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Tema 4 - Modalidades e Processos de Tradução

Objetivos do Tema 4:

 Processos de Tradução

 Termos e conceitos-chave
Elementos-chave: Alguns destes elementos-chave a professora tirou das vozes da cabeça dela pq
eles não constam em nenhum dos textos que ela enviou. Algumas infos iniciais são da Wikipédia.
- Estratégias gerais de tradução e procedimentos específicos de tradução:
A diferença entre os dois consiste em:

As estratégias gerais de tradução são abordagens amplas que os tradutores usam para traduzir textos de uma
língua para outra. Elas são essenciais para os tradutores, pois através do estudo meticuloso dessas estratégias,
o tradutor adquire métodos de identificação e reconhecimento de problemas de tradução e tem acesso a uma
categorização de soluções e de tratamentos distintos para os mesmos.

Os procedimentos específicos de tradução, por outro lado, referem-se a técnicas mais detalhadas que os
tradutores usam para lidar com problemas específicos de tradução. Por exemplo, como traduzir metáforas,
termos ou expressões dialectais, alusões, inversão de estruturas, questões retóricas; utilização de
estrangeirismos, notas de rodapé ou neologismos.

- Taxonomia clássica de mudanças linguísticas na tradução (Vinay & Darbelnet, 1958)


A “Taxonomia clássica de mudanças linguísticas na tradução” é uma teoria proposta por Vinay e Darbelnet em
1958. Eles analisaram textos em inglês e francês, destacando as diferenças entre os dois idiomas e
identificando diferentes estratégias e procedimentos de tradução.

Eles propuseram uma distinção entre dois grandes tipos de tradução: a tradução direta e a tradução oblíqua.

Na tradução direta, que inclui o empréstimo, o decalque e a tradução literal, observa-se uma maior
proximidade entre as unidades do texto de partida e do texto de chegada a traduzir, devido à existência de
paralelismos estruturais ou metalinguísticos entre elas.

Na tradução oblíqua, por outro lado, os desfasamentos entre as línguas obrigam a ajustes e, logo, a um maior
afastamento, em termos formais, da unidade de tradução de partida. As operações que nela se incluem são a
transposição, a modulação, a equivalência e a adaptação.

- Abordagem linguística da tradução e uso do termo "mudança de tradução" ("translation shift") (Catford,
1965/2000)
A “Abordagem linguística da tradução” é uma teoria proposta por J.C. Catford em 1965. Catford é conhecido
por introduzir o termo “mudança de tradução” (“translation shift”), que se refere a alterações que ocorrem
quando um texto é traduzido de uma língua para outra.

Catford argumentou que a tradução envolve dois níveis de equivalência: equivalência de nível e equivalência
de categoria. A equivalência de nível se refere à tradução de unidades em um nível particular (por exemplo,
gramática, morfologia), enquanto a equivalência de categoria se refere à tradução de unidades em uma
categoria particular (por exemplo, substantivo, verbo).

As “mudanças de tradução” ocorrem quando há uma falta de equivalência direta entre a língua de origem e a
língua alvo. Isso pode acontecer em vários níveis, incluindo mudanças de gramática, palavras e até mesmo
som.

Embora a “Taxonomia clássica de mudanças linguísticas na tradução” de Vinay e Darbelnet e a “Abordagem


linguística da tradução” de Catford tratem de aspectos semelhantes da tradução, elas são distintas em suas
abordagens e conceitos. Ambas as teorias contribuíram significativamente para o campo dos estudos de
tradução e continuam a ser referências importantes na área.

- A estilística da tradução identifica e analisa o estilo do tradutor (Malmkjær 2003)

- Os modelos cognitivos procuram explicar os processos de tradução através da teoria e da observação


- Protocolos de pensamento em voz alta e outros métodos experimentais para analisar o processo de tradução

- Enfatização da equivalência a nível do texto, vinculando funções de linguagem aos tipos de textos e
estratégias de tradução

- A "abordagem integrada" de Snell-Hornby ao tipo de texto na tradução

- A teoria da ação tradutiva (Holz-Mänttäri): um processo comunicativo que envolve uma série de atores

Segundo Holz-Mänttäri, a tradução é um processo comunicativo que envolve uma série de atores - não apenas
o tradutor, mas também o autor do texto de origem, o cliente que encomenda a tradução e o público-alvo.

A teoria propõe que o papel do tradutor é produzir um texto de destino cujos propósitos são definidos por
todos os participantes com antecedência. O objetivo da tradução é a criação de um “portador de mensagem”
que cumpra esses propósitos para o público-alvo.

Esta teoria é significativa porque reconhece a tradução como um ato social e colaborativo, em vez de um
processo isolado realizado por um único indivíduo
I. Estudo do texto de George Steiner intitulado "The Hermeneutic
Motion", extraído do Cap. V de After Babel (1975):

O movimento hermenêutico de Steiner

- Significado da expressão "Movimento Hermenêutico"


Movimento Hermenêutico é uma tipo de abordagem interpretativa. Como
metodologia de interpretação, trata dos problemas que surgem quando se
está lidando com ações humanas dotadas de significado e com produtos
dessas ações, principalmente textos. Como disciplina metodológica, oferece
um instrumental para tratar de maneira eficiente problemas de interpretação
das ações humanas, textos e outros materiais significativos

O termo “Movimento Hermenêutico” se refere a um processo interpretativo


contínuo e dinâmico, envolvendo a compreensão e a interpretação de textos,
contextos culturais, símbolos e significados. A hermenêutica é uma disciplina
que busca desvendar e compreender as mensagens subjacentes em diversas
formas de expressão, promovendo uma interação complexa entre o
intérprete e o objeto interpretado.
Hermenêutica: É uma palavra com origem grega e significa a arte ou técnica
de interpretar e explicar um texto ou discurso. A hermenêutica está presente
na filosofia, na área jurídica e na teologia, cada uma com seu significado.

