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ANNA·ES

DO

CONTBNDO

A -DESCOBERTA E CONQUISTA DESTE PAIZ, A FUNDAÇÃC)


DA ClDAIJE COM: A HISTORIA CIVIL E ECCLESIASTICA,
ATÉ A CHEGADA D'EL-REl DOM: JOÃO VI; ALÉM DE
NOTICIAS TOPOGRAPHICAS,ZOOLOGlCAS E BOTANICAS;

POR

})oUlor em Leis pela Universid3de de Coimbra, Conselheiro Aposen~ad(l


no Conselho da Fazenda.

Non tamen adeo virtutem slerillB slBcul,,,,., ui et 7/M


bOlla e:cempla prodiderint. Creterum antequam di.sUncla
c01nponam, repetendum videtllr, q'{a/is status "r bis , qwe
men.s exercUmml, 'luin "abUlls provinciarllfll, qnid in lolll
ter.ramm orbe validum, quid IBgregiulll fuerit: ut 1/011
modo carus eventusque remm, qui plerulllque fortlliti
sUlli, sed ralio etiam, callslBque noscantur.
C. CORNo TAclT., Escrit. L. 1.

TOMO II.
a, 'gr'1 H ~ f ~f
s5'~6
..1 '834
RIO DE JANEIRO,
NA IYP. J.l\lP. E CONSTo DE SEIGNOT-PLANCHER E C·,
Rua d'Ouvidor, N. 95•

. 1835.
, I...
ANNAES
to ,L
,,
'I: O

v;!Í}! Ij

>bonj, '_.I1'IN 'l1,fjl'j.


Cu B,i6l~ttiFP':' '10•:et~ ~ekpeúmel _to~ 1'1
•• ' r I I

, LIV~9
j fi .:.--w.
• (1 O ,.,( ; [')j !')
CAPITPL,O PRUIEIRO.
, r ~ oJ'" ~. f~! I .. C ~

-:Uomprenende riellé.o estaao a:ssilS dor,deste'~~o Conqnent:;nas 'Perigosu


, fiuçtua9ó.cll emJque.>s,c ac,l!ol\.f,uran~~ os ?oyel;~lqs de M~llir pe í't, Quar-
_ te Corrêa Vasqueªnes, Salvador Corrêa de Sá, Luiz. Barbalho Bézerra,
.....F~ancisco da Silva Souto Mayor PÓl nómeação Sim do dovernador Ge-
•n1 da' Babia 'como p.or. EI-Rei..0lAa segy[l<!ll ~~ .gt{e. governou J;>uane
Corrêa Vasqueanes,na.ausenoia do GoveJua.~or SOtAto Ma)'!)r, na con'}.uis-
ta do Reino de Angola, além dos memoravcis successos da Rest1tútaçãG
do Governo de Portugal pela acclamarlio de EI-Rei D. Joio IV. '

.
S 1. ,
Sendo urgentíssima a necessidade de se fortifi-
car o Rio de Janeiro, para se repellirem vigorosa..
mente as incursões dos piratas que infestavão
·cruelmente os differentes pont<ls.da Provinciá, ella
.despertou o .enthusiasmo Fluminense, qua.ndo.a
TOMO II. 1
"
.2
" ~-1 .J. L,"
Côrte Portugueza participou ri este Governo o as.
som s .~; .. :a g ti.fi d, inv~sãq das
Pro inclai;--es roço a .;r a I ' e inmer~
cio, com a institui<;f19".~ tQ 'lpação da Companhia\
Oriental, nà9 ,podendo o ~eino ,de :r9rtl1~al dar
o mefi' 'J éffii'iiY;G eift~uf1Uotij étf.b a ,e de ~

provimentos de boca e_ de guerra, francamente


p-'../'J 'j~N'.4".r"~./:"'IJYJ~awr.f'A~"'.t:.'W..f'; t!.I'.'~-"JJt.' fi
CO~1 essanaO qllt na llUl::lIUclUI:: I:: \,;U, egem ue el;,

habitantes esperava qHe fossem repellidos e acos-·


s:ados os inimigos' s~ . éreJ 9:F~i em tão crilica
situação dado por Governador a Martim de S?, que
q cxperiencia dos negocioso ,publicos sua pericia e-
prudcncia habilite .tio lJ. a~penho das arduas-:
tarefas do Governo-, .excitando o' particular en-,
thusiasIQ.o de hum povo. o mais excellentemente,
.. .0 I: RuI TI fi I
patnotlco, e o maiS acrlSO a amen e amante e 1e:
's.eus·s\l11lellitnJ~s"!9~On~andal-<00Il1J.aoS.llnll
hJ>ie. e ,iVg-·
1a~' '-"'l\à, iB:'ift). 11l31f'e~
, ",[Clff'olf.ml1dI.=w.I • DG~"
'íh gW~rJ~Jd,l"emé'ftlí1'b§fJjtl a-
J;JllOV . ul.)J;'/IH2 ,."1l!<9!·P<r.V D91T]? s/ _
.SÇlJ;6J&,,.,, qtl%l!JlPl},~eW~Jl,t~ t~ .~-l
e,Çl»)íaq; ~J,l~9Ma~·a(),
'qll1á1i.ltras9 ·embaróações; e!looD.~râ:Vã(). ~I l>ltI1&l'ldortRos.
-á:' (éM~s'JT-Õr ?goã$o~~:i -rtáá ;iêl'o~IJ~'bHJ 5ã'1i'\iiHt)de.
v .(ti'tu ~t J 1 . ,t ~ "'. , I.. J. _
I
.. J I' ~w :lo... O".~n.l ;,olJ ".IL I vL J,J

, necessidade.cd~llaguada, saltGlyá@ emrt5'lrrrl;: st:!1do.


então acossados e corridos pelos povo.adores que.
se emb nscavao - para lmpe
.. J ;) d'11'- IIles o passo. C-01'·
iiâb pOl1:1:Gaa'< lpe ÍteJboates' dos siiliJis~osd §.igôios,
e 3'TrdnCiü'l;o, p aje~t'(f <ilaq'uellai CORlpãnMtr de se-o
I JillOI?e3r...rse' d@ B'vàzil f, e aas Mim:as d:olJlfo até/i>
Pêrü: :TiIe"S' tin''hão 'sido (iS" gigaú'teseM pl'oJect05-
d~qU'€Hà nM'c~llte' f{epnblica ~. f!ill-enden:do o seu;
no n10 1-!l~, \J ~NEmo. . ;'1
llodel:o Q dQJllJioJ,Q;ás:F>0s~.~~qQs ~aJW.'tlj.\)}~<j:flS .(f);JiP.~
horrida e Yl'aim~ a lOOir:Pª-tSãQ'J J~qj)~' , ille·{
kens elJasqÜQS Ulhâl.'fiDjtiÇjQ&.LE ~.d!ts~~~® qm~.
met(êrão> ã Iexe.cu.çã' .de u taLpJ: iEJç!g~ :4;~;'"
'quadra s.e fez, , yeJa .de: dlwr c;lª' í9!lID 1:l1~ 'I} ~~...
quinhentos homens em 21 de Dezembro d~~c1~~~!T ç
-e depois de varia detenç cm Plymouth e Cabo
Verde~, ~a~!i1§Q . p-ara I (i),lBl'í)7-i1 e,;noJ4J 13ft i\'l<rrs.;o.
WiH ~mi I~p.ó.ntlo"ij{) ~II!( 7 ,d€ MAio r.. uYq,llL f~ ;

lil*b.f) <Wj:b!lmll;l.JJ.~ b.·IJ)~ 'MªpdQ .~~Çida~~ CQ .


'O l1J~i&: ;vi. rÍ.Qg:9.; qdcl.e, ~5l;U~1.l1, ~.q' s P.9J' o ';'QlM1
'e~trªg.~~,; OJ Almi ªpj: d?<}t'tiÀ ~pr!=l~(mHq ~§s@~
n ;vip.s. ª~ <!ncquado.s, e f(tfejtUá!.'~Q.0 §~ • de~~.
ka ql1 tlm t,el'l1a ~'Jl'-lIDn;~egQª .d.a Ciç1ad.f}, 'e. s~:§. ,.
I).Qqr€4f~t do ~q1it~hl ~ Si. B~el!..t0 ~ ~,cl.H.A9,o.·se f}.
~o .~!!llildp_c. G.et~d De: pjP&:Q.- .à,lil. !YIem1e.g.ça, qu~
·Qil: pp~ ~ãn;IM'ep f~ra ij -Ji~ isl:§n,çj}! SlP.~ <i~.~·i~ 9PR(m
a .nimjgn.. ~qm '~f:}t~q~<UiqLQqCLos .q1!c; gI}ql\R ~~ã~j .
o J;l)a;Iª~ip.·d.Q G9.~~J(:(Q, ·oll€lf1·.e~qyé}· qep.9§· ~~M'
qs my.wções ·Pt: gl!WHa, PqI~u &Qp'~e o.s .~rúmjgo.~
COJIl. a· esp!ld~tp.esmRP<1illh!lda
, nq p::lão, m> maio!;;
eqlihv§iaJtlUp. d~ ~alQ.I', sf:}g\liilQ. d~ Sf}q ,fi)hQ D.,
AnJo.nig ,P, llJh\dj>, e Lp~nretlço _de Brito C.~H'rê.%
Capitã(:)s. d~ hifç\J;lt1!rj~, e do S~il'gentp M:ó.r FrUll'!
cisco dc;t Ahn,9id~.d~ Brito.., e do. A"ditQr Geral P~
drp Casq\leÍrlQ da RochÇl, e do Alferes Manoel G(h
mes. e doz~ Soldados, ijQe co.utna te"' o JlUmerO.l\Q e
g,u~r(i)iro. inimi2Q,
u
se.l&lilciÍrão.
>
com ~aléntia e de"!•
:Qo.d~dv valQ)' e bJ<io.., tão sup:erio.res á.sua d~graça;. .'
1··
4 "ANN~É9 ,I

~dmo mereGedores, da mais sàú<Josa e veneravel


recoF<Íação, pois que nr~smo'osD'omes de tão "dis-
tinetos d"éfen~Oí'es 'dâ Pãtvla, a fama não l.ransmit-
tiô'){f'-pesteridãde.- ;Lõgo.qtÍe o Go~ernador e filho
fidrão prisioneiros, ao Cidade cahio: nas mãos- dos
lJafavos:
§ 20.

,-' Tão lnf4usto aeontecimento electrisou summa-


a
mente' cOFlstaÍlcia e· vaJor' dos h.abitantés destà.
~'id'adé, que s~m attenderem l?ara ás suas circuns-
tancias que os' impossibilitavão" aeudirão ao peri-
go commum , estando tão d'eSalentada' a 'a~ricnl­
tura. quasi extincte Ó' (wmmercio., .na fem'or de
lhes caber' a 'l'iste- sorte da, Bahiá, onde- e: inimig()
1

- fàzendo o centl'o das'operações lililitares despediria


ás suas forças navàes para sen~orear-se desta- e·
dás demais cidades- e praças importantes, pelo-,
~ desamparo em que estavãe, motivado·da impen J
tualidade e previdcncia do·l\JIihistro Ite9pahhól,
elevado a tão de_smerecida fOTtufla, e que déixou
sem-segurança o Btazil, quando'o seu' mesmo in-
teresse, dignidade e honra do seu Principe" FC-
clamava a protecção e segurança de tão ricos <to-
minios , para não cahirem nas mãos< de Potencia
extranba. Tão importantes considerações deu'IÍlo-
tivo a exigir da Camara ~uma conferencia com o
Governador, para se tratar dos meios os mais
proprios dê se enviarem opportllnos so~corros á
:Bahi~. a bem. de sua gloriosa restauração, . pois
DO UO DE UNEIRO. 5
era notorio que cm 1624 algumas pessoas "in-
das de Portugal hávião· desembarcado na Bahia
no lugar chamadQ Ria Vermelho, estande fun-
deada a Esquadra naqueIla Cidade, comman-
d;ada por D. Fradique de Toledo, a quem cum-
pria se dirigirem, enviango-Ihe muitas canôas de
guerra municiadas de petrechos de guerra com
gente proporcionada, que a penas foi. acordado
a importancia de hum tal soccorro com hum valor
e enthusiasmo que a penna. não póde exprimir ca-
balmente,. ah'avessárão o embravecido Atlantic~,
salvando na passagem pela Capitania ·do Espirito
Santoaqp,ella Cidade quasLoccu pada dos Hollande-
zes,pelodenodado valor dos Fluminenses , ajudan-
do-a a constituir-se defensavel.e inexpugoavcl; e se-
guindo a sua derrota para .a Bahia essa tropa amá.
liadora muito contribuio aos felizes successos das·
acções alcançadas contra aquelles tão poderosos
inimigos., tendo muito derramado Q seu sangue a·
favor daquella Cidade, com distincta honra a bem
da,Patria e da Nação, Merecêrão tambem par~bar
paquella gloria. os Pall.l~stas que tamb@ffi se expa-
h'iárão em soccorro de Sete~opoli, tendo aCamara
dado Patente em 30 de .lunho de 16!, 7 a Antonio
Pereira de Azevedo,.. Capitão dessa leva de cem
homens, que á sua custa .se offereceu conduzir. do _
Porto de Santos (1). I
,

(I) Li Iro de Regi-to tia Villa de Sall tos 1647 fi. 7-6:
§3.
Em tão difficil ~ilnação faÍleceu o GOVCl:J.l~dol·
• - • • r I

Martim de Sá, o que f~z recrcscer o susto e a


am~rg~ura dos hahita~tes; inqu.ietos da- Sl.la sorte,
definhados pela falta de s~hsjstencia p~lo' d~'sfalq{lc
da sua agdcultm'a, ruina total do seu commel'-
cio, "estavão ehlutad, s as su~s' mUl'áUias, 'pela
fatal }lerda' do seu cxcellenté Go:vél:nador fqUé
deixou bum-a memoria 'àssâs gloriosa e rcspeitavel),
o qual senl emhargo de qne anLes'de paga'\.' o t~i-'
huto- da n~tnreza', 'no~c0u para o s~lcceder 1r?
Gapil'ão da Fortaleza de S. João seq Tio Dudrte
CorreU: de J{asq'úeanes (1); com tu'do ~ p~vo na'
súa extt'ema affiiCÇã o' ~ sc' pel'~uadih 'q~e o novo
Governador não pádia conduzi -16 ~omo àquélle,
para' a sua felicidade. 'A queIles se fizel'ão tanto
mais sllccessivos Íl vi ta dos continuos avisos que
rccehêra o Governador de se pl'epar~r para"sé' op-
p@1' com resistencia vigorosa á invasão quê era
premeditada e determ inada pelos Hollai:Idezes,
adstrin~ia' e ohrigava a p~eve;;ção em todos. ~9
pontos m1fit~res, que o inimigo_podesse occupar,
os quaes devião ser determinados por Offitiaes
mui: exercitados n~s co'ns~s e oper~çÕes hellicas ~
que segnrassem.em tão importante crise a Capitania,
vidas c fortunas·dos concidadãos', dotados de pru-
))0 RIO (DE JANErRO. .7
déu ia, valor ,tlis.cáplina, com ha bilidade , talen-
to,' e hlZ8VU11à par~r epelli'r e desalojar ••ao inimigó.
~

Foi em vÍrtud~ de '~ão ·qstns. consi.derações nomen-


-dé'rp~lo"Jf9vl?, GÇH .rrmdor.. Cppi~ão' d? B?irro da
rMi-s"Cridorditt e.,N, .synhora 4a Ajuda Mal~~us de
~~Õl1ra" ~ssiQl,çomo pp~'a o Cavalleiro no Foi,te 4a
Cançl€l,}'al\Íf1,n Mntheus d~ Mon-ra ~ogassa; i)~râ o
,de - . Tiflgo a Alvat:o( de Mattos e Mano~l Peixoto,
~m coIl19 olHro~ripFa
.
iue
.91!Jl:q~. pop.L? .. - parecê-
I'
.:r:ãef suffieientes;. fiçando· a Cic;lade, in~ p_ugnavel,.
hUJ;na vez qll~' O.>Sêll fogo cruZ<\sse bem dirigido
scilirero- inimigo: \
"

I) I'R'o} ã(l)"hssllstãdora crise as fOFlicacões


, ·erél'o
. oS'
oBjecnb" d~slrii~didas do .GovenlO í . as qllaes não
'se rpooião·csta:Belcker. cotlve,lierrtemente sem, eI:p-
.p' garIltesJPllopôreionátlas des}i>ezas que 'ã .Fazen-
rda P'ubtioa;rpelátenú'ldade das suas l:ebdas, n~.o PQ-
-dia cen'lmih tir. Emnbrou o ~6VeÍ'ólldôr- á Cmn~-
-1'a hum expediente -de occorrer à ·tão. indispenS;l- .
veis, ae pezãs ,. Íúarrdau'do- e' veí?der - os chãos d"s.
'PrruiaSl c:4~·mdade (1), dt.l:igind9 p~r~. cóuseglúL'.
aquêl1 dmb:eii'o h\lUl' se ll,Oilieio em~ 16 de o~em·
bro ae '162.6, palénreaQdo.nelle•. á Calpªra os.seU!i
desvdos e:cuidad?s respectivameJ;lte á 'defesa ~ se-
, r
~
C \l
,- ,
(1) Ljy,l'o'de Vel?eançade 1626.pag. li~1'edeOrdens,
~egias LiV1'o 9'" pago 1.79. .
8 ANNmg

gui'l.mça da Cidade, pois que havia concluído


\
a muralh'a desde o Forte de S. 1'iago áté S.
L lzia , proscguido com a dO'alt~ da Cidade, sel'-
'Vindo a Fortaleza de S. Sebastião de Praça d'Ar-
m~s; que assim mesmo não obstante julgava toda
. a prevenção insufficiente, por se dever por toda a
maneira impossibilitar a entrada ao ÍlÚrnigo, que-
se por desgraça do Paiz elIe o penetrasse, e fizesse
neHe a mais momentosa assistencia, serião irrepa-
raveis 05 damnos meznio na parte baixa da Cida-
de, convlndo por ísso tcr a entrada tão feéhada,
coadj uvada pelas fortificaçoes e trincheiras da prai-
nha e praia ~ Estevão, em que trazia occupa-
oa a Infanteria, que o inimigo se visse obrigado él
desistir do seu intento, abandonando o porto.
Advertio Imais á Camara, que a Cidade tinha tão
dilatados e a~ertos vortos, solo fecundo, o mais
belIo clima, com ouro e diamantes em suas vis~­
nhanças, CllJ9 porto era ~ melhor do mundo; e que
. se fazia diffieil fortificarem-se todos os pontos; com
tudo estava intimamente persuadido, que prepa-
radas e postas no devido pé as forticações da Barra,
m uniciadas de boca de fogo e petrexos deguerra com
toda a sua Ealanienta competentc,? inimigo úão po-
Qia sustentar o seu fogo,'e seria inteiramente derro-
tada e perdida a sua força, mas que 1)01' isso mesmo
não d~yjaIl1os perder hum momento de prevenção
e dé vigilancia. Indicou igualmente a necessidade
~e se formar hum dique desde a praia _~Cl.ll'ioca 1/
no RIO DE JANEIRO. 9
\. pelo supé de N. Senhora do Desterro, ou junto â
N. Senhora da Ajuda, ao pé do Convento de S.
Antonio até ir sahir á Prainha, supposto presentia
nesta. obra muitas difficuldades, em razão dos
exuberant~s gastos que semelhantes obras moti-
vavão, além da falta -de negros para..serventes'-
que abrissem as profundas excavªçôes que cumpria
formar. Continuou a persuacijr a urgencia das
f.urtificaçôes, ponderando a necessidade de se lan-
çar mão dos diversos outeiros da Cidade para ser-
virem de padrasto,. por ser inconte,stavel que o
inimigo ganhando as alturas, se tornaria inutil
todo o trabalho encetado, vendo a impossibiIldade
de gual:necer com a gente que tinha, tão impor-
tantes. ,postos, como convinha e se fazia mister.
Por fim propôz que a Fortaleza da Lage era de
huma inconcebivel força da defensão, para im-
pedir a entrada do inimigo, que era admissivel
aquelle ponto de poderosa força, para- cuja obra
assim os Padres da Companhia como as mais ri-
cas pessoas da Giq~de se compromettião assistir
com grandíssima boa vontade, attenta a necessida-
de urgente, a sua utilidade reco;nhecida até pelos
. conselhos do Estado, quando ;ordenou a venda
dos chãos das p~aias para serem utilmente appli-
. cados na construcção daquella Fortaleza, aonde
paréceu ser da maior importancia desta fez, e só
capaz, depois de devidamente preparada,de déstruir
toda ~. incursão inimiga.
TOMO II. 2
lO,

§ 5..
*. ~~âl1 inli~am:e:l!lltí ergnadida da 'm'Pffl!~
1!..'Úlcitl' dãg ~ -PQsÍ1jil'e-s do 0v~r.nador s~re a" Sg-,
g'llrançà. e '~fes~-d~ Cidade, se 'P1!~stGu' . eNecuÇt1o>
dali ~ag! D.lêl!l:Kt'lS, f.a~ili.tk1)lt l!JtU..'lllf& ~af3ia D.O seU'
' &r~m:.-e p ",i~Ulfsm(jj ~ex.c:!\lu~ijes li.lo di(i{v€·e1tesde
I II CaPtót!à' ãlé á> Pl'aj,n&a', q"l~ po," mais deI n.um
/
secu~ àeràfJ li -vel'·e:s·.es1!i'gí~de'semelfIai'l'te &l>ra:.
• GrãenGU Óâ:'~&5io:1-~;pwresse' ãrvend-a- de llta'8t-a p1.f-
Mica. O~ d~ii'~ da'S pFaia& a q uem por e1fe& mats.
de!fSe,. t~0lherrdo- a> impodancii:r em num cehe
~ páHi€11'lar {)~~ea~n<J Q(,J:kgt~-dM JIe's-RiI!as, dfe.,
CJ'!I'all ·g'U'aPtla~ titl mal chaove' o·P a!6re Rei'l!w -dclle ,
ó' 1J-1l>eSOm-e1rO nOflllled60' peJla €a'I11ffi'él' eutra, '0'
J1ttiz (lJU ;Yet:'e;;hlor~<.I'ts velha a-ultiB'.la.~ la-açaooo-se
tiO cómpeteBite )two com distil:t.~ã& e elar.e'Aa> a.
des.fJ€lia por pa.peis d~r~s:, pa.ra servireM de
-83 . façãe' Me Gida€Faos a fIRom oumpria {Mel<
ber n(f~tle se digpgmtêrfiO'. as sommas, eUv.Ía'flt.
do-se 'l'elaçõeS'.igltatmfIDte . Das a·S. Magesfade,.
a qu:em se·-dooa Mzer saber. o.emfJ€nh3 des.t-es ha-
hittantes ~m .b€Ii\ll ·s€l~ir·, C~~C()l'P.eOOQ tdG()s' €otu.
·g.Wa~ ;possrbi:t;dades~rtrahalh,(). p<::s&oafi: ,ara a.gJoria
c'e ptCBdi:H~ da ii~nã:F6hia" PF·~}teaod(jHle'-a'Ve:nd:a
de!! ohã(:}S mÚmllJeIlte 1*ira '8€ le"\!ant'clF e se forri.-
fícár, a F ortalcza d~ Luge, €U-Jw tocaHdaoo a~
sentava ~ m~úor defuz.'l da foz, pela, estreittlZa do
lugar,. e as a~uas correrem para a Lage, oRdo
o!~nll 8IT€o!rt'a'B.:do-se .pélll ~0't6ncilí·cIO'!f0·go- dê"-
"ião ílàll16ra-gar', e'poT lesta ifol'rifi'eagãoapapeéia .Qé.
V01' so'oegal"o 'OOIitilm!lo"e ~us1;G tdós'~tàB>'ffé8' ,"~P'0t'
fle-ar rg1':Jlarcl.aâa-:e élefePlQM~ -a .ci<:"bnlle,-6·,a ,fdJ:(tuna
e ·viâa·Êlêl1es, no .1H'io, 'lU)(l-Pà ,'eê '\la1o.r:dbs'-sens-.de.
fellg~f'e5, 0'51 rri'a~ 6~n:p'6ftlYadós aitIt~la, 'p"elã,:glot'ia
Elo 'Seu S'ali>'el1an'0', 'e taafti'quantO' ,era' m~nif.e"'Sto'á'
tódell>..{le qU'e-tYinimig0 ã'o'~e;co11l:onlla~a éOm ()
q'fie rerá lici.tf0 e' J:!lerIDiui~o';l1'a gntn'vu', po'. obl'a..
V:'l'-a 'mms tim\lpp0Fta~'ld cato"i"óio:a da or'..l!leld,:ule,
não epel"€ooande'a~vidas oro 9da<erqua1quer iiiade
ou 'sexo.
§ 6~

lA: .A:Bmints frm~ão ',PüBlica nã'O, b~pia'l~gen6rado


fle'-gu'a anti'~ D03 ~ e I}loura, !fe1liào-.:fi.z6Sse conr..
I
sistir o ·segl'edo\.'da's'-suas 'mllJii:mas· ~n 0G~'UltàraoS'
Cida'dã()'S'qlfanfu..:se dispende tl'OS snbsidios Fuhli-
coo ,e·em·qlle' o-bj-ecOOs".e-pal=a OSifl!os a· quectodos
se-propuzer~~·n.:'llinstuIlQçQo.d0'1Govemoal'a 'tfafe..
$ ' e e§uFan~ ·1I~ l";suaslwdas., Ih.~nm ,Je lfor.tunas."

pal'a :aloançaT a I f~liti&defqll'eQl"Dhttlavoo ,JestaD.e-


1e€eft(f'O"'se ·1l'uma-tf(JFça.l.pu]}lica~par.a'. (fon1er,'a, u....
daeia' (Í~S'Jmalvauos, c"-repeItir -qualqu~r. iiMa:s~'
inferna.;-ou extelma ,. pond@~Setemfeffeativ.a.6malL"
Çào os lmeitss'suawsle-~tl1301'diDario.stque;as1~iJ.1oo
cunst&f&iaSYTecla'm:wão: "e. qUe'.he -dQ interesse lIa
maioria que se proporcionem, Iovi.-eple .t9Il».s
3spirão ser .felizes, de bom grado se sujei\ão a
~ ..
12 ANNAES
concorrer coro todas as suas faculdades para con-
següirem aquelle bem, manifestando o espirito
de honra e patriotismo que sempre foi partilha
, destes habitantes, que desde 0pl'jncipio desta Ci-
dade manifestárão amar as acções extraordinarias
em que ostentassem prodigios de v.alor e genero-
sidade, com que ganhárão tanta gloria e bom
nome. A e~periencia em todos os tempos'confir-
ma que todas as ve~es 'q'uc a Administração Pu-
blica se cobre do tenebroso' véo da ~rbitra'riedade,
dando á riqueza dó 'Estado applicações insensatas
-e até contrarias ao fim da associação civil e da
felicidade publica, tendo diversa direcção segun-
do o seu particular interesse, perdendo assim a
estima publica, não são acreditados os' seus em-
pregados no povo onde são detestados, quando
c.o.m ,ri voz do interesse geral fallão aos povos na
gloria, nacioual, persuadidos de que collocados
por manejos nos ,importantes lugare~ , só aspirão
ás distincções e riquezas, e nã@ á publica felicida-
çIe e gloria n~GÍpnal, 'occupados de si proprios, e
dos que os sustentão no',supremo mando, então
visivelmente s~ observa pela degeneração do espi-
l:ito publico .decahir a Nação ,da"sua anterior dig-
ui'dade, sendo p,l'eza dos máos Cidadãos que abrem
as' portas mais impenetraveis da Cidade aos ini-
~igos que lhes lança as pesadas' e vergonhosas
cadéas'(ta.escravidão.
DO lUO·· DE JANEIRO. 13

Naquelle tempo succumbindo Pernambuc~ á


invasão dos Hollandezes em 1630, se accendia
cada vez mais no animo dos' Fluminenses o seu
patriotismo, preparando-se para a resistencia,
que custasse caro ao inimigo a sua temeraria em-
preza, que a'penas se completárão as obras' da
Fortaleza de S. Cruz da barra, com o mais vivo
enthllsiasmo se empregárão na fortificação da La-
ge: que espectaculo glorioso não derão assim
os seus mais illustres Cidadãos, como o povo, afin-
cadamente entregues ao trabalho das suas obras
com suas pessoas e escravos nas excavações indis-
pensaveis, abrindo as penedias, conduzindo ,a
pedra, e coadj uvando aquelles trabalhos con1..a
mais viva satisfação, passando voluntariamente a
0a:erecer hum donativo segundo as suás actuaes
fortunas para o acabamenloeperfeição da Fortale-
za, além do producto da, venda dos chãos ,das
praias, e do foro ae mil réis annual de cada tres
braças (1), ohrigand0-se por 'hum'rateio'suppri-
rem de seus bens o que se fizesse mister para o
ácàoamento daquella Fortaleza; quando não bas-
tasse o producto da venda dos chãos que se·ven.. .
derão', já com aquelle foro de niil réis para <> redito
da CairIara, já sem elle', manifestando '3 pureza
"'4 'ANNW1!S
de seus sentimentos aquelles egrcgios e nunca
a~sás louvados Cidadãos, que nada mais anhe-
lavão·qu€ t).hem «9 :Deal ~er.:v;iço-,· e-que a Solta' Ci-
ààde se cOBstit:ui"'sse segupa., x:~peitavcl, .c.inex-
_ Jl)llgnaveJ "jlelas -suas- fortificaçêes : . {l' Ggver.nador.
eliuhande-se de..g&Vel'naE a tã·o..generosos € di§.ROs
sul>ditos <aeord~n com a Ganlar.a.,. q'lC o Pl:O-
d"lzido-t1a~uelJas.''Velldasdos chãos-c Gonativos-G.os
Ciâadãos' fesse -gualldado etn .huma arna d~ .tr.($
chaves, ;das >quaêS-a. prillleina .I'ecttber-ia .0.A.dmi-
Ilistrador-ftà>Jurfisdioçã&Ecclesiastica,.a s~§nnda--o
Reitor-dos J€suita~ \ffoe.I1a'C'i::om'p<!nh-ia se d<ip.osi-
tallta., e ao' Juiz e-:Wale3.del' -mais ;velho a estaBtte,
clle'ando-~e ,bum li~Fo .para ao P€G6lta·.e despeza
1l19tieado.pele hlizOrdinaFio,. Il~,no mesmo.ce-
frc,devia S'é[(S"uartl<rdo.
§ ··S.
rraes-forão "3s'justas.considel'ações..e,pro.Yidenoias
par.a.se.formar, a importantc Fortaleza da.Lage,
que tnnto dignificou .o~pawiotism destes habitan-
tes.,..deixando naquelle bnluarte..o..monumento.maisr
15lol'ioso do:seu.amor da patria,.,~e-a.cev.to com que.
::i€.dirigmão'em.tão memo~vel.e,aR~iscada -eonj unc-
t.u:ra·;"os...navios-quc,antr.ão'JlIo1a rfoz .devem· p-assar
tão ll}€I:to..dalle;,..que .não !podem :'p'r.()s~tlir sem
ir,rem6diav~J,naufragio,ou inteir.a derrp.t.a.} dirig~ie
.dQ..()"fogo-por-fi6is"e-e~'Per-imeRtaà-es.l>ons.ar,.l;ilhei"
1'05, segun40 a ,.antiga ~()nfmn.çá· na-oiona'l.· JI)..e-.
no RIO DE J,AI.NEIRO.
pois de bom seewo", -q,ucm a~twá.: q!IiIR 'e5-
tand'OC.3l Camarlli.de JiHi)88a' dos. 'l)Í0r~met1:J;():s di!ql~el'.
les 'Chãos qillc se aurematâr~~e~ o for0,~ seQdo
dos propriet~rios os arrematad'~s .1iW?~~J).te" os"
Provedores <la Fa:zenda Real com indecorosa vio-
lação da transacção da Cal ~ar~ antorisada de 3P.'"
provação Regia, sesenhoreáriio dos chãos das·
praia·s. que o Soberano PlandoJ.\ "ender,. ~Dplicado<
'O seu pro·ducto. nas despez,as da construcção 'da-
quella Fortaleza da... Lagc;: " comprpmettid.a a poa,
fé e dignidade do meswo S6ber;ano ppis qne taes
arbitrariedades crillJi~osªs forão autodsa<ias l?Q~'
P.rQNi.s.õ€s~ do C'f.)~~et.tl() UltrªIl)arinQ..

l\n·tio·flando a ~a.,.. cOO\.~ 0.mll:pJ'ia ao G.gr


\lunam Geral D~ ~ de. Qijve~a; i\ IDO te W>
Goyet'Badol' MaTttilu de. .sá~ ~eUe. iliD.i,U6d;iaté\w.~n.te
proiJCl:loo·G0J\'oona \011 ~ l\o,drig<>. de . 'ª\lda ~~Q'
"ique.s., Fid'algO'da Casa Re ,. ea"l:l1heir da: O ~{U­
de S. TiagD, ~apitão da c.~Jnp.a jÇ\- ek -..eAbn... a
zeirn" 'da qual eF.a Me6t»e- d1i (4lmPQ D, Ch.rj,stQ..
\"ão M:exia Bo.c.an~a (I); Q ~I'~ Q ~W~o Dr--
d6llQU que l;) i~U 3nit-eee~cw \llla1te Ç011!'~' Vªs-
queanes se conservasse em serviço do seu PO§~Q d.~­
Capitão da ·Fortaleza de·S.. Cruz, que dantes exel'·
eia, ~ta a. impol'tallGia. .da~1l0 ponto. CG4U- a;
!Z5 S:::S::SUCZS ec.~ "JS

(1). Livro aI;; Vereanças do Resisto de 1655.~. ~ ~,~


1 6 - .. ANNAES •

Patente de-Governador desta Cidade Rodrigo de


Miranda dada na Bahia aos 9 de Maio. de 1633 to-
mou .posse :do lugar ná Camara aos 13 de Junho
do mesmo anno (1).

§ 10.

Como não cessassem de correr os boatos de in-


vasão deste tão ambicionado paiz, e se repetissem
os avisos de que se estivessem preveniq.os, para
frustrarem qualquer aggres~ão do inimigo, quiz
~ Governador, apenas installado no Governo,
ocularmente examinar os lugares nos quaes se ti-
nhão levantado as 'obras de defesa que approvou,
e julgou conveniente le:vantal' outras fortificações,

----
como fossem o Padrasto da Candelaria, o do Con-
vento de S: Antonio, chamado 'de N. Senhora da
Ajuda, que o leyantou, construio e fortificou An·
tonio Corrêa á sua custa com o serviço de seus es-
cravos, senq.o por isso nomeado pelo Governador
Capitão deIle (2); bem como para a Fortaleza do
Outeiro de S. Bento que estava sem presidio, foi
_no~eado por Capitão João Rodrigues Brabo; pas-
sou-se·novo Provimento pelo Governador Geral da
Fortaleza de S. Cru~ a Fráncisco de Seixas Ra-
bello.

. : ..
(1) Livro. de Vereançasfl. 156 v.
(~) Dito Livro fl. 168v.
DO RIO DE JANEIRO.

§ 11.

Observando o Governador os felizes resultados


da acertada direcção das fortificações, cujo fogo
de mar e terra ficavão em harmonioso cruzamen-
to, se persuadio ter a Cidade segura e inexpug-
navel; com· animo tranquilllo se entregou aos ob:
jectos da Policia, reputando da maior precisão
acudir á uecessidade da falta d'agua p;;tra as uteis
~serventias da vida, encanando as da Carioca para
~ serem trazidas á Cidade para desalterar a sede de
seus habitantes; para cuj ó fim era indispens~vel
estabelecer alguma contribuição para as indispen-
saveis despezas da conducção P?r aqueductos, indo
a Camara com ena ( 1 ) acordou que os mestres das
embarcações apenas entrassem neste Porto, de·
baixode juramento declarassem quantas pipas de
vinho trazião para se impõr aos ~ompradores a col-
lecta de 160 réis por canada, para ser applicado
o producto della para as despezafl c1aquella ne-
cessaria obra, depositando-se a importancia em
hnma arca de tres chaves guardada no Collegio
dos Jesuitas, das quaes huma ficaria nas mãos
do Governador, outra na do Reitor do Collegio,
e a ultima na do Ver~ador mais. velho, com o
destino unicamente de ser applicac1a a imposi-
ção para o referido encanamento.

(1) Dito Livro e Archivó fi. 165 v.


TOMO II. 5
18 ANNAES

§ 12.

Mal se conheoião e'1l1tão oS vcs'tigi~s àã ahtiga


in.dnstria deste povo; o seu commercio tinha de-
sap~~aI'ecido ,fazendo-'se por isso impraticayel a
existencia do l)roducto da imposiçãe nos vinhos,
por haver t~1[l\1l:a cfitestia delle, qúe os mesmos
Sàoordotes (~), pelo não haver em toda a Ci-
dade, já náó 'Celebraváo (} Sacr'ificio da Missa.
Toclavia, vendo a Cam~'a precaucion.ar a sua
occultação pelos .atl'avessaderes da'S pequenas por-
çõ s que ~ão importadas, acordou que se tomas-
-se par entr-ada 1l0clo e wého, sendo este rel)artido
palo povo an'tes de ser almotaçado, e que a res~
peito dos maÍ'S geJllel'os importados, que ne 'Caso
de se atravessarem as fazendas vindas de mar em
. fóra para s~l'em revendidas, doas mezes irnme-
diatos á chegada das embarcações, perderia todà
a 'f~enda, ap"plioada lruma parte para o accusadot',
e a outra 'para -aBulla da Crüzada, além de qui-
nhentos cruzados para as despezas da Camara ; e
que os co-mpradoros ou abarcadores dos 'Vinhos,
que por aquella maMira estorvavão a -sua 'venda
ao p-ovo paFa 'os revender pa-ta fóra da 'Oidade,
pagassem por ~ada pipa 4;jj)000 réi-s, a 'metade
pàra\o aocusa®l' ie a outra pa'ra'as obras do Con-
selho. Nessa mesma \V-er-êação prohihio aos oleiros

(1) Dito Livro fi. q54~ s~ujn'tes.


RIO DE J NEIRO. ~ 1U

de ie\'M'~m mais de í.;;te púl réia l.~o~ lllilh:ciFo. Ç\e


:------....telba, trcs pelo .tijolo., e trinta réi~ por cã~-----..;
ma. Deu-se regimento ao Afend,ores das balan-
ças (1), permittindo-lhes levar cif.\cO réi~ por afe-
rir os pesos: de arratel ~ quarenta réi os de arroba,
e oitenté\ réis- os. de duas, e os mesmos, oitenta ~éis
pela aferição das medidas, cf\vados, alqueir~s,
quartas e mei<?s alqueire&. A,cord,Ql,l igué\~ente a
organisação de hum reg:i~ento aos Botiçarios, Fe-
guladOl' do preço dos seus.\rem~qios; e finaln;leJiltç
que todos os generos antes d~ v.enc\ageU\ fossem
almotaçad~s por preç;os pr-€\p,orc\Quados; pro"i-
denela que parecia encontra a ~rdade natu-
ral das convenções, regldado~ da almndanci,a,
carestia, necessida.de, c OOnS\lma Uq demaq.Ga
dos generos ~ e que JIla:rc~ Ç\ alta ou baixa dos
preço!'l.
§ 13.
A difficuldade dos negocios em tão bellicoso tem-
po, c1amárão a este. Governo a Salvador i:orrêa de
Sá e Benavides, o primeiro Visconde d'Asseca, que
tendo dado grandes provas do seu zelo e sabedoria
com as fortificações da Cidade, se passou a Per-
nambuco por cabo de h'inta navios e caravelas de
guerra, para com elles fazer a gloriosa (2) restau
ração da Bahia, e retoma-la dos Hollandezes. Nesta

U) J)i~o A :phjv,a e L!Vl:Q fl· 1,6& .


(2) Livro 9° de Ordens Reaes do Archivo lip, RiQ fi. J Q4 .
3*"
.20 ANNAES

~xpedição ~rq!~6~Ü ao mesmo tempo a Capitania


do Espirito Santo, atacada por elles, ali e no Pa-
raguay contra os Indios rebeldes, fazendo proezas
dignas do seu valor; o que deu motivo a ser esco-
lhido pelo-Rei Felippe, Capitão e Governador
desta Cidade, pela patente de 22 de Feverei-
1'0; que pela remuneração de seus grandes ser-

viços foi concebida assim (I) -:- a Dom Felippe,


« por Graça de Deos, Rei de Portugal e dosAlgar-

« ves, d'aquem e d'além Mar em Africa Senhor

« de Guiné, da Conquista, Navegação, Commer-

« cio da Etiopia , Arabia " Persia ,. e da India, etc.

« Faço saber aos que esta minha Carta· virem,


« que por parte de Salvador Corrêa de Sá e Bena-

« vides, Cavalleiro da Ordem de Nosso Senhor Je-

« sus Christ?, CommenrTador della, Fidalgo da


« minha Casa me foi apresentada h uma Carta pa-

« tente por mim assiD:ada, de que o teaslado he o

« seguinte: D. Felippe, por Graça de Deos, Rei

(I de Portugal e dos Algarves, d'aquem e d'além


« Mar em Africa, Senhor de Guiné, e da Conquis-
II ta, Navegação, Comm~rcio'da Etiopia , Arabia

" Persia, e da India, &c. Faço saber ao~que esta


« minha Carta virem, que havendo respeito aos
« serviços que.Salvador Corrêa de Sá Benavides,

« Cavalleiro d1il Ordem ele Nosso Senhor Jesus

(1) Livro 9. o de Ordens Reaes, Archivo do Rio de Ja-


neiro pago 194.
DO RIO DE JAJ.'lEIRO. .21

Christo, e.Commendador della, Fidalgo d? mi-o


« nha Casa me fez até agora, e aos de seu Avô
l( Salvador Corrêa de Sá, e de seu Pai Martim de

a ,sá, ambos tambem Fidalgos da minha C.?sa,


« feitos no Brazil, pelejando todos estes dilas com
« os inimigos, e gastando muito da sua fazenda
« nas fortificações do Rio de Janeiro e defensa do

« Estado e Costa do Sul, em que sempre proce-


" dêrão como compete ao meu serviço, em que
(( particularmente me fez o dito Salvador Corrêa
« d~ Sá , em vir de Pernambuco por cabo de trinta

« navios qlle h'ouxc a salvamento, tornar ao Rio


(( de Janeiro, quando foi tomada a Bahi~, e nos
(( trezentos soldados, que fe21 levantar a Capitania
« d~ S. Vicente, com os quaes, e com h'es canôas
« de guerra, e duas caravelas se achou na restau-
« ração da Babia, soccorrendo decaminho a Ca-

(( pitania do Espirita Santo. no tempo em que o


« inimigo a aGcometteu, com o qual -pelejou
« duas vezes, matando-lhe muita gente, sendo
« nomeado por Almirante da Costa do Sul, a soc-

a correr a Provincia do Paraguay contra os Indios

a rebellados , apaziguando tambem ao povo de


/( Single, conh'a os Indios que venceu; sendo
a ferido de doze flexadas , e fazendo outros servi-
« çós de consideração, procedendo sempre com
a satisfação: e tendo particul ar respeito á boa in-
<t formação que tenho do seu procedimento, fian-

II do delle, que em tudo que o encarregar proce- .


.22

« dCl'á muito bem, corno convém ao mel!, servi-


« ço.: Hei por bem, e me- praz de lhe fazer merçê,
« em satisfação dos ditos serviços., de mais de ou-
a tras que pelas mesmas lhe fiz da Capitania Mór
« e Governador do Rio ele Janeiro por tempo de
« tres' annos, na vagante dos providos antes de
u 30 de Outubro' do anno passado de 1636, em

« que lhe fiz esta mercê. E sel'vindo nos ditos tres


cr annos com satisfação, como delle espero, Hei

a outro sim .por bem, qlle continue no ditQ Go-


u verno por mais outros tres annos, sem interpo-

(( lação, com a qual Capitania e Governo haverá


a em cada hum dos tres annos que a servir, dl1-
« zentos mil. rilis de ordenado, e servirá com os

« poderes, jurisdicção, e alçada que tel;lhão e de


a que mão os Capitães Mores das outras Capita-
« nias do Estado do Brazil , com todos 05 mais po-

« deres e jurisdicção que os GQvernadore§ Geraes


f( do dito Estado tivererp commetÚdQ a seus an-
« tecessores, por conveniencias do meu servjço,

« conforme a commissão qn~ Eu lhe tenho dado


(I naquellas cousas que entendo convenhão ao
« bom governo, assim de guerra como de paz,
« de que pugará quarenta e sete mil e quatro can...

« tos réis, que he fi metade que primeiro pagou de

(l noventa e quatro mil e oito Qentos rais, que


cr resta abatidos cinco mil B dU%6pto.s réi.s do dado

« do Sello de cem mil reis, que tocá\:) a JII\i}i.a ana~


c ta desta mercê, e da oli:tFa m~tªqe dtj1u ijaI}ç;i ,
DO RIO nt JANEIRO.

ti como constou por certidão de Jeronimo de Ca-


a nonica. Pelo que Mando ao dito Governador
« Geral do dito Estado do Brazil, que em confor-

« midade desta Carta dê posse do dito cargo, e ao


li dito Salvador Corrêa dé Sá , e lhe deixe servir

'" pelo dito tempo deseis annos na forma referida


a e haver o dito ordenado, e tudo o mais que di-
« rectamente lhe pertencer, e conforme tiverão

" seus' antecessores, sem a isso lhe ser posta du-


« vida alguma, porque assim he minha mercê.

« E no caso que o dito Salvador Corrêa de Sá e

« Benavides, não possa temar a Bahia de. todos

" os Santos, para o dito Governador lhe dar a dita


« posse, por esta minha Carta, Mando aos Officiaes

« e Vereadores da Camara do Rio de Janeiro,

l( lha dêem, de 'que se fará assento nas costas


« desta; e na Chancellaria lhe será dado o TU-
a ramento dos 'Santos Evangelhos, que bem e
« verdadeiramente sirva, guardando com tudo

« ao meu serviço, e ás partes seu direito, de

« que tambem se fará ~ssento . E antes que o dito

ti Sal"\{ador Corrêa d~ Sá entre no dito cargo fará

(l por elle pleit@ e hemenagem flas mãÜl'l daP·~ia.­


n ceza M~garida, miaBa muito am.ada e ,preooda

« -Senhora Prima" segundo ,fi) 1llS:@ e GOstUJlle,


a de ~ue qpresentall'á Certidão .é1.e Eran.c.iB..c() de
a Lucena ,do melJ C6llSelho ,·e meu Seo.FetaJ1Ío de
a Estado, ·e Fegista-r-á aos -Li:w6s-da -Cll'8G da--m-
a dia, da data €IeDa a -quatro mezes 'Seguintes.
2~ ANNAES
(i Dada em Madrid aos vinte e hum do mez de
« Fevereiro. Diogo Teixeira a fez no anno do Nas-
{( cimento de Nosso Senhor Jesus Christo de mil
u seis centos e trinta e sete, e se passou por duas

( vias, de que esta he a primeira. Diogo Soares a


( fez escrever-EI-Rei. Pedindo-me o dito Salva-
« dor Corrêa de Sá e Benavides , que por quanto
(I a Carta necessaria se passou sómente por duas
u vias, e as cousas do mar não são certas, lhe

{( mandasse passar por mais duas vias, e visto por


« mim o seu requerimento , houve por bem man-
• dar passar por mais duas vias, de que esta he
« a terceira que se cumprirá inteiramente sem
(( duvida nem contradição alguma, das quaes
« cumprida huma ,as outras não teráõ effeito.
ftBartholomeu de Araujo a fez em Lisboa aos tres
a de Abril do anno de Nosso Senhor Jesus Christo'
« 'de mil seis centos e trinta e sete, Affonso de
« Barros Campello a fez escrever.-Rei. J)

Com tãÇ> honrosa carta se apresentou Salvador


Corrêa na Gamara a 19 de Setembro do mesmo
anno: (1) de 1637, em o qual tomou posse entre
os vivas e as acclamações do povo; pois que na
verdade a fama de tanta heroicidade lhe servia co-
mo de reparo ás calamidades, do tempo; conlla-

(1) Livro de Yereança de 1637 pago 27.


DO RI(} DE JA.NEIltO. 25
vão todos de qUe ell'é , pelo Seu alar e péricia dá
guerra, seguraria a Capitania contrá qUalq~tet em-
preza de inv~são; a experiéllci-a dos t1Cgódds, a sa-
bedoria de que erá dotado coúciliava todos os itlte-
r€sses da caüSá púticular coro a do f:stado, el11 tão
melindrosa situação ~ é como hOhrado CavaUeiro
arderia no zelo dos intetes$('!s do Rei e da Rêàl Fa-
zenda; adoçaria os queixumes do povo definhado
na mÍseria e pobf'eza por falta da libêí'dãde-, e
franqueza do comnleniô, fdl1téS iJlêtÍiaurivers da
,'prosperidade dos povos.

- §' 15.

Pernambuco subjugãdo pelos Holfandetes r'e-


clamava o soceotro dê todas as Capiíania's que a
grande distancia humas das mi'tras, impedia,
como se anhelava, ser niui acceleradàmente' sb'ccor-
rido pelos reforços de' combaten e's, mU'ílÍçôes
de boca , e gnertà. Pata se oM'e'rem os- braços ne-
cessarios cm soccorro' daquellâ Provincia ordeno\!
o Governador Geral D. Frrncisce !\ibsearen:has ,
Conde da Tone (fi' quem foi dada a honrosa
tarefa de resfat'lrar aquelta Ptovirícia) (1) que (50-
desse o Go etnadol' perdeur os criminosos, e en-
viar-Ihes, para peder engrossar as fil~íràs dos
guerreirds que havião de i'estaurar aquella famosa

(1) :tivro 9'0 de O:rd. Reaes pa:g. 214..


TOMO II. 4
26 ~NilS
Capitania , dirig~o a seguinte ordem: « Dom'Fran-
« cisco Mascarenhas, C.onde da Torre, do Canse-

« lho de Estado, e Commendador das Villas de


I( Roimaninhal, e S50 Tiago da Fonte Arcada,
u Capitão ~eneral de Mar e Terra do Estado do,

« Brazil, e das Armadas Maritimas que neHe se


« achão, &c. Por quanto Sua Magestade foi servi-
« do mandar-me encarregar desta jornada da re-

I( cuperação de Peruambuco, e convem par'a este


u effeito juntar toda a gent~ que poder haver

« ,neste Estado, e ora sou informado que das Ca-

« pitanias do Sul podem vir gentes do Sertão,

« muito uteis para esta guerra, que deixárão de

" afazer, por serem homiziados por varias crimes


u commettidos nas entradas dos Sertões; e outro

Ir sim, para prevenção da dita gente he necess~­

" rio dispôr alguns particulares em todas aquellas


« Capitanias do Sul em que a dita leva se ha

u de fazer; e porque em toda a remota parte se

" não podem prevenir os accidentes que se podem


u oíferecer, e havendo consideração ao zelo com

u que se ha no serviço de Sua Magestade o Capi-'

« tão Mór Governador do Rio de Janeiro Salva-

« dor Corrêa d~ Sá e Benavides , fiando da sua',

« pesso~ e experiencia disporá tudo como mais

« co~venha ao serviço de Sua Magestade: ha por


u bem e serviço do dito Senhor, que para o ef-

" feito da dita leva possa perdoar todos os crimes


u que lhe pareça, aos moradores do Sertão das
DO RIO DE JANEIRO. 27
« Capitanias de S. Vicente e S. Paulo, e de quaes-
" quer outras, principalmente noserimes das en-
li tTadas do Sertão, assim e de maneira que eu

.. o posso perdoar: hei outro sim por bem, -que


Il na guerra e na justiça fiquem a sua ordem as
« Capitanias de S. Vicente e S. Panlo , que lhe

li obedeção os Capitães Móres, e' Ouvidores, assim

" e da mesma maneira que a minba propria pes-


Cl soa, e a toda gente que levantar pO,derá nomear

« acada oitenta homens hum Capitão, passar-lhes


/ « Patentes de Capitães de Infanteria Hespanhola,
« com quarenta escudos de soldo que Eu confir-
« marei ; e aos ditos Officiaes que pelos ditos Ca-

« pitães forem feitos para servirem nas ditas Com-


e panhias', para todo o referido lhe dou o poder

li qUCil tenho de Sua Magestade, assim e da ma-

Il neira, e tão largamente como o dito Senhor foi

" servido dar-me: e para tudo o que se obrar em


« conformidade desta minha Provisão, mando a
« todas as pessoas de qualquer qua1idade e con-

" dição que sejão, que no que lhes tocar do cum-


« primento della, tenhão por firme e valeroso,

« tudo o que fôr feito pelo dito Capitão, e Go-

" vernador Salvador Corrêa q.e Sá e Benavides ,


" e cumprão e guardem as snas ordens de pala-
a vra e por escripto , tão inteiramente como se-
« fosse por nós dadas, e esta se registará nos Li-
;...----
u vros da Camara da Cidade de S, Sebastião do
« Rio de Janeiro. Dado -na Bahia a 8 de Júnho
4**
~8 4NN~5
« cle ! 93 9. :O' FQ.,nan.do d~ lYIase~eqhAs , CO:Qd~
« dt.! Torre. -S~~o""":'" »

As levas de sQldados e o trabalho das forWi-


eaçócs enê41ão ªo povo de t~rrq.r, o ~eu estado
era seI~1 duvida o mais lastimQso, scndo ame~~ado
de invasão '. de~amparada a agricnltl,lra , os males
puplicos recrescel!tes se fazião Ipu.is ~ensiveis , e
se aUB'mentavão de c!ia. eD) dia; J?0J;~rn, nãQ se afro-
xava o z~!o dos qdad~os pa causa que tanto os
interessa.vão , que na su.u wesma miseria roarcha-
vão pelo h:ilho' da honra e da ~19ria, com ~ene-·
rosidade e. qlsti~cçã<?, servineJo ao- Rei e á Patrla ~
para dçixarem os nlais illu~t.res Q.ocumentos á pos-
te~idad!l , de seus gloriosos feitos que. immortali-
savão o seu nome eD9â fama. ACamara cOInoRe-
pre~entante do povQ, ele conforI;Oid,ad,e com. o Go-
vernador g~l~ador Coq~êa de, Sá, levantou, tJ;:cs
terços de Infante);ia ~ e os envio'O ao Conde da
1 orre, que se açhava CI.I} :pernanW\lCO" e.n soo-
corro daq,uelJa Ç.a~it~mi1l (1)" e COQ:l elles os yreci-
sos O?anti"qJent,Qs, além qe o,utroS,. Donativos;
qllasi toda 'l.<{l1ella Tropa derramárijo ali o seu
sangl1e no serviço do ~stado.

.. I> • ".."t .-n ,,, .\.... ' .... , JXJDIO%Q .,_ J"2veu:::
no mo. P'~ JANEIRO.

A revolta da Catalunha offereceu aos Portngue-


zes opprimidos ~ vexadO$! ao opportuna occasião de
quebrar' as suas cadêas, Filip'pe IV -sendo hum
Prio(lipé inÇLolente" e.~fl~rw~ < t];@ID: tud~ em- o
seu C9r:~Ç,C:-~0 o -Wl~$ V\\l0 de:l0)O de; lhesl far.el' a SQ:íll
tot~l n' _ . ! Wi>tg~i ~a!1uWle retopo rt}fer~
I
q1.W ~llf) çl1s~eEA 90 Dll~l~te;dt)'o.hvqrf;}s(que'parecia
se..f v. Qª,dt:fp~mtJ;ntft e ~),. porque· nâtl a~ab:mt...
mos d~ hl la .€~ 0JU).. ~stes l?OJ:"t 'g:ue~es ~ Elle
r~~poª<l~l.!.
/j{ue: as! eil~~ Sfie Sn~ ~tagesh\,de; iJ.. sua
Qispo&iç~o" ~~ h~m ~edo ~ f.ll'~ al'ém d08 d.~
s.e;j os R~ijeíi'

o Qja- ~dft No.veU).prQ d<t 164G> frurll.<i{u.elle::,. em.


'lue a I/~l;Q' ~!F~' tJ:~ PO'r~tlgl1JteZQS tro>mau' o grlÍ
de. w;>;o;spi açãtw, ªjlll~tad@. ~ Sess&es 'cln ~!obJ1eZa
n.& i,ª~tm d~ ntollÍo, d~ Altmcitla,. ~. Q grita: d.
Li,be,Ed~'f:k ~ ~~!t diaa li€SIil-li> pnr trufas! as
p<wt s, ~Q' Ikirw, (ipU$llllffu Q~ Miguel de .&lmeiélal
ço,l'Ql ~S'p.aiJlP ~~all Qtlinhada. §lr.iItol1li~Lihe datfu n
ri", El- e', :@••. J't)~@l I'\f !Ui <d~ p..&rt:ag~; 6':il()j
p.~'\tQ.d S _1.ta~ jf,J~n hxFlldo. ~ BTa; 03, Po.rtu@wa,..
Z~S' tI iA ~te; Wl'J.iP inlu:ãíJ aSl,lOO8SaS dEsgna.çQs'1 SOBíl.OSl
livx ;. (:} de B a-gaw; llle' o: noss@: ll:cri lo...
giti ! Te~ h:u.mid.ha~ .attiaranmo. Casmlhaml,.
e qQ' nn~(:l ~lu:rlUl! (i)J.üi2.ce.ç.~ él' Imab C'Ol'Ô ~
30 ANNAES

Permitta o céo que Portugal g'oze do seu antigo


esplendor, e Reine sobre nós a Familia Real!

S 19·
Apenas té.'io illustre e veneravel Fidalgo acabou
de fallar, banhado em lagrimas de alegria, qlle
o povo se apinhoou, e resoárão o~ gritos de li-
berdade, e de que vivesse D. João IV, e mor-
ressem os inimigos de Portugal. As guardas Hespa- ./
nholas da Cidade acommettidas por Jorge de Mel-
lo, Estevão da Cunha, e Antonio de Mello e Cas-
tI'O , naquella inesperada surpreza proclamárão:
Viva o Duque de Bragança! Os Corpos de gna~.
da Allemães ficátão prisioneiros pelos sempre dig-
nissimos Miguel de Almeida, Affonso de Menezes,
Gaspar de Brito Freire, Mar00_ Antonio de Azeve-
do, Pedro de Mendonça, Thomaz de Souza, e
João Pinto, que abrirão a entrada do Palacio';
pelo qual penetTárão Antonio Telo, João de Sá
Menczes, Antonio Telles, o Conde de Atouguia,
e seus Irmãos Antonio Bartolomeu de Saldanha,
Tristão da Cunha de Ataide, e seus filhos Luiz ,
e Nuno da Cunha, e seu genro Manoel Chelde
Rolim, ficando aberta a porta do ;Palacio , elles se
dirigirão para o quarto do lVIinis tro de Estado Vas-
concellos, que então foi morto o Albergaria, por-
que em vez de proclamar a D. João IV, gritou
viva Filippe IV; depois destcs forão tambem mQf~
DO RIO DE JANEIRO. 31
tos Antonio Corrêa, hum dos primeiros Officiaes
do Ministro de Estado, e o Capitão Garcez Paleia
que defendia a entrada do quarto do Ministro, o
qual tendo-se oCéultado sem poder dar huma pala-
vra, foi ferido de pistola e espada por Antonio
Telo, e lançado da janella ahaixo, ás acclamações
de viva a liberdade e El-Rei D. João IV: assim
acabou aquelle Fidalgo que tanto odio teve á sua
Hierarchia, assim como p0I; ella era justissima-
mente aborrecido.
§ 20.

Por todo o Reino e ilhas, com incrivel celerida-


de, chcgárão as noticias de tão fausto successo, e
tal fôra a oppressão e peso da tirannia soífrida,
que todo o Reino com a velocidade de hum re-
lampag"o accendeu o facho da liberdade em tod05
os pontos do Reino; que gostosos se applaudião c
se felicitavão todas as classes do povo. A penas
D. Jorge Mascarenhas recebeu a Carta de El-Rei
D. João IV em Fevereiro de 1641, que continha
os nobres "eífeitos do Genio Portug"uez pela sua
exaltação ao Trono IJusitano, elle proclamou en-
tre geraes vivas a felicidade da Monarchia. O
Rio de }~neiro.correspondeu com o mais vivo
enthusiasmo, ,accJamando por todas as ruas entre,
vivas, com o estrondo de Artilheria e fogos de ale-
gria, ~ nome do seu legitimo Rei e Soberano D.
João IV.
ANNAES

Na Capital do Donatário de S. Vicente, luiz


Dias Leme acdamou o Duque de Bragança, exul·
tando de prazer, dizendo: viva que he o Senhor
Rei D. João IV! Voou a S. Paulo tão fausta no-
ticia, e os Hespanhoes que neHe vivião forão pe-
netrados de tristeza, como f'eridos de raio, por-
que desejaváo conservar as povoaçoes de SeITa
~cima na dominação Hespanhola; e por isso es-
palhárão não tardaria o momento de se unir 33
I Americas Castelhanas á Capitania de S. Vicente,

com todo o Sertão Brazilico, se os Paulistas tomas-


. sem medidas para fazerem hum Governo separa-
do d.e Portugal, pela communicação que lhe fa-
cilitavão os Rios entre ~s povoações de Serra aci-
ma, e Provincias do Rio da Prata e Paraguay, e
fingindo-se penetrados do verdadeiro amor patrio-
tico por estaI'em ali naturalisados desde que ahi
ap?rtárã@; quaRdo as Esquadras vierão em soc-
eorro do Brazil, ou vinhão das Indias Occidentaes,
lhes ensinaava que elegessem hum Rei Paulista,
lembrando cemo o maj.s digno· da Corôa a .Ama'"
dor Buene àe Ribeiro, que pb~suiá- muitas ri-
quezas, desGende.nte ~ famil1a illu'Stre, tendo-
duas filhas casadas· '~om dons Íi'miios Fidalgos
Hespanhoes, n. João Matheus R-ondoD, e-D. Fran-
cisco Romlon, que hâvião passado ao Braf.il em
DO RIO DE JANEIRO. 55
1625 nem a Armada de Hespanha em ioccorro
da B.ahia.

·S 22.

. Persundiilo aos Paulistas 'tão vivamente os Hes--


panhoes que assim proseguissem, pois .com o de-
nodado valor ba:vião peoe~rado os Sertões Brazi-
leiros, e repelJido os Hesp~nhoes de mão armada
em 1631, atravessando os Sei,tões, e Rios Para-
nápanema e Tibagy, tendo d~ improviio cahido
oito ,centos homens com hum furor inexplicavel
'sobre Villa Rica" e Cidade Real Xeres, ~ cabecei":
ras do Mondego, onde tinhão os Hespaahoes
trinta e duas aldêas, que (ormav,ão tres pequenas
Pro\lÚlcias, donde conduzirão hum smo por tro-
pheo das Sl1as viclorias: Sim, aos ~l1trepidos Pau-
listas se deverão não só as descobrimentos das I
mais ricas MiHas, mas tambem o grande serviço I '
de assaltar as.aldêas Hespanholas nos .terrenos das \
Minas e fundos da Capitania .de S. Paulo. Os es·
eriptores estraogéiros os constituirão por isse sem
fundamento, como Yosgien., huma Republica
de faéin6rosos composta de l?andoleir~s de di-
versas 'na.çÕes, distinctos e façanhHdos Ia~l'ões,
.que pagavão bum tributo ao 'Rei de Portl;lgal,
quando elles fizerão á Corôa de Portugal tão
g.randes serviços que foi dado o privilegio de
TOMO ,11. 5
ANNA"ES

Fidalgos Cavalheiros aos que servião na Camara,


por Alval'á de J9 de Janeiro do 1715 (J).

(I) Livro lO de Or<lens Reaes da Camara do Hiopag, fig.


Nas memOl'ias geographicas physicas e historicas sobre
a Asia, AfI;ica, America, tiradas das cartas edificativa,s,
-e v,iagens dos !\1issionarios Jesuita~ pelo autor deMiilangc$
inlére~ans et curiclIx, 4 Tomos pag, 114, se lê o seguinte:
A. eidade de S. Paúlo foi o asilo e abrigo de quantidade
de Sél'lteadoJ'es Italianos, Hqllandezes, e,flespanhoes que
escapados. dos supplicios que mel'ecião pelos s~us crimes,
bU,scárão pil~sar impune]Ilentc huma ,'ida. licenciosa; a
doçura do cliD)a) e a fertilidade da tena que fUl'llecia to-
das as commodidades dilo vida, servirão de aug!nental' a
1
lma inclinação a toda a casta de vicioso Nãõ foi faci! a
unal de os reduzir, A sua Cidade he situada treze legoas
,ao mar, so~re hum eucaJ'pado..rochedo cercado de pl'eci-
picios, l1ão se pó!Ie grimpal' senjio pOl' 4ulQa v,ereda es-
treita"oode hmp. puo!lado. de gente ret,érp hum ~ero­
sQ exerci~Q" l'\~;ãp. debaixo da montanha alg~lmas ppvoa-
(;ões cheias de mercadores, Belos quaes se faz o co~m~r­
cio. Esta feliz situação os entretem no amor úa Indepcn-
dencia, e por isso não obedecem ás leis, e ás determina-
ções emitddas do Trono POl'tuguez, se não e'm'quanto se
conformão com os seus:interesses: só.em urgente pred-
sãp reCOl'l'cm 4 protec,çjiQ d.o Rei., Taes salteadores sem
fé. nem lei" q?e.l~enbuma, a!1toridade os nócle conteI:, se
lanç~o cQmq hUp!a torrente, h'e~bordada sobr~ todas ali
tel'l'~s dos.lndios, que á excepção das frexas não tem que
Óp'~ÓI·. contra ~~ suas mosq~1Ctarias, lhe fazem ffaca I'e-
sistencia; tomão huma infinidade desses dêsgraçados para
serem reduzidos a dmo- capt-iveiro, Julga-se que llm 150
. ....
annos destruirão e fiZt:I',IO escravos dous milhões de,Indi08,
". .

I,
DO RIO DE JANEIRO. 35

Ue verdade que alJl1cinados pelos Hespanhoes,


que lhes intimavão que não faltavão ao seu ~ever

despovoando mais de mil legoas do paiz ~té o Rio das


Amazonas, O tel'rOl' que inspirárão a·esses povos os fize'-
rão mais selvagens do que erão, que os forçárão a 'se oc-
'~ul!aTem nas cavidades e nos cumes das montanbas, e
a se dispersarem por toda a parte nos embl'enllados bos-
ques, Que os l\Iamélus vendo que por esta dispel'são lhe
escapava a preza recorrérão a homa intriga ~iabolica que
lhes foi proficua, disfarçados trei em missionarios, que
attrahu'ão a huma mullidão de Iudios, e por ,pequenos
. presentes ganb.trão a sua confiança, e a elles pel'suadirão
deixassem o miseravelrel~ro pal'a se juntarem a outro»
povos p.ara formar com eIles numerosa população, para
ficare.Jl1 em segurança, pelo que eonsegui:rão ajunta-los
.em grande numero" elltretendo-se até chegarem as suas
,1:1'opas, com as quaes cahirão sobrê esses mise.'aveis, os
qu~es vencid,os forao carregados de -ferr<ls, e con duzidos
para as suas Colonias, tendo em cinco annos apanhado
.roais de h'ezentos mil Indios, que a maior parte pere-
,cêrão de mis~ria e de h'abalho nas minas, e na roteação
_das tenas, Ahida que parece inexacta semelhante rela-
ção" be com tudo cel'to que- Filippe II em Carta Re-
,gia de 10 d~ Setembro de 1611, a supplica dos POVO!
.d.9 Sul, communicou á Camara de S.. Paulo haver re-
vogadQ' atei. 4e 59. de Julho de 1600 como consla a
fi, 113 do Li,vro respectivo do Registo, a lei da liberda-
de dos Inl;1ios, cuja dispersão foi tão grande, que P01'
Carla Regia de 5D .de Abril de 16,5, a fi, IG do re>.-
.~ectivo ,l!iyro <4 me!ma Camara de S. Paulo, consta
lo' . 5 ••
ANNAES

o reconhecerem huni Prit;lcipe que não conhe..


çião, nem havião jurado obediencia;. qtte tinhão.
milhares de'l'odios administranos. e es~avos' com
q~le. po<,lião le·vmtar, exercitas formidaveis de mui-
tos mi! coinb,tlentes ; q·ne S. Paulo era defensa~el
pela mesma natureza, porque sóment~ para os
portos d.Q mar restava a má estrada de Paranaa-
piacaba, qU(l á pedrada deslruirião os maiore,s
exercilos. 'Iaes ra.zães seduzirão por moment9
í,los Paulistas., que ajuntando-se hum grande.nu1'"
mero de pessoas de todas aI: das~es, acc1amárão
1)01' seu Rei a Amador Bueno, ~ste po.rém detes-
t:ando tãQ_ aQominaveis.vozes, cor:re'l\ com a,esl)a-

que se mandál'a informar á vista dl' lllim papel sobre


a dispersão das quatro Aldêas. ~illheiJ:o, nal'Uel'Í, S.
Miguel, e Conceição dos Garulhos, levados pelos pal'li-
distas que os· ca~avão com- seus cscravos, que passãvã'o
de sessenta mil habitantes, que. tôdos desapparel.'êl·ão.
Era objecto dos, perdões g6raes a· entrada· nos Sertõcs
contra os Judios, prohibi-da esta por bandos do· Gover-
nador Geral em 1·2 de Outubro de loq4 fazel'e;n novas
povoações. O espirito de Jlldependencia foi· tão l!'ans-
cClldente nessa Provincia', que os Ta,malhurgos della
José nonifacio e seus Irmãos forão os chefes da execu-
ção do Projecto da mudança do Governo, pela aecla-
maçao da Constituição que em P-orlJ:lgal' se' havia esta-
·beltcido. O ~lal'quez de Pombal em Qfficio ao Governa
'de S. Paulo no tempo do. seu Minislerio, proliibia que
se applicassem os. Pa,ulistali ás; scien:ciasJ e ate mesmo ás
escolas menores.
DO mo DE J). NEIRO.

da nua na mão bradando: Viva El-Rci D. João


IV 110SS0 Rei e Seilhor, prlo qlia] darei a vida,
e se di~igio ao Mosteiro ~e S. Bento, fechou
rapidamente as suas portas. Tanto podia então 'o
resp('ito dos Religiosos, que nüo temendo o ioslil·
to do PO\!O amotinauo, descêrão ú portada com
o seu Ahbade, o qual fallando ao povo com pã-
lavras de doçura, lhes explicou de huma maneira
tiio eríergica o direito h'l'evogavel do Senhor Rei
D. João IV ao Tl'ono, depois'da marte do Cal'dchI
Rei D. Henrique, que de repen te sufrocando' o
seu frenezim, e arrependimento do erro em 'que
cahirão, acclamáriio soleolt'lemente o Senhol' Rei
D. João- IV, que mandál'üo á C61'te os- Paulistas
Luiz da Gosta Cabra J, c B'allhazal' de Borba Gato a
cumprimetltarema Sua Magestade; foi agl~adecido
por EJ-Rei satisfeito-- toua a obediencia que lhe
prcstár..io·, com a união dos viva§ de todo o Brazil,
pela sua instnlIaçáo ao Tl'ono Lusitano, pela Ca'r-
ta Regia de 24 d~ Setembro de 16.'13 (1).

§ 2!~.

A vCl'dac1.e daquelle faclo vem relatada na: Pa-


tente que passou Artur ue Sá c Menezes a 3 de
M.. rço de 1700 a ManoeI TI nono da Fonsec~:(2)

(1) Livt'o óe Registo uo Archivo de S. PauTo llumeÍ'o


3° lilulo 16:'6 pag, 13 v.
'(2) Archi'l'O de· S. Vicente Livro de RGgisto de 16!.6
pago 125.
58 ANNAES

que dizia assim :-.:.« E quando ..não 'bastavão estes


([ serviços era merecedor de' grandes cargos por
I ser neto de Amador Bueno, que sendo chamado
« pelo povo para o acclamarem Rei, obrando
([ como leal e verdadeiro vassalo com evidente pe-
I rigo da sna vida clamou dizendo: que vivesse
« EI-Rei D. João IV, seu Rei e Senhor, e que pela
cc' fidelidade que deyia de vassalo, queria morrer

« nesta defensa, e respeitando cm tão louvavel


I vassalo, digno de grande remuneração t Hei por
u bem nomear Capitão e Governador da Com-

l( panhia dos Officiaes de guerra reformados. li


'~quella Patente foi cOJ?firmada pelQ l\ei ,D. Pe~
dro II a 23 de Novembro de 1701, contendo
es tas honrosas expressões: «E ultimamente por
n ser neto de Amador Bueno, leal e verdeiro vas·

« saIo da mipha Coroa. » E El-Rei D. João V na


_Mercê que lhe fez do habito de Christo dizia;
~ por ser neto do meu muito hOlttadQ e leal vas·
« saIo Amador B~leno (1). "

Ás festivas exultações de prazer pela elevação


do legitimo oberano ao Trono, se succedêrão no-
a calamidades. tendo os Portuguezes de susten·
tal' a sua liberdade não so contra os Hespanhoes,

(I) Archivo da Camar'l de S. P&ulo, Livro de Registo


de J;:O pago 15 v.
no RIO DE JANEIRO. 39
mastnmbem contra os inimigos daqllella potencia":
tão prodigioso he porém o elemento> da liberdade,
que inspirou sentimentos nobres. e de energia ao
povo que o queria' ser contl'a forças que pare-
cião insuperaveis. Portugal e o Branl fizerào na-
qtlella época os mais heroicos sacrifici.os, pOl,'
qnererem segurar a Corôa na cabeça de El-Rei
D. João IV, e restabelecer o seu Governo em todos
os pontos de seus dominios, governados até então
por Fi)jpp~ IV.

Os Hollaudezes dirigirão immediatamente as


·suas forças para invad~rem o Reino dé Angola, e
o fizerãa em 2{~ de Agosto de 1'641 :_ e quem acre-
ditará que o povo do Rio de Janeiro s~m com-
mercio e selJL agricultura se ostentasse tão gene-
rosamente superior ás suas circunstancias, que
~penas chegava do Reino o seu Governador Salva-
dor.Conrêa, para retomar dos inimigos aquella im-
portante Colonia do Reino de Angola, pagasse
immediatamente ciloze mil cruzados, e avanços
ql1e a Esquadra havia tomado por emprestimo aos
Negociantes, aprompt1},sse e desse ll1l.miçàes de
guerra, e organisasse tl'ei Compa.nhias de Infan-
teria regiuientada e. paga pelo povo, que segui-
I1:"io e acompa-nhflrão ·ao General para aquelle nei·
no. Subsidio aqpelle , que foi tào util, que nã9
importou ·meno~ que a gloria da recuperação ·do
;40 ÁNNAES

Reino de Angola, em 12 de Maio de 16!~8, com o


limitado Corpo de oito centos soldado '. deixando
eternisada a gloria do' seu nome Sahadõr Corrêa,
naque"Ile Reino , pela branIra dos seus soldados,
e SOCCOl'ros qne 'obteve dos Cidadãos do Rio de.
JafÍ~iro ;' e foi então~ qt.le se i'etirou para, o Reino.

§ 27;

O Marquez de Montal"üo, o primeiro Vice, Rei


do Estado que "eio ao Brazi!, conhecendo quanto
importante era munir com toda a autoridade a
bum Governador encarregado de~gocios de hu-
I ma magnitude ,inc~omparavel, havia dirigido em
9 de Março 'de 16.4.1' a Salvador Corrêa os atoplos
l)oderes, que ómstavãü ,da Patente .qne se trans-
treve para o conhecimento' destes Annaes: « D.
c( Jorge Mascarenhas, C~nde de Castello Novo,

~« Marq\~ez de Montalvão, do Con,selho de Sua


(J Magcstadc ~ Vice Rei e Capitão Gen.eraL de Mal;
'cc e Terra do Estado do llrazil, Emplieza e Res·

'II tauráção de Pel'ptm:íbu€o: por quanto, por


'. particular informação me co~sta que nas' Ca-
'I(' 'pitánias 'do Sul' se comméttem insultos e casos
.« atrozes, que necessitão' de c<)stigo exemplar

'u executivo, para escai'menro de outros'; e se não'


ce podesse fazer 1)01' falta de'jnrisdicç,<lo, c.que
;( outro siril he tão limi'tada a do Capitão Mór e
'II Governador do 11io de Jancil'p, que 001 muitas
I .

a. do serviço de Sua Mag'estade por falfa delta ,


DO RIO DE JANEIRO•

• :nao 'se obra como convem ao dito 'serviço , as-


«I sim nos da sua Real Fazenda, como nas da J us-

~ ti a, e Sua Magestade·foi servido de fazer Mercê


a a Salvador rCorrêa de Sá e Bena:vides , -por ou-
.(l 1ros serviços, que lhe havia feito do cargo de
li Capitão e Governador da Capitania do Rio de

'(e Janeiro, concedendo-lhe que llsasse de todos 'os

a poderes, e jurisdicção, e alçada 'que tiverão ; e'


,,·de que usárão os Capitães M.ores e Governa-
a dores daquel1a Capitania, seus 'antecessores, as-

li sim concedidos pelo dito Senhor, como pelos


tr Governadores deste Estado, COl~O tudo 'consta

([ da Provisão-que do dito cargo se lhe passou; e


a novamente o dito Senhor foi servido de lhe
li conceder que usasse dos P?deres que naqndla

([ repartição do Sul teve com o cargo de Gover-.


li nador deHa, o Govemador D. Francisco de
~ Souza, e os com que foi Governador da dita re-
I{ 'partição Antonio Salema; e outro 'Sim lhe fez
li mercê de que gozasse o soldo de Mestre de
a Campo, e que tivesse a administração d:ls Mi-
« Das de S. Paulo, como a' teve Salvador'Corrêa
I' de Sá, seu Avô; e ultimamente o Conde da
a Torre', General deste Estado, 'lhe concedeu os
II -seus poderes na dita Capitania do Rio de Janei-

« 1·0, e na de S. Paulo, que tudp consta por

li Carta de Sua Magestade, e Provisão do dito Se-

a nhor. E porque nellas se pódc offerecer <?utras


a 'prodncçóes, assim em prejuizo ·d0 intento de
TOMO 11. 6
4. ~NqS
li §~ll J\I~gcs~ade, CptUe> qq el.l ~ 9-lsel'vÍço:; ha..
f! v.er dq r· C'üq ~ OJIl,pJ S qqe t? dito. Capitão
\l. M6r Ce> 'crnador Sal. adpr GQI'llê~ de. Sâ e Ee,.
<i Ue1yides ~em fl}i.tO na d'\ C&~itania, e outro
<J. sim, lhliJ: cs~ú, fl,z~t1.do, assim n,o augmento da
q Real Fc zenda, coa 0 nog SQp,cO:f\t'(js, d51 imp.or."
q. tancil:\ de. mal1tim J;i:tos em fé~Ç~l1;lld, e gelJ..te. de
~ gller,ra ~ cow qu,e l~a SOCCQITÜ;\O esté\ Praça da
l{ B,<;\hi.a coro mllitoi gasto. ~a sua fazenda; e nas
(l, fortificações; ql1;e no dito; Rio. ha o,!;lI'uc1Q., qne.
<I tudo me c.ops,t~ ; e pel' s{\tis~aç~o. que t~nho, da
« sua pessoa,e q~wtllde>l o d~q~wf@;rel1carregado
((, do s~~'viçQ de Su.a M~e~tade , prooederá COlDo.
u, até agora;. e pélo pg-~~Q..d-9· IW~ prev;enir tudo o
u ql, ~ s~ pód~ 0J;feJj'~.ce.r nes-~a..s· CSlp.i~anias. du_ re..,.,
li pa(l(ti~ã9 f,lo ~~11, para !I1,l.e s~ o.b~e CO(l10, coo-o
~ v,eIP:: Ue' PQr bem".em·s~I'viço. t!,o,d1tl;) Senhor,
<I que pa d'l~ repa,rtlçã.Q d.o -Bule, e CapitClnias.
« c\elJ,a COU1; C>, tit"l)Ie. q.e .AJmiraDt~ da; dita rep.ar:ti-.
u ção.., u;s~ C, tO,ljl,b;~ o d~tº Go:v,erlil.adol: e C<;lpi~ü()
II Mó 5)phl~doF CQ r~f! de Sá. ~ BCl'lt~vides, d<:- to-o
(l d~s, Oj5, poderes, ~uFi!\dJ.p-ç~~ c :;lIç<,l,<{a ,. CQQ.1 <'{tJe
II l~ellfl ~9-k G()Veru~Cjl9F(D Fl\anci,sco d{3 Sp\uza , e
II d ma c' 'é\ q e Su·a ~~a~~~< ~e foi serv~dp «on-:
« cede-los ao· d(to' D... ~ 'a;np.:ipçq d,e SGL,..:ta:.~ Da:
u C('1e~~ , l;\zend~, «rJ'~SI~',ç~ '- ~ quel \he o~e4€-.
II çãpo e c01.l4 o dito c,\rg,o exeF<j3 e. gpze.do s,olpo,
(I dç Mestre d;c CaUlpo. '. de qp.e S.lk1 Mag,est~qe
~ 1 f~z Illercê, Olja venQesse- 0:ut,r9' ql[\~ ~ilJ}do
,
n& RIO bE ,) NEIRO. 45
no Pro'Verl ~ Cig Fá t1iHi Setthot', dã
ól a d
a Capitania do Rio de Janeiro, Uíe t ç' agar.,
u sem duvida ncin eIDbara~ alguID, e a todos os
u Officiaes de Justiça e Gnerra, ou Fazenda, o
a 'conheç~o , respéitem .e obedeção CÓlTI,O tal l-

a mÍr:ltite ê Gové~nádl:lr da dita l'éi)aTtiçáo , 'e ou-


a tI'O s.im Admiuistradoi' -dits Mirtas de 8, PlilHó;
I{ como foi seu Avô Salvad'ul< Gi> rei! de Sá ; de
.1{ que Sua Magestade lhe fez lfiêrcê, por Cá 'ta snã,

a pelo q le convem ao sen .R.êâ'1s~ 'içó" 'tHW evi1:ál.'


a íntcrpretação'; Hei pl}·r estã .'f>ói é'OhfiNlfacta ,
« firme, e yaliosa , mro gozahdo poréID tl\ft~o ói:-
Çl denado, màis que só o assigDérdó; e senno' I1<rocs.:.

« sado, outro sim ~ paTa máfteria's du serVl~fi 'dé


II Sua Magestade que se pode'm offtJtec\:lt, e

« não padem@S' da:qui preveni "lhe, ~bIlc'i:llÍb em


« nome dó dito -Se hor', é p-ellJs poderes ã nós
a concedidos, que lle nec-essitalIdo d lltlfis puJO
.u deres que os' que eíb virtrrde desta lhe Irei por

« cúncedidós, com os dó dito Governador D. Fra ...


l( aisco de SOUZá, use dos ,no só:; e a nós cóhoe.w

ir didós por Sua Magestade, para que (f ditC1 Se-


a nhor na dita repartição seja s-érviito, càmo too-
II vem, o quê não ficarádeexempla p!fl:'a nanhum

a o~tro Governatlpr; e estã s'i:l tegi~'rat'â i1Óg li.


li vros a qne tocar, na foroia' costún1lÍd:à , ~ 'se

II guardará e cumprirá Goma nellas se eontém,

ff sem"duvU1'J nem embQj'go ãlgi.1th. ]}aà:ã na Eh·

1\ hia, sob o meu sinal, e sello das minl1 S ~-


• 6 **
44 A. NAES.

« mas, :l 9. de Março ue 16!~ I. -::0 Marqnez de.


li MontaI vão. - »
L,

AS'grandes desavenças qne tiver50 lugar em S.


