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Protocolo Actuação Febre

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PROTOCOLO DE ACONSELHAMENTO

FEBRE

ENQUADRAMENTO
A febre (ou pirexia) constitui uma reação orgânica através da qual ocorre uma elevação da temperatura corporal
normal. O organismo humano tem a capacidade de manter a temperatura corporal dentro dos valores normais
através de um processo homeostático designado por termorregulação, comandado pelo centro termorregulador
localizado no hipotálamo anterior. A termorregulação evita a ocorrência de flutuações importantes na temperatura
corporal, para que o valor médio se mantenha entre os 36,6ºC e 37,5ºC.
A temperatura corporal normal varia ao longo do dia (ciclo circadiano) e pode variar de pessoa para pessoa, com a
idade e atividade. De entre os fatores que influenciam o valor da temperatura corporal destacam-se:
- Ciclo circadiano (pico máximo entre as 17h e as 19h e valores mínimos entre as 03h e as 05h; varia cerca de
1°C nos adultos e 1,4°C nas crianças);
- Atividade física (aumenta a temperatura corporal);
- Idade (valores mais elevados nos recém-nascidos e mais baixos nos idosos);
- Sexo (valores mais elevados nas mulheres);
- Ciclo menstrual (valores mais elevados no período da ovulação);
- Local da medição (oral, axilar, retal, auricular);
- Em geral, a temperatura corporal no fim do dia é mais elevada devido à atividade física, à alimentação, ao
vestuário mais quente, aos ambientes sobreaquecidos ou a medicamentos.
Considera-se febre quando a temperatura corporal é superior ao valor normalmente admitido (1):

Rectal >37,6ºC
Oral >37,1ºC
Axilar >37,2ºC
Auricular >38,0ºC

A febre é um sintoma de um processo patológico, é geralmente autolimitada e de curta duração. Trata-se de um


mecanismo de defesa do organismo face aos agentes capazes de aumentar o limiar de termorregulação
hipotalâmica (pirogénios endógenos e exógenos). Como resposta aos pirogénios ocorre ativação do sistema
imunitário levando à produção de prostaglandinas E, e outros mediadores, que elevam a temperatura de regulação
hipotalâmica. No período de elevação da temperatura corporal, o indivíduo apresenta arrepios, acompanhados e
seguidos por calor, transpiração e prostração.

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As complicações da febre estão diretamente relacionadas com o valor da temperatura corporal e com a
sensibilidade individual, nomeadamente em crianças e idosos. As mais frequentes são: desidratação, delírio,
convulsões (mais frequentes em crianças até aos 5 anos) e, mais raramente, lesões neurológicas, musculares e
coma.
A febre está, na maior parte das vezes, associada a infeções autolimitadas e de baixo risco, nomeadamente
constipação ou gripe. Nas crianças, a maioria dos estados febris são motivados por infeções víricas. No entanto,
existem patologias graves que podem estar na origem de um estado febril, nomeadamente a doença inflamatória
intestinal, o lúpus eritematoso, a leucemia, a meningite, a tuberculose, as doenças autoimunes, entre outras (tabela
1). Como tal, a intervenção farmacológica (fármacos antipiréticos) deve limitar-se aos estados febris de curta
duração (inferior a 3 dias).

Tabela 1 | Avaliação diferencial da febre, de acordo com as manifestações clínicas associadas.

SINAIS E SINTOMAS POSSÍVEL DIAGNÓSTICO


ATUAÇÃO
CONCOMITANTES DIFERENCIAL

Febre há várias semanas, cansaço, dor


de garganta (faringite), por vezes
Mononucleose infeciosa Referência a consulta médica.
hepatite moderada, aumento dos
gânglios linfáticos do pescoço.

Dor de garganta, espirros, tosse, Seguir o protocolo de aconselhamento


Constipação
cansaço, dores de cabeça. “Constipação”.

Tosse, cefaleias e mialgias intensas Gripe Referência a consulta médica.

Seguir os protocolos de
Dores de estômago, calafrios náuseas, aconselhamento “Diarreia” e “Febre”.
Gastroenterite
vómitos, diarreia Se persistir, referência a consulta
médica.

Falta de ar, tosse produtiva com


Bronquite, pneumonia Referência a consulta médica.
expetoração escura

Dor de ouvidos Otite Referência a consulta médica.

Dores de costas, dor ao urinar Pielonefrite Referência a consulta médica.

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Questões a colocar ao utente para avaliação da situação

- Que idade tem?


- Há quanto tempo está com febre?
- Que valores de temperatura tem apresentado?
- Tem mais algum sintoma (ex.: vómitos, diarreia, dificuldade respiratória, exantema, petéquia (manchas),
disúria, confusão mental, rigidez na nuca, desidratação, convulsão)?
- Já tomou alguma medida terapêutica? Qual? Resultou?
- Tem alguma outra doença que esteja a tratar ou encontra-se a fazer algum tipo de medicação?
- Fez algum tipo de vacinação recentemente?
- Viajou recentemente?
- Está grávida ou a amamentar?

Situações que requerem encaminhamento para nível 2 de intervenção ou


referenciação para consulta médica

Adultos
- Mulher que esteja grávida ou a amamentar;
- Temperatura> 39°C;
- Apresente estado febril há mais de 3 dias ou com agravamento dos sintomas;
- Associada a sinais como: rash cutâneo, vómitos, diarreia, dificuldade respiratória, disúria, confusão mental,
rigidez na nuca, desidratação, convulsões;
- Toma concomitante de medicamentos suscetíveis de provocar febre (ex.: metildopa, ampicilina, isoniazida,
nitrofurantoína, penicilina G, cotrimoxazol, sulfonamida, tetraciclina, vancomicina, carbamazepina, haloperidol,
ibuprofeno, ácido acetilsalicílico, alopurinol, metoclopramida, entre outros);
- Situação recorrente sem resposta a terapêutica já instituída ou com contraindicações para a toma de
antipiréticos de dispensa sem receita médica;
- Apresente outras patologias associadas, nomeadamente epilepsia;
- Pessoas imunodeprimidas;
- Tenha viajado recentemente para regiões com patologias endémicas (ex.: Paludismo);
- Subsista a perceção do profissional de que pela intervenção prevista o problema não se atenuará (física ou
mentalmente), outras patologias associadas se possam agravar ou possa existir uma alteração da
efetividade ou a segurança da medicação atual.

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Crianças:
- Temperatura> 39°C / <35°C nos recém-nascidos;
- Idade <2 anos;
- Duração superior a 1 dia, mesmo com tratamento;
- Sintomatologia associada;
- Resistências aos antipiréticos.

TRATAMENTO

Farmacológico

— Analgésicos e antipiréticos (ex.: paracetamol);


— Anti-inflamatórios não esteroides (ex.: ibuprofeno, ácido acetilsalicílico);
— O uso de salicilatos está contraindicado em crianças com menos de 12 anos por aumento do risco de
síndrome de Reye; (2)
— Na gravidez, só o paracetamol está recomendado. (1)

Não Farmacológico

— Ingerir em abundância água ou outros líquidos não alcoólicos para prevenir uma eventual desidratação;
— Utilizar roupa ligeira e manter o ambiente fresco;
— Repousar.

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FLUXOGRAMA DE ACONSELHAMENTO

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BIBLIOGRAFIA

1. Ordem dos Farmacêuticos PT. PROTOCOLO FEBRE - indicação farmac no uso de MIPs. Univ do Porto. 2006;fevereiro(Linhas de
Orientação).

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