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Olá, alunos!
Bons estudos,
Abraços, Equipe Ceisc.
2ª Fase de Penal | 40º Exame de Ordem
Direito Penal e
Processual Penal
SUMÁRIO
2ª Fase do Júri
4.1. Preparação e organização do júri .............................................................. 31
4.2. Desaforamento .......................................................................................... 31
4.2.1. Conceito ................................................................................................. 31
4.2.2. Interesse da ordem pública .................................................................... 31
4.2.3. Dúvida sobre a imparcialidade do júri..................................................... 32
4.2.4. Segurança pessoal do réu...................................................................... 32
4.2.5. Iniciativa do desaforamento .................................................................... 32
4.2.6. Suspensão do julgamento pelo relator ................................................... 32
4.2.7. Inadmissibilidade do pedido de desaforamento ..................................... 32
4.2.8. Excesso de Serviço ................................................................................ 32
4.3. Ausência do defensor ................................................................................ 33
4.4. Ausência do acusado ................................................................................ 33
4.5. Imprescindibilidade do depoimento da testemunha .................................. 33
4.6 Suspensão dos trabalhos para condução coercitiva ou adiamento da sessão
......................................................................................................................... 33
4.7. Infrutífera condução coercitiva .................................................................. 34
4.8. Realização do julgamento, independentemente da inquirição de testemunha
arrolada ............................................................................................................ 34
4.9. Preparo para a composição do conselho de sentença .............................. 34
4.10. Abertura dos trabalhos ............................................................................ 34
4.11. Ausência de quórum................................................................................ 35
4.12. Reunião prévia do juiz com os jurados .................................................... 35
4.12.1. Conceito ............................................................................................... 35
4.12.2. Incomunicabilidade dos jurados ........................................................... 35
4.12.3. Manifestação da opinião acerca do processo ...................................... 36
4.12.4. Fiscalização da incomunicabilidade durante o julgamento ................... 36
4.12.5 Certidão do oficial de justiça .................................................................. 36
4.13. Formação do conselho de sentença........................................................ 36
4.14. Recusas motivadas e imotivadas ............................................................ 37
4.15. Separação do julgamento........................................................................ 37
4.17. Estouro da urna ....................................................................................... 38
2ª Fase de Penal | 40º Exame de Ordem
Reformatio in pejus
10.1. Introdução ............................................................................................. 142
10.2. Recurso da acusação ............................................................................ 142
10.3. Recurso da defesa ................................................................................ 143
10.4. Reformatio in pejus direta...................................................................... 143
10.5. Reformatio in pejus indireta ................................................................... 143
Efeito Extensivo
11.1. Introdução ............................................................................................. 145
Prisão em Flagrante
12.1 Introdução .............................................................................................. 146
12.2. Espécies de flagrante ............................................................................ 147
12.3. Outras variações das espécies de prisão em flagrante: ........................ 149
12.4. Procedimento para a lavratura do auto de prisão em flagrante ............. 152
12.5. Garantias Legais e Constitucionais do Preso ........................................ 153
12.6. Providências judiciais ao receber o auto de prisão em flagrante ........... 155
Relaxamento de Prisão
13.1. Relaxamento de prisão.......................................................................... 157
13.4. Base Legal ............................................................................................ 157
13.3. Conteúdo ............................................................................................... 157
13.5. Peça Resolvida...................................................................................... 161
Liberdade provisória
14.1. Introdução ............................................................................................. 166
14.2. Identificação .......................................................................................... 167
14.3. Base legal.............................................................................................. 167
14.4. Conteúdo ............................................................................................... 167
14.5. Liberdade provisória x tráfico ilícito de entorpecentes ........................... 168
14.6. Liberdade Provisória X Proibição do Art. 310, §2º, CPP ....................... 169
14.7. Estruturação .......................................................................................... 169
14.8. Peça Resolvida...................................................................................... 172
2ª Fase de Penal | 40º Exame de Ordem
Prisão Preventiva
15.1 Conceito ................................................................................................. 177
15.2 Legitimação ............................................................................................ 178
15.3 Pressupostos .......................................................................................... 178
15.3.1. Fumus Comissi Delicti ........................................................................ 178
15.4 Periculum libertatis: Perigo gerado pelo estado de liberdade do imputado179
15.5. Condições de admissibilidade da Prisão Preventiva ............................. 182
15.6. Fundamentação..................................................................................... 184
Prisão Temporária
18.1 Noções Introdutórias .............................................................................. 198
18.2. Hipóteses para a decretação ................................................................. 199
18.3. Hipóteses .............................................................................................. 199
18.4. Decretação por autoridade judicial ........................................................ 199
18.5. Prazo ..................................................................................................... 200
18.6. Procedimento ........................................................................................ 200
Olá, aluno(a). Este material de apoio foi organizado com base nas aulas do curso preparatório para
a 2ª Fase do 40º Exame da OAB e deve ser utilizado como um roteiro para as respectivas aulas.
Além disso, recomenda-se que o aluno assista as aulas acompanhado da legislação pertinente.
1.1. Conceito
Trata-se de negócio jurídico extrajudicial, celebrado entre o Ministério Público e o autor
da infração penal, devidamente acompanhado por advogado, e, revestindo-se de todas
as formalidades, homologado pelo juiz competente, no caso, a princípio, pelo juiz de
garantias (CPP, art. 3º-B, XVII).
Em outras palavras, verificando-se que não se trata de caso de arquivamento do
inquérito policial, o Ministério Público e o acusado poderão entabular acordo, com a
finalidade de evitar o oferecimento da denúncia, e desencadeamento da ação penal,
mediante o cumprimento de determinadas condições.
1.2. Requisitos
Nos termos do artigo 28-A do CPP, o acordo de não persecução penal poderá ser
celebrado desde que preenchidos os seguintes requisitos:
a) Infração penal com pena mínima cominada inferior a quatro anos
Aqui um especial cuidado. O requisito leva em conta a pena mínima e não a máxima
cominada ao delito.
Para verificação desse requisito, deverão ser consideradas as causas de aumento e
diminuição da pena, bem como o concurso de crime.
Em se tratando de causa de aumento de pena, deve-se utilizar a fração que menos
aumenta. Assim, se a infração penal prever causa de aumento de pena de 1/6 a 1/2, deve-
se considerar a fração de 1/6.
Em relação à diminuição da pena, deve-se utilizar a fração que mais diminua
(Exemplo: se o crime for tentado a redução será de 1/3 a 2/3 – art. 14, parágrafo único,
do CP. Nesse caso, deve-se considerar a fração que mais diminua: 2/3). Tudo isso para
se chegar à pena mínima.
2ª Fase de Penal | 40º Exame de Ordem
1.3. Condições
Além de preencher os requisitos previstos em lei, o acusado deverá concordar cumprir
as condições ajustadas cumulativa e alternativamente.
Nos termos do artigo 28-A do CPP, as condições são as seguintes:
I – reparar o dano ou restituir a coisa à vítima, exceto na impossibilidade de fazê-lo;
II – renunciar voluntariamente a bens e direitos indicados pelo Ministério Público como
instrumentos, produto ou proveito do crime;
III – prestar serviço à comunidade ou a entidades públicas por período
correspondente à pena mínima cominada ao delito diminuída de um a dois terços, em
local a ser indicado pelo juízo da execução, na forma do art. 46 do Decreto-Lei nº
2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal);
IV – pagar prestação pecuniária, a ser estipulada nos termos do art. 45 do Decreto-
Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), a entidade públi- ca ou de
interesse social, a ser indicada pelo juízo da execução, que tenha, preferencialmente,
como função proteger bens jurídicos iguais ou semelhantes aos aparentemente
lesados pelo delito; ou
V – cumprir, por prazo determinado, outra condição indicada pelo Ministério Público,
desde que proporcional e compatível com a infração penal imputada.
Súmula 723 STF: “Não se admite a suspensão condicionaldo processo por crime continuado, se a soma da pena mínima da
infração mais grave com o aumento mínimo de um sexto for superior a um ano.”
Súmula 243 STJ “O benefício da suspensão do processo não é aplicável em relação às infrações penais cometidas em concurso
material, concurso formal ou continuidade delitiva, quando a pena mínima cominada, seja pelo somatório,seja pela incidência da
majorante, ultrapassar o limite de um (01) ano.
2ª Fase de Penal | 40º Exame de Ordem
Juntos, Bruno, Leila, Valter e Vinícius cometeram determinado ilícito em 2016. O processo
veio a ser desmembrado, de forma que Bruno aceitou a suspensão condicional do
processo, em 2017; Leila foi condenada, definitivamente, em 2018, tendo terminado de
cumprir a sua condenação em 2020; Valter foi condenado em primeira instância, porém,
interpôs recurso, vindo a transitar em julgado o acórdão condenatório em 2022; e Vinícius,
por sua vez, não foi encontrado para ser citado, tendo o processo sido suspenso, assim
como o prazo prescricional, na forma do Art. 366 do CPP. Em 2021, os amigos se reúnem
e praticam novo ilícito penal, sem violência ou grave ameaça à pessoa. Na qualidade de
advogado de todos eles, responda às questões a seguir.
A) À vista dos antecedentes criminais mencionados, e considerando preenchidos
todos os demais requisitos legais, há algum acusado(s) impedido(s) de se beneficiar,
em tese, de oferta de acordo de não persecução penal? justifique. (Valor: 0,60)
B) Caso condenado(s) pelo novo fato, se fixada pena abaixo de quatro anos, qual(is)
acusado(s) poderá(ão) se beneficiar do regime aberto? justifique. (Valor: 0,65)
Obs.: O(a) examinando(a) deve fundamentar as respostas. A mera citação do
dispositivo legal não confere pontuação.
2ª Fase de Penal | 40º Exame de Ordem
relação ao terceiro. Se efetuar disparos matando o seu desafeto e também a outra pessoa, o
agente responderá por dois crimes de homicídio: o primeiro, a título de dolo direto (em
relação ao desafeto); o segundo, a título de dolo eventual (em relação ao terceiro).
Assim, no dolo eventual, o agente, embora não deseje diretamente o resultado, age com
indiferença e desprezo na sua produção, aceitando a sua ocorrência. Prefere arriscar-se a
produzi-lo a se abster e cessar a sua conduta. Age, pois, com dolo eventual o agente que ofende
a integridade física de mulher grávida, ciente do seu adiantado estado gravídico, causando-lhe
o aborto. Note-se que o agente não quer o resultado, pois, se desejasse, agiria com dolo direto,
mas prevê como possível o aborto e mesmo assim segue com a sua conduta, assumindo o risco
de interromper a gravidez com a morte do feto. Nesse caso, além do crime de lesão corporal
gravíssima praticado contra a mulher (dolo direto), o agente também responderá pelo crime de
aborto sem consentimento da gestante (dolo eventual), em concurso formal imperfeito.
EXEMPLO:
O crime de dano (CP, art. 163) não prevê a modalidade culposa. Logo, causar, por
negligência ou imprudência, dano ao patrimônio alheio constitui fato atípico.
2ª Fase de Penal | 40º Exame de Ordem
Pratica o crime do art. 302, § 2º, do CTB, o agente, que, ao dirigir embriagado colidiu na
traseira de motocicleta, em face da falta ao dever de cautela, na modalidade imprudência. Da
mesma forma, age com imprudência o agente que limpa arma de fogo carregada próximo a
pessoas e, de forma descuidada, aciona o gatilho, matando alguém que estava ao seu lado.
Também age com imprudência o agente que sai cansado do trabalho e, em virtude de sua
conduta descuidada, realiza um brusco movimento enquanto se dirigia para sua residência,
trombando com um transeunte, que rola de uma escadaria, sofrendo lesões gravíssimas. Trata-
se, em tese, de lesão corporal culposa (CP, art. 129, § 6º), por conta da conduta imprudente do
agente, independentemente da gravidade da lesão.
b) Negligência
Tomemos como exemplo o condutor de veículo que, antes de sair de viagem, deixa de
reparar os pneus e verificar os freios. Da mesma forma, age com negligência o pai que deixa
arma de fogo ao alcance de uma criança. Agem, ainda, com negligência os pais, por culpa in
vigilando, que deixam a criança de tenra idade, sem noção do perigo, caminhar vários metros à
sua frente, em acostamento de rodovia de intenso tráfego, culminando o episódio com o trágico
2ª Fase de Penal | 40º Exame de Ordem
c) Imperícia
EXEMPLO:
Médico que deixa de tomar as cautelas devidas de assepsia em uma sala de cirurgia,
demonstrando sua nítida inaptidão para o exercício profissional, situação que provoca a morte
do paciente.
Em outras palavras, na culpa consciente, o agente prevê o resultado, mas não aceita sua
produção. Embora previsível, confia sinceramente que o resultado não ocorrerá ou que, por conta
da sua habilidade, conseguirá impedir que o evento se produza.
EXEMPLO:
Leonardo conduz seu veículo por uma avenida. No banco do carona está sua namorada,
Célia. Durante o percurso, Leonardo imprime velocidade excessiva no veículo, gerando
protestos por parte de Célia, que lhe pedia para reduzir a velocidade. Leonardo responde
dizendo que nada iria acontecer, até porque era um excelente motorista. Todavia, ao fazer
uma curva, Leonardo perde o controle do veículo e atropela uma pessoa, causando-lhe a
morte. Diante disso, Leonardo responderá pelo crime de homicídio culposo na condução
de veículo automotor (Lei nº 9.503/1997, art. 302). Note-se que, no caso, havia por parte do
motorista a previsibilidade do resultado, que não era aceito e nem esperado e, ainda, a leviana
percepção de que sua habilidade como condutor impediria a produção de qualquer evento
lesivo.
2ª Fase de Penal | 40º Exame de Ordem
Em outras palavras, na culpa consciente, o agente prevê o resultado, mas não aceita sua
produção. Embora previsível, confia sinceramente que o resultado não ocorrerá ou que, por conta
da sua habilidade, conseguirá impedir que o evento se produza.
Se o enunciado fornecer informações no sentido de que o réu não agiu com dolo ou culpa,
porque, por exemplo, não era previsível o resultado, o fato será atípico.
• Se for resposta à acusação: absolvição sumária, com base no artigo 397, III, do
CPP.
• Se for memoriais ou apelação no procedimento comum: absolvição, com base
no artigo 386, III, do CPP.
• Se for memoriais ou recurso em sentido estrito no procedimento do júri:
absolvição sumária, com base no artigo 415, III, do CPP.
Da mesma forma, pode acontecer de o enunciado fornecer informações para
desclassificação do crime doloso para culposo, sobretudo quando se tratar de procedimento do
júri.
Imaginemos que o Ministério Público ofereça denúncia por homicídio doloso contra o réu,
havendo informações no enunciado para a desclassificação para homicídio culposo.
Nesse caso, a tese será de desclassificação e remessa para o juízo competente, com
base no artigo 419 do CPP.
vítima, no automóvel de João, bem como no local do fato, indicaram que João estava acima da
velocidade permitida, mas que, ainda que a velocidade do veículo do acusado fosse de 80 km/h,
não seria possível evitar o acidente e Juan teria falecido. Diante da prova pericial constatando a
violação do dever objetivo de cuidado pela velocidade acima da permitida, João foi condenado à
pena de detenção no patamar mínimo previsto no dispositivo legal. Considerando apenas os
fatos narrados no enunciado, responda aos itens a seguir.
A) Qual o recurso cabível da decisão do magistrado, indicando seu prazo e fundamento legal?
(Valor: 0,60)
B) Qual a principal tese jurídica de direito material a ser alegada nas razões recursais? (Valor: 0,65)
Obs.: o examinando deve fundamentar suas respostas. A mera citação do dispositivo legal não confere
pontuação.
criminal vinculada ao Tribunal do Júri da localidade recolhida a prova, o Ministério Público pugnou
pela pronúncia de Caio, nos exatos termos da inicial. Na qualidade de advogado de Caio,
chamado aos debates orais, responda aos itens a seguir, empregando os argumentos jurídicos
apropriados e a fundamentação legal pertinente ao caso.
A) qual(is) argumento(s) poderia(m) ser deduzidos em favor de seu constituinte?
(Valor: 0,40)
B) qual pedido deveria ser realizado? (Valor: 0,30)
C) Caso Caio fosse pronunciado, qual recurso poderia ser interposto e a quem a peça de
interposição deveria ser dirigida? (Valor: 0,30)
3.1 Introdução
Trata-se de procedimento destinado à apuração dos crimes praticados por funcionário
público ou a ele equiparado no exercício da função ou em razão dela contra a administração
pública. É o caso dos crimes previstos nos arts. 312 a 326 do CP e art. 3º da Lei nº 8.137/1990.
3.2 Identificação
PAROU!
Nos termos do art. 514 do CPP, nos crimes funcionais afiançáveis, após o oferecimento
da denúncia, o réu será notificado para apresentar, no prazo de 15 (quinze) dias, defesa
preliminar.
Se recebida a denúncia, será o acusado citado, seguindo-se o rito comum, nos temos do
art. 518 do CPP.
3.3 Prazo
Nos termos do art. 514 do CPP, o prazo para apresentar a defesa preliminar é de 15
(quinze) dias.