Paulo com os Camal'gos ,. onde .duas famílias en u
gro-sárão portidos mui ruinosos para se baterem,
íorãp. todavia. levados a coneOl'dia em 165[~ ; as
l'ivalidaues das Tanbatenos ,_ Peritaninganos, e
dos Europeos cQm os Paulistas, na-quelles tf!m-
pos', aggravavão a somma dos:males que se pade..
cia. As h'opas vivendo devassadamente CatlSavão
_ tantas inquietações, que aCamara dlrigio ao Go~
" vernador'u seguinte Regçesentação: «Os OiliciaeS"
« da Camara (I) como' por seus cargos são obri~
(' gados a zelar os bens e quietação deste povo,
« e em::.tudo o qne lhes 'Gouber acudir aos dis-
«( commodos q:ue em grande se padecem nesta

( Cidade, reqnerem a V" Senhoria da parte de


« Deos e de Sua Magestade, como Capitão Mór
« e Governador deHa, a cuja.obrigaçãe -se conce·
II de- o mesmo que importa a conservação do ser~

«•. viço de Deos edeE~-Rei,.acuàa e dêremedio aos


« daronos oom que este povo se acha inquieto,
« pelas dissolncões-, tão depravadas com qne ora:
Ct. se queixão dos soldados, que de.dia e de noite

(1) L~vl'o de Vel'canças da Camal'a do Ri(} de 164..


p'ag. 24·

...
no RIO DE JANEIRO • 45
• an~lão usando de maleficios, e solturas dema-
(I siadas ; e querendo as Justiças de Sua Mages-
• tade acudir com assistencia dos seus Officiaes "
II lhes não obedccem, ~el~1 ~plardão o devido res-

a peito, mais antes se desacommod-50 com pala-

l! vras mui altivas, como homens que desconhe~

« cem serem vassallos de Sua Magestaue, nem tão


(I ponco podem ~s Justiças de Sua Magestade car-
Il rerem esta Cidade, por cuja causa deixão de-

II usar dos sens Regimentos, e o que pelas Leis

« se lhcs Ol'den<l. , e opprimidos c esmagados de

« tanta força, dch:io dc' cumprir o que impor-

« ta ao bem deste povo', que todo esth tão es-


«' canclalisado pelo procedimento dos oldados,

li' como pelas mesmas cansas .n50 quererem os

II moradores apparecercm, nem assistirem nesta

II Cidade, ausentan~b-se della,' em maneira que

« por esta cansa podem fazer falta, succedendo


II (o que Deos não queira) intentarem os inimi-

« gos esta Praça, com cuja presença os filhos e


Cl moradores desta terra se ausentárão,. pois ha

« prevenção certa contra o inimigo, e não obs-


Ct tante isto, senão aindn por esse caminho, fican~

II do'u Cidade deserta, entrárão com mais liber-

a- dade os soldados usar de maldades, aggravando


IX' a todos, fazendo mortandade, sem castigo ne~

(t nhum, sendo tal a dp.pravação, que ca usou o

1<' desamparo da Cidade, occupando-se os solda~­

110' dos a serem taberneiros ,. e carniceiros venden~-


46 ANNAES

a do carne por excessivos preços nos açougues,


a no que s'e tirannisa a este povo, sendo de mais
a importancia O assistirem nos Fortes to! Fortalezas

('( desta Cidade que não têem gente necessaria (3


« apparelhada a hum mão sllccesso; porestacausa
a mormente, e por se ver ha tem pa andar esta
u -oosta táo infestada dos inimigos que oostamão

11 cOI'I;er p.stas barras; e não somehte andão os

a dit-os' !)oldados fa'Zendo O mal qllé sente este po-


(I VO, mas ainda os que com· cltes vão pásseando

Cl de noite nesta CidadP-, sendo delinquentes, sem

a peqneno temOl' dl:Deos e das j u.sti~'ls, e seacom·

11 panbão destes sold.ado· o qtle querem arguir


a pretenç<.1o, como se tem visto, pelo qUe de or-
a dinariu succede. Com tudo requel'emos ~ V. S.
a. da parte·de Sua Magestade, impi?a ao Sargento
a Mór e mais .Ca.pitües do Presidio, que não usem
q de prep{~tenoillS, -neu) mandem prender pessoa

a' al:;nrna que 1.le da· i llf,jsdioçúQ U-ea,l , por quanto

« • ua :M:agestade .nãe q 11er nem permitte que se op·


II 1>l'irn<.1o nem vexem seus vassallos, as pe!!!soa~

« que para i:lSO nüo ttmhão'poder, o qual 89mente


II se toncede ~s j llstiças do ditQ Senhoi" man-

a dando que se náo embaracem OQW as jll;ltiçasf


II pela maneira que GOÓt5t-u· das Senléncas e Car- .

q' tas 'de Sua M<lgestàde; e d'Ç\ Jtelação d6ste Es...


<I tado que estão nesta- Gámara~ pel08·quaes· or-

C, -d~na· e manda se não consiritã ãinüar 6apitães

tI Mór.es e Go-Y0l',naduJ.~e5' desta- Oidnde -prellder-


no RIO" DE J.\NlnIto.

« pessoa alguma fora da oecasião da guerra, nem


a- iotromettcr-se nas materias . ele Justica,
, nem no
a Regimeuto della, quanto mais as pessoas iure-
a riores ao dito cargo. E outro sim requeremos
a a V. S'. ordene, e mande recolher de noite os
{{ soldados, para que teuhão lurrar as justiças de
{I Sua Magestade de poderem correr esta CtdClde,
(I e prenderem os homiziad,os, e instar por fazer
a descobrir todos os maleficios que se fazem, os

a' que eUes não podem instai', porque enco?tran-

a do-se com a j tls~iça os s,oldados. se fazem }.'on-


u da, e àeba~ro desta capa sllccedem os malefi-

«' cios Etue de ormnario se vêem, e que as ro~das.

{I qne forem o-rdenadas per V. S" levem Jnsttç-a l ,

ao. e aliás- opden.€l mandar pessoas que sail!>ão- usa},'


{I da-s oFdpus que V. S. lhes der. Lambem 1!az:e-
a mos saber 'il V. S., que (} povo se flueüwn a
(I esta eamam em como sahi:rãe fintadas epresas
u algumas pessoas em- eOfl<:ieml'l·acó'es para as rOl'-
u- ti-fiêações, e q:.ue is,to fê·pa por erdelll' dos Offt-.
« ciaes passados..,. desta Gamara, e-que r>0P 01'·
u· dem de V. S. se AZei'ão estas cobra·ocas. p~wq,ue
(I se deve ordenar ao ESCl'ivão da Reeeita sat!isfaea
<l o· que reeeheu~ pelà quei-xa. deste pove-, e q-ne

« -,t:udo req:ueremos a V. S. da pnrte de Su"a M!a-


a· gestade, e- pedimos-da· nossa em 'Ilei'eê acuda a .
~ reft}~p-estas cousas ,. como espel'am~8 p.ela ~l1a
« grandeza e generosidade; e quandre· não 1'pat-a-
u ..l'eI11QS' de lm'gm' Çl' UJ1' /'U e'g()Y81'fW della·" llela.
ANNAES

'G vio!encia que se 110S faz, e nüo podemos u.'Gr (1~


fl governo della.seI1t se nns impulllr ClIlpa alguma,
ft avisando a Sua Mageslade com este l'equerimfl1l0,
c 8 mais papeis que (orem- necessarios. --J':rancis-
Il co·Barreto.~Eliodoro Ebano.-Diogo Davilla
Il de Bitancur. -J ão Corrêa ela Silva,. - Diogo
u Pereir<.\ da Lamba. "

.Parecia inacredit~vel qne empenhando-se o


Governador em gnnbar por tantas grandes acções
a estima da opinião publica, consentisse a il!disci-
plina da tropa.• e não fizesse embaraçar a conti-
nuaçã@ de tnes baixezas e·crimes? O nobre oOleio
dos soldados he defender com a perda da vida a
segurança dos habit."lntes e do Estado a quem
servem, e não podem ,ter outro honesto empreg.o,
p.ois o ther..m:ometN bem conhecido do bom ou
máo Estado de hum povo, he saber como vivem
os soldados" se sJo ;bem .pÇl.gos, bem v.estidos e
aümentados" e se têem boa ,disci·pllna e boa con-
ducta, porque estes só devem fazer ÇlS funcções do
sell officio, guiados pela honra e dever ao serviço
da Patria .~qode residem, se elles não são forma-
dos no habito dos exercicios gueneiros, e d@s
se.ntim~ntos no.bres que inspirão as virtudes, !ião
corpos perigosos e inimigos dos seus concidadãos,
inhabeis para qs fins a que forão regimentados,
ppra d.efen~er:em ao SQberano, á Patria, e ap,S Cid~.
. ,-
\ DO nIO DE JA NEIRO. 4·9 '
dàos, tlespl'ezando todos os perigos e a vida, at-'
tento' unicamente á voz ele quem os mandà: só'
as almas honestas podem seguir as bandeiras da.
honm, e prosegmrem .C@ITI enthusias~10 a travez
de todos os perio-os_; al.ias irúõ çeifar os campos
dós' virhlOsos Cidadão.s qu'e ~cárão alagados ao
sangue do innocente, que espargirão os malfeito-
res quando o deviáo defender, tórnaÍldó':se por
isso em bl'avos 'fratl'icidas, . e ó' de~prez~,
. vt:;~gó-
, ,
Ilha, opprobrio, e infarrtia dos seus chefes,!

'Á. Garta Regia de ~6 oe Juhho de,~64.1 (I) re-'


mediou em p-ar~e o~Jllstm) queixumes dos l~~~~s:,'
poisse ordenou o s~gúínte:- « S,alvador C~rr:.~éHle
a Sá e Benavides'. Eu El-Hei .vos envio .muito- .. sau- ~.-

a dar. Vi o que me r~presentastes em ra~o pe.


a alguns insullos que.se commettião, nessa Prn.ç~,
a e falta ae castigo illle n~I1es havião. E parec~~-, .~,
(l me estranhar-vos muito proceder-se nessal'(qr-
c ma; e assim vou dizer-vos, que sendo-vos c<;m-

«( cedidos poderes bastantes, a vós e aos C~pitães


a V05S0S antecessores, c D. Francisco de SQlga,
«( e A.ntonio Salema, dos quacs haveis de usar,
(J devereis tratar com tQdo o' c úidado da satisfação
II da j q.stiça, e das pUl'tes o~endidas. E lleêta

(I) Livro gO de Ordens Reaesdo Archivo do Riopag. 244. '


TOMO II. . 7
!'i o .t~NAES

" conformidade Hei por bem, e Mando q~e o fa-


o çais. Escrita em Lisboa a 26 de Jll~ho de-l 64I.D
REI.
·S 3,1"
\ , )

,
observancia daql1ella Real determinacão"
'fim( f \ .J • l ( I .3 •

!e presto II .entio Io Governa«;lor a re,{)rimir


~ ' -
os es- J \

c.andalos, e a c~nter elJjl.reg~Ia.r. di,scipHna',Çl trpp.<h


da guarnição. A..Cá~ar':l, a qúem faltavão as lu~
z~s de eéonomia pqlitica, c~nduzida,.por princi-.
pios i}liberaes _da metropole, taxou o pesõ do pão
a dezeseis oncas, a farinha .de mandioca chamada,
e
de guerra, a trezentos sessenta réis por alqueire,
e que a maior preço. não subisse, debaixo ..da_pe,na
de -seis mil r~is' pago~ na, cadp-a" o .qul1 vendessp,
por maior preço; .esta pI;oviüenci~ fómentava. o.
d~scorç9amen..to ,daqu.e.lla .Iavollrl,!,., confir.mand~
a' experiencia q~le na 'illimitada libel'dade, e favor
dàdo á agl'icultura, ~obreveql a esc\lssez, ,ou abun.,
d'ancia daquelle gcnero, pois que a natur,eza tem
ID?SmO re{?nladq o seu,alto ou baixo preço,.o inte-
r~sse he quem conduz ~os agricll !tores de com ma is.
afl"Q:c.o se empregarem na sna labqrio~a tarefa, em-
pregan.;io nella industri<;l e economia rural que as
circunstancias reclamão.

Como Alcaide M.ór, a Camara trans~gio nesse.


tetnpO o aforam.~nto .do terre.no em que foi ediij-
DO RIO DE .JANElR6.

flado O Trapiche da Cidade (1) , para se consh'uir ,


, ..huma tercena. aonde se pllZ Bse á venda publica /1
;a carne dos bois, levantando-se aelle .tamb~~ ba- Y
lança e peso geral para as caixas de assucar " coO}
acondicão de se fazer ali na mesma tercena hu,ma
:) , ~ .
casa e paço com Slla varanda para ,açougue, ten-
do ndla os Offkiaes da 'Camara, a inspecção do
seu regimento, creando-se qutro sim a balança e
peso geral. das cai~as de assncar., pagando-se de
cada caixa o propl'ietario quarenta réis de a reco-
:lher naquella tercena: e qne pela casa 9-e açou-
gue, e pela da balança se pagaria de afoJ'amento
a:nnuàl vinte'lui" réis' aós'quúteis, com decláraçã~
que a ninguem fosse licito pesar as caixas de assu':'
car" nem ter bahnça senãó 'o Alcaide Mór Sal-
vador Corrêa, debai-xo da pena ue seis mil réis ..
applicados huma parté ao accu ador, bum~ para
o Conselho e outra para o Alcaide Mór, ficando
obrigadá a Camara a concêf'tar o·açougue e ter-
cena sem contradi~\ão', tendo o Alcaide Mór pes-
soa de confiança para assistir ao peso e açougue,
edificando hnma varanda em hfgar conveniente
nella aonde iDe pesasse a carne, cuja 'Casa seria sepa-
rada e fechada, para se recolher a carne que devia
cortar-se? havendo além desta outra casa para
:tesidenci~ daquelle que bavia tomarcO'nta do.peso;
'-q\le duraria outro sim o aforamento dez e nove
~2 kNN!E~
'àD06g, páSsádos os Cl[Uae& âcal'ru então a Glllnai'à
eom a casa, sem opposiç:'lo do Alcaide :Mór, dcs--
'€6nfàE1í~lí0"se n@ a-rFendamel'l'fa () v31m' do açôugue~
º d'('PÓIS se' 'fê'G.Hzio o mes-m& ~f(}ramento em per-
'1)~hl'(» f.l!teÜi Ím pal'u si é sens herdeiros (}), com
~ueUe monopolio de direito exclusivo'foi estahe- .
}@citfo· (I) 'p'liÍ,meiro Trapíehe das caixas de aSSl1car,
gáàh1undo-se além disso no contracto do perpetuo
~t~ téQSlm, em prejuizo das.rendas da' Can:tara.
-'
,
,
. ' § 33.
( ,
r - Debãixo da-qüelles principios illiberaqs se pro~
hibi9 aos pescadores venderem o peixe no mar.,
dehaixo da pe~a. do per~mento delle (2) , seis mil
réis de (;ondeQ-mação, e trinta dias de cadêa; pois
que somente deverião faze-lo, para expo-Io á ven-
da na praia ~e N. SeQ-hora do CarmQ, até á port.a
do Governador, impondo-se áquelle qn(~ impedis-
se a Ji>cscaria a muleta de duzentos cruzados. Por
çansa do enlbelIecimento da Cidade, se ordenou
fosse arrasado o curral (3) do gado na carioca "
aonde se ia buscar a agua para desalterar a sede
do publico, e que os moradores calçassem as snas
!estadas dentro cm trinta dias, com pena de dous
mil réis para o accusador e o Gonselho; e que se

(1) Dito Livro e Archivo ~'ag. 12.


- (2) Dito Livro pag 15. .•
(5) Diti> -Liv '0' pago J g.
DO RIO DE JANEIRO.

não permittissem ni1 Cidade os negl'os apanhados


nos quilombos, papa n<{Q ÍntlodllziP€lm a sua mil
indolc e fereza aos que vivião nella, pai: isso que
era de terriveis consequencias, cm razüo de os im-
pelJir igualmente á fuga para os quilombos. Pro-
hibio-se com j usta ~azão o abarcamento dos man-
timenLos
,-
para se revendei'em ao povo, e mui
sabiamente ordenou-se o n<.lo desembarcarem os
negros vindos de Afdca para o seio da ,Cidade,
mn~ que fossem alojados em huma Casa destinada
J1O,S snblll'bios para 'venda delles, por não iofeecio...

nar o paiz, assim do esc9rbuto como 'de outras


moleslias epidemicas (I).

i
As rendas do Conselho

er50 de tão pouca mon-
ta 'que a aferição se arremaLava por dezoito' mil
réis, e a chamada do Ver, em que hmm particn1ar
orrêmatava as condemnaçõe~ da Camara;por oiten~
ta mil réis. Para augmentar os reditos della se
ordenou pagarem as quitandeiras hnm foro oe
oitent,a réis (2) , cuja impósição não foi approvada
pelo Ouvidor da Comarca Diogo de Sá, o qual fez
despéjar aos que moravão no rio da Carioca, e
ordenou que de outeiro a outeiro se levantassem
hicas que le\'assem as aguas para as fontes da
, -
li) Dito Lino p1tg:'-20 a 22 v.
(2) Dito Livr01>ag>. 25t: 18 v.
5'4 ANNAES

Cidade, e serv.isse·igualrnente para a lavagem da


roupa: prohibio porém pela ignorancia dos prin-
cipios liberaes, o poder-se vender pelas r nas , ca-
sas, e portas, ordenou que fossem independentes
os pastos; ervagens, c lenhas do Conselho .para
uso commum do ,povo.

o Governador Beral da Bahia Antonio'Tellcs da


Silva, parecendo-lhe não convir o liSO dos poderes
concedidos a Salvador Corrêa de Sá', persuadido
de que -commettêra.algumas faltas que nodoavão
a grande estima jJublica .que havia grangeado 'tão
dignamente, ordenou ao Provedo~' MoI' (I): Iode
tirar humáexacta informação dos reditos ·Reaes, _
qnnes os ap,plicados para a gUCl~a, fortificações
Çla Cidade ,e presidios.,, Ae por que or.dem se paga-
vão e se despendião.; , '2 que sgldados havião,
0

que soldqs vencião, assim os das Milicias, como


os. ma.is qve servião offieios da Republica, tanto
para fazer presente a El-.Rei, como para ordenar.
o que lhe parecesse convepie/l.!.c ao 1\6al Servico ;
3 0 quantos Capitães ha v,iã~ l' por: quem erélo .pr.o-
vidos, qual o numerO dos soldados" se de cem,
como era manc1Çldo 'PQl' S~la' Magestade haver em
çada Companbia, e se cr50 pro:vidos Ca,pitães de
passagem, tomando-se fiador aos .proprietarios"

,( 1) Livro ,9. o de Orden,s Reaes 'pag. ,250.


DO RIO DE' JANEIRO. 55
e!se se provia as raés serventias em pessoas a quelú. '.
não era licito faze-lo; e bem assim se se asseJ'ltavão
praças fabtasticas e mortas, fazendo.:.se despezas
superfluas á Fazenoa Real;. 4° se sé arrecadavão',
os .dizimos, e diúma de Alfandega e €hancellaria c,

terças do Conselho " direitas dos ünhos que en-


travão na Cidade e Ilhas, ás imposições, donatí-
vos, os oitenta.·r.éis das ca.ixas de a~Sl1car qne cal'-
regavão os Mestres para o Reino; assim como dos
escl;a.v~s de Angola que viuhãO' e aD diante chegas-o
sem;..os quintos de ou.ro .da Ca1Jitania do Espirito·
Santo, os dir.eitos da entrada e sahida ,do's navios
<tue vinhão e'seguião d@ Rio da Prata, e dos es-
cravos que para lá se en\'iavão; 5° que tomadias'
ti.1ilhão havido de navios', sequestros, embargos
de fazendas dos Castelhanos, em quanto monta-
vão, e a quem. carrega vão , assim como as cobran-
ças que a, seu cargo havia trazido o Capitão Pedro
de Souza Pereir~, Provedor qlle foi de fazenda, e'
se cumpria as ordens. que trouxera, assim na co·
bvança, como nos empregos dos mantimento que
tinha obrigação de fazer para a Cidade da Bahia ;
6 9 que novos direitos se tinhão imposto sobre cada
, cabeça de escravo de An6'0la, com qne orde~ e
para que fiin se :applicav~\o, e se havião alguns
ontros donativos promettidos, contribuiçôes, imo
Rosiçãcs, éondemnaçães do povo; 7° quanto se
despendia.cada anno com a gente de guerra, eem
qJ~e. forma, e por que ordem·, e que soldados
56 Al'lNAES

se pagavão, e por que Orde1l1 se faziá.a despeza'


ordi·earia dos ordebados dos Ministrol! iEocies>ias-
ticos e S'ecldarf's;' ~~ quem tomava colIta an Al;-
moxari.fe da Capitania" porque a m:iiit@s anllos ~.
não davão MS -eont05 ela Capitania do Estado',
occllltapdo com .isto a cla~eza que -dcV'ia ter o
Provedor M(H' d::l .Fazenda. Cantuc:l<!rr Geral. ce
mais Ministros ddla, e de ltfdo qllé.tnlo l'errdia, e
despendia a Real Fàzel'1da, com grtlBde d/nono-
seu-, edo Governo deUa; _~o por que tnanoira se.
arreàda vão OS dizimos, a q nom, wpor quanto, e
com que onlein, por não constar do 'seu Tedito., ,
e a manflira por qlte ge cobrava,; '10· que reql1e~
. resse ao Capitão e Go-vernador fizesse refüllma do.s
CapiLiies do Presidio, para não ficar senão 'OS-
que fossem mais an I:igos e necessarios,. eonforme
1

o u~uflero que bonvcs-8'e de 'soldados , ficando cada


Comp-anbhl cnín cem, e qlle de-outra [oEma não
conséuLia 'qne se lhes assentasse ou pagasse sol-
do, com 'a-pena de.pagar da sua f'8zenda ,elde se
não levar em d speza ao Almoxarife,' como' ftam-
bem-se-ltre não levaria cousa alguma seriãoLp@r
foiha assignada I por' eUe- Governádor' Geral e'Vice-
Rei', c com vista ao· Provédor· lVMr da :razemIla,
sendo' obrigado os Provederes depois de treSan'116S
de serventia 'a dllrerp as' snas contas, nos :oon10s
da Cidade da Bahia " mis prímciras"e~nbarcaçóes;
náo obstante aUegarhaveJlas dadolIla Capitani3 1dd
Rio çle Janeiro, por 'nãO' o. poder·fazer.conforme-
DO ll.I0 Tim :U..NElItO. 57
OJregimento, 'send0 remettidos pr~sos, ~ exeQltla...,
~os os fiadores se não \'iessem nQvameflte da-Ias-;,
11 fioaJmente, que nã(í) bo.uveSSCt:ll, Ca~itães de.
0

passagem, nem de tramoia, pro~idog.l~el Céllpit~Q


MóI' G0v.ernador do Rio de Jaaeir<Q, pelEi líl.áo p~
ciler féVl:el1., e nii,(') se assentass.em s@.}dOB €te C~~it~.o,-"
selJlã@ aos. por elIe prOividos: ou p0'l S1;la ~agesl1<l..;
de, sob pena de pagar os dit05 &0ldos ~ Sj'l,~
faz 'lula·, assentando <'ln consentindo ~ue se ass€n·
ta em, não s.e levando em ~Of)ta: ~ A,\m@~ar~.(~
oe (;).1.1I'ra forma'. E no €aso de não; GllUI.}ilri:r e. :PI:Q.-
vedor todaSlestas l!wdens, seria ea:5tig-ad@com. t@do-
o l'ig@r, e emp,ramdo', tomando Q QJ;lviçwrGe1'alJ
da CapÜania dr@ Rio c~mhee.imento de t'3es Qhj~~;'"
tros pa,ra @s dar á: ciXecuçâ<il.;

§ 36.
Quctão diversos forão os sentimentos de D. Jor-
g.e de. M;ascarenhas dos- do Marquez. ~€ Montalvão
e do seu SUcc€ssor ,. <tue ~ulg-úrão que eJD tão aper-
tados e criticos lU(!Hl),en·toS. da fV,lonarchi.<.l ,; dGvia 9
Governado},' sef fl).unide) de tQdQl? OS pQqer~ para
poder obr.a1' com "l,cer~o. e~v tã,o. des.va.irada~ dista.J;l- -
.cins; e aq~lçUe cOllltradmdQ as oro.ens do sen 50-
~et'ano, que con.íel!io ~(!) Go.vemqclor 0.0 Rio toq.os
.QS amplos p:Qcler.es. qados.a D. FI,'anciscOJ de SO\lza '.
e ao D(;moor Salema, constituindo a Capitan~{\ do
Ri(),. de Janeiro., pela sua imp.Qrté!ncia em quasi
,absoluta independ~nc~a da c.ap,iJ,ªm~ da ~~4.~.,
'JOMO II, 8
AN A'l!S

intentando o Governo da Bahia inspeccionar a&


menores cousas, como se lhe não bustasPoem os
muitos e graves npIYocio!'i dp tão ,'asto E't.ldo que
cumpria (. zer florecentp e respeitavel. Porém a
prudencia d Governador Corrêa soube sem per-
der da sua dignirTade, nem com prometter aos
MinistL,os, repellir o ataque do Governador da
Bahia com a maior serenidade de espi·rito, intima-
menle persuadido de que somente a El-Rei D.
João era responsavel pela Capitania, que governa-
va, tendo tanto cuidado da sna seguran~a, con-·
vocando- e ouvindo a Camara e os Pre.lado dai.·
Religiões, para tomar conselho nos negocios diffi-.
eeis, a fim de que 0- povo esti\!esse. certo de que.
i.O a sua segurança e feliciclacl~, e a honra de hem
servir OCCll pava os sens c~itlaclos.
~ 'Z
tj J) •.

Com a mesma arbilrariednde o predecessor da"',


quelIe Diogo 1uiz de Oliveira- mandou suspender'
ao Ouvidor desta Cidade' Paulo Pereita, excellen~
te Magistrado, pela Portaria seguinte, sendo 'alia s'
mui ~stranhos os motivos que teve para irrogar-
lhe tão grandé injuria e prejuizo (I): (( Diogo 111iz
q' de Oliveira, do 'Gonselho de Guerrra dé Snu-

• Magestade, Governador e Capitão .Geral do E g-


la ta'ôo do BraziI: Por quanto sendo informado ,.
. ,~

~l) Livro 9° de Ol'd,ens Reaes-pag. 132.


])0 RIO DE JANEIRO. 59
a q-l1e O Liceuciado Paulo Pereira do Lago, Ou-
e viclor Geral da Reparlição do Sul, exceâia o

a poder -.do seu regimento em grande prejuizo ~


e -perturbação da justiça daqnellas Capitaniás,

u :negando a appeIlação e aggravo ás partes, que-

« rendo fazer a Sl]a jurisdi<;ão separada e inde-


u pendente da do Ouvidor Geral deste Estado;

« mandei passar Provisão na qual me informeJ


li dclIe, pedindo-lhe a causa e o fundamento por

u que innovava o estilo até ,aquelle tempo usad0


4l neste particnlar, e em outras que na dita Pro-

<I visão se referião, a que não satisfez, antes


-« contra a ordem que lhe dei continuon na mes-
<I ma forma com, maior exccsso na d-ita Capitania,

u c na do Espirito Santo, passando pI'ecatoria a~

li Ecclesiastico, com prej u izo da jurisdicção de

<I Sua Magestade. E por quanto ao serviço do


u dito Senhor, e cumprimento de justiça, con-

.4l vém atalhar o.sinconvenientes que podem resul·

.li tal' do procedimento do dito Ouvidor, mando

4l ao Doutor Miguel Cuisne de Fada, Provedor

a Mór dos Defuntos e Ausentes empraze ao dito


:« Ouvidor, -que den tI'O em ql1 iuze dias embar-
Cl quc" e venha apparccer -perante .mim; e não o

-" fazendo assim passado o dito termo, o dito


li Provedor Mór dos Defuntos o prenderá, e man-

" dará prcso. E ao Capitão Mór do Rio de Janei-


<I 1'0, mando dê ao dito Provedor Mór Miguel

.c Cisne de Faria" todo o favor e ajuda para exe-



D'Q· ANNitllil

li cl'ltnr<O que ne-s·ta Pl'Ovi:sào ·Ihe mando, por~le


« do conhario 'Se 'hav~rá 'Sua l\.Jagestacle- por mal
lt ser'rido.; e passados os '<lHos '\lltte dia'S, o ·dito·

11 Cêlp'i'tãiO Mór, Jus1.ica~, Officiaes, e'pessoas <Ia

q aita -Cnpit::mia d'e Rio de Janeiro, 'O 'não ;reco"

. nheçno por Ouvidor, nem Ine o H~deção, nem


a os 'Üfficiaes (la Fazenda lhe cerr-ão com -o 'Sell,
1t 'O'rdcnad(') tlte com elIeito se "CUlbaTCar " e da <lita.

li no'ti6cação, empl'azamento ·Fará o dito Prevedol'

':L M'o'l' das Der~1Dtos, autos ql.le me eFrv-iará por

II Vl(IS. E esta se eUID1Jrirá como nella se contém.

11 'Dada na "Rahia soh o- moo igpa'1. e se:tlo.oas-


II minhas Armas aos 30 de Novt!mhro de 16;}l} , C·

<ii eu Antonio Camillo a fiz escrever,"e suhscrevi,

u e a'ssignei por 1.1'lal'ldado d'e Slta Senhol'ia,-Di<Y-·


« g,o Luiz de Oliveira.ll

§ 38.
Não nega;v.a aquelIe Ministro COTIrO rora no'todo.
o recurso das' pal'tes " mas n<~o reconhocia. o 'O u-·
v.idor geral ua
llahia po!" seu superidr, e son'l'en.te
a casa da ~u'Pplicaçãode Lisboa , e aos Trib'unaes:
em tal contestaçãó, ao Soberano com})etia a deci·
são da ma1eria de JurisdiC'g'ã(); por reCllrso 'Ofdina-
rio, das partes, e· extraord'inario perante o Tr-ono:
não era exacta. a accnsação, da in~eren'CÍa do qàe
tocava a Ueal Fazenda, por isso que CO'lnO 'o Pro-
vedor conhecia as materias que mio el'ào da sna
€ompetencia, e' perten.cia a discussão á justiÇa
DO lUO DE J<AiNEmo. 61
ordina'ria , onde as part€'s .o:eviélo ,demonstrar o di-
relto em que se funda'vão, e não commettia erro
em def. nder a sua jnrisdtcç,10 nas wateriaS em -qlé
tinlilu a Fa,zenda Real interesse, nem erão de sellS
RendeirG'S. 'Pela Ord. d~ Livro 2. o, Til. 63, § 9 :
não tinha Lambem commeLtido falta em consentir
CJue TIas papeis p~lblicos se chamasse do Desem-
nargJ de S"lla Mage5tade e Onvidor Geral, a-inda
não sendo Deselnhargador aclual e Titular, {H'lr-
que todos o' 'Ministros que despachão, desern-
bargão as cansas c m a sua decisáo , e aquf'Ue ti-
tulo neste seRlido era .Il'gal c propdo. Tendo dado
o Soberano o poder e jmisdicção aos Magi-trados
pela impossihilida'de de per si deC"iclir as duvidas
d~s VassaUos ; 'só llle11 te a el!e com pelia o pri val!'
dó ex'Crcicio daquelle RonOI'inc{} ml1UIlS: o al.Hlso
-do p(;)der em -serviço do Soberano, e em prejuízo,
-grave dos .povos, ainda mio aut risa aos G. verna-
,dol'es pam a saspelilsão dos Magistrados, n50
(cQmmetl~ndo orime de lesa M,agestaoe; pois que
'em tal caso áevem ser estranha os,. avisando-se ao,
Soberana da 'Sua má conducla.

§ 39'
\Apartando a esta Cidade o Provedor com a com~
Ií"lissão dadà aQ GQ\T.ernador Geml, ao tempo ql'lC
fM:ia a sua él'1.ül.iencia, aqueUé M<tgistrado m8n-
d6~ pelo Esorivãa Jorge de Figneredo, ler, e inli-
mar O, emprazaaleuto- e suspensão, para compa-
ANNils

recer em vinte dias, perante o Gowrnador Ge;al,


Na Camara apreserÚon outra ordem para exercer
elle o Omcio de Ouvidor cio Sul, a qnal ella com
razão não cumprio , por~m o GO\'e1'oador da Ci':'
dade o impossou por ontro igll' I excesso de jll-
risdicção aú dito Migilel ele Sirne, para servir de-
baixo do mesmo jurame,:lto, que tinha do cargo
de Provedor dos-Ausentes (I) qne apenas impos-
sado mandou publicar o seguinte Rwdo: « Por
« mandado do Sr. Governador Geral Diogo L1l1z
<I de Oliveira, nenhuma pessoa de qualquer Offi-

<I cio de Justiça e Guerra, conheção de hoje por

li "diante ao Licenciado Palllo Pereira, por o Li vi-

(l dor Geral desta Cidade, e Repartição do Sul,


ii nem por obra, dito, ou Conselho impida a sua
(l prisão e execução do SI'. Governador Geral,
(l sob pena de 'quinhentos cruzados para o accn-
(l sador e captivos , e de cinco annos de degredo
<l para hum dos lngares d'Africa; por quanto ten-

Ir do o emprazado pal~a denh'o em vinte dias


a que se acabarão, c1capparecer diante do dito
a Governador GemI, o não fez e conforme a Pro-
Q v18üo que IheJoi notificada, e estando S11 pen.

(\ so, ha de ser levado preso; o qual Bando man-


([ da o dito Sr. Governador Geral que se deite
a por esta Cidade com caixas, por ordem do Sr.
a Capilão Mór GoY~rnauor ddIu, ue'que o Es-

(I) Dilo Livro e Al'chivo pago 156.


DO RIO DE JANEIRO•

.• crivão dará fé por Certidão. de como. se lançou •


. c, Rio de Janeiro, 5 de Abril de 1532;,e de osag"

Q gressores serem enviados presos a Bahia. "


O Escrivão da Vara do Alcaide Pedró da Costa,.
em com panhia do.Meirlnho, e dos soldados Manoel
Fernandes, e o'L\.iudante Domingos dfl Silva Fer-
nandes. seguido. de Tambores pelas ruas da Cida-
de , bradárão e apregofi"rão a suspensão e empra-
zamento entre o' ajuntamento do .povo, que com
a sua usu.al taciturnidade desaprovára tanta "io:-
lencia e despotismo, exercitado coo tra, hum dos-
seus melhores Magistrados, em virtude do que foi:
mui ignominiosamente remettido preso para a
Bahia. .

Foi aquelle Ouv.idor o primeiro ~hgistrado·q.ue_


na Correição que fez em 1631 , perguntou pelos.
poderosos, e se embargavão os ,Direitos Reaes, e os-
retinhão inj llstamen te. Para conter e gpardar os.
criminosos tinha feito le.vantar nova cadêa, por
quan to a anÚga (I), esta~a em lugar ermo, d'onde
fiigião impunemente os presos. Ellé· o~denou qu~.
ri Camara desse ~o Alcaide Mór os terrenos preci--
sos para segurar aos'delinquentes : fl'zpôr· em pre-
gão o açougue para. se arrematar a'carne a quem-
a'desse mais barata, o qüe até ali senão praticava-
. . ,
(? 1 Livro ~. de Ordens Reaes pag·. 189-
pela prepot'encia dos poderoso~l; e p@8S0as E€'e'lt-
siasticas : creou Tnesoureiro palia' o Cerre ~@s 011'-
filo'; regulou os omdos meené)D'Íoos, r~a.ni:f;nPll
éJ confiança dos povos no governo poH1!ico', para
se ~presentarem.com suas' peS'soas·e beas~, não· SQ'"
mente
. .
ao servi'c,). da boa causn dia dereOS.ff& da ei..
da de , como ~e soecorr!:'r as pracas' invadidas- pe-
los ·illim·gos. 0, novo interifl@ Ouvidav, não
achê nde que reformar naq'l1elles €apitulos d~
Gorreição, os mandou guardar, e eneal'regon a
(iscalisação á Camara, bem como a li~mpeza' dI: 8
ruas·, eSê0'lm~nro das valias, 6 preparo da-s fou...
tes e pontes ,-impondo aos' Almotaceis' a pana de
perdimento do Ofikio, ,se não puzessem a sua at...
tenç{lo naqnelles qhjectos " e bem assim que fora
da Camara se não pudesse dar licença para venda-
da·s' mE'-r 'ad0-P4fl's e faí'l€lílda,s', C(i)Illl: pena de nuBi-
dade df'Jt1a e dl~ iRC(i)ITer€m os Officiaes na C@lli '
demna.-;·-·· d 6:tIY~(i)(i) rs. ,~ metade para. Q aee.l:lM!
sador , e a alra para (i) Conscl:ho.

§ 41 .
. Ao (),u ido v que lhe s.ucc.e,®"JJ, f.r:a-uPQ;®, Ver-:.
reiN da v,:eiga, se quei~~ãQ magpad,~m~nl;.e ' C'lSr
po-V<0S so~re os excessos. dQs, E.ectesias.tico.s-,~p,çl~ op.-
pres&ão e v,olencia que lhe ~iã,Q". p,ar~ q:t.l,e lhes.
v.alesse €l ~cQ.disse cpportu,n::)mente: Dlla.&. e~. J;l.a.
~o.rrei\tão de L<i3fi ,.} p.rolQ..ng.Q\l Q §eu,. @feri..

í~) Livro da Oorrei~ãO pago :10.
no RIO n~ JANEIRO. 9&
Wctpto, pr..om.ettellp.,O as ppoy,iç4:Jlcj... ~ que n&q d~4,
e~limdo. ~<!da a gente .sQSsol:)ll~dq. .çoJl). Q pe~c;> q,~
tf\Dto~ m.al~s 7 'con} 'IJ ming.Qi,) ~.e 4>dq ,o »e.ç~~sft.·
rÍQ~ se~n çomulerçio~ '~ew I}.dminJstração ~ hl.~l~;"
ça, poip até os réps .er4Q ~shum~P,lHn,gn-te ~~met­
Jic10s PÇlra'se defe~dgfelll P/l Bahia , ,Qnde Jhes fat-
fél-Yt)o todos os ~DCCOPl~OS delllll>.si~te1),ç·a ~ prM~c::­
çi!~ ~ pois pí!fíl ~ll~!s ~rfl pai~ €f' tPé}-Q-po e iq.p.o§pito..,
;.tcl'escja.o immi,n.el}te p~ ~igo dR inva,são, qJI.e ,a,rmq..-
v~ todos P$ Pf<;l.ÇOS PélI:<l s?1 Y<;ll'/Olm ~ ,ci~ade 4ª Ilg·
gr~p~üp ~xwr!la como pediq a 4OO1'a :n.açiQ.J;lal 7 o~
gireito~ do Soher~nQ, os s~Y.s QçI)s ~ ,a Sl;l3 f~;mi1ia~
C.Q PQ.m nopu; .q~le bavião gi1,nh,ad~ de Iwqr4Po~
e ~e·s. O ;Ol,lvi4p1' da .comarça !iÓ pr.efen4i.<l g,o,.aF
da 'protecçíl o .do Gov~r~.a·d9;r G~r91" não fJO pari'
~v,itar a sua nlÍn,a de~ªgr.adan.Q.Q , ,co~o pO,r ~Q­
zar os seu.s açr.esçeptap}l;:nt9~,IlSl. rJ:lc?m}.Í)l~p.da~ãQ
ilpte oSoherçmo" que sem.pr,cy ,t!?JjI1aya- em. eons' d~·
[tlç~; aS.!ijm pe cO,ILige da seg~1Ín.tel'~.sJ>p;;~ do ,Go..-
Y.el'Q-ador ~~'~ 'par~ n.qup)~ M-ogistréldo (J). u ~~.•
« ceb.i a ,ç1e V.oss~ :Pt;lercê de 2'] ,cJ.e 'M,<;l,r.ç.o.: F~Jg~
4( IUui,fo fel' e.n..t~Q,.d~Q, ,quantp :ne~ rnl'l .d,i.z; ~ ,do

.(,1 Se.,I,l 1;>o.n1 pJ;'9Çe.elilJl~oP.-t,o esJO.ll ~JJ. s~i~r@j.t9, ~ois

_u níio 'falt~ .em. .SlH\S '9prig'::t(',pe,$ 1).9 ~pj~(j) çíe EI-


.\! n.ei.,.~,qssiJJl po q.p.e.eJ,1 p~HJ~J~j p..dQl' a Vp~s.~)ie~.

fi ,cê.,ew. razão "dos ~evs ~c.c~~la».lC\l;~O,s., Q,éj.a faJ-

t' 11 Li * I
t y :, $ • i:._. .~ .. i :- .. f' ":- ...

-( ~ í\.l·~h~ '01lPg. ~. :J~, if}.(),GQlA&e!h9 U ,trarpllr~lw Liy.


de [legi:sto. e 164!.
r'OMO II. . 9
"
66
'(I t~rei. Fot niu"i boa a diligen~ia e' execução" doS
« homicidas· do estrangeiro e adulteroso ,Folgo
-« muito 'que com ella, e com a embarcação do
"(r Prelado, esteja esta terra quieta com~ Vossa
-(; Mercê me'a:"\"isa , e o tempo he de nos coóser"
"« var-mos cm amizade' e união, pois temos o
"i 'inimigb tão ·proximo. Vossa Meí'éê me avisã da
'(1 süa parte fará "Ue maneira que se vá cóntinuah~
"« do toda a paz 'e quietação desse povo, e que se
« estará ~om 'cuidado, por se acaso apparecer
'u por lá alguinas náos inimigas, que como '0 ini-

'I( migo não tem opposição em Pcrnambuco, e


~( .and;jo senhores do mar, he certo que hão de
'u occllpar as suas' náos em alguma cousa, e~s­

«'sim he necessario' muito cuidado;, e agradeço


-cr o· que Vossa' Mercê teve, e o trabalho· de il' a

'(l Cabo Frio, e as "diligencias e pl'isóes que fez, e


u o melhor de·tudo foi queimar todo o Páo Bra-

-(I zil que lá achou, do que lhe dou a Vossa' Mer-


C< cê o parabem. Será bom procu~ar Voss~ Mel'-
'u cê prender a todos os culpados qúe houverem,

'(I até órdem minha, para ver o que hàvemos de

~u . fazer delles, e sem emba~go da devassa ql1c me


'u mandou o Capitão Mór, espero as mais diligen-

u cids qüe Vossa 'Mcrcê me promette,' para com

-(I cIlas se tomar resolução no que hei de fazer.


a Deos Gllarâe á Vossa Mercê, Bahia 28 de Maio
'I< de .}637 annos", o' Governador Pero dá Silva.-

Sr. FraIlCiscoFerreira da Veiga,·OnvidorGeraI.;


(I
DO IUO .DE - J'.A.NEIR<l.

Reclamavão OS habitantes diante ao Trono


providencia sobre a profundidade dbs seus màles~
causado~ não só pelas calamida-d'es geraes, a que
derão motivo as gnerras e a pil'ataria, mas pelas
,que cada dia se experimenta,'a pela falta da admi-
fiistracão da Justiça, sem' a qual não persiste a
tranquillidade e"moralidade publicà; era alem
disto summamente gravoso e injusto, mandar-se
remettel' os delinquentes para a J3ahia, podendo'
correr os seus livramentos no mesmo Paiz, onde
havião ,tes'temunhás a dar da sua defeza, que' .
\ iI'ão podião encontrar naquella Capital tão remota,'
além de muitos outros ponderosos inconvenientes;
pela notoriedade de taes injustiças praticadas- se'
servio ,então EI-Rei ordenar 'ao Governador Geral
Antonio Telles dá Silva, em Carta de' 23 de- Julho
de l'6~ 7 (1') que não mandasse os' réos á Bahia ,
mas que estes se livrassem anté aS Justiças ondi-
narias do mesmo llio de Janeiro. Com esta pro_i
, videncia tão justa e politica o Soberano occorreu
r9 grito q.a'qppressão que sentião o~ seus vassalIps,
.ainda qqapdo, sendo a jmpo~ição das pen~s para,
emenda e c,qrrecção dOIl máos, e para servÍ!' de
~xemplo e temor a estes, ,cessQ,v.a o fim da jus,tiça
por aquelle lado, não se castigando
. . aos- malfeito-
.

(I) Arphivo do C01~sell1o Livro de Regi~to 1647 pag 111 \"


..... . . ,9'
*. '

;'
68-
res no lugar do delicto, se tornavão por isso dig 4

nos da commiscração 'IHlhtica; pois que c~m a


~xpatda~ão ~e lhe. agg}'avav:l<> as. penas soffrida&
antes ~e serem julgados E{riminoso~, e dignos de
çQrrecçà.Q,. «caooo o ianoceate, ~ppl'imido sem,
4~iCz~, e se.m p~ot~çção para expiar em terra
es~rapha s.ul)postas faltas, tramadas muitas vezes,
v.e~õ ~cUo e rivalida.des. ~ Adm41istração da J us-
tjça ~'eçlam~va, a reintegração da esti,ma dos Cida~
~ãos virtuosos. que (urma a op).lúão, e gera tod,as.
C1s- virtuqes heroigls, em que os hahita.o.tes deste
lt:Í,o de J<I1leiro tanto se subJiJ;uou, e a todos os
po.YOS exoedeu ua gen~rosidade, e amor com que
;e empreg.ár;o nO serviço do }tel e da PatFia, n.à.o,
Qbst<;lute as miserias 00 pobreza a. que esta"ão re-
(luzidos, e de tedas as privaçõ.es flu vida que
6lerão occasião ás guerras exteriores-, e ás gravis.,.
&i~!7 IlfeFmidades das epidemias· e fel>pcs podres
e neFves~s, e conta~o das bexi~as, q;ue Je'yárão
ae. férett:o muitos dos mais estimaveis Cidadãos,.
1:!lém de hlUpa inan,dade de escravos.•
•' §. q:t
Ch'ãmátao naqlreHe tetnpo' os neg@cio'S dá' mms
.gTãnàé íDit>OTtairtla á pessoal asS stéIída na Côrte
de' S~lvadór CO'rrêa de' Sá, e fhe sUécedeít Luii
:8arba1ho Bezertà, que tomando as tedeás d~ Go-

. -
Om..
,'crno ( r) e impõssad'O' nefIe '. :rs!lim falldtI aos
DO RIO -1m- iANElRO-. 69
daeB d;á Cãmara; if'8ua Mageslade quê DêbS frUài'~
(l de; inandou~me Gó\lernar esta Praça recótn;'
li meíldahdo-mê q\-ro {l ptimeil'à cousa quê pu.

6 zê&sé éín éxeoúcão fosse li' f'drtHiéa:êao della:, é


> >

lt ptefiiesse a InfaIiferià neC'essaria 1J::tra S11à de-

li fOtisão. Tendd de eutiiptír Mm (1 lteal Mã,trda-


«( do, proponhô a Vossás Mercês o s~guÍntê: A
FazeFl(}ã Real, Cb'til0 he notorio, acha-Sé êóni
«( tão polÍCos effeitô~, que düzenlos e séteTita 'saf-

a dados que assistem no Presídío, ha "<'.Juasi tiôve


« mezes lhes falta o soccorrô necessal'lo. As tór~
tí tificações nec'essitão- todas de corrcl:lttt> ~ I eparo,

u e algtlmas' de nová fabrica pará as mesmas, e

u pará' a g'l1âi'fliçüÓ' de- séis centos 'Infantes. D€

,u' presente não he pdss'ÍveI á SUa Magéstade, süp-

u posto o desejàSse muitó, acu&r com os sbccôr-

II rés êdnvéàlei1tes, pélóS IDltitos dispendios que

« tem feito, e cGhtiuuamente fá:z- ila defensã'ó de


« Sét'l-& Rélnôs5 dep0~ da süa félii aéclaínação,
te pata os qüaes- dispéndiós os servem os S'éllS "Va~·
ti Sãí10s eem a'quelle amor e aíJtigá leatdáéÍé de
fi Jlertúgúetes', nâo s:o COl~ as pess"oas contifiua-

« melHé assistentes nas rnvàs6és, naql1elfas Frõn-

,( téira'S, oom suas. fàzendas sem se negal' o Êsta-


a· do Ec~Icsiasfica, dà'rido iodos esp01Tt. nearhj!i1te
1<1- paiá' defensa' e cóD'servaçào do seU Rei é dê sua

II PaMa gr,an.dés donativos, e cePro as cOhttibui·

it çôes- que Íicitatnenl'e nas cotisa's daquelIb :Reino

." se1etrr prOpbstO.. A esttt jlis'ta iÍnltàçào.o faiem


70 ANN~ES

.e a si mesmo os moraaores da Babi'a, e como ca-


I( beça deste Estadg devem as mais Capitanias a
«, ena seguir, havendo tantos annos, que pela ra~
« zão da guerra padecem effectivos trabalhos,
II hum Presidio tão numeroso, apparelhando ar;-

cc madas, e mnitos aterrados para os quarteis da

« lufanterill, pagando as mais das oasas daquella


a Cid~de oito ,mil réis de çada pipa de vinho, oi,.
~ tenta réis por caixa de assucar, e pas balêas,
;' .': cac.haça, e aguardente, fazendo ultimamente a
a reparti,ção da vintena, pelo parecer o modo
a lUilis SUf\ve, servil1do a Snq Magesta d,e mais,- em
u· darem continuamente negros para as F01 1l.alezas ,

cc farinha e to.da a madeira necellsaria, .não obs"l"


cc tant~ tomarem por sua conta o fabrica1·<tres mil

~ braças de.Caneleir(ls. ,Este povo em todas as OCr


« cél_siães que se offerecêrão, tem largamente mos~
a h'ado por obras, o zelo.. com que serveQ) a Sua
a M,agestade, ~ O tenho enten,dido, assim da no"".!
II bre CaIT\ara, e na occasião presente desta Frota

« doueonta a Sua Magestade ; de cuja Real6ran.


« desa espero recompensará tão bom zelo. Pelo
C1 que por serviço de Deos e de Sua' Mageslade ,

~. e peIQ.cons~rvação desta Capitania devem Vos r


(.' sas Mercês considerar quantq convém acudir
a aS Fqr-tificaçõe;; e sustento da Infanteria, com
II que se segurará Q receio de qualq\ler a~onlecir

II mento do inimigq. O que importa tenho eu de


~ tratar como se deve fortificar e fazer- efrectivo,:;
• " I •
no RIO DE JANEIRO.

« nesta 'Praça seis centos soldauos, para cuja


II quantidade desde logo se deve concluir o assen-;

«. to,. assim. para se se~urar a paga dcHes, como


(l' por se excusar fazer novas contribui<i:ões: e ain·
«·da que ao presénte não haja Ipais que duzentos
« "e sessenta.nesta Cidade, e outro sim, corno' se
'8 ajuntárão muitos dos que nella assistem, sem

11 serem naturaes, e de que vierem do Reino, e. de

(l . qualquer sorte se baja de prefazer o numero;


(l _ e o dinheiro dedicado p'-'.ra este effeito estará.
(l depositado na casa desta nobre Gamara, com
'(l prohibição de que se não gaste em,outra algu-
(l ma cousa. Vossas Mercês escolhão o n1Odo
~( mais distinctivo e suave })ara que se consiga Q._
• cffeitl;> desejado, e seja Sua Magestadc bem ser-
(( 'vido, e esta Cidade segura. -Luiz Barbalho B~.
(( zerra. D

Tinhão sido convocados para aquclla Sessão da


Camara, o Prelado Administrador da J urisdiç.ão
Ecclesiastica, Pedro homem Albernaz, c os Reli-
giosos Prelados dos Conventos; e todos unaniJ;ne-
mente proclam árão (1) que parecia justo e ac~r­
ta110 o que acabava de propôr o Governador, por
ser conforme aos desejos Reaes a fortificação da 'Ci-
dade, e a sua guarnição composta de seis centos

-,; .(1) Dito Livro de Vereanças p:lg. 99.


/
,~ ~_us

soldados, e para .Çúja execução concordovão que


se lançasse hum tri,h'ltO Jla imposição dos vinhos,
:,.crescentando as !Jledidas de modo que 0_ aCl'e~,·
eimo fosse tirado para esta c ntribuiçãQ, e o qnc
faltasse se preenchesse com a vintena geral, l<)n..
çada nos moradores, mercadQres, officiaes e t{),dél$
as demais pessoas por tempo de -hum anno, s~
tanto dmasse a nece5siàade pubUca, e quando esta
pedisse a continuação se repetiria o mesmo 'subsi·
dia, pagãndo como até agora cada pipa quatr<;>
mill'éis -: e que para ajl medidas que para o fufu-
1'0 se fIzesse, se segurasse em cada pipa oito mil
réis, que pagarião os taberneiros e quaesquer pes-
soas que vendessem o vinho. E pelo que respei-
tava ás pipas que se e,xportaváo ~m ser para ou-
tros lugares, que se cobrassem aquelles oito mil
réis" tendo igual procedimento com a?:eite doce e
de peixe, parecendo, CJue por melhor ca utela se
acrescentasse tre?:e canadas por piRa, creando-se
hum Thesourciro para a arrecadação do imposto.
Ta 1fôra a pr,axe que em todas as épocas os trib,ltos
forão sempre lançados ao po~o por .approva~~o d~
C9 mara seu representante.

§ 45.
A maneira da cohrança desta coneota não esta-
a presc!:ipta, a sim como a boa ordem da arre-
ca{lação da vintena -P<lü1 lstentação do Presidio
c Fo~ toleza = j ll.J.ltáriio-se por esta çansÇ) novamen-
DO RIO DE J'ANEIM. 73
te eDl .Camara os da goverfl.aÍl~a âeHa cóhl os Re:.
libiosos, Prelados, e pessoas Ecclesiasticas, o os
homens reconhecidamente sabios da Cidade, para
deliberarelu com reflex,ã\} e acerto sobre aquelIe
negocio.. Depois de varia discussão (1) foi o resul-
tado dasrefle~óes e discussões o seg'uiute: 1 ô' Que
se acrescentasse em cada pipa de vinho por en-
trada treze eanadas sohre as 'medklas por que
éorria então, dimimündo-se, 011. l ãugmentando a·
medida que crescesse em cada pip'a àquellas'treze
canácias; 2° Que apenas chegassem os navios COln
vinho, receberiéto huma guarda, jl1ra~lentando­
se o Mestre Í)am que debaixo da pena de perjuro
declarasse o que tl'azia, e não desE!mcaminhasse
alguma pjp~, para o que ãpresentarião em Cm.rta-
ra o livro da carga, declarando as pipas de parteS'
J' ,
ou proptias. que trazião; e náo começasse a des-
carregar, sem primeiro aCamara matidàr varejar
os navios, eexaminar a sua carga, o vasio das
pipas extraviadas; 3° Que o dinheiro a que mon-
tasse o subsidio se recolhes'se' em huma al'ca do
preterito s\lbsidio de quatTo chaves, que se repar;';
tirião entre sí os mesmos Officiaes, creando-sc
11llm livro de receita e despeza, e onde o Almo-
xarife daria quitação do-que recebesse; finalmen-
mente que a ai'recadaç<'io se fizesse por determina-
ção da Camara, auxiliada pelo Governador, e pelo

(~) Dilo Livropag. 10~. "


7'01\10 II. 10
74 ANNAES
Ouvidol' Geral, dando para aquelle fim, soldados
I) Officiaes de IyliJicias..
~ .

§ 46.

A respeito porém da vintena, foi determina-


do que os senhores de engenho e- seus lavrado-
res darião a rol tudo o que faziüo de assucar
por anno, e se computasse pelos livros, e quan-
to pesárélo os assucares e formas que cada en~
gcnho· fãbricava -e extrahia, para pagarem dos
mesmos a vintena, tanto do assucar bl'anco
como do mascavo, com a obrigação de darem 05
proprietarios dos Engenhos os caixões para encai-
xm; o assucar da vintena, cujo valor se desconta-
l'ia do monte mór da vintena; e que os agriculto,
res de farinha, arroz, e fabricantes de taboado fjj
'madeiras, comotodos os demais generos, bem
como os creadores de gado pagari:io iguaI~ente
a "intena , ou pela forma em que se avançassem 1
ou pelo que lhe fosse lançado, sendo cada hum
obrigado a pagar e traze-lo á Cidade, ou re{l1ettcr
nas mesmas pes-sa:; e generos, o que colhêrão da!
suas lavom'as: que ignaIm€nte pagarião a vintenn..
os mercadores, officiaes, taberneiros, pedreiros,
e todo o genero de pessoas, ainda os donos das
casas pelas proprieda-des que est~vesselll_del'enda
ou aluguel.
DO Ido DE JANEIRO. 75

Depois de se ter assim aj-ustado o modo, e a


~eneralidade da vintena, mandárão lançar hum
pregão pela Cidade, do theor segu,inte: (I) «POl~
a mandado do Senhor Governador Luiz Barbalho
« Bezerra, em conformidade com os Officiaes da
« Camara,' todos os lavradores, mercadores, of-

a ficiaes, e todas as mais pessoas de qualquer


c, qualidade e condição que sejãC?, venhãQ a esta
Ir Camara a se avançarem pelo que hão de pagar

~ de vintena na forma que se tem ordenado para


(C as fortificações desta Cidade, e sustento do
(I Presidio, alias os que não vierem dentro deste
" mez, se procederá contra eHes as suas revelias:
« e mandárão que este pregão se fixasse nos luga-
(l'res publicos desta Cidade para que viesse á
« noticia de todos.•

A .e~periencia, a sabia mestra dos humanos,


tem constantemente connrmado o imperio que
. tem sobre os homens no governo das Nações, a
R.eligião, pois que só ella tem o poder de reunir
os Cidadãos, e dissipar as perig'osas fluctnações...
que perturbão as Democracias, inquietão as Aris-
tocracias, OCCllptiO os cuidados dos Governos mix-

(IJ Dito Lino pago 104 v.


1.0 ••
;6 ANN{\ES

tos, e ameação a segnralJça das Monarchias. Não


se deve á politica dos Sobei'anos 3 perenne união
1f10~ S€.l1S povos, doceis a se pr.€star.em em os ob·
jectos graves, e da prosperidade do Estado, mas
sim á n.el~gião, .e aos seu~ Ministros zelosos da
honra de Deos, que. pela sua vida, e costumes
fi,rmão
,
a san~dade,da sua moral, e que causa ,
Il,íl
multidão g,l'atlde impressão para seguirem o exem~
pIo, r-€cebendo a doutrin.a que pl'€%ãO e ensinão:'
11 Relig;iáo se de~e o respeito pelo T,rono , a obe-
di(meia e ordem estabelecida nas Leis, na moral,
na politica, e nas ,fin.auça{l. Com razão nest~ parte
era sabia a Legislação elo ,Codigo dos Brames, ql~e
ordel\ava.quefls Mpgistrados n9s seus J~i.z9s fo~­
sem assistiàGs .po~. hllID- Sabia Brame: os Imp~­
.radon~.s RolPanos constitu iâo os B~spos Juizes para
fi1ecidirem ~~ q"l-estõ~'S J~iv. 7 e 8 CQcljc. c:le Bpi$.-
copa!i audientia, por esperarem. do sua integri-
dade, administrar aJustiça com rectidão; per-
suadidos de que o sel\ Juizo e arbitro serião
f\llldados nas regr,as qo ce1uo el bO?1Q. Se W llliseria
e pobrezíl cm qUI;l viv,iáo o~ bí-\bltantes dó Rio
pelas eaus~s tão sentidas e Ql:igi:pada das c.ireuns-
,tancias de hum te'nwo tão lastin~oso , os Eecle..
iasticos não sustentassem s~r just9 colleGLarem-se
,os' habitantes par...' ! poderem sustentar-Se agua,rni-
ção e fazerem os gasto~ .da defensã9 peI~ ,gl'ande
falta das _Re!Jdas Renes, seg\lra!TIente não conse·
guiria o Governador aqlwll~ i~ppp iç -Q ~ cob-ran..,.
DO RIt> Df: J'ANElRO. 77 /
ça , pois que os Ministros (4'l Religião nOi) Paços
do Conselho, nosYulpitos, e no COI)fi.ssionario,
4irigindo a consciencia dos POVQS, pregavão a.
,necessidade, e de que erãa obrigado~ em conselen-
cia eomo bons vassallos , acudir ~ mais impor-
tante dos deveres, que reclamava o Real Serviço
1laquella época, tão diflicil que parecia leva-los'
á !lua t<?tal ruina. Slm., os Frades sáo homens c
sugeitos aos defeitos da fragilidade humana, he
.entéio que o Governe deve ~\Uppr:ir a sua negli-
;gencia, e prover de remedio , como se explica a
Ord. A1foJlsina~ Livre 3°, Tito 15, § 21 no fim , c
no § 2'); porém não se póde deixar de con.fessar
.quanto influem as Religiões na conservaç<i@ da p.o-
.e,e.r SlJI>relllo, e tra:nquillidaele e felicjclade das
.povros , el~çtl'isados pelos p:dncipios da honra e
'piedade" ao des.envolvimento do mais vivo enthu-
siasmo para praticarem em aumQlO gráo as virtll-
Qes civis e christães.

Açontecell, como era natm'al na cobrança da


imposição dos vinhos que os MestI'es das em,..
haroações perj m:av<.io nos manifestos àaquclI.e ge-
nero importado, e a Camara por isso acordou a
punição daquclla falta com o perdimento de to-
.uas quantas pipas 5"0 provassem não manifestadas,
.além da muleta de quinhentos cruzados pagos
da cadêa. Occon'eu entãe outro inconveniente
78 A"NNAES

que fazia diminuir o redito da contribnição dos


vinhos; por isso qlle se entrára a fabrical' o vinho
de ~_el, e aguas ardentes; e áquelles ramos de
industria se havião entregado os agricultores da
Cidade, e arrabaldes, não só para terem de que
remedÍar as suas precisões diarias, como porque
não podia chegar o vinho ao commum geral uso,
j>ela gl~ande carestia a que tinha subido. Mas por
issQ.. mesmo abarateza dos vinhos da terra estacio-
nava e diminuia 9 conourso. dos vinhos de Por-
tugal, sllccedeu haver grande diminuição daquella
renda. O meio obvio de não" diminuir aquelle ren·
dimento , parecia declarar o constituir-se na nas-
cente industria hum equivalente de direit?s , po~
rém prevaleceu a opinião de hum poderoso par-
(tido, que pedio.c conseguio a supprcssão daquelle
meio subsidiario do supprimento dos Brazileiros,
·que suhministrava a industria do ~eu paiz. natal,
a carestia e o monopolio que fuzião dos vinhos
de Portugal, não ohstante as clamorosas vozes
dos agricultor8s que lamentavão (1) e se queixa-
,'ão mui justamente m.agoados daquella dura
exacç"'io , pela qua\ ,de"ião remediaI' os p]a-
-les publicos, e não exaspera-los ; pois que a di··
lninuição do consumo dos vinhos ficava resarci-
~a com a extracção dos vinhos naturaes do paiz
JIue devião enLrar na Conecta geral, e assim fa...

(J) Dito Livro pago ) 05.


DO 1\.10 ,DE JANEIRO. 79
cilmente podião crescer o augmentq das rendas
á bem da causa publica.

§ 50.
A Carta Regia de 30 de Abril de 1634 (I) , or-
denou que' se dispendesse o prodllcto c1aquella
imposição nas cousas necessarias, com assisten-
cia do Provedor da Fazenda, e os sobejos parti.-
culares que tivesse o Govel'nador, que forão ooni
cífeito assim concebidos: l< Luiz Darbalho Dezer-
~ ra, Capitão Mór, e Governador do Rio ele' J a-
a neiro; En EI-Rei vos envi9 muito saudar. Pela
'a ordem que com esta vos envio, ordeno aoPro-

« vedar da Minha Fazenda dessa Capitania, e das


(C de S. Paulo e S. Vicente, que houverem de
a Mi~a Fazenda para se despend~re~l no que
a Eu "ôs ordenar. Encommendo-vos que tanto
<t que receberdes as ditas ordens as façais logo
« remetter aos ditos Provedores, e da-Itls asna
« devida exe:mção; e o dinheiro que assim fo-
'c rem remettendo, com todo o mais dos dizimas
a e da nova imposição dos vinhos c vintena dessa
(C Capitania, e todo o dinheiro que resultar do
,; cunho da Moeda fazeis metter em hUDl cofre
II de tres chaves, huma das quacs tereis vós e on-

II -tra o Reitor dos Padres da Companhia, e a

l< terceira o almoxarife', do qual senão fará des-

(1) Livre 9 de Ord. R. pa p' ~b8,


80 ANN.A.:ES

" pela alguma senão nas despezas precisas e ne·


_ "cessarias com a assistencia do Provedor da Fa·
a zenda na forma do R~gimento ; e todos os so-
" bejós se não despenderáõ Ilté não chego r a ar·
a dem que vos hei de mandar, do que delles'
({' haycis de fazer, e da forma em que ha de ser
a despendido, e me avisareis do que tudo. ist.o
II importa, e quanto tem de despeza , para me

« ser presente, advertindo-vos que ne~hnma ou,"


« {J'a cousa se ~a despender fóra dos eIreilos a

l( que Eu fôr sér"ido applica-Io. Escripta em


II Lisboa, a 20 de Abril de 164f~ annos. E eu o
a Secretario 4 fronso d~ Barros Caminha, o feli
II escrever. -B,ei. »

F0i uo mesmo tempo tambem estahelecido o éu-


nho da moeda de prata colonial; e a .601 de se
observa'r nas Ca,pitanias d.o Sul, foi El-Rei encar,,,
regado ao Govcrnador Geral Antonio Telles (1)
asna éxcçuçuo, e nome0l\ ao Capitüo Diogo Lo·
pes de Faria', por.Commissario da Moeda d-~ todas.
àp Capitanias do Sul, tiritndo hum por cento
para as desp zas da Fabrica, segundo o R gi.
Iiienlo feito pelo dito Covernador Geral que era
90 th 01' seguinte: u PaM omeinu e fabrica dos
(( cunbus., se prcvenil"á huma casa mui egura ,

(I) Liyro 9 de Ol'cL Re~es 'pag. 308.


'DO lUo DE J ANlml.O.
-
4 e nelta assistirá hum cunhador com obreiroS"
li que forem nccessarios, e hum Thesoureiro que
c poderll servir o AJmoxarife da Fazenda Real,
4 e hllm Es"crivão , aos qllaes passará Provisão o

II dito Governador. Haverá hum livro rubricado


/
'ii peJo J)l'l)vador da Fazenda, qne ha de servir
o de Reeeila do Thesoürejro~ e de se lhe carregar
d os avanços que resultão á Fa~~nda de Slla Ma-

l( gestade , para os quaes se fará hum cofL'e de

« 1res cha es, das quaes terá huma o Commis-


-à sario, oiltra o Provedor da FazeI} a. o lh'a ae.

li The oUre'fl), a qu 'm tombem se daráõ a da

, casa dos Cllnho~., a qual para maio\' resO'uar-


~ do fflan<1a.·-á o Governaubr prover' de sentineI..
.Il las, DIsposto isto se·pnhJicará a Lei de Sua Ma,..

« ,gestade, .par& qlte se tenha ~ntendido a forma

a dalla, e o valol' iD~ri-l1seco de cincofmta por


l<l cento, qlle levando-se a _unhar o dinheil'o fará

"a o Escrivão carga dalle &0 Thesoureiro em o dilo


« Livro·com toda a c1are~a e distincl~ão da qnan-
a tidade, pessoa, e dieJ em que foi, e havendo-~
~ cunhado, se tÍl'aráõ deBe os avanços de Sua
a M.ag('~tadc; que são'vipte e cinco por cento li··
o'« quidos , sem embal'gQ da dita Lei,. por se ha-
Ir ver as!enl4do assim nesta Cidade, cou) pare-
~a- ceI' geral de todos 03 Prelados', Camadstas,
a Ministro' da F/lzenda e J u tiçê) , e povo.., os qnaes
II se mdted.ã no dito Cofre de tl'es chaveíl, e

fi abatendo-se dos outros vinte e cinco das ,par-


ToMO II. 11
AN 'AIlS

"ti tes hum por cento dos gastos da fAbrica';. se


o lhe' corresponderá em moeda clmh da., com
« aquella quantidade que houverem trazido, e
« com os vi'nte e qnatro por cento qne re!'pec-
« tivamente lhes tocarem dos H\'ançOS, E pOl'que
« Sna iagestade, que Deos Guarde. me manda
« expressam nte pai' carta sua passada. em la .
... de Junho do· dito anno, que toJos' os acresci.
ti mos· que lhe resultarem da M':>eda deste Esta-

I do, se applique ás neeessidades\ desta Praça e


« seus P~'esil.tios., conforme a ella vai ordem ao
o Provedor da Fazenda, para se remetterem aqui
I( todos os que se avança!'em nas ditas Capitanias
... do Sul, O' dito. Commissal'io- não consentirá
'0 por nenhum accidente que·.do dito dinheiro
a se toque, ainda que seja para ·maior aperto·,
II é terá particular cuidado em ·procural' que se
" traga a·esta·Cidacle na forma-que ·se deGlara na
/l. so,bredita ordem. Para que de todas as Capita-

II· ni3s e·Villas do Sul· concorreráõ ao cunho do,

a dinheiro, se enviad copias da Lei deSl1!1Mages,,:


a. tade ao Governador Lui-z Barbalho, para que
. a com elIas faça os avisos DE$essarios· a todos
e com toda a· brevidade, para que no partr-
(f

''1 cuJar destinado, se consiga o effeit'Ü , ~não seja

II necessario prollogar nova permissão- de tempo'.

G E porque se assentoli- com a Camara desta


a Cidade, qne todo o .c1.inheiro,de prata se reco-
,11 lhesse hum por cento para os gastos da offiCina·.
DO RIO DE JANEIRO •

• 'e 'fabrica dos cunhos , e que por' convel'liencia


G ·da Fazenda de Sua Mag>stad~ se abatesse este
« do's :viule cinco p6r centÇ> , qne foca aos avafl-
a COS , e sens dono,; como consta da Certidão
I '~ll~ com esta se dar:J ao, dito éommi~sario ~ .
(I ordeno e mando que do IDPsmo modo se tire
I hum p~r cento no Rio de Janeiro, o qual se

I dividira em ci.UC<l partes, a saber: duas para

I o CODJm-i'i~aí'io, hnma para o 'fhesoureiro.


I outra p.lra o 'EsC1'iváo , e o.utra para--o Cunha-

"4 dor, e 6S vinte quatr() forro dos Cunhos se ~n­


.. tregará ao d~I'O -\'ommissario, e ·os 'terá elIe
Q sempre em sen -poder, não os ·fiando de De~
I nhllma 011tra yesson mais do que do Cnuha-
ti dor, ao. 'tempo do seu exercio, levando sem-

:1 pre comsigo para';' sua casa, e com os ql1e-


(j brados os tomará a trazer a esta Eraça para se

-ir remetterem á Sua Magestade, .•

Tal foi 1) princi .lio da Casa da Moeda do Rio


que depois o Governador Geral fez passar para
P~rnambnco; e tendo decorrido varias annos por
'Carla )legia de 5 de Abril .de 1702 , Mandou EI-
Rei que daquéIla Cidade passasse para o Rio
com todos ·os Officiaes, ficando o 'Ouvidor por
Superinlend<'nte de lIa , ~ com o omcio de Pro..
priedtlde com o titulo de Provedor foi dado a
'iJoljé da Costa de Matlos, por contracto oneroS"
11·· .
a~ nNOS
de comprá feita á Real FazeI\da. O retTito deStá
Casa come _.ou a ser importante no aono de 1773;
tem huma mag-nifica Officina depois de ter sido
.abolida a das Minas Geracs : a Senhoragem desde
~elle .anno de 1775, até J 794Joi o seguillte :.
Ànnos. Senhore.gem.

177 3 • J 'n:557';jj)508
1774 . J 74 :973';tt>7{~9
J7,5 .. J 74: 106';jj)574
1776 . .
, 19;: I 28';jjn51
1777 .. 173:583~808
17')8" . J55:gI7';fb351
1779 . 16r, :ooo';ff;5e7
17 80 • J4LpG88';jj)011
1)'81 . . J4{~:o53';jj)698
1,82 . 130:8L1g';jj){,62
17 83 . 12g:699~605 -
1?84. 132:128';jj)5~2
17 85 . . ';jj)o54
- I J 4:412
17 86 . '116:612';fb4 29
17 87 . 112;688';jj)583 -
i?88. lo8:g84';jj)361
178 9. JOO:613';jj)o 1'1
l79 ó • 85:8g4';jj)59(} ,
179 1 • 93:94g~791
'79 2 • • 93: 616';jj)g3g ..
179 3 . 96:5 t 5';jj)670
1794· . lOo:335';jj) 189

. 2,go5:3LO';jj)153
DO RIO DE JANEIRO. 85
§ 53.
Coberto de serviços e de mui gloriosos traba-
lhos, o Governador Luiz Barbalho, assim na de-
feza da Cidade como na administração da Jus.
liça e e'Xacção do que respeitava ti Fazenda Real,
zeloso da felicidade dos povos, e prosperidade de
Colonia, tendo adquirido a immorLalidade, co-
mo bom Christão, valoroso, e sabio Governador,
pagando o devido tributo da fraqueza humana,
morreu deixando da sua pessoa a mais justa ma-
goa e saudade: Não se poupava ao trabalho, era
o. primeiro que apparecia nas obras da fortifica-,
ção , nas quaes muito dispendeu da sua fazenda,
exposto aos ardores estnantes do mez de Fevereiro,
e ás chuvas ,-o que foi causa da renitente febre
- que o lev0u. á eternidade; e para o succeder BO.-
D)eou a Ca,l'úara a Duarte Corrêa Vasqu anes, pela
expel'iencia qu.e já tinha das ~ousas do mesmo
. Governo, em o ql~al tãe sabiameate tinha procc..
did<? (1); e na Camara prestou juramento e ho-
menagem entre os vivas e acclama _ões do povo•.

§ 54·
Pel'manece\~ pouco ternpo no Governo; pOl'
q·nanto na osc·I.~<}Ü(} do povo excitado do partido
da opposição do Sargento Uór do Presidio, que.

(1) Livl'o 9 de Ord•. Reaes pag, 517 o segue.


86 !.NNA.ES

como maior patente julgava ter direito ao Go-


verno , foi que o Govemador Geral da Bahia no-
measse a .Francisco de Souto MaTo r , a quem pas-
sou a Patente que transcrevo (I): (\ An.tollio Tel-
a les da Silva, do Co'nselho de Guel'ra, e de Sua
.(l Magestade, Governadol' e Capitão Genf'ral de
a mar e Terra deste Estado do Bra~iJ , &c. Por.
u quanto por fallecimento do .Governadop Lniz

II Barbalbo Bezerra, ficou 'vago o G<>vern@ da

J1. Capitania do Rio de Janeiro, c por c0nta deste

« áccidente. todos as se.ns ·moradores, e sold<ldos


« do Presidia em grande alteraçã<> -e mais gentes,
li pela diíferença da obediencia que 'Se ·segue , de

(( cuja desunião -se -podem oe:oasianar maiores


li damnos, sesenão anticipar com mandar huma

li ·pessoa a que .todos se sugeitem; € tendo eu

« agora ayiso de Sua J.\.~agestade , que Deos Guar-


a de, de que se preveniã'o armadas inimig-as do
« -Sul, e sendQ tão importa'nte a defensão (laqueI-
a las Pracas, como a conserva~üo e socego interioy

a do Rio de Janeiro ,como a principal de [odas "'


li COnvem encari'egar o governa della a hum su-

" gpito, de cuja experiencia , zelo, e talento, se


II possão fiar todos os bons acertos, assim na

c disposicão da guerra, oíferecen ..o-se, como .na

« quietação do povo ~ a bem daquella Republi-

II ca. Tendo em consideração a todas estas gua-

~;l) Dito Livro pago 515..


no r,TO DE JAi\'EIR(i). 87
c( lidades.., qne concorren1< na do Mestre 'de Cam-
a po Frime-íseo . de Souto Maior, ao particnlal'
a· cuidado em socega-Ia , a satisfação com qne se.
«: cmpl'~ga em tudo o flue toca ao servit.;o de sua
'c Magestade, € espe~ando da sua muita pruden-

a. da c. ~alor, que com a sua assistencia naqnella.


CI Cap.itania, estará tão socegada na paz, como

·u segnra: nas- iuvasões da guerra, e em tudo o

li mais que convier ao governo,della, procederá

li muito cónforme com as óbrigações da sua qua-

(l. lidade c estimação que faço dos seus mereci- .


a mentos. Hei por bem .em n0me de Sua Mages-
<I: tade, de eleger e nomear, Gomo em virtude

CI da presente elejo e pomeio por Gov roador c

CI Capitão Mór da Praça e Capitania do lHo de


a Janeiro, em quanto Sua Magestade houver as-

.« sim por bem, ou eu n<:1Q ordenar outra.cousa.,

'Cl para que como talo· seja, use, e exercite com

Cl toda a j 1ri dicc;ão ,larg.ueza e fe culdade , po...


« der, preeminencias,. que lhe tocar possa e dev.a
CI tocar, e gozaráõ todos os seus antecessores.,

q. havendo o mesmo soldo que .vence de Mestre

CI de Campo, e todos os proes e precalços que-di-

li rectamente lhe pertencerem., em razão do dilo

Cl cargo, de qne o hei. por mettido de posse,

a, apresentando Certidão nas costas desta, como


« fez pleito, e 119menugem da dita Capitania eru
CI minhas mãos na fOl'L~a. costumada. Pelo que
(1 ordeno e mando aos Officiaes da Camara diJl
88 .ÁNNAEs

a dita 'Cidade de S. Seba:,tião do 'Rio dp. Janeiro,-


a ao Capitão Dnarte Corrêa Vasqueanr's, Gover-
a nador actual por eleição da Camara , ao Sar-
'a genlo Mór do Presidio da dita Praça, ao Ou-

a vidor Geral daqnella Repartiçélo , Capitães do

<I Presidi os , e Fortalezas, e mais Ministros de

"l( Guerra, Justiça, e l"azenda ,'e a todas as mais


-<l pessoas de q:ualquer qualidade , po~to e estado

a e condição que sejão da .dila CaI}ilania, obede-


, « çãocomo a tal Governador e Capitão Mór della.
'1! e guardem, cumprélo, obser,rem e executem

d todas as suas ordens de palavra e por escl'ipto

a sem duvida nem rf'pugnancia alguma, como


a são obrIgados, e ao Provedor MOi' da 'Fazenda
'fi de' Sua Magestade ordeno outro sim 111e fa\:a

,'~ lançar em folha o dito'soldo de lVI_cstre de Cam..


« po na mesma'conformidade que se fez é!.0 dito
([ seu antl'ceSSOI' " e na mesm;\ lhe fará o Prove-
,(I dor da Fazenda de Sua Magestade do Rio de Ja-
li ueiro, paga{' llOntllulmente tudo o que vencei'
..... em quauto servir com o dito cargo. Em fil,'meza
Ir do que lhe ,mandei passar o presente, que se

I a l'cgiSlará dos Livros da Fazenda da dita Cidade

.« do Rio de JI-l'neir~. Dada na Balda sobi'e o meu


1
lCl s·ina (' Se1l0 de nfinhas Armas, e referendado

« iufr:a e~cripto de meu Sf'crf'tario a 7 de Maio de


li i v 44.-Anlonio TeUes da "Silva. ,.
DO mo DR JAN:EIltO.

§ 55..

Entre as festivas- acclamacões com que o povo


. ilo Rio, sempre brw o (' fiel recebia osRepresen:..
tantes do ~ oberano, foi installado no Govel'llo
FntncisGo de Sonto Maiol', applacados os rumo-
rés que suscita\la a va -iedade dos pareceres, sobre
a legitimidade da nomeacão da Camara, que
como ltepresentantes do povo, na falta das vias
da successão do Governo., estava reduzido ao es-
-tado natural da ociedade, P. a ella' somf'nte com-
petia a escolha daqllelle que os le\'asse e COlJdl1zis-.
se pelos camill bos da honra, -a gozal'em os direit()5 .
-inoatos da felicidade a que todos aSliirão, pelo
uso da sãa razüo e bom senso, e exercicio dall
virtudes ch·ristnes e civis. El-Rei , S im o decidia
DO Alvará c1e2L' de Setembro de 16~~,eparaque
-fique em lembran<?a a sabedoria daquelle Diplo-
'.ma, o transcrC"vo (I).
« Eu El-Rei fa~o saber aos que este Alvará

"I virem, que bavendo respeito ao que por parte

.~ dos Officiaes da Cami1lra da Cidade de S. Sebas-


~ tião Capitania do Rio de Janeiro, se me repre-
tt sentou a cerca das inquietações que naql1elIa

'tt Cidade houve, com -a morte do Capitiio Mór c

q; Governador della Luiz Barbcilho Bezerra, s<?hrc

/1 a elciç'ão da pc .0<' q ue no in terino Governo

(1) Livro 9° de Orde{)s l\eaes .l?a~. 527


~OM.O H. 12
90 ANNAES
« nomeou o Governador Geral do Estado do Bl'a..
(l zil o que proveu ao que havicl de govecnar ,
« pretendendo eUes por huma parte -conforme o
a direito prover, como com effeito provêl'ão por

or eleição da mesma Camara e povo, e pela outra

a querendo succedcr no dito Governo o Sargen-


• to Mór do Presidio Simão Dias Salgado, alJe-
II gando pertencer-lhe ccnfol'rne o Reg'imento da

u Milicia. E ql1erendo eu atalhar semelhantes


CI desordens e inquietações, e evitar os damnos

a que dellas se podem seguir ao meu serv iço e

'. ao bem publico, e quiétáçãe dos meus vassal-


CI los, tendo tambem respeito á fidelidade e amor

Cl com qlle os moradores daquella Cidade lêem

'u procedid'o e jJl"Oced"em nas cousas do mm se7'vipo-,

« e fl1'incipalmente no al/gmenlo da fortificarão da-


or ql/eila Praça, c par lhe í zer G,raça e Mercê:

CI Rei por bem e me praz, que succedendo falle-

or ceI' o Capitão Mór Governador da dita Capita,...

« nia, enào havendo ncHa vias por que eu declare


« a pessoa que' ha de' sncceder no dito Governo-,
li"" possão os Ofliciaes da Cifmara da dita Cidade
CI que então ser"1'ú'ern-, eleger pessoa que mais idonflT:

u lhes pm'ecer que sirva o dito cargo', em quanto eu

tt ou o dito mell GovernadO/' Geral do dito Estado

...nl1.0 prover, a quem daráõ logo conta ela tal vaca-


« t·ura· e provimento que a ~sim. hom el'em feito, pal'll
« manda?' o qlle houver por mais meu serviço, fian-
Q do deLleô'" 'lue ell'gel'dif pam O dito cargo pessoa
DO RIO ])E JANEInO. 91
« de tantaç l/artes e qualidade, que fique Eu hem
a sel'vida, e tenha por isso muito que lhe agl'adecer.
4 Este se .{;umprirá tão inteiramente come nelle
r se contém sem duvida nem contradicção algu-
« ma, e valerá como se'fosse Carta feita em meu
o nome, e passada pela Cl1ancel1aria, constando·
« primeiro pelos Officiaes della, de como pagã-
«( rão o novo direito, se conforme o regimento o
« deverem, ~em embargo da Ord. do Livro 2° ti~
fi tulo 20, que dispõe o contrario., Bartolomeu
(I de Araujo o fez em 27 de S~tembro de 1644,
r e eu o Secretario Affonso de Barros Caminho ()
!l fiz escrever,J) I REI.

