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A ARQUEOLOGIA E OS ESTUDOS BÍBLICOS

Luiz Sayão

Como é de conhecimento comum, a arqueologia é a ciência que estuda o


passado das civilizações antigas a partir de testemunhos concretos do passado
em artefatos, ruínas e manuscritos. Para a tradição judaico-cristã a arqueologia
sempre teve um valor mais do que especial. Desde os tempos de Justino Mártir
(100-165 AD) já havia um certo interesse arqueológico relativo às narrativas da
Bíblia. Todavia, foi somente nos últimos duzentos anos que a arqueologia
voltada para a história bíblica se desenvolveu de fato.
Esse despostar arqueológico teve lugar de maneira muito especial na
terra de Israel, mas também em países como Jordânia, Egito, Síria, Líbano,
Iraque, Turquia, Grécia, Chipre e Itália. A antiga região do Oriente Médio
dominada pelo extinto Império Otomano, que passou a ser controlado por
potências europeias, recebeu a visita de inúmeros pesquisadores nãos ´
somente europeus, mas também norte-americanos que passaram a investigar o
passado. Esses países acima mencionados são os principais cenários onde tem
sido feita a pesquisa que procura relacionar descobertas arqueológicas com
narrativas do texto sagrado. A Terra de Israel, com toda a certeza, é o mais
importante de todos. Desde a fundação do Estado de Israel, em 1948, a
arqueologia teve um desenvolvimento sem igual, motivado principalmente por
judeus e cristãos em busca de um entendimento mais aprofundado de sua
própria história na região.
Os inícios da pesquisa arqueológica recentes tiveram início no começo do
século 19, quando um estudioso alemão chamado Ulrich Seetzen explorou a
Transjordânia, e descobriu Cesareia de Filipe, Rabat (2Sm 11.15) e Gerasa.
Também, em meados do século 19, o francês Louis de Saulcy, especialista em
numismática, foi o primeiro explorador a escavar sítios arqueológicos na terra de
Israel e região, tendo feito o primeiro mapa de Massada e identificado Jericó (Tell
es-Sultan). Nessa mesma época, o general britânico Charles Warren fez
escavações em Jerusalém e datou as obras de Herodes no grande muro de
contenção da antiga plataforma do templo e encontrou um túnel para a fonte de
água do Giom na cidade de Davi (Warren Shaft). Ainda, nesse período, o
explorador francês Charles Clermont-Ganneau recuperou, por volta de 1870, a
famosa inscrição em pedra de Mesa (2Re 3.4), a pedra moabita, hoje no museu
do Louvre. Essa pedra menciona Israel, o rei Onri e também YHWH, bem como
outras referências moabitas citadas no Antigo Testamento. Ele também
encontrou a conhecida inscrição em pedra que proibia, sob pena de morte, o
acesso de gentios ao pátio do templo de Jerusalém.

Ruínas de Megido. Israel. Foto e texto: Luiz Sayão

Todavia, podemos dizer que foi somente no final do século 19 que surgiu
o primeiro grande arqueólogo das terras bíblicas. Foi o reconhecido estudioso
inglês Flinders Petrie, egiptólogo e filólogo, que trabalhou inicialmente no Egito
e depois em Israel, na Palestina e na Jordânia (sob domínio turco otomano na
época). Petrie estudou a cerâmica antiga e desenvolveu um sistema de datação
dos períodos e fatos bíblicos observando e registrando as diferenças na forma,
textura e pintura da cerâmica. Ele também dedicou-se ao estudo das várias
camadas de terra dos sítios antigos e descobriu que os estratos tinham ordem
cronológica.
Depois de Petrie, já no século 20, outro arqueólogo de grande expressão
foi o norte-americano William F. Albright. O trabalho de Albright foi de fato muito
importante, não somente por sua perícia e conhecimento reconhecidos, mas
também porque seu pressuposto era que a Bíblia é um documento
historicamente confiável.
Já no século 20, devido ao surgimento da chamada “New Archaeology”,
a arqueologia das terras bíblicas passou a ser denominada “Arqueologia Siro-
palestina”. O enfoque dessa nova perspectiva foi que a arqueologia da região
deveria ser realinhada a partir de uma perspectiva científica. Não se aceitou mais
o uso da terminologia “arqueologia bíblica”, em função do delineamento técnico
da tarefa de exploração arqueológica. Assim, a característica peculiar do Oriente
Próximo com seus aluviões e os célebres “tells” deveria delimitar a arqueologia
daquela região. Além disso, a arqueologia passou a ter uma abordagem
multidisciplinar (valendo-se dos estudos de arquitetos, antropólogos, geólogos e
osteólogos) e não considerar o texto bíblico como necessariamente como um
documento historicamente exato. A arqueóloga inglesa Kathleen Kenyon, que
escavou o sítio de Jericó (Tell es-Sultan), foi uma das grandes expoentes da
nova abordagem.
ALGUMAS DESCOBERTAS ARQUEOLÓGICAS
RECENTES MAIS IMPORTANTES

