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Uso de Métodos de Desengomagem

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE TECNOLOGIA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA QUÍMICA
CURSO DE ENGENHARIA QUÍMICA

ANNA LISSA SILVA DE MEDEIROS

USO DE MÉTODOS DE DESENGOMAGEM PARA AVALIAÇÃO DA


UNIFORMIDADE DE CILINDROS DE ENGOMADEIRAS NA INDÚSTRIA TÊXTIL

NATAL/RN
2023
ANNA LISSA SILVA DE MEDEIROS

USO DE MÉTODOS DE DESEGOMAGEM PARA AVALIAÇÃO DA


UNIFORMIDADE DE CILINDROS DE ENGOMADEIRAS NA INDÚSTRIA TÊXTIL

Trabalho de Conclusão do Curso de Graduação


em Engenharia Química do Centro de
Tecnologia da Universidade Federal do Rio
Grande do Norte como requisito para a
obtenção do Título de Bacharel em Engenharia
Química.

Orientador: Prof. Dr. Gilson Gomes de


Medeiros.

NATAL/RN
2023
Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN
Sistema de Bibliotecas - SISBI
Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Central Zila Mamede

Medeiros, Anna Lissa Silva de.


Uso de métodos de desengomagem para avaliação da uniformidade
de cilindros de engomadeiras na indústria têxtil / Anna Lissa
Silva de Medeiros. - 2023.
37 f.: il.

Monografia (graduação) - Universidade Federal do Rio Grande


do Norte, Centro de Tecnologia, Curso de Engenharia Química,
Natal, RN, 2023.
Orientador: Prof. Dr. Gilson Gomes de Medeiros.

1. Indústria têxtil - Monografia. 2. Engomagem - Monografia.


3. Métodos de desengomagem - Monografia. I. Medeiros, Gilson
Gomes de. II. Título.

RN/UF/BCZM CDU 677

Elaborado por Ana Cristina Cavalcanti Tinoco - CRB-15/262


ANNA LISSA SILVA DE MEDEIROS

USO DE MÉTODOS DE DESENGOMAGEM PARA AVALIAÇÃO DA


UNIFORMIDADE DE CILINDROS DE ENGOMADEIRAS NA INDÚSTRIA TÊXTIL

Trabalho de Conclusão do Curso de Graduação


em Engenharia Química do Centro de
Tecnologia da Universidade Federal do Rio
Grande do Norte como requisito para a
obtenção do Título de Bacharel em Engenharia
Química.

Aprovado em: 29/06/2023

________________________
Prof. Dr. Gilson Gomes de Medeiros
Orientador
Universidade Federal do Rio Grande do Norte

________________________
Prof.ª Dra. Katherine Carrilho de Oliveira Deus
Universidade Federal do Rio Grande do Norte

________________________
Prof.ª Ma. Iêda Letícia de Souza Ferreira
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Este trabalho é dedicado aos meus amados pais e a todas as mulheres que buscam seu
espaço nas engenharias e na indústria.
AGRADECIMENTOS

Agradeço, primeiramente, a Deus, por tudo que fez e faz na minha vida. Por me dar
forças e discernimento para entender o tempo certo dos planos Dele e por colocar pessoas
maravilhosas ao meu lado.
Aos meus amados pais, Solange e João Batista, por todo incentivo, amor e por sempre
terem feito tudo que estava ao alcance para me fornecer uma boa educação e uma vida de
qualidade. Ao meu amado irmão, André, por todo companheirismo e amizade.
Aos meus colegas de curso, em especial, às minhas amigas Bianca, Nádia, Roberta,
Beatriz e Afrânnia, por todos os momentos que vivemos juntas e todo apoio mútuo nos estudos,
trabalhos e nas aulas.
Aos meus queridos amigos, em especial, aos amigos do grupo JASAC, por torcerem
por mim e orarem pelo meu êxito.
Aos meus colegas de trabalho no meu estágio na Preparação à Tecelagem, por todos
os ensinamentos durante esse período e pelo auxílio na realização dos testes usados no trabalho.
À Universidade Federal do Rio Grande do Norte, pela oportunidade, e a todos os
professores que contribuíram com a minha formação. Aos professores do curso de Engenharia
Química, de modo especial, ao professor Gilson Gomes de Medeiros, por ter me orientado na
realização desse trabalho.
RESUMO

O setor têxtil tem um importante papel na indústria global e no atendimento da demanda por
tecidos gerada pelos interesses da população. O processo produtivo do tecido de algodão
engloba uma série de etapas, entre elas, a engomagem de fios e posterior desengomagem de
tecidos. Neste trabalho, serão apresentados testes feitos com métodos de desengomagem de fios
usando enzimas e detergentes, realizados no laboratório de uma indústria têxtil, com o objetivo
de propor a criação de um procedimento a ser realizado na avaliação de uniformidade de
engomagem por cilindros de engomadeiras. Os dois agentes removedores de goma investigados
neste trabalho apresentaram eficácia para o objetivo proposto. A partir dos resultados obtidos,
foi escolhido o procedimento usando detergente para ser utilizado como padrão, que serviu de
base para a criação de Procedimento Operacional Padrão na indústria em questão.

