Aula 4
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ORGANIZAÇÃO DE SERVIÇOS
EXTRAJUDICIAIS
AULA 4
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CONVERSA INICIAL
Nesta aula, iremos tratar especificamente dos tabelionatos de notas e tabelionatos de protestos.
Vamos conhecer o que compete especificamente ao serviço notarial bem como ao de protesto de
1997).
Você sabe o que faz um serviço notarial? Quais documentos são produzidos nesse serviço? Você
saberia dizer especificamente que atividades são realizadas pelo serviço de tabelionato de protestos
de títulos? No que se refere ao tabelionato de protestos, iremos identificar cada um dos títulos e
A Lei n. 9.492/1997, conhecida como Lei dos Protestos, é a lei que trata especificamente dos
serviços de protesto de títulos, definindo competências e regulamentando todos os serviços que lhes
Mas, o que é protesto? Define-se protesto como “[...] ato formal e solene pelo qual se prova a
inadimplência e o descumprimento de obrigação originada em títulos e outros documentos de
dívida” (Brasil, 1997). Conforme nos lembra Debs (2018, p. 1.460), “a própria lei nos dá o conceito
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haja a chamada constituição em mora, a partir do que surgem efeitos jurídicos decorrentes. Segundo
Luz (2014, p. 253), a mora pode ser conceituada como “[...] impontualidade no cumprimento de uma
dívida ou obrigação por parte do devedor ou credor. Consideram-se em mora o devedor que não
efetuar o pagamento e o credor que não quiser recebê-lo no tempo, no lugar e na forma que a lei ou
convenção estabelecer”.
Assim, o protesto tem por função provar o inadimplemento da dívida e fixar o termo inicial da
incidência dos juros e atualização monetária. Além disso, outras funções também são verificadas,
como:
a. possibilitar ao credor ingressar com pedido de falência do devedor pessoa jurídica e fixar o
termo legal da falência que é a data em que o título foi protestado, conforme Lei n. 11.101/2005
(Brasil, 2005);
b. interromper a prescrição do fato, conforme art. 202, inciso II, do Código Civil (Brasil, 2002);
documentos de dívida para prova do descumprimento da obrigação; intimar os devedores dos títulos
para aceitá-los, devolvê-los ou pagá-los, sob pena de protesto; receber o pagamento dos títulos
protocolados, dando quitação deles; fazer o protesto, registrando o ato em livro próprio ou mediante
outra forma de documentação; acatar o pedido de desistência do protesto formulado pelo
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Conforme se verifica no art. 1º da Lei n. 9.492/1997, são passíveis de protesto os “[...] títulos e
outros documentos de dívida” (Brasil, 1997), logo, existe uma diferenciação entre o que seriam os
Títulos são os títulos de crédito, sendo estes os documentos que “[...] representam uma
verdadeira operação de crédito, possibilitando a circulação de direitos de crédito através da
negociabilidade” (Debs, 2018, p. 1.467). Eles estão definidos no art. 887 do Código Civil, segundo o
qual: “O título de crédito, documento necessário ao exercício do direito literal e autônomo nele
contido, somente produz efeito quando preencha os requisitos da lei” (Brasil, 2002).
b. conhecimento de transporte;
c. cheque;
d. cédula hipotecária;
j. nota promissória;
k. duplicata;
l. letra de câmbio.
Com relação aos requisitos formais dos títulos, o art. 889 do Código Civil estabelece que o
documento – título – deve conter a sua data de emissão, a indicação precisa dos direitos que confere
e a assinatura do emitente (Brasil, 2002), considerando que a omissão de qualquer requisito legal
retirará do título sua validade, no entanto, não significará, por si só, a invalidade do negócio jurídico.
Isso quer dizer que, ao recepcionar o título para protesto, caberá ao tabelião analisar os requisitos
formais do título apenas, não cabendo adentrar os aspectos do negócio jurídico, em si, celebrado
entre as partes.
Já com relação aos chamados outros documentos de dívida, a doutrina entende tratar-se de “[...]
todo título executivo, seja judicial ou extrajudicial, dotados de liquidez, certeza e exigibilidade” ou
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ainda “[...] qualquer documento representativo de obrigação com conteúdo econômico” (Debs, 2018,
p. 1.467-1468). São exemplos de outros documentos de dívida, também, os contratos assinados por
duas testemunhas, a escritura pública assinada pelo devedor, a certidão de dívida ativa expedida pela
União, estados, Distrito Federal (DF) e municípios, as decisões judiciais (sentenças e acórdãos) e as
decisões homologatórias da autocomposição judicial ou extrajudicial.