§ 56.
Os serviços relevantes feitos pelos habitantes do
Rio erão mais plenamente reconhecidos e sanc-
cionados até da approvação Real, pois de boca
em boca por todo o Brazil e Reino se faliava" 0.0'
enth11 siasmo com que todas as pessoas se prestavão
ao serviço da Monarchia; tendo feito habito no
povo os sacrmcios pela boa causa, e estes bons I

habitos fortificárão o amor da Realeza, ainda que


esgotados os recurs')s do Reino, alegres curvavão-
se sob o peso das contripuições, só para qu~ r.es-
plandecesse a gloria do Trono Real.. Naquelle
amor do bem do Estado se cria·~..a a adplescencia
com o exemplo da obediencia e fidelidade dos
SC\~S lU.aiares: aquella idade foi sem dllv,da sénh
12 **
ANNA"E3'

pr..e a mais smcepti\rel. 'd sta obediencia do qu~


de in8tru.c~,:ão e persllasúo, porque a raZ,10 incerta
e vacillante só se rege pelo preceito e pelo e em-
pio, re.cebendo irupre. s6es que lhes são inspira..
das do an ar de Deos, do Rei, da Patria , dos Pais,
da virtude, contrahido este habito, Q seus deve-
res ficão gravados no coração; e a raz{il) despovol-
vendo-se enriquece de ItIZI~S o espíritu; enlão a
mocidade formada pela moral, por bons . enti-
mentos, por habitos adquiridos da vil'ttlde, he
sempre fiel ao Soberano, amigo dos sens seme-
lhantes e do bem publico, Ul1ico objecto dos
seus v.otos, dos seus des 'jos, e com tão podero-
sas armas se forma o melhor dos servidores do
seu paiz. Respeitando e amando a Slla Religião
he intimamente unido ao seu solar e ao seu gover-
no, fazendo todo o bem aos homens. As noções.
de ver~onha~ decencia, fidelitlade, sabedoria,
díffioilmente penetrão os cerebros aviltados: pela
antiga educação o Soberano teJ'á então subdil.os
dignos, permanente sefléÍ a sna gloria· de dominar
em seus corações, q'ue lhe dará huma- força in-
destructivel contra os inimigos do sen Estado;
convém por isso liJue 6S- homens sejão applicaclos
e labo~iosos, e que o Governo lhes inspire muitas
esperanças de fortuna e de gloria, a paeieneia
sE;ndo a virtu-cle dos Christãos para a·vida eterna,
he na ci\"il e militar somente a de escra'IOS', que
não têem nem interesse- nem cuidado de mereeer·
DO RIO DE Jd "EIRO.

a estimRçâo: o homem sem brio treme na pre..


sença do inimigo; como d{lqnelle que o envia á
gu na; séio na verdade os verdadeiros inimigos
dom~sticos, que desconhecem o prazer de fazer
accões
, da immortalidade do seu nome.-

Por n10tivós da desástrosa situação do Reino,


e absoluta decadencia do commercio e~t'erioT,
durante a gtletra vigorosa contra EI-Rei D. joão IV,
o corpO' do commercio de Lisboa movido mais
do proprio interesse que- da causa da bem ptiblí-
co, fez htlma grande represeritação que deu ori'-
gem ao estabelecimento, das f1'otas que arruinolÍ
totalmente as riquezas das Colonias; por quantó .
tiverão o exclusivo direito de venderem aos mes-
mos naeionaes as lícença's para venderem os di-
versos ramos do seu trafico e industria: huma
.I)('quena parte do Reino .teve direito de dizer á
universalidade do Brazil, de que era senhora priva-
tiva de todo· o commercie das Colonias ,. para que
este lbe vendesse P01' infimo preço os g I'leros da
sua agric.ultura, e ena lhe vendesse caro os que
irnlí)()'rtavu, que ella g.raduaria a abundaneia, não
sobre a neces idade,. mas sobre o interresse pnrti-
cular dos seus pri\'ilegios? que em fim subverteria
a sua indllstria, como os inimigos externos asso-
law'io o seu eomm reio, cou titt.rindo-se assim
nacionaes domina<ilores·;,' que ó allal'camento de
4
94. ANNAES

tel~OS os Incros era o objecto sómente da sua 501-


licitude, que ficava abolida a concurrênc~a, e
abertas as fontes da fraude, immoralidade, ini-
j

misade, inveja, e desconfian(~a, recebendo da


met'ropole os Brazileiros os peiores productos em
qual!dade, e os mais pequenos em quantidade,
reduzida a grande paroimonia ás exportações da
metropole " para. com ena privar-se o Brazil da sua
prosperidade, reduzido . á p€llUria e á fraqueza.
Males de tanta magnitude se perpetl1árão por mui
longos annos, apesar das mais energicas represen-
tações .das Camaras , pois o poder que a Compa-
nhia exclusiva ganhou pela sua accumulada rique.
za, as fizerão afastar das vistas do Trono po~' ,
Jnf!j~ qe .4um seculq.

Eis aqui a representaç?o (1) dos negociante~


da Metropole: « Os homens de negocio desta Cida..
« de, em seu nome, e dos vassallos de Vossa Ma-
u gestade tios negocios deste Reino e fora c1 Ue,

tI considerando fazer hum grande serviço a Deos

« /e, a Vossa Magestade, e ao bem ~ommum, a


ti conservação das suáS Conquistas, e em defen-

a são de súas proprias fazendas, fazendo hurna

IJ COlI~p~nhia geral para todo o Estado do B.razi1,

(1) Archivo da Cumara do Rio de Janeiro, Livro de


ft~gisto cIo anno .de J64·5 pago .7Q v.
DO' RIO DE JANEIRO. 95
q desde o Rio Grande até o Rio de Janeiro, Espi-

(/ rito Santo, e S. Vicente, compre'hendendo nes;-


q te direito assim as Praças e Portos que hoje

« possue esta Corôa, c,omo as que estão occu-


a: padas pelos Hollandezes, em que entrem todas
a: as pessoas de qualquer quaIldade que sejão,
« assim natnraes como estrangeiras, com a quan..
« tia de mil cruza,dos para cima, sem a Fazenda
II de Vossa Magestade entrar nclla com' cousa al-

" guma por tempo de vinte annos, que come-


q çaráõ e91 dias de Pascoa da Resurreição de

« Christo Nosso Senhor deste presente anno de


« 16~9, e querendo elIe reforma-Ia p.or mais dez
Il annos, ficará logo reformada com as mesmas

o qualidades e condi ~ões, na qual farâõ nos


~ primeiros dons annos trinta e seis náos de gner.-
o ra de vinte a trinta pe'as de Artilheria, e dali

« ,para cima guarnecjdas de gente de mar e guer.-


a ra, com todo o mais necessario conforme a ID-
a tacüo de cada hnma, para que vão ao Estado

({ do Erazil em duas Esquadras repartidas de de-


cr zoito náos em cada hum anno; a dita quantia

« seguirá nos mais annos que durar a Companhia


" successivamente, as quaes dezoito náos partiráõ
(I desta Cidade no tempo que lhe parecer mais
(I conveniente, dando comboi a todos os navios
li mercantes que forem para aqueIlas partes, e
II. nos ,mares do Brazil se repartiráõ para entrarem

.' nas Praças e Portos do dito Estado, e depois de


96 ANNAES

a carregados sê tornaráõ a ajuntar, e ])artiráõ


a para este Reino, conforme as ordens e regirben-.
li tos ql1e levarem; a qual Companhia estará
a aberta para entrarem nf'lla ·às pt'SSOllS qne hou-
a verem ele a fazer, a saber: nesta Cidade por
a tempo de hum mez, que correi':} do dia .em
II qüe se pllzerem Editaes, e para as mais parles

ti do Reino tres, e <IS Ilhas da Madeira e Açores

a sete, e as do Brazil bum aono, para que venha


a á noticia de todos;" e bastando o dito tempo se
ti fechará para não poder entrar nella mais pes-

« soa alguma, com declaraçã{l que daquillo com


li que cada hum e'ntrar, fad log.o huOl tel'ço em

I! dinheiro de ~(Jotado~ e para o resto se lhe da-

{( dõ de espera oito mezes" que satisfará ern ~lIas


a pagas de quatro a qnatro mezes; e em remn-
a neração _deste graode servic-o que t'ot~ndBm fa-
a Zf'r a V.ossa Magestade, será Vo sa 1\1 agestade
(I senido de a.pp 'ovar a dita Companhia por ti-
(I tuJo de conlracto oneroso remunerativo, ou

a éomo em direito melhor lngar hajil, com as


«" .preeminencias, c\anslllas, e condições s"guin-

a- tes: pr:Íflif'iramente, que o Governo da Com-


{( panhia se formará de nove Depntndos" a saber:
« oitõ homens do commercio, e hum do /l0'0
« que seja' tambem commercianle., e interessado
ti neJla de mil cruzados para cima, os quaes de-

(I .poi cl€ eleitos ser iraó oella tres aonos, com


a voto decisivo, em todas as materias do Ggo.
DO RIO m: JANEIRO. 97 .
«,,'eroo da dita Companhia, fazendo-se a elei..·
« ç50 dos oito pelos interessados neHa aos mais
II "otos. n,o !1'loclo que o regimento ordenar, c o

II •.{\o povo pdo Juiz e Casa das iote e quatro del-·


« le, p'H'a cujo eífeito elegeráõ quatro homens,
« 'cujos nomes enviarã' ou levará? dito Juiz dO"
« Povo á ·Junta da COltJpanhia, para que na
« eleição geral dos oito se eleja h u LU dos quatro
« qne ficaráõ servindo neHa com os mais, com
.. declaração que o eleito, poslo qne seja nomea..
a do pelo Juiz e Casa do!' vinte e qnatro, oê tal
« maneira ficará independente delh.,· que nem
« .lhe dará, ,nem rod rã dai' conta 'no que na
« dita Juuta se obrar, nem deferir a resolução
« do seu ,'oto para o eomm.unicar nena; outro'
« .sim se elcgeráõ sete Cons 'lhei-ros pelo mesmo
«,commercio, os ql~aes podp.rá chamar 'a Junta
o ,quando lhe parecer, para lhe communicar 'as
ii materi:ls sobre -o qlle ·os chamarem, e neHa

a .teráõ voto decisivo com os Deputado. , para se


Q' executar o que pela mais fôr assentado. Que os
ti Deputadas e:legerâõ todo os Thesolll'eiros: e
e 'mais Officiaes 'que forem D<'cessarios para a
« dita Companhia, assim nesta Cidade, como fora
a dena, sobre os qnaes, tedõ plenaria j I1risdicção
« de·os suspender, privar, e fazer devassar delles,
Q provendo outros de novo e~ seu lugar, . os
« quaes' serviráõ por tempo de tres annos, e os
~ Thesoureiros tomarâõ conta de sens recensea-
TOMO II. J3
96 ANNA'ES"
a !IIlel!tos, 1\ quem daráõ qn-it-a~ão fC!>rmada·-por·
~ ,dous Deputados.., e sellada com o seno da dita
a Companhia', sendo ·vista e examinada pelo Con-
a tador d~ .Tuata,.e.a tudo O que.o ditos Deptl~a.
9 dos fizp.rem, ou 0rdenarem ,sobt:'e co :toc~nte a

!I ella, sP,·.<!lará cl'edito assilll , .e da .maneil1é\, qlJ1e

9, se u::;.a n(i)S Tnibllnaes de Y.OSS~l 'Magestacle ,. e·


~ tercÚõ bnma ·mesa redonda .sem }ilrecedencia de
c iu gar, Que ~st'3 J II ma ,e Governo será indepen-
c clame c.om inhibiÇ:'40 a todos os 'fr-ibunaesmaia,.
f res, menores, .e s.ómente immediaJ:@s á Real
• P.essoa de iVlilssa Magestade-, p~'rqne como a
li Compa1!llhia se ref01'ma de cahedal, substaJlileia.

II propria 4DS ,que n-Jo. .de g.ov.ernar, .e mais in-


I te.ws~ad.~s ReUa, s.em ,entrar consa alg.tlJma .de·
4 Faz.6Il<d.a ,de V:ossa Magestade, .de ;tal mél1neim..
t será incle.p.endemte, .que, ,por nen1anmicuso-OU
.l lincidlllrlte se lintoometterá nelia, nem,em depen--
J .deneia sna.;:o iMíinistro" pu íf r.ih>.l1-l1at-a Ig-a fi de

~. V;Ossa l\bgestade., nem itnredir.á , nem eacan"


(r trnrá a.adm~5txaçã@ de 1~ldo o ,qlNe nellahcar,

9 R.OO}·,to.tilDar lOU pedir ..eonta de:> ql~e l(i)bmr, por.:.


II Q'll6 ;e.&Ba· dnrMi> .()S q~1:e :suhirem ,aos lflJ.ue .entrR"
II. ~em ,. lD<j. fOllma do seu. regimenoo.) .u ,isto sem.

@ ~ ar~.o de qu:aesq.~ j-nci::;dieçe.8S d.os íl'1l'i:bll"

~ :naes q!U:e 0 ,preteaclã.o" mpedir, e ((j) mesmo se


.. e.oteJilderá ·em lOS mais Capitulos .cDnteud03.
1tesJ;e -papel, -po..r:qu:e , 1f:>(i)sto q:ne pareça l(j_ue o;.
~- ~(i) {Í1as mate1'Ías desta ilunta iespeit-a s"a~ ..
DO RIO' D'E JANEIRO. 99
II. jurisdicçães como ellas niio !ocão a Fazenda de
(I. Vossa Mage&lade~ senão n.s pessoas <(ue na dita
-. t:;ompanhia metrem sf'nscabedae , por si se hão
... de g@veruar GOLO a jUl'i.sdic'~ãQ- separada que,
It Vossa Magesllêl,de lhe ·.cl;uílcede,. e. querendO' al-

4\ gUIilil T11ibl'lua! saber da J un ta qua.1'q;ller Geusa J

,ii' a:-seu Secretario escreverá ao da d.la Junta, que

• d':md0 CORta nfllla, lhe &rdenará- a que h-ouver


,4 de responder,. e qua[1do s ,ja c.ou a a q le não.

• venh'a, clf'fcl'ir (') Tl'ibu '11 que o--pel~gUl)tou, o


« p@clerá- consultar a Vossa Magestade, para qne
·ft ouvindo, a d.ta. J nnta, mande o que mais fÔJ:

a sel'vido<. Qtleeslia Junta tf'Fá hum Juiz Con':


~ servador com j ~lrisdicçi\o privativa, e iI bih'iç.ão
,. a tod-o' as Juizes e Trib-unaes, e Gonheca de
.e, todas as causas t1ella dos Deputadas, Coo eLhei..-
~ ros, e caixeiro& d(). Thesonreu'o Geral, assim
,(I' erimes como civei&, ·em que f(}[eID réos on au-
.. tores, fazendo ver a seu Juizo desta Gidade P01'
(l' mandado, e de fora por precatoria as dilas
1<" cansas, o qual 'terá. alçada l)Ql' si só até cem

II cl'llzados sem appellação nem aggravo, Ilas pe-

.([ nas porelle,irnpostas, e nas mais cousas e cans,ls


fi de~pacharem em Relação C0m adj1'1ntos, () qual

li< com sen Escriv-ã(). e dons Mt'irinhos seráõ no-

fi meados pela dita Junta, ~ confirmados por

"U Vossa Magestade, que obrigará ao que elege-


II rem a ,senir o dito cargo, e isto sem embargo

l da Ordenação do Livro 5° titulo 12 § da nova


13 ...
100 ANN!ES

I lei que Vossa Mageslade mandou passar !'01 re


.a -as Conservatorias; porq ne só o .J niz deli- e
(1 não tome'p r privileO"io, para moleslü e exe- f
,

a cução das partes, qne Fbi a razão qne a dita'


~ lei respeitou, senão pal'a boa administração da
• Companhia, a presto das armadas, cartas que
a-no Real Nome de Vossa Magestadehade pass~r~
IZ he precisamente necessario neHa, e assim tel'á

a 'hum Procurador Fiscal que nomeará para to-


a das as sna~ cansas. Que o dito Juiz Conserva-
a' dOI' passará as ,ordens por carla do Real Nome
(\ de Vossa Magestade, que pela Junta lhe, fôr
• ordenado, assim para o- bom go-vcr 10- da Com~
« panhia', como paTa to nal' embarcações para
• suas madeiras e-carretos âellas, as quaes se po-
« deráõ cortar,onde foi'e~ll netessarios', pagandQ-
li se a seus donos pelo preço que yalerem, e

'a"para obrigarem a trabalhàdores, barqueiros;


c1'tendeiros, e mais Officiaes a que sirvão a Com-
I panhia, pagando-lhe seus salados ;·e se lhe não·

« poderáõ tomar os calafates, carpinteiros, que


« estiverem occupados no serviço de Vossa Ma-
Il gestade, pelos Ministros de Vossa Mllgestade ,

a antes sendo-lhe necessarios outros se .pediráã


'Q ao Ministro a quem tocar, para lhos mandar
Q dar, e para tudo o_mais necessario ao bom Go-
li veruo da Companhia', emprc:zrindo aos M.inis-
'Ç( tros de J nstiça que lJle não dessem .cllmpri-

li incuto p'ara a Relação, onde "ir".\õ responder ~


no RIO DE JANEmO. 101

« ou vindq ao dito Cons?rvador, qual virá a


a Junta quando se lhe der recado para cumpri-
.. mento do sobredito, e ou h'as cousas ql!e sne,
« ccdão , tendo o assento neBa com os Depnta-
q dos. Que por quant.o desde o caes da madeira

a até a boa viagem nã<;> ha casas sufficientes para


a tão grande maquina, como he a fabrica de

n trinta e seis navios de guerra, fazendas, aSSllca-

.. ' res , "inhos, e mais cousas perteQ.ccn tes a es ta


<I. Companhia, que tenhão o recolhimento junto;

a, mas que as casas que forão do Marquez de Cas-

a teBo Rodrigo, que Vossa Magestade haja por


er. bem de lhe manda·r despejar todas de alto~

a a bai·xo com seus armazens, dando·lhes d~


a. aposentadoria, e pagando a Companhia á fi1-:-

q zenda de Vossa, Magestade todo o seu rendi,7


«. mento, para. nos alt'>s tp.rem sua casa. de' des7
a pacho, e aposento do seu Thesouro com o di~
«. nheiro das portas a dentro, e os baixos e at'ma-
(I zens para suas fazend,\s: outro sim tomaráõ por
q aposentadoria todas as mais .casas e arJl1azens

(I. cobC'rtos e descobertos d~ todo a.qllelle districto


q. do. Goq)O Santo até S P.aulo, que lhe fOJ'em

« necessarias, ou em outl'as partes, pagando os


a alugueis a seus donos, del'Og~nJo por este ef-
a feito qualquer privilegio de aposentadoria a
« que t.enhãu di.. ··ito as pe 'soas a fi uem se toma-
a rem. Qlle por ser gmnde a fabri a de tão conti-

~ ~1Uf\dus Arm<;tdas,.e grande tambem a prevcn-


f'02

u ção que p~}'á eItas he necessaria, e (') maritim&


(I desta- €id:ade tã0 c')'lbaI:açaG!o, que não ha l:u-

r gtll' , aonck· se' aéornmodem , seja' Vossa Mages-

~ tad~ servido por este effeito de lhe dar os ar-


a Iilazens' que .ser e' de eI~fermaria a'05 rorçadO'it de

cr galés para- fabrica de. p~p"\s, despejando-se-Ihes


lt para isso, e j Uut-a't'nen te_licença "para poderem

iI fabricar aFguns jUl'lto do mar, no lugar que


« mais conveniente fôl' desde S. Paulo até a Boa
« vist-a., os qnaes seráõ em' forrm:t- qUe" não pre-
ie j \1dique a visinhança-. Que Vossa Magestade lhe
" conceda' licença ~ara fabri'€ar (~S navias que a
Companhia quizer fazer em quaJquo.r parte
ce que lhe p'areça no maritimo cl~sta Cidade,
([ Porto, Aveiro, Pe'derneira ,e .A.tea€€r' ,. ou qual,.
(f qlter outra parte'., e para .(\)S eortes das ma-

'(1 .deir::rs pedn"-o liCeB€::r· para corLé,lrem :IS que


({ lhe forem neeessaria's pela via, a que toca, que
l( se lhe d'ará' eom todo O' f3~or, e brevidiIde~ pro..

({ cedendo assim nisto come 0.0 h'rgar em que


II hã'a de' fabricar os ditos navi0s, a todos os
á mais que nlio forem da iabrica de Vossa Ma-

u gestade, querendo a J l!.,nta fabricar oa Bahia;

([ Rio de Janeiro, S. Vicente, ou Marannúo, Ih61


([ mandará Vossa Magestade dar asordells f.leces~a­
(( tias para se poderem obrar, com~ se forem fei.;
u tos P01" ordem de Sua Real Fazenda, pnra o que

(I se lhes conceda- licença qne pos~ão fazer (;ondu-


a' zir das partes do Nurte huma ou duas náos car-
DO mo DE JANEIRO. 103
~

li iTegadas deforneoimento, artilhcria e mais mu-


I nicões, em todo o tem'po que lhe }lareCer con-
II venienLe pâra este effeito , os quaes iráõ em di·

li reitura.de snas ter-ras, e 000 levaráõ alguma

li outra fazenda mais que'a que-tecar aos ditos

~ fornecimento.s eifabricas necessarias, sobl'e'pena


a ide serem as ditas náos'perdidas para a Fazenda

« de Vossa Magestade, e para este effeito seráõ


a os navios\'isitaÊles pelos0fficiaes·'R, aes das' paf"-

« tes, ,on<!le se 'fizerem ·as dftasfabricas, contam:lo-

• se e pesando-"se as ditas nn1~ições, ue-que se fará


a investario, e se p3ssadõ certidões pelos ditos
II Offi.oiaes p-ara na Alfandega, desta -Cidade se pa-

a -garem os direitos 'dnquiTIo que se dever, -e ·as

« â1ta-s 'wáos podera1õ "Íl' a este Reino carregadas


(l ôeaSSl1Cal'f'S em -eoO'l-panhia da Armada; com
~ elgel'lte -que levar, para o que Vossa MagestaHe·
a ,dará jiC6.l'lça, e o !(;ovel:nador e/os 'Capitães

« 1\M1~es <!lo di:to 'Estado ctaráõ· todo o -favor e


u aj·nda ele se poderem fahricar as ditas ná,~s ~o-

a mo se forão· feitas por conta da 'Fazenda de

({ Sua 'Mages-tade , sem, alteração, dos' preços qlle


« c@s~uma ter as -de Vossa M'ngestade, cujas
u 01'df}B:S. se passm'áõ firmadas -POl' Sua ·Real.

II Mão -e feita pelo Secretario da dita Junta


a ·com ·a üsrta -de ·<:10'1.1S De.putados dena. Que
'ti -V. ~agestade 'ooneeda a esta Junta. poder -bus-

.. ttlIíte:pn:r.a mal'ldur ecar'caixa nesta Cidade, 'Rei-


q llO,e,ijb.as, e{azel' Capilãe.de Mul' -e Guerra que..
104 ANNAES

« lhe fôr neeessario para guarnição das ditas A,-


q. madas, a todo o tempo que lhe convier a quem

q faráõ Suas pagas e .vantagens~ co 'o se acorda..

a rem com ellas, e dado caso que na mesma oc-


« casião mande Vo /sa Mag~stadl' fazer le,vas de
« gente, p,'ecederáõ as do Serviç.o Real, e logo
« as da Companhia, salvo havende urg.ente ne-

« cessidade neIla, que neste caso a consultará a


« Vossa Magestade para que se sirva de. lhe dar a
(l necessaria, ou deixar-lile fazer primeiro; e isto
a se entenderá; assim na gente do mar como
(I de guerra. Que por quanto de presente está ~ste
(l Reino falto de Condestaveis., Ârtilheil'Os, e
I i

.(1 gentes .de mar para guarnecer as ditas Armadas


(l como Vossa Magestade he .presente, que que-
« 're.ndo iI dita J'unta fazer "ir da parte do Norte
«( .os poderá conduzil' qne seráõ examinados,
tt e não seráõ de Nação que nos fôr inimiga, e da
fl mesma maneira alguma gente de g-uerra,para

Il trabalhar com os Portuguezes , ficando o' Reino

« n~ais aliviado destas levas. E porque par.a a Ar-


a mada de tanta importancia , e de·cujo goyerno
u pende só o favor·Di\'ino, e bom successo e con-

a servacão do Estado do "Brazil, e Fortaleza de


.« Reino, he neccssario eleger pessoa de gra-nue

a confi,ança e satisfação, qne esta Junta elegerá

u os Generaes , Cabos e Capitães de 1\1ar e Guer-

CI e mais Officiaes como I'he parecer, propondo a

a Vossa 'Magestade duas pessoas para cada posto


DO RIO X-"JtANEIRO.
iQ.6i .01.13 A\'i.Ni\'"B9 ( I i Oi

" ele seus l}cpÜku:roS)Sejà'0JaS8i~.!IllfldosílPOf(Sl]~R<eal


~ Mão com dechlraçã(j)~le (); di·t(i) Regi a :n r,efe-
. .1.fi .~ .J., r.., ~,
I\. F@lS 1'1!l~ . 'rmauIJ_'J1.0lp'al1c ,'a:~8Y
TTdi'to, De.P;llL<WW!P
"" ....3,~
tf para <2 era:trê'g:aranr~Ms <iii ~0S_ iD li ad<1S';1 Oéibós ~~
llf . ~ C'uWtãé. ';, fa~~~" Ufiii'~Pil10' ,aS ig:Radô a<Y
(~' pé d'q. regist0 .de tt.;a l!B!egi' 61'lt' " <il'~hl.al'-e.i.ú(na
~ dita Jpn:,ta 0on~all!1.e;~lJd(), () epHeJ {)'blr~l~tl, e P<Y
.4 qi1!lé ~x<wtteJ.\' lila~ ç1ev, sg';:ls' ~L-. ' ~~s'el1;g F>ro<:rec;li~

c- me1i}lf;os:tti'rar' @' 00 S~fWádóI'.,),' se da.)Í.{(lIVi$1l31 ao,


~ ;p.p~cura'd:(1)l' I?M~áJ, .lpata lohe·, d'a~ éét.r~ó " rq'le
G sedô t)oF!enes's~ttínda~0-SJoom(Í)sJA!.júda(lIlt€s da.
I q 'c~s(llda' 8'nppli~'ágãô.~ qU@fo.~Ileg€kl~t'jiel'enc'í;íhe.
ti Iqom.eáiiÍl! pàm' €':ste Itiffefto, t(2l!le 'a é!'Vdssao1VJ~es..
a, tadérb.:e",nPtori:o\ ICGm~ídépr-tlS~IlM ,un&letRe.iao.;
'. I1lrO' hl'1/náóslq;t!l'~ al. ·a· fuPIIDMflf" 8 d(j,tnl;)tlà1?
<

a' paPa.EÚ~ndaflil'es:rgloo.nÓ.,,~s-~Z-0-illoid0aOJ1Í>)l~~i~
ll· n~~ se:qlleF.(al. '~l:d0 l'pa'P~ttodd M' .d~ i alos~[le"
Ia.{l~ 'aeméh' f€ Jtl'O tfe raw.'Il}{lm:lá'P'oOmfilI3'paa
i> N€)rltérqUW~ã'U: Se3nqaNOOt€O a bl"-0.vidtl,(]~l 50
I

(J. (!:Cm~nÍ@li~ COfP h~ce~à'Pi<t,pe.IOltJl1~iVi 't}fa-_


«o.. '€Sf'a't!fu ~~f~ étivjdtJ)~flj . .e~·erõêJtf ,06m pfffilfia< 'de,
i lIhe J:íUínda ii 'B<t~ ::i ~tÍ'gFt!a~liàs,'<t'lii Viit:p"l:la.
/Ti de Hambl-wga \' 'Pe\. qú '~}tíSlt~l'ãb iJ- aZ@B ~1de.
ii,iV.'0ssá 'Mttgãs1fâ(le ; ::-~s- ·1.ffiielã6.é>~i àet<fue' f§l~á(1),
tr l

't, p'ag-aníenfé). tlaadfJ, ~êtt~?Sf1aA~o~ü 'no fu.}:tempo

~_ "fizer: . IP~á, ft ;:>qt<é' eH<i'egti ~atlÓ' 'per· I certteFãâ


J<I.l:ddJ-€'b'trét
- <k 'Coti~i(jsr;J""àr, r ~émlHdfii~u'~g6
«'/5 t'a!f.f.1 â i esS1'.)c q,.1'e .y1&JsiPMá'géStaàij r-orf:lel1.
0''; Ílá ,:00 -vis1ta' I d€Uas ~'qua r6~E'mezé5) ?l1l.uo'lsé
. '.1 A,n:
1>0 lnd'~l:lE .TANEIRO. ,10;

',·fazeri'dl) rliffer~nça dõ' u~o éoihitium âás mais


v' letNls 1 ~r ~spê~ dõ ditbttbmpo; Ei s"aous ga~

ii leô~s. qne "ierfio dé P<frto, Sé Sérvlr1Í. Vossa Ma-


fi géstátl, lattiB~II1 de'1h'\)s nfaí:l.tÍar étlâer, á'h!:.
d li dós c~Hb cotífllió"difJã'dé tIa OófupàiHíia, por'"
ir tIl'í!'! ti qúé éu~tárãó: à F fetidã dé Vossa Máges-
íl tadê SP. 'entende ,[I)i m1J.ito; Fárã se podererii pôr
41 á élá 'como éonvélu 'hê: 'necéssária grande
"« deslJeza, e e prei,a t)agaráó á Fazenda <lé Vossa

'C Magestrtâe em t/ohs l)àgameFit s. dó dia da sua

a avãIiaçâCl â seis ~'~~ls mezes., p(Ji:'cfúanto néSte


( ptifioil)ibs tem a '(J Íllpanlíia grandes gastbs e
<I despêzas qu~ fáier~ :.assim cm navios corfio em

1/ 'émp egos, e nlstó ilãl) fi{5a'3 l<'llzenda de, Vossã

.(j Magestade perdéudd é~\1sa 'êõnsideravidl; p.or:..


II, que eoú'Í á bbriga~ão 'que a 'Cóillplmnià fi.zer

·í nos limítes do dito teítlpd, se podérá valer à,


'i Fazebtlâ de Vbssá ~{ágestàtlé qüasi éoffld sê fôrà
a diríh('ifo, e os ditos ga'leões se aparelliafáã êodi
'(I toda a brevidade qüe ·fôr p-assi-vel'pará Elste ve'l..
li rãij: Qüe todas aS .p-rezas lttié as armádas dã
....Côtiípanhia t0lÍlarêfu ::los 'ini·migo.s desta Córôa,
q edtn ~uem tiv~t gli~rFa declarada:; assim d ida
It éomd a vinda, oli f>,or 'quaiquer oútro titu llo

Íb . quê seja, pêrteucc'rá tudo á dita Compa-


ri ríhia, ê por 'beóhum mâ'clo tocara á Fazenda

á de VoSsa '1agestade coúsa alguma deIJas, por


fi serem feitas ,caiU às despezas da dita Cómpa.:.,
.. ·Í1b~a. Que Vo sa Mãg'estadenão mandârá tomar,
1~ ....
:,. ,
08 , 'kNNkES

.~ nenhum fl@SrS€'I:lS nayio~-" J,a'pelá qj:te s~j-a €.ÓOl ..


.ar upgeqte~ºecessidªiil~; e ~e' 09 ~~!;'l(j) qnj: Qs.iniÓl i-
•. gos <lésté)··Çer· a -v~nb.il.9·Q podel'osa armàda
ain f1st1Ü'· es ta 09&~a ',. as:·q~}. 'el;' {~~el entrada ~m
a, no~so's' POFtos ôu paxras;' d~ mpc10rque seja ner

a ces ~r~ ·pata 'q\lé a- ar.mada de VOi' .i} lV}ag stade


a POSSêil:- f, zep Q.p'P0s;içpo; :refol'çar-se :com toda ~

,r; déil dit~jGoml;)qRhia 'Por parte ddJa,jnes.te Q~!l{i)

Ir lhe .maudará: -Vossa. Mag,elltade a fazer ~aber,


a, paea qne cHá com' toda~ ·as suas (orças. acuda
" ao· necessario d9, âito soçcwrro, como bons c
(l leaes ,vassalJos, c'omzcleclaraçã que' os ,cnstos
c' q le fizerem, sahindo' forã do p0rto a p~lejar!b

• ou sem isso em;.aplestq no -dito,spcGorro, p'a-


a,.gas, e mantimellto~1 da gente'do myr·e guerra,
a que constarâ. )p<;>r certidões de sel1S O ffi.oi~fs,~
a q,uerHor ellas J1ão d~ ser cyiétos-, e (lualquer

IÍ na.vio.que no case;) de b$ltãlh""'~IPu rjsco d9 mm'

a se perca" mandar-á i Vossa Magestade pa~ar ;em


ti dinheir~ de contado da'.e,hegada dos ditos,pa;

« vios a seis m,ezes, e: I:J#O. ser lhe paganqo-,,_ se


.a. desQontaráõ os di'reitos dos~primeiI'os ..assucares
Ir que vicrem..do.Brazil, e.isto peJo -grande daD!no

a. que, lhe caúsará: qualquer. diversã,O' .q!10 tenhiio


<t no curso da sua viagem. Se. por;ém não sahi-
li. rem deste°.portQ <l,pelejar; não lhe pagar.á cou, a

/f algum,a a F"lzeiul,a jçle Voss.a Magestade. E por


CI ••qne haverá .muLtas pousas,no decurso clotempo.,

Ir que de pre5en~e n~o occorre á dita Companhi<J,.


DO RIO DE JANEIRO. 109
~. e por isso não póde expressar lhe' conceda Vos-
~ sa Magestade licença para lhas poder consultar
li: ao tal tempo, no. que Vossa Magestade deter-

ti- minará o que mais convier ao sen RAul Serviço;

fi Ql1 qu t:endo a dita Junla enviar.algum a'Úso


(( ao General, e mai Cabos das ditas armadas
ti depois dellas partidas, o poderá fazer cons uI·

Il, tando primeiro á~Yossa iagestade a raz'ao que


li. tem pm'a a despachar, e sendo approvado, o

fi Secretario da dita J nnla fará as cartas em Nome

« de Vossa Magestade, assignadas por sua Real

li. M'ão, e com v.ista de' dons Deputados que as-

« signa~áõ na vcl1ta., para o.dito Geral, e mais


fi Cabos a curo prirem.. na. forma que se ha de fa-

zer para! o.dito n~gimento. E porém que seja


ti Vossa Magestade sel'Vido que aos ditos·Generae5

ti e Cabos se não dara nenhum outro aviso, ou

fi despachará ordens por via de Tribunal algum,

l!. nem Vossa· Magestade o firmará nó tocante ao


ti manejo, governo, retencão, ou partida das di·

a tas armadas, salvo -aquellas-que forem passa~


ti das pelo Secretario da~dita Junta., e com a vista

~ de dous Deputados;· e sendo pelo c'Ontrario


II mande v'ossa. M.agestade _A:fue não tenhão nem

fi vigor, nem,os ditos Generaes sel'áõ obrigados a

a cumpri-las, porqne· este ha de ser hum d08

a. Capi.tulos do Regimento que hão de levar as-


II signados pela' Real. Mão de Vossa Magf'stade,

Il, I~orql\e poderáõ succeder cousas em que a dita


A-NNAES

II lJl1nta appliqliê a Vossa Magestame , e.corwindo


« resolverá o ()I:Je mais fôr servjdo. Que. o Go-
(( vernador do Estado do Brazi!" nem os mais
II Capitãés Móres,. e Millistros dos portos de' iPer-

II nambuco, Rio de Janeiro, e mais partl'ls do dito'

II 'E tado, não teráõ jurisdicção algnma sobl'e a

II gente de mar e guerra das ditas armadas, assim

u no mar como na terra, parqne esta será só··

a mente dos Generaes e Cabos' das Esquadras,


(( nem se iutl'omettel~áõ no tempo em que as ar.
u madas houverem de sahit. porque a disposição

« disso toca aos ditos Gcneracs, e os Capitães e


.« Mestres dos navios mercantes estaráõ prestes, .
•(e para todas as vezes -que os Generaes e mais Ca-
II bo.s os mandarem partir na.sua Companhia, o

II fazer.em; para cujo effeito os mahdará notificar

(C quarenta dias -antes., assignandn--Ihes o em que


(C hão de partir, e o que assim o .não fizer ·cm
4 Companhia de armada, o não poderá fa~er de-

A pois della sahida, senão com a -do, anno se-


11 guinte, ·cóm a pena 'de ser perdida a 'eml:farca-

ii çãQ para a F~zenda de Vossa Magestade, flcan-

<l do á dita Companhia ·@·qne lhe tocar pelaS ava'a

II rias do .comboi., e a quem fizer' a denunéia:-


.q ção .se lhe dará a 'terça parte da dita náo. E-
q querendo o General e .mais Cabos alojar a su .

a gente em terra, por respeito das crenas que


(l hão de dar a seus .na~ios., o dito 'Governador e
{\ »J,ais Capitães Móres daqu€lle Estado O manda~
no RIO 1m .JANEIRO. 111

., ráõ alola na pm:te que lhe fÔT pedida., até:se


« tornarem a; recJfl1er os ditos navios. QlJe po~_
• quánto ti tlita Companhia ha de ter quatro 011
« seis ·baroos de lleqlOs, que. hão ordinariamente
.. andar de a.visos, que por nÉmhum caso Jloclerâ.
• o dito Governad-or, Capitães Móres dªqueIle
• 1E~tado despaohar para o Reino navi-os" anS\veI...
., l'lis-; (H~ harcos 'carvegados oom a!;'sneau" (}ll ~h
li tros fructas., fÓI'a das dit}ls armadas; ,e baven...
i> do algnm. suocesso em que precisQfIle»te seja
• necfssailio flap"se av..iso á Vossa 'Mag~tade, o.
« poderá fazer nos di:t(i}s harcos de· ayiso, e sendo
« necessari0 mais 0011S; cada anno, e faltançlo. a
« da-IQs"úl X(J01IlIranlllia v ilf~@. 'elI,lha.rG~çõ~s de alvi.,.
Q so, p.ois he') o: que con'iém pai a seg·uvida€le do.
« dito avfso emllar damn s ao util da Gompªü;hia.,
Q e vindo ~aFFegados: o. M'estre di:.> dito ~vis('), e

a. d{)fiOS do aSS11eaI'e~'Pâg3'ró(j) á;·Gompanhiaras.


(S~ ava'Fias" que abaixo. ~e dedal/a:. de troda a G~<l
tl'J que 1iroltxo.,..COID@> se; l!WrR c@J:IlQ@j.ada Pflos

ª
Gt ·I'lU ~ i 0S/- flali dita. éllftm élda, 'porque Co mpq I) ~i~
a,.~mmp ~t-€. Di· sOJa) Qhcigação elll: dar; 0 comb0i,
fá'z(fr Q. de5cpesaqdel1t'trpol" s~ SUlt\1 io.tençãQ
Je
·'Dã~,se. allFis€"arem ,t 0'-11 :os...t omar.em-os 'f)iiD~gos~
~ vindo'sc!Js 'é -cal'1legarl'0S. E pelO! n-lesmo J)Jodo.
,'tIDo. pó<!iero r sahir ,:na.vio.•. caravelta, ou barco
« <t~llte.Rein.o, pcWl o Estaqo.d0 Braúl:, s~n<i.o Qm
o. cfllnFanll <h:1.x1ita"m1:J:Qadb, e seneio N€c(tssario·
ií.. irem, a.~~ 116 llay.lQ,S ilbJ:a dQ> corp.Q d~l:l.a para.
r~NAES "

" aviso Oli SOCCOl'P'0 'd-a'quel1e EsL:J.d-Q~ qn'ererrdo-o"


VfÇlzeJ? a Cón~ipanhia', pedir:ádl!i'ce.F)(]~é.\. V~~!iª Ma-
(Í gestade-, e l~ar< qhe' YBl'lha iOnoticill ~e~Ji9~OS

a se porá@ nesta-Cidade,' p.ortos- l11qJ'iA;~I/LH)!l cio

(I R'eino" Edilaes ,do tempo em-qhe; '1Í ,ªjrn Nla


lt ha de. sá'hir" doils níez~s (antes] >J>u,fa cC'lst;u' m

(\ fod-o's apállelhadós e prestf-s' neste' ,orlt0 pn:l'a


(I'item GQUl eUa: e o que 9 cOI1Ír:<.llrlo' Ciz.t:c t~t:"' (}
q nã:vió rerdidcrpara Vossa Ma:gestade; <wi'ss·im.pa
ic' Sãlli'â.a como na vinda se nfto-'pQdl3l'áõ ap l,b-l.l'-<:1li

« arrÍlal:la; e os Mestresle 'Pilotosl{;que·se·[l'p§IPI.a~


Ir reà'i 'deJI~ ,,'nã'o' podeiá@ lsel' mais, nf_allcla'dfl~es

lc se)}r ,liéença. de iVossa Magestade ".qil!ie!lb.a dCl;rá


(C· 'ãoD,slflr-ãda pera Junta' da ~c. ·mpa!lílhü}}sólI.llÍI~nte,

tt e "~el âé. comiem~adàs ,em cem CTúzaUos Ga.da

~-.líl'lI11J.l?àra 1~1 pti\7,OS . ?Qlle "ás .artmadall d-:l ,<ij,t<l


tI Oo:ili~fil ia Je~ar.àõ') S lAv~las'dleê~es de Y0SS.s~
t.';M~gesJta'~h~' ,(lOS' h.and.?i.r s '6la (,'Hpitani~ ~ ; lAJi-..
(c.l'a.í,lt@,fe1a. dLvisa. é ID~em'prezá df'Jlà_~er.á jl~uli!l3.J
(II band' .illa '3''CIuabi-voT c('nll) a.im~geI).1hd.i:l ImOla.,
(I iéUbtda (.C'OI~ceiç~o qa Virgenr ~0· sal S~.nP'OI!ª ~_
- (I "'Matr 'n~&Ste:R'€inQ:; ço letra awpé5qJ.W diga
« i'8f1b;rliIl1·m~p'r:"(Jfsil:Li(.11 .ric pOl""Jp-a~o, pro~ fid(t
- (l~Ip:'j,tI'pàl:l:..ià mnrt. ]E .QI;estilo que' 06 ,G.~nera..e
(l I h'ãõ dé' guardáF ,quando 'se ,encontra,r.& ~@~) a
« .firmada Rr6c I ou EsqiFadras' de: Voss~ IMages1)a

a 'de,- e'ná6s d~{lln<1ia!_'il50' edaradósJno1,regi


·u . mento q'fJe. se-'!lhe. dEl11; assigtiado pe1 .jeal,Mfio>

,4 . e_Vosso Magesta@l.e. -,~ne:pâra esta~COTpllê\!l'll(iêl'


DO RIO DE JANEme. 1 13'

,e se poder sustentar e' ter algum ]ucro, em


g razão do 'grande dié'pendio que ha de fa~er com
« as 'al'madas e gentes de mar e guerra, -e as'di-
r tas náos haverem de ir e vir c?m pouca carga,

«( em razão·,de'melhor poderem pelejar nas ocea-

e siões 'que se lh offerecer~m, lhe conceda' Vossa


,« Magestade. o estaI)'que para o Brazil dos quatro
a generos de· mantimentos, a saber: vinhos, fa-
~ rinha, azeite, e bacalh,áo, pagando no dito es-
Q ·tanque do Brazil á· Fazenda ,de Vossa Magestade
« as imposições dM vinhos '(i{ue-até 'agora pagá-
'6 rão, e que nenhuma pessoa os ,poderá mandar

~ ou le;var ao dito Estado do Bl'azil, nem a seus


• P<2Jtos mais que ~ dita Companhia,. vendendó-
G se por 'estanque a quarer;tta m-il réis cada pipa

c de vinho attestada, cada ·arroba de farinha"por


. r mil e seis centos. réis, oada barril de azeite de

··a seis almudes por dezeseis mill'éis, e cada arro-


a ba <:1e bacalháo·.por mil e seis centos réis, .pre-
-4 ços todos mais acommadados ·que hoje estiie

Cl valendo; e que nen.h uma. pessoa. possa mandàr


"-
'« levar' on vender -nenhum dos ditos quatra
, c generos, sob .·pena. de perdimento deUes, e da
r· embarcação em que furem, a terça parle para
a O denunciante,. e as duas. para ·a dita Compa-
(l nhia; e·as denunciações que fizerem neste Re.ino
.« será diante. do seu Conservador em publico,.,
:-« ou secreto, como ao denun(~.iante lhe parecer')
'. a .quem·. tambem em secreto. se· lhe mandará
TOMO 'II. 15
Hl {~ ·ANN.mS

'n "entregar o' clít-o 'Ler<?o,; e -ás que se :6.,w..l'em no


'11 Estado do :Brazil --seró õ".<linnte' do ,Ou V idol'rGe-
:i. l1'~J 'da Pragal, "donde se' der 'u tal,dal1unoia~ão,
q. ·o'qual-o'.ful'ó-saher-aos féitores da,Com:pãõhia,

-(I .para 1Serem 'partes ·m~nes., 'e"nâo -o:crftllIu'tndo


i

'u assim 'haverá a Companh,ia por 'sua :láí€lll:!a ,


-'a -ou damno que-disso Ibe1t'€sultái.'. Qtte'pal'u(o
~ supprimento' d(ls gastos das ;ar-madas :paga~â9
-II ·to1l0Sr-6S Mestres' d@S'Ufi"Vios, ,~araV'eUàs, ,bat~ds,

"e -qtnms'i:J:lre . ou trás 'emharcaçoeB'qtre viérem ~o


~ ditu Estado !elD --eempunhia das aJÍm~das, ,ou
-a lfól'a' deHa, ':ern qU'al:qller parte que cléSG.:irr€ga-
... ' rem,. eis centds réis em cacla 'caixa 'de aSS\'lcar,
Q "e' trezentos. róis p€lr oa:&a barril, cem l'éis -p@r
t ó cada FenO' de Vàbaco ,rora'uas: oaiX'a's ,'!;leis centos
l

'o ;réis Icada '~acca 'de lâJlgod;Iio., 'e 'vinte róis cnda
la 'c'6:ln~, ,le isto, pelo' oomhbi 'CilledevtlD _p3'"gat'
''Os'-ditos' Mestrcs1ija ,segura'llça :de 'se'tlS oavios~
« fl1etes j:e dos1assltoates1qtt.re neiles "vier.etn s'Ó':~)a­
q -'gará'Õ por cwà~,iarrbbnto~l'fioo'o lal c-ellltO' e'.quU'-

e: renta réis, (do, ma~Oà vttdo:!a cei to':.e' ,inte réis ,


c~'e'-de pauMtla 'a' cem 'róis, cada lfl'r()bn de' tãbllcO
'e'·cen~o 'e t,omOOetll1la "te is , I'()a~éla (oouro l {li1tenta
aI tiéis ; "e isto~Jpélo- Mm'lioi '[('{ue: se tlJbe '~clá' da"rse-

.. ~~g{iTàflça t'das I€lillãs Lfã'Zeri'das, - 'titue i:he ':Ó estilo


).r'qlte·êín~'tdaàs'lâs 'Phí'tesJda Eúropa . e!lUft:n,CoiU
.at"bS··11àVi~s,· fi'étes, c1ifazetidas êoml1{)iá{}as ~'P0r
.o 1 trliosQlf1rglítJtifa, ~in:(jllía''StJg.ut't:mça 'íicão.,itlte-
. $.l-l'es'S~os Lmi'Úto' a'S'&im ~M mel'éfíd9reS' cijmo-.o~
no RIO DE- UNEInO.. I 1i-5'
<l dono.:"S. e M'e&1fr6S> dos-navios-, pOl'q'tle'se~l.1t'aftdo..
(I se I '0je d~ i~a- ~. velta para o nllazilã com mais

<1;. cle v.inre a' CihCO poP centre-, per, esl~' mod<J- lhe.-

<t. fi:{;aro\ clts-lJaml;o· menos d~ dez\ E pa'l'a- a có-


. I
a bran~ de ~ue impoptal'emestas avarias do di~
U c@FIilboi, lhe cOlH~e~ V@ssa Magest-ade- licença
6, pa1~a terem nas Ar.lfoodegas d'€5'f:e R-eiso e- lUlaS

<t - h.llllimt Ml€sa 00'111 li!:ous, Offieiaes, 'Fhesoureiro ~

lI.e 'Es'Ctrj,vàO', maFl-dandQ flue 'as hillletes dos des-'


a. pachos que 'se ~eF.e[\í), êts partes se;iiG--visto e rll-
a- br.icados pei@ ditos O.ffieiaes, para q·tl'e e6ml'an-
II do (i) que t0ca á ·Cem JPanhia- saião l'>c1as portas,

( e sem ()J dito despacho seráõ pevdidas, assim


, €omo b0'je se usa· Ha' na'm imposiçtjo de-em-
I ~ presti.'i'l'lo. QUe->a €ompanhia C6Dsultar-á à' Vos-
~ sa· ltagesl:a~le d'cN'..lhe· lieença-, para íf1:1e vindo
0.. [\iS f11otas-, 0 mfu. oabeO'El'o oS' assueares d'e1P.ut nes

..... armalcns de .Mfal'lckga , poss'âb me~te~' os sen


~ 110 Corpo Santo-, de que es- Olll1eiaes dé Vossa
<li' M'ageS'tads: teráõ as· ohavei5' paTa lhe serem des...

lt pachados, eonfO'Fme a occa-sião e a neeessidade

I' pedir, ao. que' VOSSII agei'itade Ule mandará


ao deferir então" como-convier ao seu Real Sel'vi-
~ ço, a mesmo ser{t nos hastimentes e materiaes
4 que vierem de NortE} palf'al suas'armadas; e< que'

f!. da ,p01vOJ'o:, balas, 111 Ul'l.ições, e aI mas não pu,;

., garáQ direitas alguns', como Hoje são livp~s'


a.' pelos assentos, que só fazem com a Fazenda de
• Vossa Magcstade. Que Vossa Magestade con-
15 +1r
1l-6 I ANNAES

.u, ceda á dita Companhia por e~tanque, qw:~"todo


«: o ,páo Brazil que poder~m ~ir~r ~a Capitania de ,:
«.,Pernambuco, Bahia, Ilhas, Rio de Janeiro., '
c_g,. poderáõ traz~r livremente ~ trazendo erii' seüs '
c;,na"ios, descarregando-se na; "casa da ,.india" ' '
'.Jonde se pesará, 'e nella pagaráõ por- cada quin-~.
-,tal grande.á Fazencla de Vessa Magestade a dous'"
- ... mil e quatro ,centos réis",de Consulado de elV
c_.trada e sahida pagarAõ por,avaliaçáo.a dous miL
a.•e quatro centos réis, O: que faráõ 'do día que"
c_ despacharem por entrada a oito mezes seguin-

u tes, 'e nenhuma outra pessoa ',poderá tirar do"

a Brazil, nem tra7;er do Reino, 'nem para outra~

a ,parte, sob p.trna de perder a embarcação para.


lt...a Companhia." Qu~ por quanto o bacalháo
'a, que vem a esta Cida4~' he nos mezes de OUt\.I•.

li bro e Novembro, tempo.em que a armada para.

([ o Rrazil ha de sahir, por cuja.. razão se não po-


C! de.rá prov~r aquell~, Estado d~ste g:enero, e se 'se,

a refizer o provi91ento ,d~ hu,Ill ªQn~ para outro,~


• quando 1* chegar será>velho.,e podre, que Vossa.
ti Magcstade haja p0t: belI\ dar l\c.ença. á Compa-.

~ ,nhia, para prover o ditp Estado com até quatro.


a náos de bacalhá.o cqda ann'o das partes do NOl'-
fi te, que partão dellas, em direitura ,. pagando~

.c s~ nesta Cidade os direitos, á Faze9da de Vossa.


lf Mage~t~de; pelas certidões que vierem dos Of-.

fl "ficiaes <;l~ Alfandega do .d(to Estado, o qual se

ji~flrá provco'do,do,melh~re Il)ujs ~resco.I!ehw .. ;


. '.

DO RIO DE JANEIRO. i l'

li' eTeforcando
. .as armadas e frotas com melho-
II res náos de força, para haverem de ir para esta'

" Cidade carregadas de assucares, para que Vossa'


( Magestade ,dê' licença com a mesma gen te es"'"
Cf trangeifa que levasse, com declarilção que
" qualquer outro genero de fazenda que levem
~'será perdida com a embarcação para a Fazenda
«·-de Vossa Magestade·. Que Vossa Magestade haja
Q' por bem lhe mandar da-r-:os foi'nos e moinhos
v•. do barreiro da banda d'além, em-que se fação
Q .os biscou tos . neces~arios. para as armadas; e·
G...sendo caso que n~ mesmo tempo concorra fa-
a-,hrica para as .de Vossa Magestade', os reparti-
a. ráõ para se faze!em juntamente os da Compa-
li- ..nhia~ Que todos'os vinhos que forem necessa-'
rios para a gente de mar·e guerra nas armadas
(1-

G.da Companhia.". pagaráõ só as direitos da' en-


q ,trada e a sahida q,ne costuma pagar a Fazenda'

li-de Vossa Magestade', dos que vem l)ara'apresto


II de suas armadas Rçaes, qne' ser-áõ quinhelltas

a pipas sómente, ,outro sim poderáõ"mandar ao'


Ch Alentejo, e outtas parte5 comprar ps trigos, vi-

a nhas, azeites, e car-nes para a dita Companhia.


a .podendo-os conduzir :pelo modo que lhes pa-
o recer, obrjgando que se-lhe dêem barco,s, car-
ll. retas, cavalgaduras para' a dita conducção pOl~

, .seu dinheiro.. Que os fretes, avarias, e maia


« dividas de qualquer qualidade que' seja ,.as pos"
~ ..sa.cobrar pelo seu Conservado:&: , como-Fazcnd~ .
1'1-8 ANNAE5.

cr de Vossa· Mag:estada, fazelld{»s·c\1S'Meit.~i'ftJl0sas:


r, cIUigencias, q.ue neste ease e B;l8 penhoras., e·
(f" Bador dos hQU1Gll~ do· milr € soldad.os· ,0S: p@-

a der~õ levar, as- qpae.s Qjvida~: ~edó as, q-li€r{]fé.


li "erem ú Companhia, e p0deráõ· ·na, f(u'ça do

cc regimento dos. aPffia-zeus" que os·dcspach'Gd~s

Cr q;ue qpizer.em passagem pana- e B.razil, lhe não

(l da-rá(j) sóIdo nem. raçà0., Q\.ie todas as, pess@aii:.


a. do cQmplercie de- qualq\l-€r qualid'lcle q;ue: se-

~. po: n"!-bt~il'él€s. e esla>~1!geiros,


qtue 0& Depl'ltaillosl

a dfl Jml4ia., n1;:lnà~1'~m chamm' a eH€. I~a'tla! a B<i)al


a a:cl,al,i.ais-t~·~çãe· fl alwesf;o- das suas aTmas teráõ
« obriga:~o de iro;, e nã() () f~zen-d@ , @. ([;~nserv.a­
!l (to~; R.Jioê~clm:á' e01~Ü'~ elle~. C6fl10 lh.es; ~at'eoer.,

« Que L~das; [}oS pessDaS' que- entral:em na Goro


a panl"!-iü' cem dez.. m-iJ,· cpuzados, e dahi pa·ra·
« Gi.m~.g,oJ~t;á9~ mN qm{J1tp·eUa ,dnrar., 'p1J'i\<i-legio1cJ

hEllDeDagem, e Qt" O'ffi~iae~ actllé1e$' de~la' se1'3Õ,


a isentos do~léW.4es , e {:o-mpanbias ele P('l0 de c~·
«. v,al~, e de le;vas. e· Djl:@slras;g;erBes, pe}3 c0.fithtua
C\. Q€c{JJ)'pa~~(} q'\lQ bü~ de ~x.'. Que a olfensa qU6

se Hzer a ql~alq'U!31 . Omeial d~ Companhia d~


, obra, (:}lt. palayril sopre materia do' seu officio,.
!' . sed\ eástigaGl<;>. pe10 co,uervador ,. como sefôr~
a feita aos OfficiclS Re.aes de Vossa Magestade. Que
Ir o di~~eil'@' CQJ.ll que se en~rHl' nest<lCompanhia
~, não. possa ser penlwvada nem. exccq1udQ pOli
I

q divid}l ci,il ou crime, sem p1;imeir<a () credo))


't ha.ver QXGPu:tndo o~ bens de seu, devedor , ell~
no RIO llE J ANlURO. '} 1,.9
Q 'tão ·cm 'ul-{·imo 'lugar pocl€r·fl. e<X€clHm"o düo di-
'<I rthcíto ou 'avanços delle, ficando succ~dendo
! 110~ugar doexeGutado.rQuctotlo o.diohároqtte

• q nesita Coinpanhia se,metter .se nãolp'<nl~rá tirar

"« dutante G 'témp(i) d,al~, ,mas 'p0rJas .pessoas


'«que J!H~lla entr-arem CGID s'ens:cab~dae<S'se l;>os-
,{j são v,àler 'cleUes,' poder:itã vender, os. clito.s 'enhe- '

',à daes toâos 'Qu'par~e, assil'll,como,Selfor0~ji'U'OS

a p'€l'G'pl'eç'O~tn que seCOJ!lviÍ.erem ;~;ha"'el~á'I'iUFll


'â 'livro CJil 'qn~ se l'amc:e ,:e se:UJlnllla:rú:ó tle ll-t1ll1
õa "'e' oüfros, "assim t:Gmo,lhe rf()relill~'erteu1Cetldo'

-~ rOl' ~sC'riptUl~ <m· ~fi()c.um'eI'1IDql1ite. :a~)Tesentat'áó


-a ná ditalJ lllJlba I para mund:arfazer hl1118 assea-,

;<J tos c 1"isoar G1\ltoos, de'ti(ne 'lhel'passaráõ sIHas


1

-(ft'oartmi' na. forma. X:lo'R'BgimoI1to {.éllOS interesses


!q,~UC 'f'esll'ltarem "se 'l'epartiritõ pelos interessa-
'« 'tl'6S '1loTeo0:lbimonto tlo'cada,huma <iléH~,·.Arma­

{' \Ia~ ,. 'dand@~1hes :0 qu'e. cO~Uib'er pBO I.!ata. ; Q 1I.é


'«, POl' ~Sl)r·'em grande idaaulO (do estan.q:uedos: vi·
'~:lI'rhôs')(>" fazer~8e"e .vendm;-se, em litoldo'o E.s'tªdO
"a ·-(1)@\i8raiil-v.i1Illho·detlmel, e a'g,ualClel)Lte \1e'.assn-

-a"cari' ,:'e üaxaça,' e estár. malildado lwi't Vossa 71VIa:'


\n,!-gestatde '<ifue ,senão' faça' llem'vendn 'o-c 'qt~e de
ri ·llO\lO ,se >pl'obibà 'com glIuV€si1pchns ,IIDundan-

',n'&"'5e"ad) Gl11velmador ~ff Cn:pitães'J.\i1Óres laSlexe~


·lir:mUe,',§'nnttdatldo:.se 'lQSi.>01·dialtS 'Jq.lle sobre.'est~ ,
I tI máteriâl ~t'ão, pa:ssada8. Qne:.a. ir unta cel1sulta-

· tl pia' á JVGSSál Magestãde 1 dõus Auditores" gel'aes


·aupnrà·oodãf.Al'máda de q-\Uf V;OBSU' M~g.cshrà:e'se
120 ANNAE3

II servirá eleger hum, a quem peja Junta passE-


I! ráõ sua Carta, na forma que aos mais Cabos

II da Armada, para que nella sirva tres annos ,

'a j nlgando as cousas. da gen te de mar e guen'ól.,


II assim 00 mar como na terra, e a mesma j uris-

" dicção terá navegando .sobre os navios mel'Gan-


q tes , e em tel'ra só a primeira instaoda, cYI?o

u se declarará no Regi monto ; e o serviço que l)isLQ

J .fizer o -haverá Vossa, Magestade como feito na


II sua Armada Re...!. Que a eleiçiio dos oito Depu-

Cl tados, que hüo de governar ,a dita Companhia,

lt se fará sómen-le pelos homens de negocio, e ~es­


<t tes \'otaráõ só aquelles'que nella'ti-vere-m en~Fa­

d do com cinco mil Gr,uzados, e d'abi para ciIl?a.;

• porém poderóõ·votar para Deputados em qual~


a quer pessoa do' mesmo .commercio q\~e te~ha
a talento para isto, põsto que 'não haja entr~do
« com as ditas quantias; com-a declaração que
li: sempre a eleição I dos oito Deputados ha de ser

Cl feita nos homens do Commercio , e outra pes-

a soa de qualquer qpalidade e condição «ue'seja


I que o não fôr, não podei'á ser eleito para De-
q putado. Que sem embargo de Vossa Magestad~

.!! ter mandado que nenhum navio vá para o Es-:-


tado do Brazil, senão de dezeseis peças de arti-:-
i lheria para cima, por irem sós ,- por todavia se
/l

« facilitar a navegação, e visto irem debaixo de


" comboi, seja Vossa Magestade servido ,que os
I: ,.navios .que houver feitos possão ir ao Brazil coJJ)
DO lUO - DE JANEIRO. - J:tl

cc'a lÍrtilheria que poderem, com declaração que.


• os que de novo se fabl'icarcm, seráõ do porte-
I que a nova lei de Vossa 1Magestade tem ',dispos-

« to. Que em casos qne1algúma pessoa natura(


« ou esh'angeira peça lic:ença a Vossa Magestade
«- para mandar algumãs náos das partes do Nor!'e
.Jf .para as do BraziJ, que' Vossa Magestadc seja ,ser--

« vido de-a não conceder peh>"prej'uizo que 'causa


« ao geral do comniel'ci0 , e especialniclnte' á dita.
• Companhia; (inas sendo-lhes necessál-iras navios
« de porte, 'Vossa MagestaCle lhe 'dará licença na

« forma que f se faz para "irem debaixo de seu


er comboi, e pagal'em os direitós dcUe. Que por
« quanto as pessoas que eotrão nesta Compania es-
a tão lançadas nas.,suas,rFregnezia,s na decim~ e'

a maneio, e ó cabedal déoqtte paga meHem nella,


'a que não \-mlha nem possa vir nnn<>a' em' con-

q sideração ~de se pedrr a. dita' Companhia deci-

'. ma neIll maneio; por as pagarem em sí.las Fre-


I! guezias , e assim o ha Vossa Magestaae por bem

~ não se fazendo altOl'ação no meio> das' pessoas


(I qne.estiverem lançadas em suas Freguezias , e
,U os Officiaes pâgaráo< a's dccimas dos .'oFdênados

C) que de novo se lhes der. Qí.le-por Regimento


u e'estilo antigo da porfagem se costnmào os ho-

a mens do Cornmcrcio lealdar noUa no IÍ1CZ de


....
'e Janeiro, dando por lcaldameúto onze seitin~,

°C GOlllo·ordénár<lo os Sen~orcs.Reis de Portugal,


'« e porque este negocio he geral dos mOl'ador~s
TO~lO II. 16
l( destã 'Cidàrle , h:aj.a Vossa Magestede 1)01' .:bem?
'<t que a .d:ita Companhia :Se possa lealdar -') Tepl"e"

<l sputando 'em nome de todos huma s.ó pessua

I paDticular, ma,mdapdO' ~e o Escri\'ão da leal·


«' da de Ca ,a titulo, em que se lealde a clita Com"
a ,~nhia C'(l):nl0 faz es .mais moradolles desta Çi...
a dade. Qúe a nova imposiçáo que se pôz noEs'"

a tado do'lka~iJ., etm 'Cada arroha de assw:ar' q1ue


a 'delle sahil'~ sem mandill® de Vessa l\'lagestadc j
« nem iSei·.daP vista- '3,()·-Gommercio que Vossa l\ia'"
II .gcstado a haja por :levant.aca , tanto que a Ar-

• mada Real ;suhir .(lella. Que sen:do 'Caso 'l1{'lJe Stt


'U resta'Ure f) Recife~··P.a1:ahiba,-e ontros porto ~c.,.

.<C'cnpa-dos dos Holloodezes , péll' gnerra , pajl~ ;


11 trég,O<lS 1'oonCe1'oos, ou 'qualquer O'blbro tituio y

(I d'urante o temp? desta Com:pa'lllhia, qRe ,nem


-« por este :rcsl)eito se lhe all'eraxa C.DllSa a1gt'uma
-<l nas .condições desle 'papel 1 -antes era 11 GP1l1~

.4 pal~hja ma l'estaulIaçãe , e só n~ caso Cj{~le;fi '!'&


I

JI <i:uperação s~ja pOl'·compra ajttdllrá a dita..cq'!ll-

~( p-anhia., ~cem o quc lpl1l'eOer., ICQrno in'tere,s'SLlcla


'o ro.beneficio , O(')firlO D(,) mlliis qit1e J,lãO fêra '!il0r
.1i' ((j)brig~ii@. -Ql;J.e <5ucceGeli'(Jlo não ser. neccssaJ'io

,pelo I'espeito(cl Girpa éle.olarçu!o" que a- d.ila-,Çom-


l' anhiã,lem,;ie toélo ii) <CQrpo das Slla-!l Armadas.,
'ti, a@ .Brazil ~ por estar elle em ,estado que aãe n<r

fJ 1CoS9ite'~e ,tantas força:!),1 lser-lhe, cOOiV6niente


li. applicar.l.1hes- a ~\'ltro -alg.wll :etfeito, ,em hene.:-

1i; :ncit>. do;Sel~yjçQ de V-Qssa ~Maoostade, o~sll.lta1íl,dp


DO RIO DE J'ANEIRO,

'Il lhe pri'meil'o para resolver· nisso o Il\le mai.s


'li convier a seu Real Serviço, e 'Fleste caso posto

</' que assim não mandeúl tódó o Ootpa 'e fOl'ça8

Ir de suas Armadas ao dito Estado do BraZl.l f

li nem.' por isso se lbe repetirá, netn innovará


8 cousa algnma ~ nem Sé 'poderá dizer que fa1tã()

t a. sua obrigação, é sempre ficarAó gozilndo

II de todas as mercês de Vossa Magestadé , estàu--


lt qnes, fretes e avárias, comD fica dito. Que
II acontencendo, o lifueDeo não permitta; ~lgun8
ri inimigos desta Gorôa tomem alguma ·das ql1a~
« tr-o Pracas, a saber: Babo de Sànto Agostinha
.fI na Gapital1ià -de Pel'l1umbuGo; Bahia de todos
« os Santos, Rio de JUl1eiror, ou Angola, ou as
.9 occupem, de m~neira que se impida ao ~om'"

II Iíleréie dellas, ~eja VosSá Magestade servtidG .de


t· logo mandá!' acudh' aó socédrro C'0111 rã, s'lta Ar.:.
i mada Real levando Q maior pdder que o Reino
, eo 'tempo der Jugár, para G qual con'eol'rerá
-ti tambem.-a Gompanhia para .servir..a Vossa Ma.
~ gest-ade, com a força de ptl'ttes d.e suas; ~Dnla"
6. das; e tonforme a ~ocasiã'o r para este effeito

õ poder'ajuntar; e sendo caso qu.o a tal PT ça


CI· se não r upe're, ti)U desemlJidn (lO cOllOmercio
~J ,JeHú , Não-serára {j~I1lpánhia '6fuig.'l~a aen"iar
t ás outras Fracas' , as ditas dezoito Náes- .cada\

. hum 'àrlno, IDttS .somente aqClleUas 'que pal"ece-


A'rem' on:veni~ntes e necesSát'Í :8.,' pCH'que o 11':'
~ :Ul'o ,dos fret~s ., aval'.ias ~ e estémques. dn -P..ra.~
~;6 ...
t 2f~ ,ANNAE5

:« ças qne ficarem desempedidas, não se 'p6.~


,lf 'considerar sef equivalente ao sustento, de tüo
" grossas A,rroadas. Que ainda -que a Companhia
.« determine obrar tudo o que tocar a fabrica?
,1/ apresto e de~pacho de suas Armadas, com to.~

« da a suavidade, e sem usar dos meios dejusliça


.11 e rigor, todavia póde ser n~cessario par~ muitas

- .
1/ cousas valer-se dos Ministros de J llslica como
,
II se faz para os de Vossa Magcstade; seja VCSSi)

« Magcstade servido que para o sobredito em~itº


CI possa a Junta pelo seu con&erv?dor enviar re·

1/ cado ao Juiz do Crime e AIca,des desta Cidade

II para que fLlçfio uo.que lhe Q.rdenar; e o serv!ç.o

" que )TI'uito jizet,em lho haverá Vossa Magestade


II como se fôra feite no apresto da Armada Rejll,

" para por elIes serem remunerauos por Vossa


f( Magest-ade e.m sens despachos, prestan?o para
II isto certidãQ da dita J nnta do que ob;;árã,o , e

" pelo contrai,io se não acc::J.direm a est~, obriga-


« ção lhe será estranhado , pQdenuo!..sc::;-lb~)dal' ,em
II culpa~cm suas residencias. Que senuo n~ces· .
" sario fazer-se, algumas carnes nesta Cidade, o
II poderáõ fazer assim, e de manflira que. se faz
" para os Ãrmazens de Vossa Magestade , pagan-
,,·ào-Iheos direitos que deverem pedir só aos Mi·
" nistros de Vossa Magestade. sem pr~juizo do po~
« voo Q ue Vossa Magestade faça mercê aQs~ nove
II Deputados desta Junta da Companhia, Se~re­

<lt:ario e Thc6oureiroQGlral della, qu~ não possão


DO RIO DE J ANElRO •

•It ser presos. eçn qltanro servirem os ditos cargos


I[ por ordem. de Tribunal algum ,'OU .M~9istro de
« VQssa,Magestade, por caso civil O~l crime, ~alvo
;1 (se fôr em fragante delicto) sem ordem do seu
.4 Conservador. Que Vossa Magestade seja ~ervido

a honrar ~sta Companhia co!Jl lhe dar por. Ar-


t mas a Espora do Senhor Rei D. ManoeI , para
( usar deHa em seus sellos , Mesas, e ~rmazens·.
a Que com os Estrangeiros a~si!ll mora~orcs nesta
f; Cidade como estantos, neste Reino, que não en":,

( ~rm:em na Com panh~a com a Esqn~dr<l ade-


II qU<ldas <IS suas fazendas, se observe o disposto

i pelas Leis e Ordenações d~lle, em quanto á

'« prohibiçcio de commercio em snas conquistas.


« Que as pfssoas qne vierem fóra deste Reino ,.
c em quqlquer parte onde,assistão d~ tod<l a.qna-
c. lidade e condição, ou sejão naturaes, ou es-
« t.rangeiros delle que quizerem. entrarem na dita
i Companhia com seus.çabcdaes, o poderáõ fa-
i .ler li vremente. Q ue Vossa Muges tadcrseja ser.-

I[ vida de lhos segurar com seu~ avanços de qual-


a quer arresto, embargo, denunciação 011 repre-
(I salia que contra eJles. hajão, ~ssim por penas·,
« em que tenha ínc~rrido , 011 incorrerem pelo
a tempo adiante na fOfrpa que (Clstá disposto no
a Alvará da confiscação, sendo ca~o que esta Corôt\.
I[ quebre, ou tenha quebrad~lpazes, trégoas J
li concertos, allianças com ql\a..lgucr Reino, Es-

Q tado, ou Nação, nem por ~sso' se fará o dito


ÀNNAES' "
c( arr~sto , embargos, setIuesftt>s , 'ou l'epresalía
a' t.os ditos 'cabedaes e ávançóS, pOl'qlle de
a: tal modo devem fi'caí' liVtes, isertlol;l, e segu"
a 1'05 como se ctida lt,~m é!i'tivetã em sua càsa:.
~ mercê que VosSa Magestade faz II esta COIU'-
u' panhia, êm razão d~ se~t àttgilIebtô, e hSSlm

a' lho lJtoIl1ette cumprir debaixo de sUa Real

«Pala\'ra. QUê por qtla~tô Vossa Mag~(1de


'lI maridóq fazer nesté\ priroéh'a eleição' ~os- mais

a vótos qqs hó~eris do oommetoio, os nove :J)~",


, c P'lWldps 'em que entra !\ü'Ql. ,do povo, ~ll~

~ há de goverIia~ 'esta Compà~h!Íl e~cepto Con""


>~ Sélh'eÍrt>s, eUes totlo,s qt~e sãO d&eseis assignã()
Il este papel em ílOme do ditô ~ómnu:tcio, GOIQ0

II tlleitos. qite forão pára este eífeito, obrig11hd0

cr ptn si eIt1 particnlé~r qs e;ub~p.~es tom ql1t:!entti'i(!)


';( pesth Gq'tnp:1hhia Sômei'lte., e d~ mesma manei"
'! tà ao geral d,o I1l11is ~mmercio, e pessoas ti[ue
li de róra eÍelle 'entl'árem, p,nta que Vossa Mages-
a' táde se sirva de confirtn'àr <l ditfl CO'f.llpanhia
ii com todas as ela usull1s, preemiIiehcias~ tIl, rcês j

1\ 'e condiçõés c·óí;lte\ldas M tê f1ál)el, e com to~as


u llsnnnezás ql!e paI a a ~ua'S()g'l!tánçà fqrem neces-

lf s{;Ú'ic:ís. ~l,isbqâ l8 de Mal'~() de i()!r9 annos. ~

" O Conde de Odefí'lira, AntQhió Cavidi, P.edro


d Fern=antléS, Th~ÍÍl'é Pinheil'o da' Veiga, Este ão
• Foio!;, Depu' dos para o' 'G o~erno <la Jl\rsti-ça;-
ft Gaspht Pache ó', BattlülzG-'t R~arig,lles .de Mat
;. tos, Gaspat' liaUl' iIós ~ Fflànc(s~ Bptt!1ht>;,
DO RIO· D:j!..-JA)'IElRO. l {l:;'
4. ':Ga-spUl' Dias de Mesquita, FraHcisco Fernande3 I

« Furna, Lui'z Dias Frapco, Jcrouüno Gomes


4. Pessoa, Sebastião NliInes, .con,sclheirQs da Jun- -

u ta ~ M~thias Lopes, ManoeI da Gaipa de Padua,

I Dio.go dg. Silveira, Alvaro Fernandes de ~~vas"

~ João GuterJles, AffoWio Ferxão dG Olive.ira;.


~ Dl-la..rte da Silva. II

S 59-
Por Ahará de 10 de Março-de 1-649 foÍ appl'o"
vóda a -Companhia gera'}, d'írigindo El-Rei á Ca·
lÍlaTu do Río de Janeiro n seg11inte carta (J ).: .
« Juizes; VereadQres, e ProcuradOl' da Cumara
(( do Rio de Janeiro. Eu ~J-Rei vos envio muito
(( saudar. Presentes vos devem ser pela notorieda-
..,.de do negocio .05 fundamentas que Q.'lC movê·
(( rão a vir na PrO:posta q'ne se me fez peJos h9-
t mens que ne.ste R-eino tr,atão a merça,ncia, con-

Jl cedendo-lhes, ~.0mo com effe'jto concedi f-orma,·

« Irem numa Cmnpanhia, <Jae pelo mei-o de $eu~


·u .cabedaes ass~gu'ra~sem ççlda anoo :-oU) a esq~-la,..

<I; '<ika de dt~zoito náos., ,b:;ls-tan:tem.cnle. armac1as

11 e ~n?Cne.ciàas para .Jl.(Jve.ga-çàp d&s (azendas PO

-e Reino para ,() illrílzil, e :3. oita ~q-uell€ Esla.d"


ós fruotQ-S :clellfl. E llorJIue Iil~ta ·Côr;te e mui;!
~ JLuganes .mmitimos., e lp0r:J;OJ; do &ioo io;i bem
.. 'ecehida.a iastitui<?o .da Gompslllhia:; ·e as&ÍlP

(I) Dito Livro de Ordens Re~'pa.!'. 6 .


/
AN"NÂ.l::S

« se espera desses moradores, ,,0-10 quiz sigaHi-,


I car', como por Ci1sta encommendar-vos, orde-
u neis que pelo ,que vos toca' se aceite nesta

'u Capitania e seu districto ~ Companhia,' pubti-

(C cando-se corri as ~lemnidades que nas mais


~ partes se tem feito; e que da mesma maneira
II se estabeleção e cumprão as condições de sua

a iustituição, ajudando com todo o favor ncces-


« <;ario seus administradores, como fio de vós o
li fureis elU matel'Ía tanto do bem oommum , qual

~ he a de que por esta minha Carta se vos avisa~


<l,' Escri!1ta em Alcantéq:a f\ 2~ (}.e ~aio de 16{~9' 8

llEI.
§ 60.

E então aJunta do Commercio escreveu á Ca..


mara pela seguinte fórma (1)'
li As' grandes perdas qne o commercio deste

ti Reino' ba recebido. sempre nas embarcações de

e armadas que navegão 'a este Estado, e, nestes

Q dons annos ba experimentado em cento e'trin-


cr. ta e sete que o inimigo nos toIPou, acresccn-
atando ús suas forç<}s a muita fazenda que- nos
f( l'ouboil, para contin ar a pirataria 1'!esses ma-
l< res, c agora nos do Nor,te, obrigou ii Sua Ma-

u gestade que Deos G.uarde, a mandar ins~ituil'

a 'a Compánhia geral feita -pelo commercio· deste


DO RIO DE JANEIRe. 12g

• Reino, tanto em favor delle, como Vossas M:er..


" cê;" o enteóder.áõ pela instituição inclusa, c dos
Q' favores e preeminencias com que Sua Magesta-
a de fez estabelecer nesta Côrte e Reino, se vê
« evident€mente quanto em seu serviço he, e
« que alcança mais utilidade deIla os moradores
JJ desse Estado. mostrará o tempo, e se deixa

« bem ver, pois além de estar semp.re com .a


« maior parte do anno huma das armadas, neHe
« sem Jllolestia dos moradores, nem contribuição

(I para os gastos, as segurando-as, trará. com


a maior seguridade os assncates a este Reino, e
( he certo que se em dous annos nüo fizer o ini-
. Jl migo preza, aifrouxará, ou de todo largará a

a guerra. E se na Companhia se concederáõ in-


e teresses por meio dos quatro generos de estan-
a ques para o Brazil, e avarias que Sua Magestade

« lhe conceder para se pQder sustentar as arma-


/ /I das, para que todos o seglU:em á Companhia
« geral, .e todos podem entrar; aos moradores
« deste Estado se lhes assignalou tempo de hum
I anno, e para 'que elles tenhiio sempre o pri-

« mAiro ln'gar em suas' entradas, mas será neces·


« sal'Ío fechf\-la ~leste Reino, porque acode tanto

• dinheiro nfio sómente da gente do commereio,


« mas de toda a qualidade, que em breve teria-
I mos junto todo o necessario. Ficamos apre~­
$1 tando a nossa armada, e 'sem duvida por todo

II o mez de Agosto levando em sua conserva mais

:J:o~o 'II. 17
r30 ANN~ES ,
ti. de trinta' navios que Sua Magestade mand/!
li. espeFar paTa irem com segurida'de., ~ para
« fazer partir a Vossas Mercês e ao Senhor
II Governador mandamO's este aviso, ordenan-

II do aos nossos administradores que tenhão


II pll€venido mantimentos, e outras cousas lle-

« cessarias para a armada, que constará de tres


« mil homens de mar e guerra, e sem o favor de
« Vossas Merc.ês não I)oderáõ obrar nada. Mas
li como isto he materia tanto do sel1viço dê Sua

«( Magestade e Vossas Meroês t50 zelosos delle,


c esperamos que em tudo lho dêem, obrigando
<l a esta Junta que estará ao que entender he ser-

q viço de Vossas Mercês a quem Deos Guarde.-

« Lisboa 22 de Maio de 164g.-Luiz da Fonseca,


Secretario da mesma Companhia o fez escrever.
(l

« Gaspar Dias de Mesquita, Ga par Malheiros,


Luiz Dias Franco, Bál~hazar Rodrigues de ~Iut­
.(l

j( to.s, Francisco Fernande Furna, Jeronimo Co-


R mes Pessoa, Francisco Rotilbo Chacon, Gaspar

Cl Pacheco, Sebastião Nunes.

Bra:tlil pela sua posição, extensão, salubrida-


(j
de, e fertilidade, era considerado como contendo
as maiores riquezas naturaes e industriaes, pois
espontaneamente a Natureza lhe libcralisou mui-
tas especies de cereaes farinaceos, nutrientes, e
sauda,'eis, ])alsa0105 , resina, seda., cera, algo-
DO RIO DE J'ANEIRO~ . 1 'S. I

dôes , e multiplicadas 'especies de ar\'ores uteis ás


31'tes e á medicina, com immensidade de rios para
facilitar as communicações, e exportação de mui-
tos generos, que levados a metropole accumula..
ria sua riqueza, subministrando-lhe novos gozos
e conhecimentos novos de tão vastos dominios :
porém ella não conheceu os seus verdadeiros in-
teresses, que altamente reclamavão .a sua legal
protecção. Q uem acreditará qlle para aquelle novo
Estabelecimento Commercial não fosse convida...
do esta tão interessante Provincia, para -ter parte
no commercio maritin,lo na participaç~o dos in-
teresses commerciaes, dizendo,se todavia naquclla
l'epre-sentagão ao Trono, de ql~e o'Bl,'azil fUJ'~a tam.
bem pal'te da Com.panhia Geral, quando somente
enü:árão nella diversas pessoas do Reino de Por-
tllgal diversos Estrangeiros, e ainda os J udeos ,
não obstante que a superstição tinha em SUIl1ffi0
horror aos homens chamados de Nay.io, hav;enda
penuittido o Alvará de 6 de Fe,yereiro de 1649 ,
não serem sequestrados os bens com que estes en-
trassem na Companhia, segHnd9 se vê do Alvará
que copiamos (1): c Eli EJ-Rei , Faço saber aos
( que este A1vará virem, que cop,si-def;ando.a~,jus•
.ll tas-e ul'gentissimas raz@€s pa~a haver de acu...

II dir com todos os me-ios possbvcis li). def~sã() des-

II tes meus, Reinos e S~nhQres de Portugal, e e·

li) Livro 9 dus Ovdens Reaes pago "350.


17 **
1~2 ANNAES
(c g\lrar as conquistas dellés, e principalmente a
« pureza e conservação da Fé Catholica nos mo..: -
~. radores -delles, que está muito arriscada com
« os hereges do Norte, poderem perve~'ter com
-(I sua falsa doutrina, e achando que hum dos
li' mais poderosos meios para is to se conseguir,
« he haver neste Reino commercio livre., e sem
« cujos,bens e fazenda do tal commercio ficarem

(C sugeItos a sequestros, confiscação, e perdi-:-


' . . I
·(C mento deHes: e porque. as com que pela maior

« . parte se' sustenta a dos homens de negocio ,


u é gente de Nação, assim das' que reside e

(( mora no mesmo Reino e Provincias, que com


"'ll elles' tem trato e correpondencia os quaes por

(l estarem sugeitos a confiscações 11e necessario


(C • segurarem-se para o Commercio poder pro-
a seguir e augmentar, e representando-se-Ihe
li pelos ~esmos homens e gente de Nação far.ião

u 'huma Companhia, que em companhia. desta

u Corôa entrassem com cabedaes e fazenda que

(( chegassem para tão saudavel fim" por conta do


a qual sem outro gasto de minha fazenda se man-
(C -dasse ao mar trinla e seis galeões de guerra que

u fôsseni e que viessem ás ditas Con'quistas, dklO-

1/ do guarda ás embarcações e fazendas que fo-


(~ TeD 'e vierem dellas ,. e se recolhão segul'as do
« inimigo com evidente utilidade do Reino, e
II vassallos delle, e dirêitos de minhas Alfan-
c, degas: o que fica seQ.do serviço de tanta con-
no RIO DE JANEIRO. 133
r sideração para o bem commum, que merece
a não somente ser aceitado, mas aj udado e favo-
I{ recido com lhe fazer para elle to~a a graça e
.« mercê que couber debaixo do meu Real Poder,

-u e para o que não estiver nelle lhe dar todo o

({ amparo, aj nda , e favor, e e~tendendo que o


« principal meio com que se poderá allgmentar
« e conservar a dita Compa~hiã, seria não fica-
« rem sngeitas a sequestro, confiscação, e coo-
« demnação, as fazendas e bens dos ditos homens
l{ de negocio e gente de Nação, acontecendo que
« sejão presos ou condemnadospelo Santo Omeio
'(I da I~qnisiçã'o , pelos crimes de her~sia , a por-
« taria, j ndaismo, e achando juntamen te que .po-

a dia fazer de direito, e somente por via .de grà-

'c ça e doação, qner os bens acima ditos prove-

cr nientes do crime concebido pertencer ao meu


-u Real Fisco, mas tambem J)Qr via de contracto

c oneroso e celebrado com elles, ficando por esta

cr dado o commodo e utilidade dos taes bens que


I{ me pertencião pela organisaçã9 da Compan hia ,
cr como resolvêrão os melhores Theologos e Ju-
~ ris tas , com os quaes. os -mandei .cons ultar 'co-
l{ mo achei, que já fizerão por. outras justas ra-
« zões, que então se offerecêrão os Senhores Reis
« D. Manoel , D. João UI, e n. Sebastião, meus
« Predecessores, mandando que' os bens da dita
!' gente e Nação se não confiscassem pelos ditos

,II.. crimes" em todo ou em pnrte: por tanto ha-


13[~ ANNAES

" vendo procedido sobre tudo mui particular con-


a sideração, e com parecer .do meu Conselho,

« não sendo minha tenção remetter a pena de con-


l( fiscação posta pelo direito Canonico aos ditos
« hereges, nem tolher de algum modo o exerci-
a cio do Santo (jfficio neHes , senão ficanda a
a mesma salva, e o dito exer~ieio em seu vigor

li largar e demittir, nã'o por graça, ma~ sim por

« contracto oneroso, 0 commodo e utilidade dos


« ditos bens que pertencíão ao meu Real Fisco,~
ê, depois dos crimes cammettidos, e SenteI}.ças
q dadas que 11e o que fica dehaixo do me.u Real.

