562 2440 1 PB
562 2440 1 PB
562 2440 1 PB
2 Laboratório de Pesca e Ecologia Aquática, Departamento de Química e Biologia, Universidade Estadual do Maranhão, Cidade Universitária
Paulo VI, Caixa Postal 9, São Luís/MA, Brazil, zafiraalmeida@hotmail.com
RESUMO
Animais peçonhentos e venenosos frequentemente despertam o interesse geral dos es-
tudantes, já que geralmente estão cercados de histórias populares, lendas e crendices. As
concepções errôneas que cercam esses animais são acompanhadas de um desconhecimen-
to geral sobre a biologia e formas de identificação das espécies, medidas de prevenção de
acidentes e práticas corretas de primeiros socorros. A educação ambiental, neste contexto,
tenta desconstruir visões equivocadas da natureza e construir o conhecimento científico
a partir do conhecimento popular, além de contribuir na conservação de espécies e ecos-
sistemas. O presente trabalho teve como objetivo investigar o conhecimento prévio dos
estudantes do ensino médio acerca dos mitos e verdades existentes sobre animais peço-
nhentos e venenosos e, ainda, elaborar um material didático complementar que auxilie
as práticas pedagógicas dentro e fora de sala de aula. Foram entrevistadas 258 estudantes,
que responderam a um questionário semi-estruturado, que trazia perguntas referentes
às experiências prévias dos alunos com o tema, procedimentos de manejo de animais
peçonhentos e primeiros socorros, além da definição correta de conceitos e espécies. Foi
elaborada uma proposta de material didático complementar, do tipo cartilha, para auxi-
liar o professor na transmissão de conhecimentos específicos aos alunos. As respostas às
perguntas dos questionários indicam uma carência na abordagem em sala de aula e na
propagação de conceitos e ideias erradas sobre o tema o que contribui na disseminação de
mitos e dificultam as estratégias de conservação.
ABSTRACT
Vermin and poisonous animals frequently arouse the general interest of students, since
they are generally surrounded by popular stories, legends and superstitons. The wrong
conceptions that surround these animals are accompanied by a general not know about
the biology and the ways of identifying the species, accident prevention measures and
right practices of first aid. The environmental education, in this context, tries to decons-
truct wrong views of nature and build scientific knowledge from the popular one, beyond
to contribute with ecosystems and species conservations. The present work had as objec-
tive to investigate the previous knowledge of high school students about the myths and
truths existing about vermin and poisonous animals, and still to produce a complement
educational material which helps the pedagogical practices in and out of the classroom.
We interviewed 258 students who answered a half structured questionnaire that brought
questions reported to previous experience of the students with the theme, handling pro-
cedures of vermin and poisonous animals and first aid, beyond the correct definition of
concepts and species. It was produced a proposal of a complement didactic material like
a primer to try to provide the teachers’ needs in the transmission of specific knowledge
to the students. The answers pointo to lack of this approach in the classroom and in the
spread of wrong conceptions and ideias about the theme that contribute to dissemination
of myths and difficult conservation strategies.
Figura 1: Porcentagens das respostas dadas pelos estudantes do câmpus Codó quando questionados se: a)
Você já viu ou tocou algum animal peçonhento/venenoso? Qual?; b)Qual a sua reação ao avistar um animal
peçonhento?
Figura 2: Porcentagens das respostas dadas pelos estudantes do câmpus Codó quando questionados se a) Você
conhece alguém que já tenha sido picado por animal peçonhento? Que animal era esse?; b) Qual o conceito
de animal peçonhento e venenoso?
Figura 3: Porcentagens das respostas dadas pelos estudantes do câmpus Codó quando questionados se: a)
Quais procedimentos devem ser adotados em caso de picada por animal peçonhento?; b) Qual a importância
da preservação dos animais peçonhentos?
Muitos dos procedimentos de primeiros socorros tidos como corretos por grande parte da
população advém de crenças populares, do erro de identificação das espécies de animais
e da divulgação errada de procedimentos em programas de televisão, internet e livros
didáticos antigos. O incentivo à adoção de medidas preventivas e a divulgação de proce-
dimentos adequados a serem tomados em caso de acidente, reduz o número de casos com
sequelas e representa uma economia para o serviço público (FERREIRA e SOARES, 2008).
O uso de classificações não científicas tais como “feios”, “nojentos”, “nocivos” também são
encontradas em alguns livros didáticos (SANDRIN et al., 2005) que podem, inclusive, contri-
buir para a matança indiscriminada dos animais que, aparentemente, não oferecem nenhum
tipo de utilidade ao homem.
A pergunta final do questionário pedia aos alunos que classificassem as fotos de 15 animais
nas categorias: animal não venenoso, animal venenoso e animal peçonhento. As imagens
utilizadas foram selecionadas entre espécies locais que frequentemente esses alunos pos-
suíam contato, tanto no ambiente escolar como nas suas residências. Muitas espécies não
venenosas como rato, barata e piolho de cobra foram classificadas, na maioria dos ques-
tionários, como animais peçonhentos ou venenosos (ver Figura 4). Isso se justifica, pois a
Figura 4: Frequência absoluta da classificação dos animais feita pelos estudantes do campus Codó nas catego-
rias animal não venenoso, animal venenoso e animal peçonhento.
Como detectado por vários autores (SANDRIN et al., 2005; FERREIRA e SOARES, 2008), os
livros didáticos apresentam inúmeros erros conceituais e muitos professores têm dificuldade
de acesso à literatura especializada. Portanto, a cartilha tem a proposta de auxiliar o profes-
sor na sua prática pedagógica, ajudando-o a enfrentar as dificuldades relacionadas ao tema.
O material produzido também pode ser utilizado como material para educação ambiental
em ambientes fora da escola em palestras, oficinas e discussões, já que a linguagem empre-
gada é bem acessível para os diferentes públicos.
COTTA, G. A. Animais Peçonhentos. 5ed. Belo Horizonte: Fundação Ezequiel Dias, 2014. 36p.
NUNEZ, I. B.; RAMALHO, B. L, SILVA, I. K. P. O livro didático para o ensino de ciências. Se-
lecioná-los: um desafio para os professors do ensino fundamental. In: ENCONTRO NACIO-
NAL DE PESQUISA EM EDUCAÇÃO EM CIÊNCIA, 2001, Anais… São Paulo: Atibaia, 2001.
PIZZATTO, L. O. O fascinante mundo das serpentes. Ciência Hoje, v.179, p. 71-73. 2003.
108
PUORTO, Giuseppe; FRANÇA, Francisco Oscar de Siqueira. Serpentes não peçonhentas e
aspectos clínicos dos acidentes. In: CARDOSO, João Luiz Costa; FRANÇA, Francisco Oscar
de Siqueira, WEN, Fan Hui; MÁLAQUE, Ceila Maria S. Animais Peçonhentos no Brasil:
biologia, clínica e terapêutica dos acidentes. 1ªed. São Paulo: Sarvier, 2003.