Palavras-chave: Indústria Têxtil. Engomagem. Métodos de Desengomagem.


ABSTRACT

The textile sector plays an important role in the global industry and in meeting the demand for
fabrics generated by population interests. The production process of cotton fabric involves
several stages, including yarn sizing and subsequent fabric desizing. In this study, tests
conducted in a textile industry laboratory using enzymes and detergents as desizing agents for
yarns will be presented, aiming to propose the development of a procedure for evaluating the
uniformity of sizing by sizing cylinders. Both desizing agents investigated in this study showed
efficacy for the proposed objective. Based on the results obtained, the procedure using detergent
was chosen as the standard, serving as the basis for the creation of a Standard Operating
Procedure in the industry in question.

Keywords: Textile Industry. Yarn Sizing. Methods for Desizing Yarns.


LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Fluxograma básico do processo produtivo de tecidos planos. ................................. 16


Figura 2 - Urdideira direta. ....................................................................................................... 17
Figura 3 - Componentes de um tear.......................................................................................... 18
Figura 4 - Fio cru e fio engomado. ........................................................................................... 19
Figura 5 - Partes da engomadeira. ............................................................................................ 20
Figura 6 - Gaiola de engomadeira ............................................................................................ 21
Figura 7 - Caixa de goma. ........................................................................................................ 22
Figura 8 - Zona de secagem com cilindros aquecidos com vapor. ........................................... 22
Figura 9 - Campo seco. ............................................................................................................. 23
Figura 10 - Pente extensível. .................................................................................................... 24
Figura 11 - Cabeceira da máquina. ........................................................................................... 24
Figura 12 - Estrutura das moléculas de amilose (A) e amilopectina (B). ................................. 26
Figura 13 - Pesagem de amostra de fio engomado. .................................................................. 30
Figura 14 - Amostras em aquecimento. .................................................................................... 30
Figura 15 - Amostras de três partes da mesma manta com lados identificados. ...................... 32
LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Auxiliares na formação de goma. ........................................................................... 25


Quadro 2 - Resultados das amostras A, B, C e D. .................................................................... 33
Quadro 3 - Resultados das análises da seção 4.2. ..................................................................... 33
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABIT Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção


POP Procedimento Operacional Padrão
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 13

2 OBJETIVOS ................................................................................................................... 15

1.1 OBJETIVOS GERAIS ............................................................................................. 15

1.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ................................................................................... 15

3 REFERENCIAL TEÓRICO ......................................................................................... 16

3.1 PROCESSO PRODUTIVO DO BRIM DE ALGODÃO ......................................... 16

3.2 ENGOMAGEM ........................................................................................................ 19

3.2.1 Estrutura da engomadeira ..................................................................................... 20

3.2.2 A goma ................................................................................................................. 24

3.3 DESENGOMAGEM ................................................................................................ 27

3.3.1 Uso de enzimas na desengomagem ...................................................................... 27

4 METODOLOGIA........................................................................................................... 29

4.1 PROCEDIMENTOS EXPERIMENTAIS COM ENZIMA E DETERGENTE ....... 29

4.1.1 Procedimentos utilizando enzima e detergente .................................................... 29

4.1.2 Procedimentos utilizando apenas detergente ........................................................ 31

4.2 PROCEDIMENTO PARA AVALIAR A UNIFORMIDADE DA ENGOMAGEM


31

5 RESULTADOS E DISCUSSÕES ................................................................................. 33

6 CONCLUSÃO................................................................................................................. 35

REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 36
13
1 INTRODUÇÃO

O uso de tecidos, seja como vestuário ou para outros fins, está presente nas
necessidades básicas da sociedade humana. Devido à alta demanda e com a expansão do uso
do algodão e o surgimento da máquina a vapor, o setor têxtil foi um dos marcos da Revolução
Industrial, gerando grande desenvolvimento para a indústria desse segmento.
No Brasil, desde antes da colonização portuguesa, os povos indígenas já teciam o
algodão para fazer suas vestimentas e outros itens, como redes. Durante o período colonial, o
país possuía uma rentável cultura de algodão em algumas regiões e diversas manufaturas têxteis
em processo de industrialização, porém, em 1785, essa produção foi proibida e o
desenvolvimento do setor foi desestimulado pela coroa portuguesa através de alvará da Rainha
Maria I (FUJITA, 2015).
A partir de 1808, com a transferência da corte portuguesa para o Brasil, o alvará foi
revogado e algumas tarifas alfandegárias favoreceram a estrutura comercial do país,
estimulando o crescimento de novas atividades econômicas e fomentando a indústria nacional,
incluindo a têxtil (BUENO, 2008). Diante disso, até o final do século XIX houve um grande
desenvolvimento no setor industrial têxtil do país, com a importação de maquinários para
tecelagens e fiação de algodão (FUJITA, 2015).
Dados do ano de 2022 da ABIT (Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de
Confecção) apontam a existência de 22,5 mil unidades produtivas formais do setor têxtil no
Brasil, estando o país entre os cinco maiores produtores e consumidores de denim do mundo e
possuindo a maior cadeia têxtil completa do Ocidente, tendo desde a produção do algodão,
fiações, tecelagens, beneficiadoras, confecções e forte varejo, chegando aos desfiles de moda.
O processo produtivo do tecido de algodão engloba três grandes etapas, que são a
fiação, passando pela tecelagem e finalizando com o beneficiamento. Porém, essas etapas
englobam outros setores dentro do processo. Um desses importantes setores é a preparação a
tecelagem, que acontece após a saída do fio da fiação e tem o objetivo de preparar o fio para
suportar as fortes tensões aplicadas pelos teares na tecelagem. Essa preparação é feita através
do processo de engomagem, que irá fornecer ao fio, antes cru, a aplicação de uma combinação
de goma e produtos químicos, tornando-o mais resistente.
É de fundamental importância que os fios tenham uma boa engomagem, para que não
sofram rupturas e ocasionem mau desempenho no processo de tecelagem. Para isso, é
necessário ter um controle preciso nas máquinas de engomadeiras, para manter parâmetros
14