O resultado prático da pesquisa arqueológica em Israel e nas terras


bíblicas pode ser visto no grande número de descobertas e pela relevância de
tais achados. Entre as centenas de cidades e objetos arqueológicos
desenterrados e estudados, alguns tiveram valor fundamental para o estudo
bíblico. Aqui mencionaremos as principais descobertas dos últimos duzentos
anos e sua importância para o estudo das Escrituras.

1. As Cartas de Amarna. São 380 cartas em acadiano (língua


internacional na época), em escrita cuneiforme, entre os egípcios e os
diversos reis de cidades cananitas. Foram encontradas em Amarna, a
capital egípcia na época de Aquenáton (Amenófis IV), no período do
Novo Império. Essas cartas revelaram muita coisa sobre a realidade
da terra de Canaã do século 14 a.C., época quando os hebreus que
saíram do Egito chegam à terra de Canaã e passam a habitar na terra
de Israel.

2. Os Manuscritos do Mar Morto. Os famosos Manuscritos do Mar


Morto são as cópias mais antigas da Bíblia Hebraica, mil anos mais
antigas do que o Texto Massorético, disponível até então (Códice de
São Petersburgo). Foram encontrados centenas de folhas de
manuscritos bíblicos entre outros, ainda que nem todos eles estão
bem preservados em relação ao Texto Massorético. Esses textos
foram datados entre 200 a.C. a 100 d.C. e foram encontrados e
estudados a princípio entre 1947-56 em onze cavernas da região de
Cunrã, no deserto da Judeia. Recentemente foi descoberta uma outra
caverna (que continha manuscritos) e em 2021 foram encontrados
alguns poucos manuscritos de textos dos profetas menores. Os
Manuscritos do Mar Morto continham:
a) Cópias integrais ou parciais de quase todos os livros canônicos do
Antigo Testamento;
b) Comentários das Escrituras Hebraicas (e.g., Habacuque);
c) Material dos livros apócrifos e pseudepigráficos do período
interbíblico;
d) Manuscritos das regras e doutrinas da comunidade;
e) Textos sobre outros assuntos, como o Rolo do Templo e o tesouro
oculto descrito no Rolo de Cobre.

Caverna 4 em Cunrã. Deserto da Judeia, Israel. Foto e texto: Luiz


Sayão

3. Manuscritos Hebraicos Antigos. Outros manuscritos da Bíblia


Hebraica importantes também foram descobertos, além dos
manuscritos de Cunrã. Destacam-se o Códice Cairense (Genizá),
achado em 1896, contendo muitos manuscritos de grande parte da
Bíblia Hebraica, bem como o famoso Papiro Nash (séc. 2 aC),
descoberto em 1898, contendo poucos versículos de Êxodo 20 e de
Deuteronômio 5.
4. As Tábuas de Ebla. São cerca de 17.000 tábuas encontradas no norte
da Síria, perto de Alepo, escritas principalmente em eblita (língua
semítica ocidental parente do hebraico bíblica) que trazem luz sobre a
vida patriarcal e muitos paralelos com certos textos bíblicos. Foram
datadas de 2600-2300 a.C., e foram encontradas na Síria por
arqueólogos italianos em 1975.

5. As cartas de Mári. São cerca de 25.000 tábuas em acadiano, do séc.


18 a.C, da Biblioteca de Zimri-Lin, importante rei de origem amorita
(amorreu). Essas tábuas descrevem costumes e trazem informações
detalhadas e citam nomes relativos à época patriarcal bíblica,
paralelos aos da Bíblia. Foram encontradas em 1933 pelo arqueólogo
francês André Parrot.

6. O código de Hamurábi. Esse famoso código de leis babilônicas foi


encontrado por uma equipe de arqueólogos franceses. Seu texto, cuja
peça mais emblemática está exposta no Louvre, fundamenta-se na
chamada lei de Talião (olho por olho, dente por dente) e apresenta
paralelos nítidos com a lei mosaica do Pentateuco. Hamurábi foi rei no
século 18 a.C e o código foi elaborado entre 1755-1750 aC. O texto
está publicado em português (Ed Vozes).

