Direito Administrativo I - 1 Frequencia - Resumos - Joana Oliveira
Direito Administrativo I - 1 Frequencia - Resumos - Joana Oliveira
Direito Administrativo I - 1 Frequencia - Resumos - Joana Oliveira
1ª FREQUÊNCIA
NOÇÕES GERAIS
Administração: tarefa ou atividade que consiste na prossecução de fins públicos, através de diferentes
meios, estando subordinada politicamente (os fins são definidos num plano político-legislativo).
Sentido subjetivo/orgânico – os órgãos da AP;
Sentido objetivo/funcional – função de administrar.
o Administrar: ato de gestão de um conjunto de bens para a realização de um conjunto
de fins heterónomos.
A Administração Pública é:
Conjunto de tarefas atribuídas a um sistema de serviços organizados de acordo com princípios
específicos e que se manifestam por atos com valor e força jurídica próprios;
Complexo de interesses públicos;
Instrumento necessário à realização do bem comum (satisfação de necessidades comuns).
O Direito Administrativo é um ramo do direito público que integra as normas jurídicas que vão regular a
organização e o funcionamento da Administração bem como as relações que esta estabelece com outros
sujeitos de direito no âmbito do exercício da função púbica administrativa.
É constituído por um sistema de normas jurídicas de 3 tipos diferentes, conforme regulem:
a) a organização da Administração;
b) o funcionamento da Administração;
c) as relações entre a Administração e outros sujeitos de direito.
Tem, por exemplo, o objetivo de regular a atividade (materialmente administrativa) através das suas
normas (regula o exercício de poderes públicos de autoridade) disciplinadoras da Administração Pública.
Identifica os interesses públicos de cada entidade pública tem por si;
Disciplina a organização e a competência dos órgãos integrantes da AP;
Regula a atividade e as condições/meios de controlo da mesma.
Época Moderna (entre o final da Idade Média e a criação dos Estados Modernos)
Relativamente à anterior, esta época evolui por 2 linhas: a linha racionalizadora (refletir sobre
qual a melhor organização a ter em consideração) e a linha centralizadora
(salvaguardar/promover a concentração crescente de poderes no Rei). Para este efeito, há 3
motivos fundamentais:
1) Religiosos – ligados à reforma protestante, provocam a desvinculação do poder político
face ao Papado;
Estes culminam na criação de um Estado Moderno que apresenta a sua própria administração,
com autonomização do poder político perante a Igreja e a institucionalização e concentração
(territorialmente definida) do poder político.
Os cidadãos tinham cada vez mais consciência dos seus direitos subjetivos públicos (que
poderiam ser invocados perante o Estado), mas era visível um fosso entre as preocupações do
Estado e as preocupações/necessidades da sociedade Isto explica a configuração do Estado
Conclui-se que, na medida das suas desigualdades, tratamos o desigual como desigual e o igual
como igual. As desigualdades substanciais, já presentes na época liberal, revelaram-se com a
deterioração da condição de vida das pessoas.
Ex: Não posso conferir exatamente a mesma taxa de IRS a um cidadão que ganha 100€
e a um que ganha 1000€, porque estou a penalizar da mesma forma cidadãos que estão
numa posição distinta.
O Estado de Direito Social vai apresentando um crescente aumento de tarefas públicas, passando
a administração a assegurá-las e a responder às necessidades (presta serviços, fornece bens, etc)
Pulverização da Administração Pública:
Os particulares passam a poder intervir diretamente nas tarefas da mesma;
Verifica-se o fenómeno da privatização da Administração.
O Parlamento vai perder o monopólio da atividade de criação de lei porque o Governo passa a
assumir uma competência legislativa normal.
A Lei deixa de ser vista como um limite para a administração, passando a estar do seu lado, e
começa a permitir prosseguir interesses públicos.
O poder judicial tem um papel crescente: os tribunais passam a fiscalizar a atividade da própria
administração (e não apenas a sua legalidade) – controlo autónomo da atividade administrativa.
O Direito Administrativo passa a ter alguma relevância no âmbito da relação tripolar que se vai
estabelecer entre LEI – ADMINISTRAÇÃO – JUÍZ
Definir os interesses e fins públicos que deveriam ser prosseguidos pela admin bem
como os órgãos competentes para tal;
Prosseguir o interesse público;
Controlar a juridicidade da atuação da administração.
