e
dolorosas, geralmente a musculatura torce, pode torcer o pescoço, o
ombro. É um efeito colateral agudo de algumas medicações antipsicóticas.
A distonia aguda pode ocorrer tbm por causa neurológica, como por
exemplo, o indivíduo tem um tumor cerebral que atinge a via motora
extrapiramidal.
Coreia = são movimentos de pequenos grupos musculares. Eles são
rítmicos. Na distonia, o individuo dá uma contratura forte. Na coreia, a
musculatura fica “dançando”, como uma cobrinha. Coreia é crônica.
Discinesia tardia = movimentos involuntários por uso crônico de
medicamento antipsicótico. É parecido com coreia. Mas na coreia a
musculatura parece dançar, já na discinesia a musculatura faz movimentos
bruscos, repetitivos e param. Então o paciente torce o pescoço e volta, e
faz isso várias vezes.
Tremor, acatisia, distonia aguda, coreia, discinesia tardia = fazem
parte da síndrome extrapiramidal.
Toda sua via voluntária é controlada pela via piramidal. Aquela via
motora que sai do sistema nervoso central, e desce pela decussação das
pirâmides. O que não passa por aqui é via extrapiramidal (“fora das
pirâmides”). Geralmente, esta é a via que controla os movimentos
involuntários. Quando eu tenho esse tipo de movimento involuntário,
como tremor (depende do tipo de tremor), acatisia, distonia, coreia,
discinesia, significa que sua via extrapiramidal está trabalhando sozinha
excessivamente. Quando a via piramidal está muito ativa ela anula a
via extrapiramidal. Ativar via extrapiramidal é ter movimentos
involuntários.
Síndrome neuroléptica maligna = contraturas musculares muito fortes,
tônus muscular aumentado, musculatura começa a fazer catabolismo, faz
mioglobinúria e rabdomiólise, aumento da temperatura corporal
(hipertermia), entra em confusão mental e pode morrer em horas. Isso é
efeito colateral de alguns medicamentos antipsicóticos. Faz hipertermia
por hipercatabolismo muscular periférico. Não deve ser confundido com
hipertermia maligna, que é um efeito colateral de anestésico, como o
Halotano, em que o individuo tem aumento da temperatura corporal, mas
por alteração no sistema nervoso central. Síndrome neuroléptica maligna é
devido liberação da via extrapiramidal central, mas o aumento da
temperatura é periférico porque a musculatura fica contraída demais e
gasta energia. Se eu não suspender o antipsicótico, o paciente morre em
horas na síndrome neuroléptica maligna, e é um caso de UTI.
Uma alteração motora muito conhecida que não é síndrome extrapiramidal
e pode entrar na atividade motora voluntária ou na volição, é a chamada
catatonia. Catatonia é o indivíduo que não apresenta qualquer
movimento, tem prejuízo da sua volição ou atividade motora voluntária, e
ele fica parado independente do que acontece no ambiente. É muito
comum em paciente psicótico grave. Hoje em dia, quase não vemos
catatonia porque como tem antipsicótico os pacientes melhoram, mas na
década de 20, 30 tinha muita catatonia. O paciente catatônico não mexe de
forma alguma. Geralmente, catatonia é acompanhada da flexibilidade
cérea (em cera), ou seja, na posição em que o paciente é colocado ele fica.
Fica 3 dias ou mais numa mesma posição e não mexe. Ele olha tudo, mas
não se move. Ele tem prejuízo na atividade motora voluntária. Um
prejuízo da volição. Não é que ele não mexe nunca, pode se mexer de vez
em quando, mas muito pouco, quase nada.
Perseveração motora = também se relaciona a atividade motora
voluntária. O indivíduo faz a mesma coisa repetidamente. Pode ser
psicótico grave, pode ocorrer nas demências, transtorno mental orgânico.
O movimento repetido que a pessoa com perseveração motora faz tem
propósito, o que é diferente de estereotipia. Na estereotipia, o individuo
faz atitudes ou movimentos estranhos sem nenhum propósito. Este também
é comum em paciente psicótico. E maneirismo? Maneirismo é o individuo
fazer movimentos estranhos, só que com propósito (sem repetição).