Logo, além de desenvolver tese voltada à rejeição da denúncia, nada impede que também
sejam desenvolvidas teses para absolvição sumária. Assim, no caso de atipicidade da conduta,
será possível pedido de rejeição da denúncia, com base no artigo 395, II, do CPP e absolvição
sumária, com base no artigo 397, III, do CPP.
Processo nº ...
I) DA TEMPESTIVIDADE
III) DO DIREITO
se atacar a denúncia, buscando a sua rejeição, com base no art. 395 do CPP.
IV) DO PEDIDO
Ante o exposto, requer o denunciado:
a) seja rejeitada a denúncia.
PRELIMINAR, com base no artigo 514 do Código de Processo Penal, pelos fatos e
I) DOS FATOS
312, “caput”, do Código Penal, porque teria utilizado, sem autorização, o veículo do
Município.
II) DO DIREITO
A) DA AUSÊNCIA DE DOLO OU PECULATO DE USO
O réu foi acusado de ter utilizado o veículo automotor do Município, sem
autorização. Todavia, o réu não teve a intenção de se apropriar do bem, nem tampouco o
desviou da Administração Municipal.
2ª Fase de Penal | 40º Exame de Ordem
Pretendia, apenas, utilizar o veículo para levar sua esposa até o Posto de
Saúde do Município vizinho e depois devolvê-lo no mesmo lugar que retirou. Assim, não há
que se falar em peculato-apropriação, peculato-desvio ou peculato-furto.
Logo, o réu não tinha dolo de se apropriar, desviar ou subtrair o veículo, tanto
que, após encher o tanque de gasolina, devolveu-o no mesmo local que pegou e nas
mesmas condições, caracterizando, no caso, peculato de uso, que constitui fato atípico.
Assim, trata-se de fato atípico, devendo a denúncia ser rejeitada, nos termos
do artigo 395, incisos II e III, do Código de Processo Penal.
III) DO PEDIDO
Ante o exposto, requer o réu seja a denúncia rejeitada, com base no artigo
Nestes termos,
Pede deferimento.
Advogado...
OAB...
2ª Fase de Penal | 40º Exame de Ordem
2ª Fase do Júri
O libelo foi extinto pela nova redação dada pela Lei nº 11.689/2008.
No entanto, de acordo com este artigo, o legislador o substituiu por duas novas peças
(inominadas). Assim, ao receber os autos, após a preclusão da pronúncia, o presidente do
Tribunal do Júri determinará a intimação do órgão do Ministério Público ou do querelante, no
caso de queixa, e do defensor, para, no prazo de 5 (cinco) dias, apresentarem rol de
testemunhas que irão depor em plenário, até o máximo de 5 (cinco), oportunidade em que
poderão juntar documentos e requerer diligência.
4.2.1. Conceito
É a decisão jurisdicional que altera a competência inicialmente fixada pelos critérios do
artigo 69 do Código de Processo Penal, com a aplicação estrita no procedimento do Tribunal
do Júri, dentro dos requisitos legais previamente estabelecidos.
Em primeiro lugar, deve-se frisar que, havendo escusa legítima, adia-se a sessão de
julgamento, sem qualquer outra providência. É preciso que a justificativa seja oferecida ao
magistrado até a abertura da sessão em plenário.
Se não houver motivo razoável, o juiz comunica à OAB, seção local, marcando nova data
para o julgamento. Nesta o réu deverá ser, necessariamente, julgado (§ 1º). Para tanto, pode
o réu apresentar outro defensor constituído, logo após a determinação de adiamento. Não o
fazendo, o magistrado intima a Defensoria Pública para que assuma o patrocínio da defesa,
observando o prazo mínimo de 10 dias.
O julgamento não será adiado pelo não comparecimento do acusado solto, do assistente
ou do advogado do querelante, que tiver sido regularmente intimado.
Se o acusado preso não for conduzido, o julgamento será adiado para o primeiro dia
desimpedido da mesma reunião, salvo se houver pedido de dispensa de comparecimento
subscrito por ele e seu defensor.
É possível que, a despeito da tentativa, falhe a condução coercitiva, razão pela qual não
se pode adiar eternamente a realização do julgamento.
Assim, se a testemunha não for localizada para a condução ou tiver alterado o domicílio,
instala-se a sessão.
Se o quórum de 15 (quinze) jurados não foi atingido, é impossível instalar a sessão. Deve
o magistrado providenciar o sorteio de suplentes e adiar o julgamento para a data seguinte
desimpedida.
A partir da edição da Lei 11.689/2008, somente se faz o sorteio dos suplentes, caso não
se atinja o quórum mínimo 15 (quinze) e não mais o número legal 25 (vinte e cinco).
4.12.1. Conceito
Somente pode realizar-se, a fim de que o magistrado forneça algumas instruções a
respeito da forma e do julgamento e do procedimento do Tribunal do Júri, se as partes
estiverem cientes e, desejando, possam estar presentes.
A incomunicabilidade dos jurados existe para resguardar o princípio do sigilo das votações
do júri (Art. 5º, inciso XXXVIII, alínea “b”, da CF/88), que constitui garantia das liberdades
2ª Fase de Penal | 40º Exame de Ordem
individuais e, por isso, sua violação configura nulidade absoluta (Art. 564, inciso III, alínea “j”,
c/c o Art. 458, § 1º (atual, 466, §1º).
Exemplo: na sala especial, quando estiverem reunidos em intervalos, o juiz pode não
estar presente, razão pela qual o oficial incumbe-se de fiscalizar a incomunicabilidade.
Conforme disposto no artigo 468, parágrafo único, do Código de Processo Penal quando
o jurado for recusado imotivadamente (recusa peremptória) por qualquer das partes será
excluída daquela sessão, prosseguindo-se o sorteio para a formação do Conselho de
Sentença.
Logo, a cada recusa de jurado, este não mais permanecerá, independentemente de haver
também recusa por parte de outro defensor ou da acusação.
O juiz verifica qual é o autor do fato. Será ele julgado em primeiro lugar, como determina
o artigo 469, § 2º, do Código de Processo Penal.
Aceita a suspeição, o julgamento será adiado para o primeiro dia desimpedido. Rejeitada,
realiza-se o julgamento, embora todo o ocorrido – inclusive a inquirição das testemunhas –
deva constar da ata.
Caso seja arguida contra o jurado, deve ser levantada tão logo seja ele sorteado,
procedendo-se da mesma forma, isto é, com a apresentação imediata das provas.
de vários deles, é possível que o afastamento ocorra em número tal aponto de inviabilizar o
sorteio de sete jurados para compor o Conselho.
Nos termos do §3º, do artigo 474 do Código de Processo Penal, não se permitirá o uso de
algemas no acusado durante o período em que permanecer no plenário do júri, salvo se
absolutamente necessário à ordem dos trabalhos, à segurança das testemunhas ou à garantia
da integridade física dos presentes.
Por exceção e quando for absolutamente necessário à ordem dos trabalhos, à segurança
das testemunhas ou à garantia da integridade física dos presentes poderá o réu permanecer
algemado.
2ª Fase de Penal | 40º Exame de Ordem
Por unanimidade, o STF decidiu que o uso de algemas deve ser adotado em situações
excepcionalíssimas, pois, do contrário, violam-se importantes princípios constitucionais,
dentre eles a dignidade da pessoa humana (Súmula vinculante n. 11).
Exemplo: dois crimes são cometidos no mesmo cenário, um deles é doloso contra
a vida e o outro, de ação exclusivamente privada, ocorrendo o julgamento isolado do
delito cujo titular da ação é o ofendido.
Em relação à réplica e à tréplica modificou-se o tempo de trinta minutos para uma hora.
Havendo mais de um acusado, o tempo para a acusação e a defesa será acrescido de uma
hora e elevado ao dobro o da réplica e da tréplica, observado o disposto no § 1º deste artigo.
• a leitura de documento ou a exibição de objeto que não tiver sido juntado aos autos com
a antecedência mínima 3 (três) dias úteis, dando-se ciência à outra parte, abrangendo a
leitura de jornais ou qualquer outro escrito, bem como a exibição de vídeos, gravações,
fotografias, laudos, quadros, croqui ou qualquer outro meio assemelhado, cujo conteúdo
versar sobre a matéria de fato submetida à apreciação e julgamento dos jurados.
Nos termos do artigo 483 do Código de Processo Penal, os quesitos serão formulados na
seguinte ordem:
O juiz indagará aos jurados se o réu de qualquer modo contribuiu para o cometimento do
delito.
2ª Fase de Penal | 40º Exame de Ordem
• Caso não haja tese de desclassificação do delito doloso contra a vida para outro
que não seja, o quesito seguinte que deve ser inserido perguntará se “o jurado
absolve o acusado?”
É o que se extrai do artigo 483, § 4º, do Código de Processo Penal, ao destacar que uma
vez sustentada a desclassificação da infração para outra de competência do juiz singular, será
formulado quesito a respeito, para ser respondido após o segundo ou terceiro quesito,
conforme ocaso.
Da mesma forma, deve ser usado para hipótese de tentativa, nos termos do artigo 483, §
5º, do Código de Processo Penal, que enfatiza que se sustentada a tese de ocorrência do
crime na sua forma tentada ou havendo divergência sobre a tipificação do delito, sendo este
da competência do Tribunal do Júri, o juiz formulará quesito acerca destas questões, para ser
respondido após o segundo quesito.
O quesito seguinte será em relação à causa de diminuição da pena alegada pela defesa,
que somente será formulado se o acusado, a essa altura, tiver sido condenado pelos jurados.
b) absolvição, caso em que o réu deverá ser posto imediatamente em liberdade, caso
esteja preso.
2ª Fase de Penal | 40º Exame de Ordem
Diz-se desclassificação própria quando o Conselho desclassifica para outro crime que
não é da sua competência, sem especificar qual crime, assim o Juiz presidente deverá decidir.
Por exemplo, jurados não reconhecem a tentativa de homicídio, caberá o juiz o julgamento da
lesão corporal. Vale frisar que o Juiz aqui assume capacidade decisória integral, poderá até
mesmo absolver.
Sempre lembrar que sendo possível suspensão condicional do processo ou outra medida
despenalizadora devem ser oportunizadas.
4.25. Execução antecipada da pena no júri: art. 492, inciso I, alínea “e”, 2ª
parte, CPP
Em caso de condenação pelo Tribunal do Júri é competência de o Juiz Presidente
determinar a prisão do condenado, se presentes os requisitos da prisão preventiva previstos
no artigo 312 do Código de Processo Penal. Entretanto, destaca-se que com a publicação da
Lei nº 13.964/2019 (Pacote Anticrime), foi inserida a regra de execução provisória de pena
nos processos julgados pelo Tribunal do Júri quando o quantum aplicado na sentença
condenatória for igual ou superior a 15 anos (Art. 492, inciso I, Alínea “e”, 2ª parte, do CPP),
sem prejuízo do conhecimento de eventual recurso a ser interposto.
O juiz presidente, excepcionalmente, poderá deixar de autorizar a execução provisória
se houver questão substancial cuja resolução pelo tribunal ao qual competir o julgamento
possa plausivelmente levar à revisão da condenação.
2ª Fase de Penal | 40º Exame de Ordem
Caso não obtido o efeito suspensivo através de decisão do Juiz Presidente, o Tribunal
que julgar o recurso de apelação poderá atribuir efeito suspensivo à apelação quando
verificar que o recurso interposto não tem propósito meramente protelatório; e a que há
questão substancial que poderá resultar em absolvição, anulação da sentença, novo
julgamento ou redução da pena para patamar inferior a 15 anos.
O pedido do efeito suspensivo poderá ser feito no corpo da apelação ou, por meio
de petição endereçada ao relator, instruída com cópias da sentença, razões de apelação e
prova da tempestividade, além das contrarrazões e das demais peças necessárias à
controvérsia (Art. 492, § 6º, do CPP).
• Observação: caso a peça prática seja uma Apelação da 2ª fase do Júri envolvendo
uma condenação cuja pena aplicada seja igual ou superior a 15 anos, tendo o
enunciado informado que o juiz presidente determinou a execução antecipada,
deverá ser elaborado um item na peça processual, a fim de requerer ao Tribunal
que conceda efeito suspensivo à apelação (Pedido de Efeito Suspensivo) – nos
termos do art. 492, §6º, CPP. O pedido deverá ser explorar os fundamentos do §5º,
demonstrando que o recurso em questão:
I - não tem propósito meramente protelatório; e
II - levanta questão substancial e que pode resultar em absolvição, anulação da
sentença, novo julgamento ou redução da pena.
IMPORTANTE
Aqui o Recurso cabível é APELAÇÃO, nos termos do artigo 593, inciso III,
do Código de Processo Penal.
2ª Fase de Penal | 40º Exame de Ordem
Assim, a apelação das decisões do Júri tem cabimento contra a decisão proferida pelo
Juiz após o julgamento no Plenário do Júri.
Lembrete: Peça:
PAROU!
5.3. Prazo
O prazo para interposição é, em regra, de 5 (cinco) dias (CPP, art. 593), a contar da
intimação, sendo 8 (oito) dias para arrazoar o recurso (CPP, art. 600).
Nos termos da Súmula nº 710 do STF: “No processo penal, contam-se os prazos da data
da intimação, e não da juntada aos autos do mandado ou carta precatória ou ordem”.
Convém ressaltar que, para fins de prova do Exame da OAB, a banca examinadora tem
exigido que a peça de interposição e as razões recursais sejam datadas no mesmo dia. Isso
porque a peça de interposição é apresentada com as razões já inclusas.
Atenção especial deve ser dada ao Assistente de Acusação, que possui o prazo de 15
(quinze) dias para recorrer caso não esteja habilitado ainda no processo, conforme consta no
artigo 598 do Código de Processo Penal. Caso já esteja habilitado, o prazo será de cinco dias.
Se der provimento à apelação interposta com base na alínea “c”, o Tribunal retificará a
aplicação da pena ou da medida de segurança, sem necessidade de renovação do
Julgamento pelo Júri.
OBSERVAÇÃO
5.5. Pedido
Como todo recurso, os pedidos que não podem faltar é o de CONHECIMENTO E PROVIMENTO
do recurso.
Em relação a pedidos específicos, não cabe postular absolvição pelo artigo 386 do CPP,
e muito menos pelo artigo 415 do CPP (que existe somente na 1ª fase do procedimento do júri).
Não cabe formular pedido de absolvição, porque somente os jurados são competentes para
decidir pela absolvição ou condenação do réu, não podendo nem mesmo o Tribunal analisar o
mérito.
2ª Fase de Penal | 40º Exame de Ordem
Por isso, conforme o artigo 593, § 3º, do Código de Processo Penal, se a apelação se
fundar no inciso III, alínea “d”, e o tribunal ad quem se convencer de que a decisão dos jurados
é manifestamente contrária à prova dos autos, dar-lhe-á provimento para sujeitar o réu a novo
julgamento; não se admite, porém, pelo mesmo motivo, segunda apelação. Da mesma forma, se
o fundamento for a nulidade posterior à pronúncia, o tribunal devolverá o processo para o juízo
de 1º grau, para a realização de novo júri.
5.6. Estruturação
Trata-se de peça bipartida, devendo a peça de interposição ser endereçada para o Juiz
Presidente do Tribunal do Júri e as razões para o Tribunal de Justiça ou TRF.
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Processo nº...
Nestes termos,
Pede deferimento.
Local..., data...5
ADVOGADO...
OAB...
4
Cuidado: se for contra decisão do Tribunal do Júri indicar o fundamento (uma das alíneas do inciso III, do Art.
593, do CPP). Súmula 713 STF
5
CUIDADO: O ENUNCIADO PODE PEDIR A INTERPOSIÇÃO NO ÚLTIMO DIA DO PRAZO
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b) Peça de razões
A) EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO ... (se da competência da Justiça
Estadual);
B) EGRÉGIO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA REGIÃO... (se da competência da
Justiça Federal)
Processo nº...
I) DOS FATOS6
II) DO DIREITO7
A) DAS PRELIMINARES
B) DO MÉRITO
III) DO PEDIDO
Ante o exposto, requer seja conhecido e provido o presente recurso, com a
REFORMA DA DECISÃO DE 1º GRAU, para o fim ....:
a) Seja declarada a nulidade do processo a partir do ato tal ... e, por consequência,
seja o réu submetido a novo Júri (se pela alínea “a”, do Art. 593, inciso III, do CPP);
b) Seja retificada a decisão, a fim de que prevaleça a decisão dos jurados, no sentido
de que (se pela alínea “b”, do Art. 593, inciso III, do CPP);
c) Seja retificada a pena, a fim de que seja fixada no mínimo legal, fixado o regime
carcerário semiaberto, etc (se pela alínea “c”, do Art. 593, inciso III, do CPP);
6
Fazer breve relato dos fatos ocorridos, conforme os dados do enunciado (não inventar nada nem simplesmente
transcrever o enunciado).
7
Cuidado: Observar as hipóteses das alíneas do artigo 593, III, do CPP.
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d) Seja o réu submetido a novo Júri pelo Plenário do Júri, nos termos do artigo 593, § 3º, do
Código de Processo Penal (se pela alínea “d”, do artigo 593, inciso III).
Local..., data...
ADVOGADO...
OAB...