Os documentos e títulos, quando forem apresentados para protesto, serão analisados pelo
tabelião de modo que este verificará o preenchimento dos requisitos formais para seu acolhimento;
dessa forma, não pode o tabelião adentrar o mérito do negócio jurídico, mas tão somente realizar
uma análise extrínseca, ou seja, uma análise de se o documento ou título apresentado possui todos os
elementos necessários e requisitos exigidos na lei, como data de emissão, assinatura, valor declarado,
entre outros. Esse procedimento recebe o nome de qualificação, que é a análise, pelo tabelião, dos
Importante observação diz respeito ao fato de que sequer poderá obstar o protesto o fato de a
dívida estar prescrita ou ter havido sua caducidade, uma vez que o tabelião de protestos não poderá
fazer essa análise. Nesse sentido, Debs (2018, p. 1.540, grifo do original) salienta que:
não cabe qualquer discussão sobre a causa dos títulos ou dos documentos de dívida – que deve ser
estabelecida, se for o caso, perante o judiciário, assim não compete ao tabelião investigar a
ocorrência de prescrição ou decadência do título. No serviço de protesto a análise resumir-se-á aos
caracteres formais que devem estar presentes como estabelece o dispositivo em comento.
Poderão ser apresentados para protesto os documentos e títulos emitidos fora do Brasil e em
moeda estrangeira, devendo, nesse caso, virem acompanhados da tradução feita por tradutor
juramentado, sendo este o profissional que detenha a delegação do Poder Público e registro na Junta
Comercial do estado. É importante, ainda, lembrar que os documentos e títulos estrangeiros que
forem apresentados para protesto devem primeiramente ser registrados no Registro de Títulos de
Documentos, conforme exigem o art. 129, parágrafo 6º, e o art. 148 da Lei de Registros Públicos – Lei
Art. 129. Estão sujeitos a registro, no Registro de Títulos e Documentos, para surtir efeitos em
relação a terceiros:
[...]
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para produzirem efeitos em repartições da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e
dos Municípios ou em qualquer instância, juízo ou tribunal; [...].
[...] Art. 148. Os títulos, documentos e papéis escritos em língua estrangeira, uma vez adotados os
caracteres comuns, poderão ser registrados no original, para o efeito da sua conservação ou
perpetuidade. Para produzirem efeitos legais no País e para valerem contra terceiros, deverão,
deverá ser sempre feito em moeda nacional, devendo a conversão ser feita pelo apresentante do
estrangeira desde que emitidos fora do Brasil. No caso dos documentos e títulos emitidos em
território nacional, nestes não poderá constar valor em moeda estrangeira ou pagamento em ouro;
contudo, há algumas exceções que devem ser observadas pelo tabelião. Assim, ao contrário da regra,
podem prever o pagamento em moeda estrangeira ou em ouro os documentos que se refiram aos
bens e serviços vendidos a crédito para o exterior; III - aos contratos de compra e venda de câmbio
em geral;IV - aos empréstimos e quaisquer outras obrigações cujo credor ou devedor seja pessoa
residente e domiciliada no exterior, excetuados os contratos de locação de imóveis situados no
território nacional; V - aos contratos que tenham por objeto a cessão, transferência, delegação,
assunção ou modificação das obrigações referidas no item anterior, ainda que ambas as partes
locação de bens móveis que estipulem pagamento em moeda estrangeira ficam sujeitos, para sua
validade a registro prévio no Banco Central do Brasil. (Brasil, 1969)
documentos redigidos em país estrangeiro, os quais poderão ser protocolados para protesto, desde
que, como visto, sejam previamente registrados no Registro de Títulos e Documentos e apresentados
juntamente com a sua tradução por tradutor juramentado e acompanhados pela conversão pelo
câmbio do dia da apresentação.