como carga de goma, resistência e alongamento do fio dentro do padrão pré-estabelecido para
cada artigo.
Diante disso, visando buscar melhorias na garantia da qualidade do processo de
preparação à tecelagem, esse trabalho busca avaliar a uniformidade do processo de engomagem
e alinhamento dos cilindros de engomadeiras, utilizando experimentos de desengomagem feitos
em escala laboratorial em uma indústria têxtil.
15
2 OBJETIVOS
Nesta seção, estão descritos os objetivos deste trabalho.
1.1 OBJETIVOS GERAIS
O presente trabalho tem como objetivo geral propor um método para avaliar o
alinhamento dos cilindros das máquinas de engomadeiras, utilizando processos de
desengomagem em escala laboratorial para verificar a uniformidade da engomagem em toda a
largura da manta de fios (lado direito, lado esquerdo e centro).
1.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
 Comparar o uso de dois métodos de desengomagem: usando detergente e
usando enzima.
 Escolher o método mais viável para se tornar procedimento operacional padrão
de análise das amostras.
16

3 REFERENCIAL TEÓRICO

3.1 PROCESSO PRODUTIVO DO BRIM DE ALGODÃO


O brim de algodão, também chamado denim, é um tecido do tipo plano, que é obtido
através do entrelaçamento de conjunto de fios em ângulos retos, ou seja, é formado pelo
entrelaçamento de fios no sentido longitudinal (chamados de urdume) com fios no sentido
transversal (chamados de trama), realizados por um equipamento chamado tear (PEREIRA,
2009).
A cadeia produtiva desse tipo de tecido é composta de três macro etapas: fiação,
tecelagem e beneficiamento. Porém, dentro de uma planta operacional, existem outras fases que
compõem o processo, como indicadas no fluxograma apresentado pela Figura 1.

Figura 1 - Fluxograma básico do processo produtivo de tecidos planos.

Fonte: LIMA, 2022.

Primeiramente, a fibra têxtil, que no caso do tecido denim é o algodão, chega à planta
produtiva sob forma de fardos, que são armazenados em locais livres da ação do sol e da chuva.
É feita a coleta de amostras para analisar e classificar as fibras e, em seguida, separar, misturar
e enviar para o processo de fiação. Essa mistura de fibras necessita ser uniforme, não
17
apresentando grandes variações entre os fardos, pois isso irá influenciar as características
cruciais para as próximas etapas do processo, como: resistência, regularidade e coloração do
fio (MESQUITA, 2017).

Na fiação, a mistura de fibras passará por diversas operações para que se tornem fios.
Elas serão abertas, limpas e orientadas em uma mesma direção, para serem paralelizadas e
torcidas de modo a se prenderem umas nas outras por atrito (PACHECO, 2017).

Ao sair da fiação, os fios, agora em bobinas, seguirão para a tecelagem. Porém, os fios
destinados ao urdume passarão antes pela etapa chamada de preparação à tecelagem, onde
receberão o tratamento necessário para que se adequem quanto ao formato e quanto à resistência
para o processo de tecelagem. Primeiramente, os fios serão transferidos de bobinas para
carretéis maiores, através de máquinas chamadas de urdideiras (Figuras 2). Esses carretéis então
seguem para as engomadeiras, onde o fio será engomado, com o objetivo de fazê-los suportar
as tensões provocadas pelo tear.

Figura 2 - Urdideira direta.

Fonte: PEREIRA, 2009.

Ao final da etapa de preparação à tecelagem, estarão formados os carretéis de fios de


urdume engomados, que seguirão para a tecelagem. A tecelagem é o ponto central do processo
produtivo, pois é onde os fios irão se transformar em tecido cru, por meios do entrelaçamento
dos fios de urdume e de trama, que ocorre em equipamentos denominados teares. A Figura 3
18

ilustra um tear, que é composto por um rolo de urdume, um quadro de liços, pente e um rolo de
tecido.

Figura 3 - Componentes de um tear.

Fonte: PEREIRA, 2009.