- Enquadramento geral do texto em estudo

- 1º momento do Movimento hermenêutico: confiança

Confiança: Este é o primeiro momento do movimento hermenêutico. A


confiança aqui se refere à generosidade radical do tradutor, que aceita
antecipadamente que deve haver algo lá. Essa confiança no “outro” (na
alteridade ainda não experimentada e não mapeada do enunciado)
concentra, num grau filosoficamente dramático, a propensão humana para
ver o mundo como simbólico, como constituído de relações nas quais “isto”
pode significar "aquilo".

- 2º momento do Movimento Hermenêutico: agressão

O segundo momento do Movimento Hermenêutico, denominado agressão,


representa uma fase crítica e desafiadora. O tradutor invade o texto da
língua de origem, não mais movido pela confiança passiva, mas pela
intenção ativa de levar algo embora, de agarrar punhados de significado e
sair com eles. Neste estágio, o intérprete questiona e desafia o texto,
buscando identificar suas limitações, contradições e complexidades. A
agressão não é hostilidade, mas uma abordagem crítica que visa aprofundar
a compreensão, destacando as lacunas e ambiguidades no texto.

- 3.º momento do Movimento Hermenêutico: incorporação

Incorporação: Este é o terceiro estágio. O tradutor retorna para casa com o


saque em mãos. O tradutor que para neste estágio produz traduções
assimilativas - traduções tão completamente conformadas às normas da
língua alvo a ponto de não deixarem vestígios de suas origens na língua de
origem. – Desequilíbrio.

- 4.º momento do Movimento Hermenêutico: reciprocidade ou restituição

Restituição: Este é o estágio final. O tradutor invadiu a língua de origem e


roubou parte de sua propriedade; agora ele faz a restituição, traduzindo o
texto da língua de origem para uma língua alvo que está equilibrada entre as
puxadas divergentes dos contextos culturais da língua de origem e da língua
alvo.

Ele acredita que o texto é enchanced – melhorado pela tradução. E há casos,


segundo ele, onde a tradução fica melhor que o texto original.
Crítica à noção de "fidelidade" em tradução:

1. Conceito de Fidelidade:

 Steiner questiona a noção de "fidelidade" na tradução,


argumentando que a transmissão literal do significado não é
suficiente para capturar a essência e a intenção do texto
original.

2. Polissemia e Ambiguidade:

 Ele destaca a complexidade da linguagem e a presença de


polissemia e ambiguidade, afirmando que uma tradução estrita
pode perder nuances e camadas de significado presentes no
texto original.

3. Intenção do Autor:

 Steiner sugere que a fidelidade deve se estender à intenção do


autor, e não apenas ao significado superficial das palavras. A
compreensão profunda do contexto cultural e histórico é
essencial.

4. Cultura e Contexto:

 A crítica de Steiner enfatiza a importância de considerar o


contexto cultural, histórico e social ao traduzir, argumentando
que a fidelidade deve estender-se além das palavras para
abranger a atmosfera cultural subjacente.

Modelo Tradicional Tripartido:


O modelo tradicional tripartido é uma abordagem clássica para classificar
diferentes tipos de tradução com base na fidelidade ao texto original. Ele
consiste em três categorias principais:

1. Literalismo:

 Essa abordagem visa uma tradução palavra por palavra,


buscando manter a estrutura sintática e semântica do original o
mais próximo possível. Prioriza a fidelidade literal às palavras.

2. Paráfrase:

 A paráfrase envolve recontar o conteúdo do original com


diferentes palavras, muitas vezes com o objetivo de simplificar
ou esclarecer o significado. Nessa abordagem, o tradutor tem
mais liberdade para expressar a mensagem de maneira mais
acessível.

3. Tradução Livre:

 A tradução livre é uma abordagem mais flexível e criativa, na


qual o tradutor se afasta consideravelmente das palavras
originais para transmitir o significado de uma maneira que
considera mais adequada. Aqui, a ênfase está na interpretação
pessoal.

Críticas de George Steiner ao Modelo Tradicional Tripartido:


1. Literalismo:

 Steiner critica o literalismo por ser excessivamente restrito. Ele


argumenta que, ao se apegar rigidamente às palavras, a
tradução pode perder a vitalidade e a riqueza semântica
presentes no texto original. Aspectos como conotações culturais
e nuances linguísticas podem ser negligenciados.

2. Paráfrase:

 A crítica de Steiner à paráfrase está relacionada à subjetividade


do tradutor. Ele sugere que, ao recontar o conteúdo de maneira
pessoal, a interpretação do tradutor pode se sobrepor à intenção
original do autor, resultando em uma obra que reflete mais o
tradutor do que o criador original.

3. Tradução Livre:

 Steiner alerta que a tradução livre, embora ofereça liberdade


criativa, pode distorcer a obra original. Ao permitir uma
interpretação demasiadamente subjetiva, corre-se o risco de
perder a integridade e a intenção autoral.

4. Proposta Alternativa:

 Steiner propõe uma abordagem mais equilibrada, na qual o


tradutor se esforça para entender não apenas as palavras, mas a
intenção e a atmosfera cultural do autor. Isso implica uma
tradução que vai além das palavras e busca capturar a essência
do texto.
II. Estudo do texto de Katharina Reiss intitulado "Type, Kind and
Individuality of Text: Decision Making in Translation" (1981):

1. Definição de tradução interlinguística: A tradução interlinguística,


conforme abordada por Katharina Reiss, refere-se ao processo de
transposição de uma mensagem de uma língua-fonte para uma língua-
alvo. Esse processo envolve a recriação da mensagem em termos
linguísticos, considerando as nuances e características da língua de
chegada.
2. A tradução envolve necessariamente "modificações na
mensagem": Segundo Reiss, a tradução não é uma mera
transferência mecânica de palavras de uma língua para outra. Ela
implica a necessidade de modificar a mensagem para garantir que o
significado e a intenção originais sejam adequadamente transmitidos
na língua de chegada.