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Peça adaptada
Fernando foi pronunciado pela prática de um crime de homicídio doloso consumado que teve
como vítima Henrique. No dia 07 de julho de 2015, numa terça-feira, em sessão plenária do
Tribunal do Júri, todas as testemunhas asseguraram que Henrique iniciou agressões contra
Fernando e que este agiu em legítima defesa. No momento do julgamento, os jurados
reconheceram a autoria e materialidade e optaram por condenar Fernando pela prática do
delito de homicídio doloso. Após a prolação da sentença condenatória, que impôs ao réu a
pena de 06 (seis) anos, em regime semiaberto, a família de Fernando toma conhecimento de
que dois dos jurados que atuaram no julgamento eram irmãos. A intimação da sentença
ocorreu na sessão plenária. Com base nas informações acima expostas e naquelas que
podem ser inferidas do caso concreto, redija a peça cabível, excluída a possibilidade de
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Habeas Corpus, no último dia do prazo para interposição, sustentando todas as teses
jurídicas pertinentes. (Valor: 5.00 pontos)
Obs.: o examinando deve fundamentar suas respostas. A mera citação do dispositivo legal
não confere pontuação.
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Processo nº
Nestes termos,
Pede deferimento.
Advogado...
OAB....
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Apelante: Fernando
Apelada: Ministério Público
Processo nº
I – DOS FATOS
II – DO DIREITO
A) Da nulidade posterior à pronúncia
Após a sessão plenária, a família do réu tomou conhecimento de que os dois
jurados que atuaram no julgamento eram irmãos. Todavia, nos termos do artigo 448, inciso
IV, do Código de Processo Penal, irmãos são impedidos de servirem de jurados no mesmo
Conselho de Sentença.
Logo, considerando que dois dos jurados eram irmãos, deve ser anulada a
sessão do plenário do Júri, nos temos do artigo 593, inciso III, “a”, do Código de Processo
Penal.
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III – DO PEDIDO
Ante o exposto, requer seja conhecido e provido o recurso, com a reforma da
Nestes termos,
Pede deferimento.
Fernando foi pronunciado pela prática de um crime de homicídio doloso consumado que teve
como vítima Henrique. Em sessão plenária do Tribunal do Júri, o réu e sua namorada, ouvida
na condição de informante, afirmaram que Henrique iniciou agressões contra Fernando e que
este agiu em legítima defesa. Por sua vez, a namorada da vítima e uma testemunha presencial
asseguraram que não houve qualquer agressão pretérita por parte de Henrique. No momento
do julgamento, os jurados reconheceram a autoria e materialidade, mas optaram por absolver
Fernando da imputação delitiva. Inconformado, o Ministério Público apresentou recurso de
apelação com fundamento no Art. 593, inciso III, alínea ‘d’, do CPP, alegando que a decisão
foi manifestamente contrária à prova dos autos. A família de Fernando fica preocupada com o
recurso, em especial porque afirma que todos tinham conhecimento que dois dos jurados que
atuaram no julgamento eram irmãos, mas em momento algum isso foi questionado pelas
partes, alegado no recurso ou avaliado pelo Juiz Presidente. Considerando a situação
narrada, esclareça, na condição de advogado(a) de Fernando, os seguintes questionamentos
da família do réu:
A) A decisão dos jurados foi manifestamente contrária à prova dos autos? Justifique.
(Valor: 0,60)
B) Poderá o Tribunal, no recurso do Ministério Público, anular o julgamento com
fundamento em nulidade na formação do Conselho de Sentença? Justifique. (Valor:
0,65)
Obs.: o(a) examinando(a) deve fundamentar suas respostas. A mera citação do
dispositivo legal não confere pontuação.
crime impossível, não sendo punível nem sequer a tentativa, conforme dispõe o artigo 17 do
Código Penal. Em síntese, o fato será atípico.
Assim, arma com balas velhas, que não deflagram; arma com defeito mecânico, sem
potencialidade lesiva; arma de brinquedo = meios absolutamente ineficazes = crime impossível.
Arma com balas velhas, mas que podem ou não disparar = meio relativamente ineficaz =
pode configurar tentativa punível.
6.1.5 Consumação
Consuma-se o crime de homicídio quando da ação humana resulta a morte da vítima.
Ocorre com a cessação da atividade encefálica, conforme se extrai do artigo 3º da Lei nº 94.34/97
(que disciplina o transplante de órgãos).
A materialidade, ou seja, a existência do crime de homicídio e a causa da morte, é atestada
pelo exame necroscópico, em que o médico legista aponta a ocorrência da morte e suas causas.
6.1.6 Tentativa
Tratando-se de crime material, o homicídio admite a tentativa, que ocorrerá quando,
iniciada a execução do homicídio, este não se consumar por circunstâncias alheias à vontade do
agente.
Para a tentativa, é necessário que o crime saia de sua fase preparatória e comece a ser
executado, pois somente quando se inicia a execução é que haverá início de fato típico.
Para o reconhecimento da tentativa devem estar presentes três fatores: a) prova
inequívoca que a intenção do agente era matar a vítima; b) tenha havido início de execução do
homicídio; c) que o resultado morte não tenha ocorrido por circunstâncias alheias à vontade do
agente.
EXEMPLO:
Pai desesperado pelo vício que impregna seu filho e vários outros alunos, mata um
traficante que distribui drogas num colégio, sem qualquer ação eficaz da polícia para contê-lo.
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EXEMPLO:
Conduta de réu cuja filha menor fora seduzida e corrompida por seu ex-empregador; do
que fora provocado e mesmo agredido momentos antes pela vítima.
O texto legal exige que o impulso emocional e o ato dele resultante sigam-se
imediatamente à provocação da vítima, ou seja, tem de haver a imediatidade entre a provocação
injusta e a conduta do sujeito.
Convém ressaltar que tal circunstância não se confunde com a atenuante contida no artigo
65, inciso III, alínea “c”, parte final. Trata-se de cometer um delito sob a influência de violenta
emoção, provocada por ato injusto da vítima.
A diferença reside no fato de que o privilégio requer imediatidade entre provocação e
reação (requisito desnecessário na atenuante) e que a violenta emoção domine o agente (na
atenuante, basta que o influencie).
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B) Motivo torpe
TORPE: é o motivo repugnante, abjeto, vil, que causa repulsa excessiva à sociedade.
Exemplo: matar alguém para adquirir-lhe a herança, por ódio de classe, vaidade e prazer
de ver sofrer.
6.3.4 Com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou
cruel, ou de que possa resultar perigo comum
Trata-se de qualificadora objetiva, pois diz respeito aos modos de execução do crime de
homicídio, os quais demonstram certa perversidade.
A) Emprego de veneno
Meio insidioso existe no homicídio cometido por intermédio de estratagema, perfídia. O
veneno é um meio insidioso.
É necessário, para a incidência da qualificadora, que o veneno seja propinado
insidiosamente. Assim, se há emprego de violência no sentido de que a vítima ingira a
substância, não ocorre a qualificadora, podendo incidir o meio cruel.
C) Emprego de asfixia
Asfixia é o impedimento da função respiratória e consequente ausência de oxigênio no
sangue. A asfixia pode ser tóxica ou mecânica. Asfixia tóxica pode se dar pelo ar confinado, pelo
óxido de carbono e pelas viciações do ambiente. As asfixias mecânicas são: enforcamento,
imprensamento, estrangulamento, afogamento e esganadura.
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D) Emprego de tortura
É o suplício, ou tormento, que faz a vítima sofrer desnecessariamente antes da morte. É
o meio cruel por excelência. O agente, na execução do delito, utiliza-se de requintes de crueldade
como forma de exacerbar o sofrimento da vítima, de fazê-la sentir mais intensa e demoradamente
as dores.
A Lei nº 9.455/97, ao definir a tortura, comina pena de 08 a 16 anos de reclusão na
hipótese de resultar morte (Art. 1º, § 3º, 2ª parte). Trata-se de crime qualificado pelo resultado e
preterdoloso, em que a tortura é punida a título de dolo e o evento qualificador (morte), a título
de culpa. Aplica-se no caso de haver nexo de causalidade entre a tortura, seja física ou moral, e
o resultado agravador.
Ocorrendo dolo quanto à morte, seja direto ou eventual, o sujeito só responde por
homicídio qualificado pela tortura (Art. 121, § 2º, inciso III, 5ª fig), afastada a incidência da lei
especial.
E) Meio cruel
São cruéis aqueles meios que aumentam inútil e desnecessariamente o sofrimento da
vítima ou revelam brutalidade ou sadismo fora do comum, contrastando com os sentimentos de
dignidade, de humanidade ou piedade.
Cuida-se de qualificadora objetiva, pois diz respeito ao modo de execução do crime. Neste
inciso temos recursos obstativos à defesa do sujeito passivo, que comprometem total ou
parcialmente o seu potencial defensivo.
A) À traição
A traição pode ser física, como matar pelas costas, ou moral, exemplo de o sujeito atrair
a vítima a local onde existe um poço.
B) Emboscada
Emboscada é a tocaia. Significa ocultar-se para poder atacar, o que, na prática, é a tocaia.
O agente fica à espreita do ofendido para agredi-lo.
É a ação premeditada de aguardar oculto a presença da vítima para surpreendê-la com o
ataque indefensável. É a espera dissimulada da vítima em lugar por onde esta terá de passar.
Na emboscada, o criminoso aguarda escondido a passagem da vítima desprevenida, que é
surpreendida.
C) Mediante dissimulação
Dissimular é ocultar a verdadeira intenção, agindo com hipocrisia. Nesse caso, o agressor,
fingindo amizade ou carinho, aproxima-se da vítima com a meta de matá-la.
É a ocultação da intenção hostil, do projeto criminoso, para surpreender a vítima. O sujeito
ativo dissimula, isto é, mostra o que não é, faz-se passar por amigo, ilude a vítima, que, assim,
não tem razões para desconfiar do ataque e é apanhada desatenta e indefesa.
A) Conexão teleológica:
Existe conexão teleológica quando o homicídio é cometido a fim de assegurar a execução
de outro delito.
O que qualifica o homicídio não é a prática efetiva de outro crime, mas o fim de assegurar
a execução desse outro crime, que pode até não vir a ocorrer.
Exemplo: quem, para sequestrar alguém, mata o guarda-costas que pretendia evitar o
sequestro responderá pelo crime de homicídio qualificado, mesmo que, a seguir, desista de
efetuar o sequestro.
B) Conexão consequencial
Há conexão consequencial quando o homicídio é cometido a fim de assegurar a ocultação,
impunidade ou vantagem em relação a outro delito.
Na ocultação, o sujeito visa a impedir a descoberta do crime. Ex. o incendiário mata a
testemunha do crime.
Na impunidade, o crime é conhecido, enquanto a autoria é desconhecida. Ex. o sujeito
mata a testemunha de um desastre ferroviário criminoso.
Pode ocorrer que o sujeito execute o homicídio a fim de assegurar vantagem no tocante
a outro delito. Ex. o sujeito mata o parceiro do roubo com a finalidade de ficar com todo o produto
do crime. Não é necessário que a vantagem seja patrimonial, podendo ser moral.
6.3.7 Feminicídio
A partir da edição da Lei nº 13.104/2015, o crime de homicídio passou a ser qualificado
também se praticado contra a mulher por razões da condição de sexo feminino.
Considera-se que há razões de condição de sexo feminino quando o crime envolve:
I - violência doméstica e familiar;
II - menosprezo ou discriminação à condição de mulher.
Nos termos do artigo 121, § 7º, do Código Penal, com redação dada pela Lei nº
13.771/2018, a pena do feminicídio é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o crime for
praticado:
I - durante a gestação ou nos 3 (três) meses posteriores ao parto
II - contra pessoa maior de 60 (sessenta) anos, com deficiência ou com doenças
degenerativas que acarretem condição limitante ou de vulnerabilidade física ou mental;
III - na presença física ou virtual de descendente ou de ascendente da vítima;
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Ademais, restou incluída uma causa de aumento específica (art. 121, parágrafo 2b):
§ 2º-B. A pena do homicídio contra menor de 14 (quatorze) anos é aumentada de:
I - 1/3 (um terço) até a metade se a vítima é pessoa com deficiência ou com doença que implique o
aumento de sua vulnerabilidade;
II - 2/3 (dois terços) se o autor é ascendente, padrasto ou madrasta, tio, irmão, cônjuge, companheiro,
tutor, curador, preceptor ou empregador da vítima ou por qualquer outro título tiver autoridade sobre ela.
6.5.2 Automutilação
A autolesão não é punida. O que constitui crime é a conduta de induzir, instigar ou auxiliar
a vítima a se automutilar, ou seja, de causar lesões em si própria.
criminoso, qual seja, eliminar a vida do inimputável; por exemplo, fornecer uma arma a um louco
e determinar que este atire contra si próprio.
EXEMPLO:
O agente que, valendo-se da insanidade da vítima, convence-a a se matar, incide no artigo
121.
A maior novidade introduzida pela Lei nº 13.968/2019 foi no sentido de que o crime
previsto no artigo 122 do Código Penal deixou de ser condicionado, já que não mais constitui
condição para a incidência do delito que ocorra o resultado morte ou lesão grave.
Assim, se dos atos para eliminar a sua própria vida ou causar lesões em si mesma, resultar
lesão corporal leve à vítima, ou não resultar qualquer lesão, o agente responderá pelo crime de
induzimento, instigação ou auxílio ao suicídio ou automutilação na modalidade simples (Art. 122,
caput, do CP).
EXEMPLO:
É o caso, por exemplo, de o sujeito induzir a vítima a suicidar-se para ficar com a herança.
B) Se a vítima é menor
Em segundo lugar, a pena é majorada quando a vítima é menor. Qual a idade para efeito
da majorante?
Se a vítima é maior de 18 anos, aplica-se o caput do artigo 122.
Se a vítima é menor de 14 anos, há crime de HOMICÍDIO.
Admite-se a forma omissiva, visto que a mãe tem o dever legal de proteção, cuidado e
vigilância em relação ao filho.
EXEMPLO:
Mãe, sob influência do estado puerperal, percebe que o filho está morrendo sufocado com
o leite materno e nada faz para impedir o resultado morte. Incide, no caso, o disposto no artigo
13, § 2º, do CP.
EXEMPLO:
A genitora ao tentar sufocar a criança com um travesseiro, tem a sua conduta impedida
por terceiros.
Em tese, a gestante e o terceiro deveriam responder pelo delito do artigo 124. Contudo, o
Código Penal prevê uma modalidade especial de crime para aquele que provoca o aborto com o
consentimento da gestante (Art. 126 do CP).
Assim, há a previsão separada de dois crimes: um para a gestante que consente na prática
abortiva (Art. 124 do CP); e outro para o terceiro que executou materialmente a ação provocadora
do aborto (Art. 126 do CP). Há aqui, perceba-se, mais uma exceção à teoria monista adota pelo
Código Penal em seu artigo 29.
Entretanto, o legislador para punir mais severamente o terceiro que provoca o aborto, criou
o artigo 126, aplicando a teoria dualista (ou pluralista) do concurso de pessoas.
B) Qual argumento a ser apresentado para evitar a punição de Manoel pelo crime de
homicídio culposo? Justifique. (Valor: 0,65)
contraditório e ampla defesa, também durante a execução penal. Importante, registrar que toda
e qualquer interpretação deve se dar de forma restritiva, assegurando ao máximo a
implementação dos direitos em sede de execução penal, sendo, portanto, vedada a analogia in
mallam partem.
A Lei de Execução Penal é aplicável a todos que estiverem recolhidos a estabelecimentos
prisionais sujeitos à jurisdição ordinária (Justiça Estadual ou Federal), independentemente da
origem da condenação. Logo, o que se verifica na execução penal é o local de cumprimento de
pena, para determinar o Juízo Competente.
A título de exemplo, se um condenado pela Justiça Federal estiver recolhido num
estabelecimento sujeito à administração Estadual, o Juiz da Vara de Execução Criminal Estadual
será o competente para apreciar os pedidos e acompanhar a execução da pena.
OBSERVAÇÕES:
Vale destacar que o processo de execução criminal (PEC) tramita junto à Vara de
Execução Criminal da Comarca (VEC), cuja jurisdição pertença o estabelecimento prisional
em que o apenado cumpre pena. Nele constará toda e qualquer informação que gere alguma
modificação na pena ou na sua forma de cumprimento.
Súmula 192 do STJ: Compete ao Juízo das Execuções Penais do Estado a execução
das penas impostas a sentenciados pela Justiça Federal, Militar ou Eleitoral, quando
recolhidos a estabelecimentos sujeitos à administração estadual.
8
HABEAS CORPUS. EXECUÇÃO PENAL. DETRAÇÃO. PERÍODO ANTERIOR AO FATO DELITUOSO.
IMPOSSIBILIDADE. 1. É assente a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal no sentido de que o condenado não faz jus
à detração penal quando a conduta delituosa pela qual houve a condenação tenha sido praticada posteriormente ao crime
que acarretou a prisão cautelar. 2. Ordem denegada. (HC 109599, Relator(a): Min. TEORI ZAVASCKI, Segunda Turma,
julgado em 26/02/2013, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-048 DIVULG 12-03- 2013 PUBLIC 13-03-2013).