Desregulação
Há uma maior libertação do Estado relativamente às atividades reguladoras (movimento de
recuo e consequente atribuição de mais e maiores responsabilidades às forças económicas
privadas bem como à própria sociedade).
Beneficiam as estruturas que assentam na satisfação de interesses próprios dos regulados.
Informatização e digitalização
Uma das tendências das últimas décadas passa pela informatização ou digitalização da atividade
administrativa, legitimando a ideia de um e-government ou governo eletrónico e de um ato
administrativo informático. Esta evolução no mundo informático e digital permite evitar a
deslocação a dados locais para consultar processos, etc.
Foi criado o balcão único eletrónico (art.62º, CPA) para que qualquer indivíduo, recorrendo a um
aparelho eletrónico, independentemente do local e da hora, pudesse consultar o estado do
processo, submeter documentos, obter informações, etc.
o Princípio da administração eletrónica (art.14º, CPA): configura a ideia de aproximação
dos serviços às populações, promovendo o uso, por parte dos órgãos e dos serviços da
AP, de procedimentos eletrónicos que assegurem eletronicamente a aproximação dos
interessados;
o Princípio da continuidade dos serviços públicos (art.14º, CPA) – a administração “não
dorme” (24h/7) porque está sempre disponível. Por exemplo, se eu quiser inscrever-me
numa aula remota e os serviços académicos fecharem às 17h, isso não me impede de
fazer a minha inscrição às 20h através das plataformas digitais.
O princípio da separação de poderes afirmou-se na Revolução Francesa (1789) e foi importantíssimo para
o nascimento e desenvolvimento do Direito Administrativo. Tem ligação ao princípio da competência,
segundo o qual cada órgão só tem efetivamente as competências que lhes forem definidas por lei, logo
não podem invadir competências de outro órgão.
É essencial descobrir o local e o papel próprio da função administrativa em comparação com as outras
funções estaduais. Vejamos a contraposição entre elas:
O estudo de sistemas de administração decorre do facto da AP, em concreto, ter seguido caminhos
diferentes e estar implantada de formas distintas em função dos países onde se foi desenvolvendo
(principalmente Inglaterra e França). Estes sistemas, quando nasceram, tinham determinadas
características que iremos analisar para perceber como fazer a distinção entre eles.
Este privilégio de execução prévia permite uma Administração capaz de executar as suas decisões
por autoridade própria, podendo impor-se coativamente caso essa não seja acatada pelos
particulares, sem precisar de qualquer pronúncia judicial.
O Estado, bem como os restantes entes públicos, são responsáveis pelos atos dos seus
funcionários (“garantia administrativa”).
Note-se que dentro da própria administração há órgãos especiais responsáveis pelo seu controlo.
Por vezes, existem órgãos administrativos especificamente incumbidos de exercer funções de
controle em relação às atuações dos órgãos da Administração ativa.
O Parlamento é o órgão central da vida política, desconhecendo-se a noção de Estado como ente
centralizador.
Na organização administrativa
o A administração britânica tornou-se mais centralizada do que era no final do séc. XIX (as
guerras e as crises reforçaram essas necessidades). Surgiram e desenvolveram-se
ministérios (que exerciam controlo indireto sobre as autarquias), dos quais dependem
os serviços civis: corpos de funcionários profissionais sujeitos a uma hierarquia;
o A administração continental conheceu sucessivas reformas descentralizadoras que
transferiram numerosas e importantes funções do Estado para níveis locais;
A certa altura:
Pessoas coletivas passaram a poder atuar, também, segundo o direito privado;
Algumas instituições particulares de interesse público passaram a funcionar,
muitas vezes, em termos de direito público.
Regime Jurídico
O regime jurídico a que se encontram subordinadas, em regra, as pessoas coletivas de
direito público é um regime diferenciado e não uniforme.