3. Modificações não intencionais:

 Devidas a diferenças estruturais entre as duas línguas: As


diferenças estruturais entre as línguas, como variações
gramaticais, sintáticas e semânticas, podem levar a modificações
não intencionais na tradução. A necessidade de ajustar a
estrutura linguística para preservar o significado é uma
característica intrínseca à tradução interlinguística.

 Devidas diferenças na competência tradutiva: As


disparidades na habilidade e competência dos tradutores podem
resultar em modificações não intencionais. O entendimento e
interpretação individuais podem influenciar as escolhas de
tradução e, consequentemente, a forma como a mensagem é
apresentada na língua de chegada.

4. Modificações intencionais: Katharina Reiss destaca que, além das


modificações inevitáveis, os tradutores também realizam ajustes
deliberados na mensagem. Essas modificações têm como objetivo
adaptar a expressão, estilo e estrutura da mensagem para atender às
convenções e expectativas da língua-alvo, mantendo, ao mesmo
tempo, fidelidade ao conteúdo e à intenção do texto original.

 Comunicação e Ação Linguística: Katharina Reiss destaca que a


comunicação ocorre tanto por meio de ações linguísticas quanto não
linguísticas. A ação linguística envolve o uso da linguagem como um
sistema simbólico para transmitir mensagens. Na tradução, a ação
linguística está intrinsecamente relacionada à transposição da
mensagem de uma língua para outra, visando preservar seu
significado e intenção.

 Ação Não-Linguística: Além da dimensão linguística, a comunicação


pode envolver ações não linguísticas, como gestos, expressões faciais
e outros elementos não verbais. No processo tradutivo, o tradutor
enfrenta o desafio de não apenas transpor elementos linguísticos, mas
também considerar e, quando possível, reproduzir elementos não
verbais que desempenham papel na comunicação original.

7. Tipos de Texto:

 Tipos de Texto (Conforme Katharina Reiss):

 Tipo Informativo: Textos cujo propósito principal é transmitir


informações de maneira objetiva e clara. A ênfase está nos fatos
e na apresentação lógica da informação.

 Tipo Expressivo: Textos que buscam expressar emoções,


sentimentos e subjetividade. A linguagem pode ser mais pessoal
e artística, e o foco está na expressão individual.

 Tipo Operativo: Textos que visam influenciar o destinatário a


realizar uma ação específica. Pode incluir instruções, comandos
ou solicitações.

8. Auxiliares de Orientação na Determinação do Tipo de Texto:

 Na determinação do tipo de texto, Reiss destaca a importância de


auxiliares de orientação, que são elementos no texto que indicam sua
função comunicativa. Exemplos desses auxiliares podem incluir
palavras-chave, estruturas frasais específicas, ou características
estilísticas que remetem a um determinado tipo textual.

9. Formas Mistas:

 Reiss reconhece que, na prática, muitos textos não se enquadram


rigidamente em apenas um tipo. Pode haver combinações de
características informativas, expressivas e operativas, resultando em
formas mistas. O tradutor deve ser sensível a essas nuances para
realizar uma tradução adequada que reflita a diversidade de funções
comunicativas presentes no texto original.

- Eventual necessidade de considerar tipos adicionais; funções fática e


poética; não necessidade

10. Tipo Multimedial:

 Definição de Tipo Multimedial (Conforme Katharina Reiss):

 Refere-se a textos que envolvem mais de um meio de


comunicação. Isso pode incluir, por exemplo, textos que
combinam linguagem escrita, imagens, áudio e/ou vídeo. A
tradução desses textos requer consideração não apenas das
palavras, mas também dos elementos visuais e auditivos.
11. Distinção da Variedade de Texto como Segunda Etapa da Fase de
Análise:

 Fase de Análise (Segundo Katharina Reiss):

 A fase de análise no processo tradutivo envolve a compreensão


profunda do texto original. A distinção da variedade de texto é
uma etapa subsequente nesse processo. Variabilidade textual
refere-se à diversidade de formas de comunicação presentes em
diferentes textos.

12. Definição de Variedade de Texto; Exemplos:

 Variedade de Texto (Conforme Katharina Reiss):

 Refere-se à diversidade de formas e estilos de comunicação


presentes nos textos. Essa diversidade pode abranger desde
diferenças nos tipos textuais até variações de registro, estilo e
tom. Exemplos incluem textos formais e informais, técnicos e
literários, entre outros. Cada variedade de texto exige uma
abordagem específica durante o processo tradutivo para
preservar sua função comunicativa original.

12. Consideração do Estilo como Terceira Etapa da Fase de Análise


(Conforme Katharina Reiss):

Definição de Estilo na Tradução:

A terceira etapa da fase de análise, de acordo com Katharina Reiss,


concentra-se na análise do estilo. Aqui, o texto individual é colocado em
destaque. O estilo, nesse contexto, refere-se à seleção ad hoc de signos
linguísticos e de suas possibilidades de combinação fornecidas pelo sistema
de linguagem.

Importância do Estilo na Tradução:

Essa análise de estilo é de suprema importância, pois é nesse nível que a


"batalha decisiva" do tradutor é travada. Estratégias e táticas são
direcionadas pelo tipo e variedade do texto. O estilo é crucial para garantir a
equivalência funcional desejada na tradução.