2ª Fase de Penal | 40º Exame de Ordem
Exemplo 1: Pedro comete um crime e permanece preso durante 1 ano, após é absolvido.
Pedro não poderá reaver este período, buscando resgatá-lo.
Exemplo 2: Mário comete um delito de furto simples, na expectativa de não ficar preso,
pois teria direito à detração daquele 1 ano, dito acima, referente a outro delito. Caso seja
condenado, pela prática deste delito, não terá direito à detração anterior, pois geraria uma
contracorrente.
8 anos de reclusão, para determinação do novo regime, deverá ser somada a nova
condenação (8 anos) + o restante da pena em execução (2 anos), o total do somatório, no
caso 10 anos, determinará o novo regime, que pela quantidade resultará na imposição de
regime fechado. Destaca-se que nessa situação ocorrerá uma hipótese de regressão de
regime (Art. 118, inciso II, da LEP), que será estudada nos itens seguintes.
Em todas as situações, da mesma forma que ocorre na aplicação da pena, em que o juiz
se socorre da previsão contida no artigo 33, §2º, do Código Penal para a fixação de regime,
na execução penal o resultado da soma deverá ser enquadrado nas regras do artigo 33 do
Código Penal.
Destaca-se que caso não tenha sido observada a ocorrência de crime continuado pelo
Juiz da condenação, pois geralmente essas hipóteses são apuradas no mesmo processo, se
isso for constatado na execução da pena, deverá o juiz fazer a unificação da pena, aplicando
a exasperação aqui na fase da execução. Veja o recente julgado exemplificando a questão.
Por fim, fala-se também em unificação de pena, no caso do artigo 75 do Código Penal,
para fins de delimitar o cumprimento da pena em 40 anos, ocasião em que para fins de cálculo
de progressão de regime, livramento condicional permanecerá o total da pena, como orienta
a súmula 715 do STF: “A pena unificada para atender ao limite de trinta anos de cumprimento,
determinado pelo art. 75 do Código Penal, não é considerada para a concessão de outros
benefícios, como o livramento condicional ou regime mais favorável de execução”.
Chama-se atenção para o fato de que o termo unificação de penas é utilizado de diversas
formas na execução pena, muitas vezes gerando confusão com a hipótese de soma de penas,
pois o artigo 111 da Lei de Execução Penal não traz qualquer conceito a respeito de cada
2ª Fase de Penal | 40º Exame de Ordem
expressão, somente refere que o regime prisional será fixado pelo resultado da soma ou
unificação das penas.
CONFERIR
Art. 52: A prática de fato previsto como Art. 52: A prática de fato previsto como crime doloso constitui falta
crime doloso constitui falta grave e, grave e, quando ocasionar subversão da ordem ou disciplina
quando ocasione subversão da ordem internas, sujeitará o preso provisório, ou condenado, nacional ou
ou disciplina internas, sujeita o preso estrangeiro, sem prejuízo da sanção penal, ao regime disciplinar
provisório, ou condenado, sem prejuízo diferenciado, com as seguintes características:
da sanção penal, ao regime disciplinar I - duração máxima de até 2 (dois) anos, sem prejuízo de
diferenciado, com as seguintes repetição da sanção por nova falta grave de mesma espécie;
características: II - recolhimento em cela individual;
I - duração máxima de trezentos e III - visitas quinzenais, de 2 (duas) pessoas por vez, a serem
sessenta dias, sem prejuízo de repetição realizadas em instalações equipadas para impedir o contato
da sanção por nova falta grave de físico e a passagem de objetos, por pessoa da família ou, no caso
2ª Fase de Penal | 40º Exame de Ordem
mesma espécie, até o limite de um sexto de terceiro, autorizado judicialmente, com duração de 2 (duas)
da pena aplicada; horas;
II - recolhimento em cela individual; IV - direito do preso à saída da cela por 2 (duas) horas diárias
III - visitas semanais de duas pessoas, para banho de sol, em grupos de até 4 (quatro) presos, desde
sem contar as crianças, com duração de que não haja contato com presos do mesmo grupo criminoso;
duas horas; V - entrevistas sempre monitoradas, exceto aquelas com seu
IV - o preso terá direito à saída da cela defensor, em instalações equipadas para impedir o contato físico
por 2 horas diárias para banho de sol. e a passagem de objetos, salvo expressa autorização judicial em
contrário;
VI - fiscalização do conteúdo da correspondência;
VII - participação em audiências judiciais preferencialmente por
videoconferência, garantindo-se a participação do defensor no
mesmo ambiente do preso.
§ 1º O regime disciplinar diferenciado § 1º O regime disciplinar diferenciado também será aplicado aos
também poderá abrigar presos presos provisórios ou condenados, nacionais ou estrangeiros:
provisórios ou condenados, nacionais ou I - que apresentem alto risco para a ordem e a segurança do
estrangeiros, que apresentem alto risco estabelecimento penal ou da sociedade;
para a ordem e a segurança do II - sob os quais recaiam fundadas suspeitas de envolvimento ou
estabelecimento penal ou da sociedade. participação, a qualquer título, em organização criminosa,
associação criminosa ou milícia privada, independentemente da
prática de falta grave.
§ 2o Estará igualmente sujeito ao regime § 2º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019)
disciplinar diferenciado o preso § 3º Existindo indícios de que o preso exerce liderança em
provisório ou o condenado sob o qual organização criminosa, associação criminosa ou milícia privada,
recaiam fundadas suspeitas de ou que tenha atuação criminosa em 2 (dois) ou mais Estados da
envolvimento ou participação, a Federação, o regime disciplinar diferenciado será
qualquer título, em organizações obrigatoriamente cumprido em estabelecimento prisional federal.
criminosas, quadrilha ou bando. § 4º Na hipótese dos parágrafos anteriores, o regime disciplinar
diferenciado poderá ser prorrogado sucessivamente, por
períodos de 1 (um) ano, existindo indícios de que o preso:
I - continua apresentando alto risco para a ordem e a segurança
do estabelecimento penal de origem ou da sociedade; (Incluído
pela Lei nº 13.964, de 2019)
II - mantém os vínculos com organização criminosa, associação
criminosa ou milícia privada, considerados também o perfil
criminal e a função desempenhada por ele no grupo criminoso, a
operação duradoura do grupo, a superveniência de novos
processos criminais e os resultados do tratamento penitenciário.
§ 5º Na hipótese prevista no § 3º deste artigo, o regime disciplinar
diferenciado deverá contar com alta segurança interna e externa,
principalmente no que diz respeito à necessidade de se evitar
contato do preso com membros de sua organização criminosa,
associação criminosa ou milícia privada, ou de grupos rivais.
§ 6º A visita de que trata o inciso III do caput deste artigo será
gravada em sistema de áudio ou de áudio e vídeo e, com
autorização judicial, fiscalizada por agente penitenciário.
§ 7º Após os primeiros 6 (seis) meses de regime disciplinar
diferenciado, o preso que não receber a visita de que trata o
inciso III do caput deste artigo poderá, após prévio agendamento,
2ª Fase de Penal | 40º Exame de Ordem
Atenção!
A inclusão do preso no Regime Disciplinar Diferenciado, de acordo com o artigo 54 da Lei
de Execução Penal, dependerá de requerimento circunstanciado elaborado pelo diretor do
estabelecimento ou outra autoridade administrativa.
A decisão judicial que incluir o preso no Regime Disciplinar Diferenciado (RDD) será
precedida de manifestação do Ministério Público e da defesa e prolatada no prazo máximo de
15 dias, devendo ser fundamentada.
16% Primário
da pena crime cometido sem violência à pessoa ou grave
ameaça;
20% Reincidente
da pena específico em
25% Primário
da pena crime cometido com violência à pessoa ou grave
ameaça;
30% Reincidente
da pena específico em
se o apenado for:
a) condenado pela prática de crime hediondo ou equiparado, com resultado
50% morte, se for primário, vedado o livramento condicional;
da pena b) condenado por exercer o comando, individual ou coletivo, de organização
criminosa estruturada para a prática de crime hediondo ou equiparado; ou
c) condenado pela prática do crime de constituição de milícia privada;
Dentro deste contexto, não se pode olvidar a Súmula 471 do STJ, que assegura a
aplicação do prazo de 1/6 para todos os crimes, inclusive os hediondos e equiparados, desde
que praticados antes do dia 29 de março de 2007, haja vista os efeitos atribuídos ao habeas
corpus n. 82.959-7/SP, julgado pelo Supremo Tribunal Federal, em fevereiro de 2006.
Devemos ficar atentos às lacunas existentes na legislação atual, vejamos:
• Lacuna legislativa – Progressão de Regime nos casos de reincidência em crimes
comuns:
Em relação aos reincidentes não específicos em CRIMES COMUNS a legislação não
trouxe tratamento claro para alguns casos envolvendo apenados reincidentes, caracterizando
uma lacuna, omissão legislativa.
Portanto, quando não houver enquadramento na reincidência específica como a lei
exige, deverá ser adotada uma interpretação mais favorável, atenção aos exemplos:
a) Apenado está cumprindo pena por ROUBO, mas já possui SPCTJ por furto, crime
sem violência, o que fez caracterizar a sua reincidência, porém não específica em crime
com violência, neste caso progredirá incidindo sobre a pena do ROUBO o quantum de 25%
(fração destinada aos primários, pois não podemos equipará-lo ao reincidente específico em
crime com violência e exigir 30% - seria uma interpretação mais gravosa da condição dele).
b) Apenado está cumprindo pena por FURTO (sem violência), porém já possuía
SPCTJ por ROUBO (com violência), neste caso progredirá incidindo sobre a pena de FURTO
o quantum de 20% (neste caso a interpretação não piora a condição do apenado, pois ele é
reincidente em com um crime mais grave, e está sendo tratado como reincidente em crime sem
violência).
• Lacuna legislativa – Progressão de Regime e Crime Hediondo/Equiparados.
Reincidente não específico:
O novo artigo 112, VII, da LEP prevê a aplicação do lapso temporal de 60% para os casos
de delitos hediondos ou equiparados quando reincidentes específicos nestes crimes. Na
legislação anterior não havia esta previsão e a jurisprudência entendia que bastava a
2ª Fase de Penal | 40º Exame de Ordem
reincidência, não importando se comum ou específica, para permitir a incidência de 3/5 como
lapso temporal para progredir sobre a pena referente ao delito hediondo ou equiparado.
Atualmente, diante da lacuna legislativa se a pessoa tiver sido condenada por um crime
hediondo ou equiparado, e for reincidente em crime comum, deverá ser aplicado 40%, pois a
aplicação de 60% é destinada somente aos reincidentes específicos, resultando aqui uma lacuna
legislativa que conduz a uma situação melhor ao reincidente não específico que possui uma
condenação por crime hediondo ou equiparado.
Por exemplo, condenado por crime de estupro (crime hediondo), que já possui uma
condenação transitada em julgado por um crime de furto (crime comum), neste caso será
aplicado 40% sobre a pena do crime de estupro.
Súmula 534 do STJ: A prática de falta grave interrompe a contagem do prazo para a
progressão de regime de cumprimento de pena, o qual se reinicia a partir do cometimento dessa
infração
Destaca-se que o cometimento de fato definido como crime doloso ou falta grave,
conforme dispõe a lei, implica na revogação da progressão de regime diferenciada (Art. 112, §4º,
da LEP).
Tratamento diferenciado para integrantes de organização criminosa – reconhecidos
expressamente em sentença – Art. 2º, § 9º, da Lei n° 12.850/2013
Atualmente, com o Pacote Anticrime em vigência (Lei 13.964/2019), foi introduzida na
legislação uma norma que assegura a vedação da progressão de regime ou do livramento
condicional, bem como de outros benefícios, para os casos de integrante de organização
criminosa, expressamente reconhecido em sentença, ou de condenado por crime praticado por
meio de organização criminosa, quando houver elementos probatórios que indiquem a
manutenção do vínculo associativo, conforme consta no artigo 2º, §9º, da Lei nº 12.850/2013.
As faltas graves estão descritas no artigo 50, 51 e 52 (primeira parte), todos da Lei de
Execução Penal. O Pacote Anticrime introduziu uma nova hipótese de falta grave a recusa em
submeter-se ao procedimento de identificação do perfil genético (Art. 50, inciso VIII, da LEP):
• quando o apenado sofrer condenação, por crime anterior, cuja soma da pena restante com a
nova condenação torne impossível a manutenção do regime (Art.111).
• nos casos de violação com os deveres do monitoramento eletrônico, quando o Juiz da
Execução adotar essa opção, artigo 146, alínea “c”, parágrafo único, da Lei de Execução Penal.
A jurisprudência tem admitido a chamada regressão cautelar, que dispensa a oitiva prévia
do apenado (Art. 118, §2º, LEP), passando a exigir audiência somente nos casos de regressão
definitiva.
"c"). No entanto, não deverá haver alojamento conjunto de presos dos regimes semiaberto e
aberto com presos do regime fechado. 4. Havendo déficit de vagas, deverão ser determinados:
(i) a saída antecipa da de sentenciado no regime com falta de vagas; (ii) a liberdade
eletronicamente monitorada ao sentenciado que sai antecipadamente ou é posto em prisão
domiciliar por falta de vagas; (iii) o cumprimento de penas restritivas de direito e/ou estudo ao
sentenciado que progride ao regime aberto. Até que sejam estruturadas as medidas alternativas
propostas, poderá ser deferida a prisão domiciliar ao sentenciado." (RE 641320, Relator Ministro
Gilmar Mendes, Tribunal Pleno, julgamento em 11.5.2016, DJe de8.8.2016).
É possível remir tanto pelo trabalho como pelo estudo, inclusive, cumulando as duas
possibilidades.
Todavia, é importante se ater nas regras contidas nos artigos 126 e seguintes da Lei de
Execução Penal.
Por exemplo, remição por trabalho, somente nos casos de regime fechado e semiaberto,
a Lei de Execução Penal omitiu a possibilidade de remição no caso de regime aberto. Os
Tribunais superiores entendem que como não há previsão legal e o trabalho é requisito para
ingressar no regime aberto, não há direito a remição neste caso.
• Trabalho prisional
Espécies de Trabalho Prisional:
b) Serviço externo:
importante registrar que há forte posicionamento doutrinário e deu só prático no cotidiano forense
de que o trabalho prisional no âmbito externo deverá ser autorizado pelo Juiz da VEC (Neste
sentido: Sídio Rosa de Mesquita Júnior, Norberto Avena, entre outros).
Em outras palavras, a ausência de vigilância direta não impede que o juiz determine a
monitoração eletrônica. Constitui uma faculdade do Juiz, não uma obrigação legal.
• comportamento adequado;
• cumprimento mínimo de 1/6 para apenado primário e de, no mínimo, ¼ para reincidentes;
• compatibilidade do benefício com os objetivos da pena.
O período de duração conforme a lei não poderá ser superior a 7 dias, podendo ser
renovadas por mais 4 vezes, logo faz jus a 35 dias de saída. Com intervalo de 45 dias entre as
saídas. Quando se tratar de saída para fins de estudo o tempo será o necessário para a
realização das atividades discentes.
poderão ser estabelecidas, vejamos a nova redação do §1º do artigo 124 da Lei de Execução
Penal:
I - fornecimento do endereço onde reside a família a ser visitada ou onde poderá ser
encontrado durante o gozo do benefício;
II - recolhimento à residência visitada, no período noturno;
III - proibição de frequentar bares, casas noturnas e estabelecimentos congêneres.
O Pacote Anticrime inseriu o § 2º, no artigo 122 da Lei de Execução Penal e dispõe que
não terá direito à saída temporária o condenado que cumpre pena por praticar crime hediondo
com resultado morte. Infere-se que a lei foi restritiva ao impedir o instituto aos delitos hediondos,
ou seja, aqueles previstos no artigo 1º da Lei nº 8.072/90.
Súmula 520 do STJ: O benefício de saída temporária no âmbito da execução penal é ato
jurisdicional insuscetível de delegação à autoridade administrativa do estabelecimento prisional.
O instituto é regulado pelos artigos 83 a 90, todos do Código Penal e artigos 131 a 146,
todos da Lei de Execução Penal, a análise é conjunta dos dois dispositivos legais.
Nesta hipótese, o apenado é liberado do estabelecimento prisional, ficando submetido as
condições previstas no artigo 132 da Lei de Execução Penal, condições obrigatórias e condições
facultativas, que dependerão de cada caso.
Os requisitos a serem preenchidos estão expostos no artigo 83 do Código Penal.
Importante destacar que o lapso temporal exigido para fins de preenchimento do requisito
objetivo não é interrompido pela prática de falta grave, nos termos da súmula 441 do STJ: “A
falta grave não interrompe o prazo para obtenção de livramento condicional”.
7.19.2. Requisitos
Os requisitos do livramento condicional, de ordem objetiva e subjetiva, encontram-se no
artigo 83 do Código Penal.
específica, para efeito da disposição, quando o sujeito, já tendo sido condenado por qualquer
dos delitos hediondos ou demais por sentença transitada em julgado, vem novamente a cometer
um deles.
O Pacote Anticrime trouxe uma nova vedação para o livramento condicional no caso de
crimes hediondos ou equiparado com resultado morte não terá direito ao livramento condicional
(Art. 112, LEP). Registra-se que a restrição somente será aplicada para quem praticar delitos
desta natureza a partir da vigência do pacote. Do contrário estaríamos violando o artigo 5º, inciso
XL, da CF/88.