Ao sair da tecelagem, o tecido cru ainda não apresenta características comercialmente


desejáveis, como aparência e aspectos agradáveis ao toque. Por isso, ele irá seguir para o
processo de beneficiamento, onde passará por etapas que irão melhorar suas características
físico-químicas, aumentando seu valor agregado (SILVA, 2019). De acordo com Alcântara
(1995, p. 324), “o beneficiamento engloba todas as etapas de transformação do tecido quanto à
aparência, capacidade de absorção de água, aumento de resistência e etc.”. Os beneficiamentos
químicos têxteis podem ser classificados em:
 Beneficiamento primário: Essa etapa também é chamada de preparação ao
beneficiamento. É onde o tecido passará por operações que eliminam as
impurezas da fibra e melhoram sua estrutura, com o objetivo de prepará-lo para
receber os produtos químicos nas etapas seguintes (LIMA, 2022). As
operações envolvidas são: chamuscagem, desengomagem, limpeza (purga,
cozimento), mercerização e alvejamento químico (ALCÂNTARA, 1995).
 Beneficiamento secundário: Nessa etapa, acontecem o tingimento e a
estamparia. São processos que através da aplicação de corantes e pigmentos
19
visam proporcionar o aspecto de cor e ou motivos (desenhos, imagens)
coloridos aos substratos têxteis (PACHECO, 2017).
 Beneficiamento terciário: Consiste no acabamento final do produto, agregando
processos que visam dar ao tecido uma melhor estabilidade dimensional,
melhor sensação tátil e atributos especiais, tais como impermeabilidade e
resistência à combustão (PACHECO, 2017).
Nas seções seguintes, serão abordados de forma mais detalhada os processos de
engomagem e de desengomagem, que estão envolvidos diretamente nos estudos deste trabalho.

3.2 ENGOMAGEM
A engomagem é uma etapa essencial no processo de preparação à tecelagem, tem como
função revestir os fios de urdume com uma substância que aglutina as fibras ou filamentos,
além de proteger os fios contra o desgaste causado pelo contato com os componentes do tear.
Dessa forma, o objetivo principal ao engomar o urdume é aplicar uma fina camada de goma
nos fios, proporcionando-lhes melhores condições para o processo de tecimento. Duas
características-chave merecem destaque: a resistência à tração e a resistência à abrasão.
Portanto, a aplicação de produtos de engomagem nos fios visa essencialmente “garantir a
aderência entre as fibras, evitando seu deslizamento e, assim, aumentando a resistência à
tração”, além de criar uma película elástica que envolve os fios, preservando sua elasticidade
natural (PEREIRA, 2009). Na Figura 4 é possível observar a aparência de um fio cru e de um
fio engomado.

Figura 4 - Fio cru e fio engomado.

Fonte: PEREIRA, 2009.


20

3.2.1 Estrutura da engomadeira


A engomadeira é uma máquina que tem como funções básicas reunir os fios dos rolos
provenientes da urdideira, aplicando a eles soluções de produtos engomantes. Geralmente, essa
técnica é feita por um processo de imersão em banho quente, seguido pelo aquecimento do fio
para restaurar sua umidade natural (PEREIRA, 2009). Por ser uma máquina de grandes
dimensões, ela é dividida em seções com diferentes finalidades, que são:
 Gaiola ou desenrolamento
 Caixa de goma
 Zona de secagem
 Campo seco ou separação de camadas
 Cabeceira ou enrolamento
A Figura 5 apresenta uma visão geral das seções de uma engomadeira.

Figura 5 - Partes da engomadeira.

Fonte: PEREIRA, 2009.


Na gaiola, é onde são alocados os rolos provenientes das urdideiras, que costumam
variar entre 12 a 16 rolos, a depender do artigo1 a ser produzido. Os rolos possuem sistema de
freios, podendo ser individuais ou coletivos, responsáveis por controlar a tensão durante o

1
Artigo é o termo genérico utilizado para se referir aos tecidos fabricados.
21
desenrolamento. As gaiolas, por sua vez, podem ser classificadas como móveis ou fixas. No
caso das gaiolas móveis, elas são montadas sobre trilhos, sendo que cada engomadeira possui
duas gaiolas. Enquanto uma gaiola realiza o trabalho, a outra é responsável pela descarga e
carregamento da próxima produção, visando aumentar a eficiência produtiva (PEREIRA,
2009). A Figura 6 mostra um exemplo de gaiola de engomadeiras.

Figura 6 - Gaiola de engomadeira

Fonte: Autoria própria, 2023.


Segundo Pereira (2009), o desenrolamento dos fios da gaiola pode ser de dois tipos:
desenrolamento individual e desenrolamento coletivo. No individual, os fios saem diretamente
dos rolos de urdideiras para o rolo guia na caixa de goma. Já no desenrolamento coletivo, os
fios do último rolo entram em contato com os fios do penúltimo rolo e se unem a ele,
continuando esse processo sucessivamente até chegar no primeiro rolo, onde todos os fios se
juntam e são direcionado para o rolo guia da caixa de goma.
Ao passar pelo rolo guia, a manta de fios entra na caixa de goma, que armazena a
solução engomante nas condições necessárias e pode ser aquecida por vapor direto ou por
serpentina. Uma engomadeira pode possuir duas caixas de goma, onde cada uma receberá
metade dos fios da gaiola. Este é o caso da máquina usada nos testes feitos neste trabalho.
Dentro da caixa, há cilindros mergulhadores e espremedores, também chamados
foulards, que desempenham um papel importante na transferência de goma para as fibras dos
fios durante o processo, guiando a manta para imergir na solução e aplicando uma pressão para
retirar o excesso de goma dos fios (SILVA, 2022; PEREIRA, 2009). A avaliação da atuação
destes cilindros foulards é um dos objetivos deste trabalho. A Figura 7 mostra a representação
de uma caixa de goma.
22

Figura 7 - Caixa de goma.