Análise Detalhada do Uso da Linguagem:


O uso da linguagem no texto-fonte (SL) é investigado para esclarecer, em
detalhes, quais meios linguísticos são utilizados para realizar funções
comunicativas específicas e como o texto está construído. Isso envolve uma
análise semântica, sintática e pragmática detalhada.- Fase de reverbalização

Fase de Reverbalização
Na Fase de Reverbalização, a classificação de tipo de texto e variedade de
texto é essencial no processo de tradução, como defendido por Katharina
Reiss. A tese central é que o tipo de texto determina o método geral de
tradução, enquanto a variedade de texto exige consideração para as
convenções de linguagem e estrutura textual.

Em casos normais, quando se busca equivalência funcional, o conteúdo do


texto-fonte deve ser mantido no texto-alvo. Isso envolve, por exemplo,
explicitar o implícito quando necessário devido a diferenças estruturais e
pragmáticas entre as línguas.

Em situações artísticas, a tradução busca uma organização análoga na


língua-alvo, preservando a qualidade artística. Por exemplo, na obra de
Ortega y Gasset, a tradução funcionalmente equivalente mantém a qualidade
artística, mesmo com ajustes na escolha de palavras.

Para textos persuasivos, a adaptação é essencial. O uso de linguagem


persuasiva deve ser ajustado para atender às necessidades da nova
comunidade linguística. Além disso, dado que forma e função dos sinais
linguísticos não mostram uma relação 1:1, a mesma sequência no texto-
fonte pode ser representada por diferentes sequências na língua-alvo,
dependendo do tipo e variedade de texto.

Em casos especiais, como mudanças de função, a tipologia de tradução


torna-se mais relevante que a tipologia do texto original. O objetivo é
alcançar um texto na língua-alvo com uma forma adequada à "função
estrangeira", adaptando-se às necessidades do novo contexto de uso.

Portanto, a fase de reverbalização é um processo complexo que exige


escolhas cuidadosas para garantir não apenas a equivalência funcional, mas
também a adequação da forma ao propósito pretendido na língua-alvo.

- Explicitar o implícito

"Explicitar o implícito" refere-se ao ato de tornar claro ou evidente o que está


implicitamente presente no texto-fonte durante o processo de tradução. Em
muitos casos, os textos contêm significados subjacentes ou não expressos
que são compreendidos pelos falantes nativos da língua-fonte, mas que
podem não ser tão óbvios para os leitores da língua-alvo.
Ao explicitar o implícito, o tradutor busca tornar explícito, por meio de
palavras ou estruturas adicionais, o significado subjacente presente no texto-
fonte. Isso é feito para garantir que a mensagem original, incluindo nuances,
intenções e inferências, seja transmitida de maneira compreensível e
apropriada na língua-alvo. O objetivo é evitar ambiguidades e garantir que o
leitor na língua-alvo compreenda totalmente o que o autor pretendia
comunicar.

1. Tradução por Identificação:

 É um modo de tradução utilizado quando o texto-fonte (SL) é


artístico.

 O tradutor busca identificar-se com a intenção artística e criativa


do autor do texto-fonte.

 O objetivo é manter a qualidade artística do texto durante a


tradução.

2. Tradução Adaptativa:

 É um modo de tradução aplicado quando o texto-fonte contém


elementos persuasivos destinados a desencadear impulsos de
comportamento.

 O tradutor adapta os mecanismos psicológicos do uso da


linguagem persuasiva às necessidades da nova comunidade
linguística.

 O foco está na adaptação para garantir que o texto traduzido


possa desencadear impulsos de comportamento análogos ao
texto-fonte.

3. Equivalência Funcional:

 Refere-se à busca pela equivalência funcional durante o processo


de tradução.

 Em casos normais, quando o conteúdo é transmitido, a tradução


visa manter a invariabilidade do conteúdo.

 Pode exigir a explicitação do implícito no texto-fonte para


garantir a equivalência funcional.
 Em casos de textos artísticos, a equivalência funcional é buscada
mantendo a qualidade artística do texto.

III. Estudo do texto "Translation and the Trials of the Foreign" de


Antoine Berman (1985):

- Conceito de "prova do estrangeiro"; a sua origem em Hölderlin e a


sua dupla significação:
Hölderlin – Die Erfahrung des Fremden

1. "Prova do Estrangeiro" na Poesia de Hölderlin:

 Significado: A "prova do estrangeiro" é um conceito importante em


Hölderlin, explorado por Heidegger. Refere-se a uma experiência
poética que envolve o confronto com o estrangeiro.

 Exemplo: Hölderlin vivenciou essa prova ao traduzir as obras de


Sófocles, especialmente quando ele estava perto de sua fase de
loucura (which is in fact the last “work” Hélderlin published before
descending into madness. In its own time, this translation was
considered a prime manifestation of his madness. Yet today we view it
as one of the great moments of western translation)

A dualidade – a dupla significação:

1. Relação entre o Conhecido e o Desconhecido:

 Primeira Significação: A tradução estabelece uma relação


entre o familiar, o "Self-Same" (Propre), e o desconhecido, o
"Estrangeiro". Aqui, "Self-Same" refere-se ao que é próprio e
familiar. A tradução busca abrir a obra estrangeira em toda a
sua estranheza, permitindo que o leitor acesse e compreenda a
essência original do estrangeiro.

 Exemplo no Texto: Hölderlin destaca a estranheza da Palavra


Trágica Grega, algo que muitas traduções "clássicas" tentam
suavizar. (Hélderlin reveals the strangeness of the Greek tragic
Word, whereas most “classic” translations tend to attenuate or
cancel it)

2. Prova para o Estrangeiro:


 Segunda Significação: Além de ser uma experiência para
quem traduz, a tradução é também uma prova para a obra
estrangeira em si. A obra é "arrancada" de sua própria base
linguística (sol-de-langue), resultando frequentemente em uma
espécie de exílio. Essa "prova" revela o poder singular da
tradução em expor o núcleo mais original e profundo da obra
estrangeira. Mesmo sendo afastada de sua língua original, a obra
mostra sua verdadeira essência.