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Acerca do local do protesto, em geral, conforme leciona Debs (2018, p. 1.516), “o registro do
protesto deve ser lavrado na comarca onde se situa a praça de pagamento indicada no próprio título”;
assim, a regra é que o pedido de protesto deve ser feito no tabelionato situado no local indicado para
A nota promissória, segundo Teixeira (2013, p. 184), “[...] é o título de crédito consistente em
uma promessa de pagamento, de determinado valor, emitida pelo devedor ao credor”. Portanto,
trata-se de um título de crédito em que um emitente (devedor) promete pagar certa quantia a um
beneficiário, que é o credor. Sua regulamentação está basicamente na chamada Lei Uniforme –
A nota promissória deve ser apresentada no lugar definido para seu pagamento; caso não haja
essa indicação, deve então ser apresentada no local onde foi emitida. Ainda assim, caso não haja,
também, essa indicação, por fim, a nota promissória deve ser apresentada para protesto no lugar do
domicílio do emitente. Portanto, a apresentação da nota promissória para pagamento será feita por
exclusão, justamente nessa ordem de possibilidades, conforme apresentada.
Com relação à letra de câmbio, que é um título cambial previsto no Decreto n. 2.044/1908, trata-
se de um título que envolve três partes, sendo elas sacador, sacado e tomador. Sacador é quem
emite o título, dando uma ordem de pagamento ao sacado para que este pague certa quantia ao
tomador. O sacado precisa aceitar a ordem de pagamento, pelo que deve, na letra de câmbio, haver
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A letra de câmbio pode ser protestada tanto por falta de pagamento quanto pela falta do aceite
pelo sacador e deve ser apresentada para protesto no lugar que constar como o do pagamento (a
praça do pagamento) ou o do aceite (a praça do aceite). Caso não haja essas informações, deve ser
apresentada para pagamento no local do domicílio do sacado (devedor) e, por última hipótese, não
sendo possível identificar ou não sendo indicado no título o domicílio do devedor (sacado), deverá ser
3.3 DUPLICATA
Compra e venda mercantil, para fins de emissão de duplicata, é aquela celebrada entre empresários
ou entre empresário e consumidor (não sendo cabível, portanto, a emissão de duplicata em razão
de uma compra e venda civil). Assim, é irrelevante a distinção entre a compra e venda empresarial e
de consumo [...].
chamado fatura. Considerando a evolução das práticas comerciais, a partir de 1970 houve uma
unificação desse documento com a nota fiscal, haja vista que, até então, o comerciante deveria emitir
esses dois documentos separadamente, um para fins cambiários, visando à emissão da duplicata, e
outro para fins tributários (nota fiscal). Assim, unificaram-se os documentos, passando a existir apenas
mercantil, sendo que o sacador e o beneficiário podem ser a mesma pessoa, ou seja, o vendedor que
é o emissor e ao mesmo tempo o credor da importância devida e representada na duplicata. Por
vezes, o beneficiário pode ser uma instituição financeira que adianta o valor da venda ao emissor
(vendedor), ficando com os direitos creditórios para ele.
pagamento), sendo que, caso esse dado nela não conste, ela deverá ser protestada no local do
domicílio do sacado (devedor/comprador), conforme aponta Debs (2018).
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3.4 CHEQUE
O cheque trata-se de uma evolução da letra de câmbio, visto que, assim como esta, é uma ordem
de pagamento à vista, sendo emitido por um sacador em favor de um beneficiário que é o seu
portador (credor ou tomador) e tendo por sacado o banco, o qual recebe a ordem de pagamento em
favor do portador. Conforme salienta Teixeira (2013), a diferença entre o cheque e a letra de câmbio é
que o cheque não admite o aceite e sempre terá como sacado o banco.
A legislação de regência do cheque é a Lei n. 7.357/1985 – Lei do Cheque, a qual prevê que o
cheque é ordem de pagamento à vista. Portanto, ainda que haja nele inscrição para pagamento futuro
(o cheque pós-datado), considera-se a prática uma cláusula não escrita, a teor do art. 32 da referida
lei (Brasil, 1985a). Assim, o banco pagará o cheque apresentado mesmo que conste no documento a
indicação de data futura para pagamento. Contudo, conforme lembra Teixeira (2013, p. 170), existe a
Súmula n. 370 do Superior Tribunal de Justiça (STJ), segundo a qual é caracterizado o dano moral caso
haja desconto antecipado do cheque pelo credor que descumprir acordo de desconto a prazo (pós-
O cheque deverá ser apresentado para protesto no local do pagamento, sendo este o do local do
banco sacado, onde se acha a conta bancária do emissor, mas também o poderá ser no local do
domicílio do emitente, sendo alternativa do credor escolher entre um e outro. Vale ressaltar que é
condição prévia ao protesto que ele seja apresentado ao banco sacado, o qual o devolverá, sendo o
caso, com a indicação, no verso do cheque, do motivo do não pagamento. Não será feito o protesto
caso os cheques sejam devolvidos por motivo de fraude, roubo, extravio ou cancelamento de
talonário pelo banco sacado (Debs, 2018, p. 1.520).