Fonte: PEREIRA, 2009.

Após a aplicação da goma, os fios são direcionados para a zona de secagem, onde são
submetidos a um aquecimento para atingirem a umidade necessária, o que pode ser feito por
estufa, por câmara de ar e, mais comumente utilizado, por meio de cilindros aquecidos com
vapor (Figura 8). Logo na entrada desta zona, geralmente, há a separação úmida dos fios em
duas ou quatro camadas, o que é importante para facilitar a secagem, proporcionar um melhor
encapsulamento do fio e facilitar a separação completa dos fios na zona seca (PEREIRA, 2009).

Figura 8 - Zona de secagem com cilindros aquecidos com vapor.

Fonte: Autoria própria, 2023.


23
Ao saírem da zona de secagem, os fios são encaminhados para a área conhecida como
campo seco (Figura 9), onde estão localizadas as varetas de separação. No campo seco, ocorre
a aplicação da pós-enceragem na manta de fios, com o objetivo de lubrificar a camada externa.
Isso facilita a abertura dos fios nas varetas de separação, reduzindo o atrito e minimizando a
formação de poeira durante o processo de tecelagem. As varetas têm a função de separar os fios
que chegam colados uns aos outros, permitindo que sejam realocados de acordo com as
camadas, no pente extensível localizado antes da cabeceira da máquina (RODRIGUES, 2019).

Figura 9 - Campo seco.

Fonte: Autoria própria, 2023.

Após serem distribuídos no pente extensível, responsável por ajustar a largura da


camada de fios e a largura do rolo, garantindo uma densidade constante de fios por centímetro
e um enrolamento uniforme, os fios chegam a cabeceira da máquina, onde serão enrolados no
carretel de tear. De acordo com Pereira (2009), três fatores são importantes para obter um
enrolamento uniforme: a condição do cilindro de arraste ou puxador, a tensão aplicada aos fios
e a pressão exercida por uma balança sobre os fios já enrolados. As Figuras 10 e 11 mostram o
pente extensível e cabeceira de uma máquina engomadeira, respectivamente.
24

Figura 10 - Pente extensível.

Fonte: Autoria própria, 2023.

Figura 11 - Cabeceira da máquina.

Fonte: Autoria própria, 2023.

3.2.2 A goma
A goma utilizada nesse processo é tradicionalmente formulada com amido, geralmente
de milho, cozido em água. O amido de milho, por ter menor custo, costuma ser mais utilizado,
mas necessita do uso de agentes auxiliares para melhorarem seu desempenho na engomagem
(ALCÂNTARA, 1995). O Quadro 1 a seguir mostra agentes auxiliares usados na formulação
das gomas.
25
Quadro 1 - Auxiliares na formação de goma.

PRODUTO FUNÇÃO BASES QUÍMICAS MAIS USADAS


FLUIDIFICANTE Melhora a viscosidade da goma. Persulfato de sódio.

Facilita a penetração da goma no fio,


PENETRANTE Dioctilsulfosuccinato de sódio; Glicose.
usado basicamente para o amido.

Aplicado em um banho após a Sebo hidrogenado; Óleos vegetais


AGENTE DE PÓS
engomagem. Funciona como etoxilados ou sulfatados; Cera de
ENCERAGEM
lubrificante de superfície. polietileno.

Carboximetilcelulose (CMC);
REFORÇADOR DE Melhora a resistência da película de
Álcool polivinílico (PVA);
PELÍCULA amido.
Carboximetilamido (CMA); Poliacrilatos.

PLASTIFICANTE
Aumenta a adesividade da goma ao
(GERALMENTE PARA FIOS Trietileno glicol; Poliacrilatos; PVA.
fio e sua elasticidade.
SINTÉTICOS)

Mantém a umidade no fio engomado


Uréia; Polietilenoglicol de alto peso
AGENTE HIDROSCÓPICO para evitar a descolagem da goma e
molecular; Sorbitol; Glicerina; Glicose.
formação de pó durante a tecelagem.

Suspensão de estearato de alumínio em


Evita extravazão do banho por
ANTIESPUMANTE óleos minerais; Álcoois graxos fosfatados;
formação de espuma.
Microemulsão de silicone.

Evita ataque microbiológico aos Sal sódico de orto-fenil-fenol; Formol;


AGENTE ANTI-MOFO
urdumes engomados. Benzoatos.

Fonte: Adaptado de ALCÂNTARA, 1995.

