Sbta2005 0562 567
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RESUMO
ABSTRACT
- 562 -
Palavras-chave: resistência de aderência à tração, revestimento, estudo de caso.
1. INTRODUÇÃO
O revestimento em argamassa é definido pela NBR 13529 (ABNT, 1995) como sendo
“o cobrimento de uma superfície com uma ou mais camadas superpostas de argamassa,
apto a receber acabamento decorativo, ou constituir-se em acabamento final” formando,
junto com a decoração, um sistema de revestimento que deve ser compatível com: a
natureza da base, as condições de exposição, o acabamento final e o desempenho
previsto em projeto.
Nesse âmbito, a aderência da argamassa ao substrato representa a propriedade mecânica
com maior relevância ao se avaliar um sistema de revestimento, além disso, seu
desempenho estrutural depende do desenvolvimento adequado da aderência, e da
interação de vários fatores que influenciam diretamente essa propriedade (causando sua
alta variabilidade). (CINCOTTO et al., 1995)
Os sistemas de revestimento em argamassa têm, na aderência, uma das suas
propriedades mais importantes e relevantes ao seu desempenho final. Segundo vários
autores como CANDIA(1998), SCARTEZINI(2002) e GONÇALVES(2004) a
resistência de aderência à tração, essencialmente mecânica, é influenciada pelo processo
de execução, pelas características das argamassas e dos substratos, e pelas trocas de
umidade.
A avaliação da aderência de revestimentos em argamassa pode ter finalidades diversas,
desde a comparação de diferentes composições ou traços de argamassa até trabalhos de
campo – para controle de execução de serviços ou a realização de diagnósticos de
revestimentos com problemas patológicos (SELMO, 1989).
O tipo de produção da argamassa varia de acordo com a tecnologia escolhida para sua
execução, pode-se optar por argamassa mista rodada em obra (que introduz uma série de
fatores que podem influenciar na variabilidade de resistência de aderência à tração), ou
por produtos industrializados, onde o controle de materiais e dosagem é feito pelo
fabricante do produto, requerendo apenas a adição de água. Essa pesquisa foi realizada
com o uso de argamassa industrializada para revestimento interno, com o controle de
água como resultado de uma consultoria prévia, o que diminuiu, expressivamente, a
quantidade de fatores influenciadores no desempenho das propriedades mecânicas.
Esse artigo apresenta um estudo de caso realizado em uma edificação residencial,
executada com o controle exigido pelos padrões ISO 9001; procurou-se identificar a
influência do procedimento de execução do revestimento na resistência de aderência à
tração.
O fator humano, representado na pessoa do oficial-pedreiro, pode ser uma das causas da
variabilidade da aderência, devido ao empirismo na execução das tarefas a ele
delegadas. Existem grandes variações dessa propriedade, tanto ao se analisar a mudança
de pedreiro, quanto ao se observarem áreas executadas pelo mesmo profissional.
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2. MATERIAIS E MÉTODOS
Essa pesquisa investigou o comportamento da variação da aderência em campo,
reportando os resultados obtidos ao se monitorar o desenvolvimento da resistência de
aderência à tração em todos os blocos de uma parede. Acompanhou-se o processo de
execução do revestimento, por um mesmo pedreiro, em uma parede-referência, que foi
ensaiada aos 28 dias quanto à resistência de aderência à tração em cada bloco da
alvenaria, com 90 corpos-de-prova. Os materiais utilizados foram aqueles já em uso
corrente na obra pesquisada.
a) Argamassa industrializada
Foi utilizado argamassa industrializada própria para revestimento interno durante toda a
sua execução, com uma marca de reconhecida aceitação no mercado brasileiro. A
Tabela 1 apresenta resultados de ensaios de caracterização da argamassa industrializada
de múltiplo uso. A granulometria da mesma se apresentou como contínua.
b) Blocos de concreto
As paredes da obra foram executadas com alvenaria de bloco de concreto, sem função
estrutural, de procedência controlada, apresentando boa qualidade visual. Os blocos
utilizados aqui, detém características de resistência à compressão (tabela 2) adequadas
para alvenaria de vedação, apresentando uma superfície mais uniforme.
Tabela 2 - Resultados de caracterização dos blocos de concreto.
Método de Coeficiente de
Ensaios N Resultado médio
ensaio variação (%)
MB-3459
Resistência à compressão 12 4,67 9,6
(ABNT, 1991)
a = 14,00 cm
MB-3459
Dimensões 12 l = 19,00 cm 3,1
(ABNT, 1991)
c = 39,00 cm
a = altura; l = largura; c = comprimento.
N = Número de determinações
O ensaio de resistência de aderência à tração foi realizado com a ajuda de um
dinamômetro de tração aferido anualmente (da marca DYNATEST, modelo DTE-500),
com capacidade de 5 KN e resolução de 1 N, que impõe um carregamento axial de
tração ao corpo de prova, através de um gancho rotulado conectado a um orifício da
pastilha metálica, que foi previamente colada ao revestimento, conforme a NBR 13528
(1995). A velocidade de carregamento foi mantida constante durante os ensaios.
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4. RESULTADOS E DISCUSSÕES
Nesse estudo, os resultados apresentaram altos coeficientes de variação com
predominância da ruptura do tipo “A”. Os valores da Tabela 3 mostram um resumo dos
parâmetros analisados a partir dos resultados aos 28 dias, analisando-se estatisticamente
os 90 pontos, independente da divisão por lotes. Cada lote representa uma batelada de
dois sacos de argamassa na betoneira. Já a Tabela 4 apresenta análise de resultados
individuais para cada um dos três lotes ensaiados. Nota-se a falta de uniformidade na
aderência do revestimento ensaiado.