Estabelece a Lei n. 9.492/1997 que o protesto será registrado em três dias úteis a contar do
protocolo do título (Brasil, 1997). Conforme nos lembra Loureiro (2011, p. 627), “[...] para contagem do
prazo será desprezado o dia da protocolização e incluído o dia do vencimento”. É importante lembrar
que, conforme Debs (2018), em alguns estados da federação existem regras que preveem que o
protesto será feito no terceiro dia após a intimação do devedor e não do protocolo, o que se mostra
mais benéfico ao devedor.
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Para tanto, será expedida a intimação, ao devedor, imediatamente após o protocolo do título, a
fim de que tenha tempo para pagar a dívida e evitar o protesto. Caso a intimação seja feita apenas no
último dia do prazo ou mesmo após os três dias úteis contados do protocolo, o protesto não será
A intimação poderá ser feita pelo serviço próprio do tabelionato mediante entregador próprio,
devendo ser registrada em protocolo a entrega da intimação. Caso seja enviada por correio, deverá
sê-lo com aviso de recebimento (AR). Não se exige que haja o recebimento pessoal da intimação,
bastando que a entrega seja no endereço fornecido pelo apresentante do título (Debs, 2018), o qual
responderá em caso de má-fé, caso forneça endereço que sabe ser incorreto, apenas para frustrar a
efetiva intimação do devedor.
Art. 15. A intimação será feita por edital se a pessoa indicada para aceitar ou pagar for
desconhecida, sua localização incerta ou ignorada, for residente ou domiciliada fora da competência
territorial do Tabelionato, ou, ainda, ninguém se dispuser a receber a intimação no endereço
Logo, ocorrendo uma dessas hipóteses, haverá a publicação de um edital, para fins de ser suprida
a exigência da intimação, a qual será considerada feita; mas, vale lembrar que, antes de fazer a
intimação por edital, o tabelião deve tentar por todos os meios localizar o devedor (Debs, 2018).
Uma vez promovida a intimação do devedor para pagamento do título ou aceite do protesto,
podem ocorrer as seguintes situações:
c) retirada ou desistência (o apresentante pode requerer, por diversos motivos e antes de efetivado
o protesto, a retirada do título sem protesto, pagando as devidas custas);
d) sustação judicial do protesto (o protesto fica suspenso até decisão posterior do juiz competente);
e
e) pagamento do título ou aceite, ficando assim, prejudicado o protesto. (Debs, 2018, p. 1.558)
É importante salientar que o protesto por falta de seu aceite somente poderá se dar antes do
vencimento da dívida, pois, uma vez ela vencida, o protesto somente se dará em face do
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aceite dela pelo sacado, não se admitirá o protesto por inadimplemento caso o sacado não tenha
dado seu aceite na referida letra de câmbio, a teor do art. 21, parágrafo 5º da Lei n. 9.492/1997 (Brasil,
1997).
Com relação especificamente à sustação do protesto, trata-se de processo judicial por meio do
qual o devedor pede ao juiz que determine ao tabelionato que se abstenha de promover o registro
do protesto após o prazo legal de três dias, uma vez que estará discutindo judicialmente a dívida
Tivemos já a oportunidade de falar sobre os serviços notariais em uma aula anterior, quando
pudemos diferenciar essa atividade da atividade registral. Ficou claro que a função primordial dos
serviços notariais é a formalização jurídica da vontade humana, bem como atestar fatos, sendo que,
para isso, há instrumentos jurídicos adequados. Vejamos quais sejam esses instrumentos.
A formalização da vontade das partes pelo notário se dá pela confecção das chamadas escrituras
públicas. Luz e Souza (2015, p. 391) explicam o termo escritura pública em sua acepção técnica:
Documento escrito, lavrado por tabelião, que formaliza a celebração de um contrato por
instrumento público. A escritura pública é um documento dotado de fé pública e faz prova plena.