Há também a previsão do artigo 2º, §9º, da Lei nº 12.850/13 que em caso de manutenção
de vínculos com organização criminosa reconhecida expressamente na sentença como
integrante, não terá direito ao livramento condicional.
O artigo 84 do Código Penal reza que “as penas que correspondem a infrações diversas
devem somar-se para efeito do livramento”.
ATENÇÃO: Artigo 44 da Lei nº 11.343/06: Prazo para Livramento condicional –
Associação ao Tráfico não é delito equiparado a crime hediondo, porém conforme a lei de drogas
o prazo para obtenção de livramento condicional é de mais de 2/3.
Em 2018, foi publicada a Súmula 617 do STJ que refere: “A ausência de suspensão ou
revogação do livramento condicional antes do término do período de prova enseja a extinção da
punibilidade pelo integral cumprimento da pena”.
Importa dizer que se a vítima perceber a subtração quando ela se realiza, considera-se o furto
tentado na forma simples, pois não há que se falar no caso em destreza do agente (exemplo: a vítima
sente a mão do agente em seu bolso).
c) Com emprego de chave falsa
Chave falsa é qualquer instrumento de que se sirva o agente para abrir fechaduras, tendo ou
não formato de chave.
EXEMPLO
Grampo, alfinete, prego, fenda, gazua etc.
§ 4º-A A pena é de reclusão de 4 (quatro) a 10 (dez) anos e multa, se houver emprego de explosivo ou
de artefato análogo que cause perigo comum.
A partir da edição do Pacote Anticrime (Lei 13.964/2019), o crime de furto com emprego de
explosivo ou de artefato análogo que causa perigo comum passou a ser considerado hediondo (Art.
1º, inciso IX, da Lei 8072/90).
g) Utilização de substâncias explosivas
A Lei nº 13.654/2018 acrescentou também o § 7º do artigo 155 do Código Penal prevendo outra
QUALIFICADORA para o crime de furto:
2ª Fase de Penal | 40º Exame de Ordem
§ 4º-B. A pena é de reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa, se o furto mediante fraude é cometido
por meio de dispositivo eletrônico ou informático, conectado ou não à rede de computadores, com ou sem
a violação de mecanismo de segurança ou a utilização de programa malicioso, ou por qualquer outro meio
fraudulento análogo. (Incluído pela Lei nº 14.155, de 2021)
§ 4º-C. A pena prevista no § 4º-B deste artigo, considerada a relevância do resultado gravoso: (Incluído pela
Lei nº 14.155, de 2021)
I – aumenta-se de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços), se o crime é praticado mediante a utilização de servidor
mantido fora do território nacional; (Incluído pela Lei nº 14.155, de 2021)
II – aumenta-se de 1/3 (um terço) ao dobro, se o crime é praticado contra idoso ou vulnerável. (Incluído pela
Lei nº 14.155, de 2021)
Ameaça grave (violência moral) é aquela capaz de atemorizar a vítima, viciando sua vontade e
impossibilitando sua capacidade de resistência. A grave ameaça objetiva criar na vítima o fundado
receio de iminente e grave mal, físico ou moral, tanto a si quanto as pessoas que lhes são caras. É
irrelevante a justiça ou injustiça do mal ameaçado, na medida em que, utilizada para a prática de crime,
torna-se antijurídica.
c) Qualquer outro meio que reduza à impossibilidade de resistência;
Cuida-se da violência imprópria, consistente em outro meio que não constitua violência física
ou grave ameaça, como, por exemplo, fazer a vítima ingerir bebida alcoólica, narcóticos, soníferos ou
hipnotizá-la.
EXEMPLO
São exemplos típicos de roubo impróprio aquele em que o sujeito ativo, já se retirando do portão
com a res furtiva, alcançando pela vítima, abate-a (assegurando a detenção), ou, então, já na rua,
constata que deixou um documento no local, que o identificará, e, retornando para apanhá-lo, agride
o morador que o estava apanhando (garantindo a impunidade).
Em outros termos, “logo depois” de subtraída a coisa não admite decurso de tempo entre a
subtração e o emprego da violência, ou seja, o modus violento somente é caracterizador do roubo se
for utilizado até a consumação do furto que o agente pretendia praticar (posse tranquila da res, sem a
vigilância). Superado esse momento, o crime está consumado e, consequentemente, não pode sofrer
qualquer alteração; portanto, eventual violência empregada constituirá crime autônomo (lesão
corporal, por exemplo), em concurso com furto consumado.
perseguição imediata ao agente e recuperação da coisa roubada, sendo prescindível a posse mansa
e pacífica ou desvigiada."
8.2.4 Causas especiais de aumento de pena - roubo majorado (circunstanciado) (Art. 157,
§ 2º)
A) Se há o concurso de duas ou mais pessoas
Pode haver concurso material entre roubo majorado e quadrilha armada, pois os bens jurídicos
são diversos. Enquanto o tipo penal de roubo protege o patrimônio, o tipo da quadrilha ou bando
guarnece a paz pública.
B) Se a vítima está em serviço de transporte de valores e o agente conhece tal
circunstância
A pena é agravada se a vítima, regra geral por dever de ofício (caixeiro viajante, empresa de
segurança especialmente contratada para o transporte de valores), realiza serviço de transporte de
valores (dinheiro, joia etc.).
C) Se a subtração for de veículo automotor que venha a ser transportado para outro
estado ou para o exterior
Assim como no furto, esta majorante diz respeito, especificamente, à subtração de veículo
automotor. Consideram-se como tais os automóveis, ônibus, caminhões, motocicletas, aeronaves,
lanchas, jet-skis.
D) Se o agente mantém a vítima em seu poder, restringindo sua liberdade
Ocorre quando o agente segura a vítima por tempo superior ao necessário ou valendo-se de
forma anormal para garantir a subtração planejada.
EXEMPLO
Subjugando a vítima, o agente, pretendendo levar-lhe o veículo, manda que entre no porta-
malas, rodando algum tempo pela cidade, até permitir que seja libertada ou o carro seja abandonado.
Trata-se de crime hediondo (Art. 1º, inciso II, alínea “a”, da Lei nº 8.072/90, com a redação dada
pela Lei nº 13.964/2019).
exemplo, punhal e espada, como pode ser imprópria, não fabricada para defesa e ataque, mas que
reúne potencial para ferir ou matar, como, por exemplo, faca de cozinha e machado).
Não será apto a majorar a pena do crime de roubo qualquer outro objeto ou instrumento
utilizado no ato do roubo que não se enquadrar no conceito de arma branca, como, por exemplo, barra
de ferro, pedaço de madeira, pedaço de vidro, garrafa quebrada com extremidade pontiaguda. Nesses
casos, será roubo simples, se não incidir outra majorante.
F) Se a subtração for de substâncias explosivas ou de acessórios que, conjunta ou
isoladamente, possibilitem sua fabricação, montagem ou emprego.
8.2.5 Se a violência ou ameaça é exercida com emprego de arma de fogo (Art. 157, § 2-A,
do CP)
ATENÇÃO! Importante alteração trazida pela Lei nº 13.654/2018, na qual o roubo “com
emprego de arma” deixou de ser uma hipótese de roubo circunstanciado no artigo 157, § 2º. Já o roubo
com emprego de arma de fogo continua sendo punido como roubo circunstanciado no artigo 157, § 2º-
A, inciso I, do Código Penal.
Ou seja, o emprego de arma branca majora o crime de roubo de ⅓ até a metade, ao passo que
o emprego de arma de fogo majora o crime de roubo em ⅔.
A arma de brinquedo não serve para majorar a pena, uma vez que não causa à vítima maior
potencialidade lesiva. Pode, no entanto, gerar grave ameaça e, justamente por isso, servir para
configurar o tipo penal do roubo, na figura simples.
Trata-se de crime hediondo (Art. 1º, inciso II, alínea “b”, da Lei nº 8.072/90, com a redação dada
pela Lei nº13.964/2019).
8.2.6 Roubo com emprego de explosivo ou de artefato análogo que cause perigo comum
Para caracterizar essa qualificadora, deve restar demonstrada a capacidade de o artefato
causar perigo comum, apto a causar risco a um número indeterminado de pessoas.
Cuidado: curiosamente o legislador considerou hediondo o crime de furto qualificado pelo
emprego de explosivo ou artefato análogo, mas não considera hediondo o crime de roubo com
emprego de explosivo ou de artefato análogo que cause perigo comum. Como, à evidência, não existe
analogia in malam partem no Direito Penal, essa omissão do legislador significa que não será possível
considerar esse tipo de roubo como sendo hediondo.
empregada, pretendeu o legislador criar duas figuras de crimes qualificados pelo resultado, para
alguns, crimes preterdolosos.
Contudo, na hipótese em apreço, a extrema gravidade das sanções cominadas uniu o
entendimento doutrinário, que passou a admitir a possibilidade, indistintamente, de o resultado
agravador poder decorrer tanto de culpa quanto de dolo, direto ou eventual.
A) Crime qualificado pelo resultado lesões graves
É uma das hipóteses de delito qualificado pelo resultado, que se configura pela presença de
dolo na conduta antecedente (roubo) e dolo ou culpa na conduta subsequente (lesões corporais
graves).
HIPÓTESES QUANTO AO RESULTADO MAIS GRAVE:
Lesão grave consumada + roubo consumado = roubo qualificado pelo resultado lesão grave.
Lesão grave consumada + tentativa de roubo = roubo qualificado pelo resultado lesão grave,
dando-se a mesma solução para o latrocínio.
Trata-se de crime hediondo (Art. 1º, inciso II, alínea “c”, da Lei nº 8.072/90, com a redação dada
pela Lei nº 13.964/2019).
B) Crime qualificado pelo resultado morte: LATROCÍNIO
O crime de latrocínio ocorre quando, do emprego da violência física contra a pessoa com o fim
de subtrair o bem, ou para assegurar a sua posse ou a impunidade do crime, decorre a morte da vítima.
Tratando-se de crime qualificado pelo resultado, a morte da vítima ou de terceiro tanto pode
resultar de dolo (o assaltante atira na cabeça da vítima e a mata) quanto de culpa (o agente desfere
um golpe contra o rosto do ofendido para feri-lo, vindo, no entanto, a matá-lo).
Trata-se de crime hediondo (Art. 1º, inciso II, alínea “c”, da Lei nº 8.072/90, com a redação dada
pela Lei nº 13.964/2019).
FIQUE LIGADO!
Súmula 610 do STF: “Há crime de latrocínio, quando o homicídio se consuma, ainda que não
realize o agente a subtração de bens da vítima”.
Súmula 603 do STF: “A competência para o processo e julgamento de latrocínio é do juiz
singular e não do Tribunal do Júri.”
Difere do roubo majorado pela restrição da liberdade da vítima, porque, neste caso, a restrição
da liberdade é irrelevante para obtenção da vantagem indevida. Imaginemos o agente subtrair objetos
da vítima, prendendo-a no banheiro. Trata-se de roubo majorado pela restrição da liberdade da vítima,
pois trancá-la no banheiro não é condição indispensável para a subtração.
8.4.2 Consumação
A consumação ocorre com a privação de liberdade de locomoção da vítima, exigindo-se tempo
juridicamente relevante.
Trata-se de crime permanente, cuja consumação se prolonga no tempo. Assim, enquanto a
vítima estiver submetida à privação de sua liberdade de locomoção o crime estará em fase de
consumação.
Tratando-se de crime formal, pune-se a mera atividade de sequestrar pessoa, tendo a finalidade
de obter vantagem. Assim, embora o agente não consiga a vantagem almejada, o delito está
consumado quando a liberdade da vítima é cerceada.
Em que pese o art. 163 CP não exija expressamente um fim especial de agir, a jurisprudência
tem entendido pela necessidade do animus nocendi, que é a vontade específica de causar um prejuízo
patrimonial ao dono da coisa.
Neste sentido, vem se entendendo que a conduta do apenado que rompe a tornozeleira
eletrônica é atípica, justamente pela ausência de tal animus (RHC 151173-RS).
2ª Fase de Penal | 40º Exame de Ordem
De acordo com o artigo 167, a ação penal privada é cabível no crime de dano simples (caput)
e qualificado (somente na hipótese do inciso IV do parágrafo único).
A ação penal pública incondicionada é cabível nas demais hipóteses.
Finalidade
Deteriorar
econômica
Finalidade
Dano Destruir
econômica
Finalidade
Danificar
econômica
1º) APROPRIAÇÃO INDÉBITA PROPRIAMENTE DITA: Ocorre quando o sujeito realiza ato
demonstrativo de que inverteu o título da posse, como a venda, doação, consumo, penhor, ocultação,
etc.
2º) NEGATIVA DE RESTITUIÇÃO: Neste caso, o sujeito afirma claramente ao ofendido que não
irá devolver o objeto material.
Posse do objeto é
Apropriação indébita
desvigiada
Apropriar-se de objeto
Detenção
8.7.3 Fraude no pagamento por meio de cheque – Art. 171, § 2º, inciso VI, CP
Se o indivíduo emite um cheque na certeza de que tem fundos disponíveis para o devido
pagamento pelo banco, quando na realidade não há qualquer numerário depositado na agência
bancária, não se pode falar em ilícito criminal, ante a ausência de má-fé.
2ª Fase de Penal | 40º Exame de Ordem
O que a lei penal pune é o pagamento fraudulento. Nesse sentido é o teor da Súmula 246 do
STF: “comprovado não ter havido fraude, não se configura o crime de emissão de cheque sem fundos”.
Emitir cheque significa pôr em circulação o título de crédito; frustrar o pagamento quer dizer
iludir ou enganar o credor, evitando a sua remuneração.
a) Emitir cheque sem provisão de fundos
O agente preenche, assina e coloca o cheque em circulação sem ter numerário suficiente na
instituição bancária (banco sacado) para cobrir o valor quando da apresentação do título pelo tomador.
No momento da emissão do cheque – que não significa simplesmente o seu preenchimento, mas a
entrega a terceiro – é preciso que o estabelecimento bancário, encarregado da compensação, já não
possua fundo suficiente para cobrir o pagamento.
b) Frustrar o pagamento de cheque
Neste caso, o agente possui fundos suficientes na instituição bancária quando da emissão do
cheque, contudo, antes de o beneficiário apresentar o título ao banco, aquele retira todo o numerário
depositado ou apresenta uma contraordem de pagamento.
C) Consumação
Segundo o artigo 4º, § 1º, da Lei nº 7.357/85, a existência de fundos disponíveis é verificada no
momento da apresentação do cheque para pagamento. Destarte, o crime se consuma no momento e
no local em que o banco sacado recusa o pagamento, pois só nesse momento ocorre o prejuízo (trata-
se de crime material).
Arrependendo-se o agente antes da apresentação do título pelo beneficiário no banco sacado,
e depositando o numerário necessário para cobrir a quantia constante do cheque, haverá
arrependimento eficaz, não respondendo ele por crime algum.
Se, por outro lado, o agente arrepender-se somente após a consumação do crime, ou seja,
após a recusa do pagamento pelo banco sacado, incidirá a Súmula 554 do STF: “O pagamento de
cheque emitido sem provisão de fundos, após o recebimento da denúncia, não obsta ao
prosseguimento da ação penal”.
Assim, o pagamento do cheque antes do recebimento da denúncia extingue a punibilidade do
agente.
§ 2º-A. A pena é de reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa, se a fraude é cometida com a utilização
de informações fornecidas pela vítima ou por terceiro induzido a erro por meio de redes sociais, contatos telefônicos
ou envio de correio eletrônico fraudulento, ou por qualquer outro meio fraudulento análogo. (Incluído pela Lei nº
14.155, de 2021)
§ 2º-B. A pena prevista no § 2º-A deste artigo, considerada a relevância do resultado gravoso, aumenta-se
de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços), se o crime é praticado mediante a utilização de servidor mantido fora do território
nacional. (Incluído pela Lei nº 14.155, de 2021)
A) É correto afirmar que o crime de furto praticado por Antônio atingiu a consumação?
Justifique. (Valor: 0,40)
B) Considerando que Antônio não preenche os requisitos elencados pelo STF e STJ para
aplicação do princípio da insignificância, qual seria a principal tese defensiva a ser utilizada em
sede de apelação? Justifique. (Valor: 0,85)
Obs.: o(a) examinando(a) deve fundamentar suas respostas. A mera citação do dispositivo
legal não confere pontuação.
A) Diante da confissão da prática do crime de furto por Rodrigo, qual a principal tese defensiva
em relação à tipificação da conduta a ser formulada pela defesa técnica? (Valor: 0,65)
B) Em caso de acolhimento da tese defensiva, poderá Rodrigo ser, de imediato, condenado nos
termos da manifestação da defesa técnica? (Valor: 0,60)
2ª Fase de Penal | 40º Exame de Ordem
Obs.: o(a) examinando(a) deve fundamentar suas respostas. A mera citação do dispositivo
legal não confere pontuação.