 Exemplo no Texto: Hölderlin destaca dois princípios opostos na


linguagem da obra de Sófocles: a violência imediata da Palavra
Trágica e a "sobriedade sagrada" que a racionaliza. Traduzir para
Hölderlin significa liberar essa violência, intensificando-a na
linguagem da tradução, acentuando sua estranheza.

Portanto, a dupla significação da "prova do estrangeiro" na tradução


refere-se a essa dualidade de experiências. Por um lado, é a relação
entre o conhecido e o desconhecido, buscando abrir a obra estrangeira
em toda a sua estranheza. Por outro lado, é uma prova para a própria
obra estrangeira, revelando seu núcleo mais profundo, apesar do
processo muitas vezes doloroso de ser retirada de sua linguagem
original. Essa abordagem dupla destaca a complexidade e a riqueza do
ato de traduzir.

- Considerações acerca da tradução de Sófocles por Hölderlin


A tradução de Sófocles por Hölderlin é contextualizada como uma expressão
única da "prova do estrangeiro", envolvendo desafios, intensificação da
estranheza e revelação do núcleo mais profundo da obra estrangeira.

Lembrar de todos os outros pontos que citei acima relativos a esse tema.

- Hölderlin e a "acentuação da estrangeiridade" na tradução


Para ele, o ato de traduzir significa, acima de tudo, liberar a violência reprimida no trabalho (ST –
Source Text) através de uma série de intensificações na língua de tradução. Em outras palavras,
acentuar os estrangeirismos. Paradoxalmente, essa intensificação seria a única forma de nos termos
acesso ao texto. “ Alain addressed the topic of translation in one of his remarks on literature”:

Texto de Alain (1934): - resumo:

Alain descreve a ideia de traduzir um poeta (sim, poet), seja em inglês, latim ou grego, palavra por
palavra, preservando a ordem das palavras até mesmo a métrica e as rimas. Ele reconhece que o
processo pode resultar em uma tradução que parece uma "mosaico de barbarismos", mal unidos e
cimentados, mas com uma força, um lampejo e uma violência. A tradução, segundo Alain, faz com
que a linguagem original abale a linguagem traduzida com toda a sua força libertada.
- Foucault e a ideia de um "descarrilamento" da língua da tradução,
por via da própria tradução

Texto de Foucault (1969):

Foucault distingue entre dois métodos de tradução. Um preserva algo idêntico (significado, valor
estético) ao passar para outra língua, indo "do semelhante para o mesmo". O outro método é mais
radical, lançando uma língua contra a outra, tratando a língua traduzida como um alvo. Essa
abordagem não busca levar o significado de volta a si mesmo ou a qualquer outro lugar, mas sim
usar a língua traduzida para desviar a língua tradutora. Foucault destaca a necessidade de refletir
sobre o objetivo ético da tradução, recebendo o estrangeiro como estrangeiro.

Descarrilamento da Língua da Tradução:

A ideia de "descarrilamento" é introduzida quando Foucault descreve a segunda categoria de


tradução, onde uma língua é lançada contra outra. Nesse contexto, a tradução não tem a intenção
de conduzir um significado de volta a si mesmo ou a outro lugar, mas sim de usar a língua traduzida
como um meio para perturbar ou desviar a língua que está traduzindo.

Tratamento da Traduzida como Alvo:

Ao descrever as traduções que lançam uma língua contra outra, Foucault usa a metáfora de tratar o
texto original como um "projétil" e a língua traduzida como um "alvo". Nesse contexto, a tradução
não é vista como uma simples transferência de significado, mas como um ato mais agressivo que
visa impactar e alterar a própria língua da tradução.

Objetivo de Desviar a Língua da Tradução:

A função dessas traduções mais radicais não é restaurar ou preservar o significado, mas sim desviar a
língua da tradução. O objetivo é causar uma perturbação na língua que está sendo usada para
traduzir, interrompendo seu curso usual e introduzindo elementos disruptivos.

Em resumo, Foucault sugere que a prática de tradução não é homogênea e que algumas traduções
têm o propósito deliberado de "descarrilar" a língua da tradução, perturbando-a e desafiando suas
convenções habituais. Essa abordagem destaca a diversidade de intenções e efeitos possíveis na
atividade de tradução.

- A oposição radical entre a ideia de "prova do estrangeiro" na


tradução e a "naturalização" na tradução
Essa ideia já foi discutida por outros autores durante os temas anteriores, com nomenclaturas
parecidas, mas no texto ela é abordada da seguinte maneira:

"Prova do Estrangeiro" na Tradução:

A "prova do estrangeiro" na tradução, conforme discutida por Heidegger e relacionada a Hölderlin,


refere-se à experiência poética que ocorre através da tradução. Nesse contexto, a tradução é vista
como um teste, um desafio ao estrangeiro, buscando manter a estranheza e singularidade da obra
original.
Naturalização na Tradução:

A "naturalização" na tradução representa uma abordagem oposta, onde a ênfase recai na tornar a
obra estrangeira mais familiar ou alinhada com a língua receptora. Isso pode envolver suavizar a
estranheza, simplificar a linguagem ou adaptar a obra para se adequar mais aos padrões culturais e
linguísticos da língua de chegada.

Oposição Radical:

A oposição radical entre a "prova do estrangeiro" e a "naturalização" está relacionada à maneira


como a tradução é concebida. Enquanto a primeira busca manter a estranheza e desafiar o leitor, a
segunda procura integrar a obra estrangeira de uma forma que a torne mais palatável para a cultura
receptora.

Ética da Tradução:
A discussão sobre a "naturalização" levanta questões éticas, especialmente quando consideramos o
propósito da tradução. Antoine Berman destaca a necessidade de uma reflexão ética sobre o
objetivo da tradução, argumentando que a "naturalização" pode representar uma negação do
estrangeiro, ao invés de um verdadeiro encontro com o outro.