Não dispondo a lei em contrário, a escritura pública é essencial à validade dos negócios jurídicos
que visem à constituição, transferência, modificação ou renúncia de direitos reais sobre imóveis de
valor superior a trinta vezes o maior salário mínimo vigente no país. Exigem escritura, entre outros,
os seguintes atos: criar uma fundação; doação; constituição de renda; transação; pacto antenupcial;
cessão de direitos hereditários; instituir bem de família; inventário; se todos os herdeiros forem
capazes; separação consensual e divórcio consensual, não havendo filhos menores e incapazes.
cargo do vendedor as da tradição (arts. 108, 215 e 490, CC; art. 585, II, CPC/73).
Conforme citado pelos autores, há certos atos e negócios que só terão validade jurídica para
produção dos efeitos esperados caso sejam instrumentalizados por meio da escritura pública (Luz;
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Souza, 2015). Assim, dispõe o art. 108 do Código Civil: “Não dispondo a lei em contrário, a escritura
pública é essencial à validade dos negócios jurídicos que visem à constituição, transferência,
modificação ou renúncia de direitos reais sobre imóveis de valor superior a trinta vezes o maior
salário mínimo vigente no País” (Brasil, 2002). Outros tantos negócios e atos devem ser formalizados
E o que deve constar da escritura pública? Precisam ser incluídos nela, obrigatoriamente, o que
determina o art. 215, parágrafo 1º, do Código Civil (Brasil, 2002). As legislações estaduais e as normas
emanadas dos respectivos tribunais de justiça a que estejam vinculadas as serventias podem, ainda,
Com relação às escrituras que tratem de negócios envolvendo bens imóveis, o Decreto n.
93.240/1986, que regulamenta a Lei n. 7.433/1985, estabelece que deverão ainda constar da escritura,
bem como ser apresentados, os seguintes documentos: certidões negativas em relação aos tributos
incidentes sobre os imóveis (Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial UrbanaI –IPTU, Imposto
transmissão de bens e direitos (Imposto sobre a Transmissão de Bens Imóveis e de Direitos a Eles
Relativos – ITBI, municipal, ou Imposto sobre Transmissão Causa Mortis e Doação – ITCMD, estadual),
Agrária (Incra), bem como certidão de ações reais relativas ao imóvel expedida pelo serviço de
registro, para fins de verificação de se há algum processo judicial em que ele esteja em litígio (Brasil,
1985b, 1986).
É importante salientar que as certidões fiscais de tributos relativos e incidentes sobre o imóvel
podem ser dispensadas caso assim deseje aquele que o esteja comprando. No entanto, ele assume o
risco de ter de pagar por eventuais tributos devidos sobre aquele imóvel, ainda que vencidos antes da
aquisição da propriedade.
5.2 PROCURAÇÕES
mandato. Nesse sentido, podemos assim defini-la: “Procuração é o instrumento por meio do qual
uma pessoa confere poderes à outra, para que aja em seu nome na prática de atos ou administração
de interesse. É o instrumento pelo qual se formaliza o mandato” (Roquetto, 2016, p. 27). No mandato,
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uma pessoa, tecnicamente chamada outorgante mandante, autoriza e dá poderes para que outra,
tecnicamente chamada outorgado mandatário, pratique atos em nome dela como se fosse o próprio
outorgante. Trata-se de um contrato, que implica direitos e deveres para ambas as partes (outorgante
de uma procuração particular ou, então, ser lavrada uma procuração pública, podendo esta também
documento. Assim, visando a dar maior segurança jurídica às partes, o notário poderá analisar a firma
que lhe é apresentada a fim de confirmar se é realmente a assinatura da pessoa que diz ser.
ensina Roquetto (2016), o reconhecimento de firma por semelhança é feito pelo notário mediante a
comparação da assinatura que lhe é apresentada com aquela constante da ficha arquivada na
serventia. Já o reconhecimento por autenticidade (ou por verdade) é aquele em que a assinatura é
partes, de modo que ela é exigida em alguns casos, como para a transferência de propriedade de
veículos, quando então se exige que as partes (comprador e vendedor) compareçam perante o
notário para assinar na presença dele o recibo de compra e venda do bem, o qual é o documento
hábil para transferência do veículo no Detran.