A nível estrutural, os grânulos de amido consistem principalmente em misturas


heterogêneas de duas macromoléculas: amilose e amilopectina, as quais se diferenciam em
relação ao tamanho molecular e ao grau de ramificação. A amilose é uma molécula basicamente
linear, composta por unidades de glicose unidas através de ligações α-1,4, enquanto a
amilopectina é uma molécula altamente ramificada, também composta de unidades de glicose
unidas entre si através de ligações α-1,4 em sua parte linear, porém com 5 a 6% de ligações α-
1,6 constituindo pontos de ramificação (DIAMANTINO, 2018). As estruturas dessas duas
moléculas estão representadas na Figura 12.
26

Figura 12 - Estrutura das moléculas de amilose (A) e amilopectina (B).

Tabela 1- Auxiliares na formação de goma

Fonte: DIAMANTINO, 2018.

Durante o processo de cozimento, ocorre a formação de pontos de interações


intermoleculares na solução. Esses pontos são responsáveis por criar uma película ao redor do
fio quando este entra em contato com a área de secagem da engomadeira. É importante ressaltar
que altas concentrações de amido podem aumentar a viscosidade da solução, o que pode
prejudicar o processo de engomagem. Para controlar as variáveis na solução gomosa, podem
ser utilizados tratamentos enzimáticos, modificações com ácidos e também processos de
oxidação (SILVA, 2022).
27

3.3 DESENGOMAGEM
Após o processo de tecelagem, a goma contida nos fios de urdume não é mais
necessária, então o tecido seguirá para as operações de limpeza e desengomagem. A
desengomagem é uma operação que faz parte do processo de beneficiamento primário e tem
como objetivo remover toda a goma contida no tecido plano, para que ele volte a possuir uma
melhor hidrofilidade, tornando o material mais absorvente à água e permitindo um tingimento
uniforme no tecido (SILVA, 2019).
A etapa de desengomagem depende da formulação específica utilizada na engomagem
dos tecidos. Se forem utilizados apenas produtos solúveis em água, como resinas sintéticas e
certos derivados de amido, uma lavagem alcalina com detergentes é suficiente. Essa lavagem,
também chamada de ensaboamento, permite simultaneamente a remoção de gorduras e ceras
presentes no algodão. No entanto, se o produto de engomagem for total ou parcialmente
insolúvel, como é o caso dos produtos à base de amido, é necessário realizar a sua remoção
através do uso de outras técnicas, como o uso de enzimas do tipo amilase, que quebram as
moléculas de amido, tornando-o solúvel. Outra alternativa é a oxidação por meio de peróxidos
para solubilizar o amido. Essas técnicas são chamadas de desengomagem enzimática e
desengomagem oxidativa (ALCÂNTARA, 1995; SILVA, 2019). Neste trabalho, foram
utilizados os métodos de lavagem com detergente e desengomagem enzimática nos testes
realizados.
Na desengomagem oxidativa, utilizam-se agentes oxidantes, como o peróxido de
hidrogênio (H2O2), que decompõem o amido em gás carbônico e água. Esse processo de
oxidação é capaz de remover a goma presente no tecido, realizar a purga (eliminação das
impurezas) e também promover o alvejamento do substrato, apresentando como vantagem a
aplicação simultânea desses três processos do beneficiamento (LIMA, 2022).
3.3.1 Uso de enzimas na desengomagem
No processo de desengomagem enzimática, a enzima utilizada é a amilase, que pode
ser obtida a partir de fontes como o pâncreas, malte ou bactérias. Existem diferentes tipos de
amilases, classificadas de acordo com sua fonte de origem e mecanismo de degradação (REED,
1975).
As α-amilases são as enzimas mais indicadas para uso na indústria têxtil, pois tem a
capacidade de selecionar a cobertura de amido sem atacar as fibras do tecido. Elas realizam a
hidrólise do amido de forma aleatória no interior da molécula, resultando na produção de
28

maltose e glicose (endoamilases). Por outro lado, as β-amilases hidrolisam as extremidades não
redutoras do amido, gerando unidades de maltose (exoamilases), e as glucoamilases liberam
glicose a partir do terminal não redutor da molécula do substrato (amiloglucosidases)
(MARROQUES, 2020).
A amilase é capaz de digerir o amido, reduzindo seu peso molecular e convertendo-o
em dextrinas e maltose, que são solúveis em água. Isso torna possível a remoção desses
polissacarídeos em etapas posteriores por meio de lavagem do tecido. A goma formada pelo
amido, que é uma macromolécula insolúvel em água, é decomposta pela ação da enzima,
facilitando assim sua remoção durante o processo de lavagem.
Quando comparada à desengomagem oxidativa, o uso de enzimas leva ligeira
vantagem na remoção de goma, pois resulta em uma melhor hidrofilidade do substrato. Porém,
faz-se necessário o uso do processo de alvejamento em seguida (BEZERRA, 2015).
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4 METODOLOGIA
Este capítulo contém a metodologia utilizada para a obtenção dos resultados dos testes
de desengomagem para a avaliação da uniformidade da engomagem e foram obtidos em estudo
realizado no setor de preparação à tecelagem em uma indústria têxtil localizada em Natal-RN.
Na pesquisa, de natureza aplicada e caráter descritivo, usou-se de procedimentos experimentais
para obtenção de dados, a fim de gerar análises qualitativas e quantitativas a respeito dos
processos realizados na indústria.
4.1 PROCEDIMENTOS EXPERIMENTAIS COM ENZIMA E DETERGENTE
Nas seções seguintes, serão descritos os procedimentos experimentais realizados para
alcançar os objetivos propostos. Para isso, foram realizadas três etapas de testes.