A) Considerando que os delitos são conexos, de qual cidade será o juízo criminal
competente para o julgamento de Talles? Justifique. (Valor: 0,65)
B) Qual o argumento de direito material para questionar a capitulação delitiva realizada pela
autoridade policial? Justifique. (Valor: 0,60)
Obs.: o(a) examinando(a) deve fundamentar suas respostas. A mera citação do dispositivo
legal não confere pontuação.
2ª Fase de Penal | 40º Exame de Ordem
A) Considerando que o crime é de ação penal pública incondicionada, qual a medida a ser
adotada diretamente pela família de Clara e seu advogado em busca da responsabilização
criminal de João? Justifique. (Valor: 0,65)
B) Em caso de inicial acusatória, qual infração penal deve ser imputada a João? Justifique.
(Valor: 0,60)
Obs.: o examinando deve fundamentar suas respostas. A mera citação do dispositivo legal
não confere pontuação.
quantia para comprar uma joia para uma moça chamada Júlia. Absolutamente transtornada,
Maria entrega a correspondência aos patrões de Jorge. Com base no relatado acima,
responda aos itens a seguir, empregando os argumentos jurídicos apropriados e a
fundamentação legal pertinente ao caso.
A) Jorge praticou crime? Em caso positivo, qual(is)? (Valor: 0,35)
B) Se o Ministério Público oferecesse denúncia com base exclusivamente na correspondência
aberta por Maria, o que você, na qualidade de advogado de Jorge, alegaria? (Valor: 0,90)
Obs.: o examinando deve fundamentar suas respostas. A mera citação do dispositivo legal
não confere pontuação.
la para jantar num dos restaurantes mais caros da cidade e, posteriormente, leva-a para
conhecer a suíte presidencial de um hotel considerado um dos mais luxuosos do mundo, onde
passa a noite com ela. Na manhã seguinte, Maurício e Joana resolvem permanecer por mais
dois dias. Ao final da estada, Mauricio contabiliza os gastos daqueles dias de prodigalidade,
apurando o total de R$ 18.000,00 (dezoito mil reais). Todos os pagamentos foram realizados
em espécie, haja vista que, na noite anterior, Maurício havia trocado com sua mãe um cheque
de R$20.000,00 (vinte mil reais) por dinheiro em espécie, cheque que Maurício sabia, de
antemão, não possuir fundos. Considerando apenas os fatos descritos, responda, de forma
justificada, os questionamentos a seguir.
A) Maurício e Joana cometeram algum crime? Justifique sua resposta e, caso seja positiva,
tipifique as condutas atribuídas a cada um dos personagens, desenvolvendo a tese de defesa.
(valor: 0,70)
B) Caso Maurício tivesse invadido a casa de sua mãe com uma pistola de brinquedo e a
ameaçado, a fim de conseguir a quantia de R$ 20.000,00 (vinte mil reais), sua situação jurídica
seria diferente? Justifique. (valor: 0,55)
Obs.: o examinando deve fundamentar suas respostas. A mera citação do dispositivo legal
não confere pontuação.
plasma, um aparelho de som e dois mil reais. Após encontrar-se com Maria no veículo, ambos
se evadem do local e são presos quando chegavam ao município de São Paulo.
Com base no relatado acima, responda aos itens a seguir, empregando os argumentos
jurídicos apropriados e a fundamentação legal pertinente ao caso.
A) Caio pode ser punido pela conduta praticada e provada? (Valor: 0,40)
B) Maria pode ser punida pela referida conduta? (Valor: 0,40)
C) Em caso de oferecimento de denúncia, qual será o juízo competente para processamento da
ação penal? (Valor: 0,20)
Obs.: o examinando deve fundamentar suas respostas. A mera citação do dispositivo legal
não confere pontuação.
B) Qual é a tese jurídica processual que pode ser invocada pela defesa técnica de Ana Beatriz?
Justifique. (Valor: 0,60)
Obs.: O(a) examinando(a) deve fundamentar as respostas. A mera citação do dispositivo legal
não confere pontuação.
9.1. Introdução
No processo penal, o réu se defende dos fatos, sendo secundário a classificação jurídica
constante na denúncia ou queixa.
Desse modo, sem que tenha surgido ao longo da instrução nenhum elemento novo ou
circunstância capaz de modificar a descrição do fato contido na denúncia ou queixa, o juiz
poderá dar aos eventos delituosos descritos explícita ou implicitamente na denúncia ou queixa
a classificação jurídica que considerar correta, ainda que, em consequência, venha a aplicar
pena mais grave, sem necessidade de prévia vista à defesa, a qual não poderá alegar
2ª Fase de Penal | 40º Exame de Ordem
surpresa, uma vez que não se defendia da classificação legal, mas da descrição fática da
infração penal.
EXEMPLO:
Em outras palavras, pode ocorrer (o que é mais comum, inclusive) de com a emendatio
libelli o fato atribuído ao agente se enquadrar em crime menos grave, cuja pena mínima não
seja superior a um ano.
Porém, com a emendatio libelli, a partir da nova definição jurídica, atribuindo-se delito
menos grave, cuja pena mínima não seja superior a um ano, pode ocorrer de o agente passar
a ter direito à suspensão condicional do processo. Nesse caso, o magistrado não poderá
proferir eventual sentença condenatória, mas proceder conforme prevê a lei, ou seja, conceder
2ª Fase de Penal | 40º Exame de Ordem
vista do processo ao Ministério Público, a fim de que possa oferecer proposta de suspensão
condicional do processo, se for o caso.
Assim, nesse caso, ao receber os autos conclusos para sentença, vislumbrando hipótese
de definição jurídica diversa da contida na exordial, que, por sua vez, poderá ensejar a
suspensão condicional do processo, o Magistrado deverá operar a desclassificação do delito,
limitando-se exclusivamente à correta tipificação da conduta, sem emitir, portanto, qualquer
juízo de valor acerca do mérito (condenação ou absolvição).Em seguida, deverá determinar
vista dos autos ao Ministério Público para que se manifeste acerca da possibilidade da
proposta da suspensão condicional do processo.
Tomemos como exemplo o fato narrado na denúncia ter sido classificado como tentativa
de homicídio, quando, na verdade, trata-se de lesão corporal grave. Nesse caso, o juiz do
Tribunal do Júri verificará que, com a emendatio libelli, e nova definição jurídica do fato descrito
2ª Fase de Penal | 40º Exame de Ordem
na denúncia, não será competente para processar o feito, devendo encaminhar para o juízo
competente.
Conforme o artigo 384, § 4º, do CPP, ao sentenciar o feito, o juiz ficará adstrito aos termos
do aditamento recebido, ou seja, não poderá condenar o réu além dos limites do aditamento.
Súmula 453 STF: “Não se aplicam à segunda instância o Art. 384 e parágrafo único
do Código de Processo Penal, que possibilitam dar nova definição jurídica ao fato
delituoso, em virtude de circunstância elementar não contida, explícita ou
implicitamente, na denúncia ou queixa.”
2ª Fase de Penal | 40º Exame de Ordem
Reformatio in pejus
10.1. Introdução
Assim, caso o réu seja condenado a 5 anos de reclusão, mas obtenha a defesa a anulação
dessa decisão, quando o magistrado – ainda que seja outro – venha a proferir outra sentença,
está adstrito a uma condenação máxima de 5 anos.
2ª Fase de Penal | 40º Exame de Ordem
Se pudesse elevar a pena, ao proferir nova decisão, estaria havendo uma autêntica
reforma em prejuízo da parte que recorreu.
Em tese, seria melhor ter mantido a sentença, ainda que padecendo de nulidade, pois a
pena seria menor.
Em síntese: Imagine-se que o réu, condenado a cinco anos de reclusão, recorra invocando
nulidade do processo. Considere-se, outrossim, que o Ministério Público não tenha apelado
da decisão para aumentar a pena. Se o tribunal, acolhendo o inconformismo da defesa, dar-
lhe provimento e determinar a renovação dos atos processuais, não poderá a nova sentença,
como regra, agravar a situação em que já se encontrava o réu por força da sentença, sob
pena de incorrer em reformatio in pejus indireta, ou seja, o juiz, na nova sentença, estaria
limitado a cinco anos. Se fixar pena superior a cinco anos, poderá ser alegado, em preliminar
de apelação, nulidade da sentença.
2ª Fase de Penal | 40º Exame de Ordem
Efeito Extensivo
11.1. Introdução
Conforme dispõe o artigo 580 do CPP, havendo dois ou mais réus, com idêntica
situação processual e fática, se apenas um deles recorrer e obtiver benefício, será este
aplicado também aos demais que não impugnaram a sentença ou decisão.
EXEMPLO:
Theo e Russo são condenados por terem praticado crime de roubo majorado por
emprego de arma de fogo não apreendida, considerando o magistrado desnecessária a
perícia na arma. Theo interpõe recurso de apelação buscando também afastar a majorante
do emprego de arma de fogo. O provimento do recurso, afastando a majorante, se estende
a Russo, que não havia apelado.
Esse efeito extensivo não se restringe unicamente à apelação, sendo cabível também
nos demais recursos.
2ª Fase de Penal | 40º Exame de Ordem
Prisão em Flagrante
12.1 Introdução
EM SÍNTESE:
A Lei nº 12.403/2011 introduziu o artigo 310, inciso II, do Código de Processo Penal,
suprimindo a possibilidade de a prisão em flagrante prender por si só, na medida em que, se
presentes os requisitos do artigo 312 do Código de Processo Penal e inadequada ou insuficiente
a aplicação das medidas cautelares diversas da prisão, o juiz deverá converter a prisão em
flagrante em prisão preventiva.
Logo, forçoso concluir que a prisão em flagrante passou a assumir natureza precautelar,
com duração limitada até a adoção pelo juiz de uma das providências do art. 310 do CPP (relaxar
a prisão em flagrante, convertê-la em prisão preventiva ou conceder a liberdade provisória).
2ª Fase de Penal | 40º Exame de Ordem
a) Flagrante próprio
O flagrante propriamente dito está previsto no artigo 302, I e II, do CPP. Trata-se de prisão
efetivada quando o sujeito está praticando uma infração penal, ou quando acabou de cometê-la.
A prisão deve ocorrer de imediato, sem qualquer intervalo de tempo entre a prática da
infração e a detenção. Ocorre, pois, quando o agente ainda está no local do crime.
Exemplo: prisão em flagrante no exato instante em que o agente criminoso busca sair da
agência bancária onde praticava o delito de roubo.
2ª Fase de Penal | 40º Exame de Ordem
CUIDADO
A perseguição deve ser ininterrupta. Uma vez cessada a perseguição, não há mais
situação de flagrância, devendo-se, a partir de então, efetivar-se a prisão somente munido
de mandado judicial (prisão preventiva ou temporária, conforme o caso).
c) Flagrante presumido
O flagrante presumido está previsto no art. 302, IV, do CPP. Aqui o agente não é
“perseguido”, mas “encontrado”, logo depois da prática da infração penal, na posse de
instrumentos, armas, objetos ou papéis em situação que permita presumir ser ele o autor da
infração.
2ª Fase de Penal | 40º Exame de Ordem
Trata-se, na verdade, de hipótese de crime impossível (CP, art. 17), já que, por força da
preparação engendrada pelo policial ou terceiro para prendê-lo, seria impossível a consumação
do crime. Em síntese, simultaneamente à indução à prática do crime, o agente provocador do
flagrante age para evitar a consumação.
É o que diz a Súmula 145 do STF: “Não há crime quando a preparação do flagrante
pela polícia torna impossível a sua consumação”.
Em que pese a súmula mencionar somente o flagrante pela polícia, a ilegalidade também
pode decorrer de flagrante preparado por particular.
c) Flagrante Esperado
O flagrante esperado não se confunde com o flagrante provocado, uma vez que, ao
contrário deste, no flagrante esperado não há indução ou instigação da autoridade policial para
que o agente dê início à execução do delito.
d) Flagrante Forjado
O flagrante forjado se caracteriza pela criação de provas para forjar a prática de um crime
inexistente. Aqui a ação da autoridade policial ou de um particular visa simular um fato típico
inexistente, com o objetivo de incriminar falsamente alguém.
2ª Fase de Penal | 40º Exame de Ordem
Uma vez preso em flagrante, por policial ou particular, o acusado deve ser conduzido à
presença da autoridade policial. Se a autoridade policial considerar se tratar de situação de
flagrância e que o fato constitui crime, determinará a lavratura do auto de prisão, incumbindo-lhe
proceder da seguinte forma:
a) Oitiva do condutor:
Exemplo: seguranças de determinada loja prendem em flagrante uma pessoa pela prática
do delito de furto e acionam a polícia militar, que conduzem o preso à Delegacia de Polícia.
Será um dos policiais, portanto, quem apresenta o preso ao delegado de polícia, figurando,
assim, como condutor.
b) Oitiva de testemunhas:
c) Interrogatório do preso:
d) Nota de culpa:
Nos termos do artigo 306, §1º e §2º, do Código de Processo Penal, superadas essas
etapas, cumpre à autoridade policial, em até 24 horas após a realização da prisão, encaminhar
o auto de prisão em flagrante devidamente instruído ao juiz competente, bem como entregar ao
preso, no mesmo prazo, mediante recibo, a nota de culpa, assinada pela autoridade, com o
motivo da prisão, o nome do condutor e os das testemunhas.
Trata-se a nota de culpa de documento por meio do qual a autoridade policial cientifica o
preso dos motivos de sua prisão, do nome do condutor e das testemunhas.
Se não for entregue nota de culpa, o flagrante deve ser relaxado por falta de formalidade
essencial.
Além disso, a Lei nº 13.257/2016, incluiu o §4º no artigo 304, segundo o qual “Da lavratura
do auto de prisão em flagrante deverá constar a informação sobre a existência de filhos,
respectivas idades e se possuem alguma deficiência e o nome e o contato de eventual
responsável pelos cuidados dos filhos, indicado pela pessoa presa.”
9
Esse dispositivo é fundamental para qualquer interrogatório, seja na fase de investigação ou no curso da ação penal:
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros
residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
(...)
LXIII - o preso será informado de seus direitos, entre os quais o de permanecer calado, sendo-lhe assegurada a assistência da
família e de advogado;
2ª Fase de Penal | 40º Exame de Ordem
De acordo com o art. 306 do CPP, a prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre
serão comunicados imediatamente ao juiz competente, ao Ministério Público e à família do preso
ou à pessoa por ele indicada.
O art. 5º, LXII, da CF/1988 dispõe que a prisão de qualquer pessoa e o local onde se
encontre serão comunicados imediatamente ao juiz competente e à família do preso ou à pessoa
por ele indicada.
A ausência da comunicação imediata da prisão em flagrante ao juiz competente e ao
Ministério Público torna a prisão ilegal, devendo, portanto, ser relaxada.
b) Da comunicação imediata da prisão à família do preso ou à pessoa por ele
indicada
Nos termos do art. 306 do CPP e art. 5º, LXII e LXIII, da CF/1988, cumpre à autoridade
policial providenciar a comunicação imediata da prisão em flagrante à família do preso ou à
pessoa por ele indicada, garantindo-lhe, assim, a assistência da família.
Essa comunicação tem por objetivo certificar familiares acerca da localização do preso,
bem como viabilizar ao preso o apoio e a assistência da família.
A comunicação à família ou à pessoa pelo preso indicada constitui direito subjetivo do
flagrado. Se não for observada essa formalidade pela autoridade policial, a prisão em flagrante
será ilegal, devendo, pois, ser relaxada.
c) Da assistência de advogado ao preso
Nos termos do art. 5º, inc. LXIII, parte final, da CF/1988, o preso tem direito à assistência
da família e de advogado.
A presença de advogado não é imprescindível à lavratura do auto de prisão em flagrante.
De outro lado, se o preso constituir/contratar advogado, não cabe, à evidência, à autoridade
policial vedar a presença do advogado constituído nos atos que integram a lavratura do auto de
prisão em flagrante, podendo o profissional acompanhar a oitiva do condutor, das testemunhas,
bem como o interrogatório do flagrado.
Se o flagrado não informar o nome do seu advogado, deverá a autoridade policial
encaminhar, em até 24 h, cópia integral do APF à Defensoria Pública, nos termos do art. 306, §
1º, do CPP.
Em síntese, a inobservância de qualquer dessas formalidades gera a ilegalidade da prisão
em flagrante, devendo o juiz, ao receber os autos, deixar de homologar o auto de prisão em
flagrante e determinar o relaxamento da prisão por ilegalidade formal.
2ª Fase de Penal | 40º Exame de Ordem
Sendo legal a prisão em flagrante, o juiz deve verificar se concederá a liberdade provisória
ou se converterá a prisão em flagrante em prisão preventiva.10
Convém ressaltar, por pertinente, que a prisão preventiva somente poderá ser decretada
em substituição da prisão em flagrante se estiverem presentes os requisitos do art. 312 do CPP
e se não for sufi ciente outra medida diversa da prisão, bem como se presente uma das hipóteses
do art. 313 do CPP.
Assim, pela leitura do art. 310, II, CPP, verifica-se que a prisão preventiva é a última ratio
das medidas cautelares. Ela somente deve ser decretada quando todas as demais medidas
cautelares se revelarem inadequadas e insuficientes para o caso concreto. Em outras palavras,
a insuficiência das medidas cautelares diversas da prisão (aquelas previstas no art. 319 do CPP)
passou a ser mais um requisito para o cabimento da prisão preventiva.