Exemplo: na estereotipia o paciente fica girando a mão, no maneirismo ele
gira a mão, estica e te cumprimenta. No maneirismo, o movimento não é
repetido.
Coprolalia = alteração da linguagem em que o paciente fala palavrões
excessivamente.
12) Volição = atividade voluntária como um todo, não só motora. O que é
atividade voluntária? Indivíduo escolhe ou vê > deseja > delibera >
executa (ação) > observa o resultado. A mais importante é a fase de
deliberação, esta é o que nos dá controle. Tudo o que eu vou fazer eu
delibero antes (exceto quando agimos por impulso). Os problemas da
atividade voluntária são: não conseguir deliberar ou não conseguir agir. O
individuo pode não conseguir agir mesmo tendo deliberado, ou seja,
mesmo decidido a fazer, ele não faz. Quando o indivíduo não consegue
agir, chamo de hipovolia ou hipobulia. Quando o individuo faz demais e
nem sempre pensa no que está fazendo é hipervolia ou hiperbulia.
Qualquer transtorno mental pode comprometer a volição. Problema de
volição é grave, porque significa que a pessoa não está controlando suas
próprias atitudes.
Impulso = indivíduo executa uma atividade motora sem deliberar. Ele age,
depois pensa no que fez.
Compulsão = o indivíduo deseja algo, delibera fazer, mas ao mesmo
tempo luta contra, porém não resiste e acaba fazendo. E quando ele age,
ele sente um alívio. Na compulsão o paciente consegue deliberar, no
impulso não. Exemplo, na compulsão por compras, a pessoa luta para não
comprar, mas acaba comprando. Sente alívio, mas depois pode acabar
sentindo culpa e se arrependendo.
Na catatonia, o indivíduo tem hipovolia, não tem atitude, tem problema
para agir e para deliberar também.
Ambivalência volitiva = alguns pacientes com esquizofrenia, transtorno
mental orgânico, não conseguem decidir entre duas coisas antagônicas. O
problema não é em deliberar, é em agir.
Uso e abuso de substâncias atrapalha a volição? Sim, por exemplo, o
álcool atrapalha ações rápidas, como dirigir, muitas vezes o indivíduo sob
efeito de álcool não consegue deliberar nem agir. Com cocaína, o
indivíduo age com impulsividade, ou seja, age sem deliberar.
13) Juízo e Crítica = é a capacidade de entender o que está acontecendo
ao seu redor. O que é diferente de noção de doença. Noção de doença é o
indivíduo saber da sua doença, entender sua condição de doente e querer
se cuidar. Às vezes, o paciente tem um exame psíquico normal e ele não
aceita a doença que tem e nem quer se tratar. Isso não significa que ela está
sem crítica. O que ele não tem é noção de doença.
Transtornos relacionados a impulso: piromania, cleptomania, transtorno
explosivo intermitente, tricotilomania (paciente tira o próprio cabelo), etc.
Características do delirium:
1) Inicio agudo (horas).
2) Rebaixamento do nível de consciência (perde a integração das funções
mentais), que se caracteriza por:
2.1) desatenção e
2.2) desorientação.
3) Inversão do ciclo sono-vigília (paciente não acompanha os períodos dia e
noite; costuma dormir mais de dia e agitar mais à noite).
4) Flutuação de consciência (indivíduo dorme-acorda-agita repetidas vezes,
sua consciência “flutua”, ou seja, rebaixa e às vezes volta).
5) Pode ou não ter alterações sensoperceptivas, sendo as mais comuns as
alucinações visuais.
6) Alterações motoras: hipercinesia ou hipocinesia, sendo que mais
comumente ocorre hipocinesia.
Causas do delirium:
1) Doenças infecciosas, principalmente infecções do trato urinário. Pode ser
também pneumonia, meningite, etc.