4.1.1 Procedimentos utilizando enzima e detergente


Primeiramente foram feitos experimentos a fim de se comparar a eficácia da remoção
de goma do fio utilizando enzima e utilizando apenas detergente. Foi utilizada uma enzima
comercial do tipo alfa-amilase e um detergente para processos têxteis, fornecidos pelo mesmo
fabricante.
Para realização de todos os testes, foram preparadas duas soluções para serem usadas
como base:
 Solução 1 (Enzima): 1 litro de água destilada + 2,5 g de enzima + 0,5 g de
detergente.
 Solução 2 (Detergente 0,2%): 1 litro de água destilada + 2 g de detergente.
Foram pesadas duas amostras de aproximadamente 8 gramas de fios engomados
(Figura 13), com carga de goma padrão entre 15 e 17%, e colocadas, cada uma, dentro de um
erlenmeyer diferente. Em um erlenmeyer contendo os fios, adicionaram-se 300 mL da solução
1 (enzima) e, no outro, 300 mL da solução 2 (detergente na concentração de 2 g/litro).
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Figura 13 - Pesagem de amostra de fio engomado.

Fonte: Autoria própria, 2023.

As duas amostras contendo as soluções foram colocadas em uma chapa aquecedora, a


fim de fornecê-las calor até que fosse alcançada uma temperatura entre 90 e 100 °C. Após
atingir a temperatura desejada, as soluções foram mantidas em aquecimento constante durante
60 minutos. Na amostra contendo fio + solução 1 (Amostra A), não foi feita nenhuma alteração
durante o processo de aquecimento. Porém, na amostra contendo fio + solução 2 (Amostra B),
foram trocadas a solução de 300 mL de detergente (também mantidas na temperatura entre 90
e 100 °C) duas vezes, sendo cada uma após 20 minutos, mas mantendo a mesma amostra de
fios. A Figura 14 mostra as amostras A e B e as soluções de detergente em aquecimento.

Figura 14 - Amostras em aquecimento.

Fonte: Autoria própria, 2023.


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Após os 60 minutos, foi feita a retirada das amostras da chapa de aquecimento, o
descarte das soluções aquecidas e uma lavagem a frio com água corrente nos fios. Esses fios
foram colocados para secar em estufa e posteriormente pesados para obtenção dos dados de
massa finais. Com os dados coletados, foi calculado o percentual de redução de massa,
dividindo o valor de massa final pelo valor de massa inicial e subtraindo de 100%.
4.1.2 Procedimentos utilizando apenas detergente
Na segunda etapa de testes, foi utilizado apenas o detergente como agente removedor
da goma. Preparou-se novamente a solução 2 utilizada na etapa anterior, contendo 1 litro de
água e 2 gramas de detergente.
Foram pesadas duas amostras contendo aproximadamente 8 gramas do mesmo fio
engomado utilizado anteriormente e realizado o mesmo procedimento de acrescentar 300 mL
de solução em cada uma e colocá-las sobre aquecimento até atingir a temperatura entre 90 e
100 °C, mas usando apenas a solução 2. Ao atingir a temperatura desejada, as duas amostras
contendo fio + solução 2 (Amostra C e Amostra D) ficaram 60 minutos em aquecimento,
mantendo a temperatura constante no intervalo desejado, porém, na Amostra C foi trocada a
solução de detergente uma vez durante esse tempo de temperatura constante, que foi realizada
aos 30 minutos após atingir a temperatura, ou seja, no meio do intervalo.
Após os 60 minutos, foram feitos os mesmos procedimentos de lavagem, secagem e
pesagem descrito na seção 4.1.1.

4.2 PROCEDIMENTO PARA AVALIAR A UNIFORMIDADE DA ENGOMAGEM


Após os testes descritos nas etapas 4.1.1 e 4.1.2 serem realizados e analisados seus
resultados, foi escolhido um dos métodos para avaliar a uniformidade da engomagem realizada
em uma máquina de engomadeira.
Primeiramente, foi feita a retirada de uma amostra, chamada meada, da manta de fios
de uma engomadeira em processo de produção de um artigo. Nessa amostra, foram
identificados a que lado da máquina pertencia cada parte dessa manta no sentido da largura
(lado direito, centro e lado esquerdo). Essa amostra foi levada para o laboratório, a fim de serem
realizados os procedimentos de desengomagem em cada um desses lados.
O método escolhido para a análise dessa meada de fios foi o mesmo utilizado na
Amostra D da seção 4.1.2 deste trabalho, ou seja, usando apenas a solução de concentração 2
g/litro detergente e água (solução 2).
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Pesaram-se aproximadamente 8 gramas de fios engomados, com carga de goma padrão


entre 10 e 12%, coletados de cada um dos três lados da meada (Figura 15) e colocados em
diferentes erlenmeyers.

Figura 15 - Amostras de três partes da mesma manta com lados identificados.

Fonte: Autoria própria, 2023.