Logo, por ser medida de caráter excepcional, o juiz somente poderá converter a prisão em
flagrante em prisão preventiva se estiverem presentes os requisitos dos arts. 312 e 313, ambos
do CPP.
Em síntese: Com a nova redação do artigo 310, “caput”, do CPP, O juiz, deverá,
fundamentadamente, converter a prisão em flagrante em preventiva, desde que:
a) a prisão seja legal;
b) as medidas cautelares diversas da prisão se revelarem inadequadas ou
insuficientes;
c) o agente não tenha praticado o fato ao amparo das causas de exclusão da ilicitude
previstas no art. 23 do CP;
d) estejam presentes os requisitos dos arts. 312 e 313 do CPP;
Caso contrário, será concedida liberdade provisória (com ou sem fiança ou cautelar
diversa da prisão).
Como dito, ainda que mais restrita tal hipótese, já que, a princípio, o juiz proferirá decisão
em audiência de custódia, depois de ouvir o Ministério Público e a defesa, não se pode desprezar
a hipótese de requerimento escrito buscando a liberdade do flagrado.
10
Antes da Lei nº 12.403/2011, o agente ficava preso em decorrência da prisão em flagrante. O Juiz
simplesmente.
2ª Fase de Penal | 40º Exame de Ordem
Relaxamento de Prisão
PAROU!
13.4. Base Legal
Artigo 310, inciso I, CPP e Artigo 5º, inciso LXV, da CF/88.
13.3. Conteúdo
A prisão ilegal pode decorrer de ilegalidade formal e/ou material.
a) Ilegalidade Formal
Ocorre quando o auto de prisão em flagrante não observou as formalidades
procedimentais previstas, por exemplo, nos arts. 304 e 306 do CPP e dos incisos do art. 5º da
CF/1988, notadamente LXI a LXIV.
As ilegalidades formais podem ocorrer durante ou depois da lavratura do auto de prisão
em flagrante.
Algumas ilegalidades formais:
11
A peça resolvida encontra-se no capítulo destinado às peças prático-processuais.
2ª Fase de Penal | 40º Exame de Ordem
Autos nº
I) DOS FATOS
II) DO DIREITO12
III) DO PEDIDO
12
Buscar no enunciado informações que permitam desenvolver teses voltadas à ilegalidade formal e/ou material, bem como
eventual medida cautelar diversa da prisão.
2ª Fase de Penal | 40º Exame de Ordem
Local..., data...
ADVOGADO...
OAB...
2ª Fase de Penal | 40º Exame de Ordem
Dois dias após a lavratura do Auto de Prisão em Flagrante, em razão de José Alves ter
permanecido encarcerado na Delegacia de Polícia, você é procurado pela família do preso, sob
protestos de que não conseguiam vê-lo e de que o delegado não comunicara o fato ao juízo
competente, tampouco à Defensoria Pública.
Com base somente nas informações de que dispõe e nas que podem ser inferidas pelo caso
concreto acima, na qualidade de advogado de José Alves, redija a peça cabível, exclusiva de
advogado, no que tange à liberdade de seu cliente, questionando, em juízo, eventuais
ilegalidades praticadas pela Autoridade Policial, alegando para tanto toda a matéria de direito
pertinente ao caso. (Valor 5,00).
2ª Fase de Penal | 40º Exame de Ordem
Autos nº...
I) DOS FATOS
O requerente foi preso em flagrante, acusado de ter praticado o delito previsto
no artigo 306 da Lei nº 9.503/97.
O requerente foi compelido a realizar o teste de alcoolemia em aparelho
alveolar, sendo-lhe negado no auto de prisão em flagrante o direito de se entrevistar com
advogado e com seus familiares.
O requerente permaneceu preso dois dias após a lavratura da prisão em
flagrante, sendo que a autoridade policial não comunicou o fato ao juízo competente nem à
Defensoria Pública.
II) DO DIREITO
A) DA PROVA ILÍCITA
O requerente foi compelido a realizar o teste de alcoolemia em aparelho de ar
alveolar. Todavia, trata-se de prova ilícita, porque violou o direito do requerente de não
2ª Fase de Penal | 40º Exame de Ordem
produzir prova contra si mesmo, previsto no artigo 5º, inciso LXIII, da Constituição
Federal/88 e artigo 8º, § 2, alínea “g”, do Decreto 678/92.
Além disso, o requerente foi forçado a realizar o teste de alcoolemia. Logo,
trata-se de prova ilícita, nos termos do artigo 157 do Código de Processo Penal, e artigo 5º,
inciso LVI, da Constituição Federal/88.
Todavia, nos termos do artigo 306, § 1º, do Código de Processo Penal, e artigo
5º, inciso LXIII, da Constituição Federal/88, o preso tem direito à assistência de advogado.
prisão, havendo, portanto, violação ao artigo 306, “caput”, do Código de Processo Penal, e
D) DA NOTA DE CULPA
2ª Fase de Penal | 40º Exame de Ordem
III) DO PEDIDO
Ante o exposto, requer:
a) O relaxamento da prisão em flagrante;
b) Expedição do alvará de soltura;
c) Vista ao Ministério Público.
Nestes termos,
Pede deferimento.
Local... e data...
Advogado...
OAB...
2ª Fase de Penal | 40º Exame de Ordem
Liberdade provisória
14.1. Introdução
Segundo Lopes Júnior, a liberdade provisória é disposta como uma medida cautelar (na
verdade, uma contracautela), alternativa à prisão preventiva, nos termos do artigo 310, inciso III,
13
AVENA, Norberto. Processo Penal Esquematizado. São Paulo: Método. 2013. p. 973.
14
NUCCI, Guilherme Souza. Código de Processo Penal Comentado. São Paulo: RT. 2016, p. 785.
2ª Fase de Penal | 40º Exame de Ordem
do Código de Processo Penal. No sistema brasileiro, situa-se após a prisão em flagrante e antes
da prisão preventiva, como medida impeditiva da prisão cautelar [...]. É a liberdade provisória
uma forma de evitar que o agente preso em flagrante tenha sua detenção convertida em
preventiva.15
14.2. Identificação
PAROU!
14.3. Base legal
Art. 310, inciso III, CPP, art. 321 do CPP e art. 5º, inciso LXVI da CF/88.
14.4. Conteúdo
Se a prisão em flagrante se revestir de legalidade, pode o magistrado conceder a liberdade
provisória sem nenhuma restrição, ou, ao contrário, impor ao agente a prestação de fiança e/ou
outra medida cautelar diversa da prisão.
Nos crimes afiançáveis, ausentes os requisitos que autorizam a prisão preventiva, é
possível a concessão da liberdade provisória com fiança.
Convém registrar, por pertinente, que há crimes inafiançáveis, tais como os crimes de
racismo, tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, terrorismo, crimes hediondos, bem
como crimes cometidos por grupos armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional e
o Estado Democrático. É o que se extrai do artigo 323 do Código de Processo Penal e artigo 5º,
XLII e XLIII, Constituição Federal/88. Nesses casos, se ausentes os requisitos da prisão
preventiva, será possível a concessão da liberdade provisória vinculada a fixação de uma medida
cautelar diversa da prisão, salvo a fiança. Eis as hipóteses de liberdade provisória sem fiança:
a) Ausência dos fundamentos da prisão preventiva: art. 321, CPP
15
LOPES JÚNIOR, Aury. Direito Processual Penal. 9ª ed. São Paulo: Saraiva. 2016, p. 703
2ª Fase de Penal | 40º Exame de Ordem
Nos termos do artigo 321 do Código de Processo Penal, ausentes os requisitos da prisão
preventiva, o juiz deverá conceder a liberdade provisória, sendo-lhe facultado, com a observância
dos critérios da necessidade e da adequação previstos no artigo 282 do Código de Processo
Penal, exigir a prestação de fiança com a finalidade de assegurar o comparecimento a atos do
processo, evitar a obstrução do seu andamento ou em caso de resistência injustificada à ordem
judicial, bem como aplicar outras medidas cautelares diversas da prisão previstas no artigo 319
do Código de Processo Penal.
Se o crime for inafiançável racismo, tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins,
terrorismo, crimes hediondos, bem como crimes cometidos por grupos armados, civis ou
militares, contra a ordem constitucional e o Estado Democrático (Art. 323 do CPP e Art. 5º, incisos
XLII e XLIII, da CF/88), busca-se a liberdade provisória, com pedido subsidiário de fixação de
medida cautelar diversa da prisão.
b) Quando houver indicativos de que o agente praticou a infração penal abrigado
por excludentes de ilicitude: art. 310, §1º, CPP
Trata-se da hipótese em que os elementos constantes no auto de prisão em flagrante
indicam ter o agente praticado o fato em situação de legítima defesa, estado de necessidade,
exercício regular do direito ou estrito cumprimento do dever legal.
Nesses casos, deverá o juiz conceder a liberdade provisória ao agente,
independentemente se o fato praticado caracteriza delito afiançável ou inafiançável.
Embora não esteja previsto no artigo 310, §1º, do Código de Processo Penal, parte da
doutrina entende possível a concessão da liberdade provisória nas hipóteses de excludente de
culpabilidade (embriaguez acidental completa, coação moral irresistível, erro de proibição, etc),
uma vez que, ao final, o agente não será privado de liberdade.
Assim, é possível conceder a liberdade provisória ao agente preso em flagrante pelo delito
de tráfico ilícito de entorpecentes, desde que ausentes os requisitos que autorizam a decretação
da prisão preventiva.
Inconstitucionalidade do artigo 44 da Lei n. 11.343/2006 na parte que veda a concessão
da liberdade provisória.
Ofensa ao princípio da presunção da inocência, previsto no artigo 5º, inciso LVII, da
CF/88.
Ofensa ao princípio da dignidade da pessoa humana, previsto no artigo 1º, inciso
III, da CF/88.
Ofensa ao princípio da dignidade da pessoa humana, previsto no artigo 1º, inciso
III, da CF/88.
Autos nº
I) DOS FATOS16
II) DO DIREITO17
III) DO PEDIDO
Ante o exposto, requer:
16
Fazer um breve relato dos fatos. Não inventar dados. Relatar como ocorreu a prisão.
17
Buscar no enunciado informações que permitam desenvolver teses voltadas à ilegalidade formal e/ou material.
2ª Fase de Penal | 40º Exame de Ordem
Local..., data...
ADVOGADO...
OAB...
2ª Fase de Penal | 40º Exame de Ordem
sendo todas as legalidades da prisão em flagrante observadas. O juiz recebeu o auto de prisão
em flagrante, deixando para se manifestar na audiência de custódia. Josué, no entanto,
desesperado com a situação disse para você, na condição de advogado (a), buscar soltá-lo o
mais rápido possível, antes mesmo da designação da audiência de custódia.
Com base somente nas informações de que dispõe e nas que podem ser inferidas pelo caso
concreto acima, na qualidade de advogado(a) de Josué, redija a peça cabível, exclusiva de
advogado, em favor do seu cliente, apontando os argumentos e fundamentos jurídicos
pertinentes ao caso. (Valor: 5,00)
2ª Fase de Penal | 40º Exame de Ordem
Autos nº
no artigo 310, inciso III, do Código de Processo Penal, artigo 321 do Código de Processo
Penal e artigo 5º, LXVI, da Constituição Federal/88, pelos fatos e fundamentos a seguir
expostos:
I) DOS FATOS
O requerente foi preso em flagrante, acusado de ter praticado o delito de
receptação, previsto no artigo 180, “caput”, do Código Penal.
O auto de prisão em flagrante observou todas as formalidades e foi
encaminhado, no prazo legal, ao Poder Judiciário.
II) DO DIREITO
A) Da impossibilidade de conversão da prisão em flagrante em prisão
preventiva
O requerente foi preso em flagrante acusado de ter praticado o delito de
receptação, previsto no artigo 180, “caput”, do Código Penal.
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III) DO PEDIDO
processo em liberdade;
diversa da prisão;
Nestes termos,
Pede deferimento.
Local... e data...
Advogado...
OAB...
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Prisão Preventiva
15.1 Conceito
Trata-se de modalidade de prisão processual decretada exclusivamente por juiz
competente quando presentes os pressupostos e as hipóteses previstas em lei (Arts. 312 e 313,
ambos do CPP).
Possui natureza cautelar, uma vez que visa a tutela da sociedade, da investigação criminal
e garantir a aplicação da pena. Por se tratar de medida cautelar, pressupõe a coexistência do
fumus bonis iuris (ou fumus comissi delicti) e do periculum in mora (ou periculum libertatis).
Como repercute na esfera da liberdade do acusado, que constitui direito e garantia
fundamental do cidadão, a possibilidade de decretação da prisão preventiva encontra
embasamento também no artigo 5º, especificamente no inciso LXI, da Constituição Federal/88,
que permite a prisão provisória, antes do trânsito em julgado da sentença condenatória, desde
que precedida de ordem escrita e fundamentada da autoridade judiciária competente. Em
síntese, somente é possível decretar a prisão preventiva por “ordem escrita e fundamentada da
autoridade judiciária competente”.
Conforme dispõe o artigo 283, §2º, do Código de Processo Penal, a prisão poderá ser
efetuada em qualquer dia e a qualquer hora, respeitada a garantia fundamental da inviolabilidade
do domicílio, prevista no artigo 5º, inciso XI, da Constituição Federal/88, segundo o qual salvo na
hipótese de prisão em flagrante, a prisão somente pode ser efetivada mediante ordem escrita e
fundamentada da autoridade judiciária competente.
De acordo com o artigo 293 do Código de Processo Penal, durante o período noturno, no
caso de prisão preventiva e temporária, em que se exige mandado de prisão expedido por juiz
competente, é vedado à autoridade policial ingressar em domicílio alheio para efetivar a prisão
do suspeito. Todavia, nesse caso, se o morador consentir com o ingresso no seu domicílio, a
autoridade policial poderá efetivar a prisão.
Durante o período noturno, se o morador não permitir o ingresso no seu domicílio, a
autoridade policial deverá aguardar o amanhecer, com os primeiros raios solares, para invadir,
com ou sem consentimento do morador, a residência e aí sim efetivar a prisão. Se invadir sem
permissão do morador, a prisão será ilegal, devendo ser relaxada.
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15.2 Legitimação
Diante do que dispõe o artigo 5º, inciso LXI, da Constituição Federal/88, no sentido de que
ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada de
autoridade judiciária competente, salvo nos casos de transgressão militar ou crime propriamente
militar, definidos em lei, resta claro que a prisão preventiva somente pode ser decretada por
ordem judicial.
Nesse caso, o Magistrado decreta, durante a investigação criminal ou ação penal, a prisão
preventiva, que deve ser cumprida mediante a expedição do respectivo mandado. A prisão
preventiva pode ser decretada em qualquer fase da investigação policial ou do processo penal.
Conforme nova redação do artigo 311 do CPP, dada pela Lei n. 13.964/2019, não é
possível ao juiz decretar de ofício a prisão preventiva em qualquer fase da persecução penal.
Agora, portanto, o juiz não poderá decretar prisão preventiva de ofício nem mesmo na fase do
processo penal.
Assim, durante a investigação policial, o juiz somente poderá decretar a prisão preventiva
a requerimento do Ministério Público ou representação da autoridade policial.
Durante a ação penal, a decretação da prisão preventiva pode ser decretada mediante
requerimento do Ministério Público, do querelante ou do assistente de acusação.
Se em qualquer fase da persecução penal o juiz decretar de ofício, a prisão preventiva
será ilegal, cabendo, nesse caso, relaxamento de prisão.
15.3 Pressupostos
15.3.1. Fumus Comissi Delicti
Nos termos da parte final do art. 312 do CPP, a prisão preventiva somente é possível, se,
no caso concreto, houver indícios suficientes de autoria e prova da materialidade:
Indícios Prova da
Pressupostos
Suficientes de Materialidade
da Preventiva
Autoria do Crime
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Como o dispositivo se refere expressamente a “crime”, forçoso concluir que não cabe
prisão preventiva nas contravenções penais.
A prisão preventiva para garantia da ordem pública somente deve ocorrer em hipóteses
de crimes que se revestem de especial gravidade no caso concreto, seja pela pena prevista,
seja, sobretudo, pelos meios de execução utilizados. Cabe, ainda, prisão preventiva para
garantia da ordem pública diante do risco de reiteradas investidas criminosas e quando presente
situação de comprovada intranquilidade coletiva no seio social ou de uma determinada
comunidade.
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A gravidade em abstrato do crime não autoriza a prisão preventiva. O juiz deve analisar a
gravidade de acordo com as circunstâncias do caso concreto. Se não fosse assim, todo crime
de homicídio ou de roubo, por serem abstratamente graves, autorizariam a prisão preventiva
compulsória.
EM SÍNTESE:
A gravidade em concreto que autoriza a prisão preventiva é aquela revelada não só pela
pena abstratamente prevista para o crime, mas também pelos meios de execução, quando a
perversidade e o desprezo pelo bem jurídico atingido reclamarem medidas imediatas para
assegurar a ordem pública, decretando-se a prisão preventiva. Diante disso, a gravidade em
abstrato não constitui motivo idôneo a embasar um decreto de preventiva, devendo o Magistrado
fundamentar sua decisão, nos termos do artigo 93, inciso IX, da Constituição Federal/88, artigo
5º, inciso LXI, da Constituição Federal/88, bem como artigo 315 do Código de Processo Penal.