Por fim, o notário também terá por atribuição a autenticação de cópias, com vistas a conferir-lhes
autenticidade para que elas produzam efeitos jurídicos, na medida em que valham, em face da
substituição dos documentos originais, para prática de certos atos da vida civil. A respeito da
autenticação de cópias, nos lembra Roquetto (2016, p. 36): “É proibida a autenticação de cópia de
cópia, de documento que contenha rasura, escrito a lápis, emendas, borrões ou com espaços em
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branco, em papéis térmicos (utilizados em aparelho de fax), bem como de documentos que
A ata notarial nada mais é que uma escritura pública feita pelo notário, na qual ele retrata algo
que lhe é solicitado que seja relatado com base na apresentação de fatos, fotos, vídeos, imagens,
Conforme ensina Roquetto (2016, p. 34), a ata notarial “[...] é o documento lavrado pelo notário
no qual ele narra fatos e circunstâncias que presencia, vê, ouve ou sente com seus próprios sentidos”.
Esse documento é extremamente relevante para a comprovação de fatos que precisam ser provados,
mas que, em virtude do transcorrer do tempo, podem ter tido apagadas suas evidências. Conforme
estabelece a Lei n. 13.105/2015, em seu art. 384: “A existência e o modo de existir de algum fato
podem ser atestados ou documentados, a requerimento do interessado, mediante ata lavrada por
tabelião. Parágrafo único. Dados representados por imagem ou som gravados em arquivos
NA PRÁTICA
Conforme já estudamos, o tabelião não deve fazer análise do negócio jurídico subjacente ao
título apresentado para protesto, pois a sua análise será apenas sobre os elementos do título.
Portanto, ao recepcionar o título para protesto ele verificará, por exemplo, no título, se há assinatura,
data de vencimento ou valor da dívida de modo legível. Uma vez verificado que algum desses
elementos faltou, o título pode ser considerado inválido para protesto, mas a invalidade do título não
corresponde à invalidade do negócio jurídico que ele representa, que permanecerá válido, cabendo
ao credor buscar outras vias para recebimento de seu crédito, como uma ação judicial. Por isso é que
o tabelião de protestos deve avaliar o título formalmente, mas não inquirir acerca da validade do
negócio jurídico, prescrição ou decadência, conforme art. 9º da Lei n. 9.492/1997 (Brasil, 1997).
FINALIZANDO
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Estudamos, nesta aula, o serviço prestado pelo tabelionato de protestos de títulos, conhecendo
a regra da territorialidade, aplicada aos protestos de títulos para o fim de verificação da competência
Por fim, pudemos estudar os principais instrumentos de formalização dos serviços notariais,
sejam os destinados a dar forma jurídica à vontade das partes, sejam os atos de autenticação de fatos.
REFERÊNCIAS
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_____. Decreto n. 57.663, de 24 de janeiro de 1966. Diário Oficial da União, Brasília, 31 jan. 1966.
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_____. Decreto n. 93.240, de 9 de setembro de 1986. Diário Oficial da União, Brasília, 10 set. 1986.
maio 2020.
_____. Lei n. 5.474, de 18 de julho de 1968. Diário Oficial da União, Brasília, 19 jul. 1968.
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_____. Lei n. 6.015, de 31 de dezembro de 1973. Diário Oficial da União, Brasília, 31 dez. 1973.
_____. Lei n. 7.357, de 2 de setembro de 1985. Diário Oficial da União, Brasília, 3 set. 1985a.
Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l7357.htm>. Acesso em: 16 maio 2020.
_____. Lei n. 7.433, de 18 de dezembro de 1985. Diário Oficial da União, Brasília, 19 dez. 1985b.
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_____. Lei n. 8.935, de 18 de novembro de 1994. Diário Oficial da União, Brasília, p. 17.500, 21 nov.
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_____. Lei n. 9.492, de 10 de setembro de 1997. Diário Oficial da União, Brasília, 11 set. 1997.
Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9492.htm>. Acesso em: 16 maio 2020.
______. Lei n. 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Diário Oficial da União, Brasília, 11 jan. 2002.
Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/L10406compilada.htm>. Acesso em:
16 maio 2020.
_____. Lei n. 11.101, de 9 de fevereiro de 2005. Diário Oficial da União, Brasília, 9 fev. 2005.
_____. Lei n. 13.105, de 16 de março de 2015. Diário Oficial da União, Brasília, 17 mar. 2015.
BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Súmula n. 370, de 16 de fevereiro de 2009. Diário da Justiça
DEBS, M. El. Legislação notarial e de registros públicos comentada. 3. ed. Salvador: Juspodivm,
2018.
LOUREIRO, L. G. Registros públicos: teoria e prática. 2. ed. São Paulo: Método, 2011.
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