2) Distúrbios hidroeletrolíticos, principalmente desidratação. Pode ser
também hiponatremia (baixa de sódio), hipernatremia, alterações de
Cálcio, Potássio, Magnésio.
3) Distúrbios metabólicos, que envolvem distúrbios hidroeletrolíticos e os
hormonais.
4) Doença cardiovascular (infarto, arritmia, etc.).
5) Doença neurológica (epilepsia, esclerose múltipla).
6) Neoplasia (o tumor consome os nutrientes do organismo, fazendo
distúrbios hidroeletrolíticos muito mais fácil, além disso, promove
marcadores inflamatórios como interleucina-6, interleucina-1, interleucina-
2, fator de necrose tumoral, interferon alfa, causando a confusão mental).
7) Medicamentos como sedativos, anticolinérgicos e com potencial
anticolinérgico (acetilcolina é um neurotransmissor muito usado em nossa
cognição, para sustentar a atenção e o uso da memória. Quando vc
bloqueia a acetilcolina, o indivíduo tende a ficar confuso). Exemplo:
Digoxina – é um antiarrítmico e cardiotônico, e possui um efeito
anticolinérgico, por isso causa confusão mental. Captopril e Furosemida
também possuem potencial anticolinérgico.
8) Dor.
Doenças do SNC:
TCE
AVC
TU cerebral
Estado pós-ictal
Hematoma subdural
Vasculite
Encefalite/ meningite
DISTÚRBIOS METABÓLICOS:
Hídrico
Eletrolítico
Insuficiência hepática
Insuficiência renal
Glicemia
Tireoide
Febre
INFECÇÕES:
Pneumonia
ITU
Sepse
AULA 3 - TRANSTORNOS RELACIONADOS A USO E ABUSO DE
SUBSTÂNCIAS
Conceitos
- Droga: toda substância capaz de causar uma transformação fisiológica no
organismo. Seja de uso terapêutico ou não. Quando de uso terapêutico é
chamado de medicamento.
- Droga psicotrópica: tem tropismo pelo SNC, causando mudança
fisiológica relacionada ao mesmo.
Das drogas mais usadas temos o álcool, seguido pelo tabaco e depois pelos
medicamentos (principalmente os benzodiazepínicos). Em quarto lugar de
maior uso tem-se a cocaína. Tem-se ainda outras drogas importantes como
os solventes, os estimulantes, alucinógenos.
Não podemos dizer que uma pessoa que faz uso eventual de uma
substância tem problemas com a substância.
- Abuso de drogas: uso demasiado. Depende do aspecto cultural, da
tolerância do organismo à droga e outros fatores.
Critérios – sequência de acordo com o nível de gravidade.
DSM-IV (Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais) –
Critérios para Abuso:
a) Padrão mal adaptativo de uso de uma substância levando a prejuízo ou
sofrimento, manifestando-se por um ou mais dos seguintes aspectos:
- Uso recorrente, incapacitando o cumprimento de obrigações;
- Uso recorrente em situações nas quais isso representa perigo para a
integridade física. Ex: dirigir veículo quando prejudicado pelo uso da
substância;
- Problemas legais decorrentes do uso;
- Uso continuado, apesar de problemas sociais ou interpessoais persistentes
ou recorrentes causados ou exacerbados por seus efeitos.
b) Os sintomas jamais satisfizeram os critérios para dependência.
Dependência. F10.2
- Uso compulsivo da droga, sem controle. O indivíduo busca a substância
com frequência e em grande quantidade, contudo a frequência não é um
padrão único determinante para definir dependência;
- Tolerância: o indivíduo precisa de doses cada vez maiores para obter os
efeitos iniciais;
- Abstinência: são sinais e sintomas decorrente da interrupção do uso da
droga em indivíduos que já tem dependência. Os sintomas costumam
melhorar com o uso (remissão da abstinência); Os sintomas mais comuns é
ansiedade, irritabilidade, sudorese. Difere os sintomas de acordo com a
droga. E pode ocorrer em horas ou dias sem uso da substância.