'« poder. I;Iei por bem, e me praz, que os bens e

.q fazendas de qualquer qu_ulidade ql:le sejão da

II dita Nação, de todo!r oS."meus 'Reinos e Senho-

q rios, assim Naturaes como Estrangeiros, que


q forem presos e cOl1demnados p.elo Santo Officie

'lI pelos ditos crimes de heresia, apostasia, e ju-

li dais 1110 , não sejão sequestrados e inventariados

a ao ~empo das prisões, nem sejão eneorporados


II no nlen Real Fisco, ao tempo das sentenças
« condemnato.rias, não dei;xando po.rém de se

li pôr, e declarar n.ellas cU pena de oonfisC3ção em

« que por -direito incorrêrão os delinquentes, e


« isLo ou os ditos condemnados epresos estejão
« presentes, _ou ausentes, .para o que, se neces-
« sario o he, desde agora por então lhe demitto
a os diLos bens, por via do dito conh~acto one-

~ l'OSO , e poderáõ os condemnados dis,p.or ~delles.


no mo DE ,JANEIRO.

Q.livreménte , com tanto que sejão em favor dos


o: Catholicos: deste Alvará gozaráõ os que ao
« diante forem presos, accusados, e condemna-
« dos desde o dia da data deste, excepto sómenle
« aquelles que morrerem impeniten~es com perti-
« naeia em. o crime de judaismo, ou heresias,

« nào cofcssando a nossa Santa Fé Catholica, e


a sendo neccssario para maior segurança no con-
« teudo neste Alvará, impetmr-se a autoridade e
a confirmação delle a Sé Ap0stolica , a mandarei

« impetrar pelos meus Embaixadores, sendo po·


a rém admittidos e~ quanto o não forem, se as

li: pessoas da dita Nação, ou algumas delIas a


a quizerem alc çar O poderáõ impetrar, e no
• enh-etanto que se alcance, sempre se guardará
I: e ficará cm seu vigor, notifico-o assim ao Bispo

a Inquisidor Geral D. Francisco de Castro, do


• Conselho ~e Estado, encommendo e encarrego
o: que assim guarde e faça cumprir e guardar a
« todos os Deputados do Conselho Geral do Santo
o: Ollicio Inquisidores Deputados e Officiaes das
a Inquisições deste meu Reino e Senhorios, e .se

« lan ,ará no.s livros dos Decretos dellas este AI-


(I vará, e o mesmo mando fazer no recebimento
a d~ Fisc~ para todos ser notorio , e guardarem.
a E assim encommendo e encarrego a todos os-

II l?rela'dos , Dignidades, e J llstiças EccleSiasti-


I: cas dos meus Reinos e Senhorios que o cum-

a prãoeguardcm; e mando ao Presidente do De-


AN AES

<t sembargo do Paço, ao Regp.dor da Casa da 'Sup-


aplicação, ao Governador da Rela~ão do Porto,
« e a todos os Desembargadores, Corregedores,
« Juizes, e Justiças dos meus Reinos e Senhorios
« que assim o cnmprão e guardem, e fação in-

« teiramente cumprir e guardar sem duvida nem

« . embargo que a elle ponhão, e recrescendo .so-


II brc o cumprimenlo e entendimento dclle al-

a gumas duvidas e causas conhecerá dellas pri-


« vativamente, e as determinará a pessoa que
CJ. eu
. .
nomear com inhibicão de mais J usticas e
« Tl'ibunaes, o quetudo heiporbemque se cuui-
« pra e guarde de minha certa sciencia , proprio

1« m~to, Poder Real, e Absolnto.e prometto e me

« obrigo de assim cumprir e fazer, cumprir, e


« manter e não revogar e contradizer em todo,

« nem em parte por via alguma nem modo: e


« Hei por suppridas neste Alvará, e posto nelle
a todas as solcl:nnidades de feitQ e de direito, (lr-
« denaçães, e capitulos que possão ser enl con-
ce trario, posto que tacs sejão de qne fosse ne-

« cessario fazer especial menção de verho ad VCl'-


Cl bum sem embargo da Ord. ,do Liv. !,_~ Tit. 44

«' que manda se não entenda ser por mim dero-


<t gada ordenação alguma, se da substancia delIa

a se não fizer expressa menção. E hei por bem


« que ao traslado deste Alvará nesta forma feilo
• por mandado e autoridade de qualquer Justiça
u &eju <lado tanta fé como ao proprio original e
no RIO DE 'J'ANEIRO. 'l?J;
arque valha como cariá', 's'em 'p~5sNr pcl~ Chati-'
" cbllÍil'ià , se(Il emba'rgo da Ü'rd! d t~': ~~; 'fi ~
• D9 e.'ljro .-António "dos 'Sa itósl-~'fefelll'Lisbôa
«'em, ~ de<Fevcreü;o·dé i6t~9:..!-!.Rei. );. ,':
'I _ r' '( J I " r ( f a'; l

"'/' I' § 62.. _ 'J " .1

Tal foi ~ IÍleélidá'P0litica' do te-~lpó',lpo{s( ,:S-~::


herano ánneJ{l do'a phreza da fé, 'esiáV~\'herS~ld­
dido não se poder cànscrvar e ta no~seio d'o's he~
reges e j ndeos , e' por isso o 'Braiil foi '~ondé~?ado
a sel' povoado' ábtes P01' vári0s' érimiciosos que es-
capárão da vigilancia das leis e dos cadafalsos, e
carceres do Reino, qne de judeos ricos e indus-
triosos, ou dos diversos Cantões de Allemanha ,
corpo praticárão os Estados unidos, abandonoÍl-se
mesmo até os Iudios natnraes, que permanec"-
rão e~ sua fel'ocidade uas brenhas, quando con."
"inha civilisa-Ios e cathequisa-Ios na ,Fé Christü,
não se praticando conLra os dogmas desta ,. os hor.-
rores e as inj usti(;.as de serem tomados por cap-
tivos, e arrancados do seu solo natal, com a. sua
família e bens para diversos lugares; e em .fim
por ultimo das desgraças se protcgêrão transp r-
tarem-se violentamente os Africanos para o 13ra-
zil, idolatras. e descontentes, para serem desápie-
dadamente com asna descendencia condemnado'S
á per.petua escravidão, ficando a popl1l~çáo bra-
zilica heterogenea, immoral, pobre '. e sem indus-
tria, servida pela maioridade de homens que são
TOMO II. 18
I.~~ . .!;J,~N*l'Si

l~va.dos a trab.alhar viglel(ltamente. bem ~rt~~ de


«}ue 'o frocto dO_S€llj 511011, com q q·ual I;wxij'iQ de
J;l1(l11ter a sua familia, sQrvi)'i~ llnicamen.le'emJ.tttli..
d<.t.de do scq, Senho).' " e 'sto não para hQ[Q prazo
de tempo, porém por toda a vida, e de sua mu-
lhel' e filhos, sem espectativa. dever acabai' em
a!g-ul),l temp,l;t tão dura sorte,. perplexos entre
~, . temor, ,Q adio, el a ,dese3pe.ra~üo". cqtn a vinj
6'ançª,. impress<.l, no coraçã.o ;. então CQ,fl.1 q'ue pra-
~,er c s~nsil).u.idade tom.;ir50 parte-nos ,nture 'es d1l:.
fª,uilia, do. Senhor ,_ J?a~é\ a. qA~ll, (Qi, ijg~d9, gl}...ltJ..·
~adQ. p'0r c~).lali,qélçl~ r ~

FOE.ã'O. conf.ir-mac1M todas. quantas ,eoncJIçõ·cs,:& .


.Ci>mpaahiâ: exigia· pelo M~rá- de Iode Março de
1': 49 do. thpor seguinte, ( I ) : a E u E r- Rei faço sa-

a ber aos. que este· M:v.ará deconfir-mação vü'em,.;..


__• que havendo vi&to.com os. do. meu Cons.elho os. .
A •. cinc<?enta. e dons Capitulos f\ condiçõ'es dá
~J.Companhia., .oonteudos n~s, doze meias folhas.
~ atnaa escçiptas, rubricadas pelo. ~onde/,de Od~
. ll}Ír<l., meu muito amadG- Sobrinho-, .do mell .
•a~ Gonselho du Estado 'Vedor.da minha Fazenda"
.a_,. QS homens do>. C{}!D,J1le:rGio.desta. Cidade e Ueino '
t, fiZfll'<1Q.., ardenárão-, e assignál'âO em -c-llmpri..-
.lIj moot$> do AI ará qu~ por ~ia de.contracto ,lhe~
. .
DO RIO" U.E" J'ANEIRO.

• maIl~ei p::lSSar em' 6- de-Feverti~ó du presente


.. anno de'16"9" no' quaJ me r.epresenláriio qne.
• farrão huma Companrria para sem outro gasto
.
• .de minha 'fazenda andal'em no mar trinta e SJ:lis
.~ navios de guerra em d as Esqna·dras, na forma
.• de suas cóndições, que vão e venhão, daudo
'1 güardã e comboi com as embarcações c fazen...
~ das do Bra'lil, em ntilidade , e bem comrnum
... de todos os men vassallos, e aos direitos U~
.• minhas Alfandegas, 'E sendo exaqlinadas lflldil!o
'~ tas coodiçóes '. (wm a, luaduí'a deiiberaqáo do
C00useJho, pr@cedend(i) a Consulta 'necessaria ,
:c com á. assisteDcia "e p'arecer do's Procuradores
.... de r,ninha GotÔ'a' e Fazenda ", com os quaes' as
« mal1deí (>únferir e'over' com pessoa~ zelosas d()
·e serviç';. oe' 'Det>s" Meu, e do bem eoml'l1Nm-,
.. ael1andó séFeUíl eonveniem1les, .e eom alia ames..
«: ma' CÚIlilpanhial ' em notof<Íã utilidade, eonser-
II' vacão, au~mento" àe'f~llsa de minha! Carôa li) ,
, <.'

'C: "Reifl@; € o seI "iço' q.ue oeste ·pallti.cnrlar faz o

.• dito ( omme~'io cm"honra e defensa da Patria


ser de' t 5 0 grandc'coDSideraçãe'e'mereeitnento;
..~ pelos grandes 'cabedaes 'de dinheiro ~ com ((lue
"w; entrãeJIlll3 Gompan1úa·, '~i:rr'C@m'sidi l1a~ãO' e re.-

. munerac;ã@ de lud(!)" cl~)' amo e-·relb eoínl'glle


'Ci. se dispâz a.me ~eDvm :• .h'Fei -Ror bem e "me" praq;

Ir de'confirman todas' as ,ditas. .oondiçt')es ,J eToada

.• huma:em.}TlU'ticuJar, como se, de erbo àd'Yer...


·.bum,. alJ!iL fossem. incertas, ~ 'dcclaIiadas,J por
18" .
140 ANN~LS
r' este men.Alvãrá ,lhas'éonHrmo, de rú 1: n)'OtQ
'II prõpri(i)'1 certa scienéia 9 ·Po.dev J;teal é Absolu-
lL to, par~ql1e se cumprão e guardem CÓme) n~lIíl

'ii' se-cdntétn : e que Quero que esta" confirmação

,(I. em tudo c'})or ,tudo-, como parte do primeiro

o' coIÍtraclo' lhe seja observada' inviolavelmente',


'U ,e nlmca possa l'Ovog-élT-se máis e semp·re firme~

!< validade perpetna esteja em sua fOl:ça e vigor,

'~ sem 'diminuição que lhe não seja posla, nem


.q' pos:m opp'ôr consa alguma o se.u cumprimentô,

'u' em. parte'úem em tu.dp, em Juizo ou fórjl delIe:>j

o é se entenda sempre ser feita tl9 melhor senti·


o do que se possa dizer entender ~a favor da
« Companhia e -.dor Com.rl1ercio _, e eonserv.a;ç_ão
u delI e ,- havendo'por 511ppri<1as. (como ,se fossem

II postas neste Alvará) todas as elails'nlas e' solem-

li nidades de direito qüe' tlceessario fossem para

ii, a Slla conservação· e firmeza;"e hei, por bem

ír derngadàs' todas e q.ll esqu'er I,eis, pÍl)eitos'~

~ -(Jrdenacoes,. Capitulas de Câr.tes ',. Provisões


\ >
(l"Extra1'agantes, e outros Alvarás e Opiiüóes de.
« DOlrtores; que em contrario f~r das -c0ndiçóes
.« da<mesma Co'ni'pa'llhia-, ou de cadu·huma de1-
«' Ias possa hàver, por qualquer via ou:pôr qual..

(I guer modo, posto qué' taes sejão (rue fosse ne·


a 'cessario fazer a~li deBas expressa relação, .de

.1I ~erbo adverbl1m,.scmembargô da Ora.. do.Liv.:

(I 2 ; ~fit. 44, qne se dispõe não se entender 'ser


Á

« p.or - mim d(~ro.gadá ordenaç.ão alK,uma, se da

(
DO RIO DE JANEIRO. 141

• subsLanéia della não fizer dedal'ada mençào. E


li para maior ..6.rmeza e irrevocabilidadc desta con-

u firmaçãQ prometto e me obrigo de assim cum~

" prir e fazer cnrnpdr, e manter.e lho nào revo-


« gal', empenhando a isto minha Fé e Palavrél
li Real, sU,st~ntando aos hamens do Commercio

li na confirmação dene, como-seu Protector, que

a sou, e terá este Alvará força de Lei, assim e de

« maneira que se fôra feita e publicada em Côr-


C! teso E sendo necessario para maior válidade nas

li primeiras queconvtlcare houver no meu ReinQ,

cc lhe farei ratificar pal'a que sempre fique em sua

c força. Encarregamos e -encommendamos ao


li. nosso mnito aluado Principe e mais successo~

li res de minha Corôa e Reinos, eb~ervem' e fa.,-


« cãoo
cumprir esta confirmacão
,
destas ditas con-
« dições e Capitulos, assim e da l1?aneil'a que
c neHas se contém sem alteração alguma. Pelo que

a mando ao Desembargo do Paço e Casa da Sup-

cc nlícação, a,os Tribunaes de gnerra e ultramar,

li particularmente a qqe o negocio por ser mate-

a ria _de contracto toque, 'e bem assim' aos Go-

a vernadores Cãpitães Generacs do Brazil', Capi--


a t~e3 lVIóres, Provedor da fazend;, Ouvidor Ge-

-a 1'<11, e Camaras daquellc Estado, e a todos os

a Desembargadores, O ""idores , J nizes , Justiças


ce dos meus Reinos e Senhorios, que assim'o cum~

« pdio e guardem, e fação inteiramente cllmpril'


'ti .e guardar sem duvida ~em embar~o alguD,l
)'4g MiN'AES

fi qlt~ a elJé ponhiio, não admittinélo l'equAri-


8 mClnt~ que impida em todo, ou em pFll'te o éf-
e feito das ditas condições, por tocar á J unta dos
e Dep,!!ados da Companhi,êR, E hei por bem que
a este .Alvará valha como Carta sem passar pela

8 Chancellaria, sem embargo da Ord, do Uv. 2"

II Tit. 39 em contl'ario , posto que o seu effeito


e haja de durar mais de hum anno. Francisco
(l Mendes de M oraes a fez em Lisboa a 10 O€ lVI.al'ço
u. de 1649. -Gaspar de Faria Severim o fez escre-
~ vel'.-Rei JI

eom tã0- exuberantes clausulas foi c0-nGl'madü


'3'Companhia. do. ComIDerúo., persuadido El~Rei
D. João IV, <iI~qlte.sQ ella J'}odia rest<1\lFaoF a dig-
ni4ade ~~ sen .:Reino, e. salva-I:(,).. 'd~ pavorosa mi-
seria q<lle a.ssoI~va as sua,s mais. 'Ficas possessGes,
de&p<>íVoa~a, Provjn<úas in,leir-as defuih,acias' d.e po-
breza. ,e miseFia, pOtl 'quanto agora· 11eu'Q.iad.91 as
suas ~or-ças e capit;:les.., fariiio;tra.n~popta,...Jas «pro
segurança. <ies.de. o.. T jo até as. extremidádes- dos
Dominios,e Caaq<lustas, pelos tlll1,ltiplicad'Gs- gozos
-que prodl1~ o C{)nunevcio, tllazendo ao fiJa1'l.CO
mercado os pltodl1ctos que não,tiohão o valor ve-
naI', parfl e t·r.arem em nu DI. giro sUGcessi>vo dos
valOl~es. e. sinaes d:e, t.odac a casta, eq-uilibr.ando a
Diqq.eza :com.a, m.ediocr.idacl.e " e for.mandu as
,solic!as b<\se da-In:osperid",de da. Monarchia,. (fue
DO RIO' ])E JANEIRO.

CQBsi5Íe na tUM,iça". honra., brio' nacional', l'eli~


gi'fO, populal:ão, €tlmmel'eio e riqneza'. Emfim
lle €apaeitoa que a Companhia seria a'lifl~elle Qlre~
l1t:1bim que Gom a espada -de- fogo' a~01Tarra e SUpJ.l
phf,ltaria aos inill)igos do Estado" desbéN.'atandCJ
os piratas, e abrindo a GOmmllllicaçào' illimitada,
com todas as Nacões civ.ilisadas·,·reuninclo assIm
os' paizes. ma,is distan·tes ao'seu paternal. Governo.
Acreditamos cominumente sempre o q:ue temos
em nOSS0S desejos :.t.aes f0l1ão aSfesperalllçé\S' dor So"
herane, porém os seus Ministros·lhe não lem\.
brárão que todas aquellas bem fúndadas· espe-
ranças de feliêidade sómente se nodião conseguir
p.ela franqueza e liberdade do-cofllmeroio, jus-
tiça, religião,. boa fé " e honva nacional; eva· da
mais clara evidencia·,.. que não se fundando as
conven;;ões da Companhia naquelles' princípios ,.
os seus bens serião passageiros, uteis sómente át
corporação }?é.ll'a, a-·qual se aCOl~mulârào tbdas as-
riquezas, ficando a maioria.das outras olasses-cl.os
, Cidadãos empobrecida e miseraveJ, e o Saberano
.l~rivado das.rendas. que só a. fral)queza do com-
mereio podia! utilmente produzir para manter ai
811é1, dignidade.. e,o.. .esp,lendor do ·seu Trono.
I

S:65..
Grandes emb ,rMJOS todfi'via;se-offerecêrão á Com.
panhia para admittir a p,aFticipar dos interesseS:·
~o.se\~.commercio· aos JUde08 ',_ p.or estc.lrem 'SUl'!';
14!~ . _ A!llNAES

geitos ao.couthwo os. sew l)cnc; ; por' ql1anto n~­


qtielle .tf'mpo Porl'ugal, abracan lo os mt~smôs
principios que segnirao os Hespunhóes, que assás
infinia na sna politicil, pp!' eglliüo aos homens
que se denomiua vãv elá ~ ação' infecta, quando
aqndles com a induRtria, capitaes , e braços po-
di,io tlngmentar a opulencia e poder naci naI.
C metLião todos os crimes reprovados l)ela Re-
lioião, tc10 desfigurada naquellcs tenebrosos dias
pelos Christãos, nutridos no rancor contra os Ju-
déos, que por cegueira do seu entendimento ain-
da esperão pelo Messias, co~o entre nós pessoas
letradas espel'ão pela vinda do Rei D. Sebastião:
fatal erro, que triumphando da humanidade ex-
pôz-em publicoespectaculo de chamas ardentes aos
Judeos e hereges. onele forão devorados e co'n-
sumidos. Felippe- II, tãó cruel como supersticioso,
não se envergonha·va de proferir, que elle mesmo
chegaria lenha ao fogo para queimar a seu pro-
prio filllo, se tivesse sido herege, por querer so-
mente reinar sobre gente da sua religião: refere
a historia que as lagrimas de seu successor, arre-
batado de tão pavoroso espectaculo, lhe custou em
.cxpiac,jào dessa falta sangrar-se, sendo o seu satigue'
queimado pelo carrasco, para não incorrer na in-
dignação do Inq uisidor Mór, j ulg'ando-se illicita
toda a demonstração de piedade por aquelles
infelizes ·na execnção severa da senteuça da Inqui-
sição, por se .c1e}'el' qneimal' vivos os sens corpos
DO RIO DE JANEIRO. Iq.

cm beneficio de sua alma, entrando os' seus bens


n~ Tliesouro do Fisco. A dureza de taes.J uizos faz
estremecer de horror a hl1lnanidade c a Religião;
he com a convicoão
, e com a Gt1aca, de Jesus Christo
que os homens se podem ,Converter, ! e não ,elo
fo!, o esequestro dos bens, e h'l!lm tão barbartt pró..
eeclimento .contmdiz a Religião. J'JSllS. Christo sú
teve na boca pala'Vras de paz e dé.misericordia~
chorou sobre Lazaro morto, que representÇl'Va a~
peccndor permaneoendo no habito do peceado;
não pedio a vingança de seu Pai Divino contra-
os que o blasfeImn 50 e crucificav.lo , mais o per..
dão: dimitte i1lis, naseirmt '1uid (aciunt. Me com
os bons exen pIos, orações, e pola predica da pa-
lavra de Deos a 1odu5 as gentes qUB foi jlistituid~
a Missão dada aos seus Discípulos- I Eunt s in uni-
1Jcrsum mundum pl'mdicate Evangelium omni erea~
!:urte, baptisa1l1es cos in Jwmine Palris cl F;ilii et
8}liritus Sanet i.

. § 66.
POI" vent(l'ra Dcos que creou o -Sol, que des....
péll tandQ no h oriso te ílI umina 11',0 meSmo instante

a todo o Orbe, presoreveu que não ilhtminàsse


aql\eUaS gentes que o não adoravôio, nem o re-
conheci<io por seu Deos e Senhor? Prescreveu di-
versas leis a atureza contra os infieis? Negou a-
terra pál'a aqllelles a sua fertilidade, diminnin-
dó-lhe 00 meios de serem felizes? E porqne os
TO~IO U. 1D
J 46 ANNilS'"

Principes eschlrecidos na Fé. não seguem <t


Divino -Modelo,' e])or e11e conduzil' os seus povos
ú .fclicldade-? Os Idolatras que regulárão' os sens
tfnDftlho5 conl intelligencia, cultivan.do as terras
com o suor, doxosto, fecundando terrenos a1'i-
dos, eonsÍl'uindo .aqueductos, abrindo canaes, lê.
yando' ao· travei dos desertos as aguas .para regar
os.campos e Searas que estapelecêrão imperios.,
IlO qnal s'e mantiverão pela sabedoria das suas
lflis , prndencia da sna conducta, defendendo-se.
com brio e coragem contra os inimigos que os in·
vadirão, formoseando opulentas Cidades,-fechal'l-
do os ma is profnnd9s portos ,. seccaildo os .pes-
tilenciaes pantanaes , e até se apodcdr.10 do do-
minio de Neptuno, porque Deos lhes concedell
tantas felicidades, que derramárão sobre os seus
Concidadãos como por hum espirito creador,
a movimento, a vida ~ a civilisação, :l cultura, e
isto operado até nas mais inuomitas eb~rbaras Na-
.
cões ? Estando na terra com' os homens o mesmo
Deos para melhorar ~ aperfeiçoar ao homem, nos
_disse que encontrárd mais fé entre os homens noS
povos idolatras que em Jellsualem; pelo que pre-
venio aos Discípulos, de que a ceara era mui
grande, e os trabalhadores pOl~COS, por tauto se
esforçassem p~ra alcançar o Reino -de Deos, que
somente se dava aos innoccntes , de coração puro
que não recebiüo a sua alma .em vão, nem .enga-
navão ao seu pl'oximo com algum falso j llraroen-
DO nIO DB JANEIRO. 14.7
to. De que serve a Fé doChis'tãO, recebidá emvão~
não se observando os mandamentos de Deos ~e a
promessa feita ao seu Ministro ela e xendã 'da vida,
empenhado em inimisar aos seus Cidádãos,levan-
tando cadafalsos á virtude,. ãrrazando as cidades.
villas, e cearas com gl1érras in; nstas,. reduzindo 't\
term á solidão', enc'umbrindo os seus crimes ~om
o véo da Religião, julgando fazeI; obzcquio a Deos :
em punir 'em seus semeHiantes erros do entendi-
mento, dos qllaes não são illustl:ados e convenci...
dos. pela doutrina dó Evangelho e santidade dos
verdadeiros crenté5 'em Jesus Christo? A Sagràda
Escriptura nos disse expressaLnente: P1'opter injus-
'til ias transfe7'[ Deus 1'eg~tú1it de genle in gelllem. He
de eterna verdade s'o que"a Justiça; a mãi da' paz e
da: felicidade, pôde dat, prosperidade ás Nações do
Muudo: '. ,.
§ 67'
Tendo-se aprestada em Lisboa a Frota com a for·
ça naval que se esperava protegesse o Commercio
exterior, fomentava ao mesmo tempo e excitava'o
Governador Francisco de Souto Maiol' a briosa ma-
gnanimidade dos sens snbditos, para pl'oseguircm
na conclusão das obras que as fortificações re-
clamavão, elle veio á Camara, e neHa 'recitou {)
séguinte discurso (I) : u Manifesto ha sido a Vossas

(1) Archivo do Rio de Janeiro ~ Livro Iode O;dens


lfcaes pago 138. V.
J ~/*
l" Morcês, qúe (I mais precisa causa que me trou-
J
(f ~e á Su.c~cssão deste Governo, se o1fcreceu na
,e . necessidade da fortificação desta Praça; e para
f trarar della com Vossas Mercês, como de ma-

u feria táo importante, me não dava até.hojeln.

,a gar a' occQpação dos despachos da frot:! e de


outros expedientes necessarios, pôrque eu con·
a sidero a cada hum de Vossas Mercês, assim
• pela razão da sua nobreza, e leadade não me..
.q nos empenhado que eu na execução dos inten-

. c tos da minha vinda; assim espero de Vossas


" Mercês em geral, que o saibão mostrar na exe·
« .cução da Junta presente, resolvendo-se todos
" com toda a conformidade e decoro, e o melhor
li fim do servico de Sua Maaestade. e conserva.ciio
:t ' ' ' : J

.« da Capitania, e que por ora consiste na for ti fi"


o cação desta Praça, e a necessidade deHa em
(f tão urgentes e fortissimas razões qnp tenho por
$ excesso adverti-las a quero. as não ignora, e aS

a comprebende com tal claro juizo como o de


d Vossas Mercês; e tendo em prim~ü'o lugar de
<t raz.ãQ deHa, por ql'lanto os Hollandezes estão

(j Ç0Ul. dissimulada tencão a nossos descuidos,

4 PQr se valerem deIles C~UlO conseguirão em An-

I' gola, S. Thomé, e Maranhão, posto que estes

<I que por exemplo nos dcv~m tambem a~segn­

li. rar do seu ah'evimento, se usarmos de preven-

,. ~ão .que convém, a si C011) a sua infidelidade


« n.os obriga, e como EI-Rei Nosso Senhor no lo
DO mo DE JANEIRO.

d eucommenda na carta de lIde Fevereiro pas-


« sado. A este respeito, e segundo a melhor in-
a telligencia do mais seguro modo de defensa
~ desta Praça, proponho a Vossas Mercês a con-
II clusão e perfeição da Lagem, pois creio se te....

II rá huma boa fortaleza, conforme a capacidade

4 do seu sitjo, e ficará então a barra como fe-

q chllda a toda a invasão do inimigo, dando-se ás

4 fortalezas de Santa Cruz e S. João todo ore·

·11 paro conv.eniente. Reconhecemos porém sem


• duvida, que não se conseguindo o acabamento
II daquella obra, ficará a Cidade exposta a grano

a des desvenhlras~ porque entrando na barra, to-


a das as ~mais Praças e desembarcadores são
. a facillimos, mlú 1.0 mais por serem dila tados e dif-
• ficult-osos de se defender : da mesma wndição
« ficáo aJoumas das plantafornlas e lanços. 'P?r
0:. mui mal.regldados. E dado o ,c'aso de to-
C( das as fort(· cacões
>
da , Cidade virem a ter a
« perfeição que se pede, nem com tudo sCl'áó ca·
a pazes de evitar a perdição deHa por cerco, qnan~
« do não fasse por assalto, por que logo que o
« inimigo não achasse opposiÇão na barl°;} Bca-
a rião cortados os hastimentos e ou tros soccorros.
« Estes e ollh'os e'ff'eit~)'s e perigos deHes 110S de-
~ vem persuadü' a importancia da fOl'tificagão da
II Logem, por cujo effeito o Go,'eruadol' Geral

II do Estado o Sr. Antonio Telles da Silva, co010

• zeloso do hem desta Republiea, foi servido sus-


ANN ARS

« pender com a minha vinda a ol'dem de passar


li para a Bahia o C0fre do dinheiro do que resul-
a. too a !lua Magestade os avanços do cunho da

« moeda, e a importancia da venda dos chãos'das


fi 'pnl'ias que' tarnbem pertencia á Sua 'Magestáde,

fi para que este povo tivesse nqueUc adjutorio, pam

« a fOl tificação da Lagem, sens reparos e emenda


fi das duas fortalezas dos lados. Resta 'somente da

« parte de Vossas Mercês acudir-se com toda a


a promptiàão necessaria ao remedia das necessi-
a dndes que occorrem, de dnplicaqnos o numero
Il das gentes que guarnecem o Pl'esidio, reduiiu-

fi do-se a seis centas praças effectivas , como já


li por Vossas Mercês mesmos foi advertido. pelo

II Governador Geral, e de que totalmente neces-

II situ a guarnição das referidas fortalezas ~ e dos

« demais postos dá Artilheria e guarda da Ci-


d dade; o que facilmente se póa.e conseguir con-

li servando-s'e para este effeito os excessos da paga

a da dita Illfan teria, a imposição dos vinhos " e


({ contribuiço da vintena, na conformidade que
q hum e outro Don~tivo se tinha aqur conce-
i! dido par~ o mesmo fim ao Governador Lüiz

c Barbalho Bezerra: pois eu' náo devo esperar


(t deste povo ménos demonstração que as pas-
usadas , nem menos desempenho das promessas
u que fez dellas á Sua Magestade, em fé da qna-

a lidade e nobreza dá Vo ssas Mercês, e de buma


c .Cidade tão opulenta; e Vossas Mercês têem
no RIO ·DE JANEIRO.

I exemplo nos da Bahia, não digo os .do Reino.,


a onde
. todos concorrem com fazenda, ' e com as
« vides em adjutorio da defensa e reputação da
d Patria, sem excepção, ainda de todo o gener~

a de Ecclesiasticos. Em adj utorio dos cffeitos tão


o. necessarios, como os que tenho proposto offerc-
« ço a Vossas Mercês, em Nome de Sua Mag'estade,
a seis mil cruzados liquidos das condemnações;
n da minha parte o animo prompto e .desinte-

a ressado em que me mandem tratar sómente o


a serviço e conservação da Capitania. E por quan-
« to estas muterias pedem breve expediente, sir-
« vãa-se cada hum de Vossas Mercês de me man-

a darem preceito firmado, o que ne11a tomar

~ por resoluçcio; COLl!U eu tambem o faço, para


a melhor clareza do que proponho. Rio de Ja-
.. neiro em 3 de Julho de 16~{~.-Francisco de
a Souto Maior. II

S 68.
Acabando de ler a Memoria na Casa da Camara,
para onde tinhão sido.convidados e chamados os
melhores dos Cidadãos, c os Prelados das Reli-
giões, por unanime acordo proclamárão todos
de que era mui acertado tudo quanto fÔl'a propos-
to, e que todos crão contentes se desse a execução
ás medidas da publica segnrança da Cidade c Ca-
pitania, e que se continuasse o subsidio da Vin-
tel'la por hum anno, ou por aqnclle tempo que
152 .lNNAl\S

a neées~idade () pedissé, fortincando ...se OS pontOf!


indicados, o povo então brad{1u de que estava
preste (I) como leaes Vassallós que etao de' Slla
:Màgestadé acudírem a tudo o que ó Rcal Serviço
reclamasse de SlIaS pessoas e bens.

§ 69·
- Empregoi! aCamara é.lssidua diligenciá na arre-
, . das contrrnllicões;
cadaeão , além disso acordou
que os donos dos barcos e bateis que navegavão
para osEngenhos fossem obrigados (2) de apresen-
tarem-se ao Thesoureiro da Vintena, para delle
~eeebe1'em as cautelas, e 1)01' elIas os SeIlhores d~
Engenho e Lavradores emb~arem as caixas,
dando G I11a~ife&tQ deBas ao mesmo Thesoureiro,
bem comá que se Gontinuassem a pélgar todos os
impostos, visto existil'em os justos motivos por (l'~e.
se aceitárão, para oecorrer á urgencia da cousa pu-
blica, gloria do sen Soherano, e ~eguridade do
paiz, a fim de constitl,lir-se em estado respeita-
~el que podesse repellir toda c, qualquer aggrcssão
dos IJollandezes; mandou-se jgualm~nte admittir
lou"ações ou ajustes qos Seahores de Eqgenho ê
I Lavradores do quanto devião pagar debaixo de
ele sua palavra de hônra, segundo tivessem obtido
flas suas safras já copiosos, já escassos productos.

'1) Al'chivo do Rio de Janeiro, Livro de Vereança de


16{16 pago 1 ~h.
~~) Dito Livro e Átchivo pago 14S,
DQ RIO DE J'.A.NEIR@.

Em todas as crises· sempre a distribuição dos im-'-


postos foi nesta Cidade acordada pela Camara e
Povo.

Tambem extendeu as suas vistas a respeito do.


falta da moeda, convindo (I) no perigoso expe-
diente de augmentar seu valor, determinando que·
corressem os tostões por 160, os meios tostões.
por 80 rs. Os Hespanhóes acaba vão de fazer
bancarl'Ota, elles fa1síficárão toda a, sua moeda
Gorrente, como por Carta Regia de 1;5 de Setem~
hro de 1655- foí communícado ao Governador corri
a Lei de 6 de Junho do mesmo anno; que no
preambulo deHa se declarou que, não bastando
as Reaes "Qisposições de 23 de Novembro de 1617,
e de 26 de Fevereiro dç 1651 para não correr nQ
Reino e Conq~istas as .patacas de novo fabl'icadas,
por se achareJl1. faIlidas na quantidade dos pesos,
fl até falsificadas pelas noticias que se divulgárão ~

mandava levantar Casl'l de ~oeda ~ para se fllndi~


rem, e reduzirem-se ao valor real, impondo-se á
pena de incnrso eu, moeda falsa ~os que daquellà
·se servissem. POl'ém, sem embargo da Lei, .éntrou
sempre em Portugual hurria immensa quantidade
de moeda falsa, por cnjo motivo se mandou prohi-
bir e correr no Reino as patacas de fundição, qué

,(1) Dilo Arcbivo Livro 11 de Ortlens Reaes pago ') a.


rOMO !l. 20
'15f.. ANN.mS

nos circubs'tiyesse'nl coI'dãú , OU tosaI'Í.e, ·de qUál~


'flueI' sort~ e qUé1lidade JIpe fosse (J) mandaQdo~se .
que não fosse~ recebidas, nem se de sem em :paga- '
menta por moeda çorr~Qte; pois devião ser levadas
á Casa da oeda de Evora c Porto para se fundi-
rem, e reduÚrem-s.e á m,oeda do neinQ.-, e que
'pelos seus justos v,alores se ·tornassem a entregar
:f.I,OS seus' il{lOos., com' @ valor da lv'aJa , ~em ou tJia
despeza que a da fundiç.ão ~ cunhas, que seria ~
menos passiveI, e sem algum proveito da Fazend~
,Real, para corFer~p1 por mo~da corre.qte, e tud,o
"debaixo das penas da 'Orçlc,m do Li"i'o [~O Tit. 22
as .patacas do 'Governo eSLrangeiro .qu~ tiyesseJ}l
o refer\dQ corçlão e rosa~jo.

.'
I
l •

No clJmprimento d~quC1P~ Lei se maQ.ife~t~rão


muitos inconve~ien.tesno ~r~zil: porque, 4esde i!
occupação eTq neioá p~r Fel ippe II, a geral ~oeda
~u~ c,orria, era Çlaq.uclle '~IOlwrcha ~ ~~e se ll.ã~
podia extinguir nO b\'eye Reinado de EI-Rei D.
João IV. çotp !1 su.ppryssão instant~oea dêlla o
_
Comme~cio sentio grande v~sio, por faÍta d,o re:-
" J

p I , •
e
pr~8€ntativo metall!co ; a U1?eda (alsificada faci·
. .
lita~a. ~s opel;açõe~ de ft:aude, e, rqubo publico:
não occorre~l eIij. tão praIide cal?nliçl.ade ° meio d~
..,.
DO RIO; DE- ":4-N~IRO.

il1woàl1Gção do uso, do papel nlged-a coW~'o. c-F~­


çã,o dos,:Gancos NaGiouaes...Qillc::m OI;C1'Íl1qne. h~"
Nãçãa, sen1tG'ra de toda o o~rro e pral:a da AEUe-,
voa, com tão vasto Impe 'jo l{ne aeJ:a(lgifl oS
:raizes :B'.aixos., Allel);1at;lh.a ~taHa;' e ·PQr~u§aJ., [os;:..
1ie.1161uúd<l ii, mais abjeC'llà d svciIJo.nQ.s~anoi~s, dq
I'olilim' ? Ul1i~er&.o, com a.~ntFodJlçç-ão dl} moedl\
falsa? ElIa. foi ferida pelo cem l>raço& de ,Bí'iarea,
em todos' os. p.ontos da su;:,\ vastissima lI[ôQé"rchial~
pOL'qúe slIstentavão Ptés. de harro p col@8,50 a&SOn11
broso dO' sen Governo.: desde então a Soberba .AJ
hion seseohoreon do Tridente de Neptuno, e lau.,
ÇOll em solidas bazes. a prosperldade do sel,1 Reino
pela sUa· Constituição, CommerGÍo, Ind1Jstria, e
;Marinha. A fortlma que tanto havia ensoberbecido
~. ,Hespanha, a corn>mpeu na l\loraJ e na Jus~
tiça; sua Religiüo foi snbstüuidâ pela supers.tiçijo J
sendo as redeas do Governo entregues a validos
indignos, que mettêrão o machado á arvore po-
Jitica ao E taqo, a qual degen.erada em.. SilUS suc~
.cos vitaes, não correndo pelç)8. can.1:!es da sabpdor:ia
40 cent~o para a p~rip \leria~. :;.dquil;io taes vicias
·e enfermidades ~a.. sua s~ruci:~a e ~onfor91a,Ção,
que q~v.ia nec~ssa.riªmenLe'p~reçeJ ~. C~~~l" aos pe~
:dacos•

, )

'-
, .A lei d9 IilOVO, ,cu,nb9. da ~geda.Clol~W.ia1 foi
publicada n~8ta Cida.de ê ~Gp:1 d<ks ~.ix.a.s ~ d~
20**
iS6 ANNÂE~

tambores, expondo o Gov~rnador no B<~náo que


inandou lançar aos povos :1 magnitude dos mares
que o~ Hespánhoes 'cáusárâ:<:> ao nosso commerci(}
com a introducção da moeda falsa ( I) ; mandou
a Camara 'cunhar á sna custa as ll-utaca,s do Peru;
que tinhão por ciI'C'ulo hum êordão ou reparo do
mesmo cunho, visto que aS,do Mexica apparecião
'sem elle, pagancW, aos Qfficiaes Mineiros a despeza
da fundição e cunhos ; e que todas as p€ssoas
q,ue tivessem dinheiro- das patacas do Perú sem
cunho, o entregassem na Casa da Moeda dentro
em hum mez; o que se obsérvaria até a chegada
da frota ,da ,Reino, para então se <!J}1ebrarei.n os
cunhos, e se não cunhar mais dinheiro pelos tUI'-
hulento" movimentos' qlle"se temião levantar-se,
e que incorrerião no crime de moeda falsa os que
prat~cassem (} ·c,?ntrario.

A hemfeitora Mão do O~mí'pofente fem sempre:


'nos tempos dl1safortunados slÍscitado neróes do-
tados de espiríto (rans~enclente que v,encem os
maiores obstaculos, expondo a,sua vida, vigirias
e trabalhos pal:a salvação do seu paiz. Foi semprs
em taes épocas que se exercerão as maiores'virtu-
, des, a tempo que a. ·fol;tuna e a prosperidade

" '( I) Archivo da VilIa de Angra dos R~is, Livro dos Re-
gistos do ann'o de 1645, pago 85. ' '
~o RIO-DE J'ANEIRO. ~151J
muitas vezes tem (eito hu'milhar e'perder os mais
·helu constituidos Estados. Graças e mil graças
-sejão dadas ao entbusiasmo e patriotismo leal dos
·habitantes do Rio de Janeiro, que em hum estado
·tão indigente e critico;obrárão tantos prodigios' ~e
,valor e de generosidade a bem do Real .serviço
iJue·El-Rei D. João IV em testemunho perpetuo'
{].O seu reconhecimento pelo Alvará de J o de Fe-
lVereiro de 1642 (J), tendo ou vido ao Desembar-
~ador Procurador da Corôa Thomé Pinheiro da
:Veiga, lhe permittio as honras, privilegios, isen-
ções e liberdades de que goza vão os Cidadãos da
.cidade do Porto, a quem EI-Rei D. João II no
-anno .de 1490 concedêra os privilegios e direitos,
de que gozavão os Vereadores da Cidade de Lisboa
com os·conjunctamente.concedidos aos Infanções,
e ricos homens que pq,ssnirão antigamente as ter·
-ms de Santa Maria de Besteiros. Este espirito de
-dintinnção das pessoas foi em todos os tempos o
que exaltou o espirito publico, que transmitlião á
poster.idade os glofiosos feitos das Nações civili·
sadas.
§ 74.' .
Recl~mava na verdade o estado beJIlcoso dos
tempos medídas de segurança e de prevenção, poís

'. {J 1 ~rchi vo do Rio de J aneíro, ti vXo 9 ~e OA'd:e os


l\caee, pa~. 33 v.
1'5:8. ~NA.ESl
que os HQlIandezes,.I~vav.l(> pelàs st1a~ arma.$·v..ÍC1o
tOriOMS a morte, o e.s:[>antQ, e· susto ás povoa~··
ç9'"es' dp costa do Ih'aúJ. PQí' t>utl1a parte a 'Con:Ser~
yação, e possessão dQ5 d0!l11niris do Reino de An~
gola., r~clamava pnl'U a,:{ueHe tuo impol1tUl!l're.pon-
to hlHD chefe luilitar sahio e experimentado: {)5'
olhos de todos for{io então fitos em Francisco de
.souto M:qiotl, que tinha grangeado hitma' tão graú.:
.(le tepl1tação por suf-fr.agio g~1<I1 desde que eritrOlt
;}. governar em. vittude da interina nomeaçãol.d;q
Governador Geré\l Antoúio Téllés, a qaal f@' àl):' '
IH'Qvada pt:'lo J\,liv.ará que ~e expedio em 6,de Qu,.
tQ.bro de I ()4!~; (1) N" C~'rta' Regj~l dada a 20 de
I)~íli~mbro de 1644· a~ Ge.nel~ll da Armadá SaLva~
dor Cor.te& de Sá! (2), se inculcawa c.omo o mais
jQ.'l;pQl'tqn te sj.'}rvJt,o que eHe tinha de fazer á C'Orôa,
:0 fOfQecilllento do s()GCor·ro C()l)1 que devja pantir

.p'éJra AJil.gol~ :f!:nul.cisco de SOI"'~ ~~< ·on, óoniea:d'o


. C9~en~"\ªdo daqnell~ Reino., a fim da que:pa.J.I,-
:~ifl~~ ~. l<>df!, a -pr.e $a:,. fafiandb saber ao General
iL ,1hm,W&. que dev~á! tQ.Ça·r .na ;Rahia, panat ret
. ceber ahi cem homen~, que o Governador . G~
havia de apromp.tm'., p~r~ com os duzentos qúe
recebêra do Reino ,pI;efbzer trezentas praças, as
,ql1n S COllJ .a..s crn.barcaç(le{ necessarj~s, e oitW1ta
,quü{taes de polvora, m~nições~ e armas óe sobre-
l • • -
. - I
.
- .Cü,. L4'I'9. 9I.qlf~º."<Jr ~é!e, dg,A,t:P,Qi~QpI~iQ~ pagf ê~4·
.(2) Dilo LiVl'O c Al'chivo,. pago 560 a. . ~. , ..... \
cel1ente, entregas e tudo a aquelle Francisco de
SOll10 Maior: e que outro sim se applicasse par~
ás desp~zas 'da expedição dez mil ráll'za'cros 'que
~xistião nesta Cid~de do c llnho- (;la múe'da,' 'que
não basl:'dndo hbuvessé iTIão dê. 'qualquer outra
renda da Fazenda Weal; ,furrrmlísal1tlo de tudo
couta p:l'l:a ser vi 'f!a', e'cetliéloes'do '(luaritb o m-es-
m~ General da Armada entregava o G'overnacl r '
nomeado para a (}xpedlçào tio Reino .de 'A ngói'a ,
ficando na intemge~cia de que seu tio Dual'~c'
Corr~d Vasqnean'es -ficaria' nes te Governo.

Pór 1!fio urgellte mot:i1vo o-mesrÍlo Sóberano, 'S~


aigóQu manoar escrevêr a aq-ueHe Vasqueaues a
e~ha Régia de 21 de E>ezemb'ro do mesmo aono
de ·d;;M~ (I), ém a qttal lhe participava con·
"ir ao·R'edl ~el;v1ço ser enviado ao R-eino de An~­
golá por 'Goyernado'r ó Mes-tre cle Ga-m po- Francise-o
de-So1:1to Maior; 'e que'entretari,ro.6casse elle:go"l.
'vernalleIo esta Praça em C!{uanto.'não se m-al'ldasse
eUh'a'CtH)sá~ tenelo e:usàndo da mes:ma jl\riscl.i~ç~fÕ
que tinha e de qJaeu5-à"'a seu anteéesSOl';€OaBan:dõ
deHe que acudiria as. obl}gações do seu posto
com satisfação, como já havia praticado .nas ,oc-
~ si(fes que o occupàra. - . ' .

.... \
(
'"
.
Em obscrvanciii daquellasReaes determinações•
.q ue forão acompanhadas de h!lma provisão dq
Governador Geral Ar:ttonio Tel~es, datada aoa .2 \
de Fevereiro de 1645, entrou na serventia d,este
Governo Duarte Correa Vasqueanes, lev.antando a
homenagem ao nomeado Governaq.or de Angola t
que devia partir .gem demora; por cuja razão o
Governador Geral ( I) apprleciando o merecimento
da pess0<;1 do General da Armada .. que estava eu·
carregado de prestar-se a tão importante diligen-
cia da restauraf:ão de huma Provincia tão vanta·
josa aos interesses da Corôa, ordenou levas de
gente para o Exercito que devia acompanha-lo,
que se servia na Provisão de 21 de Fevereiro de
1645 no Real Nome de seu Soberano conceder-lhe
todos os poderes ejurisdicções,· que e~ão pelo mes~
mó Rei concedidos ao seu Governo, confiando na
pr\ldencia, taleuto, e inlelligencia do dito General
das Frotas, obrasse, segundo sua obrigacão, pcl~
satisfação que tinha da sua pessoa, em qualquer
materia ou caso que ii demora e urgencia dQ
Ilegocio não permiltisse fazer aviso.

Apenas apartou a Frota a este helIo Pqrto, qlt~


• General Salvador Correa de Sá, fez convocar

(1) Dito Livro o Archiyo pago 556..


DO RIO DE':rANEmo.

'em 6 'de Abril do anno de ,645 na easa da 'sua


:residencia ao novo Governador seu 'Tio Duarte
Corrêa V~squeanes, e ao Ouvidor geral o Doutor
Damião de Aguiar, e aos Officiaes da". Camara com
()'J uiz Ordinario l"rancisco da Costa Barros,. que
erão aqueIles Antonio de Aguiar, Alvaro de Mat":
tos., Pedro' Pinheiro-, e o Procur~dor do Conse-
lho Francisco' Pinheir'o de Andrade; assim COlUO
tambem· chamou, como fôra sempre costume,
\
nos negocios importantes aos Prelados das Reli-
giões., e aos mais respeitaveis Ecclesiasticos; c'om
a assistencia do' Almo-xarife dã 'fi'azenda Real Af-
Conso Ribeiro, e -dos negoc-iatltes'c'arreg~dores dos
navios, os Capitães Gregorio ~'lendes , Pedl:o Mar·
tins Negrão, Baltbazar de Amorim, João Dantas,
Miguel Cardoso, ~ osé Gomes, a estes mandou l~r
,0 novo Alva'rá do Regimento das Frotas datado aos

26 de 'Março, de 1644 (1) pelo' qual'Succedia hu~


\ .
. (t) Eu EI-Rei, Faço saher a vós Salvadol"Correa de
Sá e llcnavides,' Firlalgo da lU inha Casa, qne por justas
considera'çõe~ do Meu ~eal Serviço, bem dos mens Vas-
saIJos, melbor segurança da navegação do Est~do do Bra-,
ill, ~landei Ordenar buma Frota pa ra dar escolta pa~a aos
navios da navegação, para que se. possão oppôr a qualquer
a.contecimento dos inimigos, e os meus Vassallus'logrem
0000 segurança as resultas dos ca.b!ldaes que nella melte-.
rem. Houve. por bem de vos nomear. por General da dita
Frota, pela experieDcia que tendes das cousas do mar, e.
'osso e Meu Servj~o. E por confiar de ·vos que em tudo
.:r0MO II. 2)
ANNAES
mnova ordem de cousas que pared<kão cÓmre-
nicD.t€s a nem da segnrança da lVIonaJ:chia', e in~

proC€derds confo'I'me VOSS\1' "Obrigaç<io ; e por Almí-mnte II


Diogo l\lartins'n:ladára, na q,ool se guar.dará o regimenl?
seguinle :
1." Os navíos que houverem de servir nesta Frota de
Capitania e Almirante- deHa, seritó meus que Eu lUal!darei
n('Jmca~ dos 'de :Minha Arroa-da R'eal , comprados, providos
~ anDailos pOif conta do's fretoCs e ,avaJfias dos assucares ~,
!,azeodas ~'lle neHes se oarregarcm ; e será cada hum delles
de
, .
parle deGQ.Q.to-nelarlas,
. bem arlilhados, com 100 .in-
f~ntes cada hum, eseu Capitiio de mar e guerra, com hum
Alferes e S)r~euto; nos guaes se melterá sómenle duas
par~-es da carga, para qu'c ,co'm os fretes é aV'lrias que s~
-Jliio' de pagar Ifelá [nane'ira aJi-ante dt'CI'aracla , S'e ltuppra a
tinslo da intfanterkl do luar.
_ 2.° B.lI!v.erli na d-ila Frota hom Sarg,en,lo l\'J,ÓI' e Aj lIdanl~
pessoas ~l'e vaior e servi'ços; e se pelo tempo a d'iantc J!
experieneia ,mostl'ar q.ue se neccs~ita de outro AjuJante,
mandarei prover del1e.
5.° Haverá' lam~em num Auditor que conl1eça de Iodas'
·n's causas ci-vis e cl'imes ,das pesSfláls que anDa,rem embar-
cadas néota Frata, e ,f{)rem dep€ndcn~es da glmte dcllas e
ercadas'depois de -terem as-sent(lldo pta~ flas dibas Frotas,
com o mesmo -poder e 1urisdlcçflo qll1! lêem, e de.que usa
o das Armadas da India, o qual Eu l\bndll'l'ei nomear f e
,assim a pessoa que eom ene ,ha de serv ir d:e Escri,y·iiO.
4. 0 Haverá tambem h'um Foei,tor que sirva j~HI~a'meO'le
de Almo'xal'ife, pa-ra arrecadar e feitorrsar {) ·d-ireito da
~val'ia que se ha de arrecada,r das caixas 'de 3ssuCBr 6 fll··
zenclas que e carreg-arem em lodos os ,o'a vios de frola pir.lli
sustento e paga das genotes u-e·gqcrra.eJuuaiçf,ies,. e o !e~
DO mo DE JANEIRO.

teresses do Commercio anniquiladcr e destruido


pelos inimigos da Corôa. Foi adoptado ~orno Q;

soldo e o do Almirante, e dos mais tíJiu.is'l'ro~ qOé neI1~


servirem na dita Frota, seráo de tal talJI', 'r~l'le51 e''Cxpell.
"-
rieocin, que pOSsã'o síl'r 'Capitães de tn'll' e gueJ'ra, ~1l!11'e1l
ó approvarcis '; e não eoC'Outl'alldo' ocHes e~ta&, p'a'rte's'; oU
não 'O querendo E'er, p'Gderâõ 'l1'OlIl'ear pessoa em qu-e-ell!is
nooc-orrão, o qoal tendi) estes re.qui~i'tos, .erá por l\1im
approv~do. t

5.° Aos CapItães ê Soidados, qá'e eri:! S'eus naY'ro's servi~


rem de mal' de g-llerra' nc.tas FrotaS', In~ tlu v~rehJs sei'vi~
ços que o e 1111 'we fizére'm, como se fassem feitos' nas. Ar~
roadas Reaes destes Reinos, e aos homens de mar terei
tambem' respeite nas occasiões dos -setrS acrescen1amenl'ó~
. 6.° Os Baixeis que houveiem de lllivegal' serdõ lro'ln"C.,;
DOS do porte de 2()O tonelatihs 'Com to peça's d'e artllhe-
ria, os quaes seráõ mandados exalnin'ár pdo Cbrrsellio'
Ultramarino: os que forem de menos porfe nau ftave.râÕ'
llvurias; porém as 'Que s'e lhes devem se' iráiJ dep sltando'
na mão do Feitor, para compra de duus bons Galeões qlla.
fiirvâ-o de Capitania e Almirante tla díta F/ota,' para q:lre
por este modo se vã extiu-gulndo as embarcações peque-
lias, e os arma<1ores' se disponhãO a fàbfica-1tt~ de maior
porte que fôr'pos~ivel, porque disso uâa mo· sll!f1ellte lhe
I'esulla'ráõ seus intreresses, mãi& maior 5eguraó~a em sua
navegação, (l reputaÇ}ôo do Reino.' .
'.0 PartÍ11à a Frota do NJ\,to desfa Cidhde atê os derra-
deiros dias do lDez de Setembro de cada anno paTa a Ba 4
hin, e dali' para o Rio de Janeiro, e daquellà ~apita~ía
'Vohardõ os navios para a Bahia que houverem de vil' em
companhia dà Frota até o derrãdeiro .de l\'}Iarço, 'prtra
o
que elles e 05 da Bllhia 'saião em Abril;· que sôo as mon-
:aI ..
164' AN AES'

.mais sabio expediente a prol commum do' Rerrto; ~


-a -navegação em Frotas, ainda que fossem tão viot .

~ões mais appr~va{)as em re.speito de vil' a Fl'ota mais con...


.servada, e em qo_c se achará. a Armada Real fÓ1'3, vindo
pela. altur.a de' qual'enta e hum gráos e.meio, deixando os
.navios do P,orto e Vianna recolhidos em seus -porto.s, e
com"os mais vireis seguindo até o porto, desta,Cidade.
8. 0 E porque obrigando aos ~assallos l) que de,~te Reino.
naveguem em Frotas para o Brazil, ajuntando-s,e para est~
efIt:ito no porto desta Cidade, lhe seria de grande darnn() ,
e prejuizo, assim pelo risco que ,eerreraõ em razão dos
tempQs- e .dos iniO') igos qo.e de ordinario andiío nestes m~-.
res, como tambem por lhe ser necessario irem pelas Ilhas
,fazer as suas escalas d'e provimentos de fnHnhas. vinhos
e outros generos. que hão de le-far para as. ditas partes;
e junt,amente ,para ql!C possão os ditos navios ter tempo
de fazer nellas suas carregações, pam que ao tempo da
çhegada da Fr.ota, e da sua partiria para este Reino, 56
achem prestes e não tenhão delenças : .Hei por bem que,
para a~ ditll5 parles, do Braúl possão o~ ditos navios na..;
• 1
vegar cm todos os tempos que quizerem., e lhes bem es.. ,
tiver sem esperarem pelas ditas Fro.las; porém a vnlta..
para ~sle Reino não poderilõ vil' senão em sua (;onsena"
para se evitar, O damno que se possa seguir em razão de.
virem sós, çahire/D naS mãos dos inimigos, nem vo~ nem
o Governador Geral do dito Estado, ou o Capitão Mer ri&,
Rio de Janeiro lhe poderáõ dar lincnça. em contrario, salvo
quando fôr pa~a se trazer algum aviso muito do l\Ieu Ser-,
viço, que para este effeito se t:legeráõ as embarcações
mais pp.fJueo3s que hO!Jverem, para que poss!io com ulais
suavidade virem a este Reino e trazerem o dito aviw •
. 9. 0 Na carga dos ditos navios preferiráó os que ferem
DO RIO' DE' J'ANEIRO.

-.Iéntos OS meios, p€lo monopolio dos gcncros es+


,tancados tão contrario aos interesses da 'Cerôa , e

de maior. porte, e,aos de' 'menor porte se lhes dará só


'meia carga; porque assim viráõ os faicndas dos partieu·...
iares e carregadores mllis seguras, e os armadores procu·
ráõ avantajllr·se nas fa'brica~ que fizerem, dos que forem
de,maior'porte, assim por se não arriscarem e ficare~ sem
carga, como também por gozarem do beneficio da avaria,
qt1e não hão de lograr-se os dilos navios não forem ao me·
60S de 200 toncll1das, comn fica dito no Ca'p. 6 deste Rc'·
-gimento; sendo, os dilos nni~eis de 200 wnela~as e' II)
peças de artilheda, ha veráõ 'de freIes da Bahia por cada
5{~ arrobas, que he hUlna' totlelada Portugucza 1-l-:.tfjOOO
I's., e as de 500 toneladas e 15 peças 14:t1Jo'oo rs., e os.
de 400 toneladas, e 20 peças 16;Jj)ooo rs. E' vin~o do Rio-
de'Janeiro hav'erâõ 'pela mesma fo'rma que- fica dito 2:t/J 'ra:
por lonelada e avaria', quer seja da Bahia quer seja do Rio
elc.Janeiro, será' de 100 rs. por arroba.
JO. E porque' cada hum destes navios ha de carregar
600 caixas de a~sucar , que a 20 arrabas cada caixa, como
lIe'costume, fazem I 'Z,ooo arrobas: e pagando o tostão de
avaria por arroba imporlão tres mil cruzados, e rlesla a'va-
ria ha de ba ver o dono do navio a 40 rs. por cada tostão, c
os 60 rs. que ficão se applicão para o sustento e soldo do'
Capilão e So'ldados que hão de ir 'embarcados em ca'da
hum, para 'a sua defensa que hão de ser 25 qu'e imporlão
em 'l20:t1JOOO rs , não baslão e lie necessario supprir-se a
esta falia pelos lJ1cllfores e ma+s suaves meios que ser
possa: Hei ,por bem que em cada hom dos dilos uavios
de mais dos lIssuoares que houver de carregllr, se oarre~
suem 400 qlliolaes de Páo Brazil por cool~'·da lDesma fa':
ze.oda, dos quaes se pagaràõ '400 rs: de' fI'ete por cad'a'
'166 ANNAES •

prpsperida<le da M{)narchia,. As cirounstanaias dó.


est do do .carregamento dos navi@8 nãO "a1,tilhados

fJuiOlal. e destes 400 rs. havia o-<1ono. do navio descontar


2PO IS., e os outros 200 1'5. se applicaráé tmI!bem ao sus~
t~J)lo .e,sOldo da gen~. E os na:vjos que carrcgal1em no Rio
sle Jpne.u:o, ou em Otllfa qua1qucll Praça do Estado do
praiU qJ.lO não tr,Ouxerem páo, p3garáõ 500 1'-5: do cada
tçn.elàda ~I,l,e e.urGgar para ajuda do ga.slQ.
_ 11" E por qpqnt!J .as.na vios .que hãu de nnegal' par3
~ Ba.hiíl '8órpepte hilo de carnegar 400 ql1inla:es de páo cada
1lpm por oonta da Minha Fazenda. em razão dQ pâo dq
Jlio dq J.ineil'Q ser de gualidatle que não tem oonta neste
J\e~n\l, de q~c o d"Ono dos dilOS na,"ViGs não Mo de levar
plais qll~ 2.Q() rs. de frele pur ,cada quintal. como fioa dillJ
!lO Cilpi~uJo .antecedeQlll, nÇl que se lhe Ocão oecupando
pflrto DIl 3D lOQe\adas com pouca ulilldade : Hei par bem
!Iu~ 4 Capi,t nÍH ~ o Almirante <Ja dila Frola Cllfregue cada
hum pelo menos 2QO toneladas de Páo Brazil, o qual o
~CY (+Qver1Jador do qito Estado, e Provedor l\l-ór de l\:lioha.
~ :z;e,pda, elJ~ e vós, pela parle' que vos toca, fareis carr~
J:M\l.,l' elQ 1l11-pa bUII;l dos dilus n~vios i,nviolaveJ[Qente.
_ p'. E po.r q'qanto qe tes princip.ios he força permittjr-se
Qa~eg~ÇiiO das eIPbarca~i}es -9El m~nos pqrt~ tio 200 lo-
pr;laq~s, ílté eUas se l\cabl\rem e. se fa-z.eTem oulras de
plllior p.orle" como fica dito neste Rogimel,ltQ: cons'ide~
f~?\W talllbepl que- se de todo lhs prphjbir que I!.ão nave'
~uem para a~ parto.s do -Prazil, n&o tão. sQmeo.t-e fica.l1cHJ oa
lnçu~ Vass.allo.s eOD;l 4a!I1I;1O coosider/lvel nos cahodae~ qu,o-
paI' dila& fabricas lêem melli{jo , mllS lambem Se Qão dará
!l\~iio, <l.sahid.a dos assuc~res do dito Estado: Hei puu bem
gu.c ps dita,s.embar.cqções, Ç,OIDO jà fica dito. possãQ nave,:
lar jlf\!'ll l\S q.itajl a\~ ~e e...xtiDg~ir~m.," e que iota. á B.abia
DO RIÓ DE .fANEll\O.

qne fic~VãO condémnados -e prejuêliéadó OS prol


pri€tarios ~os fretes segundo as 116vas reaes deter"

.se lhe· dê de frete a 12ViJOOO 1'-5-. por I o'rrclada, e indo ad


'Rio de Janeiro a 14;jj)ooo 1'S, , com que lambem se evita o
durono que' p.ode Feóu,ltar aos' enTregadores' da maTo'r parte;"
p'01'ém dos diruS' freles S'crM ·o~ Imest'l'es das dita'S e:mJ):1r'cr~':
-ções obrigados a en~regar ao m'eu FeiMr e &Imotarrfé
2:t/JOOO rs. de cada tonelll'da- para aj lida do su tento da ra-

fanteria que as mais navios- e annndas as hão de com-


'boiar. E vos mando qne nas licenças que houveres de dar
li e~les navios para carregal' sejiio preferidos aquell'cs qu~
livel'cm algema arLilh'eria e' Porelu nO'Vos, e vos' partlcereur
.
mellrores para' acompanharem a flrllfa. "'
13. SeaeIo nileessa·riO' valerem-se de' alguns dos nav!o!!
dos pal'liculares de a'lgmua artil1Jenia N-I ?nha', Oll s"endo ne~
'ééssario menel'-se-l·ho alguma para st\'a mentOr iJe'f~nsa h'
guarnição, venceráõ cada duas peças que assim levarem';
6 sold'o de hum marinheipo para tam:l1em sc·despénder
tias eOU&llS neecssal'i~s á oooservação e augmenlo das dita~;
. 'FI'()\las. " I . /, • . '

• 14. Com' o soMo dos ·tnari·nl1eft'os se nfio aFterarrí cousa-:


d-lguma I que se lhe }>agará na fOI'I1'la que'semprc s-e·f<:z.
I 16. De hldo e que toca a.o direi-lo de avaria .e cobrard'
no Estado do lkazil para a paga da geote da guerra, e mais'
rlesfl'e~as flue fe,pe'm necessarias fatzer' com os navios- da
·Prota. e e ta m'lJláde s~ pagiltá n~rc Reino, o qua'l dr..'
flhcil'O ha de eOBlar e dEl~pender o Feito!' Almoxarife com"
~ o:rdtm do meu 6e.Bchtl: c "pfrra a cobrança 'se 11a d-e'
fltzer hum livro de. receita nUJDcl':tdo e rubricadlil pelo Au-
ditor, c si lhe .ha d~ Gl\rrcgrrr elll receita tudo- o ql1e assim
'cubral', o qual será ób.rtgado fi ·da·" fiança nesta. C'iJad'c a t~
quanlia de tres mil· cl'uzadQs ; e de elida viâgem qu.e fizer
i~8 ·ANNAl!s

.minações, e os donos dos generos emharcactog


impossibilitados, para reembolsarem as sommas

dará couta nos meus contos do Reino e Casa, e tirará qui-


tação.
16. Outro sim .Hei por -bem que a despeza que o dilO
Feitor Almoxarife fher pclo..que loca ao vosso soldo, que
são dous.mil cruzados/cada anno,·e o.Almoxal'ife 50o:t/) rd;
cada anno, que se repartiráõ aos mezes, e assim. aos sol-
dos do Auditoa:,., Sargenl() Mór, :AjlHíanle, Capilão, Alfe-
res, Sargento, e mais Officiaes, que seraõ os que pelos
mesmos ca,rgos lhes. perlenecrem, serrl pela 'maneira e-
gninte, a saber: no Bl'atil da terça pa.rte dOlf seus soldos,
c neste Reino as dU~8 partes, tomando.quilaçiio das taeq
pessoas, com as,declarações co,.tumadas para a conta do dito
Feitor. e Almoxal1ife,: e por e ta mesma maneira a infante
ria e lnantimentas della, que .ludo .ba de sahir. do dito di-
reito da avaria.
". E .porque pOde acon.tecer ser·-neccssario fazerem-se
outras despezas extraordinarias na Capitania e Almirante,
da dita Frota: Mando ao dilo Feitor e Almoxarife, qU'e
por despacho do vosso 'lS faça, e com a' vossa assistencia
lembrando-vos .que não sejão as tacs despezas, senã$
aqueUas que forem precisamente necessarias ; e.-não sendo
utt:is e necessarias, se não levará em conta. . I
18. 'Outro sim hav.er·á oulro livro de despeza tambem,
numerado e rubricado pelo .dito Auditor, e servirá de Es-
crivão da receita e despeza, o mesmo que ha de servir
na Auditoria, no qual se lançará todas as despezas que se
fizerem assignadas por vós e pelo dito Feilor e Almoxarife"
declarando-se em o que a dita despeza se fez, ·e a causa.
q.ue houve para se fazer, e islo além da, ordem por es-,
cr.iLo que ha veis de passar, para .que a di.ta despeza se
DO RIO DE J.A,~EIno.169 .
rece}:>idas do valor dos sens generos .vendid(i)s eu;\..
boa fé flOS carregadores, fez na Assembléa a que

faça em o livro da receita, em que se, ha de carregar ao,


dito Feitor e ,Almox'adre, tndo aquillo que COàl'íll' da íl~a­
I'ia: e ~e declarqrá tambem cm ·€ada a·sseqtQ Qque cobrou
lt o,qua;nto de cada pessoa, declarando· a por seu, nome,
di;a,,,m~z e.anno, dos quaes assentos ha. de procedei' as
quitações que se hão de dai' ás partes que pagllrem. a ~~ta
avaria I para, '} sua guurd!l J a sigoados pelo ~scri\\'ão ,. e
pelo dito feitor e por vós, para que pOl' ~ste modo me
scJ~ p,resente o dinheiro que tem enlrado em: po.t,ier do.
qito felito I e o que
em ser.
. s,e ~e~ despendido J c o qne fica ai ~Q
,
.
J 9. O dito Fe.itor e Almoxarife, terá. de ol'l.l~nado. o~d~
:lllno 'joo:tf;ooo rs;. I. tendo- se considel'açiio ao ml\i~o tra-
balhpr qUJl hq no) ter, no exer:.cicjo dest~ officio J and~ndo,;
ernbpwad'O ,I e .selldo"o.brig.ado, a. daI: fian2 1 e. copIas calta
alJnQ; o q,ual se' podel'il!'a si propr~Qjldo mesmp J1enqimento
da avaria ,$ d o ~scri\}ão 40 seu cargo ql\e o ha t~bem
de o ser da Auditol'Ía, haverá çlc orde·oado /3Ip cada1il,nno
~o.?t1JQ.oo rs., de queltambem haverá pagarnen~o pelo mes;"
m.o m.odo que o v:osso' ha veis de o h,aver,: e. os mesmos
Officiaes' e Solda'dos, os quaes o Feitoí' e Esorivão ,. sendo
necessario encarrega-los de oull'o~ qfficios, pcm por isso
haverá oetro ol'd·eoado, 'mas qpe hum SQ, por ser ~ssill1
c.onforrnlJ á~ miQhas LêiS e Regimentos. •
20. Parl{ que,não hajão demoras que. obrig.uem ,a à.espc~
zas ioutcis:, Hei por pmTI J .el vos Mando que com toda a
brcvid,adc possi vel procu,reis abllev iar a viagem, assim de
ida: como de lolla, para que se possa fqzer.a viagem da
frOla todos 0/3 aqnos.
2 J. E para qQe isto nau Lenha algum extra vio, e melhor
TOMO II. 22
170 ANN~AES

pl'e'sidi~ Ô Genéa:l da' Freta, a mais' viVa coJiínl'o-'


ção, e lêvantáTido vezes" mi'tl resp-eifo afueb'te lhe'

se' p'ôSsà éonseguir: HeI pOF bem' e 1\to ndof ii t6r1as a51 Jus-
tiça ':iSSllD' de's1e Reino, como do iÍito Est'lld'o, fa'ção Hrev I
e' su'h'imariamenLe p'agar os fretes e di~i<fo's pel'teneénLes'
a ésta' Yiag'~m ao mésLres, mercadorcs~ pas âgeiros, e
tn'ai'S interessados que vierem nas dilas Fret,às, 'ctlostand'()l
,do que liquidaméiífe 1,IIe deverem.
22. E'por quanto pal'o a defensa e segu'rança.dos 11:1 v!9s;
mercardes', êeol'é'm 'q'ue os donos deTlcS lhe :iJ. "iLãô'àrma,
para a' ge'nté de mar C(ue nelles hão de' ll'üzer: fiei' p 'r béllf
que'rrkgão nos' áiLos navios tanto~ mós u ls é'lh'huxos,
quantas forem as pes flaS que nelles trouxerem.
25. E: Hei' Ollrt·O situ pbr be'rn q'lIê der oe te' ,Reído,
iiê'iiI' b"'E rildo do Bràiil, sé possa talHícal' natiõ olf ca.
tavel1a que e)iio' dê til nós de 20b t'ori Ind~s" e d' hifparaf
Clfft., porq'he neóhum I a de navegar h. s' dlftas FI'ó'las de'
men'ó porte, de'pó'i ' quê acaoareÚl' o qtie já é lião' faliri.J
ciáb : é 8"5 éarnvell 's que a'Ssim -ê fãhriCltrém de porte'
éIé zoo Loill:J.adas, seraõ Il'rma Llo' eàm 10 l'eç s de 3:'rti:,;
lfit'rm; C8Ú1b ó'" {javib~ U'é itlen10's' p'õrLe; se eBtél'lderó: na
éf:ulavClras e na",'ios que hOllvereu1 d'e iJavegar {lapá o' Bra'i
iiÍ; porque pa-ia oóLros porfo's se poderáõ lubricar os oa'"
-vios que lhe fizer éonta.
2'~: Os óavios que forem ao Rio de Janeiro' e maiS'p-or;l
tos do Sul, viráõ ilemaodãr oOln a carga 'crue tiveréih fi
Cidãtle da Bah~à ; no tcrrip8 qÚÍ! por y(Js mi' lJ1'dõlf, "do para
vir iif' C1alíi em vossa cooserva, medindo b .en:i~b fI'it tal
mOdo qUe dem veohão IDufLo árHes' lfa partida d~ FI' ,La #
pari\ (;Vital' os gá tds e 'iJéspezas que podcl'áõ filzér ná Ba J '
hia, sendo muita a detença, nem tifúi6êm que vclÍbãb,
t'éo4o vós jú pàrtido.
no RIO DE JANEIRO. 1j 1

repr.esentárão assim os officiaes da Camara, como


os carregadores e nonos. dos navios... que náo se

25. Por quanto as 'COllsaa do mar são incer~as, e -ha


casos 'em,que se não pbde prevenir anlicipadaillenle: Hei
por bem que vós com o Almoxarife da dita Frota, Audi-
tal', Sargento Mór, Capitão Mór lle guerra da C-[lpitnnia,
disponhais nos.taes casos .() que se vencer po.!' mais votos,
lembrand.o-vos que l\l.illha tenÇ<lo IIe tratar sómente de
melhor acerlo em ~Meu Serviço; e não se pndendo por al-
gum accidcllte ajuntar 'o Con.elho ua forma .J.:t' fe ri da , re-
solvereis li caso com a maior pllrte dos que se poderem
ajuQ,lar, fazendo de tudo papeis para se me uar conla ~
sendo necessario ; e. sendo caso que se aparte o Almirante,
poderá resolver os casos nãG cui·dados COIU o mestre Il
piloto, e ao dilO Almil'ante dal',l huma cOllia desle R.egi-
mento para saber o como se lIa de haver em semelhantcs
oasos.
26. E por quanto pude aoontecer que tenhais boa 00-
casião de vollar com brevidade com a Frota para esle
Reino, e vos possa sei' de impedimentu não lerdes em
quanlidade os officiaes de calafale, oarpinteiros, fel'rcil'Oi
~ made1rciros, e embarcações pequenas, gente do "filar, o
tudo. o mais de que se .necessila para st:melhanles jorna-
das: Hei por bem que as p.essoas do Governadol' Gél:al,
c aos Capitães c mais l\lioistro da Gucúa e Fazenda das
Capitanias e Porlos a que fores ter, aos quaes- l\Iando vo-
10'llí~ern,~ pagando-se- Jlles Q seu cSlipendio; tendo consi-
d:era~ão, EJue bomo isto ha" pam ~empo Mo breve, IlUIl-
ca póde ficar de prcjUlizo a ninguem; anles em' g;rande
hene.fieio dos meus Vassall.os, a que principa'lmellte aUend'O,
81 que vos dêem assim para isso, .comõ, para tudo~ o mais

de que neces.sitares, toda a apuda e favor que ot'Ues. fêr,


22··
172 ANNAES

ppdia no presente estado das cousas' obsen'ar~sc


á letr~ o l\egil:!1enLO que se lhes lêra, pois não
ç

, 2'}. ,Porque a -Minha intenção he de evitar toda a occa-'


~ião ue compelencias em materias de jurisdicção, que po.'
dem preju,dioar ao bem e conservação das Frotas: Hci por
bom e'l\lando aos Ministros de Justiça e Fazenda uo Estado
do Hio de Jat;loiro, Ilhas, e de oulra qualquer parle don·'
de chegar a dita Frota, senão 'cnfrom~llã(Y em. eousa al-.
guma das dispostas e declaradas nesle Regimento ,. anlei
manuo a-todos em geral c a cada hum em padiculal', e'
aos I\HniHros e Omciaes de Guerra, que nas ditas parlé'Sl
assi5tirem, que apartando vós com a dita Frola em séus'
Pari os , vos déem 'toda ajuua e favor que' vos fôr.nccessa-
rio para melhor conseguirdes o que De te Regimento vos
ordeno, os quaes guardaráõ como se cada hum·delIes em
}larlÍcular fa lia ra •
28. E sendo caso que no mar se cncontl'\) esla l\1inha
Frola com as Dá os da IDuia, cm quc venha ou vá Gapilão
I\l 01' dellas, faráõ a Frola e náos sa!l'a de tres peças, igual
huma .ll pulra, e a Frota seguirá o farol e' derrota dai
mias, e isto não vindo nellas Vice-Rei ; po~quc vindo aba-
terá a Frola a Bandeira, e abatida a tornará a alvorar:
e sendo quaesquer oulros na vjos que veuhão das ditas pat-
tos, que não sejão náos da Iudia, lhe fareis farol c dareis
Ilcgimenlo •
• 20.· Encont~ando·se a Frota com a Armada Rcal, le-
nnlará a Capilanea huma formula no tope cm lugar de
Bandeira, c o Almirante outra no mastro do traquete, e
as salvas hão de ser os da Capitanea do mal' Oceane, meDOS
bnma peça; as cinco com que hão de salvar, e as da boca
menos huma - buma boa viagem - respondendo com
trombelas, ou charamclns dellas, e o Almirante da Frola
DO r,IO DE JANEInO. l):i

se fazià criveI que Sua Magestade quizesse a total


ruína dos seus Subditos, impedindo a navegação-

o mesmo da Almiranta, da Armada Real, e os mais na·


vias da Frota, e a Capitanea e Almiranta, devcl'Il respon-
der ~ólDente com trombet·as ou charamelas, sem arlilheria
nem boa 'Viagem de boca.
50. E sendo caso que vos encontreis com a c'squadra
ou navios de inimigos desta Corôa, fio de vós que pro-
cedereis de maneira que tenha Eu muito que vos agra-
decer, e folgar de vos honrar e fazer mercê; e da mesma
maneira o H,ei POI' mui recolUmendado ao Almirante da
Frota, a quem "ós da minha parte fareis saber, e aos
mais Ca.pitães, para nas occasiões que se offcrêcerem,_ Vali
ajudarem -e lil'ocederem como deHes espero, e tenha oc-
eosião de lhes .fazer merc'ê con'fol'lUe aos sClviços que 'me
flzereín. E vagando por esta ca usa alguns éargos na Frota·
de JuSliça, Guerra ou F-azenda, nomeados nesle Regi-
mento, que Eu não possa prover com a brevidade que
convem: Hei por bem que v,os pvovejais nesse interim de,
serven'tia nos de .J llstiça ou Fazenda em taes pcss0ll;s, que
I conheção todas as mais que não a'nlepondes respeito par.
\icúlare's a mCI'ecillle'ntos proprios; e os da Guerra os de-
vem servil' ás pessoas a queni toca faze-lo por falta de seue
moioraes, por quanto estes se lião podem prover de ser-
ventia.
:3 I. Todo o disposto c ueelarado neste R~ilDeDto , vai
Hei p.or mui encarregado, lembrando vos q~e fio da vossa
pessoa obrareis nest~ particulares de tal maneira que fi-
que de exemplo aos mais, para que á vossa imitação haja
quem siga o procedimenlo q\:\e di) vós espel'o. E da meslo
ma maneira Bei llOr encarregado as mais pc!soas nel/e.de·
cla~adas, para que procedão como con.yem ao Meu Ser-
li~ A.NNAES
dQS navios cal'llegados aates daquelle Regimonto
que por tanto roga"ão se acommodass@ ás circuns·
lancias, da mesma sor~e que o praticára na B-ahia,
a cabeça do Estado, conciliando a observancia àás
Ordens Reae's com o ~stado das cousas, que não
farão previstas e sanccionaéJ,as na- mesmo ;Regi-
:p}cnto,
§ 'J3.

Movido o General da Frota da Justiça dos Re-


presentantes o confessou ipge~:l.Uamente naquellc
conf?resso, acrescentando que olhando páré), as
];rlQ.ita~ occasiões em qw:~ os babit~ntes se p1'e&~ã.­
rão ao s~r'"iço dQ Estado, impondo a si mesmos
conlTibuições, e fintas nas u1'g~ntes necessidades
do 5en'iço publico, esperava que El-Rei appro-
vasse a sua condescendencia cm deferir, segundo
desejavão, conhecendo que no porto havião, mui-
'tos né\vios sep! Artilheria e tropa ~ poré~ que
I!elles os cé\:rregadores já tinb~o feito os &CllS ajuS(
tes e transacções por preços mui limitados " que
por isso peqnittia qlfe navegassem, pagando a
avaria a 60 1's. , como se ~sentára na Bahia , to-
canelo 50 1'5. 'ads donos CIos llavios arm.ados com
1,0 peças, e os outros 301's. applicados a bel)efi-

viço e ao bem dos mells Va"snllos. P,lsconllle Azevedo (\


fez em Li.boa a.os 2G de l\larço de 1644. Eu o Secretario
-!\[0050 de B.al'I'05 a fiz. escrever• ..".. UEI.
DO nlo DE' JANEIRO. 17 5
eio dos' soldados que- noS mesmàs _S'f!' oillbaL'cãs-
sem, ficando. porém em deposito os Gd rs, dá-
(}uelles Havios que tivessem menos de 10 peças,
pagnndQ-'Se aquelles 60' rs. ; l!D€tade no i3razil, ~'
a ou-trà no Reine-: e em qiiail.to aoS fretes se re-
g,ulassem FeiO' m smo .modo wacorGado na Da...
hiá, abatendo-'sl} t ;jj)aoo rs. pO'r t'O'iléiada; de
maneira que aquelles que estavão (;ontémplaâé
em IS';/) , fi afião em 17;jj) rs. ; os de 16;jj) , em
15';fb 1'5. ; os de lq)/j), em 1'5lfb rs., e assim pÕI:
diante; e qlÍe em tudo q mais liUetalh1etlte sfi
havia de cumpriI:.o Regimento.
L
. 5 07D~
Terminada a convenção e aceitá pela Câmara,
se mandou para ser presente a Sua MagestafÍe ,
lavl'ar"se :URO' , em que: 'com 'gqlH~lIes Offidaes as:'
signârão o Genoral da Frota O' GovehittdQr DUartê
Gorl'eâ; e os Padres Fr. Lniz Alvares, ;fi itor 'Goa
Jesuitas; FI'. Antonio dos Martyrios, Guardião de
-S. Francisco; FI'. Mamo dàs Ohagas; D, AbbadCil
dé S. Deúto; e FI'. Antonio, Prior do CaL'Dl-a; 9
Almoxarife, e tolios os mais Eeclesi-astioos g Se-
culares c0nvooa'dos nac[ueIle Conselho. Tal foí ()
estálJeleciLÚento das Frotas ,. que foi seg:uido- ain"
da depois da paz de Utrcke , com todos t1S incon-
,'eni ':ntes que naquella época e lamcntaveis cir-
cunstancias foi de muita utilidade para segnrar o
Commercío ~ ~ndependencia da Nação, e que
J 'j 6 ANN A1:!l

depois acabou de deslTuir a riqueza e prosperi-


dade da mesma até a época do Reinado de EI-Re~
D. Jo~~ I, qne. devia Sel' immortal pelos incom-
para veis beneficias feitos á Nação, pois a fez snr,
gir da miseria e inaeção , dando-lhe consideração
politica, luzes e riquezas, e todos os gozos da
v\<;la ;. eHe abolio as frotas destinadas para a. Ea",
lúa e ~iÚ;. de Janeiro pelo Alvará de 1>0 de Selem-o
<pro ç1e 1,65,..e pe~'miL~io a navegação. frança para.
onde o inlere~se e melhor conveniencia guiasse
aos seu.s subditos, e para' aqueIles POTtos aonde
fosse franca a navegação ~ (comm~rcio das mel';'
cadorias, e deixando á convenção das partes o,S
fretes por Alyará de 12 ~de"Maio de 1766. T <10 l~l­
9Jinosa L~gislaçti·o deu total golpe, e arraneon
pelÇl raiz a má fé alheia da honra f: brio nacio-.
nal, de que se prevalecião os doloso!i'.e fr-ancln ...
l~ntos devedores para roubar aos seús correspon-"
dentes nás fazendas importadas' que devião es-
p.erar (} reembolso do seu pi'G>liluoto de amlO a
mmo, chegando tarde a noticia da sua má fé.@ -
depredação pela demora das Frotas; além da do•
.terioração dos gcneros do Brazil, 'pelo calor e hu-
,JDidQd~ excessiva do clima, que tanta influencia
-tem na sua mú (ip~alidade nos mercados e feiras
çlé\ Eurapa,'
DO RIO DE .JANEIRO.
c 177 -
§ 80.
Que enthusiasmo e zelo pela gloria de EI-Rci
não des.enyolvêr~o então os habitantes desta Ci-
dade! Todos acodião ao serviço publico e preve-
nião as su~s necessidades com medidas ~abias; e,
a generosidade das suas úffertas apreciaveis abre-
!iárão os prepjlrativos çla csq~ladra. ~?- fraqueza
dos meios poderão offerecer e dar gratuitamente
hum donativo de oitenta mil cruzados (I); le:..
vantârão tropas que de,ião acompanhar ao Go-
vernador , e a guerra da honra se atheou, que~
rendo todos ter parte na' gloriosa tarefa de darem
a sua vida pela gloria de EI-Rei e Independencia
da Nação, abraçando e felicitando os selIS irmãos
de armas, a quem a sorte destinára para tão
heroica empreza, a quem derão o mais saudoso
adc-os.
§ 81.
Partio para Angola Francisco de Souto Maior, '
e Duarte Corrêa tomou as redeas do Governo; com
grande desvelo todo se deu aos trabalhos das obras
das fortificações, foi fo çoso porém retirar-se para
S. Paulo em cumprimento das Ordens Reaes, en-
viadas ao seu antecessor em data de 7 de Dezem-
bro de 16,~H., que recommendavão vivamente o

(I) Archivo do Rio, Livro dtl Venerança de IGH,


pago 295.
TOMO II. 23
1 'ia ANN:A.ES .

descobrimento das esmerGlldas que havia feito hUlll


Antonio de Aseredo no sertão da Capitania do Es-
piritn Santo, com' alguns diamantes.q.ue~oslal)i..,.
darios da Gôrte havião'reconhoóido por' fiu-os. ç
vel'dadeiros; e expciJ1.liudo""'Se o' mesmo Sober.ano
ser .d~ Seü ReaP Agrado' que- se enlregasse viva-
llleute' aos objectos- dos' cl scolkimentos das nlÍ-'
nas·, cuja historia desde o seu'principi~'forfTlará
\

o esboço' clu seguinté <!:apitulú.