- Considerações globais sobre a "analítica da tradução" proposta pelo


autor

- O "sistema de deformação textual" envolvido na tradução


No início de seu ensaio "Translation and Trials of the Foreign" (1985), Berman indica sua
intenção de analisar sucintamente o sistema de deformação textual presente em todas as traduções,
que impede que estas sejam verdadeiramente uma experiência autêntica do estrangeiro, ao afirmar
que: "I propose to examine briefly the system of textual deformation that operates in every
translation and prevents it from being a 'trial of the foreign'" (Berman, 1995, p.286).

Em essência, Berman expõe uma investigação crítica sobre as tendências deformantes


inerentes ao ato de tradução e como essas práticas impedem que a tradução se torne o "trial of the
foreign", entendido como a capacidade da tradução de apresentar ao leitor uma experiência verídica
com o estrangeiro, preservando características únicas e originais do texto fonte, ou a sua essência
individual. Para o autor, ao negar essa essência, no sentido de recusar inserir na cultura de chegada
a estranheza do "outro", onde o leitor tem a impressão de que o texto traduzido foi escrito
originalmente na língua de chegada, o tradutor está modificando o texto original e deformando a
tradução: "As if translation, far from being the trials of the Foreign, were rather its negation, its
acclimation, its 'naturalization.' As if its most individual essence were radically repressed" (Berman,
1995, p.285).

Ainda ao concluir suas análises sobre as tendências deformantes, o autor constata que as
mesmas conduzem a uma produção de textos traduzidos que, muitas vezes, são percebidos como
mais claros, elegantes e puros quando comparados com os originais, o que seria, nas palavras de
Berman, "They are the destruction of the letter in favor of meaning" (Berman, 1985, p.297), algo
como “Elas são a destruição da forma em prol do sentido”. Aqui, “letter” transpassa a ideia de letras
do alfabeto, mas refere-se à forma específica, estilo e expressão, quiçá essência, encontrados no
texto original. A "destruction of the letter" indica a perda dessa forma e da expressão original do
texto, enquanto "in favor of meaning" demonstra que tal perda ocorre em benefício da transmissão
do significado.

Berman não considera as ideias respaldadas pela tradição filosófica como erradas, mas
propõe discutir se a única tarefa da tradução seria a da restituição do significado. Neste contexto,
introduz a ideia de “tradução literal", no sentido de ater-se também à letra/forma (letter) das obras,
reconhecendo-a como uma parte fundamental do processo de tradução. Isso não apenas restauraria
o processo específico de significação das obras, que vai além do significado, mas também
desempenharia um papel crucial na própria transformação da linguagem de tradução (Berman,
1985. p. 297).

- O duplo sentido de uma "analítica da tradução": sentido "cartesiano"


e sentido "psicanalítico"

Sentido "Cartesiano" da Analítica da Tradução:

O sentido "cartesiano" refere-se a uma análise detalhada e sistemática das forças de deformação
presentes em cada tradução. É uma abordagem que busca identificar e compreender as tendências
que desviam a tradução de seu objetivo essencial, semelhante a uma análise cartesiana que busca
examinar um sistema de maneira lógica e estruturada.

Sentido "Psicanalítico" da Analítica da Tradução:

O sentido "psicanalítico" da analítica da tradução reconhece que o sistema de deformação é, em


grande parte, inconsciente e atua como uma série de tendências ou forças. Assim como na
psicanálise, que explora o inconsciente para entender comportamentos e motivações, a análise da
tradução procura revelar essas forças inconscientes que influenciam o ato de traduzir.

- Analítica negativa e necessidade de uma analítica positiva


- Analítica negativa toma por objeto aquilo que há de etnocêntrico, de
anexionista e de hipertextual (pastiche, imitação, adaptação, reescrita livre)
nas traduções

- Analítica de Berman centrada no estudo das "tendências


deformantes" na prosa literária (romance e ensaio)
Em suma, a "Analítica de Berman" na tradução da prosa literária visa analisar e compreender as
forças que distorcem a prática da tradução, destacando a necessidade de consciência ética e
colaboração multidisciplinar para aprimorar a qualidade da tradução em contextos mais complexos.
- Relativa "ausência de forma" na prosa literária e em particular no
romance
Em resumo, a "ausência relativa de forma" na prosa literária, como no
romance, destaca a natureza polilíngue, fluida e, por vezes, descontrolada da
expressão literária, onde a riqueza linguística é valorizada, mesmo que isso
signifique uma forma menos estruturada em comparação com a poesia.

Estudo da analítica bermaniana das tendências deformantes:


- Racionalizaçãov

- Clarificação

- Expansão

- Enobrecimento e popularização

- Empobrecimento qualitativo

- Empobrecimento quantitativo

- Destruição de ritmos

- Destruição de redes de significação subjacentes

- Destruição de padrões linguísticos

- Destruição de redes vernaculares ou respetiva exotização

- Destruição de idiomatismos

- Apagamento da sobreposição de línguas.