É possível avançar algumas ideias gerais: a sua criação e extinção é de iniciativa pública;
têm capacidade de direito privado e património privado, podendo prosseguir atividades
de gestão privada; têm capacidade de direito público detendo poderes e deveres
Central
Direta
Periférica
Administração
Estadual Institutos
Públicos
Pública
Entidades
Indireta Públicas
Empresariais
Privada
Tipos de Autonomia
Jurídica: possibilidade de cada entidade administrativa se estabelecer como um
centro de imputação de relações jurídicas;
Em modo esquemático
Freguesias
Territorial Municípios
Administração Regiões
autónoma Autónomas
o Regiões Autónomas
Têm autonomia tanto do ponto de vista administrativo como no que
respeita ao exercício da função legislativa e da função política.
Contudo, não é por terem mais poderes que deixam de ser pessoas
coletivas de direito público e, enquanto tais, são naturalmente
administrações autónomas territoriais. Aqui, o território é
determinado tanto com base em critérios político-administrativos
como com base em elementos naturais, uma vez que se trata de ilhas.
Outros poderes:
Poder de inspeção: poder de fiscalizar o comportamento dos
subalternos e o funcionamento dos serviços;
Poder disciplinar: faculdade de o superior punir o subalterno,
mediante a aplicação de sanções previstas na lei;
Poder de decidir recursos: poder de o superior reapreciar os casos
primeiramente decididos pelos subalternos, podendo confirmar ou
revogar e, eventualmente, substituir os atos impugnados;
Poder de decidir conflitos de competências: faculdade de o superior
declarar a qual deles pertence a competência conferida por lei (art.º
51, nº 2 CPA).
De notar que a tutela que o Governo exerce sobre as autarquias locais, quando
estejam em causa interesses locais, é apenas uma tutela da legalidade (art.º
242, nº 1 CRP).
Relativamente ao conteúdo:
Tutela inspetiva: poder de fiscalizar a organização, o funcionamento
dos órgãos ou serviços;
Tutela integrativa: poder de aprovar ou autorizar os atos da entidade
tutelada;
Tutela sancionatória: poder de aplicar sanções por irregularidades que
tenham sido detetadas pela entidade tutelada;
Tutela revogatória: poder de revogar ou anular os atos
administrativos praticados pela entidade tutelada;
Tutela substitutiva: poder de suprir as omissões das entidades
tuteladas, praticando, em vez delas e por conta delas, os atos que
forem legalmente devidos.
Concordamos, pois, com aqueles que defendem que se pode obviar à aparente
excecionalidade do recurso para o delegante por uma das formas:
o entender-se que se trata de um erro manifesto, sanável através de
uma interpretação corretiva;
o entender-se que, por restringir de forma desproporcional as garantias
dos interessados, a solução legal é inconstitucional.
O que sucede, por exemplo, com os atos da câmara municipal sujeitos a controle
preventivo da assembleia ou com os atos do presidente da câmara sujeitos a recurso
para a câmara municipal
Outras vezes existe uma independência mútua entre órgãos, como a que se verifica nas
relações entre órgãos de uma pessoa coletiva desconcentrada horizontalmente (ex.:
entre a câmara, a assembleia e o presidente da câmara municipal), entre pessoas
desconcentradas verticalmente (ex.: as relações entre órgãos de gestão das Faculdades
e o Reitor) ou no seio de um órgão complexo (ex.: as relações no âmbito do Governo,
entre o Primeiro Ministro e os ministros, ou as destes entre si).
Coordenação:
Tipo de relação que visa o estabelecimento de uma sintonia e articulação entre
as tarefas próprias de unidades administrativas diferentes, continuando cada
uma dela a realizar as suas, mas fazendo-o de olhos postos no trabalho das
unidades concorrentes, de modo a evitar atritos e potenciar resultados;
Ela estabelece-se entre 2 pontos: um órgão coordenador e entidades a
coordenar, na qual o primeiro ocupa uma posição institucional de supremacia
ou de superioridade relativamente aos segundos;
A coordenação pressupõe a descentralização e a autonomia das entidades
coordenadas, bem como uma diversidade de atribuições que o coordenador
deve respeitar;
De facto, a coordenação não implica uma subtração das competências próprias
das entidades coordenadas;
Além disso, a coordenação pressupõe uma relação de verticalidade, acrescida
da complexidade de a decisão de coordenação ter de respeitar o âmbito de
autonomia das entidades coordenadas e o conteúdo próprio das competências
destas, de modo a que cada uma delas opere como limite ao exercício das
restantes