.'
DO RIO na!: 'UNEIl'.O.

CAPITULO II.

I Descobrimento' das-minas 'do B,'aziÍ até a, época 'de 1748:

,
Sendo .geral-a 'paixão dos-habitantes do Br3zil
~"Ulas l~iqnezas natu'raes ,qne se esperavão 'cnCOfl":'
'tnl1~
no'inttu'ior do }Jaiz" a exemplo dos, Hespa-
nhoes, ~petJ:étráráojasm~tas no;.morflento das trc-
{Jôas"\«dm 05 'Indigenas di'Versos aventureiros,
querendo' :Hchar no~os 'Potozis' nQoS deseptos das
Gupitàniás 'de IPorto Se~uro e ,Espirito Santa. O
·Gnvaltl1'wdól'''Geral buiz de Rrito efrcallregou a Se,;.
bastião -Pellnann:és Toni'lnho, o' <rescoherto -das
3p'etediüas minas, e .aqi:leRe 'a'poll'tatldo""<se ao Rio
. ·D;@ce, ~s'eguirrdo ,ell1er,úrrio de 0cste'hnn;1 palÍz iro-
'Ilil'6USl'>., 'IlIOl"tFes' me'Z€'S',sbcoessiv0s, eIflcontrou na'-
,qnélla-s.cOFl'eriãS' FOg:heaos cdstams~cl:os e luatl'izes
tde ~J!fhiras.· (!}s n1esmós Indigenas Uíe mostrání@
'tb~11a5' e-sG'àrpàdats:a@Il.de estavã@, ,. 'como 'cmara Va'-
da:" pedr~s do mais lindo 'azul' com oüro,; elIe
topou huma esmeralda e iluma 'Saphirn j'iei'feitas,
'Vio varias rochas de peHrll's verdes e de ontras'cô·
~l'es" b6n1~@s~0tisllaes, e ncHes embutidos ÍléClras
'"~tJid,€s .e aZ116s,de hllma rom1o-sura Ular vil'h6 a,
õ.
j
~
2.
180 ANN.A:ES'

e voltou á Bahia.com as amostras das suas desco·


bertas.
§ 2.
Depois delle emprehenden Antonio Dias AdornO' .
a mesma viagem; e de antigos manufI>critos cons'-
ta que aportando a Caravellas, topára saphi-
ras e esmeraldas e vari~s pedras mefallicas', e se
persuadira que ellas continhão prata ou ouro;
:ltravessou os terrenos de diversas povoações dos
Tnpins e Tupinainhás ao Norte, e voltou á Bahia·
a dar conta 'ao Governador Geral. Confirmárão
as Sllas relações os exames de Tourinbo, e se son-
be além disto que a Leste da montanha do cristal
havitio esmeraldas " e ao Oeste saphiras. As amos-
tras que apresentou farão remettidas a El-Rei D.
Sebastião.. Forão depois aqueDes trabalbosos exà-
mes proseguidos por, Diogo Martins Cão, por
antonornasia o matador de negro, e seguido 'por
Marcos de Azevedo Coutinho. Appa1'ecêrão lam-
bem durante o serviço daquelle 6óvcrnador Ge-
ral bellas amostras de minas de cobre ~ entre as
Serras da Ja.cobina, e seus trabalhos. forão até
agora- desprezados, sendo a mina de huma exten:-
são ,. e. riqueza prodigiosa.

§ 3.
Roberto Dias, descendente de Caramurú', des-
~brio naqnella mesma Serra da. JacGbina , huma.
..
DO RIO DE ;r ANEIRO.

riqni~sima mina de prata, e embarcando-se para


Madrid com as amostras", offereceu a El-Rei Fe-
lipve ml~ito maior quantidad,e de prata no Brazil,
do que de ferro produzião as Minas de Biscaia,.
exigindo em recompensa nada menos que o titulo
de Marquez das minas, que se!-1do-Ihç j,ustamente
denegada tão exlraordinaria mercê, morreu per-,
tinaz em não descobrir a alguem tão grandes the-
souro.s, ,e nesta fatal perda eq.volvcu até hoje o
lugar daquellas minas. Não se duvidando pela ri-
queza das amostras, a existenéia das minas da
prata no Brazil, ao . Gove~nador Geral Dom
Francisco- de Souza s~ fizerão ~s mais grandes
recorpmendações para asJazer buscar :_elle visitou
})o.1' isso pessoalmente mui densos bosques, ainda
que os seus tr~balhos farão sem algum 'proveito
a bem daqnelles descobrimentos. El-Rei Felippe -
o mandou á Capitania, de S. Vicente com os mais
exuberantes poderes, para' pôr em boa ordem 0,5 '
trab'alhos das min~s descol>erta~ 'p'or Affonço S~;­
dínhf,l em Paranaguá: e como logo fallecesse, a
Salvador Corrêa de Sá o segundo Governador do
Rio incumbio o mesmo Soberano, a continuação
das operações e ensaios mine~aes, e seus desco-
b.ettos': mas naquelle tempo os muitos negocios, e
a calâmidade do Reino o, distrahirão do afinco
com que anhelava promover as descobertas das,
riquezas naturaes.
§ 4.· o,

'Os'Procuràdores -Has Cartraras (to til, que r~~'


tão ao -Reino feHcit~r a ÉPRei Do J010 IV pela sua'
exaltação ao' Trono Lusitano, levárão div'érsas'
amóstras ,de minas, e lhB segurárão possuir' o
mesmo Soberano as mais ricas proUucçõe"s na'tu.!
raé~ do que aquellas qne os 'Hespanhóés éX}tarão
das Slh s'éolonias ; e Sáivador'Correa 'áe"S'i, áerô
daqnelle outro 'qüfnnccedelU a °E~tacio €le"S~ ,1.foi
nomeado AaÓlinistranor lias mitras de 'S. Pauló'
com huma iristtucção em forma de Reg-i.~entó
dado em ~Lisboa a ;~'7 de J,unho Cle i-6,+!~ (I') ·c'o~
.l v.... ~ t __ ..... .v .... ~ ....J....,.~

~I) Arbhivol(:Ja Camara,.ij~S:Paulé nHrj"dt)~R.~@~:;-[Ó


no 2° rito 1644'Pag. 65, d~elo li giroent'o 'I t:g'ui:nte ;'....,.
Eu moRei F'aço sa~.er a vós S(llv.a.der COFrêa. dtJ.'8~ .Be,!,
Davides, Fida1g(), da l\'~in~a Sasa-, Geopral, do E tadQ do
Brazil ,,' que por se me representar qu.e nas Ca pitanias de
- S: Paulo e S, Vicenle ha'úllnas de ouro, e prata, e Ol!tr~,~
metaes que beneii~~ando -poderifõ' s'e doe gilfnile 'IHilitt,~d'e
á Minha Real FazefllM 'e 'Va S~1110'5; enca'rreg'liei ~d ~eU1
Fcaoeiseo de 8Gu-za.,.t1ue'fn~do meu '(i;lbns.'élho.-, a fa\l:éTlgúa-
~it0 e.béotltlejo,d.dlas, >ell:l :q~ &ã'O"pÓ;derfú'Z'er f,ou:fl\dfc
cOlJsi~ler~çiÍQ., por suc.ceder ral~eer em ,bre:ve ,tem,pn~ r/e
depois o voss9 av.ô S\llvador CnCl'êa de Sá. E poroq.ue i?~105
ditos respeitos, e oulros d'o meu St<l'tiço. convem, múito
averiguar -se a certéza deJlas' : coúfianC1? Êle f6s pela mu(ia
<~xperien'cia qU'e·relii!les Ha~''Cousas da'ql(tJ1Ia's partes., ecpêl'rls
que eoncorl'nm na VGssa pessoa, verMd'c' e' z-elo q:U~ '~en'dt!
do meu serviço, que servireis nisso a Minha sati~fa~ão: Hei
DO RIO~ ~E' J~NEIft.O. 1'8'Zi
",
50o':fj)ooo I:-s-, da-, ordenado- ~ndo-lhe- conoedido.
pelo AlvÇl.IIá de 8 de.Jqllho~ dQ,rocsmo,jluuo., UQ-

por.bem de VJos-encartegar dh averiguap<T dll' dita minas'.


deixando em 'Mssa [ll'udenf>i';J'o mod'b que nist .dev.l'.is ter..
6\ diligencias q:ue havei.s' de filzel' para se conseguir o intent'O'

oom mais certeza e brevidade. Lembrando"V10Sl que nilOl


rrie'ha·~el'eis. porhl')cnos se'TV~do de1vós, em se' averiguar
se ha. a ditas m4n:aSt, ~e ql1e".siia de imp-Ol·tanoia q\Je, :tvc~
rigual'"sfl qua as não'ha, oom·tantulque pon des.cuido., ne-
gligenoia, e pou.oa inu"Ústria se; nãó dúxeode fazer tudo o
que oonvem .paraíbum8 e autr'a cousa; e para esLe effeito
I-tei pOli bem que ttmburs jUllisdicçá'o seguinte-:
J'...~IEsfure:i's; em t'Odoto tOoantellis.ditlls minas,. e diligen-
cia q~l8Js\)brelell'a'& bo~erei1;' dc fazell..- isen.to do GÔ'ver.·
nadol' gerall daql1ol1e Estado" dó Brtl:liil', o.qunl'niioepodellá
'vas
iIJ:fnt1'arl S'obr:e COU'SIl' àlgufiía; 6" par cs~e efTllito the
de-eegol'P'or' e'sfad~eu9'pdd'ere'6! plll'/i tâ'uas as cousas, e di-
ligedcii;1 que' urdoFlarcles'paró"ll\l'l!l'rguaçào e beneficio das
dilas l\lJinas. l.lereis jui'isdicçáO, e alçada SObF6.todos os
(;apilii~ da' dila apit~ia: d'é' 50' Paulo, S. Viconle, e
Elas· Forfal6IaS' , Cllma:ra-s ,')lJ~iças-', el'~IinistrO's dellas),
e das l\'}'jhll-6 ;' sdbre toda as pessoas natul'aes, mOFa'Jo-
res- e estantes neltas, as quiles;todas' paTa adito effêito
serúõ obrigados a cumprir ViasSUS' mandad'O's oomo seu
auperio!': o que, a ,'lIs"9,ssim conced(), con,fj'and<o· de ",ós
que u~arcis dest& poder, d'e' moneil'&' que fazend'o-se {)
que cun~em, e a bem das dita! diligencias e meu servi-
ço', miol' lia-j~ cousa6 de desaven9bS, oomo' espero dà
'Vosss'pl'ude-ncia ; 6'para· o .que V08 rô!' necessaria das mãjs
CapitaFlia.s do dilOl Estado; i\1alido ordenar ao Governa-
dor Qerall d'elle, e os mail> €apitães e Ministros de Jus-
tif.a e Fálcndafl dellas-, vos Q{}ud'ão com aquillo que lhe
184 . ANNAES
mear aS'péssoas qlle'bem quizesse empregadas nos
trabalhos 'das minas, e· seú entabdlamento; s~js

pedir'des, e fôr misle:r~;para ,bem do entabolanlento das.


·ditas l\linas, e boa administ~ação dellas,. E quando elles
vos não acudão, então pr(}tlfsta'rei~ c.ootra elles, e m.e
dareis_coõta. t.l "I
2.° Por quanto as rendas das ditas Capitanias e das ITIais
do Sul, de mais de estarem applicadas a.ó pag.amento das
- ordinarias , e 'Sustento dos presidias, tenho de novo man-
dado applicar os' s'obejo's· com:os mais effeitos'qu~ houver
aos soccorros de Anb'0ld , . por c.uja razão não he possi,.
vel valer-se delles para se começar nesta fabrica entabo~.
lam.cnto ~das ~1inas , espero de lOS e de vosso Tio Duarte
Corrêa Vasqueanes" que óisto vos ha de. ajuilll.r ~e succc~
der nas, vossas. ausenciqs por convir l\ssim no meeu -s.e·r-
viço, supprais com ~ vpsªa~fa.zencla , e elIe com a S,ua e
credito ..as des.pezas que nisto se fizel1em , Pl!ganuo-se, tl,!-
do o que assim despendef'eis dos re.ndimeutoll das' ~mes"
mas Minas. Além de que tenho .entendido que se meU,e-
res logo quantidade de' Indjos nest~ Fabrica, C,9I1),O e_m
todas lêem as ditas Capi,tanias. em que se ac'ha o;uro,
balendo nisto boa ordem, se poderá tirar com que se
I'I
sustente esta gcn'te, c.jJ,tOtamente ajuntar cabedal para I

~e irem buscando os mineraes e batas, de que se possa ti-


rar maior qúantia .para as ditas minas se entabularem, e
se porém as Fabricas _~m sua p.erfeição.
5.° Sendo-vos n~qessario para averiguação e bene-
ficio das ditas minqs ~aler·vos dos Indios que ha nas di~
tas Capitanias que estão domesticos , daI;cis c'ont;l ao Go-
yernador Geral ~ e seguir.eis nisto a Qrdem que elle. vos
der, a .quem man~o c~crever p~oceda nisso como eo-
l.,er,der, que mais cOQvelD ao meu servif,o, e melbor
DO RIO DE JANEmO. 18~

babitos de qualquer das' tr~s Ordens' Militares com


12';jj)000 rs. de tença; c 'ao descobridor de "nova!l,

e ~ais bom 'efl'eito do que se pretende', como lambem lhe'


mando encarrc~ar que vos dê toJa aj ~da. e fa vor que
cumprir para meihor fa;er a diligenoia que idc~.
4.° Porque ha no~icias pelo,s avisos que se tiverão de vos-
so' Avô, que de'mais das minas de S. Paulo ha outras ell':\
em que até agora 'se nãb"h'Olio, -nem líaV'iif <1útr6 que li·
v.esse noticia dellas senão elle : Hei por bem, que depois
de teres averi~uad'o a certeza dellas ,e achando-se e seno
do' de importancia , mandareis 'por esse' respeito fazer aos
que vos acompanharem na empreza, ~s inercês que me·
l:ecerem.
5.° Hei por bem que para melhor em~,ito de~tas dili.
gencias, vá em vossa companhia, , que em
hum Letl'ado
quanto cllas du~arem sirva de Ouvidor, assim para escre.
ler COIDVOSOO por EUa mão Iodas as cousas necessarias
e que lhe ordenal'CS para bem das ditas diligencias , OO~O
para fazer as execu9óes que lhe mandareis nas ditas Ca-
p.i,la~ia8' sucoederclD e' se tratarem entre as pessoa que
andarem ncllas nas diligencias que lhe ordenareis, para
o que nomeareis huma pessoa" de satisfaçiio que' sirva
com elle de Escrivão', a quem por virtu'de deste Regi:-
menlo passareis carta; e lhe dareis jurlllD'ento para havei'
de servir o dito OJIicio em ~uanto durarem as dilas dili-
gencias.
(;.0 Achan~o'se as dilas ~:linas t assim bumas como ou ..·
Iras, ou 'qualquer 'dellas'lambem notada a sua bondade,
e cerleza com informaçõcs qU,e pàra iss~ tomareis de pes-
soas de mais' pratica, expel'ienoia, averiguareis lambem
,Gom as mesmas inf<lfmaçóes o que'convem, e he neéessa·
llio' que se faça para a sua ad~inistra9ão avisllndo:me ~e,
'fQMO II. 24
1 86r ANN'!:ES
minaS" o·.roro deFidalgo,- C"tença de 5o';jf;ooo rs. ;
e-em cincoerita pessoas o fô-rÜ'dc Ca'V.aHeiro Fidalgo,

t.odo o mais part.icular amiildamenle , para mandar orde-


nar o que houver por muis meu serviço. E em quanto oão
fÔI' ordem minha em contraria correreis com a adminis-
tração das- ditaM minas, procurando com todo o cuidado
que se não desencaminhe o qU'e pertence a Real Fazen'da.
'}_o Para que se c'Onsigão os- efi'eitos das dita'8 minas; Hei,
pOl' b'cm que qualquer pessoa que esliv.el' coodémnada
~m segredo para al~uma parte possa ir servir nas ditas
minas, com declaração que a taes pessoas degradadas.
não sel'áõ doe galés, nem dellas se poderlÍô lirar nenhumaõ"
ainda que seja Official ; e com certidão vossa e de quem
vos sl:1CCedell no vosso dito ,oargo de como as taés pessoas
s.ervirão nas ditus minas o tempo que tinlJiio de degredt>
lhe serú levado t:m conta, e lhe maudareis passar AI·
"Yará em forma.
8.· Hei por bem que acontecend,o mcrrcrdes vbs, que o
dilo vos'so Tio Duarte Corrêa, .cstando servindo o dilo
ca.rgo., poderá qualquer de vbs que servir noniear ( em
.q.uanto eu não prouver). a pessoa que parecer, fiando de
cada hum de vbs qu'e será a de que ti,ver' maio~ satisfação,
c servir até Eu'mandar prouver, por não pã.rar a. Ibjnas ,
nem se perder o que ja estiver obrado.
9.° Hei outro sim por bem, que vós ou o vosso Tio
Duarte Corrêa , em quanto vós ou elle servir o dit.o cargo
hajão de ordenado em cada hum anno 500~ooo rs. , e
500.'tf>poo rs, de ,mercê ordi.naria para se partirem pelas
pessoas que andarelI~ .nas Fabricas das minas, e tudo será
pago do rendimento dellas. \
10.' Haverá tambem h.um Provedor das ditas minas,.
q.ue terá de.orueonda em uada.hum aQno quatro cruludos"
DO RIO DE JANEIM. I .i
.e cm Ol.lt1'()5' tantos os de M'Oço da <Gamara , .gend~
.aquelles todos habitantes das, Capitanias S. Pa\rlo
. e S~ Vicente, os. quaes serião-ohriga-dos a nlandai~

e hum Thesoureiro com lrezentos ditos cada anuo de Oll.


denodo, que ambos seráõ pagos, de 50o:t1J'Ooo r's. que pelo
'Capitulo antecedente vos mando dar de mtlfcê orcH:naria
cada anno p'ara reparth'des ,-ou o dito Duarte OO1'l:êa p~
las pessoas que Bas díta·s Minas nntlaretn.
,1 1. 0 Ile.i por vetn outro sim, que har." l1às 'ditas minas
os Offieiaes seguintes :·dous -mineiros de o,uro , qBe baTerá
cada anno se-is ceRtos cruz8,ios de ordenado 'cada hum ,;
hum 'mineiro de ouro de betas com outros seis 'Cestos
cruzados; hum ensaiador com -seis.ceutos cruzado': hum
-mine}ro de esmeruldils com seis ce·nt'Ü8 cru%ados ; hum
mineira de s-alitl1e com quírl'hentas oruz8cl JS; dous miucil'Os
_ de ferro que baveFil~ ambos quatro eeuro.s cruzados: tudo
do reocUmonta' das dita... minas, c:om a de'C1aração que nã.o
"Venceráõ nada dos ditos C1rdenados senúo de ouro de- bel S'".
e não de Ia-vagem.
12. 0 E p'Orque' no 'Alrora que mand"j 'passar em 15 de
Agosto d'e I J605 , l'Iouve pO'r'ljem por fazer grall3, e mercê
aos lOeus vassaUos, e POl' outro's l'(,"Spcitos da 'meu seI1v·i.çll
,de largai' as ulÍ'n:n, qne nas partC'S do Brazil estaviio des-
cobertas de ouro·e pt'ata ar}s descobridores dellas, para
'que 'faeilUJente se pod~sem bendicior e aproveitar a s'rra
'custa e rlespeza, pagando a ulinha fazenda o quinto somelil'e
de lodo o ouro e prato, que as ditas miEl'a-s se lira, S'6',
salvo de tbdes o oustus, iJepois dos ,dil{)s metaes sel'cljI
:flJ[lrlitlos e apuÍ'al!I)S , e d'esl'a fenna 'e mode sé ha.verit de
'guardar no descobrimento. reparliçã-o e ludo o mai'IPt'tfcante
ás ditas Minas: Hei por-bem que o dito di,SlH)sto no AI.
)'·ard c declarada neUll, Sé'cuJDprn Ínteiramcnt comó'Dlll!e
24*·
ANr-AES

confirmar.as mercês que lhe f~ssem assim cQnfe-


'rMas pelos' ·ditos A.dministradores, no Reino, veri-

se contém, o qual se vos dará com este reforUlado_l::'assig-


nado por mim.
I:;.· E po-rque os dilOS mCllS vassallos, e principalmente
'05 moradores uas ditcts Capitallias, e up.scnbl'idores da:s
Ilfiors, e mais pesssoas que nellas trabolhllrem fiquem aia.
da com maiores a,·anços II uli'liuaues : Hei p(lr bem, que
nu lugar em que mais acommodado vos purece'r , façais
<&ua de moeda, em que as pessoas que tiverem ouro ,-e
quizercin fondir em mrjeda '0 possa fazer.; as qnaes rooe.
_ das serâ6 da mesma mane-ira que neste ll'eino se fazem de
,5:tj)5!Jo , c (le 5:tJ:>í5o, e na .fabrica d1s -dita moedas e 01'-
recadação dos avanços qlo1e resultarem a l\linba Reul Fa.
-.zentla , e boa administração ue tu,lo') se proc.etler'{j na for-
ma das oru·e'ns que -tenho dallo na casa u~ m?eda desta
Ci-daue I que com os cunbos das·ditas moedas se vos 1\a de
eotrega'!'; e o que procerler desse. cunho para a minha Fa-
zenua, como fica I'cferido, se ha ue carregar em liv.ro se·
parado, e com distiocÇãO de outro reodiJ.neoto das Minas.
14.• ° E ·ta instr.ucção ue -Regi mento {Ida m:~neira qlt&
-nelle se contem cumpril'eis: ·E mande ao Governador Gera"
do dito Estauo do Brazil, ·e ·a todos os ditos Capitães.
J·uSliças, ~Hoistros, e'Üfficiaes uas·ditas Capitanias, a quem
'pertence , que as~im '0 c~llnpnio , fação cm ll,ldo com.pr.lr
sem duvida nem embargo algULr:I, e sem embargo das seus
reql,leri~enlos, e de quae~quer out-ras P.rovi~ões e Instruc-
çóes ·que em cootrario hai.io 'porque as im o hei por meu
ler-viço, e este Alvani como Carta, e não passará pela
Cihanccllaria sem em'bargo ria Oru. do Liv~'o ~? ,Titulo 59
e 40 que dis.põe o contra1'Ío, e S'e registará nos Livros da~
Cam araS das dita3 Ca.pitan!as, e dos Feitor.es e &.lmoxa·
, \

DO RIO DE JANEIRO.

·ficando que servirão pelo menos h'e!! annos no


-'
-cntabolamen to das minas, 1150 sendo os tacs ma-

- rifes dellas, para a todos ser notorio. ~aEcoal de, Azevedo


o-ff'z em I~isboa a 7 de Junho de 16H, C eu o Secretario
AITo-nsQ de Barros Caminha o fc.z· es,ere.veJ'. - Re.i. - O-
l\larquez de I\'I0nta'\vüO-.
A'l vaFlI dasmerc'ês 'Ft~gistaao no Aréhivo ile ·S. 'Paulo :0.
'2, titulo '1'642 ,pag. 56.. .
.Eu :ELRei Faço saber aos que este ~leu Alvar!r vicem
'que sendo Eu informado que convem muito ao meu ser-
.viço, c bcneficio .da minha Fazenda, cooqubtarem·se
e administrarem· se as minas de ouro e p.rata, e ourros
metaes descobertos e por deEcobrir ·nos, desfructns 9a·S
,Capitani,as. de S.. Paulo '. e S. Vicente da pa'rte do Bl'azi.1 ;
.Hou.ve po.r bom, ,de mandar a Salvlld-or Corrêa, de Sá c
.Bcna,vides, Fidalgo da !\linha Casa., e ·Geuerr.\ da Frota
.do dito Estado, e cm sua auseocia a seu Tio Dua~te, Cor-
.rêa Va-squeanes, para .admi-ni trado.res· dílS ditas Ifl:inas: e
_para que se consigiio os bens efft:Íto_s que neste negocio se
.p.retende: B ei :por bem- de Jaze! mercê ao dito Salvador
.Corrêa ~e Sá e.Bena.vides., e Dual:te COl'I'êa Vasqucancs_.
~que po~são 'Bornear nas .pessoas que lhe parecei', quc.trll-
halha-rem n~s ditas mina!>, e melhor obrarem no descobri·
.mento dcllas,.e seu ,enta'bo\amenlo ,·seis hahitos das trc-s
Ordens .·I\'lilitares., dons de c~d;.\ bum., com q:t/:Jooo rs •
..de tenç,a cada,bum, assentados em as ditas mina·s; e os que
.mai~lnislo fizerem, -nomeará aoS das Ordens de Christo; e
'havendo duas pessoas que scjão.causa de que.apID a sua in •
..dustria,tl'(lbalho,-e despeza de fazenda se Gonsiga o ef1'cito
·das dilas mina~, nomeará (j·m huma o foro de Moço.Fidalgt)
·da !\linha' Casa, e oa oulra o habito da Ordem ele ChrislD
'com Go.:t/)ooo 1'5. de tef!~a nas ditis minas; .ciílcoel'l.la Jorn.8
'lgo 'A:l(NEEt(
. .
culados :por defeito de geraç,ão que careoesse de' ..
pensa de -Sua Santidade. Mandav.a oh ervar o 'e-
gimento feito em Valhodolid de 15 de Ago to de
'1603" em o qual lhe facult.ava a eleição de hum
letrado para administrar j ustiÇil aos povos bem
como crear os offieios mineiros, e fundidores ,para
.fl1nf~iç~o. O Govern,ador Vasq~le.anes nOQ.1eou ao
Administrador da j urisdicção ecclesiastica Anl(mio

-de Moçlls da Camadl, e outros ttlntos de Cavalheiros Fi-


~algos, sendv porém os mesmos mOl'adores- lias ditas Oa-
lpilllóia~ de S. Pau~o 'e S. Vicenle, para que com- esta's
'ro rDês se fll-oilitelu e animem aos d'escuhrimentos das d'i-
;tas minos, entaholamento dellns, c para'que vos ajude_LO
,Disto: oom deolaraçiio que mandaráó tirar confirll1uçã'G
1l\1ilt'ha da~ ditas mercês, -8 quem não haveráó -effeito sem
'pl'Illleit'o as ditas minas estarem desco'herlas e en-taboladns
eUI tal maneira, que mande para min{u Fazenéla li'Vre lte

,todos a.s cus'tos de ouro de mineracs, e betas , e não de la-


v·agem, qua,tro centos mH crul.ndos. 'E 'as laes pessoas que
se assim nomearem para as ait'lls minas-teràó ervido pelo
.menos t.res anno_ cumpridos nos negocios das minas,-e
nãu teráó défeito t1e'geraçãQ rara que seja necessario dis-
tpensação de Sua 8unlidilde pelo que toca aos habitas. E
')/Ura minha lembrança e sua guarda lhe manrrei rlar esse
Alvará. que a seu tempo se cumprirá como nelle se
Ctlnlém , e va'leJa comu Cal'ta, e não pllssaTa pela ChaA-
ódlaria lIelD empal'go da Orllcoaç50 que o c'O~II'ario r1i;;-
lpõe do J;i vro 2!', Tilulo 59, -e 40. Bortholomeo de \ira ujo
a ftz em Lisboa a 8 de :Junho de 16H. e.eu o 8ecrc-
'ta·rio ~ffollso de Barros Oaminha 'a fez cscrevert-Rci.....
P ·M.al'quezue ~loqtaIYiiQ.
DO RIO DE' J'XNEIR(i). J gIl ,

Mariz Loureiro-pela occasião em que se achaTa em


S~ Paulo o Administradoli interino: das minas, e
creat ali a casa da fundição de m@éda; nO'ttí're'QUI
igualmente para Provedor das minas ao Sallgentll
Mór Francisco Garce~ Barreto, a qnem, o_Rei fi-
zera mercê daquelle Officio para o seu filho, ou
filha : igualmente nomeou para Thesoureiro a
Bartholomeo Fernandes, dando para seu Escri ão
Francisco Barboza em _~ de Abril de' 1645 (1).

§ 5.
Aos moradores de S. Paulo mandou o meSIllo
Rei' por Carta R~g.ia de 8 dé' Junho do mesmo
anno communica'r a escolha que fizera dos Admi-
nistradores das mi -as, Í"écomm~tiâhndo-lhes qné
lhes prestass-ero toda ajuda' e favor que esperava
de tão leaes Vassll11os. Ignorava-se n'aquélle tem-
110' a' atte doS' fi'abálnos das ~inas', a Chim,ica, e
M:etallt.irg'i qu~ 'lhe servem d~ apoio, e escláreci-
roemo: d &scobertos que appar'ecião forã,o effei:'
tos da' casu~lidade e: coragem dos habitantes, pe-
netJ:ian'd'O o-interior de paizes inc,hItos, habibdos
de povos bravos e barbaróS. Ainda <í:*e as'penções
conferidas aos MirÍéirós' não p'odiã~ ~ont'entar, e
satisfazer 'O trabalho de' bõi:Pens sabias naqpelle
gcneró de s ,rviçd , cóm tu~o as ~eréés d,e I10rira
..
(I) , Arch. da' Camara' do' S'o {lnulo Livro' dé' ncgist6.
il~ 164~ ,tI. &9.
192 ANNARS
as estimulava emprehenderem e executarem, os.
projectes os mais sensatos que' ael\lelws descobri-
mentos exigião, pOl~ ql.!anto s'em o moveI do inte-
resse os homens'não seguem pela rec~a razão a €S-
traua da, 1:).on~·a e do, dever., ,
, ,
I
. ~
tj 6'•.

Como se mandasse naqnelle m~sIÍlo tefbpu éreal"


DQ Rio d,e Janeiro o Cunho da Moeda Pro,vincial,

() Governador Geral A~toni'o Telles nomeou ao.


Capitão Diogo Lopes de varia por Commissario.
della; assiw naquella Cidade eomo nas mais Pro-
- ,'i9cia~ e ,Capit~nias do Sul. SalvadQr Corr.êa de
..
.S~ ,Ad.p;lin~stra..dm· çlas mina,s Co.i·ch;;lmé,ld.e para
a gloriosa I'estanração do Rejno de Angola, e par-
tindo do R\o de Janeiro ,. em. t 2 de Maio de 16!~8
com, huma pequena Armada, indo por Genera\
'dcUa no dia 24 de Agosto do mesmo anno , arran",
.COlJ do 'poder victorjosô dos ':Bata~o_s tão' famos;;\
conquista que naquelle mesm.o dia e anuo de 16~ 1
,se,havia rendido e tomado pçla ,sorte de suas ~r~
mas, deixando á posterid.ade huma, memoria tão
completamente honrosa._Durante a S,~la ausencif.\
puarte Corrê~. Vasq\leane~~ serv41do de Adminis~
trador geral das rnin:,!s mandou para S. Paulo ao
Capitão, Jo.ão 1\n~onio Corrêa" çom o, caracter e
jmisdicção de Administrador das miaas , e Pro"!
vedor d~ Casa da Moed~ e Fundição dos QiIint9s,
e ~qmeou Capitão' da Capitania' de S. Faulo, a ~~.,
])0 !IO DE .JANEIRO. 19:;
tODio Ribeiro de Moraes (1), pelo qual mandou
publicar o Regimento das minas ·dado 'a Salvador
Corrêa de Sá.
S 7,

·Guiado pelo enthusiasmo de adqui~ir ~om np-


me e honra, cm hum serviço tanto da Real Com-
placencia, Marcos de Al..evedo Cotitinho, pene-
trando os mais densos bosqncs, exposto a todos
os perigos, descobrio ti sua'custa a serra das es.me.
raldas , da qual extrahio muitas amostras que ro-
rão enviadas a Lisboa, e apresentadas por elle a
Et-Rei Felipp~, o qual lhe fez a mercê do habito
d~~ Christo (então distinctivó de grandes set\ri-
ços ) com 40;jj)000 rs. de tença no Almoxarifado
do Brazil (2). Determinou-lhe que tornasse áquef-
las minas, promcttendo-Ihe cm seu :{teal Nó.he
muifas mercês, huma vez que tivessem principio
a cultura, trabalhp , e direcção dos serviços ~i­
neraes. o.s Jesuítas no anno de 1634 conseguirão
.
licenca doGovernador Geral, D. Luiz , de Oliv~ra,
para irem ter áql1ellas mínas ; porém não as po.
dé'rão encontrar, e apenas topárão a flor da terra

(I J Arcbivo de S. Paulo, Livro de Regillto D. 2 , Tit.


IG4~ , pago 56.
(~) Va~concellos, nns nolas curiosas e necessarias das
eousas do Brazíl , e (;arta de El·Rei d Duarte Corrêll Vas-
4jllcanes.
TOMO U.
~'f)~ ÂNN n·s·
álgtÚnns ~smerrlldtlS í'egu~[mada'g. Bm hdm. 1m&-
,mo 'i~l effereoidb n aq~Iell:e {onarcha nO' atino de.
16-+4, se relatava de que ha mais de trinta annos,
Antonio de Azeredo ".~scobrira no Sertão .da Ca-
pitania do Espirito Sa~to 'huma grande Serra d~
~mefaJ.dae-oe di'à m antes , os quacs examinados pe.
las J.&~;darios de Li~b'Oa, ,se j ulgál'ão ser as pedras
examinadas vel1d.adeii;as esmeraldas e..diamantes ;
e. sen40 ouvido sobre este aSSUQlpto o General da
Fro.tp , Salvador CQrrêa de ~5, estando .aindã'em
Irishou, f9io seu pa)'ecel: de se mandar cO,nctuÍr
os vef€:ridos e-X:;l~11eS~pelo Padre 19naC'io de ·"equel-
ri! ,'fle'!\'aaaO c.omsig.o,al.g.lJu~)Hhos daCJ: cne, Azei:'e·
c
,do" d,Or que r~s1U1tot;t. mandar TIl-Rei crév,Gr âo
Governador Francisco. d,e Squto lVIa,iôr à Cãrt~ Re.
,.g~.4c ~ d~ Dezembro, de I 64k, encotil[n<:na~D~O~
,lhe a.5 deseob.r,.io;1entps das esmeraldàs fei'tas pOI'
.aquelle, Azer.edo. Com a .retirad,a do.. GovernHdoi·
pa~a o :ReioQde Angola, pôz em execução as neaes
Ordens sobre aquelle desGobrimento" o Govêrnà:'
dor !leth sllccessÓr Daarte. Conêa Vasqueanes , O-
q~l p ap.tic ip'Hll.do ,aE.l Rei dOiIt}e estava dis{lõndo
~. jornada C'O.l)l. es ,Jilhos do mencionado' Azeved'<f~
Q, mesmo Soberano lhe agradeceu.na Carta Regia

.q~le l1~e.exp~dio em 1-2 de ,Dezembro de >6tl \.

§·s.
D.epoi . o. ID€5mO Mouarc~ l.lle dii'jgjp Qlítl'P
Carta .Regia datadc aos 19 de Janeiro çJ.Ç}. J 64.0"
...... DO 1\.10· DE UNElRO. r~
'"pm'tioipun;do haV&r"""es-criptô' ao,Pravineiahla Cd~h
:j:láilhià de J'esus , p3it' d~~:-es I11Iitnos J:l:acessa'l'ios,~
'e~ao Pr@vedm~ da Bazenda Rrea~ para gn-p;pxirf até,
''dotllS mil; Cfllza-<ittlS'·ós ,gastos' «iI:a" j{i)lnad'a. A~tlene~,'
.A'le]'ef1@.g, A11té'Pí1.<;), , "e.~Ih\)mi:rig~s\, escDev~t;i0. enr;
tãb a El"-]Qü em r6' de- Alhtil: d~: 1 ID46'~ I'l.la·mfust.an---
·dá' o ard!0.F' d~l'S~tI' zelOl.pfd:O Reat seuvilp.o.\" 6 quo
'p0r tíctnCO;. q,lteÍfuSl d~sg@br.imenllosr.1lire perrei'iciãor' .
"c0ih~ 'filllfiol; cJf::f Mal!C~'S \de- Azem~dé:,1
, , e'q-.ue <ile.h0~\
'gI'adb, se lH'êB [{.v.m adlal};e-l~ frs na.'clts·ta : 'ishHhes,'
{fuii á§ra,d.eai(Io pela -(!;a,ufa R€gi'<:c ~~ de Màrçp. dé~ ,
)t647.'A! h(nql'a-~é l'e~eb~ini(i) aa~JtÊfspnsta â.eiseú
;-Sobel~a-nor(i)S fi~ilêl@f'par.tlk" S~rtl dem(ira~ I~Vlâilii.~i
'em 'suát cómp1uihi:a~intai lt s~t~' lromens b alll~
~oS· " e" cento- é' 'C\:J..le(;jeuta .Jirdms e: 'Vinte' ei eirrco,'
t:anôas (í l'.

'TQcJ,1r~o, a RegJa"sensi~ilida~e as éXpl'ess.Ões s-iil:~


·cer.as. <laquelles 'pomipgQs' e Ap~onio de AZ~l:edó '
C.oll~iqhp" em agradcchp<1nlo da. mercê, e honra
'~\\e !he~.fizera 'para St~cç\3derem'a seu. pai. Marcc:?~. ' ,
~de Azeredo , no descobrimento dá Serra das esmc- .
raldas, dizendo ao seq PriQ.cipe Soberano, de <in~
executárão fielmente,as suas ltea'es Ordens, é'om
, "
(I) ArclllVo·da Cámara de S. Pilulô_, tino dê Regi'stó
dO' anno de '156-5', -pagi~ll 12' ,'se.bre'·o'histo'd-a- do (ksoO':.
br1filelÍt.óJ'das~.lDiD,as..: •
'4~6 ANN.A:ES

'Ó limita~o empenho dos seus bens ,gr.a~dioso- '


sómente na ,'ontade com que o di'spendêrão em
t;io. hON,orifico serv~ço , renovada a memoria pelo
(~oriheçimento pesso'aI de- tercm acompanhado a
seu Pai naquelles ,descobertos que já 'o tempo p'a-
l'ecia querer extinguir; e partirão no mesmo d4'\ ,
em que assignárão a Carla para Sua Mageslade,
Je.vando em sua companhia alguns moradores, de
CJ\Je cnviavão a list-a para sel:em hom:ados' pf'la ge-
nerosidade Real, e que não·demoravãe a sua par..,
tida, não. obsta-nte I!.ão terem .chegado do Reino,
num só. Mineiro fundidor e ·lapidario que eIle&
/h~vião soIliéitado e pedido, por não passarem a
monção que tal jJrnada exigia;' que,em fim par-
~ião com o animo. cheio. de esperanç!ls, de que,.
liendo favorecidos da ventura que a.ssis,tia a toclas.
as Reaes Accões , descobrissem hum thesouro de
: ~ l' •

graIide augmento de riquezas pat:a- o Estado ,. e--


pàra elIes tanlo m~is glorioso p~Ia honra de s~r­
"ir :a sua Magestade , mas antes' que pelas pro-
th'cssas
,J"
com qu~ a' Real generosidade os felicilára~
...... '

~queIla Carta foi' escripta na Villa da Victoi'ia da


Capitania do E~pirno Santo, a 16 de Maio dt.t
~646.
§ 10.

, .'Não forão fe'liies ,os resultados daquella jorna-',


~~,' pelo resent,mento daquelles ilhls~res .servido-
res , por se ter mandado pela Resolução da Coo~'

/
DO llIO nt JA.NEIllO. j 97
mlta do' Conselho' Ultramàrino de 16 de Noycín'·
aro de 1644, incumbir o proseguimento daque1le:
descoberto aos Jesuitas (t) 1 tendo aquelles Já:'
-----~-----_ _----------
.......
(I) €onsult'a do Cllnselho'.~ S'cnhor. Foi Vossa' Mages'"
tade servid-o manda r remeller a este Conselho hum me'·'
morial para que se visse e se consultasse logo e Ibg.o , no"
qual se diz a Vossa l\Jagestll'de qU'e hayilí'o mais de trinta"
annos qu'e Iruro Antonio de Azeredo descohri'o no Sertfu'
la Capitania d'o Espi'ri'lo Santo huma grand'e Serra das (JS--
meraldas, e tambeÚJ alguns diamantes que forão trazidas'
• esta Côrte, e reconhecidas pelos lapidarios por verd.. ~
deiras e finas esmeraldas, e se lhe acbavão o defeito de'
.erem algum tllnt'o escuras e requeimadas, por estarem a'
flor da terra, segurando que as mais inferiores da Serra',.
que «:nWo se não tirllrill.O por não ha'Yerem instrumentos,·'
terião perfdt~ss;ID'as. Que são certas estas noticias da Serra'
das esmeraldas, pois que no 80no' de 1654 pedirão os Ps.'
dres da Coinpannia ao C:;overnador· Diogo Loiz' de Oli-
veira, que, em Nome deVossa M'agestade, lhe desse licen~a'
para á sua cu.la irem descobcir a dila Serra', entendendo'
que com o que dilquella vez·tirassem, ficarião desendivi..;,:
chdas de mais d1l cento e cincoenta mi1'cruzados., em que'
nnquelle·t'empo estav'3 cmpcniladb a Provincia. Forão com'
efl'cito os ·Padres, e não achárão a Serra por filha de guia,'
que lhe adoeceu no caminho, ou porque Dcos'tinba gllar-'
dado esta mina para o tempo de Vosssa l\tagestade, co'-
mo outras muilas riquezas' que nas Serras eJ3qllelle Sertlu·
be certo-estão escondidas', e por negllgenda dos' Portu---
gueze8 se' não logrão. Se Vossa Magestade fôr servido rc-
'.oIver e~te descobrimento·, niogucm o' poderia faler'
com mais facilidade e con-veniencia que' os ditos Padres- da'
Companhia, assim porque se ba d.ru-er.e'sta jornada com'
198: 'ANNUS

dado a cntraaa db eiJ.es.eobrin1elilto, o.fiel:<~oehd(NlIt


w sega,i-lo também á sqa cl1s,ta. se.us ~lp..os :Eran·:.
l. .." .~'!.. .; ~•.•, ; ' " ) if
o.)! "Judios dll_~ suas A...ldias. q.lLldh..e 'são !;D ui oh_cdientes-:f:.Qo-
mo pm'que aa Nagões dos, Ba,rbaros., q~le. vivoW pdo S,m'-
'ljio tê.~m grande copcejt.o e confiança daJlc"-t. d~ixíl-utio;oa
pa,ssa~ de lla~ Ilor qualqu;e.r narte.;, o. €Lu e, uá.u C01l8I!ntl:lID a..
'-Qutl'el,n ;' e iudo"'se de outm maneira., seçí.a fa'ZC~ lw'tIla cpo,:
quis~a, o que-não se' i~Qede aom isto manda 'Vossa.-i\1ages-,
talkp.~sso~oup.essoasqpefôr ervirlo.Para.breviQa~eda eKe~ .
CUÇão.dH.e;-se mandllr a,s ordens nestes n,avios q.t1e cs.tàQ.
pal'a"pllrLir ao Governador. doJ~io de Janeír.o.J, ao ·Pl'o\jia;-..
cjal QU, neitêll' d-a.q+Ill)J.e. G;ol~cg~,o, q~l~ se PQss50 .preyeni~
a,s .qÇl·u.sps. necessalli,as,,: p,c)1} -deIlende.p:ci.a. q.ljt\ tem.," j.Q-r-,.
q,a,da:'" aSp,Í1D das mon.9õe~ d,(l ÇOHa,. cO/1)O. da~, GQP.hentest
de ~lQ I),Ql:16~ .p,elp ql,ljI\'sp faz ·a. ma:i,or..Flllile d1J ~jlU}il·'
D;ho.; e qpe njio seqJ.anMIl,doi ;8s erdcnll pí\~a, ~ll e~Gij ...
1nr. alé Jl1n~1O pro~1DQ"s,e'h~ d'e e p':~r~lIpar~ dah~\:a'huin\
aQllo>E q'ue .05 gMt'Ps ..cpm(que da oulra,se fe;z .e}la,jollOJl~.
'~íl uª~ chegã.o. a dº,u,s lSlit cfl}i;a~los. E. qllllQ~o V~SAI
}\1{lgeslllde, os nãQ .'guojra, gas.l'llr dl} sua fa~en,~a ~ não fql-.
:iar,ú:õ, VasS'~llQs 00 'Rio ,de Jàpeir.o qqe os fa,çal cQID< pro-, -
.m!3ssa, d~ q,uc V.pssa ffbgeSI.adlj far~'H.ar~icul1\r; c,ollsi.d\l-•
.gão á, esl~ .S~I·V.jÇ!l elY~ seus despachos., .Para .es~ll:cqps.ef/19,·
c.om, ,,?uí's nptici~ pçlCter fO,rQ'lll-!'" juizo sobre, 11 'materiíli
dq que;: tnrta o papel refllri~o" orde..np.ll ,aI> Ql!Qc1(1I1 d~
:Eroll,"Salvador Coq:êa de Sá. info"1m(lssc. 001'11. o, seu .p,are~
c..Cf" , "pel~ muita,eJÇ{lericnpia que t~m 'daqlle~las,p.a:'ltll~,. e
sati:lfe~, diz~nd,~,,(flle o q\l~ ~a!;Je das dilps lJJilln~hl\'q~~
tu~,o 'ijJ.lãuto n~ d~l{) ~\l!JlOl'iill se !,el(l.t~ foi assim". ap.lles,;
cen.1a,ndp que o Pc\ldl'li J&?-q~io d.e S:,el'fI\,\eiril" .Reljgiolio ~
'-COJl1.pa.nhjat qqe. fo,i.,a ;osta,missão, .Ihe de,u ,rl!lação. p,elCl .
fi} i~dq:ideJla-s<, ~ ql!~~CJI~I'j: M !AaiS, cQ!1.sa'sJ ·q~ll. ,llu:., ,(iji 5!L;
J ' . .... •

~ ',.,' ., '.. '. , , , .: ,


DO RIQ D.f; il ANEllW. : J 199
•~istl6. ele' A,1=er6dd , e DiQgo fie A·zeFedo· Sam p:üo ,
.. ~QbrjQh()s dopl'imeiro:p'escDQl;'ip~rf 1arcos de l\Ze..
• '" : .... o- • t "l"~.;. r '-r

foi O haver achado U& I;astQs d~, muito Genlip '. e que os
·qne ião 'com elle COql r~éeio lhe requerêrão se to;nass-e ,
:c,oufo feí; lJavendo por~lb caváâo e'Ln h'um 'oulei~-o;tf~n­
'fIe dc:háí:3 a'lgulnas' pe'tlras.a' fl.-o'r dg te'l'ra , e ô-ci c'e'afro 'nã'o
'~~ àc~'I'lu nada. E qíle lhe parece que quéren(!'o' oS'P1ú.lrell
·da Carn:p'lIrrhiq, em Piª-rlic~lal' o dito Padre J,levll,Qdo etn
6;ua c'ampa·nhia o ·F-arlre Fra~cisco de i\:lo'raes, grande Ser~
.tll'oej.o, com hum ~lho de Antonio de Azered,o J d?~ qn,e
eslão 110 R~o de Janeiro, que tem nOlicia desle descoh.ri.-
i{lento, ou pessoas' de. ~'uá' obrigação que a' qui~erem' fa~
2er á ma 'êu'sl'a J ~e llC' d'cVc d'ar o (;ent,jô das Aldêas "qlll'a
'h.o'uver m~~ er, e juris f1eçã:a para lé-Var oincoenta hOql~n&
1>'ra-ncos ; e-qu-e d-esoob1'ind,o-se a Scrra, se lhe, fará a.mer-,
.!f,ê,q~c ,V.ossa l\lal!estqde fdr servido J p,olldo pqr çO.!lsi~e,­
,r;a:9ão que 040 l)l'aráõ'G-cnlios SIlQ'l ordem 40s Padre~ que
fQ}lm~igo, le-vqrem ; e q,ue e~ t1l40 que se 9.fferecer na jor.-
,ojk!a, lomarÍlõ ~j)l\ parecer, e,em-Ilarticula,r q:-o po~'~r'p
do'!' gyel'ra ,!O G.enqo ,. salvo ,se ('ôr.. ~m s.ua ,ue.fe23 , que
constará. por cenicJüo ,dps P~tlres; e que is lo , p que \h~
.pa.~.ep'e, Ire que n Fazenda rleVossa (\lagestAde niio es~~ eql.
'estudo de fazer despe~l;; 'f l~a9 qf1e sem ellas se pôde faz.e/.'
o.g.escobrÍlnenlo , cpiio.anisça Vossa l\lagestarle na~a, ',e
p:Q,4!l S\lQccPeI} que seja de !\ygl~ento pAra c til Jlei\10 , .~
dep,ois ue cO!Jb.f.Qitlo se potJerd l11eller captlual. E que d~~ ,
IUi-\S .distp li S*l.U 'oargQ, delle Siill'adol' Gorrêa, eJlà mandllr
r~let:l.di,ligcncia sobre..,toda a no~icia ,llue ~iver das miflaS,.
lt\n todª a I'epal'tiç~p que. ~iver do Sul J cómo Vossa l\la l'
,8~sla4elh,e ~elp pncarreglldo, ,e d terminava faze-lo nas' re..
f~ridas' pelo lT)odo que 51; apf)n~a. P~l'ece a c?te Conselho
que. est~ negocio se de.ve recoJl)meQutl'r a.Salva.dpr Corrôjl ••
.200 ANNAl5

rédo Coutinho, tendo por Capitão da vanguarda


á sua custa; e sendo fallecido o primeiro, se of-
fereceu o segundo Diogo de A~eredo Sampaio
com hl1ma ca.nÓa e cinco Indios, p.rim~ira e se-
gunda vez a :Serra das esmeralda&; e a. se.gunda
jornad~ no anno de 1649, foi eleito Capitão da
Companhia da Ret3guarda , encarregado das mu-
nições e mantimentos e'petrexos de guerra , epr-o-
seguia ainda terceira vez lia mesma jornada no
anno de 1653 pelo Rio Doce acima, e não podé-
- f
l'~tO passar além de dnco legoas pela grande secca}
que dominava; assim aquella descoberfa que em
J 59P nzera Marcos de Azeredo çoulinho, pel!>

de Sá, por lhe, estar eommeuiJo pelo Regimento das min~


todos os descobrimentos dos que houverem naquellas par-
.tu, para que o disponha na forma qúe aponta, levando
comsigo os Padres da Companhia, e mais pes,oas quo.
aponta, escrevendo-se junlamente ao Governador do Rio
de Janeiro., que de to'da ajuda li favor que fôr necessario
para esle efI'dlo, por sey muilo do ~erviço de Vossa Y·a:-
gestade , e que todos os mais que nelle intervirem lhe terá
Vossa Magestade em serviço, para lhe fil'Zer II mer~ê na
occasião do seu melhoramento.-.Lisboa, II. de Novemhrp
d~ 1644.--0 'l\'larquez Jorge de Castllho.-João Delg,ado-
. Filgueira.-Despa~ho. da Consulla.-Estd bem e tenlia-,. o
~ 7 -
Conselho Ullramll1'ino o cuidado de applicar este deseo-
brimento. Com.melt!'-sc esta dilig'enCia ao Governador do
Rio de Janeiro, para lJue o fa9a com todo o cnhlado ciom
'05 Padres da Companhia nll.forma que parece. Li.Ii~:l.1,6
,te Novembro de 1644.-I\\:i.
DO l\.IO· DE - :r ANJilRO. .201

'. qual foi nomeado Capitão Mór- da jornada das


'-esmeraldas do, Espirito Santo, ficou' impenetravel.
·aos outros descobridores flté a éra de 1674, cm
a qual' vagando por aquelles Sertões Fernão Dias
·Paes " descobrio aquellas desejadas esmerald~S';
-não podendo o General Salvador -Corrêa conse-
guir durante a sua ostentosa Administração das
·minas com o titulo de Mestre de Campo das eS-
-meraldas, e que só lhe foi approvado pela Côrte
-a de Governadar 'tia jornada dellas, qlle fazer cul-
tivar os trabalhos das minas de ouro de lavagelll
descobertas em 1597." pelo Paulista Alfonso Sar-
dinha nas Serras da Jaguamimbaba, Jaragllá,
'UbutI1t!ana " e Jil.yberacoiaba·, como' tamb'em as
mina's de ferl:o, para os quaes féz consh'uir dOlfs
.
·!fornos de. fllndicã@.

, tinha dado testenn~nho do seu valor e z~io ~


'aquelle Francisco de Azeredo na jornada para ,o
'~escobl'imento 'das esmeraldas, o mesmo Marcos
de A~e~eao"lia attestação que lh; .passou em 30
J

de8etenilir'o de I 61 1 {J}, certificando ~Ue que


'0 acompanhára em CapItão dá dianteira, ria en-

trada que fizera com elie, l'evand~ e~barcação


~ua, gente e màri.ilmentõs necessatios .para a na-
o " . . ' •

. (I) Tinha em public9 forma e'itraf,Ü,a d,1 Tone' (lo


Tombo ~'Desembargad'or do l'aço:J Gã:o 'Pereira' 'lta-m'Os.
TOHO II. 26
,vegação,'e por .terra seguira a jOl'nacl.a a "'Sua cu:sta,
e ·nos d4~'eJ'S'os 'e(;1<contm!)s d(Js 'Ta:puicas .Aymorés e
1'1lxar.ie:ns, qu'e embarcados ,ataCácélo Fara inl.pe-
«it' a -v,i,agem., se e;x-1~llzem -.aos mal@ll'cs p~r.igos "
pa1'a ;pr(}Segui<r sem dUIll11l0 .(!(f):S compamheiros ~
~Qmada, cujo passo os Indigenas atacavão '\'10-
100 t-() e ferozmente, -sen(J.,(l) o plimeÍl'(j) -que "S ubinl
a Sema -das ·esQ]eraJ.das, em observancia das 0-1'-
dens ào ~efer1do Mm'oos de Azeredo~ qlle reCQm-
menda,'a o .seu sel1VdÇ0 ~ e jllrav,·a ter-se assim
passa,do..

Supposto o ordenasse na Carta .Regia de l~ de


Janeir{) de 1646 a@' Governador nuarte Corrêa
Vasqueanes, de que se escrevêra -ao Pl'ovincial da
Companhia para dar os Iudios necessarios, e ao
Proved,or da Fazenda Real para supprir com dons
mil cruzaqos do mesmo Soberano, por outra Carta
Regia de 28 d~ Janeiro de 1646, tinh~ feito com-
municar ao mesmo Goveriiador as justas esperan-
ças' em que estavà de bom exito daquellc desco-'
brimento, visto terem j5 partido para 'ene Do-
mingos, c Antonio de Azeredo; porém a influen ~
eia da autoridade do General Salvador Corrêa, em
conformidade cOín o exp.endielo ~~ Consulta eló
, Conselho Ultramarino, qúe tiverão a Real ap-
provação, pl'evaieceu para se entregar aos Jesui~
tas a direcção daqueUe negocio,) qne as ch'cuns"
DO RIO DE :UNElRO. ~a3

tancias da sua rep.r6seFl~ação e ioHU'eneia qlle ·ti-


nhão 'ganhado 50bF~ os indigerms, parecia propOT-
éio1lar mar-s. adequ:adoS' 11l€ios, d~ consegllÍ.b sem
embatiaÇo o 'clesco.hriDllen1!() ~u.eUa5' s.uspi-rada3
mrnas.
§ 1,3.
Succeàeu a Duarte e'orrêa na Administração
dáS minas Pedi:o de Souza Pln"eira; aquellé não
podend'o fazer ein S. Pardo descohertas 1:~'te[s , se
ilUSSOU á Capitani'a do Espirito Santo- com Ü'rrr:-
fento de tentar. novamente os exames dos díeseo-
brimenros das esmemhfas; p-ara este' fim es~reYe~
cm Novembro de 1659 ao Capitão Mór 6overna-
dor Âfltonlo Ribeiro de Menezes, para' que lhe
remetresse numa 'l?cssoa ~a-l?'az de penetrar o Ser-
tão, prometrendo qne eHe seria promovido a Ca.
piliio de lnfanterih (I) concluida aqnelIa jornada,
continuaria no mesmo p~sto no terço do ~festre
de Campo Joã'o Corrêa de Sá, seu filho no' Rio
de. Janeiro, e como não prodllzÍsse alguma ntili·
dade as suas tentativas se embarrou para L,is..
I)oa (2).,

Tencfo tomadÓ' }Wsse Pedro de Souza em S. Vi·


ccure de Adl'llin-is-trad91' geral das minas.em 1652,

(t) Areltiy.e da €a-ma-ra d-e- s.. ~u,\.o L~U-ll. 4 , Ti.lulo.


1668" pago 64.
(2) Dito Archi vo c Li vro.
!W4' ~NA:ES<
lhe escreveu El-Rei D. João IVem 28 de Novem~
bro (.1) daquelle, anno, communicando-lhe que
Antonio GaIvão governando á Ca.pitania do Rio de.
Janeiro, enviára algumas amostras de pedras das',
minas, -que Theotonio Evano noticiára have-IaS!
junto de. Paranaguá ; porem porque as amostra~
vies~em ·cm menos. quantidade do que se fazi~ nús-
t(lr para do sell ensaio conhecer-se asna im;
portancia, ordenava se fizess~lll to<1~s as indagfl-
ções, a' fim de se alcançarem as ditàs minas, exa-
II)inando-se se as pedras. erão movediças, ou em
S~rra contiO'uada; e de toda' a sorte fossem remeto;
tidos div~rsos caixões .de tal· sorte encobel'tos e
clisfarçados-, para que, no caso de serem tOlIlaq,os
os nÇl,vios que os..çopduzissem pelos. ~limigos d~.
Corôa, m10 fossem. del1~s conhecidos: e que no,
caso de ser ,necessario fazer-se alguO,la prçvenção
de defeza no lugar das ditas minas, por se receaI',
aguma resistencia, insinuasse qual seria convc-
p.ien~e, e qu~ ordens se, tazião mister p~ra as P?~ ..-
a.b~m recato c segl4'ança...

§ 15••
Para cumprjl' o .AdmiI)~strador geral cóm aqueI-'
.Ia· Real Resolução, se.· passou immediatame~te 3;.
Paranaguá e ao Ignape, a fim de pesso. Imente fa-

(I) Archivo da Camara de S. Paulo Livro de Registo n...


5;. pago,8.
DQ RIO' DE JAN1URO.

zer osexamesnece.ssariQs á custa dá Real Fazenda,


para cujo fim 'se dirigio de Iguape a 30 de·Abril'
de 1653aesOfficiaesda.Camarade-S. Paulo (1),
ordenando que fizessem descer as tres Aldêas do
Real Padroado, a saber: a de' S. Miguel, a de
Dal'ueri e Pinheiros, com as suas familias, a car-
go. dos Capitães bran30s que as governavão, indo
recebe-los na Villa da Conceição-, para d'ali os
mand~r pôr nos lugares de beira mar, promet-
~ndo, cm Nome de Sua Magestade, dar terrns:suf.-
ficientes para a sua habi~açãG, e para as lavouras
necessarias para a sua sustentação, dando parte de:
. tudo ao· mesmo Senhor; advertia aos Camaristas'
Ghrassem a ,tal respeito com toda'aactividade co-
r-110 leaes Vassallos, por ser esse negocio ·de tanto:
peso .e importancia, bem como o era de nenhuma
utilillade a existencia daquellas Aldêas em S. Pau
lo , onde ali não podião prestar-se ás diligencias
tão recommeridadas das minas, e até porque con·,
vinha segura~ aquelles lugares dos não espera-
gPS ata(l'~es do inimigo, .inv.adindo a Marinha.

. ' Réfléttindo os Paulistas na~ dHRéuldades in-


venciveis que huma tal mudança cncon.trava com
muito desscrviço do seu Soberano, acordarão que -
se -representasse ao Administrador Geral, como

(I) Dito Archi vo Li:vro retro pago 2.


2:{)6' "(\N'NAES

puéIticfu,ão enl Cada. de,.2 de J-Wll110 de- 1:6S3. ("I}í ,.


que. â 1ital}SDligEa~.ãa €los lndi@s traz-ia mui: gl?3i1i1."
das inQOiIlY"enrentesl, ~( isro liJue cne a »ãü h,njã.-O:
de ob~decCl' á ol1dem q le os, Ilnandassc s.1Ihir ~
dcixilndo as glH).S A)dcros para irem ás miliGs , ln.-
gal1es fe,Ço"rt.~€-i·d.a..l!llen~e estereis.. sllgeit05 a enfel'~
midades ~ e- qil<ando fOS-S€ID CO{}stf~llgictos podot'~a
sflthilc~ GEltli, enlo breves dia se e.llDb~enballôiã(i)
p€las 'matas mos SeFtõesí dtl8el'l:os " p:H'a . Q>ppOI:eDll
a'.. tal-
,. e.-eler,ll1inaeã<> e. n;tais iave»€l.vcl obslact.u.-
~

lt> ,I sem lhes~ im POl',tal1' (1)0. bem do Reak SeF 'iço ,.


~llÍ pllililGip!llm~n~e rOI'que taes: llO'mens-teem por
?gP.l1l'o, setelfr ,ili'àdos da stltll natal sÜnaçâ&,. cren-
do ~\\e etn .pouço~ diaS'" morrem, c por isso tomã.Ol
~ reb~Ui~,çQm~~ua salvação, contra os perigos elIll
q~e se }ulg-J9' cxp~tos': que P'O!" Ollh'o lado nã.Of
se dalva- !)(ini ineon,"cnie~te em acudirem das _suas-
.Mdê'as aos rebates· para atacarem aos inimigos $
Corôa'1 sendo- animados. pelos sens chefes, restan-
d~·llie a esperança devo.ltarem victoriosos aos seus
la1'es~ Ü"lliJ.ue efies'em rnlútas occasiões·havião.pra...
ticad~, iafestando. os inimigos a costa, e não. acon-
teceria privar-se Q Reát Serviço dos seus braços,
})a1'a as €oõducções do trenl mititar, e outras con-
dnotas pertencentes ao R~i, seus Ministros< e Offi-
eiaes liaS' precjsp.es necess~rias, como,expe1'imen-
tnr o mesmo Administrad~r GCJJal, quando le-

(I) pilO Livro·e Al'chi\'o pl~. '1'

"
no RIO 'ThE ·JáNEIRO. to.;
vilra em sua companhia moitos uaquelles Indios, -
na occasião que fô~a buscar as pedras das minas
- de PaI"anag'l13, 'e d'aiJ.i expedií'ã 1111'l1s , por I'nui
:rem'ota dis'tancia na tropa dos dcsC'Ol)riélóte's ·tIm,
minas de pràla, os quaes suppoit~rão por mUito
tempo a saudade das suas familias, por acudirem
gostosos ás <leterminações do Real Serviço.: pelo
que M? {:l3I'cda" just-o~ e adcql1~dG ~rem 'armn-
~ados das suas Ald~s , 'ÜB<ire além disso .para 's"e
lhes cenSér~~\'t "a fé 'tia Religião·, e á fidelid'àde i3à'rà
'Com o se'u Sobel'a'n'O tinhão igrej'as e Strce'i·dote's.
E no caso de ser absolutamente necessarÍo a trans·
migração dos Indlos , não obstante as razões
{{ue ex,punhão a consideração do Administrador
,geral, <I...m aqucUa mudança não se p"@dia etrei..
lnar "líen5'O depois de dous anho.s de intifilIaçát>
p'Ol' "se fu.zer in(:hspehsa\r~I 'pré})ât'lll':a tel'i'à , pInn-
-lã):' ,e colhei' oS frt'lctos 'Com rà'rtma pàra segu-
rar 3 sua subsistcncia, visto qne os lnoios mal se
acommodavão com o pão de munição portan"lina.
Que tedas estas graves oC(msideraçóes se deviéi9
pesar ~ elevadas ao tonhecimootó de El-Rei , qne
:só qU'Cl'ia G bem do se\\ R.eal Servtçu., c tl felíci..
'-dade e gozos trnnqUll!os de seus Ya'SsaUoS I I).

(I) Clirlft <'\u~ se e~c"cveu ao l\r1mÍJIiSlr:\\lor'G-et';II, ~


'consta do dito Al'éhivo ·e 'U"'I'U , pagina3 !) ú CalÍlara ue
S. !III ulll.
« Não igOGram05 cllr\{lmetHe n uliliu9tle que prouuz o eh..
~a,bo·18mcntO das ttalnas, ·ch.lo desc()bertn~, ~ feito os c.n....
.A.NNA:E~

§ 17·
Tão sahia representação fez diss~ladh' ao f\.driii..
nistrador Geral da projectada ll1ud~nça dos Indios;

sãios na Real Caea da Moeda de'sla Viii a', c constando pe-


los'livros ddla a' verdlide 'do caso, com que he bem que
se mud 111 as aldêns para os porlos que se dev~m segurar,
e se assignalarem por Aviso 'e Ordem Real: mas tambem
vislo não preceder o que' dito he, se ,ha de anender ao
.damno que a tlíl'mudaBça p'óde resullar, pelllrazã.o de que
os Indios como tnes são'indomito~, .e i!lcapaZes de:persua.
a,irem da utilidade da sua mudança, e mais quúnd'o o he
tão apressadamente, e oOlivem para se efIeituar materia de
lllQta'considel'ação, e de tão util sên,jço a Sua l\lageftado
'que I:)'cos guarde, sere'm esses iarilomitos cnie'qu'Ísados e
illui am(}rosamente; e p~ra que surda o q'ue déscjamos, se
,hão de levai' com af»gosr;, porque stl fôr COLD, vialencía,.he
certo que se al~erarAõ, e' n~o terá effcito' o que. se quer
eonseguir; o ,que ha':,emos bem considerado.pelQ amor.,
h;áraade e z-elo que temos de sel'vir ao nosso Rei e Senhor,
'e por nos compeiir, visto CaI'regal' solJl'e n6s o 'peso desta
Republica: por cuja razii'o 'eLD'materias semelhant~s trata-
1DOS com pareceres madurl'ls, que se nos não devem vil'u·.
ll~rar, mas antes louvar; e istQ he por animo e dêsej~
,de acertar no ~,eryiço dq dito Senhor, e como este sl~ja co-
nhecido" he impossiv,el p.oder.e;1D ter, b~m fim" calu~nias.
, q ':rodas as ordens superiores <:>b.servamos e fazemos que se

.cumprão pelos. nI,eios que. ma,is (ws. parecer convier; e'as-.


sim não .pode havei' risco; porque. os .que votál'áO, Q Lhe-
1'50 com zelo que de sua satisfaçiio queremos, coma lam-
)J~m Vossa Mercê ~erú certo ficamos tralando de ajuntar os
~J,n.dios em,suas, al4êas,para ,que eSlt}jáo ao, te1I,lpo _que "vier

/
'150 1\10 Jl!& IMlEmO, ~

'.elM· se'JrVio na Adurimstra~m' até- ~. anuo de- t6:fr4J


'e não- meneIo nada.iÍlteress:.mle" que satisifires
'atJ)" dcsejios- da (:i:ôn·ta·n(:)s·dcseobrim~tltosapet€cI:-'

alM dacJ mnl<'lSr Ef-Ihi D. Arff(1m.~'ViI lhe «ifeU.Sl~ -


ceS8or. Aq.... -llial. fÍ}J{lGa. nàó ~'al prtipl:i~' pan o~
descobrimentos pelas calamidades que affiigião á
Metl'opolé e ao Bra'1.il, qn~dllplicárão a S11a hor.:
ribilidoo€, ~'motins·!e c'OI1';Ut" ÇOOSr (las Atd'êas
d~s,lndl@s>, cQ'lltra ~·.PorlJ\clg.uezeS'~ dep.'ÓiS'·de-·pU'«
blicada, tt !HiIla liberda-d:e--pelal hllHa- dada em Rd-
R1aI em Il~. ~ €om' cemmissãOl c suibdelegação~ dd
Bispo:'<ilc Nriaan1Jl~;. dÉI:ltgida a~l VicedioHectorde
<V'6rtugaJ o Dfiut(»I~ Jer'cmi.lDDl B~leno" g'qual
) .f i

'a 1reso.fI(JÇ!iÍ6·,. db QIl6',vrB6'8a ~1~rsíJ' d<isejli'v>a " e' DÔ~ JijJlg;r:o.


JrrentftlaViRlamOS' já- ea-reqU'is:F<f'os ,> .dIômesúcMI·e-'P..rU mlJtoSl~
e.rnittidos- ao- r-a.zlOO p'ar-a 8e&U~t'em' o.-que.lhesrfô or811OlH.10'
li Borq»e tambl'm se.. co[Jsiga .b-em .tão uti~ a Corua Real'}
como a todo o Reino. com o primeiro aviso que 'Vossa
lUercê nos manúlJl', irão todos os Vllfões que necessari"o'!§
fÓl'ém, e que senJ'o 'tlimbem receBidos e" úb"a'tad'ós' CGmá"
s-e'p'rolll'eHle', eltes' prnpt'ibs'ser,virã'O" d preg'Oclrbs, e cólIt
"ta!lP'I-'r<Jv.asl í"á'õ1liusCttl" SiJai9"ithJlh'er"s' e·mhos]; oorn orqit6
ficara a' m'll>leria d<lltodo deoentu', é: S03 r l\1oge:stode-seri\'ido
co.m. gns~n ,..nó. com muit~ mais es.larn·o~ postos, e disp:os....
'tos a ir com D\lSSa ca~as., e famílias a servir a Sua Maglls'''
"'tade qlle Ocos guarde tl li Vo 53 Mercê) para que se consigll
por st'1J meio l11alcria óc tlrntO c'aso. Camara de S. pàulo
1'2 d'e Julho' de 1655. - CàliMd dlr l\fotta'. - F'rãnci,cl)
'C'lIha " ....·GsSp\Fl'- e-ot't'êrf. --' J i~; Domingo'Sr Gllroi~
'V.elbtHe! DO:lUingos~Rod1isü65 fd'aM.esq.qj(b.,
1'6MO n. ',27
210. ANNAES
com'mettcu a execnção ao prelado Admiriistradõi·
da jurisdicção ccclesiastica do Rio de Janeiro An 4

tonio 'de Mariz Loureiro; e naquella fatal revolll-


<}ão muito respl~ndeceu a prudencia e sahedoria.
do Governador Salvador Corrêa de Sá.

§ 18.
, Não obstante haver Duarte Corrêa Vasqueane's'
procurado fazer a composição entre os filhós de
Marcos de Azeredo Continho com os Padres da
Companhia, por isso que os Padres tinhão cabe...
daes para supprirem as .despezas da jornada, b,
que lhe .foi agradecido ~pela Carta Regia de 2 de
Setembro de 1648, e que não resultaria por isso
algum 'desar .aos,Azeredos naqJlelle desco~rimen­
to , se elle se não effeitnas~e ~ por isso que era da
vontade Real que pelos Padres'da Companhia se
fizesse to(lavia os· briosos'· sentiínen tos dáquclles
Azeredos, cujos serviços sâo reconhecidos na Carta
;Regia de 26 de Julho de I 6~ 7, on9,e se commettla
aos Jesnitas o descobrimento das minas; e que
este fosse na c0rI?panhia da'quellcs padrf"s , affir..
mando o mesmo Soberano, que mandava COI}-
5ultar seus serviços, -não' soffrÍão a partilha: de
honra nos sellS trabalho daquelIe descobrimen-
to, quando receava que tão acreditada Corpora-
ção pela sua. riqueza, credi!~ : e confiança do Go- .
verno, se attribu}sse .9 bot:J;l suçcesso da emprc~
~Onl <lesar da su~ honra, industria, e conhecida
no RIO DE JANEIRO. 21 '

intelligencia, de hum achado que, com seu Pai,


sem soccorros estranhos - havião incetados pOl:
IH'incipios exaltados de heroicidade patriotica, o
que' por aqnelle meio se lhes'privava : o l-eSu'ltado
foi de ,ficarem desconhecidas aquel!as tão precio-'
sas:riquezªs no seio da terra sepultadas.,

Agostinho Barb~lbo Bezerra ,foI entretanto no-o


,roeado Administrador Gel'aI- das Illina~, elle f<i~ da-
do do' cargo, Patente datada em Lisboa a 19 ,de
Maio de I ti6.:.J- (i), com o titulo de Governador da'

(1) \A~chivo ua Camara de S. Paulo livro n. 8 lit. 1662


pago 128.
- Patente. - Dom Affllnço por graça de Deo~ Rei de Por-
tugal, e dos AI~aI'ves, e d'aquem e d'alélrl mar em Africa,
Senhor de G uiné ~ da Conquista e Na vegação. Elbiopia;
Arabia, Persia, e' rlá India. Faço saber aos qne esta minha
Cnrta Patente virem, que por poder Vil: a ser de grande ser-
viço meu, e augmcnto'destes meus Reinos e Senb'o~ios, des-
cobrindo-se e beneficiando-se as minas de Paranaguá, e
da Serra das Esmeraldas que se diz ha no sertão da Capi..
tania do J:spirito Santo, de que já tem vindo a 'este Reino
algumas amostras; (, que por vezes se intentou sem se 'po-
der conseguir. E desejando eu agora qné este descobrimento
tenha o fim que se pretende; E confiando da peSSOa " ta-
lento e experiencia de Agostinho Barballío Bezerra. 'Fi-
dal.g~ da minha Casa, a que~ tenho feito mercê de Ad-
ministrador das ditas minas, que em tudo o tocante no dito
descubrimento e entabolamento.me servirá muito a minha
27'""
I
2 ra .1ll NíAJES

g<mre ~ :guertla, 'JpOl'remp.@..de'qtíath>-almns., edm,

.
6otJ.';jj;oooil's. soldo. ·P.el~ il?-rol'ísãll <ie 1i9~elM~.
-
satísfap'.o .e-eom..a.cer.to.,.que s.c f(Ue):.ell\- jO~Dada,de t..'lnta
ínWlJr,Lançia: Rei por bcm".il me ,praz",. de lhe fazer mef'c/!'
por todos os diLos respeitos do cargo de Governador da
gente de guerra, e da mais que o acompannar'na dita jor·
nada por tempo de quatro. anuos, e que haja com eIle.
~oo~ooo rs, de soldo pa);os ·na forma da minha Ordena-
ção, fi metade na Ca,pitania do Rio ,de JaDe~ro, cqmo se faz
éom o maIs' presidio dáquétla Praça, -e a bu ra metade no.
rendimento das mosfnas mil.la~; o qual cargoJt:xel'Citara duo
t·ante os 'Ôito 5 quatro 'auna , COln} todJOs. os (>t1de'r~s 'e' j;uri-5'
dicçã!hOeCessariil-, que convém tenha CObfO solJ c·o lilita4'
p,ar-a oonti-llual'-O-d-ito-d.escobrimcnto-, e~.o~:u,,1.de-t.o{}as-as.
honra ; I pl'i\dlegiotl, is.eliçó'es., franque:zas ,.preelDinencias,
liberdades, e t!.ldo ,o mais que por razão do dito,o!l~O lho
rooar. Pelo qúe lballdo a.-t-oda-s-,a's p~soall ~e nooulpa-
ohavelnf1lo dilo A-s0stinho Barbalho Rezer.r8'nestaljMnada,
de'<{l1álqúer qualidade-t)ue<sejão ,'Capitães, ~f11'cia~s,>e'Su-.
'bahe-rnos-, e ,o.s Il't81S. da jUl\isdit.:Ção das·ditas-mibas () cu.'-
Dh~ã(l por 'SCIL ·Governa'dor durante.n -tempo 4e'quatr,o.
andos:, 'e(jollna da que fiaja fazer a eIlas;. e cOm'o 11 tu/ he
obedeção, eumprãmeguardelD -as SU!ls:ot'dens, e. mandàd-os,
eomo ,devem 'e são ol:lrigados., E po esta o 'Hcilp.·omellido
de posse'~o.dito bango, .jurando primeiro na' mióha .Cbao-
e.ellâria na formá costumllda, Aue'cumpritó int-eiramente
"Com as obrigações dcUcr, de. que ~e fará.o -assento oas' coslas
desta, que por firmcn de tudo lhe' mandei dar }}or· Miln·.
~ssignada e sellada .com o weu sello pendente, -e, se 'pas·
i'oO por duas 'vias, huma -só ha verá-emito. Não vagoul 0'8
novos direil'es', \ p'or l 6u resolver queros 1 oüo.devil1. An~Griio.
S~rranll o 'fez cm 'Lis1,)oa'lI (19 de Maio 'ue IG64! OISccrelll·~
na lU~ 'DE J'fANEIlI.O. 215

àe 1~64,.se mandou n todas Q~ -Autdridndénissittt


Reaes, 'COlDQ a -dos<Dúnawrws par' onde .pa:Ss'ãsS@~,

tro Uu'n'oc) B'árreto de:S, mp'trio b fe'z escrCvêr.- EI-Rei.:'-


COill.ie d ",ArcOs•
. 'Eu ~I-Rci iF'âço snbér aO's'i]ull"e-sta- n11'nh'u lpTotisàQ 'vi.
rcm i]ue Êu fui stlTv'Ído tméul'regar ii Agos\ifib'O BlHballib
Bezerra, Fidal~o da minha'C'llSll dll âiIm1'llisltaÇãO danni-
nas de L'arnnaguá" ..e que po:l~sst! -it' . a·o -descobrimento
del1a~ com palenl.c de Governadol' da 'gente que o ~CQm­
panhar nesla jornada •. E porque Eu desejo muito que elIil
tetina ê'ffeito, e se consiga o descobrimento das minas :'iIêi
por bem e maneIo a~tbdos 65 in'eüs Capitães '!'liMes e/l\leóo~
tes d{) 4'stl'iolo (Jaqu~1.Ia t~liarll'9ã'O tio Sul, aó's \!os\'fi\hts -
e «~pilatrias de Dulia,tál'ios, pru' i)ul1e () ,ijit'ó AtgQsti!Íbf>
BarbalhoJJassar., lhe obedeçáQ el]l ludo ás suas ordens, no
~o€anle a dita jornada e desc!lbri~ento lhe acudão e fação
acudir com tudo O que elle pedir para R conclusão ,destB
':legocio ,. POI' &er lilL1to ~o ~e u serviço, augm-ento dllst&
€orôa, e bem·d?s Vassallos dclIa, O-que hl1ns e outros
cumprão muito inleiramenle,.,- como nesta Provisão se con-
tem sem duvida nem conlradi~ão alguma ~ p,orque du eon'"
tral"io me haverei flor muiL{\ mal ~el'vi o, e mandarei.pro-
ceder contra aqueILes que lhe n.iio derem ipteiro cumpri ..
menlo; e'valerá como Carta il.Cm embargo ~\l' Or,d•. 1I" Liv.
2.· IiI. 40 em conlrnrio, e ~ passou I{lOI' dua<s vi~s. ,Fran-
cisco da Silva a f~7. em· Lisbo;l a 19J de Maio de 1664..'
-Rei.
Eu El. Rei 'FllÇO !abel':\os que esla. minb P~ovilJão fi-
rem, que Eu fui 6énilfo encnrtégar ,3 -Ato' tiol1b B, rb Ih,f
ll'ez.errQ ,. Fidalgo du minha Oasó, o desCóbrimento e enll
bolarnento .das mina~ de Paranaguá., dI) tliilficlo do 'Ri()
ANNA.ES

çumprisscm todas as suas determinações no to-


cante a jOl'Oada , e descobrimenLo das minas ; e
':ftnalmente pqr Qutra <Je 20 de Maiõ do mesmo al1-:
no ? l~~ foi conferidq poder Bara p~rd(;\ar no Real
Name as pessoas que tivessem notiçia, CHI in for-;
lllaçõe~ do que se pretendia naquelle descqbri-
wentp. Apenas apor~ou á Cidade do Rio de Ja'"l
neiro , fez huma entrada na, qapitania do Espi-
l'ito Santo, a fim -de descobrir a Serra das 'esme~
raldas; por f<~talidade jámai~ forão~ encontrada~
9-esde q~e em I ~96 as descobrio ~arcos de Aze-
~'~do Coutinho; o Administrador se didgio par~
Çabo~Frio, de donde segnio para a Capitania do
EspiritQ Sill1to, ~ de lá e.screveu á Camam de S.
., .
de Janejro. E porque pôde I acontecer
.
que pelas
I
Capitanias

e Sel'tões por o,ode fizer jornada ao dcscbbrimento das ditas


minas andcl.D algumas pessoas ~étiradas por crimes. ou
casos porque a Justiça séja parte enio bajão antros: H~i
pbl' bem que se~do necessal'iu ap'ro'veitar-se 'o dito Agos-
tinho Barbalhu da's' dílas pe~8~as' pa ra àlg'uI~as notic,ias ou
, "

informações. do que se pretende ncste descobrimento, lhe


possa perdoar, é perdoe em meu nome o tal erime ql!C
tiver ?ommettido, com 'declaração' que maod~rá confirmar
neste Reino dentro do tempo que lhe parecer bastante, a
Provi~ã(') que Ibe passar em 'que esta virá encorp~da ~ a qu~l
mando que se cumpra muito inteiramente como ncHa se
contém sem duvida alguma; e vale"á como Carta sem em-
llnrgo ,da Ord. do Liv. 2° tit 40 Cip contrario, tl se passaI.!
ppr duas vias. Pascoal de Azevedo a fez em Lisboa a 20 de
~hio ,çle 1664. - Rei '
DO RIO DE JANEIRO. .215
Paulo (I) em data de i 1 de Dezembro de '1666, di-:
zendo-Ihe que ella não devia' igno'Far a 'commis=-
são da qual fôrá encarregada por Sna 'Magestade",
que tinha de obraI' nas Capitanias do Sul; e que
por urgente causa tornára a Capitania do Espirito
Santo, com attenção de voltar logo para elles, que
sendo porém embaraçado P-OI' ter expedido huma
tropa no alcance do descobrimento das esmeral-
das, julgava acertado fazer aquella jornada para
as mesmas até Maio corrente; e como ficava dis-
pondo os aprestos necessarios , e lhe faltassem os
mantimentos respectivos pelos não haver na Ca-
pitania do Espirito Sant,o , lhes eQviava por não
poder ir pessoalmente a Clemente Martins de Ma-
tos , par~ fazer' as suas v~zes, e c<mduzir os mail-
timentos, por ser huma pessoa de prestimoe res-
peito, o qnallhes signifia-ria todos os sens senti-
mentos, o gTande empenho em queestava com-
promettido para sati'sfaier: as ~ea!'ls Ordens, bem
certo do grande e util serviço que elles,.prestando-
se -ás suas recommend,\ções , farião a Sua Mages-
tade que se tinha dignado escrevel'-lhes para lhe da-
:remo adj utorio, e favor neccssario ; tIne esperava
-que não fa1Larião ao seu dever como Vassallos fieis
'e zeÍosos que erão; e qne finalmente lhes pedifl
dessem todo o favor e ajuda ao referido Clemente

(1) Dito Archivo Liv. o. 3,lit. IG62'pa~ulls )2, e se-


suinlt:5. .