Durante sua análise, Berman identificou doze tendências deformantes da tradução, com
enfoque na análise da tradução de textos do tipo prosa, onde algumas fazem-se mais presentes em
determinados contextos tempo-culturais e outras são mais acentuadas em determinados espaços
linguístico-culturais. Essas tendências são: racionalização, uma das tendências deformantes da
tradução que atinge principalmente as estruturas sintáticas e tende a anular elementos e
imperfeições que são, muitas vezes, condições existentes nos textos originais; clarificação, tendência
que opera no nível da clareza de palavras e expressões, tornando-se perniciosa na possibilidade de
tornar muito claros elementos que podem parecer indefinidos ou ambíguos no texto original
expansão, Berman observa que toda tradução tende a ser mais longa que o original, principalmente
devido às tendências de racionalização e clarificação; enobrecimento, que envolve a reescrita do
estilo do texto original numa busca do tradutor por elementos como elegância e refinamento;
empobrecimento qualitativo e quantitativo, referem-se, simultaneamente, à perda de riqueza
sonora e semântica ocorridas pela tradução; destruição de ritmos, trata da importância do ritmo do
texto original como elemento de sua essência e como o mesmo pode ser afetado negativamente
através da tradução; destruição de redes subjacentes de significação, refere-se às perdas de
conexões significativas entre palavras e termos que formam redes ou padrões mais profundos ou
mais recorrentes dentro da obra original; destruição de padrões linguísticos, fala sobre a perda ou
alteração dos padrões específicos de linguagem presentes na obra original durante o processo de
tradução; destruição de redes vernaculares ou sua exotização, ocorre quando características
vernaculares são eliminadas, perdendo-se autenticidade e determinadas nuances das culturas locais,
ou são exageradas de forma estereotipada, resultando em uma representação distorcida e
caricatural do original; destruição de expressões e idiomas, refere-se ao fenômeno em que o
processo de tradução falha em preservar expressões idiomáticas, modismos e provérbios presentes
no texto original; e o apagamento da superposição de idiomas, que aborda a dificuldade presente de
preservar elementos em obras que contêm mais de uma língua ou dialeto e a sobreposição dos
mesmos (Berman, 1985, p.288-295).

Todas essas tendências representam diferentes maneiras pelas quais a tradução pode
alterar, distorcer ou perder elementos presentes no texto original e, segundo Berman (1985, p.295),
todas essas tendências estão presentes na tradução ocidental. Esta é caracterizada por uma
restituição embelezadora do significado e influenciada por ideias filosóficas platônicas que separam
espírito e letra, sentido e palavra, conteúdo e forma, o sensível e o não sensível.

IV. Estudo do texto "The Nature and Role of Norms in Translation",


de Gideon Toury (1995):

A norma inicial de Toury e o continuum da tradução adequada e aceitável

- Observações preliminares: atividade de Toury nos Estudos Descritivos de


Tradução, enquadramento sociológico da sua investigação, preferência do
autor pelo ponto de vista da receção por parte da língua/cultura de chegada,
não imperativo das "normas"
Para Gideon Toury, a tradução transcende a ideia de geração de enunciados que poderiam
ser considerados ”traduções” quando analisados do ponto de vista de outras disciplinas como
Linguística, Textologia ou Pragmática. Embora tais disciplinas possam explicar alguns fenômenos de
tradução, o ato tradutório teorizada por Toury não pode ser reduzido a isso. Para ele, a tradução
deve ser vista como algo que possuí um significado cultural (Toury, 2012, p. 267). Portanto, ser um
tradutor significa, antes de tudo, ser capaz de desempenhar um papel sociocultural, ou em outros
termos, ser capaz de cumprir com funções atribuídas por uma comunidade à atividade, aos seus
praticantes e/ou seus produtos.

Preferência pelo Ponto de Vista da Receção: Toury demonstra uma preferência pelo ponto
de vista da recepção, sugerindo que o foco deve estar na compreensão das normas e práticas de
tradução na língua/cultura de chegada. Isso implica uma ênfase na resposta do público alvo às
traduções.

Normas e Comportamentos: Definição Geral de Normas


O texto aborda as normas como regras sociais que regulam o
comportamento em uma comunidade. Essas normas podem variar em sua
força e aplicação, indo desde regras gerais e relativamente absolutas até
idiossincrasias individuais. Normas são vistas como fundamentais para a
compreensão do comportamento humano, proporcionando critérios para
avaliação e servindo como fonte de ordem social. O texto destaca a natureza
relativa e dinâmica das normas, que podem mudar ao longo do tempo.

Tradução como Atividade Governada por Normas

O texto explora a tradução como uma atividade complexa influenciada por


normas sociais e culturais. Destaca que a tradução não pode ser reduzida
apenas à geração de textos equivalentes, conforme definido por disciplinas
linguísticas, mas deve ser considerada como uma atividade com significado
cultural. O papel do tradutor é percebido como desempenhando uma função
social, cumprindo uma atribuição da comunidade em relação à atividade, aos
praticantes ou aos produtos da tradução. A aquisição de normas é
considerada essencial para se tornar um tradutor em um ambiente cultural
específico. O texto também discute a distinção entre adequação e
aceitabilidade na tradução, onde a adequação se refere à fidelidade ao texto
original, enquanto a aceitabilidade aborda a recepção da tradução na cultura
de chegada.

- Adequação vs. Aceitabilidade


1. Adequação (Adequacy):

 Refere-se à fidelidade da tradução em relação ao texto de origem, seguindo as


normas e características da fonte.
 Um tradutor que adota uma abordagem de adequação procura preservar o
conteúdo, estilo e intenção do texto original o máximo possível.

 Isso implica uma orientação mais centrada no texto de origem, onde o foco está na
reprodução fiel das características do texto original, mesmo que isso possa resultar
em diferenças culturais ou linguísticas percebidas no texto traduzido.

2. Aceitabilidade (Acceptability):

 Refere-se à recepção e aceitação da tradução pelo público-alvo na língua/cultura de


chegada.

 Um tradutor que se concentra na aceitabilidade prioriza a fluidez e a naturalidade da


tradução para o público-alvo, mesmo que isso envolva ajustes para se adequar às
normas e expectativas da cultura receptora.

 Este conceito leva em consideração a adaptabilidade da tradução para garantir que


ela seja bem recebida e compreendida pelo público-alvo, mesmo que isso signifique
afastar-se das características específicas do texto original.