7. Cultura e língua de Ugarite e as tábuas de Ras Shamra. São cerca


de 1.400 tábuas em ugarítico (língua próxima ao hebraico bíblico),
encontrados no norte da Síria. Trouxe muita luz sobre a religião e a
literatura cananita e bem como de sua poesia, muito semelhante à
hebraica. Os textos religiosos de Ugarite incluem detalhes sobre
divindades como Baal, Aserá, e El (Eloim), bem conhecidos na Bíblia
Hebraica). Esses achados tiveram muita importância para as
pesquisas linguísticas do hebraico antigo.

8. O Rochedo de Behistun. Achado que foi fundamental para decifrar a


escrita cuneiforme, as línguas e as culturas mesopotâmicas. O
Rochedo de Behistun descreve detalhes do reinado de Dario I (522-
486 aC) na Pérsia antiga em persa antigo, elamita e acadiano. De
grande valor histórico e linguístico, revela a antiga cultura semita
presente na Mesopotâmia. O acadiano é parente do hebraico. O texto
acadiano foi decifrado pelo britânico Henry Rawlinson, a partir dos
esforços anteriores dos alemães Carsten Niebuhr e Georg Grotefend,
que haviam decifrado as outras línguas.

9. O calendário de Gezer. Calendário agrícola que traz informações


sobre a época de plantio de algumas culturas. Traz o segundo mais
antigo registro do hebraico antigo (bíblico); as poucas linhas aparecem
na escrita páleo-hebraica. Talvez fosse um registro de impostos ou de
uma cantiga. Foi encontrado por R. A. S. Macalister em Gezer (Israel),
cidade mencionada na Bíblia. Atualmente está exposto em Istambul.

10. A Epopeia de Gilgamés e Enuma Elish. Textos acadianos paralelos


aos relatos de Gênesis. A Epopeia de Gilgamés traz um relato muito
próximo do dilúvio bíblico, com diversos paralelos bem semelhantes.
O Enuma Elish fala da Ascenção do deus Marduque, que traz certos
paralelos ao relato bíblico da criação.

11. O Prisma de Senaqueribe. Descreve o cerco assírio do monarca


Senaqueribe a Jerusalém em 701 a.C. e suas conquistas em Judá, 46
cidades atacadas. Datado de 686 a.C., confirma a história da
resistência do rei Ezequias narrada na Bíblia (2Cr 32). Este artefato
encontra-se no Museu Oriental de Chicago.

12. As Tábuas de Nuzi. São cerca de 10.000 tábuas que pertenciam ao


antigo império hitita. Seus textos descrevem a história hitita e trazem
exemplos de costumes e lei paralelos a relatos do Pentateuco
(Gênesis) e das alianças internacionais desde o séc. 18-17 a.C,
refletidas em Êxodo e em Deuteronômio.
13. A Inscrição de Messa. Encontrada por Frederich Klein em 1868, na
Jordânia, relata as conquistas de Messa, rei de Moabe. Conhecida
também como Pedra Moabita, menciona por nome o Deus de Israel,
Onri, rei de Israel, pai de Acabe, e contemporâneo do rei moabita. Sua
data é 840 aC, e mostra o paralelo moabita de 2Reis 3.4-8. Encontra-
se no Louvre, em Paris.

14. A Inscrição de Siloé. Encontrada na Cidade de Davi, em Jerusalém,


essa inscrição comemora a conclusão do túnel de Ezequias,
construído na ocasião do cerco assírio (701 a.C.) de Senaqueribe (2Cr
32). Detalha como o túnel foi construído, reforça o relato bíblico e é
também um exemplo importante do hebraico usado na época.
Encontra-se no Museu de Istambul.

Cidade de Davi, Jerusalém. Local do achado da Inscrição de Siloé.


Foto e texto: Luiz Sayão.
15. A Estela de Merneptá. Encontrada no Egito, em Tebas, é a mais
antiga menção a Israel, fora da Bíblia. Data do séc. 13 a.C. e menciona
uma expedição do faraó Merneptá, sucessor de Ramessés II, à terra
de Canaã. A grande estela em granito comprova a existência do povo
de Israel já em Canaã por volta de 1200 aC. Encontra-se no Museu do
Cairo, Egito.