\ ,
~'t'Vi 4ti~~S1
ltartl:I1,9:.:paFa O"pM~pto. aYiamerrlr€t, al0. ser;viç<f al.
qt\.e< i:h. se.g@~~~cil.Q 'ÍJlIfQrma'1" a,Soa, Magesfade de:
ltldolq~e, 0brasseml n€$t~ pall1Ji"€ll1kll~" para ter~Ull
·d~ nlCsPlo::Se.oho.r·a <k\'.i&r~amponsa (l):.

sr

('I~ Düo· niv.. 'e ~·pehi·ve', Litv. flI.IHit. Jtj64 piag. 40"
Canta ~:Jj)J Rei·.a os P'lI e If.slllls. ,J.1lÍrl .,. V'e rea.u orllti<-r e·lh:ocu.•
·~~tl\ír da. C'a~iUla l1a~, Vl1J~ d.~. S'•. l?ap·I~.
E,u, E1.,Uej VrO~ c,l)v·i.o. m.LliLo. sa.ud.ar~ Df'I10.is qpe- t,om.ei
.~osse do Gov.eroo desles !D-eus Reio,os, B,(JoJwma OULl'l,I
co.u.sa mais desej,o -senã o q~le. os meus Va s' aHus I()grem a-s
·utilidàdes que 11"1 c pod~U1 fazél' at'cançar hum fdiz negocio~
'e 'porque e te podm-á' 'Vil' a' ter os' moratl'Orcs'd~'ssa ·Capittr.
Ria, se se app-licareIDillio.dllSG ullimeflto·dhsILD.illas q'lle.t'll>ot-b
s!l: deseLol: Fmj· seJ;v·~o cllJvJa,r: a dia &$0 till'h.U Baoobnlho "Bec·
·Z~l; li cpo idel'U.ndp ser, Il)lLor;.lJ,dcs~. E,s,tar[{l" e gp G.OID-o
'tall1~osJra·p<\I'f,i,oular, df~s.ei.o QQs all:g!p.ent.Ps deUe,: e,p.eJa eL-
'P"l1l'icoçia quc .tcqho do bem que lité agora IDe ha servJdo "
. me fllz con{ihr que Bssim o fara cm ludo e~ que o encar-
regaI'. EI1'e vos dirá o que con,vier para este dfêiro: e VOI
eo.c.ommendo ·vos dispr,nlíai., e' animeis> a lrat'lJr'd'Ci\e';
sendo.cento:" que se .s<YcousegniJl o fim, vos hei de 'fa:tp,l'
h.onras C:Jf.t I'Oêll, 'e) 1II;l.1-i\l!:l1'licu'la, ;<1fJ& q!Je: nc&l'ttl.se- viç,o
's~,af\Signíllar~ n'" fi12Worlo-os. accresct:nlar DOS Officios." e
Lug~res. quc,forem uecc55BTj,OS. nara__a.boa A.dmillistraçüo
das minas, ~egllnrln a qualidade de carla hum, e oooforme
o zelo que lOlIstrarem nesM diligeocia que a lo.dos e a cllcla
hum cm particular hei de r'emuoerari 'E'scripta cm Lisboa
,a ~,7 de Setembro de 1664., _ Rei. .
no RIO DE JANEIRO. 2

§ 20.

Forão mal snccedidos os trabalhos daqueU


digno Administrador das minas; pois fazendo to-
dos os sacrificios a bem da causa publica, e'de-
sempenho da Commissão que recebêl'a, seguindo
por 'entre brenhas paludosas, e torrentes de agnas
que regavão as vastas matarias, e onde lhe faltá...
rão todas as commodiclades para conservar SlH\.
preciosa vida tão util ao Real Serviço e ao hem.
dos povo~, falleceu naquelle Sertão das esmera 1-
'das com a maior parte do corpo das tropas que o
aeompanh~vão a fazer importantes descobertas, c
'ao tempo que já as avistára e tocára a Serra das
esmeraldas, consumindo a sua fazenda em tão
I 'abor,iosa e espinhosa diligenci~.

§ 21.

Vendo por tão grande fatalidade os Paulisbs


malogradas as esperanças Reaes, pelo descobri-
mento d~s min9 s ., cQncehêrão a intrcpida e hpn-
·rosa tarefa de iren).-por desvairados pontos exa-
·,minarem as incognitas matas dos Sertões, e por
;nf~1tigaveis exames, QS descobrim.entos ,de toda a
casta de minas; e de seus tao heroicos e louv.aveis
.desejos e boas intenções, derão conta ao Principe
;Regen te Dom Pedro em 1672, o qual se dignou
piandar-Ihes agr~decer por carta de 21 de lVIarçQ
. TOMO II. 2.~
.2}·8 ANNi>its
de 1674, escrev~lldo' de se':l Real Punho aos Pau""
iistas Paulo Rodrigues da .costa, Dom Francisco
de Lemos., :Padre João Leite da Silva, .Femão
Dias Paesl, ~bno'el de Brito Nogu.eira, Fernan:de~
Porto, .Padre Matheus Nunes de .Serqueil'a, Fran-
cisco Dias Valho, Cornelio ,de ÃJ.VlIéIO ", S~bastião
.P aes àe Barros.; e )gnoroodo o P 1 incil~e o nome
do.cabo, sabendo sum.ente do .zelo com quel;1avia
formado hllma h'0.J)a <jue o s~uita naqllella eOl-
;Preza na peslj1uiza aos ,metoos,,pl'eciosos , lhe diri-
gio a seguinte Gar.ta (I.) :
« Cabo da 'Irqpa ela gente de S..,Paulo, que v@s
« achais nas cabeceiras do Rio 6le 'I@catins e Gr.. .io
« Pará" Eu oJ>l"inc\pe vos 6J1vio muito saudar.
~ Tem-se me dado ,part-e.ue que assistis nesse dis~
l( tricto com vossa . gente , have~do aberto ·estra'"

« das desse sitio a VilIa de S. P.aulo. E sendo-me

« juntamente i)resente, , de que entre a gente que

(( ahi governais, alguma' della tem descoberto


'(1 m máS de <f1'lltO:e .o\<l.tr~'s JAAmrnes., .e drogas ~desse
It SWl~'io; ie l.:rtn'.qtt'lte ~ S~i'~Ç0 ,de:as à~w@brü' serln

-u .de ligUlil :C@!1líVl3rfianc'i:a;par'a -esltic iReiIH@ , IOo'n1tl

-lt ~pa.,*à os \de~06br íà\J)'r'€s l'llillla, ~Vl}S iléi ~'@Jr 4ll'U~ttl

~ ':J.'cR:oJlIíltm.onClado alq.o~ll1\s -, le;.e ~rtnin'e.i.s· a ~etl'ltzà


:«4~sta <6t-i6(~<1-0I'ÍlmpOIi.lfà(}.te, e lOle rtv-iseis.logf).•
:ti :m'l\.'lili(1}allldG tl()i(IS kÔ-l!l1en:s tl~ 'Vossa :Companhia
fi' 01:1' f h"' la l"t" tE' f l'

,'I) Setlrel31'in OIlrlnn'3'r'ína, 'l.i'Vro"l'la~ C1trtn's do Riw''Í:te


'ÚUéi·ro -.o. l~ I\lli; !fG7lh/~U<õif1u$Jll~tl.
))0 RlO'~lr JJ BmO. ~1!J

q praticas ao Pará ou Maranhão, ou ~: S. Pau


lo, ou por donde julgardes ser mais con,enien•
• te virem com mais hrevidade a este Rein.Q, l'e-
a melten<h>...,me por eUes todas as notLcias com

<! amostras de pedras destes minera~ , que tiver-

~(- des. achado ou descQLrirdes" como tambem


a as drogas desse Sertão., cmno relação dístincta
a d~ sitio. to e altura em qll.e assistis, e. o ter·reno
« qne occllpais, com a y.ossa ge-Q,te. Escripta em
II ~isboa a 26 ele Abrir de 16.74.-Prilicipe. ~

§. 2~.

Ao Governador do lWaran1Lão, se escreverã6 as


Car(as ltegias <fe 2':> de Anrilde lô;ff (ir, recom..;·
mend ndo-lhe a l'espeilo daqnetIá tropâ , n1a-ri-
4asse ir ao :M:al'anlião ao Pad're Antonio ltápo-so ,
patnraI ãe S. Pal~lo , pára ah se enconfrar coIíi õ
Cabo, da tropa, assim c6mo ao Paulist~ João Tei~
~eira Doqnnnc1<\ ~ p?ra ~l~el'etn àescobriIhentõ,s'
~aquerlê Sertão ~ e aq.uene.s dignos YassaIIos , é
bons Cídadaos, que se prestárâo cop-l tão boa
yontadc que o mesmo ,Principe lhes dirigio hu-
ma honrifica Carta, al1imándo-os n~ sel~ zelo, e
g~(i)l'i.o.sos tr.a4alhes" da clata de ~ 2. de Dezembr~
de 1 €iJL'l-- t 2!} •.
. (1) Sectet j-la tl'(j Ulh'[I1rl~ll Livl'l9' dlrs CátlllS do lHo d~
~ál:1e1-ro·tlo.
2'8',· dé "IH~U' (Pe·t77~J p-a-g>. /), g.
&J Atchiv-o !te 8: flmm , tino d'e-Ite'gisto'!T. ir I, lf-itf
IGG4, p~.. ~.. i
, . 28·~
AN"NAES

A' Tropa qúe levantou Lourenço Castanho Ta....


qnes, 'a quem lhe deu a Patente de Go,'ernador
da gente deIla, se encaminhou para os Sertões
dos Cotaguazes; a de Fernão Dias Paes, que igual-
mente teve Patente'de Govel'nador da sua lev~,
tomou a 'direcção de Sarabuçll.. fazendo por alí
passagem para o ltê'ioo de Maxapós, no descobri·
mento das esmeraldas, levando em sua 'compa-
nhia por Capitão Mór "e seu futuro successor Ma...
thias Cardozo de Almeida; aquelle Dias tin.ha mui
grande expericncía daquelIe Sertão, como tam-
bem conhecilnento das hordas brazllelras, que
nelle habitavão, pelas enh'âdas repetidas que já
havia para ali feito, conquistando e reduzindo a
paei6cação' aos Indigenas, como tudo se relata na
S'la Patente dada pelo Governador Geral Atfonso
Furtado de Castro, do Rio de l\1endonçâ, datada
na Bahia, a~s 30 de Dezembro de 1662 (I).
/

EncarregátãO' a Prancisco de Camargo , os Of....


Rciaes da Camara de S. Paulo Pasco'al Rodrigues
da Costa, Domiógos da Silva de Santa Maria ,
Francisco Barb,oza Rabello , e Estevão Fernand~s

(,) Dito Ârchivo o Livro pago 98 c seguinte.


DO RIO DE JANEIRO. 221

Porto, em 8 de Agosto de 1678 de penetrar com


a sua trol a igualmente os Sel't?es, no designio de
enconh;arem as minas de ouro e pedras preciosas;
comm,issão que elle de bom grado aceitou. Che..
gando a noticia do benemeáto Paulista Manoel
Pires de Linhares, da summa importancia que
o Soberano dava aos trabalhos tendentes ao des-
cobrimento das riq uezas naturaes, fez elle- imme·
<liatamente á Camara huma representação, offe-
recendo-se ter parte naqnelles exames nas incog-
nitas matas, podia então mais o seu énthusiasmo
cle honra pelo serviço do Estado, que a sua POi-
sibilidade, pela crescida idade, e achaques que
padecià ; elle p'edio apenas que se lhe concedésse
os homiziados que carecesse, capazes de o acom-
panharem , porem com a condição de que qua-
renta legoas em quadra do districto que com-
prehendesse o selt descobrimento de ouro e prata,
- não se lhe tomasse alguma pessoa da sua Tropa
para outros serviços, por carecer delIa para o
trabalho das minas, inteslando aqueIlas quarenta
legoas nos limites do Serro Sarabuçú.
_§ 25.
tendo eu} éonsideração aCamara àquella re-
presentaçã~ , acordou nas sessões da municipa-
lidade no Iode Outubro de 1 õ72, conceder-se
';\(lllelIe illustl'e Paulista o que elle pedira. Outl'a
leva de gente s~ formou para a tropa de Manoel
2,2~ c A NÂlES.

nell~irat 5.al'6inba;. ~ €Jtta1 seguro e demandou O<

StlJ>UiQ- de r<W3[lJlg.ll'.á, Rih€i a. do.lgnape (J). 'f Q.


d.os aqüellcs: di~'ellsb.s( COI:pOS de geBJties mlima~
00 euth, iàs . [lo:. e,gloria,. de- fazer€1lli gratid:.es deSe-J
ebrimentGs Sfti diSlpers:áJtão ~ ID:1Dran:d0' prodigiol\,
c;le-l'aloc ,.a'S'Signalandn...,se·p@.r: tI:3~~lh.o es.piilltm.
sos, lIlaB des~o0crtas qüe fJi~rcj0 com.. sac:ci:.ü~i'(!) uâs.-
&nas 1"i:las. , Iqn:.Í2'açqes. das O:Ojll'~as q.m:eil'goza'lào no!
seÍO.. das.suas. {amH,ÍU's, FtlI?-sa'lJiJsfamtem:d desaTo.
:Reaes , em EYbjecLoSc tã'~ mlilSidemvaiSl,.. que pro'·
dnúráo in1mel!l!8. Di~aL em.eoaltFada no iutooi(Jrr
~(tã(iJ 'Vastas! 6 fcttels twtrol'liO'S' do ~a~w cjlTel
~l'ãOr cw'Si.deDél1fã.o. 1- p'rep.oo:rdetra1lJeir e C1sp!€nclo
dor 1Jr.~r1('Y ~usit~o, 1 p~Ws Ú!'«lílta:di$.?iJftr.o~ ~~.t(,}}:l1g:,
~. da me1l1Q-pO;le-.,
§ ~6.,

Naquelle temp.o se. passou de' fI~s'p;mha Pilr~


Portugal hum vçntureiro de n,o,ne D~ Rodrigó ele·
Çastilho llranco '. inctlIcanet-O-se tmigu~ metallur-.
g'~co dos trabalhos das filj'nas de ouro e prata ~
pela éxperi«:n~ia que ~avia. adquirido. das, mina;
do Potosi no Perú; e tan~o s.e sO\I,he insinuar n~.
graça do Principe Reg~íte( D. Pedre;>, fazendo-se, .
'~ecessario que ob~,,~ não sÓ:mente Q. «:leNa-l(í)i a
Fida'lgo da sua Oasa " mas 'de- o cobrir de, honra"
~ dignidade , no~e::mdo-Q Administradar Ge.,a\
-~as minas, do Brazil '. co~ olxfe~ de saM de Lis-,
. .
hQR OOUI ditocÇão ii ~ilbia , lõl3f:a .i.le lú pM'tir El-G
oseg'l'l'im<m1Jo do:Serl::iQ,das u~iuaiS ~eiita1trriamr: epe.
nas rrportuu a -Bailia apresenlon ao "'Governadol'
'Geral do Estat1o, o".Regimento que qevava tendente
ás minas r.), par.a depois de concl'nidos 'os exa-:
.• F

l(U) IDiJ..0.Âfl hi.VlliLi·""pe ['iI. 1,6,6, p3lg,.1l'14 • .n.cgimeul~


ldatlu .. o :t\i1minJislra;j;e.r ,Gtcral
h

-Etu o Pflrodpe<oomo iR.e!.le;nte clG()\\eo:n~dor ânsfRreinO's


Itle J'orhrgll'1 ,'CICIDS A'I~ot~'les ~ ;ll'~e. 'Emço <saber i3 ."iÓs 10.
rR{)difig.o <lie Costlf\lO ,Branog, Fiual\Jga .. da miooa e:a<lll.,
·qlle.oro Clt.v.i.a11l0ienlahola.m~nl\Jo dll'Slminas.(:e prwta de·na.
lbaiana do Ftsladn ,tled~ra~il , que Eu 'heitpqr .nem q.ueJI1f:1
(wt:lbola:melllo àdla.ll_guar..deis' flegimentl!l segJJiRlle • 'por
;U0nll'~r <'ossiJm:!lo -meu Isc(lviçf) 'e '1l:ugID6l11Q .I!usil'es IHe4'lTo8 •
oe tlUll L1l'eu~ 'Va ssr.1 Las. lJartw6!is de 118 ,Citlalll: de It.i~boa leln
.uj.feit:Ufa ,li ~ll..1 hin .de tAd.os,(J"l; SaotCls "onUe elllPegar.cís os
ordens ~<u:e delVois,rniI1!las, a'O f)",ol1llalh~I';(r;C/:iI1l<1o -!E6I<3tl'e
. !fomo 'Furlado ,ti c 1\ll(tnd~H\ç'a., 'c I(lm I 00 41usencia a 'lJU-eUl
l5'C'lJ IC1l!l'gorthTer; IC 'C1cpoit'l xle ~L~e npf'c'5IJiltar.d.es leste Re-

cgiment6" '.e rC1.lIDlnllntC:lrolls olllm >.dle l!l megocio ln .oque


'i'lJIC'oS., >VÇlS .despaehrortllcem'loàa a rb-T,;C,ridnd'e daq:ur.Ilo Jqu'C
IT\'IlCeSllilllrdes ,.de CJlue H/c fa'}ollllVi'o. 'P'lrili'Jcis,ooro ll,sJflIe.s~
'suas qu'C ;I'c\'a~s 'Cm cv'Ü~a, ompan1Iin.,I.C'ql1·e.~ã@'lls·rrlle
tlll(JUXiCI:Õ'O 'as (1IIm:0,8t"a6 Uas ,lilaiSoJITli'lla's le ,oub~a's '; 'e ind16

tlJl0 ,Sc... tlio de [I,a·s ,\l~1 "IO~ ',JJJ~tr(mitt> . ,. eml&B~1 be1l'cfici.o

soguireits aqllcllc ·estalo" ·1"'a.llil..'1I, e inM.llibrenoia'XJue~btn­


fJl s .doote III i:ui 'teria., 'e '1>'01' 8m' 'clIe :de Iq.Ultliollue (que
·t<emeâ·s JÍ.lICIHd>ii1o., c tH1ll11rr q11e 'iCJID IJHüç'ii'O ,sc!p<mha t\lft
{d)eito.,H~i'~)O1' bC!~jq,u:e o-o. nronólnlD6Jlle de tJla. Uinm5~
~ 'dilirgencias <qu;c ISo>h, e;óllas hM'lc)s.Ue Ifll7Je:r I em lsua 'Bd..
mliIlUlll~ão", • O,SliQnllá lO GOtVllruadllf,:G'Ot:lIi! .t\tf-lns'O /BulI-
mes que as niinas eXIglao, paSSal'-se a S. Paulo,
para dar fo~'ma aos tl'abalhos daquellãs de P aI'a...

tado, o poJer e jurisdicçijO que para este beneficio pl'e\"


tenderes e fôr' r.nister ; e UQ tocante IlS cousas e diligencia~
que 'ordenares para o eqsaio e averiguaçuo destas minas.
guardaráü vossas ordens os Capitães !\1órcs, e Officiaes
dll miqha Fazenda, J.u~tiçll , e Guerra. do districto das
mesmas minas sem contradicção alguma, assim de palavr.a
como por escl'ipto ; e tereis j4risdicçiio sobre todes os na-
lura~s , rnoradore's , e estantes nellas; os quaes to~us para
V dito eifeito scráõ obrigados a guardar as ditas ordens 6
mandados: confiando de vós uSilrejs dll maneira, que f~­
zondo-se o que convem a bem das ditas Milla's, !l o
meu serviço, não haja cousa de desavcnça , cumo e8pero
da vossa prudencia. E para qUI1 vos fôr necessario das ma is
Capitanias do dito Estado. mando ordenar ao Goverpa ..
" ,dor Gera I, c aos Goverpadore§ e Capilães l\lÓ1'es, I)ii~is­
tl'OS de Fazendíl, Justiça, e Guerr.n yos ncudüo com aquil\o
que lhe pedirdes e fuI' mister para bem das ditas minas, II
5n;! adininistraçijo; e quando o não fação (o que de huns
e· oulros não espero) , entüo protestareis contl'(\ elles, ~
dareis conta 110 Governador Geral para-.mandnr proceder
contra os que O forem ; COII~O houver por meu serviço.
fara o ministerio destas minas, leva is em. vossn compa·
nhia aquelIes materiaes que pedistes, e juntamente pnra o
primeiro serviço 40o~000 rs. de emprego. E pDm que dalJui
~â forro na arl',:cadação que convem, tudo: Hei por bem;
que das pessoas que levais , n~meareis logo Tbesourei(o
e Escrivão, a quem dareis juramento para que sirváo co~
plO convem; e.?o Thesoureiro carregará o Escrivão E;lD
receita em hum livro que para isso se lhe entregnrá, ru-
pricatlo por hum ~liois~l'o do l\leuConsclho pltl:alIlnrinQ
mo DE J''ANEIRO.
DO :!l~3

naguá e de Sarabuçü , no Sertão dos Gataguazes,


que depois recehêrão o .nome de Minas Geraes e

Todas as ditas consas que aqui se vos entregárão, c ris


mais qn~'pelu~lcmpo ·a diante mandardes receber, e vos
de-vem no -Brazi\, e das entregas passar<Íó os ditos conbé-
'Cimc~.tos em furma, para que os Officiaes da minha ,Fa~
~enda , a que tocar, (Inc sertlo vi~tos por v,ós e rubl'Ícados~
]lara constar a torJo {l'tempo do que·entrou em vossa ad-
ministração, Para o primciru en~aio e ga,to dulle vos man-
dei eRtregllr neste Reino 40o.Jbooo rs. de emprego, 5013
1lrrateis de azougue, e o mais que pedistes, e constará d@
tino da receila do Thesoureiro que nomeastes, para dM
conta de tudo ~ e se de~pender tudo por ordem, e instruc-
-ção vo~sa. :falllbcm ortleno aO'Governador Gemi do Es-
-tado vos manlle dar da minha Fazenda pe.lo rendiment'o
das balêas da··Bal1ia até trcs mil cruzado~, para vos irdcs va·
lendo.deste dinheiro, dcspendidos ~ 4oo~ooo rs. que ·le-
Tais de empl'cgo; por se entcndcr que com eslas quan-
Úas se potleraõ continuar esse dispelldio , ·em quanto me
dais conta com ,as amoslms' de prata que:lirardes desta·s
mina~, c a quantia que o Governador mandar entregar,
ordcllureis -se carreguem em receita ao Thesonl'ciro, e S6
lhe dê conhecimento e.forma para a despcza do Thesou-
reiro Geral do Estado nn forma que se-declara 'no CapitulE>
segundo do Regimento.
E porque para avcriguação -e beneficio destas Minas ..
.,.os haveis' de ·valél' dos Iudios e mais·Gentios domesticos
elos' meus 'Vassailos, e das Aldêa-s da de minha adlÍlinis-
.Iração, as obr.igareis a que vos dêem por distribuição ~
aqudles que.vos [arem necessarios, com que i6uãlmente
(mbalhem todos, aos ~es mandareis pagar o seu tra-
.!ialho, na forma que Illlqu.c;lla pal'te se pratica. E dado
TOMO.. 11. :l,9
ÁNNAES

Sabará, com instrucções e~ forma de Regimento


para' a boa ordem do serviço que estava enoar~
regado.

{) caso que vos seja necessario valer-vos dos lodios que


ainda não estão domestioos. mandal'eis. pessoa que vos
parecer a ter pratica com. clles ,para q.ue com bom modo
{lS persuada a vir trabalhar nas miDll,s, e ii estes lpanda-

reis fazer SCII8 pagamentos na fOlma q.ue no Capitulo 4°


-s-e vos. ordena e dedara; 6 ã huns e outros Gentios tmia-
l'eis com bom modo, nllo consentindo se lhes faça vexaçã.o
alguma, antes que pontualmenle S~ lhes as;i&ja com seus
pagamentos.
E 'no- pagamento q.lJe mandal'd~s fazer aos ditos lnrtios,
usarei'S da forma seguint'C ; o Escrivão qtJe Do.melll'des. q,lté
ha de ser·"ir 00,00 o.1i'hes(}ure'~ro .. será juntamente. àponta..
'dur', o qtJat cOlm hum. cadernOt sepa-rado q.ue V (1.5, lIubrica.
J'eis, os5enlar~ por dia todos os lindios q:ue trabalha,rem,
e qua.ndo. SI: lhes honver de fazer pagaiill:ento e tirará hllm
rol do drç-o qlladerno do !,OBtO 6xo. e ossiguad!o pelo ditfíl
ESCllivfr@, ao. quall -mandareiS cmnlar p-e'la pe'ssoa que V08
paTe~r., assim C~tn a eer~iooo da dila pessoUJ maudarcie
,filzer o dito< p.agamcntO' por \~o.~50 despacho;, e pgrque os
]ndio1l nã-g s3Jbem assigoar, de como I!ccebíl~ãOJ, assigna-
reis \1ÓS ao tal pagamenlO., c WlD. oubra certidão, de COl-
mo assim se fez, e verba posla no quadc-rno do panto será
levado em conta: ao Tltes.ou~eDro que fizer.
E por qu.a'ulo os s.otdos qlte-yos, c 0-5 Officiaes d,a.vossa
&dmini5'tra,\"áo hã~ de vender, vão. p.o·r li'1:oVlisãa a parte "
.(Jsse VlO'S hão: de pa~ar pela§; e:fi'eilo.s da mirl'nlJl Fazcr'Lda na
Bahia. de todos os Santas, n.ella d'eclaraná o qlJe cacbl bum
1m de vencer pOll mez. e SCi lhes ha d-c pagar p.eLo 'l1hes.ou-
'Giro Gellal l d.o· ESla-do, na c.:-o:nsignação. que a Pl'ov.isão
no RIO DE 1ANEIRO.

Estavão a muito tempo descoberta& em ,S.


Paulo as minas de ouro de Parallaguá pelos tra~

aponta. de qu~ maod!J fazer aviso ao Governador Geral,.


e ao ,Provedor da minha F.azenda. de como e~tes ~oldl)l!
hão de cot'rer do dia que chegardes á 'sahia. ncHa se fi!rá
folha particular pelos Offioiaes da minha Fazenda, e COU1
Alvará de correr, do dito Goyernador Geral. e nesta for~
ma se vá conLi,nuando o pagamento, e aos dito,s Officiaes
com oertidão vossa da sua assistencia e tra-sllldo da dita
folha. (l nell. recibos feitos pelo Escrivão do Thesou:reiro
da vossa administração, do que cada hUI.I) .recebeu para
safisfáçüo do ThesoureiJ'(J Geral d,o Estado. pelo qual se
tomará em co·ntll. Q que assim dispeoder COI~ o traslada
deste Capitulo que se -lhe tl'asla,da.rá na fulha.
iE porque se tem noticia que de maill das minas a qu~
ides. bit ourtras no Sllrtã'Q : Hej por bem. que ç1epois de
tea'des a V'eriguado c cntabohdo -os doa d,jstrictos,o que agor~
iVOS mando. fareis toda a diligenoia par-a a averiguação del~
{:Js. de que dareis aviso ao GoveruadOl' Geral, e por sua
\'1a mandareis contn da dita diligencia q,ue nellil fizerdes',
'e itio cm flue esli verp.m. e vosso informe apparec~r.parn
-dispôr o que mais c~.lOveni~nte fôr ao meu serviç..o~ E ou ..
tro sim .: Hei por bem, que seja,is Administrador Geral dai
ditas minas 'Cm quanto eUas durarem • ~ nellas tere\s pOr
der e jU1'isdicÇão [l~ra seguir o que mais conveniente fô~'
.ao meu servjço • tendo juntamente com a mesma d.u.raçiiQ
o 'cargo -de lho,vedol1 Geral dellas ,para pôr .cm ullrecaua-
.ção o que tocar á minha Fazenda, mandando carregar. en~. ,:
~ece.Ha ,ao l'hesouuira tudo o que pertencer das ditas mi.
2-9 ...
",
nas, pondo na forma que se prhlica nos· Rein09 de CH-
Iclla para nomear Officines.
E por qUlfntt> esras minas se abrem d'e novo'. e'se' não
S:lbc o seu certo rendimento, e mo~trand'!) li experieóciá.
que etlas o tem por seu ben~fieio n:io poder correr por
conla de minha Fazenda, com as lIIDustras da prata que<
tirardes ,- c beneficial'llcs me dareis conta- de que ti·
"Verdes obrado, e' eslado deli-as e seu - relldilnento, muita
pelo miudo. com vosso parecer e informação. do- que
se deve :leguir. de que me fareis aviso,. e. ao Governador
~eral, pa111 que o en'vie na -primeira· embnrcaçã~ que vier
para este Reino, de que mando advertir ao Governador
f.eral do Estado, para que não haja d~tença·· em me viro<
dÍ'lo avi:lo e·as amo.lra!h
As cartas que levais mihllas para as'pessoas parlicuJ'a-
res, que pareceu mandar-lhes escrever, lhas enlregal'eis;
e vós valereis dellils , no que fô., necessario para a· execu-
ção deste Regimento' e beneüeio das ditas minas. E de to-
dos confio que pelo zelo que têem dé meu serv,iro, não
raltaráõ ao que lhe locar, e lhes·' saberei gratificai': e sen-
oo-vos necessario guarnição.· de sohlados' para defensa do
&-itio das Dlinas por-causa do Gcntio bravo inlenlar desoer
.a e\la, vós valerei~ du G{)vcrnador Geral como lhe es-
crevo , e da Eapitania que vos ficar mai .. visinha ao lugar
.,qtic fÔI' necessario defender, dando conta ao Governarlor
~erál. 'cm quantu me f<ireis av·iso , e ao Governador Ge-
ral. do que ex'eeuleis no cnlabolamenlo destas minas. O
'melai que tirardes, ireis pondo naqueIla forma· que he
e~tilo • e eslando em sua pcrft:ição, o Inandareis carre-
gFtt" cm receila ao 'F·hesourciro, que com vosco servir;
IIcm Q divertir a outro effcilo,"e em quanlo não fôr ar"
~. Uli~ha para, Q' modó, em q~e se- hll' de clis·pêr ',. e re..
DO RIO: DE JANEIl\O. 229

halhos do Paulista M~noel Pereira Sardinha (I),"


que bra\'o e valente' conquistou di\'ersas Tribus,
de Indígenas. D R_odrig@, munido de poderes, e
de titulos de tanta honra,. ganhados' pelo favor'
e illnsão'com 'que soube deslnmbl'ar ~s vistas do,'
Governo ,. se embarcou· como lhe fôra mandado'
em' Lisboa, com derro.la para aquclla Cidude daJ

parlir, lereis enlen(H,!u que tu rIo' em '1ue Ilerem de lu·


cro as dilas mina,; he para minha Fazenda, I: 011: ireis do"n-
do conla nas·' e~n1Ja'rc 'çúes q\le depois do prillleirlJ aviso ~.
e as amoslras q}.JI:. lIIandarúes , vir.:iõ para o Itdno J coro
rel'ação da I]ne leu,les em ser, e o seu rendimenlo l'ara ell-
ordenar o qne mI' serviu·o.
Esta inslfll'l:çiin c Regim'ento pelá maneira que nellé ~c
eont-ém segnireis, e cumprireis. E mando ao G"lvcrnador
G.eral do E'ladu do Bl'azil; C aos mais G-overnallures e C.a-
pitães 1\10I'('S 1J,·II1J ,.OlTlciae·s de Guerra e Jusliça , e Offi.-
ciaes de lIlilllla FoIZelHla, e mais Mini:;tros, Offieiaes , e
p-essoas do dilo E,lauo a ll"em pertencer, que a5sim o curo_o
pr.ão e fação cumprir' e guarllar sem uuv.iJa nem embar-
go dos seus Regiinelllos , e d.e quaesqlJer uutras Pl'Ovisões
e'instrucç:io que em cnntrapio haj~. porque assim o Rei
,por meu serviÇtI. Elsta val'erá como Carta, e n.io pu~sor:i
na Cha-ncell.iria ~ellt, embargo da-- Onlcnaç.io do Livro 2,..
'f.ilulo 39" e 40, .CIII c(,ntrari't, e se registará no Livr0 do
.
.Conselhll U1tmllla~inJ l c nus ESlados do Brazil, }'azenda",
e Cama.ra ollJe rôr nl'cessal'ió , e mais partes a que tocar
J!al'a a lodos ser nolilrill. - Antonio 5êrrãa Je C"rvillh~·
o fez em Lisb'oa a 2S- fIe JillI!to de I fi,3. - O ecretarió•.
lIanocl B~rreto ile S:llOpaill o fez escrever.-Pl'incrpe.~
. tI) Dito Archi.vo Livro Tit_ lG:,5.'1 paGo 1--14.-
Q30 ANNAES •

Bahia ,<)1)de recebe't tudp quanto pedio', e cujá


assislcDcia
. fôra decretada:. elle com effeito se en.,
<mOlinhou para os SertPes do Tabaiana, onde só
iuuI.timeote conshmio o tempo e a. padencia ·dOi
queoacompaohárão,despflndendo <bReaI Fazenda.
grande somnu Bem o menor proveito ~ pois que
nem ao menos obt.eV'e COIlhecimento dos mineracs
da 'Serra , pois que elle não tinha sciencia que
in1Hdcava .daquella arte da explQração e direeçãIJ
das minas, nem mesmo ~ pratica dos ensaios
metatlllrgicos , qtre desanimado dos successos que
ou sustentassem , ou prolongassefll as esperança~
dos descobrimentos das minas de ,prata, que 0l\
verei-ade a na.f;Qfeza ,ali ,Creou , bem co,~o o cobre
() &é11itre, se resalveu pqssar-se pava a Villa de S~
Paulo, 'ond€estavã(J) abertàs e cl1Jlti~adas as q
OliU'O , clescob~rtas por ~q1:H:l1e Sardinha!

.§ ~8.

_ a companhia <laqnelle Administrador Geral a


lllando~ O mesnlO Principe se 'passasse ao desco~
l:>rimento das de Pavanaguª- e SaiJ'abuçú, a ,Jorg(t
Soaras d~ Macedo., com a Patente de íl'Mellte do
Mestre de Gatllpo G.eneral ad h0ílO'rem C(l)n1 26tf;
rs. de soldo por mez , pag'os na Rahia 'pelos ren~
dimentQs das balêas, para começar o vencin1ent~
do dia que embarcasse :naquelle porto para o re7
ferida desc.obrimento, seado porém aquelle d~
16;jj)ooo.rs., Ç1D qU~lltQ pão p~rbi&se para. ps,des-
DO mõ DE JAN};!RO. .9',3 1
cobrimentos. NaqüeUa Pitebte q,ié lhe foi passaôa
em Lisboa a 30 de OutLíbro de dry'j 1 se l'elatão
os seUs h(}fiS serviços e él'l3d-ito pl1l:dito (1), de há-
ver servido mais de vinte e éitiéo àrmos âe soldll-
~ do, Alfel'es , Ajl1dante, e Cápitãõ dê JI1fáofái-iuj-
embatctilliltl pára o BFáZil na Armáda tio allttlO c1~
,J65~', que VQltarído ao Reino Sé passttrã parã d
'Exercito lla Provinci:.:l do Alétnfejo em sdõCdno da
Praça de ülivúnçá, e testalll'açàó da de Mo irão j
estar no sitio de Badajoz e ~catá daquel1a YiUa ,
~ que estivera igualmente no dá Cidade de Elvas-,
1:) na Can1pal1ha de ÁtonGhes , é J ttrurnãlilha; e

'na C:>écasião ElíIl que veio (,) Dl'qU€ de S. 6ermãó


I Ie- ~am,po:Maiol'i €ém mí} eàl1tentos eavallog;, que
estivera seis mexes de gnarniçãó' em PQr'~o Âregre-
com o terço de Cascaes, de que era Aj lldante ,
por se j nlgar que ali h:ia ter o inimigo; assim co-
mo estivera no reencontro de Odezibio~ e bat,alba
do Ámecnial , romada de VaIeoçf\ de Alcantara ,
hatalha de Monfes Claros, e Safá de Alçaria' ue
-Gusmão, tomada de PayIílo, S. Lucas de Gua-
diana, JiDetrião, e Trigueiro's; que esteve tam-
bem na guarnição de l3'eja e Estremós para emba-
raçar a entrada e hostilidades do inimigo; indo
depois acompanhar ao seu Mestre de Campo na
,reconducção do referido Terço, em que se houve
'com limpeza; que depois embarc,ára em huma
.-:-----~ ...... ~--.,.....- .......-.-.,.--~, .....-'-........~~----J.
, ~I.) Dito'Ap0hfv(} de S.. PallJl()ll~v:p() :fH; 1~7'5, pago 2~.
~õ~ . rANN AE~ _

Armada' que sahio a correr a costa, a cargo ao


General Pedro Tuqnos de Magalh·ães; que assisti.
ra na guarnição de Cascaes, .passando-se depois
ao'Brazil com o cargo de contador das minas de
Itabaiana, e Capitão da ~(}rtaleza que se. ha'via de
formar (bavendo-il); que em,cómpalihia do Ad-
ministrador .Geral D. Rodrigo de·Oastello :Branco,
.executara todas estas diligencias ,cpm par-ticular
zelo do Real Serv~'ço, além de andar pelos Ser-
tões perto de mil legoas, voltando ,para o ReinQ
~ta Náo S. Be~ro .de Rates, dando;pessoalmente
conta de tudo que luI;via feito, .partira para Se-
:vilha em diligencia particlilar do Real S~rviço por
.posiLiva determinação Regia, havendo-se em tudo
.com acordo, valor, e sa~isfação.

Tanta.foi a. confiança que deIle teve Q Principe


Regente, que lhe' encarrego,u no impedimcnto do
Administrador Geral, se passasse a de~c~brir e
'penetrar .os Sertões', dando-lhe conta bem como
ao Governador do Rio de Janeiro de todas aa
noticias dos descobrimentos, segurand.o as pes-
soas que,o s~gllisseOl tI) de ~erem 'remunerados

''(1) Dilo Archivo de S•. Puul!>· e 'Livro pag.. 2Q, Carla


'Regia, Jorgl:s -Soares dc'l\laccda.
Eu o Príncipe vos envio muito saudar. Nas ordens qU1t
~, ia ~o A4Ulinitilr/luOr D. Rodrigg de Cllslello Dranoo', pll~
DO RIO 'DE JANEIRO. .li3"5
'pela' Regia bcneficencia ; 'ordenou-se por isso aes
Capitães Mores, Officiaes de Guerra, Justiça, e
Fazenda, ·e .aos da iCamara lhe prestasse todo o
auxilio e f&vor : confiando, o Monarcha na sua ·ex-

,em vossa companhia passar 'as -Capitanias da Repartição,


para efl'eito de fazer as diligencias das minas de Parana-
guá, e em sua f~lta .as qa Serra de Sabarabuçú , se pre-
Vento. que sll~do
caso que pe10s seus ac'haqucs se imp'os-
sibiliie de pod,:r 'passaT e penetraT os sertões elas ditas Ca-
pitan~a's', fique '00 sitio 'que lhe parecer, eID_ que possa
fuer a.)g.uma experiencia com João AI-ves Coutinh.o, que
ar,deuo vá em sua companhia; e :vós, por conveniencia de
meu serviço na ·forma das adverlencias q'Je. aqui se .vo:!
J. •
fizer~o, passareis a descobl'Ír. e p.enetra'r aquelles sertQes
por se dizer poderá nelles 11a'ver o que se procura, e
tomadas as notiéias com attenção aos sitias que desco-
bl'irdes ';' e 110 que mil'is aahardes me dareis conta, e·e
Ulesmo {areis ao Governador do ·Rio de Janeiro, D. l\1a-
noel Lobo, para que informado por ambos possa dispôr
o que hquver por bem. E Bara est.a jo.rnada que fizerdes
levar.eis aquellas pessoas que vos parecerem mais conve-
riientes" ·e que tenhão já penetrado aqueUes sertões, aos
qnaes segurareis que desse ser'liço que me fizerem eln
~ossa compa-nhia, poderá'õ esperar de mim remuneração:
e quando 'vos· sej,a necessari.o ajuda e fa'vor para este -cf·
feito ,. ordeno aos Capitães l\lóres das ditas Capitanias,
Officiaes de Gue.rra, Justiça e Fazenda, e aos Officiaee
das Camaras vos dê.em o que lhes pedirdes, que assim o
Hei por bem, c da vossa experieucia e zelo espero que
neste negoc·io procedais tanto ao meu contentamento, qu'C
tenha lugar de vos fazer mercê. Escrita em Li~hoa a08 1 g
48 .J.>ezem«o de 1677, -Frine-ipe. . .
7000 lL 30
2..J4.; !: 'N~.

l~~F:i~}~iale· zQlp~. qu@; ll~~~!ie' tlWiO: ~ ~elL QoO .


t:eq1ilm otp, IlilJl:'.J,ft~.~r;V:iC{t~c;p1.9 lPc~~rl:e~e. fiw.tlÓ'
J1íl~, QQllW~c:ulflp.ritt, ~ Gtln~J:.o~de iQ' &a
A;n.i~

0,5 CªllJª i?t,~s~ qe.S, ~~qj~. tigb~~í:~p!es.~ntJld~


a jj!J~~J)tafLc~ª( GP§' sW!:V:Ífl9 ,,~1P' qJl,~.'s~&Alpe!lh.~Ilp'~;
fia Of>Iiqpis:ta 'doa; }ll1diganus, ll~rhaoo dtls JnunJl~
dlaçô6s ·da· Bahia- , 6> pediroo 6ID' T-6mt10el'açâo de};..
les ~erém alivladbs de págar OB impostos do 130-
naJJvo d~ Inglaterra, e :{>à,?: de. H~lJaoda , deter..
WiOAARs",PrQ,~ ~l9.enS J.3:~~, s '. v,i~.to.s~f1\ch;v;epl.lm~i.
e~~a stp.~ cl.~:If!eiR~tlpta,. o~ p.ag~r~m~JeJ. at~»@.çb
ás'grpnd~s dftSP~~~,-cwn. qll§ lt!~11tªJ.~QJGO..rnQs.J·a_rtt,
mado8 paro- rednzin a.obedienoia, e. pacifioação<'osJ
Inaigenas; com o rec-ouliecime.nto<do.suave-jugo-
~~ adplj~ist~aç.ao ~ublica.e jngo da ~ei , dq q~let
~ ~.nIU\fji.,9 iq~o~ll~aJr~eis.bellefic,ios á G~pital dQ.
;~!aP.g,:qJr ~mÇ9~.,.~ .a~ t qo~o~ nr.~wJJ 'JP.f\f.é\.c.ujo c.f~
f~it~,ak~~§..I;~rÃ9. tio_ ~~S~<;9.IDP e.s~ro.~~Jhr~ ....
nbas.; passªlliioerninelltesJ~erigE>s~ voluotariarnQllttl
eX'p'atriados·, fazendo- 00 m€sJae tempo·.servJç.o~
d~ l:!uma mag~itude incomparavel' á Mtmarchia,
p'~!'1S_ d~~~op~rtas, q1,1,e se seg~Iitãq é se cJféi~u~·
:ft~. t:.W,,~~ns~Hp~J).Çm. d_a st;l.f! cpr~. e.rod~~llo alll.0l',
cW·JlW\t ~~ViÇ9 J,~:s~tjsff\Ç~9 .. d~.cQ~,~.oo . <t~. sw::yi~
rem uo 5e\1.P.riDcipe:;S~~fap,(kllti~t~t.; GQA;~
DO nIO' 11m \f~NErRO. ~-3l)'

selhos -do -Governa ela Monal'ca , -est·Qn$ 4€or..e~


~ad.b não ~el'€lesse ~lFum ,mo:inenlio lIe 'a'0qui-siçãó
l'espec'tiva ao connecifileJito 'âasIÍ'i~fiêZàs .'atm"aes,
bavehdo se 'm,hnâaao appIica'r pata as 'despez~
da"lll~lles ex~mes as contiib'ltições que os Pàu-
listas pedião de ser.em ~sep.-'tQs ,pagHJ.' s,e fhes escre~
~€SSC,[C6m~se.feZ.e.ln 22 ~e .N~ ,~l'O çle .1677 ~
pnra .\fliQC &~
prestassenil :as ·Reaes tlett€i'.mim.aç'êes !
scguruntílo-ihes -que ~tl~fiId'ét'ia âtt1,clles ~levaAlJe8
s~t"ViÇ'O'5, 9'l1anrlo fóS's'é Jó'c'casià<:) 'üpp'P'rtuha ;. tbà~
9ué;1uân não p.J.:Qd.u:iissem os ill'teresses qne se es-
,p.er~Y;ão , as minas de :P.aralluguá, que hav'ia cn-
Çíir.l' gado a ,direcç.ã0 e admiuis.traçã~ aD! Rodr~­
lf}0 cfu' ,Çast€lIo J3lI'milOO, -era do R-eal 4,gl>a~lo que '0.
.iel'lét'lte Gét\Bl'UlI J~1)['g.e 00;31 es 'de iM.aced{o , -se p~s;.
sãsse ás 4e $aba1'a!Qtittú, 'é que córitreééndô q\le
J~ada p()d~rià bhtel;-sõ dê lnrpõttancià s'êrtl b ii.d...
jutorio daquelles seus moradQJ;'es, esperavã que
~nl;tan.do d~ se p~,r e.n~ e~~ctiç~o aquella jornad.~
~UéS 01' aj\ld~s(l-~~ , dando novos. motivos á Real
-9'emm:~sidade, p.ara lhes attendel" ~Oil~ ~s acres,-
úént.àlllênf<>S tr~e fjiel'eciã~ (r).
-----'------"-=-=-==--'-=' - _..- - " ....-. .
(I) 1')ilo ',hch!vti e tlvrÓ }lago ~'B li ~t!glió'te CaÍ't~
Regia aos Pllu~istas Úfficlaes da Call1ata de S. Paulo:
. Eu p-i'rifi.cipe vôS ê"?'Vio mIlito sàúdar. Vio-se ti vo!!~
~al·tll de 22 (!e Dezembro uo anno pll' slld~h e d que lnl!
~epresentaste5 s~bre () imposto do donativo de Inglatcna
~ paz de Bollaoda, e ser,viços que. esses moradores Itlcl~
feito li eEla Corôa . na Conqllista dos Indios bnrbaros 41{
. '., 50'"
)
Reconcav'o da'Ba-hia, o'que cm toda a occasião dos s'eu.
acres'centamentos lhes hei de mandar deferir' como mere·-
cem., E porq!le ora fui servido resolver fossem ae desco-
brimento das minas de pr,g.til c ouro de Puranaguá, o A'd:-
mini.strador Geral D. Hodrigo dê CasteIFo Branco, c o Tê-
Dcnte General Jnrge SQares- de Maccd'O', para de liuma ver;
se vir no conhecimento de que ha essas- minas, e de todl}
se colher o deseogallo de que afro présis'tem ;. mandei ap..
plicar a este dispendio o dito impopte" e o mais de5sas.v.illa~
,da Repartição do Sul, POI' se achar minha Fazenda tão ex,.
hausta, q!le não liouv,e outros effeilos'p'ar-a se lhe appIH:~r ~
«} sati~fdzel' a Ioglàtcrra e paz, de H ollanda pela déste .R~eí­

no, o que ellás importão, e desvanecendo-se o intente


elas minas de 'Paranaguá, lhes ordeno passem á S'erra' de
Sabllrabuçú. E pOI'que não poderáõ fazer sem adj útorio
desses moradores,. como Icvão por insir,ucção " e com,m q-
uicando COlDVOSCO o modo com que se pode fazer esta
jornada,. a disporeis; e os morado.res que me houverem
de fazer este serviço', quando sej~ em numero ,.que se
nle haja de nomear Capitão, que vá a ordem do, Tenente
General, o nomeareis'; e fib do' vosso zelá, e do b'em
que tendes assistido ao que toca em beneficio desta' Corôll',
obreis uisto> e na entrega do, que estiv-er de-veo'do do elo-
Ilativo, e fÓI' cahindo, para supprir II de~peza do que fiea
l'Cr~rido, de modo que tenha eu que vos agradecer e de_-
ferir em vosso acrescentamento, como merecem tão lene.-
Vassallos,. Escrita, em I~ish0a ,322 de Novembro de '167~'
- P.:rinci pe. - Conde VaLdos Reis. - Para os- Officille-8. da.
~amarll de S" 1!aulo.-
./

DO nI<Y DE J!NEIRO.

§~~r.

A todas as A'útoridades do Brazil mandou o Prin-


Gipe Regente (I). communica~' as ~ommissões da..-

(I) Eu' o PI:incipe como Regente e Governador dos


Reinos de Porrugal e LUgarve: Faço saneI' aos que esta
minha ProvisãO virem, principalmente ao ~lesrte de Cam· ,
po General Gov("r~arlor do Estado do Brazil', ao Governa-
dor do Rio de Janeiro, Capitanias lUóres, e Omciaes da:s
,Camaras, e mais Mi.nistros· de. Justiça, F~zenda e Guerra
da Rep.artiçiio do Sul, que por quanto julguei conveniente
:\0 meu serviça enviár úquelle districto, e ao de Paranaguá'

'a D. Rlldrigo de Castellõ Branco, Kdministrador das mi-


nas', e ao Tenente GenerarJo~ge S'óares de nIacedo,. a.
a-veriguação do que se diz ali haver .rlo ouro e prlll1'1; e' cm
Jalta passarem a.8abarabuçu'}, aoa4e se diz·ha ver as de prata,
e convir que nesta diligencia tenhão toda ajuda e favor,
que para o /;>om effdto delles' se' deve procural-' Hei por
,bem e maneIo a todos em geral, e a'cacla,hum em parti-
.cular. os deixem o,brar livremeute em meu serV'iço, o que
tocar ás ditas rnina·s" e às suas ordens e manuados daràõ,
Gumprimento.,.assim á ida, como 11 vinela', e o que pedi-
rem, por· seu dinheiro, não· se encontrando Ministro algum
" na disposição das dilas mina,s e desoobriment'o:dellas, fi
,cando tudo ri direcl,lã.o do dito &dministraclor Geral e Te-·
.nente General,. e de toda a gente que fôr elli sua, compa--
, .nhiq, e os ~i.inistr,()s de minha Fozenda,entrega~riõá ordem
do .dito A~ministra.do, ,Geral) toda a que'houver mister; e
não estiver apIllicada. ao sustonto' dos- presidi()s, como,
,lambem ôs quintns de, ouro; e com conhecimimlo cm fOr>--
)1111 do seu ThesollfeÍl;o, feito pelo E~el'ivão'do seu,cargo;.,

Ilisignados l!0r ambos, e rubricados l!elo dito Admini.sua!"


'1l56 íMiNiA1!S
'das a a'quel1e adminis~r,addf Geral, e ao Tenente.
Genera.fJorgc Soares, para' se ~ump.riref?,l. as suas
. órdens nos o~jectos que 'lhes-res.pertayão daqncl-
las dHígencias , e 'para ent-rcgarem ás SU~S dispo,-
síçõe.&, O.S êfIn:heÍl'os <J11~ pedlss~Jll ~ nüo .sendo o,
'd~slin~do para, o S~lS.l.çl)tO dw;.Pr~idjo,s oe ,os Q.uin.,.
lQs '; ..§l l,l.~m as.sim. P. ck1~ ,Ca,l(lélfJltl por <CtlllÓ é,\ U!ls,...
. ~~~~~ '~(>rr,i9\(j), ~ w,br.aJílças do iD.0;ll'llrtÍ'Vt@ de 1m.....
~late.t'ra tile "Holtaodia, qoÔ q:~e <:ines pToâ'U~
e pa~
~issem ~SSi~l e!.:isterl'f;-es , ce.1I o dos que se f~ssem
vencendo, permi~ndo que ii excepçélo desta des-
·pcndes~erp. as ontrils COlJs)pnflç<">;es I..l~s diJ;,g~cias
,~ai5 J.ninq.s, ~~,9.lJ~q. ~ fo"fUB ~a4it e~ 9. seu ll.c ,
gu:ueJ}. ..'.•
'P. i\

J;l~il' ~e.ral s.,:·~ ltJT"ado .em cuntia ttos OffiOia68 que 1lfJe-relO
. dil.Jl·l~lrtlg~, 1J.9 qutlldcxe~ 40 seu ,1:eoeb'Ill~Dt{) ; oe o
lelltJlfl !l~/lcUl.ar;i,~ 0.8 (i)aiE:iall~ da .<Jaroal'll e J.llepYla~OS ~
QIIJ:I{; ps h.fl11l\'.er qJt>r ,q.uem cn~r~ 'o,d~aCiív() -d~"Ingdllterr~
~ 'píl~ dtl 'B~n~fJd~', piá'rA ~1I6' 'as 4ilíl~f.();m~u.Jhe fa~ão .ef).~
J}l1l.g!l·II.Q q'l-I~, ~,'lli!Y~r. dobro:do e 'w Icabi~rl~., '{,o1' 'eu JllIVC1'
!P~ lbemrqull {Htl5.djJjgc.nc~l).s'Jqtro ,vüOq>O'S~~~N:I&SpenU r1hu·
JJ)a e. !J;t1JIllÍ ,GQD5:31 Jli\)f~lllJJa do ,,~u Uéglim6Dl'O. E jl8l{\ se
, ij.lllpr.irill-lJ,lu1to illlenur/n!entc:.cQmo Rella·se contém, e·n'oío
p;l~PU. p.ele (Uhn.~cllopia,.e .tale,,~i como 'Cl\rta, ~eU1 em-
lMl!glQ da-'Otr!bllll)ç~O d'o Livro apfIfll. :!iI}, e'4o ern<c()nl'ra~
ripA 1MllnOfli R:o:dl'j~1l8, íhl'4r8~1ir,im 1(1 féz -e~ LLl108 -n '2~
. ' ,

fl ~Ol'Sllrlhf.o Fil 1677' 1@"Secl'etar.io - Janoe! :Jlarrelo de

O\ll'f)-'tiQ j) itl-ziescra,v.:er.,.,.". Príncipe. . ();(md~ <te V-a1 8o~


lk.i~,. llJ!Mid.enle.,....., DíI.D ·~rclíi<Y.o o Li.v<l"o de S. lP~U'() pago
o • .,f
I

~~ & $p~Ui ~~~'. I " .


1)0 RIO Di- JWNEIt\.O.

.A:nhelàndõ
, . . . O mesmo Oro,. .... v-isnrs- mrri
Pl'.Ínci Je C01IT
h~mfu~sf\S.l~r~!fiover os desco]jrimento~ çlas D1in~l!i
de. .Q-çatfl· e 9\lro de I?araqagu,á.,! e Serril d~ Sabra-
b\\'}}L,. o,rp.epo .. aQJAdmi.Q.iSã'~dor GerílI. q.pe nro-
me.lJ[ease:: no ~l:)1 Real N,Q~ él,f;)S'lq&le..ª~G~n, anb.as...

(lJ) UiJp, ~iv~o 6- ~rq~i\';o ~.Qt 3{} e, egW t%" " ~l.v~r4!,
dali. Mal ro.ê~'l .
·E.m o, Pj1Íloihe~ ç,olp'()·ne.genl,~.·e Gio.v.~roa.dor, dps n~1l08
de nOl'tu~lQ. AIl}{l.J:~;, F.aQP. SJ\p.e.l' a.vósMD~ Rod.rj!Jo. de.
€ll1t~ltlJDrlUlQ!); Eijla-l&o. dç M~nha Cas;,a'1 q.u.e:qr I\viO-
aO·lde5Wb~Ul(}nto. qe. wata. !l>. o.uroJd~ ~,a1JlP., g. á. e. t?prra
4e..>&b.arll!lw.9 '.,. q.uCi',ppr.lw v,ilj 1\,0, m~q sftriy.içp q,e P~s.~
S~., dilígeD~ia.s! S~r p.ouha'lt«!4p q(QP!'!a#0 ile. B' a, -eHe. de~­
oobr-imwLo 111.O:~1 p.Elissãir. a<lQ1llWJ'nharG a!U!el!~s e~s'.oas; q.p_~
dellas\ tÍ\ erem~n!llici~.. UeiíP.or Qelp que os q,ue: ios',l4loO!'l'
J!8llltaret.ma suaLQusllli', ,a.:. eS,0,O~rJte!Jl;; qu!\es!tuerl !!as d'tas.
minasl, seudn.. o. m:in1\r~.1 &x..o ~. de s rle. q.ue ~e4unde. elJl
h1m6fieiJ)~ destlll.OqrQ81, v.ps,lb~ Pl'05~ais, Pl'0mell,Crem, lJl,~lt
ll;()1)lC!.h'UiIiDlIHubi/lQf)QlI<, Q,ru~tp(d,e,Chi·i~tp_., ,«)wUS) ~e ,.A..VJZ'i e,;
hum'deLS"JTlhioglO "qOm,j20..tJ) \lté,4~;1'8 Çff~lVOS a,·Cil,.....
da.,hlfJ:n; dQS .d·ilo~H~Qito.s"J n~,r~ndil11~lO das dilas mino9':
qtJe ,vjiá.éJaJ.coJtfiL:n:~a:~,P . Pr. ~ilP' S,cjs,.ieu-os ~e.Ca.valheiros·
~jdaJ@oB~~~ISçis., de"rtloQP lda,.·Caw~~a ~ e. s. tcra,resp,clt()..
ctlAfGr.w~ '. qi\llJ1Wad, ~a,s Pi~S!r.l'· erser.vi§lp qUl:dj~er~1D !'
pll1auh;Ü~cn~1n.Jde m~'P,.,(h fQIiQ:.:de.,F!i~·lgp f <Ire. ~liqtla C~~a::
e. O; JJ,lo%ll\.().ll'ç~P~ÜQ.sC(lepi.p./lll s.e~el;D,.de6flri1eqa.das .. aqw:l....
laS1l!eSspRS,1 q,~e.. se aqhalle!1! ,',leste.serviço conf9rme..o que'ó
,ll.t:ll,e.9~l;at m.. :& PIlra lO bD~ -effi;itPrdeslal,4i~g~ncia, S~ll­
·tl~ ne~e~*~ ~~g~r~m-.~.c ..·Ca~.Oj q"e~ ha j~()l, " S'!l,c}.n.al'oa
240 ,~NNA~~
se;'D a sua custa e des~obriss.em q.uaesquer mi-,
nas de metal fixo, hum habito da Ordem de Chris.

esta gente" sendo da ~iUa de $: Pau.1o·, e de 'sua jurisdio-


ção ,poderáõ os Officiaes da Camara da,' mesma YilIa nomear
80S taes Offi,ciaes" como '0 h,ão de fazer nas pc'ssoas que
forem de 'lá comvosco a "Serra de"S,lirêlrabuçú, 'prevenindo
tudo o que tocar ·a esta jOl'nnda com v'ol;à assisleocia. E
sendo as pessoas das outl'U'S ·YiIlas em tal quantidade .que
convenha eleger Capitão que os 'governe, o ,nouíeúá<J os
Officiaes da Camara deHas, ,com declaração que nenhumllJ
destas pessoas ,venceráõ soldo a custa de Minha Fazenda,
~?is hão de ser 1'emuflerados cem .as mercês referidas. E
todos cumprirdõ v·ossas ordens, e do Teilente ,General JOi'-
ge Soares de Macedo. 'E 'havéndó a·lgumas pe~soas de pres-
tImo que possão acomp'unhar-vos, 'as obrig-areís a 'isso,
uão 'com violencia, mãs cbm algurnas'.promessãs da !.\linha
palite, o que mandarei dar s'atisfação-, segundo o .succ'esso
da jornada:- e qua·ndo não ten'ha nquelle que se deseja 1 se
terá respeito ao ser'V'iç<l que' me fizerem pa-ra se lhes ,remll-·
Derar. E Hei outro sim por bem que nos descobrimentos
des'tos mrnas. repartição e lrabaluo dos Indig's dos Ald-êlls,
C(,ue se vos ha de dar, sigais o que dispõe o Regim.ento que.
levastes para os de l,taba-iaofla : pOI'ém de nenhuma maneira
~e cntivaráõ os lndi.os bravos, nem' se'poderáõ trazer do.,
sertões. Pelo que vos mandõ q'ne nesta conformidade ue..
ctlteis, e o mesmo o fara o meu I'tlestre de Campo, GeRe-
raf e Governador do Estado do Brazil. e m'ais' Ministro.
a que tocar. ilUns e outros cumprireis esta minha 'Pro..
vísáo multo inteiramente COID.fl nelJa se contém, que' va-
Jerá como Carta, e não passará pefa Chancellaria, sein'
embargo da Ordenação do Livro 2° Til. 59 e 40 em COQ-:-;
~rario. l\1auoel Pinheiro da FODsecll a fez em Lisboa a' !J9
no RIO DE JANEIRO. 24\

to, dous de Aviz, e dous de Santiago, com 20


até 40';fj)000 rs. de tença assentada no rendimento
das· minas, sendo obrigados os agraciados a man-
darem confirmar no Reino aquellas mercês ; foi
tambem autorisado debaixo da mesma condiçã6
da 'Confirmação no Reino " dar .seis Foros de Ca-
valbeiros Fidalgos, e seIs de Moço da Gamara,
tendo-se respeito á qualidade das pessoas ; e ser-
viço que fizessem para obterem ó Foro de FidalgQ
da Casa Real; e finalmente facultou aos Officiaes
da Camara nomear os Cabos que se fizessem ne-
cessarios para a "jornada da Serra dó Sabarabuçií,
sem venc'imerito de soldo ,-por deverem ser remu-
nerados com outras mercês o scrv.iço que fi-
·zessem.

Pelo Alvará de 29 de Novembro de 1677 tinha


sido nomea~ .( I) D. Doddgo Proved@r e Admi-

de Novembro de )677. O Seoretario [''!anoel Barreto d~


Sampaio a fez ·escreve·r. -Priocjpe. - Conde VaI dos Reis,
Presidente.
(1) Dito Mch,ivo Livro 0.. 51') e seguintes.
Eu o Principe eomo Regente e Governa,dor dos Reinos
de Portugal e Algarve: Faço sa·ber aus que este meu Al-
vará virem, que teudo ponsideração ao que se me repre-
se,ntou pelas experiencias q.ue se llzerão nos Serras de Pa-
ranagud, Das Capilanias da Repartição do Sul, e Serra do
Sabarabuçu, em que em huma e outra parte se diz haver
TOMO II. 31
242 ANNA~S
niStl'aàgr G€cil déT's.ttiitlã@ €lêll?al'à'i,'lághtt, e õ'erra'
de Saibara.b11l~'1tF " dom !t(;)'t/JOf(!làJ t!k de sóld~ -dG dia,
" 1 '1" ·tfit .. ! ..... 9='·~ ',--' ... ....,,~ .... ==.. . .., ~ ---'- e~- ....• .....

minas de Q'tiJ'pO: e' pra:ta; e GÕD;vir. à-ô' IDe sé iÇ'à, el a'G


hllm, d-cstes Rei.B0s-." ~ae Ele humà' vei se: fa'ça esta a-veri....
guaçii<,>, Eara c'ujo effeito ordenei ar D. Ro(bigQ de:- Ca-steI.l@
Branco passasbe por a-quella-s partes, na llJ,esma forina em
que o tinlia mandado para Ãclmi.nistradár Geral das· minas
ác Irabai'aoa, em qu'e não' no-uv'e e:fféitó,. e para o mieI'
odm a'qu'efl'e aeerfd' que' ifelltl cbn\lfo . Heií P()I' belli. faze'\'-
UUI ltl~rcê dã prbprj.é:dnid.e ílas> 0IT~áiô's dfe pJJ M-v:édàí1 e· AtI-'
lDeÍl'Jistraà.ol' Geral> das. miGII5'"qlÓe se d'eS'O'@J)rir~m naquel/lIS'
parles aond.e mando, e'parll q,ü.e G-sina dur.a-nte- eHas" e
conforme se declarava no Cap. 9f' das de ItabaÍana; e com
estes Oálcios haverá de soItIo por mez 40.jJ)ooo réis, do dia
em que sahi'r' da B'a hia' , pagos na parte que lhe nome'ei, e·
todos os emolumentos, pro.es, e precalços que dlrlHta-
mente lhe pertencerem, e'nasr ditas minas terá poder e
j'urisdicção para seguir' o que màis· ~onveniente fôr a meu
serviço, e tendo feito o entabolamento dellils , e que seu
rlm.dirneQtó impoilfe1ne ' pril'rleiYol ánnõJq~ulrl'etitnt mife uza-
dós Ilviles palla a',min.ba F~zelflfà, v!:n'ccJlá ]j)1.,I:HJdfflgo t pb-r:
mez-60.u>0Q~.r.éis ue-sQld-o-, a-ssi'lD-mai-s- íOO~€!oo'réis de'
taro e herdade, paM semprcl" pago t.u-d~· DOS mesmo 11endi~'
men~o dhs minas.' Pelo que' Hei pOIl be'm 'q.ueteste· se cl1m.:'
pra, guarde, e pelas partes a que tocar se lhe paS5'al1áõ o~
despachos necl!ssarios, daiidôl GumpllÍrrie:nt'dl at)' qué por
es-ta se' (Ieclarai q.ue lhe mandei pàssa~l' qU.e-lll·tãtlb . o ~eln­
po lhe farei cumprir e guardar sem du"'iddt rleln!éIDoargé'
algum. }\}'est-e quer.o·ql:lê'vaIl a' ê't'CO'h!llfór'ç11 1 e V'1f:,lOtfj sd-rti'
embrH'go de·l1ã-o seF: p<I!ls'ado'Il'ela Chall6eUaril1;,· i:! dó. Q·r~~
dénaçito em c\mtrohia, ,e1maiis1ollden5'qUe hou'\''C't.- l\ia'I1t'1ék
Ro.c1ri.gQes de··Amoriltl. a fez. emrLLbóáJ a 2~ de·N'óVe-in~l'&.
no RIO DE JANEI-RO. 245
'~m qlW sahisse da Bahia , com toda a jurisdicçáo
PÇlra fazer o que julgasse conveniente, e q\le feito
o 'cptabolllmepto daquellas minas, cujo rendi-
mento no primeiro anno rendesse livre de despeza
pí:lI;a a Real fazenda quauenta mil cruzados; elle
tetia d@. soldo por mez, 6o;jj)000 rs. ;- assim corno
;oo';fbooo ,['5•• annuaes para sempre de juros e her-
dade. I?or Provisão de 29 de 01,1tubro que se
aGhava no I\egisto do anno de '16;; ,dirigida á
Camara de S. Palilo a n.· 2{~ se ordenou fosse au-
'iliadQ D. Uodrigo no descoberto das minas de
ouro ejJl'atà, q'le se dizia haver ali e em Parana-
guá; e que na falta daquellas se passasse á Serra
de Sab?rabuçú , onde se dizia have-Ias de prata,
levando comsigo o joven Soares de Macedo que
devia substitui-lo e commandar a tropa, pois
tinha servida já de Contador no descobrimento
das minas de Itabaiana: Mandou-se igualmente
communicar á referida Camara por carta do mes-
ma 'mez e anno, que devendo aql1elle D. Rodri-
go passar paI a as minas de Paranaguá e Sabara-
buçú, se applicassem para as despezas o Donativo
do Dote de Inglaterra, .e as rendas Reaes da Re-
partiç~o do Sul. Pela Carta Regia de 7 de Dezem-
bro de 1677, foi dada a commissão a Jorge Soares
.para ir com D. Rodrigo, e administrar o seu car-

de 1077' O Secretario ManoeI llarreto de Sampaio o fez


jlscrcvcr. -Principe. -Conde de VaI dos Reis.
51 "*
244 ANNAES
go, durante a suã fal~a, e que ao-Governador Ge-
ral se passariéio as ordens neecssarias ri)' para' ir
o' mineiro João Alves na- m:esmà jornada-, arlJi-
trando-Ihe' soldo· competente, e istó mesmo se'
dignou o mesmo Principe escrever ao' referido'm}- .
neiro., para que se' prestasse a fazer esse serviço,
pelo qual se lhe- faria [l' mercê q-ue coubesse a sua
pessoa. Escreveu D.Rodrig'o á Cania~'a de 5. Paulo' '
em 21 de Abril de 1.678, partieipan40 haver man-
dado ao, Tenente General apromptar o rÍecessariO'
para ii' a Paranaguá, para que a Camara o snp-'
prisse C08.i o diB.heiro de Dote de Inglaterra.

534'·
No Sergipe d'El:Rei vivia aquelÍe' Joã'o Alves,
e o Governor Geral lhe expedio em ebs-ervancia'

(1) Dito Liv.po c Ar,chivo das Sentenças,· Jorge'Soarcs


de Macedo.
Eu o Principe vos eo vin m'uiro saudar. Pela copia, rIa
Carta que ma.ndo ~screvel' a~ l\i'~slre 'd'c Campo Genera l
Roque da Costa Barreto', eriLereis, como lhe- ol'lfeno, vá
em vossa companhia', c de D; Rodrigo, João Alves' COiT-
tinha, por ser pessoa pratica na materia d~s minas, e que
em falta de D', R'odrigo administ-ral'eis' o seu cargo, para
que tenlla cffeiLo., A.o que V'(}s mand-O, e espero no q,ue
loca a este respeiLo obl'<li; de mEldo que tenha eu muiLo
que vos agradecer, c o l\1estre de Campo General vos pas-
sará as ordens qu é forem necessarias. Escrita em Lisboa
a 7 de Dezembro de 1677, -'Principe., - Conde. de Val
dos Reis.
DO mo bf JÀNEIRO.

das Reaes Ordens, huma sua Provisão de 20 de


Agosto de 1678, a fim de acompanhar a D. Ro...·
drigo á Serra de Paranaguá c Sabarabuçlr, com o
vencimento de 20~000 rs. por mez, que come-
çaria desde que se embarcasse da Bahiâ para c'he:..
gar a $. Paula. Yierão por escala ao Rio' de- Ja.;
neiro D. Rodrigo , e Jorge Soares, e pela Pro~e­
doria da Real Fazenda recebeu o Administrador'
Geral 200~OOO rs. eD!1 dinheiro' (1) tres quinta'es
de polvora , cinco de ballaS' de' mosquete, carca-
bús;- quatro de chumbo em barra;- huma 3'Froba
de morrão!, quatro bacamartes, e hum fole-de fer-
reiro'.· Ellc dali infructiferamente mandou fazer
huma entrada ao Sertão da Capita~ia do Espirito
Santo pelo Cabo da tropa João de Mattos, não se
êeguindo' outro effcito, que augmentar as despc...
'Zas da Fazenda Real, desde então se determinou'
partir para a Capitania de S. Paulo, em Guja Pro-
vincia no districto de Paranaguá , se cuitivárão as
minas de' lavagem do,cascalli{); bem· como na Ri·'
beira· da Cananêa', e Iguape ; de sorte que o Pro-
vedor dos Quintos, Manoel Rodrigues de Oliveira,
remetteu ao Principe Regente seis centas e vinté
oitavas que rendêra o Quinto naquelle tempo,
mas j·á· nos seguintes annos cm r,690, e 1692 mon'"
tava.? Quinto. a seis- mil·e trinta e oito· oitavas~
AKNAES
r

§ 55.

_ 1?~rigi.nd.o-~~1 p~m, ~. :f,a~ Jo p, ~gQ}iºilitrad<1!r


91 .al D: l} f1 igq, ~pOr~(m á Vi)I~ q~ $a!}.tps , t!
f!H PJanq~>l1 B~l~cf!r em 38 H~ Noyempro de J6']&
hum b~ . .d? '. Pfllo <;Illa~ faz@ P9I!~tfll' &5 R~é!e& Or~
q.~ns, e. fl;q.,e nretflqpia pepetrA!' ill}&d~ ~quella Ca-
pitanitJ. até p!}io de :Bue~os Ayres, desiltiando
pap t~o iq}pq~tflnte qiligf)!!qia , d~ qu~ vinha en..
car!epadp ~ ~ brip ~ a !efllclwJe flgs hahiliante~; e
prome~i~!l0 R.e~\ Nome pfJrdãQ <\08 oriH'linosos
4e qualq~çr. niltgpez~ !Ill,e fgê15~m seus crimes,
Q!l
n~o ~"md9, o~ çlli :{.~sa Mil~~s:tade., panR' que' ap~r1
p~l:p.hélSS~ a,o Tenent~. qo MostI'~ ç1Ç. Campo, Ge-.
peral J ç>rgç Soa,r.es çle ~ilc~1?l9.; pr0m~ttendo pre.-
~a-l9s com honrqs e 1Q~!~ês: mandou nnalmeJate
q'laningue~ poçles~e sa,hi~ para os Sertõçs , aD.,
teriç>rmente a ex;pediç~o da djJigeucia do; refel'i<ilo
Jo.r:ge S9.ar~§. PQr Ol,1tl{oJ b,Ç}l1do datad~ aQS .z4 de
DeJ;~~o d:9J n\~SJIlo aqne" prohibi{), aos solda
o..os. çl,a .:praça" de$~Jil<~Çls sj';thir para fóra. sem.ordem
su~ , deb,ai~()J (la. p'eJil,a de trea, tratos de covda (L)
sul?jp en~o, PMa S. P~wo çom.. .l(i)J1ge SOaDes:, pa~a.
de !~ seglJif P!1Jl. os ~PJ~Qeq c;lo Rjo. <;l Pilam J Ol~ge
So.a.~es., ~Il} qllaQ,~. q Admini&:tradoD Geré!,l toma~
va a seu cargo a tarefa dos trabalhos das minas de
no RIO ~É J NElRO", 24 j
e l
Pa'tarraglffl CbritiBla , pllrá dêpóis prbtsegiÍii ííâs
de Srrb t'àI:Mç-m. ' .
§ 36.

Ao Corpo militar da brilhante e aparatosa ba-


gagém c:Í'ê jõrg~ Soãré sere-uniria por escolha os
Paulistàs BraiRódrlgu~z Arzão , e ~ntonio Álfonso
Vidal: ao'primeiro mandou elle passar Patente dê
Capitão Mór d~ gente de Leva , decl~rando nella
os seús pres imos e serviços , como o de ter Ido
em 1671 ti. Bahia no posto de Sargento Mór da
conquistà do ~arDaro gentio daquell~s Sertões', e
a quem o dóvernádor Gera( [tronso Furtado de
NIl:!ndonça prõverà nó ~e Capitão Mór daquella
conquisfa, de cúja guerra e Exercito f6ra Gover-
nadbr o PauTIsta E~tevão Ribeiro Baião Parente,
qn'e assolõu é destruio as grandes povoaçÓes de
mui feroies iÍÜmigos , i)rfsi~n aI1a.'o tres mil' (1)',
que ós levóti párã a Cidude dá :àahia; e a Patente
foi datada a 23 de Janeiro de 1679- lo segtúído
Álitdóió Affoilso Vidai, 1 e" foi' dada Patente de
Sárgenfó MoI" da genté de Leva, datada em S.
Pálilo' áÓS'15 citrj~IÍelÍ'6' de 1"679 (iJ ; neÜa sefa-
ZÍa" igual'ménte menção de ter exercido o posto d~
Ãjlldante di:> Sargento llfór da conquista' do gentio
naibaio da Ballia , e que depóis passára ao' de Ca-
" ,

(1) Arõbivo dito, Quaderno do rol do ponto, pago 58 v.


(:1) Dito ArclÍlv'ó e Quaucrno; pago 58' e segulrites.
:.248 ANNAE8

pilão de hl}ma ,Companhia por _Patente de Go-


vernador Geral de Estado, vago pela morte de
Feliciano Caràozo naquella mesma conquista.

,
Para a conducçã'o da bagagem e fabricas parll,
as ll1).as d!'l S. ~iguel, se apromptârão sele sUma~
cas, mal}dando o Administrador Geral D. Ro-
ddgop1;lssar Pat~nte de Capitã.o Mór,a Manoel Fer-
nandes, a quem os demais Mestres das outras em-
barcações devião seguir a derrota, sendo aquella
datada em Santos a 2.9 de Janeiro de 1679' Deu
Tambem Patente ao Capitão da Sumaca No~sa Se-
nhora d.a Conce~ção e ,Alma,s, em data de 31 do
mesmo a~no, a Tho,maz' de Souza Rio,; a mes-
ma Patente obteve João Taq'Jes, Mestre do Pata-
cho Nossa Senhora do Rozario.e AI~as, em '28de
Feverejr.o <;le 1679, assim como Vicente Pe~dãp,
Mestr~ .da,SuIl)a~~ NDSS~ Senhora do M.op.te e AI-
mP.s, em datade 7 de' Marçp do mesmo ap.l}o" No
mesmo tep1po mandou ppblicar hum bando, para
que os Mestres das Sumacas fretadas não recebes-
sem a se~l bordo outra carga, e que os ute~ciliosJ
fabricas , man~imentos, e· trem Real, com pena
de serem perdidos para a fazenda Real? QS effei-
tos ~mbarcados em .contravenção daquella ~rdem,
dando-se ao denunciante a quarte parte (1)-.
, ,

!I) Pi~o Archiyo e cader~o, Pl}g. 59 e ~eguinle5.


DO mo DE JANEIRO.

§ 38.

Recebeu 'para as despezas da e~pediç50 Jorgé


Soares em S. Paulo, pelo Real Donatlvo de Ingla-
terra e Paz de Hollanda, cinco mil cruzados, além
de tres mil alqueires de farinha de trigo, trezen-
tas arrobas de carne de porco, cem alq"lleires de
feijão, oito mil varas de pano de algodão, vinte
e tres arrobas de fio do mesmo torcido em tres li-
nhas , e duas de fio singelo (I); e se fez a véla ao
porto de Santos em Iode Março de 1 67~, levando
eOfi'lsigo o Capitão Mór Braz Rodrigues Arzão , o
Sargento Mór Antonio Affonso Vidal, e muitos
outros Paulistas Sertanejos. da Companhia que
commaodava o Alferes Mauricio Pacheco Tavares,
além de duzentos lndios Sertanistas, frecheiros,
e arcabuseiL'os J com o Provedor do Corpo mili-
taI' Man~el da Costa Duarte, nahu'al de S. Pau-
lo, e o Escrivão da receita e despeza, Antonio Pe-
reira , no Projecto de deu1andar o Rio da Prata:
pOl:ém mui desaventuradamente a frotilha fói ba-
tida por tão pavorosas tormentas, que por dnas
vezes 'forão constrangidos os Mestres arribar ao
porto donde sahirão; e da terceira vez que se in-
tentou a sahida para O' destino para que fôra apres-
tada, encon tl'árã.o ainda Ul'ais procellosas tempes-

(1) DilO ArchiVQ Lil'To de Vereança Til. 16~5, png.


.88, c seguintes.
TOMO II. 52
250 ANNAES

tades que dispersárão as emba.l'caçõeg, indo tres


ar,ribadas á Ilha então deserta de Santa Catbari-
na, e as quatró com-o Tenente. General destrui-
das se salvárâo, alcançando o mesmo porto de
Santos onde poclérâo -ancorar.

§ 39·
Correndo a noticia de -que as tres Sumacas que
faltavão estavão na Ilha deserta de Santa Catha.
rjna~se determin:ou seguir por terra o Tenente do
~esLTe de Campo Genel'al Jorge Soares, para d'ali
})assar-se ao Rio de S. Francisco, e daquelle lugar a
Santa Catharina com todos quantos desembarcarão
~m Santos, projecto fatal , supposto effeituasse ;
aporton com effeito a- Santa Cat~arina , ond~ for-
mando os quarteis nccessarios, levantou Alfandeg~
1)<)ra pôr, a bom recato as fazendas , utencHios ,
e mais efI'eitos da Fazenda Real; empregou todos
os braços nas obras que os edificios pedião , para
Q fundamento da núva Cidade do Sacramento da
.Col0nia que estava creando, e levantando Dom
l\'Ia1!1oel Lobo; construio os fornos de queimãr é\S
caeira& formadas- dos mariscos para poder em- ,
pregar a cal 'na constl'ucçâo çlas Fortalezas, e
casas c10& seus habitantes.

Deixando os Indios do seu transporte naqqella


J1ha, e alg\ll1s soldados da Companhia do Alferes<
no JtIO DE IA 'EIltO.

Mauricio Pacheco, deu o commando /) gover"ot'


<1a nova povoaçtio da Hha ao Capitão ManoeI dii
Costa Duarte, e se embarcou para a Colonia em
hum navio que lhe aprestoll () Governador Dp!11
'.bnoel Lobo, acompanhado dos P.anIits1:a$. de
maior capacidade, entre .os quaj~s o Talel'osp ~
digno da inelhm' sorte o inf~Ijz Capitão Mór Ar.. .
rlão~ com o Sa'l'.gento Mór VidaI, pois qne a Ules-
ma infelicidade que deu cansa a fempestade pal'Ç!
dispersar a frota .de Santos, os perseguio pelo nau-
fragio ua altura do 5 - grãos no cabo de Santa Ma-
ria, que snpposto .escapastlcm ela morte, em qne
.as ag.as emobcrhecidas pmcllra'Vão sep\llta-loi,
não :egcap.ár.ão de 6erem 'Vidimas de novas e m.aÚi
horl'i~ei6 desgraças, have:ndo--se salvado pegailos
<>IS taboas do na vio qt1ebrado, com late e ql1.atl'f.)
pe6.SDas.

Estando abandonados aqueU€s illustres nau,..


frag'antes em huma costa tormentosa, sem abri,..
go, nem meios de aliment4r a vida, com tudo su-
periores a sua. má fOl'tuna e aos sens desastres,
se rcsolvêrão, constantes em sell proposito, de ;pro-
seguirem a jo.rnada até a IJha d'e S. Gabriel, ali--
menta.(,ldo-se de raizes das q!1aes se persuadião
não serem m~ladicas, mas ~im conservadoras d.a
na c(j){l~tituição. Ma)) com que compai ão e es':'
panto se olhavão huns para o outros, desarQ1ado6
02··
ANNAES -

'liÚS, ca'cados de guardas Hespanholas, que man-


dados para reconhecer a costa, vinhão completa-
-mente arnúdos para impedir a entrada de todo
o soccorro que podesse entrar -na llha por via
u-os.intrcpidos Paulistas! He possivel, dizião hnns
-aos ontros , quê a Pro.videncia nos tivesse salvado
'da 'morte para soil'rermos a ignominia do capti- ,
'veiro mil vezes. mais' affi.ictiva e pavorosa? Antei
-aquellas' vagas nos tivesse submergido ,em seus
'abismos, poi!,llinhamos acabado com honra a vida
'no' serviço do Soberano; porem sei'mos condu-
'zidos com ignominia para horriveis masmorras
.de bum ini.migo que insulta a' dôr e a desgraça
-d~ huns infelizes, que vão perecer sem gloria e
honra! Em tão desesperada situação forão com
effeito conduzidos presos para ó Collegio dos
Jesuitas em Japejú, de donde for~'io reenviados a
D. José Garro, Governador e Capitiio. General
da Capitania de B nenos Aires (I) que os mandou
.immediatamente acorrentados presos para a For-
·taleza.

