Carta Magna-Ce
Carta Magna-Ce
Carta Magna-Ce
Um ano antes, no dia 1º de janeiro de 1883, a Vila do Acarape, atual município de Redenção,
a 55 km de Fortaleza, libertou os povos escravizados.
A proposta de criar um feriado para lembrar a data é de autoria do deputado Lula Morais,
como forma de celebrar o pioneirismo do Ceará na abolição da escravidão. O feriado foi aprovado
na Assembleia Legislativa em 1º de dezembro de 2011, sendo promulgada e publicada no Diário
Oficial do Estado em 6 de dezembro do mesmo ano.
Museu relembra escravidão
Em Redenção, o Museu Senzala Negro Liberto, tenta ressignificar um espaço anteriormente
utilizado para opressão dos escravos. Dividido entre casa-grande, engenho e senzala, as paredes
resgatam a história da escravidão no estado, na cidade pioneira da libertação dos negros.
ENTENDA A HISTÓRIA;
Em 27 de janeiro de 1881, Francisco José do Nascimento, o Dragão do Mar, jangadeiro da
capital, moveu a classe a firmar posição diante do tráfico de escravos no Estado. Dragão do Mar
convenceu os colegas jangadeiros a se recusarem a transportar os escravos vendidos para o sul do
Brasil para os navios negreiros. Com esta atitude, eles conseguiram de fato abolir o tráfico de
pessoas na província.
Embora o Ceará fosse pioneiro no Brasil, o país foi o último do Ocidente a proibir a
escravidão. A Lei Áurea foi sancionada apenas em 13 de maio de 1888, quatro anos depois do
nosso Estado.
O destino dessas pessoas após libertas foi variado. Alguns recorreram a quilombos, como o da
Serra do Evaristo, em Baturité, outros foram para a capital.
Outros, diante da situação, aceitaram entrar em acordo com os senhores e passaram a prestar
serviço remunerado.
VIVA A LIBERDADE, VIVA O FIM DA ESCRAVIDÃO, VIVA O CEARÁ!
O ato contou com a participação de alguns abolicionistas, dentre eles, José do Patrocínio, que
também era jornalista e escritor, além de participar ativamente dos movimentos para libertação dos
escravos. Quando os escravizados foram libertados, o baiano Manuel Sátiro de Oliveira Dias
presidia a província.
Repercussão
O historiador avalia que a ação repercutiu em boa parte do país, o que colaborou para o
fortalecimento das lutas de outros abolicionistas do Ceará, pertencentes à elite econômica e
intelectual do estado, contribuindo dessa forma para o fim da escravidão no Ceará. Dragão do Mar
faleceu em Fortaleza, no dia 5 de março de 1914. Sua luta pelo fim da escravidão lhe rendeu várias
homenagens, e uma delas aconteceu no dia 28 de abril de 1999, quando o Governo do Estado do
Ceará deu seu nome ao Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura, na gestão do então governador
Tasso Jereissati (PSDB).
Apesar da libertação dos escravizados no Ceará ser comemorada no dia 25 de março, alguns
historiadores consideram que o início da abolição ocorreu no dia 1º de janeiro de 1883, um ano
antes, na Vila do Acarape, atual município de Redenção, cidade que fica aproximadamente 55 km
de Fortaleza.
Havia também a parcela de libertos que não tinham família e não queriam se refugiar nos
quilombos. Parte dos que já estavam acostumados com a rotina escravista entrou em acordo com
os senhores e passou a prestar serviço remunerado.
As referências ao tema, no Ceará, têm início com o próprio Palácio da Abolição, sede do Governo
do Estado. Inaugurado em julho de 1970, o Palácio sediou a administração estadual até 1986. Uma
história retomada em março de 2011, com a reinauguração do Palácio como sede da administração
estadual.
"Não à toa que o Ceará é conhecido como Terra da Luz, um estado revolto, rebelde que sempre
esteve à frente das principais lutas que marcaram as mudanças da vida política do nosso país e
prova isso mais uma vez quando, em 25 de março de 1884, determina por meio de sua Carta
Magna a Libertação dos escravos, nosso Estado foi a primeira província brasileira a libertar os
escravos. O Ceará se antecipou em quatro anos à abolição da escravatura em todo o Brasil, que
aconteceu somente em 13 de maio de 1888, com a assinatura da Lei Áurea", acentua o históriador.