Ressalta-se, por pertinente, que o clamor público, por si só, não autoriza o decreto da
prisão preventiva, servindo como uma referência adicional para o exame da necessidade da
custódia cautelar, devendo, portanto, estar acompanhado de situação concreta excepcional, que
justifique a prisão processual.
ATENÇÃO
a) Nos crimes dolosos punidos com pena privativa de liberdade máxima superior a
4 (quatro) anos:
Nos termos desse inciso, somente é cabível a prisão preventiva para os crimes dolosos
com pena máxima, privativa de liberdade, superior a quatro anos.
Além disso, se condenado a pena não superior a 04 anos, o agente poderá cumprir a pena
privativa de liberdade em regime aberto, podendo sair para trabalhar durante o dia e retornar ao
cárcere à noite.
São inúmeros os crimes que, em razão deste inciso, não comportam prisão preventiva,
tais como furto simples (Art. 155 do CP), apropriação indébita (Art. 168 do CP), receptação
simples (Art. 180 do CP), descaminho (Art. 334 do CP), dentre outros.
Exemplo: 01: Furto noturno, previsto no artigo 155, §1º, do Código Penal, a pena é
aumentada em 1/3. O furto simples não autoriza o decreto da prisão preventiva, pois a pena
máxima cominada é de 04 anos. Todavia, se for praticado durante repouso noturno, a pena
é aumentada em 1/3, superando os 04 anos e, por conseguinte, autorizando o decreto da
prisão preventiva.
Exemplo 02: Tentativa de estelionato. Conforme o artigo 171 do Código Penal, a pena
máxima cominada ao delito de estelionato é de 05 anos. Na hipótese de tentativa de
estelionato, esta pena poderá ser reduzida de 1/3 a 2/3, conforme dispõe o artigo 14,
parágrafo único, do Código Penal. Se aplicada sobre a pena de 05 anos a redução mínima
(1/3), a pena resultará em 03 anos e 04 meses, quantidade, portanto, incompatível com o
disposto no artigo 313, inciso I, do Código de Processo Penal, o decreto da prisão
preventiva.
Assim, se uma pessoa primária está sendo processada por crime cuja pena máxima não
excede 4 anos, descabe inicialmente a prisão preventiva, ainda que existam provas de que ela,
por exemplo, está ameaçando testemunhas, podendo, nesse caso, ser aplicada uma das
medidas cautelares previstas no art. 319, CPP. Somente se descumprida a medida cautelar,
pode-se aventar a possibilidade de decreto da preventiva, com base no art. 282, § 4º, c/c art.
312, §1º, CPP.
b) se o réu ostentar condenação anterior definitiva por outro crime doloso no prazo
de 05 anos da reincidência:
Trata-se da hipótese do réu reincidente em crime doloso. Nesse sentido, ainda que se
trate de crime com pena máxima não superior a quatro anos, poderá ser decretada a prisão
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preventiva se o réu for reincidente em crime doloso, desde que presente um dos fundamentos
do artigo 312 do Código de Processo Penal.
Convém ressaltar que, se for reincidente, mas não em crime doloso (registra contra si
sentença condenatória transitada em julgado por crime culposo e depois pratica crime doloso),
somente será possível decretar a prisão preventiva se a pena máxima cominada ao delito superar
04 (quatro) anos, se previsto um dos fundamentos do artigo 312 do Código de Processo Penal.
Por fim, cabe preventiva se o crime envolver violência doméstica e familiar contra a
mulher, criança, adolescente, idoso, enfermo ou pessoa com deficiência, para garantir a
execução das medidas protetivas de urgência.
Além das medidas protetivas previstas na Lei nº 11.340/2006 (Lei Maria da Penha), a nova
redação do artigo 313 do Código de Processo Penal incluiu os casos de violência doméstica, não
só em relação à mulher, mas à criança, adolescente, idoso, enfermo ou qualquer pessoa com
deficiência.
Essas medidas protetivas estão previstas no artigo 22 da Lei nº 11.340/2006 (Lei Maria
da Penha), artigos 43 a 45, todos do Estatuto do Idoso (Lei nº 10.741/2003), e artigos 98 a 101,
todos do ECA (Lei nº 8069/90).
Convém registrar que, neste caso, a prisão preventiva será decretada apenas para
garantir a execução das medidas protetivas de urgência, indicando, assim, a necessidade de
imposição anterior das cautelares protetivas de urgência.
15.6. Fundamentação
A Lei 13.964/2019, decorrente do chamado Pacote Anticrime, alterou substancialmente o
artigo 315 do CPP.
Em consonância ao disposto no art. 5º, LXI, e art. 93, IX, ambos da Constituição Federal,
segundo os quais toda decisão deve ser fundamentada, o legislador ordinário incluiu parâmetros
para balizar o decreto da prisão preventiva.
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A decisão carente de fundamentação será considerada nula, nos termos do artigo 564, V,
do CPP.
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16.1. Identificação
Prisão preventiva legal. Quando não mais subsistir o motivo que ensejou o decreto da
prisão preventiva. Trata-se de peça privativa de advogado.
PAROU!
16.3. Conteúdo
O candidato deverá buscar no enunciado informações no sentido de que não mais
subsistem os motivos que ensejaram o decreto da prisão preventiva, previstos no artigo 312 do
Código de Processo Penal, ou seja, que o agente não representa risco à ordem pública, à ordem
econômica, à conveniência da instrução criminal, bem como à aplicação da lei penal.
16.4. Estrutura
Trata-se de peça simples, endereçada para o juiz de 1º grau.
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federal)
justiça estadual)
Autos nº
I) DOS FATOS
II) DO DIREITO
III) DO PEDIDO
Local..., data...
ADVOGADO...
OAB...
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suspendeu a audiência e designou outra data para oitiva de uma testemunha de defesa faltante
e interrogatório do réu. Insatisfeito com a atuação do seu antigo defensor, já que ainda estava
preso, Cláudio contrata você para defendê-lo.
Com base somente nas informações de que dispõe e nas que podem ser inferidas pelo caso
concreto acima, na qualidade de advogado (a) de Cláudio Valentino, redija a peça cabível,
exclusiva de advogado, no que tange à liberdade de seu cliente, alegando para tanto toda a
matéria de direito pertinente ao caso. (Valor: 5,00)
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Autos nº
I) DOS FATOS
No dia 29 de setembro de 2014, Paulo Dantas foi encontrado morto na sua
residência.
O requerente teve a sua prisão preventiva decretada, sob o fundamento da
conveniência da instrução criminal.
O Ministério Público denunciou o requerente pela prática do delito previsto no
artigo 121, “caput”, do Código Penal.
A testemunha Marieta foi ouvida em juízo e diante do avançado da hora, o
Magistrado suspendeu a audiência e designou outra data para inquirição da testemunha
de defesa faltante e interrogatório do réu.
II) DO DIREITO
PREVENTIVA
instrução criminal.
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Todavia, a testemunha Marieta foi ouvida em juízo e disse não ter sido mais
ameaçada ao longo da instrução criminal. Assim, o motivo que ensejou a prisão do
requerente não mais subsiste, uma vez que a testemunha já prestou declarações em juízo.
Logo, não subsiste nenhum fundamento para a manutenção da prisão
preventiva do requerente, já que não representa perigo à ordem pública, à ordem
econômica, à conveniência da instrução criminal ou aplicação da lei penal, estando,
portanto, ausentes os pressupostos e requisitos previstos no artigo 312 do Código de
Processo Penal.
fixação de medida cautelar diversa da prisão, prevista no artigo 319 do Código de Processo
Penal, por se tratar de medida mais conveniente e adequada ao caso, nos termos do artigo
III) DO PEDIDO
Ante o exposto, requer:
a) A revogação da prisão preventiva, com expedição do alvará de soltura;
b) Subsidiariamente, a concessão de medida cautelar diversa da prisão.
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Nestes termos,
Pede deferimento.
Local... e data...
Advogado...
OAB...
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17.1. Identificação
Peça:
Expressão mágica:
Relaxamento da
“Prisão preventiva ILEGAL” preventiva
PAROU!
17.2. Base Legal
Art. 5º, inciso LXV, CF/88.
17.3. Conteúdo
O relaxamento da prisão no contexto da prisão preventiva poderá ocorrer quando a prisão
for ilegal. Trata-se de peça privativa de advogado.
Exemplo:
• Prisão preventiva decretada em crime não listado no rol do art. 313 do CPP.
• Nos casos de Contravenções Penais.
• Inobservância dos requisitos essenciais do mandado de prisão (CPP, art. 285, par.
ún.).
• Prisão preventiva sem fundamentação idônea.
• Prisão preventiva decretada de ofício pelo juiz.
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Pedido de
Se indeferido, Se denegado,
Prisão legal revogação habeas corpus ROC
Juiz decreta a preventiva
prisão
preventiva Pedido de
Se ideferido, Se denegado,
Prisão ilegal relaxamento de
habeas corpus ROC
prisão
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Autos nº
endereço eletrônico..., residente e domiciliado ..., por seu procurador infra-assinado, com
I) DOS FATOS
II) DO DIREITO
III) DO PEDIDO
Ante o exposto, requer:
a) O RELAXAMENTO DA PRISÃO PREVENTIVA, a fim de que possa
responder a eventual processo em liberdade;
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Local..., data...
ADVOGADO...
OAB...
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Prisão Temporária
Decretação da
temporária
Requisitos obrigatórios
Requisitos alternativos
(art. 1º, da Lei 7.960/89)
Necessidade de
Fundadas razões preservar a
investigação criminal
18.3. Hipóteses
a) Imprescindibilidade para as investigações do inquérito policial
Quando a autoridade policial, atualmente, representa pela prisão temporária, é obrigada
a dar os motivos dessa necessidade, expondo fundamentos que serão avaliados, caso a caso,
pelo magistrado competente.
b) Residência fixa e identidade conhecida
Esses dois elementos permitem a correta qualificação do suspeito, impedindo que outra
pessoa seja processada ou investigada em seu lugar, evitando-se, por isso, o indesejado erro
judiciário.
Aquele que não tem residência (morada habitual) em lugar determinado ou que não
consegue fornecer dados suficientes para o esclarecimento da sua identidade (individualização
como pessoa) proporciona insegurança na investigação policial.
18
O art. 1º foi objeto de ADI (3.360), julgada procedente no sentido de garantir ao dispositivo interpretação conforme
ao texto constitucional. Decisão: O Tribunal, por maioria, conheceu da ação direta e, no mérito, julgou parcialmente
procedente o pedido para dar interpretação conforme a Constituição Federal ao art. 1º da Lei 7.960/1989 e fixar o
entendimento de que a decretação de prisão temporária autoriza-se quando, cumulativamente: 1) for imprescindível
para as investigações do inquérito policial (art. 1º, I, Lei 7.960/1989) (periculum libertatis), constatada a partir de
elementos concretos, e não meras conjecturas, vedada a sua utilização como prisão para averiguações, em violação
ao direito à não autoincriminação, ou quando fundada no mero fato de o representado não possuir residência fixa
(inciso II); 2) houver fundadas razões de autoria ou participação do indiciado nos crimes previstos no art. 1º, III, Lei
7.960/1989 (fumus comissi delicti), vedada a analogia ou a interpretação extensiva do rol previsto no dispositivo; 3)
for justificada em fatos novos ou contemporâneos que fundamentem a medida (art. 312, § 2º, CPP); 4) a medida for
adequada à gravidade concreta do crime, às circunstâncias do fato e às condições pessoais do indiciado (art. 282,
II, CPP); 5) não for suficiente a imposição de medidas cautelares diversas, previstas nos arts. 319 e 320 do CPP
(art. 282, § 6º, CPP), nos termos do voto do Ministro Edson Fachin, Redator para o acórdão, vencidos os Ministros
Cármen Lúcia (Relatora), Roberto Barroso, Luiz Fux (Presidente), Nunes Marques e Alexandre de Moraes, nos
termos dos respectivos votos. Nesta assentada o Ministro Gilmar Mendes reajustou seu voto. Plenário, Sessão
Virtual de 4.2.2022 a 11.2.2022.
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ATENÇÃO!
O juiz NÃO pode decretar de ofício, se decretar de ofício a prisão será ILEGAL!
18.5. Prazo
No caso de ser decretada no contexto de crimes não hediondos ou equiparados a
hediondo, o prazo de duração da prisão temporária será de 5 (cinco) dias, prorrogáveis por mais
5 (cinco) dias.
No caso de prisão temporária pela prática de crime hediondo e equiparados, o prazo de
prisão temporária pode atingir 30 (trinta) dias, prorrogáveis por igual período, em caso de extrema
e comprovada necessidade (Lei nº 8.072/1990, art. 2º, § 4º).
• Crimes hediondos: 30 dias, prorrogáveis por mais 30 dias.
• Demais crimes: 05 dias, prorrogáveis por mais 05 dias.
18.6. Procedimento
A prisão temporária pode ser decretada em face da representação da autoridade policial
ou de requerimento do Ministério Público. Não pode ser decretada de ofício pelo juiz.
No caso de representação da autoridade policial, o juiz, antes de decidir, tem de ouvir o
Ministério Público.
O juiz tem o prazo de 24 horas, a partir do recebimento da representação ou requerimento,
para decidir fundamentadamente sobre a prisão.
O mandado de prisão deve ser expedido em duas vias, uma das quais deve ser entregue
ao iniciado, servindo como nota de culpa.
Efetuada a prisão, a autoridade policial deve advertir o preso do direito constitucional de
permanecer calado.
Ao decretar a prisão, o juiz poderá (faculdade) determinar que o preso lhe seja
apresentado, solicitar informações da autoridade policial ou submetê-lo a exame de corpo de
delito.
O prazo de 5 dias (ou trinta) pode ser prorrogado uma vez em caso de comprovada e
extrema necessidade.
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19.1 Identificação
Prisão temporária legal, mas não mais subsiste o motivo que ensejou a sua decretação.
19.3 Conteúdo
Buscar informações no sentido de que não mais subsiste o motivo que ensejou a prisão
temporária.
Autos nº
I) DOS FATOS
II) DO DIREITO
* Fundamentar o pedido de revogação da prisão temporária com o disposto
no artigo 5º, inciso LVII, da Constituição Federal/88 (princípio da presunção da inocência).
* Demonstrar a que não subsistem os motivos que ensejaram a prisão
temporária.
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III) DO PEDIDO
Ante o exposto, requer:
a) A REVOGAÇÃO DA PRISÃO TEMPORÁRIA;
b) A expedição do respectivo alvará de soltura;
c) Subsidiariamente, a aplicação de medida cautelar, como medida de
inteira justiça;
d) Vista dos autos ao Ministério Público.
Local..., data...
ADVOGADO...
OAB...
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20.1. Introdução
O relaxamento da prisão temporária guarda relação com prisão ilegal, que ocorre, por
exemplo, quando o juiz decreta a prisão temporária de ofício; decreta prisão temporária na fase
judicial; decreta em face de crime que não consta no rol do art. 1º, III, da Lei nº 7.960/1989.
Em síntese, alguns exemplos:
Prisão Temporária Ilegal Prisão Temporária Legal
• Decretação de ofício pelo juiz; • Decretação mediante requerimento do
• Fase Judicial MP ou da Autoridade Policial;
• Em crimes que não constam no rol do • Fase investigatória;
art. 1º da Lei nº 7.960/1989. • Imprescindibilidade para as
investigações do inquérito policial;
• Se houver dúvida quanto à
identificação civil do acusado e este se
recusar a esclarecê-la.
23.3. Identificação
Peça:
Expressão mágica:
Relaxamento da Prisão
“Prisão temporária ilegal” Temporária
PAROU!
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23.4. Conteúdo
O relaxamento da prisão no contexto da prisão temporária poderá ocorrer quando a prisão
for ilegal. Trata-se de peça privativa de advogado.
Exemplo:
• Decretação de ofício pelo juíz;
• Decretação na fase judicial;
• Decretação em relação a crimes não previstos no rol do atigo 1º, III da Lei
7.960/1989.
Em suma:
*Para todos verem: esquema.
Se o enunciado
referir peça
privativa de
advogado
Pedido de
Se indeferido, Se denegado,
Prisão legal revogação habeas corpus ROC
Juiz decreta a preventiva
prisão
preventiva Pedido de
Se ideferido, Se denegado,
Prisão ilegal relaxamento de
habeas corpus ROC
prisão
Se o enunciado
referir peça
privativa de
advogado
I) DOS FATOS1 19
II) DO DIREITO 20
IV) DO PEDIDO
Ante o exposto, requer:
a) o RELAXAMENTO DA PRISÃO TEMPORÁRIA, a fim de que possa
responder a eventual processo em liberdade;
b) a expedição do respectivo alvará de soltura;
c) vista ao Ministério Público.
19
Fazer um breve relato dos fatos. Não inventar dados. Relatar como ocorreu a prisão.
20
Buscar no enunciado informações que permitam desenvolver teses voltadas à ilegalidade da prisão temporária.
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Advogado...
OAB...
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