Ig~orava-se a noticia daciuella tão infausta ca-


'Iam idade , assim como de ter cahido a Colonia
. do Sacramento no podei' dos Hespanhócs, ficando
\
-, (1), ' Coo>ta do Archivo da Cumara de 8. Paulo Livro
dê Regi to til. 1G75 pago 60 Y.
DO RIO DE JANEIRO.

pnslOneiro de guerra o Governador D. Manoe!


Lobo; á vista de taes snccessos D. Rodrido 01'·
denou ao Capitão de InCmtcria MánoJl1-.de Sonza
Pereil'a , qne o tinha trazido da Cidade da. Bahia,
que com os soldados Pedro Mer:tdes , Diogó de
Araujo, e Manoel Martins, encorpor<!ndo-se com
o restante da Iofanteria que estava em Santa Ca-
tharina ; partis~ein para a Ilha de S: Gabriel en;
soccorro do Governador D. Manoel Lobo, qlle
c!\tava sitiado elos Respanhócs, e em grande ap rto
pelo referido cerco.

-§ Li -.
Er~' aquelle ~occoúo J'l inutil, por havcr:"se
':mumettido a Colonia aos Hespaohóes em 6 dc
~ gosto dc 1680, o que causol.l a maior scnsibili-
dade ao nosso Governo do Rio de Janeiro. Du- .
'raílte estelnfortnnio o Administrador das minas
'do Sertão de Parantlgná se i nlgou pcrdido, nJo
vendo como poderia sustentar o Eeu credito. Vol-
t:ínio para S. Paulo de Santa Calharina os 501-
uados e Indios qne restilrão daquella dcsgraçada
Expedição, por determinação do Desembargador
5inclicante João da Rocha PiUa , datada naquella
Cidade, aos 13 de Novembro de 1680: oíferec:.·
'rão-se com ttido para o acompanharemna jornada'
das ülinas o Capitão Francisco Dias Velho o pri-
meiro povoador de Santa Catharina, com seu
Primo o Capitlio Mór que depois de vario annos
e successels crdeu a vida na Igneja ~ LIltando com
a-espada na mão a defendia, a'fi de que Q:s fIoI...
lalldezes que havi50 invacli.do a Ilha, não f}t'ofa...
nassem :as Sagradas Lnag.cns, recebendo na mes~
nla Igreja daqueHes impios cruel morte; oifere-
Cêl'ão-se igualmente para a jornada além dos Ir-
mâos do falleci<1o Capitão Mór JClEé Diaa Velbo ,
'lanoel'da Fonseca, J0<10 de G.."li['valho , João·ele
. Godóes Raposo, ~Iau.oel de Godó.es , e muit~s ou"
tros honrados Paulistas.

Apor'tando a Santos o restante da Exp.ccH-


ção do ~io do. Prata, maudofl Q Administrador'
Geral <:10 Capit<.i.o Mór Diogo
. Pinto do Rego .
. para demorar a Sumaca' que conduzira os ge-
neros da Faz~nda Reíll, e a gente .da Expedi-
ção, esc,revendo ao. quvidor ManoeI' da Costa
Dllarte , que tomasse conta daquelles homens 7
pois se 11).e fazi.H mister p;lra .as diligencias de
Sabarabu9LÍ 1 dizendo-lhe que assim eyitava fa-
zer maio.r despezíl à Fazenda Real" por não ha-
ver além a'isso de venda aquelles geqel'os ; e que
'a mesma Sumaca levasse ~s Boldados para o Rio
de Janeiro (1) ; determinou outro sim aos Pau-
listas Antonio da Cunha c::ago ~ e sens inllilos Si-

(1) ffilo ~fchivo de S. Paulo c caderno <lo ponto


paI" B5.
no RIO DE JANEIRO.

'mão da Cuõ]ila de Miranda, e Bartholomeu da


Cunha Gago, ManoeI Cardozo de Almeida, para
l)artil'em e faZereil1 as plant~ções de milho 6 fei-
jão no Sertão de Sabarabllçú, e o de Caité , para
então se passar elie aos mesmos deswhertos ao
tempo €la colheita daqnelles Ieglltnes ~ a fim de se
dar inteiramente aos trabalhos das mesmas minas,
como taoto o Soberano anhelava ter e:x.acto co-
l1hecimento da sua existencia ou desengano de
não have-Ias; pois que as amostras annunciavã~'
prodigiosa riqueza. t·

Em conseqnellcia dos preparativos para aqucl-


la jÓl'nada, j ulg-ou devei' sahrl' de Santos por terra
para as minas de Igllape, Cananéa, e Parana-
guá, como sabio, e se passou tambem a Cori-
tiha com cento e vinte tres Inclios ~ os qu es pelo
rol do ponto desde 14 de Fcrereiro de 1679, em .
que sahir;jo .de Santos até 2 ele J unho de 1680,
I

em que chegárüo a S. Paulo, havião dispendido


1:555 960 réis (f).

Durante à sno assistencia em Pal'anagl1:í abrio


hllma estrada para alravessaL' dali os Sertões qu~
fossem ter ús Aldêns chamadas do Pad'l'e Feuncisco,

(I) DilO Archivo e oodernu pog. 80.


ANNAES

por serem aquellas que- estavão dehaixo d3 di·


recçiio daqllelle Padre l"rancisco Dias T.mho , su-
perior ele todas as Aldê~ls, até O UrnglL1Y, e Cam·
pos d~s Guaianezes, a fim de dqsc'obrir os morros
e serros que vagamente corrião noticias de C011- '
'terem minas de prata. Passou Patente de Capitão
Mór a Antonio de Lemos C,onde, por isso que
com geande' dispendio de sua F:lzenda, e com o
mais exaltado patriotismo do bem do Real Ser-
viço, se dispuzera a pcnclrar e cultivar aquelles
Sertões, - levando comsigo á sua custa homens
brancos, além de seus escravos, com copiosos
n~antimentos, hagageni , e grande fornecimento
de armas e munições de gnerra , muitos S~['taúis- '
las, dando a cada hum 5o';fj)ooo rs. ue gratifica-
cão. De todo este'servico
:I
se faz mencão na .Patente
: : » . . : 1 '

que llte foi dada em Paranaguú , datada em 6 de


Abril de 1.679 (1). Para companheiro dadiligen-
cia lhe nomeou o Administrador a Francisco Ja-r
como Dajarte, com a P~ltente de Capitão degcnte
daqnella leva, datada naquella "ilI~ a 4 de Maio
do referido anno.

§ t~7'
:Desenganado porém de encontrar as' minas que
descjava de prata 'no Scrros de Paruungná , por
11ais e -I}P.riemcias que fizesse, contenton-se com

(I) 'DilO Archivo c clIdcrno png. 43.


DO RIO' DE JANEIno. 25'7
a -d.i.l'ecçâ'Ü' das -de lavagem de cas'eaUio de O-UTO',
mltíto antel.'iorment:e a stJ'a' adrninistl'áção, des'"
eohel'tas_de eppúrem- alguma-s- prõvidcncias que
lhe parecêrão necessarias enl fOl'llial1dade de Re-
g'irnento (I) em 27 de Ahril de 1680, ordenando

(I) Dito Archivo e QuaUeI'ClO pag'79,.esltl o seguinte::


D. Rodrigo de ea telló Branco, Fidalgo da Ca.a-de Sua
'Alteza, AJministl'auor· e P'rovedor Gcral d'as'mimlS' de ouro
e praIa do Estado do DraziJ1 por Sua lU a~est'3de, que Deos
g,uarde '. ele. : Por v-er que' A dJilo'S'eoli'Of me'tem eocar""
regado, que ponha .estas cousas na melhor forma' e co11::-
'\lenienle ao seu Real s'Crviço, c com'O se pl'alica no Rlliuo
ele Caslello; pelb que mando a lbdoS' os Provedores',
·{;oarda-Móres, que sii'o e' ao diante forem'. guarde'm é
.filÇão guardar estes ~apitultis de R'e'gilliento, por quanto
os que estão regi5tad'os' nos Livros da Offi'cil1a de vaTills
Administrações têem diverslls ordens e m'anda'd'os, até qU'é
Sua Altez • que Deo5- guarde, mande'o contrario', por me
'pareoer assim con.veniente a-OJ Real serlViçó': ,
1. o Qualquer pessoa deI qualqUer q\Jalidad'~ ou condiçãh
que seja., suá obri~adó' a p-edirlíbença ao P~ovedor pari
ii', ao descobrimentoldas minas1de ourb delJhvllge'IÍl, e óiio
o fnzenuo' perderá 01 direito' que poderá ter/o descobriilpr,
fe-
el não terá. ID,ina n'Onhuma n·o· R16c i 1''0 , néI1j dãfil !lulna
~a' afastado della.
2. o Outno sim descobrindo-se os Ri15eí'ros;- sernõ obriga:'
dos· a manifesta-los· conforme: llie fÓI'~m pedíndo; scn'dÔ
pllilDtliro o desoobridor , ao' qunlJ dar. hl1ma data ue'I)'111t!l
bl"3ças, e log-o junto dêsta se tirar:r- a'de Sua'AI(e'1.il,· e ao
depois' se dal'á out'ra 1M- desoobtidor, a'qual :se tham3'sal
teada,. e lúgo irá dllndb a's:mai~"l1ün{\~ que·couberem lI'!l
TOMO II# 33
ANNAES

de se não poder ir ás minas de ouro de lavagem,


sem licença do Provedor, com a pena de perder

dito Ribeiro, aos Mine·iros que presentes se achas.elO com


suas petições. E se acaso o RibeÜ'o fôr pequeno, poderá o
Proverlor reparti-lo, se·udo a gente rtlUila, a brattas que
lhe parecer, que cada IlUm possa 'trabalhar conforme o
cabed,ll dás pessoas que tiver.
5.° 'faá ,pena de dez annos para Angola o Mineiro que
trabalhar na Mina de out-rem, fazenrlo-o IUfdiciosam. ote
011 por vinlencia, q1.!.e em tal caso tera a dita pt'na, e res-
tituirá tuuo) o que se av-eriguar tirou d mioa que uão
era slIa.
4.' A mina que mando tomar para Sua l\.lteza, que Deos
guarde, mandará o Provedor apregoa-Ia no' Ar! ai,,) das
ltliuas, e o ~ue der mais por ella ~e arrematara em Nome
de Sua Alteza, e o ouro prata que por dia derem, o
IDcllení na Caixa Real, fazendo·se carga ao Thesoureiro
da dita quantia que por eH" se deu.
5.° Outro sim .não poderá nenhum ProveJor, 'f1l/'soll-
reil'o ,·nem Escrivão tratar nem c c'o li'a tal' Cllm o:; Mineir,!',
nem tr0c.ar prata'por ouro'neHi aguardentes, nem outras
miudezas -por si l1em -pOI' outra qllalllucr pe soa tle sua
obrigação ~ com l'f;lna de -p~rdimeoto dos ôm,~io~, e os
seus bens applicados para a Casa',Real : asvim mando que·
não poderáõ trabalbnt' com'seus escr!lvns, I.• cm ter miua
sua, salvo o Provedor, Thesnureiro , e E ·cl'ivão ;qUE: hoje
Fervem a quem tenho'concedirro liét.>Bça, para que envip.1D
seus e~cravos com seus filhos ou pnrentes ás llIinll , e Ih'e
valerá em -quanto Sua Alteza não nOqlea nldo competente.'
6.° Não poderá o Provedor, Guarda MÓr, qUI! servir
nesta Casa Re~l mandar dar a neubuma.pes oa de qualquer
'.qualidade e· condição que beja, nem' sendo Guvernádor
no RIO nE JANEIRO. 259
o direito· de descobridor: estabelecel~ a obriga.
ção de se manifestarem os ribeiTos au riferos ,

Dem Administrador, nem Capilão MoI', ouro do cofre, só


ao que tiver ordem de Soa AILe2.a , e debaixo da Sua Real
]firma, c ue~te caso será obrigad,o a entrega. lo com coohe,-
cimento em forma, ou, como re ar á ordem do dito S,e-
nhor, com pena de que o reporáõ li Sua Alte2.a, e se dará
por muito mal .ervido da I!essoa que o fh,er.
,. o Outr,o sim terá pena devida, e traid.or ao P~incipe

·nosso Senhor, qualquer pessoa de qualquer qualidari~ ou


condição que eja, que lêval' ouro em pó fora desta Vi\l.a
s,em quintar, e terá perdimento de bens, a metaue par;! o
~ccusador, e a outra. para a Casa B:eal ~ e não consenl irá 0,
(!ito Provedor que saia nenhum ouro em po, ainda qne,
seja quintado, se nlio f?r barretada, e.com o Cunho Real.
8." Outr~ sim, todas as vezes que o Escrivão e i\Ieirioho.
forem a repartir mroas, não
~ . poderáõ levar mais que. hum .
cru2.Bdo por dia cada hum, e se Ille pagará de ida e volta, e
l1!!vendo muitas datas para repartir·se, fará rata por quanti.
d.ade, que a cada hum loc.a~·, ~olfe to.dos os l\lineirás do
er\l2.ado, que cada Official por dia lClp, e levará' o Escrivão,
de cada carta de data mil réis, e o Meirinho hum cru2.ado
de assistil' a medir, c o Provedor por seus despachos seis
I
centos c quarenta réis, e sedõ obrigados os i\1~il'iohos a
pagai' o sobr~dit9 acima, c ~l'ÜO ,o f~2.endo os manila~á ~
Provedor execuIar.
9,0 Outro sim serdõ obrigados todos 0.5 Mineiros eslan~
tes e habitantes nas minas a obedecer aos mandados c or~
deus. que o Provedor lhe der em Nome de Sua Alteza, e
o que n.ão obedecer (o que tal não creio), fará o Provedo~
.
hum auto dclle, para que a seu telnpo s'e castigue a deso-
bediencia. Esta ordem de Regimento guardaràõ toáos' os
53 **
; *é
:p~ra ~e 4,arem ~o se~ .descobJ:jçlo!, d~las dãtas;»u-
pp g~ pr~fer ~cia, ~pgl1illd9-S~ l<;>g<;> a 4a,Gpr§a?
(.) depois..Q. su~ §..eguncla data ge J:rjnta JJraças,
e Çlepois repartjndo-se' pelo:'! qemai$ mineiros,
.arrellla.tancl.o-se a eJata Real a quem por ~na
mais desse, reéolhendo-se o pl'oducto na Caixa
~e~l; e que debaixo da pena de dez annos para
Angoia nén~upl ~ineiro ousas~e ll'abalhar l!~ali­
~~o~~~en!e' nq dat~ ~lheb : prpq.iq·o ~o Prq 'edol'
fi n1ai~ P#icia ~ , ~oqo ~ 91 alU'-ler lr.a.4G{> e ~egQ­
CtR CQm o:'! n;lin,eiros, po~ si e i~terposta pes?oa ,
assim como ter a min~ pr0priE\, á excepção dos
actuaes, en~ quanto não se lhes dava ordenado.
ccrt,?; illlpôZ pena de mqrLe , e de qm.fiscaç~o.
~os. ~e:p.s p.ara o Fisc~ ? e aecusado~ , ~o. qu~ te-
as e pa~~ fpr~ ouro, ~nlP~ seD,l ser quintado, e
J;ep.~zid.9 <\ b,arré\ com o. Cupho .Real: imp,Qz ab-
soluta, pr9laibição de se t\l'ar.: ouro do Cofre seUl-;
positiva determinação Regia, com ~)ena de re~o·,.
sição , c de ser olhado co~o J;11áo servidor: ~sta-.-

ProvedoJ'es
, .
que"'..,.
são e forell;l
.,:a
nlé ,Sua
c.. •
Allez,a,

~I
ql,le DeQs;~
~

gunrde,. não ~and~.~ 0, cont~~r,io, e se cl;IJPPI:il'á e Uilr-.


dará tão inteira e pontualmente como n~~l~ se Çql:!.l~p?, ~r
se publicnrá nesta Villa pnra que v.enhfl á nOlicia de todos,
e. se' r~gis'tará ~os Úvros da Ornei'na II ~,ue t~,car. Dado,
D,esta Vil}n ue Pa{nnng~á sobr~ meu sip!ll,sóu:l'en,le" ll,oS,~~r
.
dias do
~
mcz de Abril de 1680. e eu João da Maia. Eseriváo,
. / .

da A~ministração que o., e,sere,vi. -.D: I!?Hri~o ~~ Ç~sllt!l!,!••


BI;anco.,
no RIO iE ;rANEmO.

belccel1 os salal'ios do Escrivão e Meirinho na re-


partição das datas a LÍoo rs. , e a ida e volta, e
{at~al).do-se QS salal.'Íos no concnrso dé IO-ai·s 'da.
tas, além. de ter o Escrivão 1 ;jj)OOO rs. da Carta
de data, e o Meirinho q.oo 1's., e'o Provado\' dos
e.ens despachos 6!~0 rs. , e que todos devessem
Ç,ibedeccr e cnmprirem as ordens dos, sobreditos
E.rovedores, sendo oa,stigada a clesobecliencia.

§ q8.

Ao tempo que partia o Administrador Geral de


Santos para a Coritiba , soube que no Sertão da-
q\lella ViIla estavão já descobertas as minas de
Nosea Senhora da Graça d'e ltahibe pelo Paulista
, João de A:raujo , assim com€) as da Ribeira de N:.
Senhora da COl).ceicão., e as de Penena nos Cam·
pos da Cbritiba pelo Capitão Mór Gabriel deLara,
e bem assim as miMs que encontrou o Paulis-
ta Sahrador Jorge Velho "no. fim do anno de 1678,
por cuja razão mandou publicaI' hum bando na
Villa de Santos em. 17 de Fevereiro de 1679, e
~m S. Paulo., Iguape, Cananéa , e Paranaguá ,
para que pessoa algluua pod'esse encaminhar-se'
aos Campos da Coritiba , até que cUe não apor-
tasse ali, para pessoalmente repartir as datas de-
hai:xo da pena de morte, e de ser reputado trai-
~naoPr.inaipeRegente, aléol d,e'c(Jnfiseo de seus
hens p.ara a Fazenda Real..
ANNAES

§ LÍg·
Em Paranaguá e COl,itiba estabeleceu as offici-'
nas pam a fundição dos Quintos Reaes, e nomeoU'
para Provedor ao Capitão ManoeI da Costa das mi.
nas de Iguape e Cananéa , e que elle e seus snc-
Gessores no entabolamento daquellas de prata e
Quro, observasse o Regimento (I) qU,e lhes deixa-

(I) Dito Quadel'Llo pag, 44 c seguintes.


D. Rodl'igo de Cast,e\lo nrancQ, Fidalgo da Casa Re,ul',
AdlJlini 'Irador Geral das minas da Reparlição do Sul:,
Ordeno ao Provedor na Villa ,le I!juape e Canalléa, oCa-
pilão Manoel da. Costa, ou a quem fôr. succedendo no
~l.ilo posto, que g,uarda c faça guardar este meu Regi,.
menlo, que se ha de usar com o descobrimento de praIa
e ouro que estiver ou se fôr descobrindo, pois teuho or,~
(1cm de Sua A,Iteza, quç Deos guarde,
. , para pôr o que to-
ca~ ás r!:i'nas em aquel1a forma que mais con,veniente fô~
ao seu-Real Serviço I e bem de seus Vassa\los.
I , ' Toda a pessoa de qualquer qualid'ad'e que seja, que

fôr ao Serlão lIO descobr'menlo, será übl'igada a levar mi·


lho, feij;io, e mandioca, pára poJeI' fazcr plantas e dcix:a"'l
las plantadas, para que com esta diligencia se poderá
l?cnet!ar as ~erlões, o que sem isso be impos!ivel.
2.° Será obrigado o d,e~cobridor de qualquer mina qu,e
seja, a meller hum a pt'lição ao Provedor que assistir nesta
juri-sdicção, do theor seguinte: - Diz, F. que cll{;: descobria'
huma mina em tal Serro (ao qual porá por nome o Sanlo
ou, S,anta que ~iver devrçiio) que se l,he dG pal'a lavra-Ia e
povoa-Ia para dar quinto à ~ua à,lteza - e o Provedor I,h,e
porá por despacho - Dêem-se,lhe sessenta varas - e porá
,
DO RIO DE JANEI1W.

~a , em o qual dispunha com miudeza a obser-


"Vancia delle, determinando que todos os empre-

l:> Escrivão hora', dia, m~'Z, e anno; e logo inc,ontinente


irá o PI'ovedor ao dito Serro, e 'fara meJição das ditas
sessenta varas, e depois dtdlas medidas nomeará outras
tlintas para Sua alteza; ficando obrigarlo ti Jecc"bl'idor a
bomellr a mina de Sua Alte!.a a nde lhe 'parecer, será de
mais lucr-ó, e :Iogo (Serro abôJixo ou Serro acima) irá
dando por pcliróes com o me,mo Ae3pacbo acima a t{,dus
aquellcs Vassllllos que pellirem por si ou por seus procu·
radares, meâintlQ u ca'da h'um ses.eola varas, com decla~
raçào que ao'descobridor ,c dal'Jó dI-mais das sessenta que
'Se lhe tinhão dailo, q'uurenta na parte aont/e dlc pedir em
sua petit;ã,O, e aos' poderá làVI;ar ali vende· la ,e sernó. abri.
~ados a lavrar ~s ditas varas, e eSlando tlevulullls trinlll
di s, o procurador a3 ['oJera dar a outro que lhe pedir
'por sua petição. '
5.· Outro sim 'flue pó, e t r mina todo o Sacerdote do
Habita de S, Pedro 0\1 CI~rit,o, com declaração que pas~
sando anno e dia, a venderá pdu preço que fôr sua von-
tade.
4. o E assim mais ordeno. qne depois das v' r1S medi-
llas, se alguma pessoa de ttuaÍtlllcr qualidade que seja, fôr
lavrar Ol~ til'ar oóro de alguma d.. ta que e tiver dada por
petição, será condell'lnado' em pena de' ida; avprigllando~
se que o fez por màlicia cahira na pena, e lião o sendo
pllf m~J:cja se av-erigual'á o que til'ou, e a reporá lIO don-o

"<I \ dita mina, por se ter observado qlle lodos os poderosos


tirão aos pobres com o S 'U p<ldcl' as dalas que se lhe dão
em Nome do Príncipe no 50 Senhor.
5. 0 Ordeno que nos dilas lDineraes que se descobrirem
não valha a oitava de ouro milis que hum cruzádo I e-'O
264 AN~~S
hcnde~or€s. de, t&es d€sGobel'l'a-s tí\less-e1l'1 eHiduélit
de· o praticar" precedendo a· plantaçãt> das layou

que se averiguar. que a fendeu ou comp,rou. Ror llla~s ~


seni degradado para o Reino de Angola por lempo de cin-
co annos, c os seus bens seráõ lomados para a Real CorÔll.
E depois de trazido o O,III'0I(1ara, a Gasa do quinto, e pa-
gando-se á Sua Alleza o que lhe lora poderá vendei' Relo
prcç.o que quizer, vislOS os descaminho~, que tenhola ver.i· .
guado, ha em se não 'paga~ o quinlo.
_ 6.~ Ordeno que passando vinle ll."guas de cada omcina
que seja com ouro em pó, será a melade para o que ac..
cusar, e a oulr<l metade se melterá na Cai«a de Sua- A:I..
leza " e o dilO corra em Hena de vida e Ilerdimonto de
bens para a Cor,ôa" com a condição que lJa de conslal'
q!Je nil,o levava ouro á C'asa 'do q,uinl(')I, e que. levava de-
sencami~hando sem pagar, quiQto.
,.0 Ordeno que não conscnlirá o ProvedoJ' que liaja.. no
mineral algum ourives,. com. ue~a de dez annos. de de-
I
gredo para Angola, se usar do dito omcio; mas nas ViIlas
c Lugares poderá haver :, e se aweriguar que vendeu, ouro
CID pó terá pena de vida; e toda a obra que fizer de o.uro
qpinlado será obrigado' a levai' dill'nte do Provedor, a barra
ou barr~s,I
e as pesará, e depois da obra feita a torJlallá a
tl'azer ao dito Provedor" para a tornar a p.eSal1 ,. e o. our~
,q~e sobejar o lorQará a fundir na Qfficina, e lhe pord, o
Cunho Real sem pagar qpinto" pois, já o tem pagp.
, E. para não se diverlireQ:} os quintos que. se devem á
~azenda Real, mandei fazer ,eate Reg,imento, o qual (')
'Provedor terá cuidado dar exeouçúo tão intéirame.nte. cOr
~o nella se contém, e mandarâ registar nos Livr.os da
fazenda Real aonde tocar.
E para clareza o mandei. pass~r, e 'Dor mim assiS"naPQ
DO mo nE iANEIRO: 2'65'
rás paréf a sÚ5tell'hçã~ da vida q~e demarrdaváo i
tTáâálhos aranos, executados' em ião désva~
ri'adas distaneias. Limitou ao de'soóbtic1hr à ex~
tençào das datas, taxando a sessenta varas, irir'.:.
pondo a obrigação' de de-Signar a d'áta do Soberano
onde mâis te'IIdos'á , e imp'ondo â o~rigaçã'o de
lavrar á da'fá'em tribta dias', assim él da- préferefi'~­
Cla'· como' a' seg'l'fnd'a', com ,~' péhá do ProV'edot

manda'r' dar a quem lhe petlisse. PerrnHtro qüe


se repartissem as datas com óS' Clerigos, e Sácet'=
dotes do Habito de S. ,PedRo, sendo obrigados a
vender dentro do anno e dia; impôz a pena de-
" '

'morte contra' os qúe mahciosâmente rav~assem as


dafas·daàas'ao's'outros', além da reposição, quah:.
do fosse' compreh,endid6 ém dolo. Arbitrariameitté
éonstgno'u1 o' valor do oúro, pará que'valesse cada'
oitáva· Somél'lte num' cruzado , de~aixo dá pena'
de depoi'tação por cinco ánnos pará" Engol<l' ,. ó
que' vetidessé , ou' éo'mp:ràsse por máis1, aTé'tfil dl!'
s'eretn:coBfis~:fades as'bens-, e que depórs de Efuih-
tadó po'derião' éntão vender pelo'· mesmo pre~6
qú'e-quiiessem;- suppôndo' ássi'flí evifava'o descami"
n:ho: dü quiMo': outrtnim: q-tle perdéria ~. ViflüJe'
QS ~I1S -pará' o- FiscO:, o:. que levâsse' a\iro em'p6-
vihte.legllás' d~ <fadáJ effi6ina:, ap;plicandb-'se á1úie:·

eui a-Viltã' ddguãp,.e aos 25" dê l\tárço de 16719. Ifeu JOiiQ


d'a-Malií'E' 'trlt-ão d'a'Fáielid'll'dtis~1Dtna~' o!"e"scrévi. -'D: Ro:
~ig()JM6~t~I.lG-D nooo:" '
TOlIO II. 34
.266, ANNA~9

t~de ao denunciante' :·'e 11l1f!lmente que os-Prove-·


dores nào consentissem habitar nos di§tr.ictos mi·'
I}eraes ourives, probibio usar-se. daq\lelle.o ill cio, :
debaixo da pena de dez annos para-Angola,.e .que
somente poderião pratica-lo nus Villas e lugares;
Q o que vendesse ouro em pó soffreria a p.ena de.
morte; impôz a obrig.a-çà~:de l~var ante o Provedor'
t~da a obra que fizesse do puro quintado , pesan~.
ào-se as barras depois da .?bra feita? para,l'-efun-:.
dir-~e o gu e sobejass~ das ditas obras..

§ 50.
Repartio as terr.as das minas do Itahihé. da Rí-,
beira de. N. ·Senhora. d.a Graca , mandando arro-.
: . . . ~

matar a data daCorôa,.em 2 deJ ulho de'I6.79, que


(l.arrematou. João Rodriglles FrauGu por 150;jj)ooo
1's., e pagou á vista; depois rep~rtio. as demais
datas das minas de N. Senhora da Conceição, ten-
do mandado publicar que perderi~o o .dir~i~o ás
mesmas, os que .não acudissem no prazo de doze.
dias. Retirando-se da Coritiba -aos 13 de Agosto
de 1679, deixou encarregacio aos .Ca,pitães Móre1k
Domingos.de Brito ,Peixoto, 'Pedro da G;uerra , e;
Diogo Domingos de' Faria, inspeccionar as minas,
não consentindo que nenhuma' pessoa se inLr9:'"
mettesse a lavrar nas repartidas aos descobrido-
res e mais pessoas a quem farão dadas e partilha:
das, para os fazer remetter onde elle se achasse
para os castigar ; que se dc:sse boa passagem ás;
\
no 1UO D~ .,JANllIl\O. 2D7
'pessoas qne ellQ húvia mandado'aos descobrimen~
tos, _fazelldõ-lhe fossem remettidas as amostras
q lle. dessem de nÜ.vo das terras' plineraes. de que ti-
iVessem sido abandonados'os 'tl:~alhos POl: aquel;
les' a quem ~primeiró se derão ,. verificando:-se a$
<!lovas concessões, rialltiel1e~ que tivessem {abri-
·(;:as e manlimerítos', cobr:mdo-se' com diligencié;t
-os quintos; que fizesse notificar aos que ~u.Wv-a=,
!Vão. as minas para' dentro de d611S mezes manda-
rem levar o 0111'0 que tivessem tirado para -H of~
ficina de Paranaguá , a fim de se quintar, toman-
do-se pela contravençà<i por perdido o ouro para
o Fisco Real, e presos lhe fossem remettidos para
'os se~te~ciar castigar, 'segundo as orde1'laç,ões
e
~do RegImento; e que- todos os mineiros' lhe de:.
'vião manif~star o ourb que tinhão levado a quinl..
"tar; <Íebaiko ,aa pena'dl:!"serem' remettidos'pres~s
-par; Lisboa.~ para' ali darem conta do motivo
pOí' que o nno fizerão; e ~m 'fim-que tel'ião os
taés Capitães o mais incessante cuidado d~ que
'o"Aporitaâol' Francisco João da Cunha, com os
.Indios e otltrbs instrllmentos neces5'ari~s fizessem
c~~ii:i.var a qatá Real, <p.Ie· se iinna medid'o na Ri·
. beira de N. Senh?ráaa Co'aceição , entregando-se
o ouro que os Indios 'tirassem ao refel'id~ Apon-
tador, ereste ao Capitiio D'omingos' de Brito, ha-
,'endo o competente recibo, mandando assistir aos
lndios e Indias de Sua Alteza com 'os mantimeQ.-
tos nec.essarios, que cstavão_ no poder dQ Apon-
'7:,/."
. v+

.1 ~ ,. t
:2 68 ,. i'NNÃE5"

ooHr , ~ )q'll~ 'caSltigasse aos Irrd(as 'q~e ~calIsa'SSem.


'mey'r s~la os hla!M!ia'r'l.tte's" [senda aqueUes 16bT1gados
'ã 'séthear
ás To~as .já.. .heJ!leIiciàtlas 'cftl:l mibho,lfl:lijão,
e 'abobra, ífão couseFitir"qrne :Se tmáta'sse 10 'gad9
~f!nãó'c m'muIta economia elFa'ià(), (ru~inrlo Missa
nos·irias ·(le:pteécft'6., ·e:Cúíl'f~ssaf.fd'O~se m,o teml{OCa
Jdràenáào pE!là Jgreja,p-àFa.cujoJãm dei'Xa~ao.ca·
-pitão Moio PiUlte :FeHx'Paes Nõgueira , tendolOll~
li'o-siml ddiâáBo lae~(js m1:tndar O\frc<lr e-r.eg:alar «om
'to'db "o'cttiáado (1').

'Naqúelle ,megmo -dia e~edio as orden~ .para


-p oseg'uir-se ,no descoI)1~imento das -Ribeiras .de
'-OÚFO de~lavagemtdo Ser,tão da Co\'itiha .aos Pau-
'listas ~ e ·Ihdios-unidos em ,tropa, 'os quaes· forão
rLulz·de ,(lóes,.Antonio .Rodrigues. Tigr.e , Guima-
,xães Dia~,,- Manoel-.de G?es., .Antonio Dias,., e, a-o
Capilrão '~ostinho .de ~F~gueredo. A~mou outréJ
tropa, em~Cl qual o p{ld.~e Antonio· de AIvarenga,I

-Luiz da-Costa"..e João .de AraY9las" se empenhá-


rào..ass.i;gnalar .olseu zelo.e effb.aaia .nos descobri-
,mentos., .-que fazião .objeêtos -das mais ·S115 piradas
fort~nas, abtendo ao mesmo tellWo bom nome
e credito' no Governo.

......
DO IUO 'VE 1IANEl1\O.

Aqnellas pro'Videncias,demorlstrárão O oBenhul'l1.


talento e sciencia que o Admiaist,radOl! -tiapa
dos trabalhos das minas, e direcção economica
que fomentasse e aperfeiçoasse a industria, e ri-
queza -gueera de esperar;de.taes trabalhos hem di.
rigidos, .queJhe,a~trarhirião a estimacão, a .g:lo,r~a,
e ~onsi.de».ação "enchendo a expectação p\Ub~ica.e
aS esperanç.as do Monarcha, 'Vendo çrescer ,de 4i~
e,uulia, a,pop.ulação das novas Yillas , e.\amontQ~"C­
se.a d? r~eso.ill:o em.consequencia das lac~ta.d<\S
"l)edl~as a t~es re peitos. EJle .seguio IPara Pa:qa,-
)la~,uá" e ,ox:deJ;U:llU .ao fP.iue\rQ J o.ão .A.be~ -Co.~~..
nh..O'l ,)l.ela s..Ua Portada de 2,8 de .Agpsto de ,16.7l~'
.aa p.ro,Y.edQr M,WlOel de.1em.os Conde, e ;'0 l'b,e-
llOllx::eiro .dos J,I\l\ntos, ROflQe Dias Pereira, ,CO.m ~:)
s.eu Escrivão Manpel v'elozo da Cost.a" ~\le,fo~se.nl
<;Qm oJ?,ad.re F:rei,Jo,ã.o ç,r~nic.a aOS Serros ql,le &e.d,i-
~iào.h~~~rfprata".atte.J;lms aS,amostras qUfl.se {lpI:e-
sentárã,o mQstrand9 ílO mineiro ,Cou.tiqho qs ,~u·
cavões flne se fize.rão ,para a,cxtracção ,.de que aS
a~ostras, çlas ..,qua,e,s A40 ~~e s.abia Jazer o(!'lD:llÇli~
para 4es~q.gflya,r-~s~ se ~~(mtio,h.a p'l,~ão.pr~ta, .o,n
a'J!um outro metf}l OlI .se.mimet~l, e ,q~e ,levªs-
,sfllIP a.S ferrameJlt~s Jle,cess~ri?s, .n~gros ~ ·~nd.~qs
.bastimtes que poQ.e~l?çw f.l.l!l:!r c~qiin\lOs, e '«;1\\e
entrassem a trabalhax:" com<:çando .por aJgn~ $~­
ca".ão, e ali1l1pan.d.o A,d..qS.. ~~tig.os e}ll q~<yllo~Jle
~-t'o . . ';&~~MnS
ia fazer os despachos c aflieios que tióha de di~
rigie para o Príncipe; oi'denou que todos ~bcde.
C~l'WO naqnelle, sel'Vi~, Ó que-mun<Jusse ,fázer
.a!I.utjIle,.inenciohado mimciro (.l~).

§ ,53.
Partio c~m' eIfeíto 'a visitar <> S~rro Ó Aâ01iriis!..
'trador ém' Iode Sete.i:nbro daql1elle 'almo " acom=-
:prlnhàdo 'dos 'Officiaes da 'Camal;a tia Villa tIe Pà~
1.'ánaguá , mas' querend~ encbhdr a sua -falta dê
conhecimentos 'melalurgicos', ~u~pen.d'fj~l~ as esca..
;-vacões 'miendo que a"pi:átá que' às pedraS"conti'-
-a • 1 _ • r t .
rthão eTa: á~'mina pobre (que elle não a ei1~Jaiál'a)
que ~lêlo pa'gava q ctisto ela ft'lndiç'ão; é ignoranclo
por qu'e'~eios devia~prose~uieem jmjc Í'ái' o veio
do metal t1escôberi"o'; sua gro~sllra .e tli :ecç'ãÓ, 'iIi·
Hica'J.'1do a razão de '1) oh reza d~ mina, !pel(J' r'é~ittl-
'tado oas l)erações ébimicas , pelas q\laes-'devê1~a
.conie'çar, mandou 'a'barfêI9nai' ii slta
c ltuÍ'a pe-
los ln'esmos principi?s t~nl quê .rorão-d'es~~i)à-
'i~ados os trabalHos âas onteas incetadas "n~ Serra
• • • ( ff' '>
<;1e B-iracoyaba ~fu í68o, quando por determina-
Içao Regia se'pássâra âs Mesmas,' pa'ra fazer ~ JJ.-
sàíó da práta que bqtlarmente se conhecia conter,
~ntã~ FI'. 'Pedro de Sôuza 'acolhpanhâdo 'dos 'Pau-
listas o Alcaide Mór do S~rbcaba JaéÍnto Moreira
Cabral, recebeti numa 'ml~i honro;a Carta 'Regia
" '
DO RIO DE· JANEIRO. 2 j 1'-

de z' de Maio de 1681 ; que igualmente fôra 'do I


mesmo modo escripta aos Paulis~as Manoel Fee-"
nandos de Abreu, Pedro da Guerra, Domingos de
Brito Guimarães, Pompeo de Almeida, Antonio,
de CQdóes Moreira, e ~-edro Vaz de Barros (,).

Ao têIrlpo que o Administrador permanecen


em Parauaguá, desG.obrio Diogo Pereira de Liin~_
fi uma Ribeira que continha 0111'0 de lavagem, que
<lando ao manifesto logo 'o Aârninistl'ador impe-'
dio o seu trabalti'o., affectanc10 que a necessidade
demandava áqueile descoBridor a outra,s diligen-
cias, e elle voltou ao Sertão de Hãhibe para fazer
novos exames nas minas de ouro de fundição"
/ordenando por huma Portaria (2) 'na data de 13
de Novembro de f679, ao Capitão Diogo Dom.in-
gues de 'Fariá, e aos Capitães Garcia Rodrigues,:
Jôão Antunes, e Salvador Jorge Velho, que fi:':
zessem as averiguar até' as furuas das minas de .
fundição de Itâhibé, visto terem chegado de pro-..
};:imo aos 'Sertões; e que o in'formasse se havia.
cop.iosa quantidade de pinhões para sustentação
da passagem de cento e vinte pessoas, e que exa-
minassem se as furnas tinhão ouro de fundição,

(1) Secrelsr'ia Ultramarina, Livro de Cartas do Rio de


Janeiro, Til. 28 ue Março de 11>75, pago 50 c 55.·
(2) Archivo de S.-Paulo, caderno cilado PQg· 79,
272 ANNA:ES

e se este apflareeia em outros lugares par não ex..


'pôr-se a morrer com a genté ql1e levava em sua
.companhia , não tendo de que susteuta..la nO'lIe...
ferido Sertão.
S 55.
Mudou logo depois' d'e parecer sobre a projec-
tadSl im'nada de Itahihé, passando ordem em .20
de Fevereiro de 1680 (I) ao Thesoureiro Manoel
'Yieil'a da Silva, para fazer embarcar para SantoS'-
na Sumaca do Mestre Vicente Luiz Pinto todos os
~ater.iaes de que se lhe havia feito. carg~ viva.;
aportando a Santos em ~o de Maio de 1680, p'ar..
tio para S. P~uIQ a 20 de Julho, e a de Setem,- 7
bro mandou dezesete Indios á montanha da Serra
Jaraguú, para verificar-se a existencia de huma
mina que cor.ria boato haver neHa; mas não· se
aPresentando sinaes da sua existencia pela ig.no.-
~.ncia e imperícia dos trabalhadores, eHe a JOan-
dou ab~ar qu~mdo era de huroa ríq.ueza tão ex-
traordip.aaia, que no supé da primeira.Serra.en-
contrárão depois os Paulistas ouro de folheta,
ingo .a contestar com o novo Atlas Jarag.uá, des".
oobTitão casualmente QS ~scravos mineiros ~e Jor",
ge da Silva Ferrão, ouro nativo, tendó abeJ.ͪ
configuração de pencas de [eng.inre, e qJle de
hUQl sQ. h\lr~GO t.irárão p,l).F~ .Gimª1 de ,de~oito, ~f~
------.,..--.....".,.,...--....."...,........,...?"'
• ..,.
• ..,..
......l • .t. .iGI I.'
DO nro-·.I)E JANEmO.

robas, profundando a excavação a que vulgar-


mente se dá o nome de Catas, e proseguiodo oa
terra daquelle morro em direcção de Norte a Sul,
descobrio Anto llio, Vaz de Oli veira, meia leg\lt.l
afastado'delle " grossos .veios de' o~uro, n~o só cra-
vados em, pedms no c~ntl'o do morro de Cara-
picú, mas tambem tia superfície que lhe dav~o
o' nome de ouro de gnapiara , e ouro em folhet.as
de l}l~ravilhosa grandeza .

.S 56.
N o mesmo tempo" corrêrão boatos D'OVOS qlw
no districto da Villa Ue Ituguassll existiãQ r;nirias
de ptÍahi :" ó à~se:Jó qli/! lInna o :Adü;li'(lÍstL!ador d~
que elIas se 'achassem para sa'tisfa~er aos desejos
do Sobera~o e cte-di'to da sua administração,' pto-
Inetteu po~ ~um Bando, uar dous itabitbs ao,
.
J • ( - ~

descobrIdor, com 4otf;ooo rs. de tencá em Nome


,.

do Soberano',' e Soo';/j)ooo I'S. de sna fazenaa, com


qué pôz ó seilo à su~ ~à fé e· igool'a~cia ( I ) .

. (I) Cnl'lorio ,du Pl'ovincih de S. l'aulo, cndenio ci-


tado pag.: 83. '
Por qu,úllÓ liv'e nOlícia que na VilIn de Ilugun so se
. diz havê!' plnla , . e ser serviço de Sua Alteza, qu'e Ocos
guarde, PC~() ao' Reverendo'Paf/I'e 'FI': 'Jtllião 'nange l, Jlc-
tíbio'so da Ordem do Pal iilrcha''S. nhIHO:, vá ti tlila Villil
de Ilug'ua- 'ú, e fidle com hum hOlD~m;'q&ê diz sabe aon ...
de ha prata; e () dilo Jleliilosà~ 'él'n'Nome de Sua A,lle'lll
vromt:lIa ao dila hOll'l'em 'llH'tIS fI:,b:íi'ôi /bliik"cI'ê Cliri'olo ~
TOMO II. ,35
2-6
/ '

Por :igua moti.vos forão providos Man@el Gdr..:'


doso de .IHmeida" irmão do Tenente. General Ca-
pit?p d,e Infanteriai; ao (Jllal 'pasS'ou o Adminis-
tradt>r .pat 'fite em 8 d€ Setembro' oe 16Y9, e'An-
dré' FurlaaQ 'pell,l pa t~nte ·de - 20 de Fevereiro de
1681".e·E-ste.'üo Sanches' de ootes~ Sargento Mór
POT' patente '(te 20 de Março, e -Manoel, da Costa'

DU~rte, Ycdor-géràl-da glmtc 'da guerra. li ..

Hllm presentím'ento .de futuro desastt'o'so per-o _


turbava toda a harmonia'intcllectual do Adminis-
trador Geral, que por.' consideração algúmru- do
seu de\'er se determinavá. partir de S. Paulo, co-
honeslaüdo-a pela repngnancia do Mineiro João
Alves, que não-sê det~rllijaava pàrth';para '0 Ser-
tão de SabaJ'abnçú, pela- COl)statlte ·ii:l1pÓssibili·~
dadc das niolestias ha'bi'toaes, coniafldo'~el;seíita
c oito annos 'de idade" e qhe, até· lhe havião . cá-
hido oclo's os dentes ': porém '@. zelo 'do Tenen'té'
Gorr ral; qnc"o abrasava' nO~01or da 'gÍoria, ao-:
helando 'distingu ir-se por 'se'ús- J1essoaes', set-\'içost
em ,h'uma empreza tion'dc' achava' no' brio," vaIOl';'
e na-Stt3 f{)l'tn-na, os meios de conserva-la -com
dig~idadc e horlrà, 'Veio á Cam'ál~H; e r~rirçsentóu
U9S Offici;3es deli à , que ,fizessc ali "ir o' ~~.iõeir~

João Ah'~s, e obrigàsscm .p'orrYol~ta.de ~~l :"iol~n­


cia seguir a jornada do Sertão, pois quc ji ReJa
demora se tinha passau0 p te.mpo proprio de ~en-
DO RIO· DE'.JANElRO. 277-
.a-lIa '\l1tilmen~e " lavrand·o....sé tellUl@.. d~~ta. sua ~re-l
l'epreseillaç.ão feita ~ l-&.de. Màrç@ <de 1.6S 1 SO,,·lI-.
l'-an<il~ a >sara b-oa,vol1,tade 'cle/acOl1.1panhar aó Aêl-
JI11inisitra<il:or Geral ~ 1 ).(mm sua r)eSS0a" eSQ1'avos e
hlm1~ns ,brffiilç,~s arSila 'cust;l', ~s'ol11ent pprJqiU~rci'
f-azer e~te~scJ:vl~O á Su~.,Alte~;'çomo j.á,em,o:ntro
temp'O p1;.ati áraH'la jorn:ada do,GoverMid@r Fer-L'
não piaS' 1P.~~S f'quando ~IletTava Sel tÕOS'(]dS:-eS~)
mel"aMas rrs~mtfa~eF'mais Ip6<!Juena· dês péztlll:ÍQ)l-s.
taGO, tanto~ -deI l'll1aS ~e fogo e mUlú, oes 'dell ;
como de,'1i,úJ@io nl'ais ,que se osh.ltíl'a'leván~mJ~e.
JP'~lhl:lnJies,<ililigx~ri«i s. ,E> a lfi'J!lí- ('jl>q ne lpor lmrna
°
vez se c3uabaiSse,(wm ·cléseilgalm~ ,de fi':lvef'Ollljã~)
.1'Pinaõ9.:req'll1eria "e rep'res€rmiVà serl.tlllÍtQ {Iioces-t.
sado·é.. 00 ilnpprtc Jícin ·.ri i~' d'e .M.it'leirQ..J9ã@í1&I-1.
ves , que .do -oontrario ,éedia;de fa:zel' a jôrn-a<ilh"

§'6o~

M~n.d61i-se, imm'~ãiataÍn~nte cómparec~r na-


qi1eita 'S~~~ãO' dà ~ulllc1p'alidaàe ~o ~(ineiro João
AlV~'s\ clle ingenuam'cnte se 'prestou, segl1l'ancÍo'
--li' r f)
t , . J • A ~)

(I.u~ ~ljo <:,hst~llte todo 'e qualquer inconveniente,


t:!sf~Ya"resolvJ.do.~_
.( I~ I
par'tir ~ róis tinha Indios e rede
T (' •

para o çârrcg'arem;, e na gen~rosidade do Tenente


Gê~~rai'Mafl{ias 'cardoi?o ,tudq quanto carecesse
de ~u~tento, casa, e'YÓTateis' terrestres. Surpreeh-
• •• 4 i .;: ~

'(-I): DilO ~ivr'o e 'A rG1Ú" o }'>ab:5~' é ~e6'lIillle" do Livro'


dt: Vél'ean~:J de IUSI. -
~75 ANNl\:ES

didos da respoScta os Officiaes da Camara , ordená.-


~lO ao Escrivão do Administrado't Geral fize!ise a.
liS't~ do~ Indios roatricJllad>os para a/referida ;01'-
nada~ que m@ntaNão a cem 1 àléro dos' q:ne tinhirCf
chegado de Santa CaLharina" daI Tropa que foi sa:..
orifieada" e teve parte. nas adversidades do Te-
nente do Mestre de CamilO General Jorge SoareSl
d~ Maçcedo I>a 6~ de eonduzir a bagag~in dó A4
nUQistrador G~ral 1 indo a vaz .delle em cotnpa....
I1'hiª d~ douS' homens- brancos. cf\lpazes e de lodC'Yt
.
o elJ.1d:apQ,.. lavrando-se desta deterJ1lin:;icão\ ter..,
IDO') Gm que- assjgnárão os Ofliciaes da Camàra'
~'@l-4\QllJrQsio de Pl:na Jaof.i:et 1 Diogo Biuenol , JoãO'
B~r;r.u!-ll, Mén:l;~l V:ieira Barros, J@sé de GO'(:l~& ...
IIp,ql:w Fm:tádOi Sim'6es'J> Pedia. laques de- Aloiei.
da ,. .1~~Q' d~ Maia, J.'QàÓ' A1ves' C.(:}uti.BI1Q.

§r 8h~

A vista dalluelle inespe.r~~o acordo" foi obri-


~!lo. a ~anir de S, p'anlo o Ad'ministrªdoI 'Geral.,
por não adiar ~lgum líonesto meío de ~vac1ír-s~
óa jornàda ; ene levQu comsigo cento e vÍnte in-;
diQs de c~rga" e sesgenta com a cond'ucção da suct
pessoa ,. e outro.s sessenta carregárão o trem, .do
T'enente Gen.eral Matb:eu's Cardbzo" aiem,dos car.
rega4ores,da rede 40 ~neiro '. com<? em Câmara
se lhe havja Eromettido. 4 tropa íór!!1ada debai:
O, do eommando dos seus Orfficiaes, com/os res~
pect~vos carregadores,· escravos, e Indios',,1 ,<;>má~
DO RIO: DE' JANEIRO. 279
l'ão direcção da Ser.ra das' esmera'IHas· J e :La~o
;1'

de Vizipa-wuçú ,. onde estava Fei'não maS', COD1 o


qual o Admililistradot' suspirava ter .l\'llma entl'e'
vista para haver delle notidas veri'dioas-dos déscoJ
brimentos , persuadido da firmeza do ~atáôfer,
e vintucle,s daquelle tão iHnstrê Bat:rlimlt, q-ue 1'e...
sidio à déspeito de- todas as' priv~çõl!s naq-úellàS
brenha éntre mil perigos e infarigav'eis' trllha'lhos;'
desde o anuo' de 1673', oom 1 gral1tfe di~peIi'd.iod~
sna,fazenda até O'aDD() de,1682.

§ 62.
Não cabe na ex-pl'e-sSào significar-áte o'nd~ se ele"
vaNa I~ pi.\triotilUtl~' daq,(lelle Illínca assâs' I<nivand
PaulistaJ Fernão Dià~' ,.d~ <{ue pelo'amor do Ser':'
viço Real que só anhelavá· a· gloria de' seu' Princi.l.
pe ,.pel" qmdJ se.expat'l'iou e'sah'io da-doçurà da
!lua; fámilial, paFa a asper'eià dás' Dosques"c'rttreJ.
g.anoo·se: áS.Jmais vivas' diligeúciãs·, sem~ pdttpàr
,
esf6roos_
>
def deseutr~uhàr) dã s' entranHas' da. terrd
àS riquezas ,que. a~j natureza tão liberalmente 'pro'"
duzio;naquelles tão 'vastbs désettôs', a fim de po~
der"ao'menos apresenx-ai'''o''aétrado tão t1petecido
das' esmeraldas.,. j ámais ,ettcotitradás' deífois dá...
quellêr feliZ', achadO' de Marcós· d(Y Azeredo· Conti
nho, e por tantas vezes nlcommendado pelo Sobe..
rano, a sua pesquiza assim aos filhos daquelle ve·
neravel desGob'tiddr ' , como- atis J'esüttá's , e' a; ou·
tras:, divenas peSSO<lSi" com· tào mal&g1{a4oS' dis..
pcndins do Real Erario, estando, tão empenha... ,
dos os desejos Reaes naqueHes donat'vos da natu-
reza: AqueIlc Femão 'Dias aceitoll do' Governador-
G€ral do ,Estado e~l 1671 a commi'ssã0 do desco-
hrj~e)lJo das esmeraldas, é-Gfllespon,dendo a pu-
blica epinVo 1que~ se tinha do s'e'U' merit<f, 'formou
hl1ma tr,opa nuineros:r cooopósta 'd~, Guaianazes
'~cUiçoso,s e fort~, qüe os ~lavia' domado c .oon~
qllis-tado n'ó S~rtão de Tybagy , q'ue desagua em
duas leguas n0 Rio da Prata, 'acima do Urngllay;
pelos annos de 1671, vencendo a tres Principes
Indigenas, confillantes'<1aquella Nação-, denomi-
~ados: Gravit~ , Sondé e-T'ung:lÍ , dos qú<;tes falIe.
~êl:ã9 0.& don~, primeita;t& n,a.jÓfl(l.ada: qüo fazia Fer-
mio Dias",pé:!ra' '. Fanlo., e,Qllltimo ques.obre...
.. yiVGll recebeu no Baptism'o (;) nome de Antonio.
Tambem se ,c9mpunha aquella tropa dé Ip.dios
.Çhristãos para condncção da bagagem 'do Gover-
nador , dos soldados, e Sertaóejos, e mormente
de sen 'filho primogenito Garcia Rodriróues Pàés-,
~ outro filho ,natural José Dias, e ,do '-Tenente
~eneral Mathias Cardozo, e seu futuro succes-
501', além de. muitos parentes e amigos, enLre os
qllç.CS· .se fizerã.o mui recommendavéis' FJ.lanoisco
. Pir€s Ribeiro, e Antonio de Prado da Cunha.
§ 6,3.
Apenas chegava q Aqministrador. Gerdl óQm a
~'\la' tropa ás ma1as -da Parahipeba, 'e 'Arraia~ de
, .
DO nro DE' 1'âNEIRO.

S':....Paulo, quando havia faUecid6 'Péuâo Dias,;


l'egressando glol'iosamente para 5-ua Patl'Ía, com
'0 'deseml)errho do Teliz achado daquelias tão ape--

_ ~fecidas e recommendaveis csroel'aldas, que 'farão


apresent3das ao Administrador Geral 'por seu fi...
lho Garcia Rodrigues Paes , em 26 de Junho de
:i·681 , no Ârl'alal de S. Pedro, onde se aGhava
àcampado , na presença do Tenente General Ma-
tlíias Cardoso de Almeida , rogando as fizesse re·
metter ao 'Principe Regente, para mandar exami-
nar a ·sua qualidade fina e transparente, qnê seu
pai aollára na Seí'ra do Reino ·de Mapaxos, dás
quaes Serr.as tomon logo posse () A.dministrado~
Geral, para que -ning.uem ás .mesma.s podesse ter
direito, ou intitular-se o.de~cobddor dellas. En-
tregou além disso o mesmo Garcia ao Adminis-
trador todas as plantas ,bem~ei-torias , e Arruiaes
que seu pai havia levantado e creado , para que
de tudo se; passasse para o seu Prinpipe Sobera-
no, e por ,bem do .seu Real Sel'v.iço. -

.§ 64.
f Farão remeUidas as ·esmeraldas em hum saqui-
nho lacrado .pelo Administrador Geral aos Cama-
i'istas de S. Paul~ , em 6 de Junho de 1681 ; pelo
Córidnctor Francisco João· da' Cunha, do siti.€} do
Sumidouro, Al'râial de S. J05ó" e na' Carta que
-dirigio exprimio-se cem toda a franquez{l, de que
·Fernã'd Di~s linha' descohert.o aqué'llas minas DO
TOMO n. 5G
28~' !;'NAU

Reino de Mapaxós, e que recolhendo-se adoecêra"


e morrêra com huma gl'ande parte dos seus do-,
mesticos, e que' o seu filho Garcia atacado da
mesma e~fermidade , logo que soubera da sua
chegada o viera procura'r no Arraial de S. Pedro r
onde lhe fizera tintrega das esmeraldas que o fal-=
lecido seu pai tinha descoberto, pedindo, que
visto se achar tão doenle , e impossihilitado de as
levar pessoalmente ao seu Princip.e as recebesse
elle, fazendo-a·' dirigir á Real presença: afirm.ou.
mais declarar-lhes o mesmo Garcia, que a,lém das
plantas e feitorias do' Sumidouro " tinha mais seu
pai feito duas Oll tres ro.ças, c que em huma qas
ql1aes deixára huma, guarda a< cargo de José de
Castilhos, p:lra defender a cxtraGção, das esmeral-
das. já descobertas. Taes declarações farãQ trasla-
dadas para.os livros daquella municipalidade de
S. Paulo, assignadas pelos Officiaes Pedro Taques
de Almeida., Diogo, Bueno , ManoeI Vieira Barros,
Ro.que Furt~do Simões-, José de' Godóes Moreil·~,.
e 9 Ajudante do Expediente João da Cunha, e .em
.2~ do mesmo mez de Junho daquelle anno: as
fez.remefter á Camàra em hum saquinho de seda
cl)amalote 'ao Desembargador Sindicante João da
Rocha Pitta , com ausencia ~o Mestre de Campo
'0 Governador do Rio de Janeiro, para ser remet-

. tj~o ao S~berano (~).


':
, (I) Esl~ manifesto se acha regi::tado na Camal'a de ~
n.o :R.I:(V DF. J-llitIRO. 285

§ 65.
"Como 'pois encontrasse o Administrador Geral
Bescdberlas as minas das esmeraldas, sem a~har
de que gloríar:-se em seus trabalhos, e exp~ricn.
Cias que mandára praticar, por serem todas in-
rructifera~, além de dispendiosas em prej llizo de
outros ramos da prosperidade publica, vacilloll
~obre o que 'lhe cumpria fazer, por não poder
encobrir por mais tempo a sua nnllidade , e im-
postura; não tendo menor conhecimento das
terras mineraes, comprimento, largura, e pro-
fundidade das veias metallicas, a sua mistura com
'outros , a maneira de. os amalgamar ou separar,
'á nal\lreza dos terenos que pisa va, se de rocha,
saibro, argilla, espâtho., ou de outros aggregados
corpos; que pedras ernolfundiveis; que camadas
','estião as minas qual a sua matriz, e com que saes
'Inetallicos devia fundi-los; que direcção levavão
,as minas das montanhas, horisontal ou perpen-
'Clicular, que formações continhão, que ventos
constantes as dirigião ; qual a sua hora, segundó

J'a ulo., dado em 2f) de J unho de .68. no respecli vo re~


gisto daClllclle Archivo pllg. 7. , do que resullou o bando
,que. mandou lunçar o Governadur de S. Vicente, Diogo
.Pinto Rego, em 5 de Selembro de .681 , probibindo ir-se
õirluelle lugar do descobrimenlo das esmeraldas, com pe-
'lia de morte em vinle leguns em torno,' dito ArchiTo P'-
, l·jQu, 74.
2&4' .âoN:\<A~S· ..

u bussola dos mineiros; G. nome das montanhas,.


él sha distancia do mar, o'n lugares conhecidos;
q~l-al a elevação das referidas lUinas nas monta·
ahas , se em colinas, ou· na,plnnicie; se· er~o Oll
não sugeitas a innundações, e a m:meira'·de. as evi:
tal' , dando ás obras das !!alarias
v a inclinacão
. con,
,

venie.nte para o escoamento das, agl1as subterra-


neas ;" fOI'mando poç-os, ou extrabindo-as PPI~
bombas; se.admittiãQ estradas para. a.passagem'
dos carros, cavallos, &c.. ; e quacs lugares pare-
üião convenientes para o assentamento das machi-
nas, e onde e porque maneira re.o.uÚe a pÓ' 9S
metaes com .que saes fundi-los em os Jornos de
re'i'crbero bem oonstruidos; pQl:q-ue.maneiras c u m~
pria facilitar os. transportes das minas ; q.~le cor-
rentes e corregos.. havião que subministrasse. as.
aguas para, os..pilões, €, lavagem daquellas ; e s?
as aguas. erão percmanentes, oU,seccavão .em .al-
guma, parte do anno., e em· que tempo , e porque
meios devia supprir com tanques; se as terras fa-
GilitariãG os diversos ram.os de agricultúra ; ..e o~
v.ivcres por que pteço sahirião para a ,sustentaçãç>
dGS effi0Í.a€s das oili.cmas e habitantes., Se'o ar qU?
l'espirava 'era mal-são, p'elos vapores al'senicáes, i
ÓtI 'aguas' ehxarcadas que produzissem moles'..,
tias epidemicas , além das sezões do Outono, oü
se respiraya be~ o ar ,.re:nov~ndo e desti'ltindo o,
contagi.oso do fumq" que exhalas~Gm as for,nalhas:.
Quaes.metaes produzido as minas;, c se hayia ç
DO RIO DE J,od.NEIRO.

lüósa f}U~ntidade de lenhas pura a fundição, e e~


que distancia dos edificios e utencilioó dellas se
oíferecia a localidade· especar a~ gallarias e po:"
ços , e se el'ão de boa qualidade as madeiras; q}l(;l'
fornal devião venceI' os mineiros-por dia; se aq-ueI.
las ,oontinhão· antilIlonio , ou outra materia dUo,'
dI- de fusáo, se sulphu'rosa e arsenical, se prata t
cobre, &c... e o quanto rendiao por quintal, do
1)]etal pnro ; se a prata descoberta era, nativa, Ol~
minel'alisada; que'beneficios admittião pela amaI..,.,
gamaç50 ou chumba. Se as minas de ouro devião
-ser trabãlhadas com.amalgamação, on com o li-
th:.u-.girico, ou outras substancias. de chumbo; s~
continhão' allltimo'nio ,. ou substancia sulphurosa,
e s.e forn'lav~ o r~glllo- sen~:ajuntar ferro, ou hum
.ditlphore.tic9..l?1'..asceo, {7{).-mesmo. do restante do
metaes.
5'66.
Taes conhecimentos fornecel'ião hum plano de'
tr,a1>alhos bem dirigidos,. só capaze,s pela dilfusãO de·
jntellig~ncia allgmental' o progresso da civi.lisaí
ção dos paizes centraes, com o maior possh'el de~
sehvohimel;lto das riquezas natnraes ,.que entãa,
desvariados lugares esi)onlaneamente rebentárão
<las entra.nhas ç1a, terro , para t(')rnar prosperos
e- op.ulentos aqnelles ,hemaVGIlLurados paizes; Não
se.podendo ·som'er por.mais tempo-a impostura dQ..-
Ãmi.tl~sqad9r, o furor e indignação appareceu nos'
es.p.i~jtos~em vez ~.o, r(lSpeito.e yeneraçãp:· q le a.t~,
286 ANNAES

éntão se tivera por hum estrangeiro, 'a quem 0'$0-'


berano honrár:t de 'sua confiança; a expel'ienda
tem sempre confirmado ,; quanto. séj-a nocivo acre·
dulidade da eminencia em letras, artoes ,-e mais
,partes da adminislração .ptihlica, .boa fé, c 'pro-
)jidade dos estrangeires, desfallece regularmente a
industria clo,proprio salar , não sendo exercitada
por nacionaes, excitando-se-lhes a emulação e'a
gIOl'ia pelos 'interesses e poder do seu paiz., e pela
1)loria do seu Principe , do que os estranhos nã~
~ão capazes, ecujo merito real, a pesar da,invej·Q
e intriga' não póde esconder-se á vigilancia, bem-
{'1zeja do seu proprio governa "que não deixará
de lançar mão delles .paro servit'em utilmente ao
Estado, a quem 'honrão, illustrão, ·dando-Ihes
força, poder, e energia, que os extra-nhos não sã:0
.capazes: tal he o voto geral !

Descontente sóhejamente .0 'Patr'iota Tenente


-General Mathias Cardozo, da conducta dó Admi-
nistràdor Geral, se reiir-ou para S. Paulo, onde
por dever da sua honra informou ao Printipe iRe-
'gente, como fiel Vassallo da ·incapàeidade da-
1'!uelle Administrador, que só tinha' ·feito 'a sua
fortuna empobrecendo o Estado com as enormes
'<lespezas que fizera a Real Fazenda. Tão sincellas
-expressões daquelle hom servidor, desg,?stoso pelo
.má6 .serviço que se fa~ia., tocárão a :Regi'a 6eQsi:-
DO RIO· DE, JANEIRO. 28-7~

bilídade que se dignou, convencido da verdade-


pelos factos que se lhe apontárão, mandaI" p.or·
Carta. Reg ia ~e 23 dc Dezembro de 1682, reco-
Itler' para o Reino a D. Ro~rigo, mas ao tempo
que chegou aquella Real ordem, os criados de
hum Manoel' de BórbavGattó, Ifiorad'ot nO'-Rio
das VcHias, o havião' morto, irritados dê haver
pretendido tt>mar violentamente daquelle Ma-'
DoeI de Borba, a ·polvorti·c cHumba 'que ti'nha :,
dizendo- carccer deHa para os seus ulteriores exa,:",
mes , de que os Officiacs da Camara dê S. Paulo-
derão conta' ao Principe Regente por carta de 2
de Novembro de 168'2, assim como do alcance
cm que ficúra o Administrador de grandes som"
mas, e de que os seus bens'não' chegavão para} a
.
indemnisacão-da Fazcnda- Real.
S 68-~.

No tumulto- daquelle succcsso:'pôde escapar-se


Borba, inculcando por metivo a repentina chei!-
g1;lda do seu sogro', e então os PauHsta's ,que, ha-
vj~0.acomp1lDhado ao falleáda- Administrador se
dispersár~o immediat:lmente, retirando~se huns
para' S. Paulo, e outros tomárão"sitnaçõei no ,Rio
tl'e S'o Frapcisço" que eobrirão-isuas vasantes de ga-
do vacum, e foi tão prodigiosa aquella multiph:'
cação, que pôde'bastar para a sustentação das
'Minas Geraes. E'nfão o assassinio Borba foragido,..
l~v~ndo COJIlsigo o seu c~ime e remnrsos, se r~'
fugiou naS margens do Rio Doce com ·aJgüus·eÍbs
seus domesticos, e 'ali vivell pár dilatãdos annos.

.§ 6!). !.
• .. ~ r:f •

, Apenas foi levada aCIuell11, n9li~ja da .morte.4~


D. Hodrigo ao conhecimento d'El~nei, D. Pedro
S.egundo, elle polC,\s Cartas Regias de .J 2 e .15 de
Març.o de 1 69':~ , ordeno u ao Governador ,do .Itio
~e Janeiro Antonie Paes de Sandi, se l)a~sasse .3
S. Paulo com a Administração das minas, e seus
9.e~cobrimentos., c,om o acrescentamento de mai
fiQo';jj)ooo 1'5. sobre o seu ordenado por ajuda de
.(Justo, sClildo-:lhe ordenado que tratasse com muitél
hO;I:Wél e. distincçào aos Paulistas (1); erf\. l)oré~

faHccido aqnelle Governador, e estava- interina-


111entc servindo André Cussaco, e depois deHe Se-
))[\stiào de Castro c Caldas. Estava já em 11so a
pratico da exl'J:acção 11as faisquéil'as de ourQ de
lo'Vagem no S~'tão do rSabarabuçú., d,.e!icobertas
.por.Garcia .R0ddgues Paes.; cujas amqstras elle
,clwiára pára e Reino com .v.ari.~.s .flsmeraldas, sen,.
do cIle o _primeiro que em 1679 achou o ou~o dç
<lavagom de cascalho nos rib.eirões ql\e ba.nhavão
i) Se}'J'a do Sabarabuçú ,.e Sabará (2), e depois os

.J1aulistas Carlos Pedr()so da Silveira, e Bartholo-

. (!) Secrel3ria do U1Lramar de LLsboll, Livro ,de CarL~s


,de 1ti75 , rab' 122 e seguintes.
.lo
. (ã) Dito Livro pago 150: V " ._
DO RIO DE .JANEIRO. 289
meu Bueno de Serqueira, que descendo ao Rio
de Janeiro, apresentárão ao Governador Sebastião
\ .
deCastl'o e Caldas cinco oitavas d~ ouro por amos-
tra do seu descobrimento, 4:) ,qu~ deu occasião a
serem providos pelo Governador lmmediatamen.te
40s Omcios de Guarda ijór.

Era reputado de summa riqueza o lugar dcn~


minado - Casa da Casca""':"" nom~ qué recebêra
de huma aldêa f~mdada nas margens do Rio Doce,
e que desagoa na Capitania do Espirito Santo, em
cujos corregos se topára o ouro preto. Nesse Ser-
tão se entranhou Antonio Rodrigues Arzão, na-
tural de Taboaté, com mais cincoenta homens de
. sua conducção, que entrando na Capitania doEs-
pirito Santo, Arzão manifestóu ao Capitão Mór
Regente daquella Villa, tres oitavas de ourO": a
surpreza, admiração, e urbanidade daquelle po-
vo com aCamara, se manifestárão a favor da-
queHes por maneit'a~ mui nobres e agrada-veis : as
descobridores forão snppridos de viveres c vcs-
. tuarios de qU,e carecião ~ e se fizerão de OUl'O duas
I~lemorias ,. que se ce:lOser<vava com grande estima
em.6. Paulo a que tocára a Carlos Pedroso..

'Não vodendo Arzão ajuntar naquella Ci4ade a


gente qile precisava p[lra fazer segutlcl;;t entrada no
TOMO 11. 37
~.90· A.N·~~~S

$.érIfut-,. se !JilAS$,(iUl .<lO \RiQ d~ /u\lj:}jrg, ~ .çle. tª- \\ ~;.


Pé!.UW, .aonde a<il~teG..eJ)d.Q , .se ntWJ!~. I
~le~R1Jgj)

J:f:4

~omm.endrdQ a Uí}l',/.hQ]nUleg ll~~JW , _~~.A p.p1}..hª-.


€lo., llau:l;inUlm a.q''leJJ.e .cJ.lttc.Rbp~nw, <Jp. gUfl),
hav:ia·APl:~enta.d.o qs amQ$J:r~... JJ)l;"l.iw.: empp~
nho de Bueno naq~eH~·~pr!!.pd,ª;, erA ~'mJ?H 0r~r­
sua fOI'tuna, e por isso se determinára proseguir
em tão honrosa carreira., para fazer a sUa fortuna,_
c,l.l·mil3l'inr.1i"1 J
m,e<:mo
AO ~."
•~.. 1/ ,r-~-,,"'fJ)U n .,"f~'
temno
u,).
.Olonv
rn11íf" ..)
.1. l
11fma "~n-
f :Tf 'h
J 1 .
ta,de d,e ~el~ C,~l1;lh~.<jI,q , _d ~~~<\;ih~ . ~}l ~'-re),aç9~s;,.,
~e ,UWQ ,)j)Q}! é\i~·!jl· AAffirP.í1'll çp.<f'}. ~et,'Jl~-filko~,.
par€\nl,tts ,e êWlgofi, ,p,~rW? A~ ;8. ,Pa;nlo ~ 1.6=9-7 !.~
e rOJ;Bp~1jld9 por·; hH\ÇG~Sfi~v;Çi~ ;h.9.?<iI I,eS ,i; cja9Ieç,~
.qe Sltt:J;a:s, íp\~!~« ~rYl~ ,i).e f,al;ql? ,çp'e,gpu f! ~t~~
:Vql'. iVa, oitoJ.~g.\\.<\s·~~~tt(p Ae YilJ&iHcGI ~poq~~"
fez .61<:~ lril"'.01I~cões
r~~" ;:»....
f·np.1'P!'.S~11i
"'t.. ~~ ri'l.l
S ).:le
~ 7'v
j .,'ty e
milho fpii:'io,
~ ft'-::vn, .

dflli s.e Jila~~o)u J!.P );\~9 ·Qll.S Yelp,~~, po.r p'~q~\lcop',,;,


~ar ;1ilflg:n~l]e Il\lgar.· ap,p.~Cl) "c;a n.*;. f' "jll-,~crP. sH-
.v~/iltr~s)Ç! <;l P~9,V.çS.&ç: .l!fl ~lI1?~i~~q '.~" Jç~ .f1l,l.aYi~º .
~fjo 'qh~g51&.se fi 9.ppp,r mlid~~e. 4,e 1çq\p,.yr ;O~}~0P.h)i·
:;QS fr\1,.Qt9~ CiIl\l~-~el'~~P,W q.a I~~!-S' Jç;ç,aE~. E)Je ~O!'
~J»GOQtl'A~O ~)11. 1 6,98, iljrQ. ~a})çf.ai':a .lH;19 iG9.r ~e~;,;
Salva~çH: .f.e.Ij~.W;},~s ~tl~t~~9" .~ CjlP.itiio'l,ór Ma~
jI;1o~1 Ga);qia ~elho , .tJiP.9r <2~Y'o~ l~,\\i~ta:s , ~~u··
dos de J.n.qlios:~qs &.~rM~s cily Ç~l1té , (e R}9-po.ÇY·
Como não tivessem a sci~n€ia d~ explOl~ação e
cultura das minas, se ôontentárão com o ouro, ,
.que qpurÇlvão ero. p~ijJ.leQas :\'qsil~s çle ma..Çl~.iFa, .
.que d~wãp o nom~ .de -:-l> te\'!-s - ( .h~un~ es: '
no RIÔ DÊ JANEIRO. ~9'i

pécie oe ban'ilejas.c W 1mft'1 ~iáó' 6.0 'fufi\lo] fi


'qnl'e~ J'aV1vão o'c~ê lli' ; qlê ó fê'âs' eâíh ffâ
de buro.:déní d~ tlUblllS fôftWià~ç(}ê~ ed'm..íql ê nt}dét:.
le mMethl~S'é 'àtrfa1Sâttlc ~. ! I

,. I •

,§ 7
2.

( PathJtló p'rlra a Cêtaati dei Ri de ~Rfi~f 8 Õ


'Capitão Mór, ManoeI Grlrdà, S~· ~p~~séfi '8U ab
"Governador Antonio Paes de Sandi, a quem apre-
sentou por manifesto do seu descoberto doze oi-
tavas de ouro, o qUill extasiado de amostra sem
mais averiguação, lhe mandou passar a Patente
de CapitãoMór de'Taboaté, e Provedor dos ql1in-
-los, com a faculdade de poder levantar Casa de
,Fn~dição nanlesma Villa. Ruma tão exhuberante
graça electrisoli tanto mais o espirito de honra
'que distinguia aos Paulistas, para -se entregarem
a arduas .emprezas nas mai: -,inàccessiveis monta-
nnas em 'Procura daqueHe lusente metal: pene-
trar os 'bosq~tes de Taboaté, era 'a sens olhos ar-
gumento de fraqueza, indigna da coragem Paulista-
na, pelo que resolvêrão partir dali, afrontando, a
morte, c fazendo os mais grandes sacrificios para
·descobrirem novas minas, e travessando as mais
grandes torrentes de'agua e impenetraveis montan-
has, não po,:!pando diligencia e trabalho nas explo-
rações importantes a que se dedicárão unanime-
mente, menos pela riqueza que poderião cOl\se-
guir" que pela glor-ia de dar a seu Principe hl1~a
37 u

"
292 ANN~

fonte de riqueza inesgotavel.: os resl1Itados· dos


seus honrosos trabalhos prod uzirão os descobertos
~as mais ricas faisqueiras das minas de ouro, que
derão occasião á reunião de. tantos povos, que foi
necessario formarem-se povoações que s~ creárão
em VilIas, que liverão os titulos de VilIa-Rica,
Marianna, Sabará; Cayeté,. S. João d'EI-Rei,
Príncipe do Serro do Frio.
DO lUO UE JANEIRO. :29 3

CAPITULO 111.

Continuação dos descobrimentos das minas depois da morte de D. Ro"


• drig9 de Castello Branco, passando a sua Administração para Garcia
Rodrigues Paes, debaixo do titulo de Governador das minas de S.
~aulo.

S I.
togo que a Côrte de Portugal teve cabal co'"
nhecÍI~nento dos seniços de Fernando Dias, pra-
ticados nos desçobriment(;)s das esmeraldas, ouro
e outras preciosidades, cujas amostras tinhão sido
entregues ao Administrador Geral, bem como as
feitorias que havia formado de sete para oito an-
J?,0s, já na Comarca do Rio das Mortes, no lugar
que se intitula - Vituruna - &c. , tres outras no
do Sabará , e bem assim a do Parupeba, ao do
iiumidouro do Rio das Velhas, a roça grande que
I ainda hoje conserva o seu primitivo nome; a 1'0-

c.ambira, a Itamerendiba, as Esmeraldas, o mato.


das pedrarias, a do Serro do Frio, onde residira
por largo tempo, e tudo gratuitamente a favor
do Thesouro Publico, sem exigir a menor satis-
fação, vigiando e guardando aquelles descobri-
mentos até as ulteriores determinações regias, e
abrindo as estradas de buns para outros lugares ,;:1-,
29~ lNiHns
e finalmente aquella da Cidade do Rio de Janeiro
para Minas, recordando-se o Rei. de lhe ter sido
presentes muitos outros de sUlllma importancia,
assim na conquista de bellico~ps)ndigenas nos Ser-
tões da Bahia , já contra os Hollandezes em cliveI'-
~os pontos do mar debaixo ,do posto de Capi-
tã~ Mór das Ordenanças d~ Cote Tc mbará.,
e Se1.l éie'sitlter~ssé, o 'cónstifliio Gti:;itdJ Mór cras
Minas de S. Paulo (J) pela Provis.ão do the'or ;e-
guinte: li Eu El-Rei façó saber aos que esta mi-
« nha Provisão virem, que tendo respeito haver

'll • re~olh ro qtíé Ííãj a 'li {Nu {hf~ r<1~' Mó ({às mAas
« <te s: i>áúfo I e n'cf p~ss8á a'e G'ár'ci Rolfrigues
>(l Pàes conéorrérem:üs re1f\íI~j'tos tlé ser (las' p'rlli':
'a éipáéS ~esS'õàs àá'qne1la~Cã<p1fJIiiá'~ é illd7Zêloso
« do metl 5'etviç6, óhtÍ'ô tód~ '6' uRfadõ em e
li abrrr o cafuhíhü ~a a ãs' clitJs fÍllfíã t tentr&'
(l' petclido p'ór este Í' 'sp'el o ~tânae§'1có~l'véÍlie'ncIf{
( pa á' não fa~taf o 'ql ee "lHi te't611illié . d'otÍ,' ré'
;.:>e ac
~ h ~ '"" "'0 <'1 ,r"" rP.é"~·' ( ... ,!t-!'L ' [I ('51 .ot
(l

« 'gàçaó, 'côrfÍ« cônverfi.. e'i P . BeM 'i1é "fá é


..,.
, . ar com gra ue nOll la .pata laZer S a O.l)n-
« merc'ê ãó altõ Ga :oiá 'R:àdHgii'ês·PaeS'.H lmi;
li 'c .rg'õ de .G'Hfiãá Mf>r -a ;; íhlh"á ~d S, p~ (lbl ;
ú pará que ó sirV:á' oi têííip'ó' tre tres lráS , é ó
é 'm'àl e .ytuárf ~ IB.'e ~ > (i'uland1. to ts c'i!t soV: ,.
li qfie côftí dte',il 'Tâ cfól'ts rrfil 'h Hi cIOs' ae 8~ldé~

·,.~l! I " I' h , l 'Ii!' ~


no RIO P'f J;" 'EIRO. 2Cf~

~. 11<;l,99 ~~jd~ ~n.q.,9 ; p,ag;9.s 9a f.or!!}y. :4(rReg~ento~ ..


a ~e~~ q"e P.J:,lpÇ1,q ~o ~P}:U .çf~ew_adpr ~a .Ç,~~i­
n ,t-YMa do Jl~o ,dtl ,J~?-<i~l'~ flê PHss~ ao çitl? g~.~ciéA
JI ;J1oç1r,igu,y's pa~p ,~o Q~tÇl cal~go, e )h,e r}e]*,e ,~_el'vil;

II pe~o d,i,-t;o .~~JPp.o, e tM-lvei o d.ito f?rp.<fn~9; ~


!- ~lle j~.r~lr:á p~ fpr~9- p~~tu_~a.d~, ~e q~~e pe fará
« ~ssepto )ç.a~ lço,st.as 9-~s~a '!JIfnj,são, q~~ val<ir~
e ,çon;lO car1ta ,s,ef!l,enJ,1?~~go, 9:a ,Ql~~. ,d'!? Liv. ~.,o
« :r~t. 49 egl .coYJtFa#p. ~ PQr ,<I'NP?;t\> ,o d\t? rGJr,-
1': ,9,i.a Ro.d,r~gNe~ l~.~s ?e aql;1.a 11,0 ~io .Çle J éJpe.~rp ,
.a. ~ ,çã.o ten) !}§}!"ta :C,ô~:~e PJ'C?cnra~o' q\,e Ihe)1aja
,a 4ft ~?Lp.çdjr ~~I~ d~.sp~cho , ne,1p a ~.rev;i~ade dQ .
~ tem,p.o dar ~\;J,g~r .? pag!lr <;tS <jlireit,os n?vo~ e ve-
,r;: J-hº6 : ":S;~.i p0,r qer<?g~Çlo- .ÇJua~qner R~g\rpentQ

,« .09- ~rg~.J?íl J~,r;n Fo:gtrario, c,om gecla,r. ç~o qu~~

« :ní'i,9 .Y'p'~ra.rá· q~ p.o.sJe ,do ,~.i.to cargo s~Jm pri-·_


q 'lI!e~.ro day fi }l,ça no Rio d~ Jçu:~eil=o, a Ol.ostra·-

~ .ç1ef.l.~ro 90 te~p.0 que J>ar~cer convenieI}te , co- .


.- ):pO rpanç,o,u s.at;f\fap~r .~ este ~e.ino .~S ~itors <li,-
.a- rcito.s H~'O? e yeJ4o? li Je~ta nc'ib p~s~.~rá pel~,
.a Chan<:ellarja" 'p01:ql~e para t,udo Hei por dis-
- pe.Q~éJ. d os qUqcs,quer solem.nid~d~s que se re-
_..q,~eÍl:ã(]) parª a va.)icla,de deste ,proyimento ql;le., .
a. ~llltuqo se cn~pr\l'á ).n,l;eiramente como nel~~ .
li se contém. ManoeI Pinhei\70 da ]1<;mseca a fep'
« em Lisboa a 19 de Abril de 1.702. O Sec.retario$
" André Lopes de Lacre a fez escrever. -Hei. -
" O Conde D, Alvor. Provisão por que V. Ma-
• .gestade faz mercê a Garcia Rodrigu.es Paes do I
ANNAES

a cargo' de Guarda Mór das minas de S. p'anlo,


" paL'<~ que o sirva por tempo d~ tres annos, e o
a mais em quantp não mandar successor, como
Cl neIla se declara" que não pa~sa pela Chancel-
« laria. Para V. Magestade ver. Por Resolução
« de S. lHagestade de 15 de Abl'il de i 7°2, em
• consulta do Conselho Ult'ramaríno de !~ de Ja-
Cl nêiro do dito anDO, reformada em I I de Março
Cl do mesmo anno, e es~ritos do Secretario José
a de Faria de 19 de Abril do dito anno, registada
Cl a fi. 159 em o Liv. 4 das Provisões que serve
« dl Secretaria do Conselho Ultramarino. LisbQa,
• ?-I de Abril de I 702~ - André Lopes de Lavre.
• Tem dado fiança na Fazenda Real no Lino del-
• Ias a',que toca fi. 103. Rio de Janeiro, 2 de
«( Dezembro de 1 ';02. -~eoDardo Barbosa. Cum-
II pra-se e registe-se, e se f.'lça acto de posse, co-
• ma S. Magestade, que Deos guarde, manda.
• Rio de Janeiro, 3 de D~e~nbro de 1702. De-
• daraçáQ do lermo de posse. O Go,vernador D.
• Alvaro da Silveira de Albuquerque, em cnm-
li primento da Provisüü acima, deu posse ao dito
'. Garcia Roddgues Paes do cargo do Governador
~ em Iode Dezembro de 1702. - Fr~ncisco A:i-
,. res de Carvalho. D
PO lUO DE JANEIRO.