Tabela 3 – Parâmetros estatísticos para resistência de aderência à tração
para a parede–referência.
Tabela 4 – Parâmetros estatísticos para resistência de aderência à tração divididos por lotes.
Número de Mediana Média Desvio padrão Coeficiente de
Lotes
indivíduos (MPa) (MPa) (MPa) Variação (%)
28 dias
C – 07 26 0,22 0,19 0,115 60
C – 08 26 0,19 0,18 0,091 49
C – 09 26 0,18 0,20 0,121 59
A Tabela 5 mostra como estão divididos os percentuais de ocorrência dos vários tipos
de ruptura possíveis num ensaio de resistência de aderência à tração. Demonstra-se que
os valores de aderência e os altos coeficientes de variação obtidos representam a
verdadeira aderência, pelo fato da maioria dos corpos–de–prova terem rompido na
interface argamassa–substrato.
Idade Número de
A B C D E
(dias) indivíduos
14 90 61 % 25 % 13 % 1% 0
28 90 83 % 13 % 1% 3% 0
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TETO
0,25
0,30 0,15 0,00 0,19 0,25 0,08
0,06 0,17
0,05 0,13
0,01 0,32 0,20 0,25 0,11
0,23
0,00 0,28 0,01 0,08 0,09 0,00 0,22
0,06 0,22
0,10 0,38
0,36 0,00 0,00 0,08 0,15
0,24
0,26
0,16 0,00 0,30 0,10 0,00 0,26 0,09 0,33
0,21
0,27 0,28 0,19 0,19 0,47 0,28
0,23
0,08
0,33 0,22 0,14 0,13 0,27 0,34 0,05 0,31
0,05 0,00 0,34
0,00 0,28 0,22 0,26 0,07
0,12
0,03 0,29 0,16 0,00 0,03
0,27
0,27
0,25
0,23 0,22
0,22
(MPa)
0,21 0,21
0,21 0,21
0,19 0,20 0,18
0,17 0,18
0,16
0,15
0,13
0,13
0,11
0,09
0,25 0,5 0,75 1 1,25 1,5 1,75 2 2,25 2,5
Altura das fiadas (m)
Figura 2 – Correlação da aderência com a altura de lançamento da argamassa.
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5. CONCLUSÕES
A resistência de aderência à tração apresenta uma variabilidade intrínseca de 52% para
o ensaio realizado e fatores como: o processo executivo do revestimento, os materiais
utilizados, as condições climáticas, dentre outros; respondem por uma variabilidade de
33% nos resultados do ensaio de aderência. A aderência da argamassa ao substrato não
ocorre de maneira homogênea em um plano de revestimento, devendo ser observada
como tal; pois a mesma apresenta um comportamento pontual entre amostras ensaiadas,
devido á sua alta variabilidade natural.
Os resultados obtidos para resistência de aderência à tração devem ser analisados
indiscriminadamente, em relação ao tipo de ruptura ocorrido; visto que, tanto o fato de
romper na interface de ligação (aderência pura) ou no interior dos materiais (falha de
estruturação interna), representam fraturas no sistema de revestimento. A ergonomia do
pedreiro, no momento do lançamento da argamassa ao substrato, influencia na
magnitude da resistência de aderência à tração.
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ASSOCIAÇÂO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 13529, Revestimento
de paredes e tetos de argamassas inorgânicas – Terminologia. Rio de Janeiro, 1995.
ASSOCIAÇÂO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 13528, Revestimento
de paredes e tetos de argamassas inorgânicas – Determinação da resistência de
aderência à tração – Método de ensaio. Rio de Janeiro, 1995.
CANDIA, M.C. Contribuição ao estudo das técnicas de preparo da base no
desempenho dos revestimentos de argamassa. São Paulo, 1998. 262 f. Tese
(Doutorado em Engenharia) – Departamento de Engenharia de Construção Civil e
Urbana, Escola Politécnica da Universidade de São Paulo.
CINCOTTO, M. A.; SILVA, M. A. C.; CARASEK, H. Argamassas de revestimento:
características, propriedades e métodos de ensaio. São Paulo: Instituto de Pesquisas
Tecnológicas (Publicação IPT 2378), 1995. 118 p. Boletim Técnico 68 IPT.
GONÇALVES, S. R. C. Variabilidade e fatores de dispersão da resistência de
aderência nos revestimentos em argamassa – estudo de caso. Brasília, 2004-1. 148 f.
Dissertação (Mestrado em Estruturas e Construção Civil) – Programa de pós-graduação
em Estrutura e Construção Civil, Universidade de Brasília (b).
SCARTEZINI, L. M. B. Influência do tipo e preparo do substrato na aderência dos
revestimentos de argamassa: estudo da evolução ao longo do tempo, influência da
cura e avaliação da perda de água da argamassa fresca. Goiânia, 2002. 262 f.
Dissertação (Mestrado em Engenharia Civil) – Escola de Engenharia Civil,
Universidade Federal de Goiás.
SELMO, S. M. S. Dosagem de argamassas de cimento Portland e cal para
revestimento externo de fachada de edifícios. São Paulo, 1989. 227 f. Dissertação
(Mestrado em Engenharia) – Departamento de Engenharia de Construção Civil e
Urbana, Escola Politécnica da Universidade de São Paulo.
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