Dificilmente o indivíduo tem sintomas de abstinência depois de 15 dias.
Quando tem abstinência o indivíduo já é dependente.
- Estreitamento de repertório: o individuo passa a deixar de realizar suas
atividades para usar a droga. Deixa de trabalhar, de estudar por causa do
uso da substância, prioriza o uso da droga.
- Reinstalação: o indivíduo nunca deixa de ser dependente. A dependência
pode se reinstalar a qualquer momento.
- Recaída: o indivíduo fica muito tempo sem usar a droga e depois
volta a usar como antes; para ser recaída tem que usar no mesmo padrão
anterior.
- Lapso: usa de forma moderada depois de um tempo em abstinência.
Obs: A presença ou ausência de dependência física e psicológica não
precisa ser distinguida de dependência física e psicológica. A dependência
psicológica ou comportamental reflete mudanças fisiológicas nos centros
comportamentais do cérebro.
DSM- IV – Critérios para dependência:
Padrão mal adaptativo de uso da substância, levando a comprometimento
ou sofrimento clinicamente significativos, manifestados por 3 ou mais dos
seguintes, ocorrendo em qualquer momento no mesmo período de 12
meses:
a) Tolerância
- Necessidade de quantidades progressivamente maiores para o efeito
desejado ou
- Acentuada redução do efeito com o uso continuado da mesma
quantidade.
b) Abstinência
- Síndrome de abstinência: F10.3 (abstinência leve ou moderada), F10.4
(grave com delirium)
- A mesma substância alivia os sintomas da abstinência
c) Consumo em maiores quantidades e maior tempo do que o pretendido
d) Desejo persistente ou esforço mal sucedido de controle do uso
e) Muito tempo gasto em atividades necessárias para a obtenção da
substância
f) Importantes atividades ocupacionais, sociais e recreativas são abandonadas
g) Uso contínuo, apesar da consciência de ter problema físico ou psicológico
exacerbado pelo uso. Ex: alcoólatra com úlcera.
Outros transtornos
Transtorno psicótico induzido de instalação tardia: F 10.7
Transtorno não definido: F 10.9
Demência por droga ocorre quando o uso de droga gera atrofia cerebral,
perde-se neurônios. Causando demência irreversível.
Álcool
F10 refere-se ao álcool
Droga mais usada no mundo.
Qt maior o nível de álcool na bebida e maior o consumo, maior será o
nível de tolerância que o indivíduo desenvolve, com maior número de
enzimas hepática (ex. álcool desidrogenase). Quem tem mais enzimas
tolera álcool em maiores quantidades no organismo, e até o fígado
metabolizar, o álcool já atingiu o cérebro e estimulou receptores.
O álcool age nos receptores GABA (inibitório) que deprimem o SNC.
O que causa a dependência?
Núcleo acumbens é a área do prazer, e é estimulado de diversas formas
(comer, relação sexual...), é uma área de recompensa. As vias neuronais
relacionadas a essa área são dopaminérgicas. Enquanto atividades do dia a
dia estimulam levemente e rapidamente essas vias, as drogas levam a uma
forte estimulação e grande liberação de dopaminas rapidamente, dando
uma forte sensação de prazer. Todas as dependências têm essa via em
comum, estimulação do centro de prazer. Algumas drogas estimulam o
cérebro ao lembrar devido a região das amigdalas que é a Área de
memória emocional.
Intoxicação aguda por álcool: início com euforia e após deprime o SNC
com diminuição da coordenação motora, dormência, disartria, ataxia
(devido à alta toxicidade do álcool ao cerebelo), depressão respiratória até
uma parada cardíaca.
Conduta: deitar de lado (devida possibilidade de vômitos) em
ambiente com baixa iluminação e esperar os sintomas pararem. Se tiver
abaixamento dos sinais vitais como a diminuição do nível de consciência é
necessário dá suporte básico de vida (ABCD do ACLS).
Hidratação apenas se o indivíduo estiver desidratado (pulso filiforme, boca
seca...) e utilizar glicose apenas em casos de hipoglicemia.