A Estela de Merneptá. Museu do Cairo, Egito. Primeira menção de


Israel fora da Bíblia. Foto e texto: Luiz Sayão.
16. A Cidade de Laquis e suas cartas. Atual Tell ed-Duweir, (Js 10.3,31)
na Sefelá, a oeste de Hebrom. Foi fortificada por Roboão (2Cr 11.9),
conquistada por Senaqueribe (2Re 18–19), tomada mais tarde pelos
babilônios (Jr 34.7), sendo habitada até depois do exílio (Ne 11.30).
Era uma das cidades-fortalezas que guardavam os acessos à região
montanhosa. A história de Laquis remonta a 8000 a.C. Os egípcios
tiveram muita influência ali no Período do Bronze Médio e Posterior.
Entre as descobertas importantes estão um templo cananeu do
Bronze Posterior e um palácio do período israelita (Idade do Ferro).
Foram achados muitos selos, escaravelhos e registros de impostos
egípcios, vários selos hebraicos, pesos, alças de vasos com
inscrições. As cartas de Laquis são óstracas (cacos de cerâmica) em
hebraico. São dezoito cartas que discorrem sobre a conquista
babilônica de Judá em 586 por Nabucodonosor.

17. Os Papiros do Novo Testamento. Os papiros são os testemunhos


mais antigos que temos do Novo Testamento, cujos textos últimos
datam do final do primeiro século. O papiro é uma planta gramínea,
abundante no Egito, cujas folhas foram usadas para registros desde a
primeira dinastia egípcia (3.000 aC). Os papiros do Novo Testamento,
por volta de 150, são datados entre os séculos 2 e 8dC, sendo que
uma grande parte deles são dos séculos 2 e 3 dC. Os papiros mais
importantes, que levam o nome de seus descobridores ou do local
onde foram encontrados merecem ser destacados:

a) O Fragmento John Rylands, encontrado em 1930, chamado p52,


(trechos de João 18), de cerca de 130 dC.
b) Os papiros de Oxirrinco, diversos manuscritos encontrados no Egito
em 1898. Datam principalmente do século 3dC.
c) Os papiros Chester Beatty, p45, p46 e p47, contendo a maioria do
NT, de cerca de 250 dC.
d) Os papiros Bodmer, p66, p72 e p75, contendo grande parte do NT,
de cerca de 175-225 dC.
18. Os pergaminhos do Novo Testamento. Os pergaminhos, já usados
desde o quinto século aC, passaram a ser usados em larga escala em
Pérgamo e se tornaram comuns em todo o mundo helenizado e
também posteriormente. Eram escritos em couro de ovelha (ou de
cabra). No caso do Novo Testamento são muito importantes. Os mais
antigos são Manuscritos Unciais, assim chamados porque foram
escritos com letras maiúsculas. Existem outros manuscristos gregos
minúsculos e lecionários, de menor valor para a crítica textual.
Portanto, os códices (cópias completas do NT) em pergaminho mais
antigos e importantes para o estudo textual do Novo Testamento são
o Sinaítico, o Vaticano e o Alexandrino. O Códice Sinaítico foi
descoberto em 1844 por Constantin von Tischendorf e data da
primeira metade do século IV dC. Já o Códice Vaticano, ainda que
conhecido desde 1475, arquivado na Biblioteca do Vaticano, só foi
publicado em 1889-1890. O Alexandrino já tem um histórico de
séculos passando por Alexandria, Constantinopla e Londres.

19. Cafarnaum e sua Sinagoga. Esse sítio arqueológico à margem


noroeste do lago da Galileia, é destacado no Novo Testamento (Mt
4.13; 8.5; 11.23; 17.24), em Josefo e no Talmude. Os achados
começaram em 1838 com o norte-americano Edward Robinson, e
prosseguiram pelos últimos cento e vinte anos. Mas, escavações
continuaram a partir de 1968 com arqueólogos franciscanos italianos.
Há uma sinagoga do quarto-quinto século d.C., de pedra calcária
branca, que tinha um salão com colunas com três portas do lado sul
na direção de Jerusalém, galerias superiores e um salão comunitário
(ou escola) com colunas no lado leste. Escavações mais recentes
mostraram que sob a estrutura atual havia uma sinagoga mais antiga
de pedras pretas de basalto com paredes de mais de um metro de
espessura. Amostras de cerâmica encontradas no piso de basalto e
debaixo dele mostram que essa sinagoga era do primeiro século d.C.
ou talvez até anterior. Essa sinagoga mais antiga, tudo indica, é aquela
em que Jesus pregou (Mc 1.21), a mesma sinagoga construída para
os judeus pelo centurião romano (Lc 7.1-5), conforme o Novo
Testamento. Cafarnaum era a cidade-base do ministério de Jesus na
Galileia, conforme os evangelhos. Próximo da sinagoga foi encontrada
o que se define como a insula sacra, “a casa de Pedro”, que se torna
uma igreja bizantina no decorrer dos séculos de tradição cristã.