Em cada amostra, foram colocados 300 mL da solução 2 e depois elas foram levadas
para aquecimento em chapa aquecedora. Após atingir a temperatura entre 90 e 100 °C, foram
deixadas 60 minutos em temperatura constante, sem nenhuma troca do banho de solução.
Retiraram-se as amostras do aquecimento após os 60 minutos, descartaram-se os banhos de
solução e foram feitas lavagens a frio em água corrente. Depois, as três amostras de fios lavadas
foram colocadas para secar em estufa e posteriormente pesadas e coletados os seus dados de
massa.
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5 RESULTADOS E DISCUSSÕES

Nos procedimentos realizados nas seções 4.1.1 e 4.2.2 nas amostras A, B, C e D, foram
obtidos os seguintes resultados:

Quadro 2 - Resultados das amostras A, B, C e D.

Amostra Massa inicial (g) Massa final (g) % de redução


A 8,04 6,46 19,65
B 8,00 6,48 19,00
C 8,03 6,55 18,43
D 8,01 6,57 17,98
Fonte: Autoria própria, 2023.

Comparando o teste feito usando enzima (Amostra A) com os testes usando detergentes
(Amostras B, C e D), vê-se que os resultados obtidos são próximos, mostrando que tanto a
remoção de goma por solubilização, que acontece com o uso do detergente a quente, quanto a
remoção pela reação de quebra do amido, provocado pelo uso da enzima, são eficazes no
processo de desengomagem dos fios provenientes da engomadeira. Nota-se também que,
quanto mais trocas de banho de solução de detergente, mais próximo se torna o resultado de
remoção ao resultado usando enzima.
Diante da eficácia dos procedimentos testados, escolheu-se o método realizado na
amostra D, que usa apenas um banho a quente de solução 2% de detergente durante 60 minutos,
para se tornar procedimento operacional padrão na realização das análises da uniformidade da
engomagem. Essa escolha se deu por razões comerciais e pela facilidade, já que o método usado
na amostra D se mostrou mais fácil de ser realizado e atende ao objetivo proposto.
Com o uso do método escolhido, os seguintes resultados foram obtidos nas análises
realizadas na seção 4.2 deste trabalho:

Quadro 3 - Resultados das análises da seção 4.2.

Amostra Massa inicial (g) Massa final (g) % de redução


LADO ESQUERDO 8,00 6,76 15,50
CENTRO 8,00 6,72 16,00
LADO DIREITO 8,00 6,71 16,13
Fonte: Autoria própria, 2023.
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Os resultados obtidos mostram que foi removida mais goma da amostra retirada do lado
direito da manta de fios, quando comparada às amostras retiradas do centro e do lado esquerdo
da manta. Isso mostra que os fios do lado direito da manta estavam com um pouco mais de
goma do que os dos outros setores, porém, como os resultados foram próximos, a
desengomagem foi considerada uniforme. Caso esses resultados tivessem uma diferença maior
entre os lados, seria apontada uma falta de uniformidade da engomagem, mostrando que a
espremedura realizada pelos cilindros foulards foi menor de um lado do que do outro.
Como visto no referencial teórico deste trabalho, os cilindros foulards espremedores,
localizados nas caixas de goma das máquinas de engomadeiras, são responsáveis por retirar o
excesso de goma após a imersão da manta na solução gomosa. Então, se eles estiverem
desalinhados, resultará em uma engomagem não uniforme. Quanto menor for a espremedura,
mais goma restará superficialmente no fio.
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6 CONCLUSÃO

Como abordado neste trabalho, a engomagem de fios de urdume é uma importante


etapa no processo produtivo de tecidos planos de algodão, sendo essencial para a etapa da
tecelagem. Dada essa importância, cada vez mais existe a necessidade de buscar métodos para
manter sob controle os parâmetros deste processo a fim de manter os padrões esperados nos
produtos.
É possível concluir que os objetivos deste estudo foram alcançados, visto que os
métodos utilizados para a remoção de goma dos fios engomados foram eficazes.Os ensaios
realizados foram simples, sem necessitar do uso de processos complexos, o que se torna
interessante como ferramenta de controle de qualidade de processos para serem realizados na
indústria. Com o uso do método proposto, é possível verificar, em escala laboratorial e de
maneira simples, se a engomagem realizada pela engomadeira está uniforme, tornando possível
a adoção de medidas para correção de possíveis problemas na falta dessa uniformidade no
processo de maneira mais rápida.
Nos resultados, foi visto que tanto a enzima, quanto o detergente foram eficazes na
remoção de goma, tornando possível o uso de quaisquer dos dois agentes para este fim. Na
análise do uso da desengomagem para avaliação da uniformidade da engomagem, foi visto que,
quanto maior a remoção de goma nos fios de um dos lados da manta, significa que os cilindros
fourlads espremedores que compõem a máquina engomadeira estão desalinhados, fazendo com
que a remoção do excesso de goma na saída das caixas esteja acontecendo mais de um lado do
que de outro.
Por fim, o método proposto neste trabalho contribuiu para a criação de um
Procedimento Operacional Padrão (POP) na indústria têxtil onde foram realizadas as análises,
para que se torne procedimento na rotina de controle de processos do setor de preparação à
tecelagem.
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REFERÊNCIAS

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