Em casos de dependentes, a maioria dos indivíduos são desnutridos, já que
ocorre a diminuição do repertório. Associada a deficiência de tiamina
(vitamina B1), que uma coenzima que ajuda a glicose entrar no neurônio.
A administração de glicose em paciente com deficiência de tiamina levará
ao aparecimento da Síndrome de Wernicke (caracterizada por
aparecimento agudo de confusão mental, ataxia, e oftalmoplegia), em que
o neurônio não consegue usar a glicose. Logo, em pacientes desnutridos,
antes de administrar a glicose (seja no soro ou na alimentação), deve-se
administrar tiamina previamente.
Síndrome de Korsakoff e Síndrome de Wernicke é referida como
Síndrome de Korsakoff-Wernicke, mas cada uma apresenta características
distintas, ainda que associadas. Sendo a de Korsakoff relacionada à
cronicidade.
Caso seja uso nocivo deve-se orientar o paciente.
Abordagem do dependente: A princípio tem que realizar a Avaliação de
emergências- para saber se o paciente se encontra em uma emergência
física (dano hepático, cardíaco, maior incidência de infecções) ou
psiquiátrica (intoxicação e abstinência). Deve-se tratar a emergência para
enfim encaminhar ao tratamento da dependência.
Nesse caso, após a resolução da emergência ou caso não apresente
emergência, primeiramente deve-se diagnosticar->ver nível de motivação
para a mudança. Pode estar em fase de pré-contemplação (não reconhece o
problema de seu comportamento), nesse caso deve-se encaminhar à
psiquiatria para orientação. Quando o paciente está em estágio de
contemplação (tem noção dos problemas da dependência e quer se tratar),
o indivíduo deve ser orientado, encaminhado e monitorado para realizar a
ação (o tratamento propriamente dito) e depois vem a prevenção de
recaídas (uso de medidas para evitar- como grupo de encontros...).
O tratamento pode ser por grupo de ajuda, por psicoterapia (além da
dependência pode haver comorbidades associadas como depressão,
bipolaridade...) ou com medicações. Se for só a dependência, sem
comorbidades, duas medidas são as mais usadas: a entrevista motivacional
ou intervenção breve.
Não confundir medicamentos para tratar a dependência (agem na
fissura) com os medicamentos para tratar a abstinência (reduzem os
sintomas de abstinência).
As drogas mais usadas para tratar dependência de álcool:
Esquizofrenia
O principal transtorno psicótico é a esquizofrenia. É uma doença antiga, qu
e foi descrita recentemente. O termo esquizofrenia significa mente dividida
. O primeiro cara que fez a descrição pormenorizada foi o “Morel”, o q ele
observou? Ele pegava um cara normal que quando chegava no inicio da id
ade adulta começava a desaprender o que ele sabia, isso ele chamou de de
mência precoce. Ele observou que havia uma alteração das construções me
ntais e cisão da mente, dai ele chamou isso de esquizofrenia.
O paciente com esquizofrenia é o indivíduo que apresenta 2 ou mais dos se
guintes sintomas por pelo menos 1 mês cada um:
1. Delírios,
2. Alucinações,
3. Discurso desorganizado,
4. Alterações do comportamento,
5. Presença de sintomas negativos: “coisas que ele perde”, como emb
otamento afetivo, perda da capacidade de nomeação e o prejuízo da v
olição.
Associado a isso ele tem um prejuízo funcional e os sintomas devem perdu
rar por pelo menos 6 meses.
Geralmente a esquizofrenia acomete adultos jovens (18 – 30 anos), mas po
de ter em criança e idosos tb. É uma doença crônica, não tem cura.
Além disso tem prejuízo social e ocupacional.
Para ser esquizofrenia não pode ter outro diagnóstico, ou seja, se ele abusa
de substâncias antes do sintomas não é esquizofrenia. Se a doença é causad
a por doença física não é esquizofrenia, se tiver depressão não é esquizofre
nia.