Sinagoga de Cafarnaum. Galileia, Israel. Foto e texto: Luiz Sayão.

20. Magdala e sua Sinagoga. Descoberta recentemente (2007-8) numa


escavação próxima ao monte Arbel, junto ao mar da Galileia, em
Israel. Essa era a cidade de Maria Madalena, também conhecida como
Tariqueia. Era uma cidade relativamente próspera em função de sua
produçãoe de peixe seco. Além da antiga aldeia de Magdala, foi
encontrada na escavação uma sinagoga exatamente da época de
Jesus (anos 20-30), a mais antiga já encontrada e muito
provavelmente visitada por Jesus. Foram também achados diversos
artefatos importantes daquele período romano. Merece destaque uma
pedra esculpida, onde se colocava a Torá, que mostra a Menorá,
provavelmente como foi vista no Templo de Jerusalém. A pesquisa
arqueológica ocorre pela cooperação da Autoridade de Antiguidades
de Israel e estudiosos mexicanos.
Inscrição achada em Éfeso, referência aos efésios. Foto: Luiz Sayão

O QUE SE PODE CONCLUIR?

Há muitos detalhes que podem ser discutido quando abordamos a


imensa relevância dos achados arqueológicos pertinentes ao mundo
bíblico. O fato é que todas as descobertas e achados trouxeram muita
informação importante a respeito das narrativas sagradas, trazendo à
luz um complexo mundo de outrora que nos era desconhecido. O
impacto foi simplesmente incalculável. Algumas conclusões dos
estudos arqueológicos são inequívocas e decisivas:

1. A arqueologia revelou que o Israel bíblico pertenceu ao mundo


semítico antigo, principalmente norte-ocidental, com o qual tinha
muitas semelhanças antropológicas, linguísticas e culturais. A
investigação e compreensão desse universo cultural peculiar permitiu
um entendimento muito mais exato da Bíblia Hebraica do que
tínhamos anteriormente.
O Arco de Tito em Roma com a Menorá do Templo de Jerusalém esculpida.
Foto: Luiz Sayão

2. A arqueologia comprovou em muito a historicidade das Escrituras


Sagradas. Dezenas de lugares e fatos anteriormente contestados por
críticos mais céticos no passado foram mais do que comprovados pela
pesquisa arqueológica. Nas palavras do conhecido naturalista Werner
Keller: “A Bíblia tinha Razão”.
3. O estudo da arqueologia não resolve toda e qualquer dificuldade
bíblica. Todo achado arqueológico é um achado concreto que ainda
exige avaliação e interpretação. É preciso ser honesto e admitir que
há dificuldades ainda não resolvidas. Merecem destaque os casos dos
relatos bíblicos de Jericó e da cidade de Ai.
4. Os diversos achados arqueológicos desmontaram ideologias como o
historicismo radical, o liberalismo clássico e o antissemitismo que
influenciaram muito da literatura crítica europeia do século 19. Um
exemplo é o caso dos paralelos literários entre a literatura babilônica
mais antigo e os documentos hititas dos séculos 18 e 17 a.C. e o texto
do Pentateuco.
5. A arqueologia trouxe muita luz sobre a preservação da Bíblia.
Centenas de manuscritos (do Antigo e do Novo Testamento)
confirmaram que o texto bíblico foi mais preservado que qualquer
outro documento antigo da humanidade. Os Manuscritos do Mar Morto
são o maior exemplo disso.

O Templo de Jerusalém da época do Novo Testamento (Herodes, o Grande).


Maquete do Museu do Livro. Jerusalém, Israel. Foto e texto: Luiz Sayão.

Bibliografia e Literatura Recomendada:

Dockery, David S. et alli. Manual Bíblico Vida Nova. São Paulo: Vida Nova, 2001
Cook, Randall. Jerusalém nos dias de Jesus. São Paulo: Vida Nova, 1993.
Lasor, William S. et alli. Introdução ao Antigo Testamento. São Paulo: Edições
Vida Nova, 1999.
Millard, Allan. Descoberta dos Tempos Bíblicos: São Paulo: Editora Vida, 1999.
Paroschi, W. Crítica Textual do Novo Testamento: São Paulo: Vida Nova, 1993.
Sayão, Luiz. NVI: A Bíblia do Século 21. São Paulo: Vida/Vida Nova, 2001.
Sayão, Luiz. Comentário Bíblico em Áudio Rota 66. RTM. S. Paulo. 2007.
Unger, M. Arqueologia do Velho Testamento. São Paulo: IBR, 1973.
Walton, J. O Antigo Testamento em Quadros. São Paulo: Editora Vida, 2001.

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