Em resumo, enquanto a adequação se concentra na fidelidade ao texto de origem, a aceitabilidade


está mais preocupada com a receptividade da tradução no contexto cultural e linguístico de destino.
Tradutores muitas vezes enfrentam o desafio de encontrar um equilíbrio entre esses dois princípios,
considerando as normas e expectativas tanto da língua de origem quanto da língua de chegada. Essa
dicotomia destaca a complexidade e as escolhas subjacentes envolvidas no processo de tradução.

- Normas preliminares vs. normas operacionais

Normas Preliminares: Dizem respeito a considerações iniciais que afetam a escolha e a política de
tradução. Isso inclui fatores como a existência e natureza de uma política de tradução, que governa
a seleção de tipos de texto a serem traduzidos em uma cultura ou língua em um determinado
momento. Outra consideração nas normas preliminares é a direção da tradução, abordando se é
permitida a tradução direta de outras línguas ou se há restrições e preferências quanto às línguas de
origem.

Normas Operacionais: Referem-se às decisões tomadas durante o ato de tradução em si. Elas
influenciam a estrutura do texto traduzido, a distribuição de material linguístico, bem como a
formulação verbal. As normas operacionais direcionam as relações entre o texto de chegada e o
texto de origem, determinando o que permanecerá inalterado durante a transformação e o que será
modificado. Isso inclui decisões sobre o grau de fidelidade ao texto original (adequação) em
comparação com a adaptação às normas da cultura de chegada (aceitabilidade).

Para lembrar: Preliminares – antes da traducao

Operacionais – Durante
- Normas matriciais
Normas matriciais, também conhecidas como "regras", influenciam a presença e a distribuição do
material na língua de chegada, afetando o quão completo é o processo de tradução, onde o material
é colocado no texto e como ocorre a segmentação textual. Decisões sobre omissões, adições,
mudanças de localização e manipulações de segmentação são moldadas por essas normas, embora
uma possa ocorrer sem a outra. As fronteiras entre esses fenômenos matriciais não são claras, com
grandes omissões frequentemente envolvendo alterações na segmentação, e mudanças de
localização sendo explicadas como omissões compensadas por adições em outros lugares. A
descrição desses eventos visa fornecer explicações plausíveis, mesmo que a verdade exata seja difícil
de determinar.

- Normas linguístico-textuais
As normas linguístico-textuais referem-se a padrões e regras que influenciam a seleção do material
linguístico utilizado na tradução e sua organização no texto. Essas normas orientam a escolha de
expressões linguísticas, estrutura de frases e outros elementos textuais, garantindo que a tradução
seja linguisticamente adequada e coesa. Elas desempenham um papel fundamental na
conformidade da tradução com as expectativas e convenções linguísticas da língua de chegada.

- Multiplicidade das normas tradutivas


O texto explora a complexidade das normas na tradução, destacando desafios relacionados à sua
compreensão. Enfatiza a natureza específica e instável das normas, que não se aplicam
uniformemente em todas as áreas ou entre culturas. Diferentes normas coexistem na sociedade,
moldando o comportamento dos tradutores, críticos e instituições de treinamento. A conformidade
com normas em constante mudança não é simples, e diversas normas, como as dominantes,
remanescentes e emergentes, coexistem na prática da tradução. O texto defende a contextualização
histórica como essencial para entender as normas tradutivas, reconhecendo a possibilidade de
comportamentos não normativos que podem influenciar o sistema ao longo do tempo.

- Fontes para a «reconstrução» das normas tradutivas: fontes textuais


e extratextuais
Fontes Textuais:

Textos Traduzidos: Os próprios textos traduzidos são considerados fontes


primárias, pois representam produtos imediatos do comportamento regulado
por normas.

Inventários Analíticos: Inventários analíticos de traduções, que são espécies


de textos virtuais, também fornecem informações sobre normas
preliminares.

Fontes Extratextuais:
Formulações Semi-Teóricas ou Críticas: Incluem teorias prescritivas de
tradução, declarações feitas por tradutores, editores, e outras pessoas
ligadas à atividade, bem como avaliações críticas de traduções individuais ou
de uma escola de tradutores.

Normas Regulatórias: Essas fontes não representam diretamente as normas,


mas são produtos secundários da existência e atividade das normas. Devem
ser interpretadas com cautela devido à possibilidade de viés, lacunas e até
mesmo intenções enganosas.

- Modelo de representação de normas segundo Jay Jackson


Este modelo visa mostrar a distribuição de aprovação/desaprovação entre os
membros de um grupo social ao longo de um determinado tipo de
comportamento.

- Classificação das normas segundo o modelo referido: normas


básicas, normas secundárias e comportamentos tolerados
1. Normas Básicas (Primárias):

 O que são: São as regras mais importantes e obrigatórias para


todos no grupo.

 Onde estão na curva: No topo da curva.

 Como são: São intensas e não permitem muita flexibilidade.

2. Normas Secundárias (ou Tendências):

 O que são: São comportamentos que são bons, mas não


obrigatórios para todo o grupo.

 Onde estão na curva: Perto do topo, mas não no ponto mais


alto.

 Como são: Menos intensas que as básicas, mas cobrem mais


tipos de comportamento.

3. Comportamento Tolerado (Permitido):

 O que é: É o que o grupo aceita, mas não necessariamente


aprova fortemente.

 Onde está na curva: Na parte restante acima do eixo


horizontal.
 Como é: Tem a menor intensidade.

- Hipótese de ultrapassagem do plano das normas tradutivas numa


hipotética formulação de leis probabilísticas da tradução

A hipótese sugere ultrapassar normas específicas de tradução e avançar para


leis probabilísticas mais abrangentes que descrevam padrões de
comportamento durante a tradução. Isso envolve ir além das limitações das
normas, buscando formulações mais universais que possam ser aplicáveis
em diversos contextos. O autor destaca a necessidade de métodos de
pesquisa sistemáticos, incluindo abordagens estatísticas, para desenvolver
uma compreensão mais ampla e probabilística do comportamento tradutório.

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