§ 2.
Aqnellt fallecido Administrador GoraI D. Ro-
drigo foi frant<i> e sincero na exposição dos s@rvtços
daql1elle b nemerito Paulista, como da fiel en-
trega que lhe uzera se'l filho Gímí:la Rodrigues,
CDnstante .da seguinte veridi~a attestação: -
a D. Rodrigo de .Çastel Branco, Hidalgo de. la Ca-
,I sa deSu rvfitgestad ,Administradot, y ProvedOl' I

If. .Gener.fd de las roh~as pp!' dicbo Sr. , .e·to. Cer-

III ti.6co ~n como aI AtTayal de Paraovllypaba He-

a gó Garcia Ro.drigues, hijo legitimo dei G.over-


a -nador Fernando Dias Paes y já-defnnto, y me
1; trnx.o a maa:ifestar. un~s pieq.ras verdes trans-

ja -parientes, dizendo ser esmeraldas, y que e I didlO

C\ BU ),ladre) .abia falleciClo Iar.gas yornadas de este

A.rrayal trabindo em su compania las dich.s


piedras , las qU;llcs en su presencia se bizo as-
!'l ~ie~to· eu ai libra, y se remittieran a Su Alteza,

1 que Dios Guarde, por dos bias , la una por la

,a Cn-mera de G uaratinguitú, y la otra POl: la Ca-


.e nl€l:à di San Pa'blo, yassi meS010IDGl dix.o man'"
04( classe en 110mbre de Su Alteza tomar posse de

• '~as .pieclTerias, y de lmas rü..§s de my~ y f< JOD -= -;: : : :.


<I- que aI defunto su padre tenia in el SuiJ:Jidollro .

r
c TlIcarmbira, y en los matDs de las pew'cri3s;
!' 10 q\lal bize en nombre dcl clich@ ·Sinol' , err-
e biando personas ,sufficie:ptes a replantar ,_y tC1}el'

~ :cuidado de las díchas 1:05<1,5 hasta que tu viesse;


TOMO II. 38
2g8. ANN A-ES' _ •.

« úrden de Su Alteza ,-y assi mismo haIle alli· y.


l( nesta rosa dcl Sumidouro abundancia de meyo

__ " y princi pio de m~ndioca" como tambien cria-


41 don de puercos que dccho. el Governador
II Fernando Dias Pacs habia mandado fabriCa!'
<l por sus esclavos, y con grandes dispendios de
a su hacienda cn tãõ dilatado ti~mpo , como ha-
.<l hia estado neste Sel'ton, buscando las ésmeral~

If d,as, y me consta que llevando Dios aI' dicho

-;:;:--a Fernando Dias Paes, la pi~te de que mUl'ió?


a pe'rdio co::n ,los que de antes habia perdido

a hasta treinta esclavos suyos, y. aSBi· mesmo


a treyo ~ este Scrton Indios pagos a odio mil réis
a cada uuo, y se le huyeron , e. nUllca se los en-
n. bjaron de la VirIa de San Pablo, y esto me consta

"s por haber·lei de sn libro, sin attender ~I di w

a cho defunto, mas aI senicio de su Principe ,


" dexando moger y hijos 8n la Yilla ele Sa~
a Pa~ro, gostando en estos annos eI c~udal con
a que se hallaba , que era uno de lo~ mats ricos
a de aquella Villa, sin que nadie Ie qniziess~
li ayundar a este servicio en cosa alguna , antes a

• embaraçar-Ie y dizer que estava luco , plles gas-


a taba los anos, y eI caudal de sus hijos y mogel'
« en locuras' , que nó habiau de tener fiu , y fi-
~"nalmente ml1rio cu dicho sel'vicio em medio de
a aquel Serton' desamparado y sen confi~sion ,
a pues' ni .uu Sacel'dõte le quizieron. enbiaJ' te-
'<l nfendo pariéntes, que eron en la Villa de San
DO lUO DE J'ANElRO. 299
t PabIo Sacel'dotes, le qual assima dichó juro;
({ los Evangelios passar todo cn la verdad, y es me-
li recedor de que Su Alteza que Dios Gll'arde lê

« honre el di0ho Garcia Rodrigues Paes como me-


e recen sus servi cios , lo qual passe por me ser
« pedida de mi letra y firma, y Silado com el
« seno de mis armas, y neste Scrton dcl Sumi-
u ,douro, a 8 de Outubro de l$SI.-D. Rodri~Q

• de Castel Í3rap.co. -SelÍo.

§ 3.

Pela Carta Regia de 21 de Maio de 167:' (I),


cm agradecimento aosP.aulisLas que tanto se haviüo
distinguido nas exploraç:<>es das minas, m,anifesta-
va o Rei tanto a sua satisfação, que se dign-on
:linda mandar escrever ouLra cni 6 de Ag'osto (2)-
.~ Garcia Rodrigues Paes, para qne lhe partici-
I asse o r"psultado da nova entrada que fizera nos
Sertões, dirigindo outra em 26 de Abril ao Cabo
da lropa da gente de S. Panlo , na explora l;ão das
Cabeceiras do-Rio de Tocatins e Grão Pará, que
havia penetl'ado por tão incommensuraveis dis-
tancias todo o Brazil , descobrindo não só as mi-
nas de ouro, pore.m muitos outros mctaes , pe-

(1) Secretaria do Conselho Ultramarino de Lisboa, Livo


dlls Cartas para o Rio de Janeiro, Tif. 1674, pago 6 f •
.(2) Dilo Livro pago 2 1 . ' .
38"
300 J.riN ,\'ES

tlras preçiosas,.e drogas, recofi1m(mdando-Ihe& e1 J


que enviasse a sua Côrte dOl~S hPD1ell5 COlI} as
~rnostras do ouro e ruais COUSaiS achadas, çQm
~xacta relação dos terr'cÍlos em que estav~(), ~
por onde passárão , lugar, altura ~ diversidades
das Nações harb ra,!i, por duas V.iIS, segllral1dQ
lll'emiar_ çom mercês i)roporoionadas ao seJlvi~Q
que }\1e fazião. Escrevell o mesmo ~beraQo ~os
Governadores do Rio de Janeirp e elo Pa,q,_, pijra
que os recebessem bem, remettendo as amostras
com toda a segurança ("2) Acusta da Real Fazen-
da ; com a prevenção que no caso de ser eocon-
tr~do por IJavio inimigo da Corô'l , ten~ando pri-
si~na-Io, ff.}s~e tu<;lo l~nçado ao ma,r, em modo
tal que o inimigo não perc~besse, nerp soqbesse
o conteúdo das cartas e ipfofJ:p:l9õe~ nos objeçtos
reconlme,ndados, e ~mcce4endo Q-iio ;;er ~ncQn".
trado do~ inimigos se poderem ~~artlinar PQ:r en-
~ait?s ç1e pes;;oa~ inteUiqGntes llCJueJla& ~fqlo,s~r~
peqidas.

§ 4·

Desem'penhárão os Pa'lílistas c@.mpletamimt"eos


desejas Reaes com as amostras pedidas, enviand~
as relações do interior de todo o Brazil, da sua
riqlleza -uatu.r.al , ~ o .qua.J.:l.to conv.inJaa sGgufar táo
• 0,. r 1 r

(I) Di.\o ~iy)'o r~õ' 5 II ~egoinle5.


(2) DilO Livró pago (j v'
"
no RIO DE J Ar\EiRO. Soi
~mporta.tltes possessões, que torna vão npeteoi"cis.
tão abençoªdQs clhnas, po~do-se-Ihe barreiraS'
i().lp netravei~ uas po~:s~ss~ -$ limltrophl::s dos Res
panhóes no"&,s(}~ "isin hQ~, ql,18 senhoreadQs algum.
-dia do Rio G~H1purê, podião obstar pelo Rio Ma-·
ç1eirq a nossfJ. contIDl.\nicaç<,\o com o Parú, cxpul-
'sando-nQs d.l,\q~elle ;;FossQ natural, que fecha e
~Omnlt-Hüca ,:astissim9s e riquissimos .Sertões de
3.00 l~oas e~ circuIto., 'o q1le abriria ail1plissi-
PJas 'el)tr<\dl:l~ pele il).torio~ do al,l,rifero e ditlman.,.
'tino terfÍtorio, do Brazil., teado por elIas maÍS- fa-
"d~ çommHniçaçã~ par~ as Provinoias de MOXÓ8 ,
'Chiq\lito~, ~ f,aragllay poi~ que .eonfina o Gua ...
I

J;lurê, com ÇlS fQediÇlçées Q'l Yi!la Bella tão opu.lento.


em ouro e diamantes, ç OOD,l tudo aillda mesmo-
'~g01'n s.e não pqyoáré1o ~ SI;} euIti árõo tão r)rGdi~
'giosos ten:euo§., domando ecivilisanuo tantas n-
-ções barb~ras ÇIue :uellos habitã0, como de maiol:
int~resse dQ B~'a?:il, ~m pre.g<\Q61Q,se os meios .con-.
"cnie~tes da. colonisaç~q dllqu.elles vastos pa.i.zes ,
.narQ. s,e Çlht{(re~1 pelos var~adQs rQI)1(j)~ da.agricul-
tura , artes, e c9mm,erçjo , e povonção Q nosso €n~
grande€imento pela sua perenne·e insondavel ri-
queza, collocando-nos no maior iOlperio do Uni-
"epSQ ~ gr~,?a á intrepidç~, valor, zêlo dos Pau-
li tas, ql,l{~ {)S <;le&cobrimentos dos ricos metaes cc
IJcdl'as preciosas a.~tl'ahit'ílQ de toda~ as. par s po-.
vo~qores. das min,a.s , na e perança. das gl'and .
(orNn'-Js qll,e eIJas propwtthjQ, pois CQm io.-
302 !NN~ES
criveI cc1eridàd(se formárão dilatadas povoações:
de aveotureír05 , que tornárão tisonh~ e agrada-
vel a habitação daqueUes impenetraveis bosques.
Y' InexaCtas informações contra aquelles Pªulistas
1/I derão varios escriptores, denegrindo a gloria e
'
renome de sua heroicidade, attribuindo-Ihes a
, hórrida devastação e carnificina dos Indígenas ,:
lJela -sna ambição, pela qual exasperados pene-
-trárão as mai!! índomitas e des'conhecidas monfa-
nhas até o- Uruguay , e com rigida censura a pou-
co escreveu Beauchamp no Livro·'4. o da sua his-
toria do .Brazil, impressa em Paris no anno de
1815, tomando hum 'luga-r parti?ular; e tit~lo
de Hisloire des Paulistes , tt Mm~lClay dI,!, Eresi.f ~
1!r!ndant le cours d/l dix-sep'Neme si;ecle. lIs s' en-
ric!lissenl par le commerce des esc(ave,~. I Is bra:"
vent les edils de. Üt Cow' de Madrid, et les' B1'efs
tÚt Saint Siége. Ils expulsent les Jlsúites, se ra5-
s'emMent em eololl te indépel1dante , s'organisent mi·
lilai'rement, aUaqllent et rutne1il l-es Coloni't's, C/tl'e:
t:iens dll-(;uayra. lf's decouvrent la mine d'01;,
de Iragl1A , la plus anclenne du Brésil.

§ 5. -
l\"ão foi o moveI de tão ardnas e heroicas em-'
prezas dos Paulistas o commercio c escl'avisação
dos Indigenas, havendo deixado em o seú paiz' os .
mais caros penhores que nelle prendião , de suas
famílias, e de suas riquezl}s ; porém sjm forão ex-'
))0 1I.Io DE J ANELRO. 303
citados por nobres sentimentos de gloria, para
contentarem os desejos tão implicitamente mani.,.
feitados pelo seu Soberano, do descobrimento dos
·metaes preciosos; a. escravidàa dos Indigenas pro-
cedeu da S"ia resisteacia '$'.igorasamen te"eiD,pre-
gada para obstar ohjecoos de suas heroicas ·emi-
graçõeS' pele deseobrimentG das minas l .fazendo-.
lhes guer.ra, fora de teda provocaçã0, pela qual
-se·.reproduzir.ão·as reacções e calamidades, de que
a. h-l'lmanidade se lastima, sendo de muito grande
im.portancia os felizes ~'esultados q.ueaquellas em-
prezas trol1'xérãe á consideraçá@ politica da Mo-
narchia, ;pela riquezf\ achada, qlJe povoon os bos-
ques dos. lJaizes centraes, e 'trouxe fi civi:lisacão.
,
muitas hOI'das ha.'baras , ·e ti Religião adoradt;lre6
do Doador de tantos. bens.

.S 6.
A 'fim de se 'fadli.tarem taes emprezas, D. Af-
{anso VI hav,ia escripto a Fornanuo Dias, a Ca.rta
Regia de 29 de 'Setembro de 166!~, expondo que.
<level'ldo .por via dos naturaes elo paiz COfrero seu
melhQramen~o, ·commctlêra·a :diligencia .do eles·-
cobrimento das minas ao Govemaelor Agostinho
Barbalho Bezerra., ol'<1enando-'se a 'PcmaBdo Dias
.que estava em .S. P.aulo, ajnda-Io e sl;1pprir 'cóm
Sua assislericia; as- desiutelligencias elo Governa-
dor Bal'balho com Salvad-or .corl'êu de S{t .coCom.
mundanle el~ Náo de guerra., déráo occasião d~
\ A,Nr lES ' ,
., ,

manifestar-se a brHhanttí €onductá e:genel'osidadc


'-de Dias, qüc se 'e'J1carre~(jU dos descobri"mentos
W ~ suá 'custa, estando em avançad~ ~dade de 8<)
30'r'H)!; e que pela morte do A.dmlnIstrador DI.
Rodrigo, o ,mesmo Rei S11bstitltl,0 naqtHi~lle em~
pl'ego ao iilho que sampre ó acomeanhára , d~,
J!lomeGarcia Rodrigues, como· -já se l'eferío, (),
qual recu'sando aceitar, no. 'receio das intrigas dos
tempos sob as diversas alternativ.as. da Adminis-
·tilaçiio publica, lh,c foi respondido pelo Secreta-
·tio d'Estado Rbq ue Monteiro Palm , '!I,ue as mer:-
cês dos Reis se nâo r.egeita;vão , e que Sua Mages:
1:ade·(suas fopmaes :palavras) na mel:cê que lhefa>=-
úa daqudle cargo tjuha para si ~ -lhe -çlava hllm~,
cOllsa muilt0 g11ancle" 'I!: que em ,tempo estaiVa de
requerer. Eis aqui a of'igenLdo enLhusiasmo dos
Paulistas pelas a<;ções gloriosas, honrado$ pelo.
seu Principe , pelo seu desinteresse, e proceder
das prin-cipaes mmi;lias. de ~. Paul@ , ,pelo qne o.
nomeava Gual:da~l\Iór. A sen pai Fem.à-nmo Dias
fez a maio!' impressão a seguinte Carta Regia que
elec-Iirisoll o seu acrisolado. Patriotismo. CapitãO
Fernando Dias ·Paes:. « El,i E.J-R€i vos Enúo mui1.o
« -sand,ar. Bem sei qll.e Dão hc necessario prcsun~
u dir~ros. a q,ue, concorrais de vossa parte com o

c que fôr necessario para o. descobrimento das


« 111inas, de que envio a Agostinho Barbalho Rc-
>II zetra, considerando. ser na'lnral desse Estado,
-~ - --
, e qne como tal mostre o p.articular <.lc&ejo dos
DO RIO DE JANEI1I.O. 30S
« augmentos delIe, e confiado pela experiencia
« que tenho do bem que até agora me servio ,
« que assim o faça em·. tudo o que lhe encarre-
« gar, porque pela noticia que me tem chegado

« 'de vosso zelo, e de como vos líouvestes em mui-

« ta's occasiõcs do meu serviço, me fez certo vos


« disporeis a me fazeres este. ElIe vos dirá o que
« convier para este effeito, encommendando-vos

Il lhe façais toda a assistencia, para que se con-

Il siga com o bom fim que lá tanto se deseja, e

It que eu quizera vê-lo conseguido, no tempo e

« posse do Governo destes meus Reinos, enten-


« dendo que hei de ter muito partiçular lem-

r brança de tudo que obrardes nesLa materia,

« para fazer-vos a mercê e honra que espero me


a saibais merecer. Escripta em. Lisboa a 27 de
« Setembro de 166!~.-Rei.-O Conde de Castello
« Melor. -Para o Capitão Fernando Dias Paes. n
« Segunda Carta Il Fernandn Dias Paes Leme.
r Eu O Principe vos envio muito saudar. Pelas
« cartas que me escrevestes, fiquei entendendo

« o zelo que tenâes de meu serviço, e cómo tra-


r tavas O descobrimen to da Serra de Sabarabu- '

a çú, e outras minas desse Sertão (1) , de que en. L


" viastes as' amostras de cristaes e outras pedras.
« E porque fio do vosso zelo que ora novamente

(1) Erlio 05 diamantes do Serra que prometlêra man-


dar examinar.
TOMO II. 59
ANiNAllS

«- eontin\HI'is 6&~e S6I'Vl']0, a


cQm usslgtenda do.-
" Admini8'tFad~r G~€ral D, Rodl,j,g-<> da Castollo-
u :8paBee e do- 'fp@soul?ciro Geral Jo.rgeSoar~ G&

« Maeedo, a qut}fi). ord€ln0. qil!le 'depois do qe~v;aJ;'J,e­


citJIo @. nege-de fi que- voo mand.e., das mimas ala,
t(

u· prata e- OUFO de Ftwaagná, pa.Fassem a Sabal'u.

a huÇtLÍ; pop ultima ditigelílcia do. c1csco.bu-illumto-


a das minas dessa' l'0paptiçâo, em qu~ lIa tanto
~ II teml)@. 80 eonÜlíllla Slílln e.fi'ítiih); 0Sp€[l.(). que oom
(( a vQSsa iádl'lS'lria e advert(mdaS;'~tl)e fher~ ao
/l A(lmin'istra®l', tenIla (l) h0m S.U€O€'BSO que< se
/
u proa ura , €) ,"0S as L11<tFOês qno p.()(!OOts ésperaI de

/l mim, ql;laQqO se· €on5iga'~ Esm:ipta em Li'shoa

Il: a 4 eleDewmbJ.lo de 16<j'J•...Pdn0ip€.---OConde

de Villt de :R(;)~ --FravélI Fenl[\.lil>eflro:D!l:a8' Pa0s,L6m~.


(I »)'

S. 7,
fure.eel.'t a<!}J Cf,}n'Solho~ d€r S~.edJ>ria.- dn Rei
conveni~H-ll~ e~tréga.Jl ~.~ bq,bi,tafiJ!e§. os. dQ~e~ri."
m.e.atos Q tlí\Í!n~ ~·lll,'miL p.~ Jtsj €t!<}fiçi~ fi
e aJ!'Mov.ci,~l'e~),.. pt\gE\.nd~ ~ó'!ili.e~tct Q Q'~ tJll;tq. §0g.j)0"
FeM OOll.tii> de t0t!Q: ~ . u~\O- ,. l'~pill"!i~dQ-st:t u" da
HbS miool'ae~ na, eQ"ij.fllcmid..aM d~ ~libt~ i€gi...
mento:
« Et, El-Rei :fa.çJ1 saheI! aQB (lJi\iW. esle EOf.lR AI..
U> v1mí viram, q:w~ Bn. SQU in60rmucOOJ €J!u~ ,oas
I. p.arte do. fuaz' $.íiQ d.es.c.o.b.~Las. algtllIlM..miJ::IJ!s
« d~ Q~ro w'a~, e, que. (a~ijij1~lilte~ S(} pli\derúõ
II descobrir outt'<:lS, e querendo nisso faz€l~ gOOça.e
no RIO DE i1ANEIRO. ':507
« n'lêí'éê IWs méüs VàSéalio~ 1 ê pôr glltr~~ tespêltos
cr do ttleti seí'i'iço: Héi por bêm, e me apraz
« I~Kar as ditas minas aos descó]jtldó~€'8 d~UáS,
(l e que eHes a possão ben~ficiar e aproveitar á
(l sua custa, pagando a minha Fazenda o quinto
(I somente dá todo o ourg 011 pl'atll qn€} das ditas
li minas se tirl;h~ ~'àalvó de '1i0do o C~l&tO, depois

li ,dos ditos m,€taes Ser€ffi funcli-dQs e apurados,

• €1 flOS il.it0s deS€obritnehtos e r€partiqões se


(l guardará ó-RegiID€ntQ segu~~tG ~ é 6ni: tudo (,)
• mais tocante ás ditás minas. '/)

CAPITtJLO PRllfEIllO.

a Qualquer pessoa, que quizer descobrir minas


(/ ~e àpr'eSOtitã:i~~ a(1 j[fóV~dgt" deltas l' (;jltê tenho
Il ord@l db h.jja- llfts ditófS [;HI1!f.€S" ~ e l.l':i{;l &~}á~rá.
« €l0ffió tItPel.' fàZ€r' fi ta~ d~tgl>üfflel'ifG t é lâ-vraf'
é e. tifa'F 08 filé fies qlte 'YêlÍà fQl:'1Jfu. nOOl1OO~ á
• (I de '(ll1e pâ<gtitá 6 «l filfijlftiró
Si'iã j!>I'ôptia' <faSlt1l "
á deo t.:õd s àS dêS'P'àtlI§ á l'Hdbâ 'Jté.:'tl Fã.zéflti)a,
lt< 5tl!n. ena t~t' (5Imi@~ó d~ ltl:El' dà!' l:l-arN iBsb
(o c'~tÍ9à a.lg'i1'JIf}f1, de q:ft~ se fhsI'é~ tilss~'W~ pelU ESl-
;» clii ãóo da dit:o' J>rdVédat· h·Rn U 'j qu:e
• ~t'à IssO' há'\.@F,â f áSS'Í>@lª,<UJ e ífl!tlme'FflcRt pór
~ tdl" f €nt ttoe a tal pcS'S' §9Srgtillt;' , ~'értl
r tte.'t''"tR1üó d . c!lliti!t ãss@jt(}. :rtbtlà~ i}b'~ emáft!lot
( G~l: M di~ ~ t1f~i,. C pti~ lb C mpãMüa
« ddl~" h~v€~~' Nl~tf à~ :rmm~ Fltlefid";i JI e
.. quaesquU' (9ti~ ~.).ft)~ à'~l ~tfiG ~ tú~
39**
3'08 ANNM:S

« tiça, que lhe dei~em descobrir as ditas minas-,


II: e lhe dê~m toda a aju,da e favor que para.isso
«. fôr necessario:
CAPITULO II.

E tanto qúe fôr descoberto alguma mina,


(l'

u se registará logo pelo dito Escrivão com todas

u as "declarações e construcções nec.:essarias ao pé

(l'do assento que se devia fazer, quando o des~


« cobridor della se apresentou ao Provedor das
«" minas na maneira au'az declarada'.-

CAPITULO III:

(l'E depois que o desoobridor tirar metal da dita


« mina, será obrigado a apparecer Horn eIle, e
« manifestar ao Provedor, presente o Escrivão"
o: dentTo de trinta dias; e flor juramento que lhe
« será dado ,. declarará; em como o dito metal
~ de ouro ou prata" he da ,própria mina que tem
« registada;.: e achando não ser della será casti-
«. gado-como fôr de justiça, e pagará todas as
«. perdas e damnos que se seguirem ás pessoas
u- que pedirempatte na· dita mina; e sendo pas~
« sados os ditos trinta dias sem fazer a dita ma-
« nifestação do metal que tiver firado-, não go-
u zará do 'privilegió de descobridor, salvo se al~
« gar e justi~car tal impedimento ao Provedor',
(~ po:v.q:ue p.areçÇl qJle deva ser relevado..
DO lUO' DE JANEIRO, 309 .
CAPITULO IV.

«. Ao· descobridor do metal de ouro ou prata

« se dará nella huma mina de oitenta varas de


a comprido e quarenta de largo r medidas pela
a vara de cinco palmos, e de que se usa neste
a Reino; e se lhe dará mais na dita beta outra
« mina de sessenta varas de comprido e trinta de

q . largo no lugar apartado que elle escolher, ha-

I: vendo porém enh'e huma e outra distancia de

« duas minas de sessenta varas cada_huma: e


u querendo o dito descobridor, ou ouh'a pessoa
« a-que se dever repartíção em mina, tomar mais
.(1.em largo, que em comprido, o poderá fazer,
II começando de hum e outro :. e pelo dito modo

.11 se repartiráõ as minas entre as pessoas que na

« dita beta descoberta as vierem pedir para nellas


a trabalharem.

CAPITULO Vo.

« Concorrendo mais pessoas no descohrimento


n de alguma mina, o que primeiro achar e ·tirar
ú metal della, se entenderá ser o descobridor, e
c gozará do privilegio, ainda' que outro tenha
« primeiro buscado a dita mina e beta, com tanto
« que o não vá tirar da beta que fôr seguindo.
CAPI:rULO VI.

c E acontecendo duas ou mais pessoas busca-


c rem a dita beta em diyersas partes, e acharem·
")
ANNkES

«( metal no mesmo dia, sem se poder averiguaI'


« quem achou e tirou primeiro, aquelle será ha-
II vida por descobridor, que' primeiro apparecer

« com o metal' ante o Provedor; e sendo ausel1te,


II o manifestará perante o Juiz, da terra 1 !)€ 0--

tl hauNer, e nã0 Ú havendo, perante duas teste...


(,( munhas dignas ele fé, de que cobrará certidão,
II para constar. por cIia ao Provedor, . como elle

II foi o primeiro descobridor; 6 se [fizér disso as-

« sento no livro das minaS.

CA.PITULO VII.

II O descobridor da mina poder~ ~tlmar ou


II la.vrar toda a beta que desc'obrir ,e tit'a.r () me·

«( 1M della, em quanto não vier quem lhe peça

(C mina Da mta beta, mas havend(\)l qúem lhe pe-

Il ça, e que se demarque e balise; será ob~'igado

«( a que dentro em quioze dias escolha; signaJisfj

II e demarque as suas. oitenta: var~s de comprido


... no lllgar e par'te que quizer; e depois de feita
/I a. dita' escolha não poderá variar e fazer o,utra ,
II O que primeiro pedir mina e repartição;ao des...

/I cobridor dcHa, dem~rcará e medirá a sua ,mi...


« na dentro em dçms dias" e e m.esmo faráõ os
II outtros que SllCc~ssivanHmte a.pós eUe vierem
/I pedir, e não o fazendo alguns del!es assim, o
II, segllinte em ordem põeferit livremente demar.-

~ caIr a soo! rrMntli,. mmo se àutl!(\lI qtIW !~ nã(J quiz


fi:' ~l!car. trQ. dtita tempo,. Dãme&twe~adimlte ,
])0 RIO DE JANEIRO. 5-1 1
" fi nenhunl doa sobreditos depois de ter feita
o: huma ve~ a sua clemaroaçaD, pod€l'á ",ariar nem

~ mudar os marcos e halises. paTa onn,<l., parte,


II sob pena dá perdor os direrJ:o~ quena {fita mina

" tiver.
c A: PIT'tJú> VITr'o
As quarenta vams que ai:>' descobr1do~ se con-
o:

« cedem, e as l!r.tn~a &bs mais que pedem minas,

,. e pép.ár1:rçã~ aó r2l'rgo e ql't~dra·,. não setá()l~b'ri­


0:' gado; a dem~~a-Fas, f>fl'sta qu-e fiaja quem ve-,

C! nha pedir mina, Í'epar~iça~ g.' demaicaçã'o da-

o: quella -pal'te, e havendo qnéiri a peça setã o

« d'eseó-bri"dOp !>bl'iga'do demár~a~. a sua quadra


« no mesfubéterm&·de qtlirize 'dias ,'~ outrós'que
II; flll dada á'l minâY tlenh'o .em tires ai~s paril a
« parte que quizerem, sem poClerem varIarem
/
Cl do qne huma vez ~scQ.lhef€m ; e não se demar-

« cando neste termo o .qne pedir a dita demar-


« caçà?, P9derá toiÍlar e abalísar a sua mIna para
« a pãrte '<flle niais quizer da neta descooerta ~ dei-
f ' , '
ft xando ao Clescobndor vmte varas de lar Q, e os

« out~os a' quen\ forem eIádas hs minas 'qq.inze


I t - )'- '" •
I( varas, com tanto que o que ,assim 'Se àemarcar
« e foma:r mina, descobrir ~eta de no~o em a
« parte que se deÍnarcar e l:~gistar.

C'A:P~:tU,I.QI IX.

C' tJ nan.(!]P· se: pédip demà.p~ação de quadra e


• largueza de mina do descobJ,'ídor, onde outra
I '
ANNAES

li pessoa a que' fôr dada, será demarcada a dita


li quadra por cordel direito, fazendo quatro can-
fi tos iguaes, e dentro ficará a estaca e sinal, de
« sorte que se deu para lavrar a ~ina ..

CAPITULO X.

li As balises e marcos de que nestas .demarca-


« ções se ha' de usar para cada hum saber, e que
« se hc seu, -seráõ de pedra ou terra levantadii,
« bem amassada em altura de hum covado, e de
cc modo que o tempo as não desfaça, e se ,possa
li semp~e saber o que a cada hum pertence, aos
II quaes marcos se poráõ, sendo presente o Pro-
« vedor· e o Escrivão-: e O, que assi~ o nã.Q ,fi~er
li perderá a mina que lhe fôr dad~ para quem
li a pedir, como se fosse vaga.
CAPITULO XI.

Para que a medida das varas que cada hum


cc

li ha de' havéi- em toda seja certa e igual, onde

• a terra das minas fôr montuosa ou mais alta


« em huma parte que em outra, se porá h';1ma

« vara ou lança da outra parte que fôr necessa:-


« rio no lugar mais .baixo da dita mina, ~ do ~lto
cc da vara se deitará huma corda do tamaJ;lho

tl das, medidas das varas que a mina ha de ter, e

« o rumo direito se medirá até de cima da .terra ,


.a .~nde cpegar a dita corda, e ali se porá marco

~ qu balisa.
no 11.10 DE JiNEIUO.

CAPITULO XII.

« TI se para desmontarem as minas fôr necessa'"


(/ rio mudareu~-se os marcos ou halisas c1ellas, o
(/ poderúõ fazer sendo pres~ntes o Provedol' e seu
c Escri vão, com as mais partes a quem tocar, a~'

« quaes não querendo ser presentes, se procederá


c ás mudanças dos diLos marcos ás suas revelias.

CAI'ITULO XIII.

« E porque algumas vezes se pedem minas e


« demarcações na parte, quadra, e largura que
« ao descóbridor e mais se têem dado e medido ..
« com tenção de lhe peJir que nüo possão pór
1< ali desentulhar o que de_ suas minas sahe, o a

o: essa conta os avenão e obrigão a lhe pagarem, a

« deixa-los por ali deitar seus entnllJOs, ou ven-


« derem as suas quadras, (ple he em grande pre-
« juizo dos que lucrão as ditas miuíls: Hei por
(/ bem e maado, que o que assim "ie~' a pedir
(/ a tul demarcaç<.lo das ditas minas, será obri-
~ gado a deverem beta fixa de metal dentro de
o: quarenta dias, em que lhe fizer a dita <.lemar-

« cação, e não bastará achar metal solto, co-,


a mo muil"Us vezes acontece, no qne o dito Pl'O-

« vedôr fará grande diligencia, e não dando, e no'


a dito tempo em beta fixa de metal, não poder~~

r impedir e tolher a outro dono-da mina lauçar

a para a dita p~rte seu entul.fio: mas se o dilo


TOMO II. - 40
5.J 4. ~N }~Jl
C( Provedor parecer procurar sinaes e experien-
~
C( cias qri~ .ali ha betà fixa, e que por eslar muit()
"~l,lJJ~, 0:'1. ~~ ~~r.fu4W cJp t~f~a.$~ ))1~ 1".\<10
Cf P9W' Slv!K .nM-A~~~,'lu<y;~, ta·,W9 ,,~, ~N';
lt. :W~is..&1S.HB~,pql;a:B~~ ir (') ~W.ç~ ~ ~i~~~~
. ·.n~9.:P4S~~~9, ~~~.\\t ~ flp~Jtew;~ P.~AA·
CA:I:'ITUJ'iQ X:'~v.

l-E para que hajão mais pessoas que enten-


« dão em descobl'iF- e IaVFap· Jillina, aquelles â
!I q;~~w. qM mi%s' Fl~s.Gp9~r~?,~ foi,., ada. Sqi,te e
ff i~~~ti,ÇI~@" a q~QIROd~~'.á, r,e
~er. aosr<l~scQ,t>~'i~
(( . dQf~, e. s~.J#}J~r(;:ls, q~s. ~.;p~Jíl~- FfiJ~<tip'~s. ap~es' de
~ t~r~JP.!j.~scQp.~r.~QI!P~ffll.f~x,~,. ~,ób p'~né!')q.o(?10~:­
II. l?rét~p):.~ ~~~;~~r q.li' ~ç0"1!JJV~; pox epa'J ~~).1,
I ~ ç..
ct v,eml~cJ.Q,t; ,q...~rC1i ~Q ~~e p,~ clit~ ~éJ, ( e,.

CAPITUno xv.

t, S~ d~llP.i~, qH~. ~ô~ cayél.u.d.() ,a.. Q.1V).,~ ho.t~:,el"


'!.. di.{fe~el, ç~ s~.hJ;e. a, m.e~da <t ai ~,t;.e.t~l)çãQ..,~i::~I~
a :~,\r€(. ql:ms j s; uI ox:~s., ij9 1' j S!f. W1~.~Rrlgre.QJ 1( qi
, (( o~Awi,;H~QS. <Xi,ç,ei,tQs ,. Jjl,otle""po '?-~'Jd,(HWS. d~í! 1.11 i-
". QS)~,81Jti.~s~~q.d!'l. cj~}'la"~'ld~~j1ix.q ~,c~j~ ]:W.1ll a
([ outro." ql~, I)J. ~.~gI11f!J4~?e r ~f!1 r rl~rei;tu.fa '.
{I l]Ar~.COr;rcl\' .«.Plle\, a. ,~~a, o.hra , Q JI.U,f\~!sç,r:á Q];?~r:i­
a.. g dq a. lhe;. d<,l( t4'lV.~ /l4<~)hJJ..IP, 11.<10. D!l J),Çl.ca
";. <J. .rpip,!" ~ danq,Q~q.o'lm~i.,<11dellel~l . cp ~el
~. cqm, çb..l~p')l~!p", Q. l;l'w-J. <I.Af:.:t.ra. ali ,01 <J.ç.,5.l{.'l<li.
«·.1HY1;an·clo;-«. ~lelal~. c d;1)J. a,nde, o. .c.l~\,l.mI;>~ ~~sren-
np mó m !5~NEIno, ~'5
-<1_ lar, e fará hn~, signal a. pr~entes as partes,
-a O qnaJ servirá de marco e de balisa abqixo, se
'" .po-<rerá i:'aZ'et" ré lfieSMb ~ a'S 'p1ft'les OOtÓ'@ o1>rtga.
~ d-a-s 'a f>ã~ it 'qu~ntlii'S Wi~3 'l\wm 'Vrst1\b~ fÓ fftldh-
cr a 'Oírtt'o délJl-lt:ro"de vmte 'f:l ~t\ió I~~o~li , le itãlb
~_ 'b c'ttmpt:ind(;) tts-siá'l ékfil\'ó 'd0 tlft6 teí~ib, 1l-H<t.
'il,~'tl(') dã í\1ih~, 'O'tt 'á ·tf.lÍtU!ti'l-~ ~u ,tilfrli'é ffi&-à
J ob~~ 'ó-Pr~'VétlÓ'r fi1í'Í\ a-i(i-!llf1né~klá"~ NWêllfa'd'à
~ parte, que sendo requerida nâo ~(Iit ~lfur 'Ptc:r-
c .sente.

tAl'lTutO "-VI.

II Tent1ü k(111ila!p~SS311 mlí~1l'qlfnrt1tdfid'e; dtl'V[f..l

11r<rs «'a'S qiIe ~án~cómMdilf-âS ':tiJt1iiili~é't~' trã


~l e8'soo' lhe 1}~eNl. p'E!d;ir-t\ ~Ite Wnt'~~s,
"ti e-elle-'Séli"á ob'ttjfálllQ - á ' Urê 1-ltltgàí4 d.~f1tJr"M -eftf tHêz

.
"ü d~lt1) 1 ~scont'é"do fllJi eOO ã.llfá1-lf'ê ~ q\re'~1Í'.

"U ~êí' q(~~ U1ê 6(t\lgni'!às'~'â'rthS"1f( €llie' fbrãd t%li'


.'
c tJe-díd.:;:(~, -'éo'tFi·~ i\lJio'{ftH:f:Sefã6' j 'Más ",ê -CG tiJ~
'i' ifl\Íijs'~ ê rhãü"tíj:'fa~·i~:Hl#S-em ldiflli&~é~' t.3a1tlê~ , re
.

ir ;díZéf1dé 'q'úe lêtb' V'BfifÍm0- '1ii'~il1t-tlelfU~ ~â ; i\ã


(J s~rá otivido, e o ProTcdol' lhe fará}ã ~r;

CAPIT -LO XVII.

li ~
o <{lUe p~ail' as di~as, ou sej~à -fie mais 'Yá ~
aI ras? ou ,de mais minas, das que cada hum p8dci
([ ter? n~o te.rá fi}ina na dita beta., nem ao rcdot
, em aistânCia dê legua e méia.
40··
316··· ANNA.ES

'CAPITULO XHII.

« Nenhuma pessoa poderá buscar minas e be-

l: tas na repartição de outrem, conforme as ~aras'


« que lhe forão re['>artidas de comprido e largo,
I: sem primeiro pedir que se demarque e abalise

I: em quadra, -e da maneira acima dila e satisfeito

.• poderá buscar dentro nas'f:luas repartições, e


a não nas alheias,

CAPITUI;O XIX.

Sendo descoberta beta, de que ao descobri-


I:

/ . dor se deve o privilegio, que pela descobrir se


g lhe concGde por ·este Regimentü, e depois de
a se descobrir ,e achal' alguma beta junto ao lu ...
« gar onde a primeira 'se des-cobrío , ou ao redor
I: deIla por espaço de le&,uae meia que achar J
« beta, mio poderá u~ar do privilegio de desco-
o: bridor; como o primeiro sóinente poderá tomal'
a nelle huma mina de sessenta varas de compri-

« do e trinta de largo, que na parte e lugar della


I: escolher.

CArITULO xx.

aQualquer pessoa poderá buscar e seguir a


I: plina em herdade e terra cm terra alheia, com

• tanto que os que acharem, é os que alavrarem,


1:, dêein fiança a pagarem o damno, que por ra-

a zão da dila mina. viel' ao dono da tal herdade.


'DO RIO· DE JANEIRO.

'CAPITULO XXI •

.. Ninguem poderá ter mais que hllma mina


q das ditus sessenta varas, denlro do termo de

« legua e meia : e poder.á -ler us ditas nas 'betus


.• ·que houver na dita ,distancia, não estando pri-
• Oleiro escolhidas e tomadas em mina inteira na
4 beta descobridora, ou em outra, salvo com- _
« .pr€:lDdo alguma mina., porque com o titulo de
« comprada poderá ter mais que 'huma; o mes·
.• mo será vei1dendo a sua., tomar outra mina na
~ heta , ou betas que .de no\'o se descobrirem.

CArITULO XXII.

« Se dentro na -dita distancia de legua e meia


o .se .descobrirem ulgumas betali de metal pobre,
lt .pode ter nellas hnma lllina o que tiver outra

.' na beta prioci,pal e rica, ,porql!e sendo de prata


« -costuma misturar-se o metalpobre oom o rico.,.
« e se derrete melhor, e assim poderá mais ter
u ·e lavrar todas as betas que achar ;:tas suas gna-

.• dras e marcos.
C"A:P~TULO XXIII.

« Quàlqner betu que seu dono fôr lavrando, ou

Cl seja a principal, ou a que depois achou na sua


« quadra e repartição, poderá ir segll indo, aind;}
CI que vá entrando pelas quadras alheios, sem lhe

• poder ser posto imped.imellto algum, até que ...


51 S ~NNÃ.tg

u a tal beta qlle vq~ ~c~~iudo ~ntTe na beta prin~


lo a eipal da quadra alheia.
I l í -.: 1 -

CAPITULO XXIV.

Aclnmuo-se behs fias iltlatgas 'da beta {)tin-


«
li cip-al , 'e estando tão ljer'to 41ié .
~~ dttiJ~'S 'a-alIas
a- ~e nã'o possão todos q\'mdrar e~~ ~e'io ~ tleix~n­
« 'do a ilUma e d\1tL'a t)~n'te e'S'p'tújo true se po'ssa
« bottll' o enhdboo c tert'a q·úe ttrá 'da~ l11inrrs, 'bit
lt da heta mais antign, se qt1~'dl'a'tti.; e' cstàrítIó aI..
l:I gtl'Os d.05 dito~ à'Obas í~as millas 'j~ IÍ1'é1rcaa~S,
« nã0 pode'r'ã variar nem -dernar at"'se~ptlra 't>lÚra
_ II pnrte como fica .dito.

GAPrrl,JI!Q xxv.

II V,cndo:se huma b-età iíj'1.tl'ltâl', ê .'~rifbVpÕi'ar


ii com 'outra, colbú lfll'l.itn!> "~zé"s. ac.õnfêce .fàzer-
11 Sé j . t1 cómpLl"úhia 'éilhé ds dÓLíbs ,qlÜ:~ la~:~a'~rri
(l aS dims betã~; pã:ra ~W~ ~e 'b-e'úe'ficiêm ~ ía~r~m

« de mcia's , c paI t<io () prb,v'e,íto todo .~ 11~~ 60';:'


• .,. • J ...
« mt> a OlItL"'ú, 11tndil que hnrrta das betas 8ep
'll mais larga c principal, por ser de Iilêilo~ incon-
1
« venienle, pnrtir-~e:---lj-a tu.do ~n,tre ellcs pOL' igua
Q }Xlrtc do qu~ se avcrigttar qual das betas hé
« melhól' e m~is larga.
, .
í:A.PHULO x,x ri.

a ns rr-nc' hÓ~l vCL:em de cav-ar minas, prill'lêird


• qne ncHas menão genre, as ass~g'Ul:élráG e des~
DO RIO ·'QE J;4-NEIlW.. Skg.
u mo~tarúõ, de ll:l.Odg.,que nü,Q huj.é,! peri.go-dQs(;l\t~
Cl ne;ll<\ ~nÚat:e~ a,'tr.\lp~a.r '. e u.ão Jazendo a~inl
u i~~.Fret:M 1l<'lS, penas Cf e por. direito merece
'I :rem,. e }p.g~áõ lIoc;lo. o dp.n;ij)Q- 'lu€- dali ~~.lllta·
II ,ns paJOt~s. c\q.lJ'lIl-i.f.ic.adai.
CAPITULO XXVII.
l ~ I' '. 1, .. .'

~ Cada pessoa no repartímento da sua JJl;i~.fa..


u rá caminho em todas as betas que neHa se acha-
n rem, para que sé possa- v-eÍ' andar de huma
~ parte da mina para a outra: e para que esta
« :ofi'ra 'sQ- fáça cómo dorrvém, ProvedoT 'cà~l1
<Y
"hum :'offieia}, nfiÓeii'o' prhtico e €rItbndid& en-
a' tiârd nas di'fus" ínilih , e' V'crâ cdm6 s te vrá' C

li: 'segu'rão' " 'é' Se n e, fitZ€o 'ast paredes' e (reparbs


a . neeessa~l'õ's ;' pLlra trrr~ dão: façãó' em 'rrtejuiz.
'" 'd6'S' que 'ridRr: tta'WálbáÓ:; 'e1 dis mirra élbs' ~i·
({ 'sihhos', Ó drtdPl~ÓVêd()r'o!br1girrfr'col1l aS'perias
ti' f~zeFem bs ~ôrte'ertos ,.
que' Hie' pal'eéer ',' '<lYé
'" que nistb- lhes'Í'êJrem de'cessaii'os. " I,. .
• 1 •. l ~ ;.

E porque pód'e ac'Outecer que o dbscohl'i'd'or


cc
r da béta 'por cáusá" dN 5'lIa porífeza não possa
i chegái' aQ 'metal",' e'outros qlnc'ner1h tem a Sllá
" «. mina- e'repartiç<lo', não q~H!r'el1l rrávdlharrícHá,
a tirarem ó metal,' que o •deseó~'idor tira, o
« que he contra o meu serviço e bem das mes-
• mas partes: Hei por bem c mando qu todos
ANNAES
li OS que na 'dita beta tiverem parte 5ejão obrfga-
'II dos a darem ajuda e favor ao descobridor pum

ÍI tan'ur na Sl1:l mina até a altura de dez braças,

q pagando até a quarta parte do 'gasto que nisto

li se .fizer, e quando elle chegm~ ao metal fixo)

(I lhe poderáõ as ,ol~,tJ:as partes, pedir perante o


« Provedor tudo o <rue par~ a dita ai_uda lhe
ir- dêrão.

CAPiTULO XXlX •.

(l, Se os que em alguma mina tiverem reparti-


a ção, têem posto seus U1arcos e balisas nas par-

a tes e lugares por onde a beta mio corre, e vi-


u rem outros depois a registarem a mesma bela"

q <:lemarcando,-a, e balisando-a por onde na ver-

li dade corre, e descobrjre~ e acharem metal,.

« seráõ preferidos- aos primeiros a quem as mi-

e nas [orüo dadas, não seildo elles os dcse{;)bri-

a dores princi,paes, por qU:ln to estes em razão.

« do seu privilegio podem -tornur a demarcar e


« balisar suas minas, assim a principal de oitenta

li \:aras como a sobresaltada de sessenta, na par-

«( te..,e lugar, onde a ~)et;;l realmente corre; e ao.

«( mesmo tempo JJo(~ed, fazer: qualquer outro


" que descobrir beta den tro da distancia de lt>gllu
a e meia, a quem se dá só mente huma mina de.
.~ essenta varas como fica dito.
DO RIO DE JANEIRO. 321

CAPITULO XXX.

(IE porque das minas que se não lavrarem, nem


II estarem povoadas, se seguirá muito prejuízo
• á minha Fazenda, e damno a meus Vassallos :
11 Ordeno e Mando que se não dêem, senão a
«( pessoas que as possão trabalhar, lavrar e po-

lE voar, as quaes não' as lavrando dentro de cin-

(I coenta dias depois de serem registadas, se ha-


li veráõ as ditas minas por perdidas e despovoa-

« das; e o mesmo se guardará com os descobri-

• dores, se dentro do dito termo'depois de regis-


., tadas as minas, as não beneficiarem. E para se
• ter huma mina por povoada, andaráõ nellas
« continuos dons ou quatro trabalhadores, ou
• por o dono da mina ser pobre, andará con-
II tinuamente no dito trabalho.

CAPITULO XXXI. • •

Se alguma pessoa pedir mina como despo-


li

li voada e vaga, porém passados os cincoenta


« dias, sem neHa fazer beneficio algum, o Pro-
• « vedor citada a parte, estando em lugar certo
II onde possa ser citada, ou por Editos de trinta

li dias, sem se saber delle, ouvirft o que cada

« hum por si allegar, e tomará informação do


« estado, em que a dita mina estiver, e da cau-
• sa porque a fez despovoada, de que mandará
• fazer autos, O que pronunciará, o que fôr con...
TO}lO II. 41
A:NNAEs

I( forme a este Regimento, e com justiça lhe pare-


I( ceI', tendo particular advertencia , em que não
I( haja nisto conll1io, nem se tome a mina p.or vaga
« ao que a tem, sem para isso haver causa mui bas-
I( tante, e de sua pronunciação poderáõ as partes
« appellar ou aggravar.

CAPI'FUL<) XXXII.

« O que fôr provido de mina por razão,de se


I( haver por vaga e despovoada, será obrigado
I( abrir nella a altura de seis braças, estando já a
- I( beta em a mesma altura abrirá outras seis mais
« ao fundo sob pena de se perder a dita mina , e
se dar vaga a quem a perder.

CAPITULO XXXIII.

«Eporquepódeacontecer queoque tem regista-


I(do mina e demarcada não poderá lavrar no tem-
• po atraz declarado por falta de ferramentas ou
« de outra alguma cousa para isso ilecessaria , ()

I(dito Provedor lha poderá reformar o tempo que


• lhe parecer com respeito da qualidade da pes-
I(soa', não intervindo nesta malícia, ou animo de-
I(delatar.
CAPITULO XXXIV.

« Tendo huma pessoa duas minas em'diversas


u paltés' em 'distancÍa de legua e meia, ser~ abri-
"l{ gado a lavra-Ias.ambas, sob pena de poderem ser
DO RIO DE JANEIRO.

c tomadas por despovoadas : e aquelle que não


c lavra, salvo se huma fôr rica, e ontra pobre,
c porque em tal caso tendo povoada a mina rica,
c não se lhe poderá tomar a pobre de metal.
CAPITULO xxxv.
« Tendo duas ou mais pessoas alguma mina
c misticamente, ou por partes, qualquer delles
• que a lavrar, será visto faze-lo em nome de
c todos, para que se não possa pedir por despo-
c voada.

CAPITULO· XXXVI.

c Porque ó melhor lavrar das minas de ouro


c e prata, quando as betas são fixas e fundas,
c e não ser lavrarem nem levarem a pique se não
c em travez, por ser assim a obra mui forte e
c m~is segura para os que nella trabalharem po-
c derem dhegar ao metal, como a experiencia
c te!ÍI mostrado em m lihas partes do Perú, e
c nova I1espanha, trabalharáõ quanto fôr possivel,
c os que lavrarem em minas de as abrirem, su-
e cavando-as por baixo em travez , para o que
c poderáõ começar a boca do tal sucavão onde
c melhor lhe parecer, e ainda que seja longe
c das suas minas; e qualquer dono da mina des-
« coberta será obrigado a dar entr~da ao da mi-
e na que estiver por cavar por tempo de 50 dias
II que poderáõ bastar, pai'a pelo dito sncavão S~
4·1 ..
:324 ANNAES

• abrir hum poço por onde a dita mina se possa


« servir (1).

CAPITULO XXXVII.

O[ Antes de se começar o sucavão pedirá ao Pro-


a vedor assignale e demarque o caminho e dis-
Il tricto por onde se ha de abrir até:a mina,:e
u quando se delle trouxer em prejuizo de al-
Il guem, o Provedor fará que a cava corra di-
a reita , e que satisfaça o dumno á pessoa que o
Il recebeu; e entretanto que se trabalhar no su-
a cavão para chegar a mina-; continuando-se po-
u rém sempre na obra do dito- sncavão , sem in-
Il tervir nisso malicia na dissimulação.

CAPITULO XXXVIII.

u Os que nas quadras das suas min~s acha-

I rem algumas betas ou ramos dcllas, pode-los-


a' hão seguir e lavrar, e ter por suas, assim co-
ce mo a mina principal, e que vai dirigida pelà

a dita sucava, porém não poderáõ nas ditas be-


l( tas- que assim descobrirem lavrar mais em lar-
ci go, nem em comprido , que o que se contém
« na .sua demarcação.

(1) Chama-se entrc n6s dc_tallo aberto a esses ra~gões


que 5e fazem nos morros, e que com intelligencia devem'
ser ábertos com audiencia das partes. (Nota do A. útor.)'
,
DO RIO DE JANEIRO.

CAPITULO XXXIX.

E sendo casú que buscando-se a sucava a


«
Il mina e beta principal se achão no caminho

« outras betas principaes., o que assim o des-


fi cobriL· terá tanta parte nella, quanta pareceI?

« que tem a beta a que vai dirigido, sem embar-


a go de atraz fic3.r declarado que dentro de le-

« gua e meia não possa huma pessoa ter muitas

a minas.. e que não haverá lugar quando a beta que


li se achar fôr descoberta e registada, ou alguma

« mina lavrada, porque então passará a elle com


a a sucãva, deixando o metal ao senhorio das
« betas sem fazer màior caminho, assim de alto
«( como ~e largo do que se leva com a sucava : e

a havendo sobre isto alguma duvida, o Provedor


a verá tudo com algu!Das pesj)oas praticas e en-

« tendidas, e determinará como parecer justiça.

CAPITULO XL.

« O Provedor assignará e demarcará. a quadra


a e largura que ha de ter a sucava, para que
a por ella se não possa abrir outra e impedirem-se • 4·

a huns aos outros; querendo porém lavrar al-


« guem a sua mina pela sucava alheia, será obri-
a gado a lhe dar a quarta parte de metal que ti-
« rar, sem delle descontar custo algum.
ANNAES

CA!'lTULO XLI.

• Ao que descobrir a quebra da secca ou com


« ~gua ," se, lhe dará hub;la' mina corgo descobri-
• dor, de'60' varas de comprido, e- aos mais que
« vierem pedir lhe dadõ 4.0 varas successivamen-
fi te, pela ordem que as pedirem: e porque nas
., Íninas.. q.ne se acharem em, quebr~das, regatos,
't ou rios caudelosos, ordinario he dar-se por qua-

• ma tudo o qne banha a agua nas quadras he


• pouca': Hei por bem que neHas .se dê,de lar-
• go as mais Eeís varàS de cada parte, pondo hu- ,
• ma estaca ou balisa no meio. do veio dé\. agua,
(. de donde comcçárão a dita medida para 'cada
• huma das partes (lI) .. " . 1
\ -
(1) O que se praticava erq. o seguinte. Inteirado o
G!lardamór ou. o Provedor d?s descobl'imcntos , praticados
os exames cumpetentes, pai' E~itaes se marcava o temp~
de se fazer a partilba, a fim de que certificndos os morado-
res do dia assignalado concorressem ante elIe por requeri-
mento ou bilhetes declarando vcritlicamentc que escravos
tiah'a para entrar 0,1 partilha, e na proporção' dos seus
meios aquinhonhados: e não sendo o terreno' sufficiente
para dar-se a todos, e Sua ~lagestade queria que a' todos se
contentasse, por virtude .do Capitulo 4~ do Regimento,
feita'a conta do que a cada hum devia> locar pOl: c;heça de
seus escravos ap.resentados t se manda "a medir a terra cm
rios qUt:brados etc., para se dar pur cabeça de cada escravo
~uag, broças e lneia, que imp:lI'tava em llUma data de 60
varas, ou 30 baças quadradas que hjJ o mesmo J e a fim de
DO lUO 'DE J ANElRO.

CAPITULO XLII•

• Quem descobrir ouro em rio caudal, poderá'


• por descobridor'tomar hnma mina de 80 varas,

não ficar alguem scm ler que lavra! por nfio ter doze escra-
vos, se manda reparti)' segundo a sua qllanl'itTaile, e enlão o
Guardamór ou Provedor manda escolher ao· descobridor o
lugar'da sU,a dala , de qU:lll',O successivas segundo a poste-
rior de'terminação da Carla Hegia de I' de Jaoeiró de 1,35,
demarcadas·donde pedir; seguindo-se depois delIa a data
da Fazenda Real, e a par deIla a du GuarJamÓI', como por
ajuda de custo llS despezlls da pa rlilha, por serem no lugar
desproporcionados os preços dns ma nlimenlos; passando-se
a dar igualmente a cada h um dos Socios do descobridor
meia dala, enlrando aquelles com os seus escravos na par-
tilha, que como mineiros couber em sua sorle, fazendo-se
dous papelinhos da parle porque deve c?mcçar a medição,
que sendo em rio e quebradas, conlerá em hum debaixo,
e no outro de cima. e daquella em que ~al1Ío, começar a
parlilha, e nos mon'os acbapaJos os dous rumos oppostos,
proporcionadamente escolhidos por sorte, para evitar 0.8
queixumes, lançando· se rio escru li nio, ou vasilhól proporcio.
nada com os nomes dos que cnlregárão seus bilhellls e re-
querimentos bem guardados para esle fim, tirada a sorle
por hum menino ou preto buçal, marcados coín seu nu'"°
mero, que se entregão a seus donos depois de lançados no
livro respectivo das datas com o numero de sortes e dos
!orteados ~ e por eIles se fazer a parlilha pela ordem da
80rte da terra mineral segundo o numero dos escravos, e
autuada fica inscripla no livro das ualas rubricado pelo
Guardamór. Parecia conveniente que se contentassem com
aqueIlas duas braças e meia por cada escravo nas minat
ANNAES

« e aos mais se dará de 60 varas, e havendo mais


(( 6 varas de largo para beneficio e fabrica de
fl cada mina,

CA1'ITULO XLIII.

« O que encobrir ouro em v:lrges, campos,


« ·cetras , outeiros , e pontas de rios, quebradas

• « ou regatos, poderá tomar huma mina por des-

« cobridor de 50 varas em quadra,'e aos que de-

I pois pedirem repartição, se dará minas de 20


u v~ras a cada hum: a estas minas chamão me-

l( nores; e sendo curta a terra em que estas mi-


u :pas se .acbar~m, o Provedor fará nellas parti-

u ção, e com diminuição da medida , conforme

II a gente que para ella houver, para que todos

II hajão sua parte e quinhão, e' o descobridor

« poderá sómente gozar da mina sobresaltada.

Caceis de !erem trabalhad4s, sendo diversamente permit-


tido naquellas em que se faz mister romper montes, seguir
as betas e vieiros, que profundão que sem maior numero
\
de escravos se não podem fazer os" seus trabalhos. Ha-
vendo confirmado a experiencia, que cm taes minas cum..
pria dar-se a cada mineiro hum a data de cincoenta braças
quadradas para promoverem utilmente o seu serviço com,
aquella lar.gura conveniente para terem oneIe lançar os des·
montes e entulhos, sem incommodidade e perturbação do
visinho, vallando cada hum a terra que lhes tocou para-
evitarem as rixas pelo arranCamento das estacas occasio.
I '

JJado do l'empo.
DO RIO DE .JANEIRO.

CAPITULO XLIV
'l

ItE porque nestas minas menores se evitem


c os inconvementes dos mineiros, cada hora que
« fazem novos- descobrimentos: Hei por bem e
It mando q~e feito hum se não admitte ,outro de
c nenhuma parte da quebrada, rio, ou campo,
It onde se descobrir dentro de meia legua.
CAPITULO XLV.

« O entulho ou mato qu~ se tirar e cortar 'para


e se lavrar a mina, se lançará em parte donde a
e corrente d'agua em que a mina se lavrar o não
e possa levar nem impedir o lavar, e sempre será
« dentro da quadra de qu~m a tir~r; e havendo
« nas ilhargas outras mínas que a defendão" far-
e se-hão reparos da terra e ramos que recolhão,
e e juntamente o dito entulho em modo que a
Ir corrente d'agua o não possa levar; e havendo
u entre as partes sobre isso algumas duvidas, o
G' Provedor, tomando o parecer de pessoas enten-
e didas e praticas, administrará justiça..
"
CAPITULO XLVI.

« Qualquer pessoa que buscar ouro em que-


« brada, regato, rio caudal, ou qualquer outra
, • parte seguinte, o busque até dar na pedra,
« porque de se não fazer assim se seguirá não se
« descobrir muitas vezes o ouro; que assente na
TOMO II. 42 .
530 ANNAES
(( pedra, e cavando até ehegar a ella se entenderá
l( que foi já buscado, e se escusará assim traba-
c lhar-se mais (1).

GAPITULO XLVII.

(( Nenhuma pessoa poderá tomar mina para a


a lavrar em nome de o~ittem, nem como seu
II procurador, e só o poderá fazer sendo criado

II assalariado para a lavrar em nome de quem a

(/ tiver; e quem fizer o contrario perderá o di-


« reito que na dita mina tiver" e pagará cincoenta
a crüzados para o accusador e captivos.

CArlTULO XLVnL

(/ E para que as minas possão ser melhoT be-


(( neficiadas e aproveitadas, e se fazerem enge-
(( nhos e casas, assentos e mais cousas necessa-
c rias aos senhorios deHas, se poderáõ aproveitar

a de todas as madeiras, campos, rocios, de que


II logrão os moradores da villa ou lugar, em cnjo

u limite ,estiverem, sendo os taes campos com-

. « nnms, e do Conselho, e não de particulares, e

« assim poderáõ trazer nas defezas, prados e cam-


(C pos publicos que estiverem perto dos assentos

« das minas todas as bestas e gado que servirem

(I) Os lUinciros ena mão n essa pedra - pissaráô - snp-


posto que as formaçôés do OUTÚ regular aeabão ali, outras
vezes penelrüo- adiante, 6 ás ."ez-es aofe5 dó ehe.gar a ella·,
no mo DE JANEIRO. 331
« e foi'enl nflcess,arios para hefiefi~i!) LlelJas; e
« sendo em defesas particulares pagarúõ ao :10-
« nos elelIes o pasto que estirpar e avaluar, sem
« lhe poder impediL' ou ·vedar.
CAPITULO XLIX.

« E pelo grande prejuizo que se seguira ,em se


fC impedir o lavor das miRa$: Hei POl' bem' que
C( os donos dellas não possão ser presas P(M' divi-
« das, em quanto nellas tra:IDalhuI em, nem pe-
« nhorados nos escravos, fun'am.entas, manti-
« mentos, e mais :pretcKos ~ que pam o lav-or e
beneficio dellas fÔi' necessar.ko ; € as ~ustiç.as,
« a que pertencer., faráó que paguem reHes snas
« dividas com o pl'ocedido, e ganho JIlle tiverem
« nas ditas minas:
CAPITULO L.
-
« O Provedor das minas tel'á particular cuida-
« do de as 'Visitar as mais das v.ezes que poder ser,
« .com. s~uEscrivão, para ver se estão limpas, se-
•« gUL'as, e com e.staças fortes, e se lavr.5o sem
(C prejuizo das plltras minas visinbas; e se se gnar'
da nellas todo o conleú.do neste Regimento, e
« pf\.rec.endo~lhe le v.ar comsig.o P'lais .algu)na pes-
« soa. pratjca nesta mat~ri<i? o poderá far.er; e
« não. consentirá haver. nas ditas min~s gente
« ocios.a.e vadio.s,- e obrlgaxá aos qae Jl.ndarem
<I. nell-a.s para ttabalhar, que com .e.ífeitQ o fa9ão,
{~2 *..
ANNAES

" e de outra maneira não c<msinta o estarem


« nellas.

CAPITULO rI;

" O Provedor., 1;.hesoureiro, e Escrivão, e


" quaesquer outros Officiaes que forem das ditas
" minas ,. não poderáõ ter parte nem companhia
" nellas, nem trataráõ em· metal algum por si
ti: nem por oiltrem, sob pena de perdimento de

": sua fazenda e privação de seus officios ,. e na


" rp.esma pena de perder sua fazenda incorreráõ
" os· que lhe derem parte e tiverem companhia,
« e huns e outros seráõ embarcados para o Rei-
" no·, e não poderáõ tornar mais a estas partes.

CAPITULO LIl.

« O Governador do dito Estado com parecer


" do Provedor Mór da Fazenda e Provedor das.
« Minas e dos Mestres da Fundição mandará fa-
u zer hnma casa á custa da Minha Fazenda no

" lugar que parecer mais accommodado, assim por


li razão do sitio de alguma, tenha necessaria para

fl a fundição, á qual- virá todo· o metal de'ouro

« ou prata que nas minas se tirar para nella se


« fundir, e tanto que' entrar na dita casa se pe-

ft sará perante o Provedor, Thesoureiro, e Escri-

l\ ,rã(), do que se fará assento em livro, e depois que

ft fôr fundido e apurado se registará ao pé do dito

" assento, e se marcará todo" com as Minhas-Ar-


no lUO' DE JANEIRO. 333
c mas Reaes deste Reino, e se fará conta do que
c pertence á Minha' Fazenda pelo quint~ que a

c ella se deve, o qual se pagará logo no mesmo

(( metal que se fundir, ~ se' carregará em receita


C' em hum livro que para isso haverá sobre o The-

c' soureiro pelo Escrivão e Provedor, que Hei por

c bem que sirva tambem com O, dito Tbesou-

(( reiro, em quanto eu não marcar o contrario,


« e se metterá em huma arca de !res chaves, das
e< quaes terá huma o Thesoureiro, outra o Es-
c crivão, e' a terceira o Provedor; e sem estarem

c todos presentes não se poderá a dita arca abrir-

« se, e dentro della estará a marca das Minhas


c Armas, com que todo o ouro e prata se ha de

« marcar, donde não se tirará nem s~ mettcrá sem


c· estarem presentes os ditos tres Officiaes.

CAPITULO LUI.

« 03 donos das minas podcráõ ter suas mar-


e< cas particulares para marcarem os mefaes que
e< lhe pertencerem, além da marca que ha de ter
c das Minhas Armas, como está dito, por conta
c delles se faráõ todas- as despezas que se fizerem
« .
na fundicão.
CA'PITULO LIV.

« E- nenhuma pessoa de qualquer sorte e con-


« díção que seja, o poderá ter fóra da casa da fUll-
~ diçãQ', nem vender, trocar , doar, ou 'em bar-
334 ANNAES

u cal' para qualquer outra partc, metal algum de


" ouro ou prata que das ditas minas se tirar,
« sem ser marcado com as ditas minhas at'mas da

« maneira acima declal'~da sob pena de mo"te ,


« e perdimento de sua fazenda, as duas partes
« para a minha Camara Real, e a terceira para
a O accusador.

CAPITULO LV.

« Achando~se algum metal de 'ouro ou prata


« fora da Casa da fundição ou dentro neHa, sem
« se saber -dono certo, será. entregue ao Thesou-
« reiro, e se fará deHe receita por deposito, com
« todas as declarações necessarias, em que o The·
« som'eiro assignal'á e o Pr6vedor', para a todo
(( o tempo. se ver o que he, e se entregar.a quem
« pertencer, cOa Justiç'a -mandar.

CAPITULO LVI.

« Terá o Provedor partic ar advertcncia em


« não consentir, que Ela cas da f~lndição entre
« pes oas de suspeita e desrrecessarias ~ nem que
« delIa se tire fazenda alguma sem sua licença,
« para ver se tudo está na mesma forma devida,
« e ordenará que nisto'haja mnita vigia, c para
« esse effeito , e para as mais diligencias que fo-
<l rem necessarias .em cousas tocantes as ditas mi-

a nas. 'Hei por bem que haja hum Meirinho e


(( tres Guardas, que"o Provcdpr dará or-dem do
DO lUO DE JANEIRO. 535
« que hão de fazer, os quaes haverttõ de seu
~ mantimellto e ord.enado, o que por outra Pro-
l( visão será declarado.
CAPITULO LVII.
Da Ordem do Juizo.

Todas as duvidas, que se moverem entre


I(

« quaesquer partes sobre as ditas minas ou


(Icousas tocantes a ellas , o Provedor as determi-
Ir nará summariamente, indo pessoalmente as
I( cousas sobre que -forem as contendas, nas
(( quaes terá alçada até a quantia de 6o;:pooo rs.,
« e passando della dará appellação e nggravo para

« a Provedoria mór da minha Fazenda do dito

« Estado; porém se a cousa fôr tal que impida

« ou possa impedir o lavor das minas, o dilo


« Porvedor fará cumprir a sua sentença sem em-
I( bargo delIa , dando a parte, em cujo favor fôr
« dada fiança a tornar a pagar tudo, em qne a
« outra fór melhorada; sem as consas que não
« forem desta qualidade, se obre e trate no caso

« de appellação até se dar final determinação.

CAPITULO LVIII.

« E porque convirá muito no mell sel'viço ir

(I se me dando particular informaçêlo dos desco-


q brimentos e lavor que so fizer 'nas minas, e

« do proveito que della resulte á minha Fazenda


• e aos descobridores dellas, encommendo e
Cl mando ao dito Provedor, que em cada hum
336 ANNAES

« anno faça fazer huma folha muito distincta de


tudo o que no tal anno fôr descoberto nas mi-
« nas, de todo o ouro e prata que delIa se tireu,

« e se levou á casa da fundição, e do que ficou


« em' limpo depo.is de fundido, e em quanto

« importou, o que delle pertence a minhaFazenda,


Cl em quanto ás partes; a qual folha será feita
Cl pelo dito Escrivão, e assignada pelo dito Pro-
« vedor e Thesoureiro; e se a experiencia dó

« tempo fôr mostrando que ha algumas cousas

Cl em que se deva prover, assim mudar, ou de-

« clarar os conteúdos neste Regimento, como em


Cl aecrescentar outras de ,novo, o dito Provedõr
(J. me âvisará dellas _para eu man.dªr o que hou-
Cl ver por meu serviço.

CAPITULO LIX.

Cl E porque atraz neste Regímento se trata Só-

er mente do oúro e ;prata, sendo casos que'nas


« ditas partes se achem algumas de ql~e se tirem
'" cobre nellas , haver,á lugar o que nelle se con-
li tem , com declaração que as pessoas que a ti-

l( verem seráõ obrigados a venderem a minha Fa-

II zenda , todo o que lhe ficar depois de pagar o

r'. .Quinto pelo preço que commumente valer; e

(I havendo pescarias de perolas, quaesquer pes-

« soas o poderáõ fazer tendo para isso licença do


« dito Provedor ,- das quaes pagará o Quinto, a
(J. minha ,Fazenda; e havendo-as Hei por b.emq~le
1)0 RIO DE' JANEIRO.

as clitas perolas 'se' tomem para mim, e serao


« as pútes obrigadas a vende-las pelá preço que
-« valerem'a dinheiro', 'ou 'por descOl.lto de diréitos
-Jl 'ou por outras perolas.que pescarem.
CAPITULO LX.

·a .' érá ~ ''Govellnador muito- particular 'cl1ida-


J

<u do de :Saber se o Provedor das minas, J:hesou-


a reiró , Esorivão e mais OJIiciaes dellas' cnm-

a prem com 'as obrigações de seus cargos , e fa-


~( tem nêlIas O' qüe devem, .e achalido que o :(150
(l' fazém, a.ssim,procederá ,contra oS'Gulpados co-
e, mo fêr justiça, é me a ~sará, Gnviàndo-me o

,IL_ traslado'das s'tias cuJp.as. Mando aó Govel'oador

<t, e a todos os Officin.es ilas ditas partes do Brazil,

« assim de Justiça, como, de Fazenda, que cum-


a prão,e guardem este Regimento, o qual fadõ
.u pnblicar::nos- lugares publicos·dellas , para que

J .venha 'a 'DO l!cia ae, todos " e se ndg;istará. nó -li,..

"« v1'Q,da mínqa Fazenda: ,e HeÉpor bem que va-

-« lha., e teo:h.aJfoo~á e v1gor 'c.(i)"m0 se fôral Carta

~.féil&:em.tfficu . orne" ".FOI:' mim: assignaaa e pas-


e sada: pclà: 'ChaneelIari " e p~csto' Ci{ue por elIa
J' n'ãolpasse; lsein elnbal:gor das ordenações que o

-«.cm::rtra 'l') ,di põe:. lV1arroe[Rodrigues a fcz.em


..4("1 alliailolli:1. " áOS,"1'5 vde Agosto de 1603.~ E
« .el . úiz de FigUeiredo ,a. fiz ésorever.-ReL--~

• o: R6gimento,p<]rqneN. Magestade Ha por bem

IL de lurgar:a ininas..de ouro, prata .. e máis m~:,


TQ~O li. 43
ANNXES

« taes da Capitanfa de S: Paulo' e S. Vicenfe do'


I(}tstad'Q' de Brazil , pela manejra do dito Regi-
I(mento deelarado, o qual valerá como Carta. __
• Para V. Magestade ver.~Passadopela Chancel·,
I(laria, e registado no livro deITa em Lisboa, em
I(59 de Janeiro- de 16"tg.-Diego Soares.-Re- .
c gistado fiO li vr-o· 12' da mina a fi. 2 B-9 fé dit. 291 ,.
. II em 7 deMaio de 161g. .,.,....Franc:isco Cabral fio-o

c diaho , José Gomes Leitão.~Fiea registada na


<j Ohª-nce)laDia 0, RegimentQ atraz es..Qripto DO li-o

'. VIlO d€l Lei que or~ set'va n~O 9'l. ....:...Miguel Mal··
-. don~dh."="Regístado na Fazeqda Reill do Rio:
fi de Janeir0 , em 2~9' de Maio de 1652.<"T"Ü Go-

'II veFlladop S)alvadoD 'Carrêa de Sá e B'enavldes.-

II Diogo. Vaz ES,eobar" Escr-ivão-:da Fazenda Real. "

;r", G'0>verp{lndar esta Cida«le Arf\R' de Sá, lhe foi


-:\'o~dellado'p~l C:a~ta,. Regia, de' 2.'7
de ·No.>v.embrO'
de 16H() se pass:~sse ás M.i1nas ,,'e que sem perder
de, vista as explor~õe& dos. ~1iaguazes> r eÇlcarre-
gas~ a GaJiéia :Ro.dFigurqs. a estrn<il:ai. ClJue' se 'fazia·
miste!' da C,lilIliliRH:1lJjÜeaçào e e.ommerd&O:as Minas-
oom cs;t-a G.ídade~, En o1>seFVianeial. qaq.uella ileaI
D..eterminaçã0) , seg.lJI'lo, Q GQVerD~W>.r para as, Mi-
nas." ejali 0$ paEeJjl,tes do assassinio. do. í\:díni'nis..
tifad0t It Ro.drigo apreseat-áràÜJ ao Go,vema.-
d017', as< amostr:a&.filue B0r:ba aplleseIdou\ de duas
Picas mÍDas> , _<:tas. quaes se ex.trahio: imQ\lensa. ri-
DO RIO DE JANEIRO. 339
\ queza que o inlinállão' tanto a benencencia, que no
Nome Real não só lhe perdoou o seu crime, mas
I que co:ntlla toda a expeeta~ão o dignHicou com hu-
I ma Patente que mandou passar de Tenente-Gene-
ral. Forçado pelagravidade dos negocios de seguir
para a {:idade d.e S. Pwnlo ,- depois de haver or·
ganisado huma espeeie de administração civil e
Criminal nas. datas das terras mineraes e jurisdic-
ção do Guarda-Mór com humRegimento-provisorio.
da Guardamoria,- -conferida em S. Paulo aDomin- ,.-
gos da Silva Dueno, deu €01rta aa Soberano, a
quem pedio lhe enviasse mineiros entendidos e
praticii>s na lavoura' das minas, e cóm effeí-1io foi at-
tendida a sua representação, remettendo-se-Ihe
~om a Carta Regia de 27 de Janeiro de 1700, os
mineiroS' João Antunes', Antonio Bol'g.é&, Antonio
dá Silva_, e Antonio Martins. com o vencimento
mensal de 6~000 rs. (r)
§.g.
Aquelle Guarda-Mór Domingo~ da Silva EUt'mo
~e. houve no seu emprego com tanta digilldade e
rectidão, que lhe, fof agradecida e louvada a sua
conducta na Carta :a.~gj.a de ~ de Dezembro de
170 1 ~2) , expl1imindo-se. o pob~ra~o nella , que

(1), Secretaria do Uliramar dilo Livro alraz citado pa-


gina 20-0.
(2) Dila Juntã Livro das· Cartas de Serviço a 170 1 pa
o

, gina 29 Y.
45**
34.0~ ANNAES

ainda esperava delle maiores serviços na execu-,


ção do Regimento que. dera a~ém cila administra-
ção, e direcção do lavor das 1l!inas, como já con-
firmavão: em seu abono os grandes ~endimentos
que havião·produúdo,. e que cada vez augmen-
tava no Real animo a {oonfiança .e }j@m·conc.eito'
que tinha.do seu zelo pelo Real Serviço, te~do tão·
completam~nte correspondido á escolha que delIe
fizera'o Governa dôr: Taes honrosas éxpr.l3ssÕes pr?-
duZirãó'os admiraveis effeilos dO'e~thusiasmol?a-u­
listano na exploração das minas.e o mais arden-
te desejo de concorrerem com todos os s,ens es-,
forços .paia a gloria de seu Principe ,·.e prospe-
ridade Nación~l. De mui feliz resultado foi segui-
do a, eutra Gaita Regia de igual data escripta ;fi
Garcia Rodrigues, (1)', agradecendo ã pai'ticipa.
ção que fizera em data de 10 de Julho daqu.el~e
anuo de 170 J, de haver d~do principio ao caminho
novo para os Campos Geraes minas de Sabarabu-
çú, que fôra de tan~a utilida~e á Real Fazenda ,
por facilitar ~ c~nducção' dos QÚ.intos Reaes, e
commercio dos habitantes,
.. confiando inteiramen-
~ ..
te no seu amor ao TronC?', e no seu zelo a ulti-
maçãô e perfeição de taes caminhos; o que per-
petuou nesta familia a glóríá de emprehender
hum tão distinctoPãtriota o ultimar aq':lella com·
n1unicação tão a proposito c com tanta celeridade,

(I) Dito Livro pago 28.


no mO~'pE JA.NEIRO. 34 r-
°
quê podeI! pllIblica-n;:1õ ·tem. p<\>diCLQ,'~epQis con-
seguir a.seu rnelhQ~'aÍl1.(il.J1to,Ror nOiVa-y.-ll1a,is facU,
dir~cC}",o della.' 'I ] ," r.r _ ' iL J, • r .-

qt. ·~'~lO. 1 ~J. ii t; (' ( I


J1'f(,:.jr' I; 01 . . ~o í.; I . ) I. • e r
l J .
Con .ntJa,np.o-s'~-J~fl,s.:~uasde;$arabuçy., Villa' 1-
Ripa.,- ,e~o.utra~ Pp teg jl1;lIl~a ul\dãq d ~ a~en.t:u­
reÍr--os; ~ até Fr~cI,~sll' Plf!~ griYl uI;l~sQp,P:L~as .ri j
fl.ue~q que. se munifes,táqlcr naql,1elles 9it9fos, c1i-
II;l.8~, deyor.ap.p~ '~S,'YSJlir~tos ,da av,~r~za, nãq. p,o-
d~nq9 bgs~é!r 9 ..,egilí'leo. ° da~, mip~s Rar9-.~qntel~
as P,ai~ - é.. dos- ~o1j11elLCh r qUlj) ~felizmente p~sco­
nhe~em ~ SUbOl:dilJ~ç%>'lá~\~êis,,'áauto).'icfaqe, e
ao poder pubHco, diviqidos por inteJ.:esses pes.soaes
ffl.zem cO}D....reJ.lme~t. e:i;p,losões.as mq!s odiosa,s, e
qas ~ji~ .hoq:idas 97nse.<1u:ensiÇ,ls 0<!10J1c~bêr. -o ps
qessa reuD~~ç> em Mill~S G,~raes )q mais inplacavel
adio c01.Jtra .os Paul~li~a,s alltore,s da felicÁqade .gue
g9za; ~o~.'e~oNldas as ~nimps.idades.locpes:d.aqpe1~
les.Jco; tJ.;a os ~ort;l~g~le~rs que denominaY<}Ç>·Blla-
b~~, :B0' -dous F,l':1:des. quecesqueci.dos .dar.santi~
dad€}o do, seu. inst'tutH., s~ cp;nstituirão negpcia ).},es
d~ fUI;l1o e cpgllaça, ,C9~ H.l;lc desmora;tisárão~.a . s
mo,rador.es no, e~cesso Q~s .b~pi~~ ardent~s'l"q~e
por desproporcionados valores erão - v~ndiçl~s ,
além do monopolio das caO,les )
que praticav<1o; no
que muito os Paulistás descontentes .estranhavão
a S\1 cQp,ç1uGta'" o qu~ q.~u\ OCCflsiflO, de se cçm!?pi-
ra.rerq,ç.oQ,lra 9,5, Pau~iptaS"qss~S ~inçeros ~ e p.?r~L
.542 ANNAES
executar o planar da mais Korri~ ~Ítlga CJIí, fize.
rão divulgar que. pelas átdens reàes recentes se
rnandára levar as armas ao deposit(,),' a que elIes
na melhor boa fé se pre táFão; apenas ~cárão de-
sarmados, que cahirão os aventureiros sobre 'el-
leS'; e os massacráião' a-tTaiçoadám~nte' ê 0'8 pren-
dêrão, escapando os que 'fugi'rã ,buscando assim
ã sua salvação er ante nos bosques. Hum gTiw
de vi'ngánça 'se! Oí'ffúíidiõ"POf toai' a parte' êomra
aquelles scePerados, que iguá'Rnen-t'e .coníf:Fa: os
Paulistas" se espalhoh o rllmo de hum geral a~­
sassinato., o q~e "e'fÍicazmenf-e produzio' a- fugida
de 'muitos, tendo ~~ido IIÍaTciia~" com o ferrete de
sempiterna deshonra' Ó lugar em que se- executóu
tão grande atrocidáde , do' quàll passou á'posiel'i--
dad'e'o nome de (Jarrão d(Jp.'P)-a ''Pão junto' ~o'WtO d'à's
Mortes -~ :pará' onde tendo-se alguns refugiado
pa:I!a regressarem á 'stra pa"tria, forão instados e
persua-di'dos''peio malvad<t j-tid'a's Bento d0 '1\Ii1aTal
Coutinhó, com palavras aTtificiosas da maIS rafi..
nada dohreza, firmadas co'm sacrifego juràIDenoo
com' que surpreendeu a sua- ])oa fé, qu'e entre"
gando-se' á sua confiança, os entregou aos amo$.·
nadares' assassinos qú~ cobarde e infamemente> OS
massacr~rãó;.

- Consumma-da tão- depravad::t-' adnj1!l~alÇâ€J " ele-


;gêrão os !ortugue~e~por seu €hefe e Govel'Bíüfor
DO RIa DE JANEInCJ., 545
a ManoeI Nun,eR·Via~a, qu~ n.o detido daqueHa
efferv.esc~cia G(i)nceb~u substrahir-se á obediencia
.do se!\,Soper-ªJ1o;,.apoderando-se dos'g~andes pro-
quCJ9S que as',nina-s- de puro prodú,zião, fazendo
pela l'esistem.cia da~ua f(i)T,ça arm.ada guerra ao Go-
..verno cstabeleeido; e pal'a, este fim in.stit\lio e
cr~ou hum gOVeJ;no s.e.pal'l!dQ ,e privat;i"o., segu-
..rando aos seus c.Qm-paQ,heiI10s GQréos de tant~ atro-
cidade,. que mesmo sUécedesse,-não poder susten-
t~p':se no ,D,oyo governo, 1h(:lS res,tava o expefliente
de seguiJ;~m para as lúdias '~e He&.panha. Foi
Q~jUYÉ!eloell) t~o ab9IIliJlªyfj&. projectQs pel.98. c;l~~
!!~ft9~es. <ljJ.',Colonia, que entre os quaes se consti-
tituJ'Lchefe hum AntoniQ Francisco, por' nomea-
ção dQ .P1eSIDO ManoeI Nunes, qt!e se i~stallou
MelJ~re €le :.Ç~mp.q! O facho da giuerra civil se.
~t~ov" ~ lt vingança roia a.s entranhas dos, Pau-
Ustlls sQQre, . 50 ~egra e sanguinol~nta eonspiraçãQ
contra os seus patricios tão barbaramente assassi-
nados, que hum grito geral de dôr os cham0ll- ás
armas, para- s.e desafron.fiarem do 4lsulto" violen-
c1<b e morte" p0v CiJlte' fôra saqrificada a, sua bo~
fé" que, pa'ssárão 3l nomea'F a Amador Bueno para
~ommancilar_a sua 'foFça armada;. €o tanto mais se
ditiundia entre os. seUS' Gílll.ci.dadãos. a sede da
'Vingançar, sendo provocado!!' pmr h uma, carta de
~o de A~rasio:..Caldeiralh1aneo, que com-
manda~a áqueHes, assassin:o~ am0tinadores., pas'"
sátão eolUOi a furiosal eorrcllte de hum Fio que
'5Lr!~ . ;wr INNA:ES j!J í1

'tem trasboi;él'a'do<·o eu lGitoll â escalar ã· fôrta eZa


qne J.1'avião leva-ntacl il:Intõ 'á,ViÍlil-á &'&,}·.fe>áode
v J

·El-R"e'i·, 'pelejando a' qU<1''tró1 d'@s..e noites ·slIcêessi.


<valílente,' ficaRdó ~1.ztI'lGaeloS)~"oàmii1hos'Jie: cada-
"\7éres ;dé ,ambo 'os p~püdos ,sahindl@. 'Vi€fiOri-esos
os P:0rtütguezes, 'ê 1JOl'.i.JS€}lll.e~hal1l. •'in~'prevista r ma:'
ohinação 110'J:I<'Í@ I exp'lilsoS>tps P a l!r::li.s ~as .das. miaas
eill"1709 i e 'em Vereiínçã d@'f25 dlfAgostd'do m{!s-
moaim'o aco).'(Hirllb' e se 'Obrigálião'de' marcharem
para' ás ·Ílliaas'·cóín "O ~eu l}~6rcjto, lí.nica!Dente
fende por fini dé'1?ôr to(!]:á: a'lsegurãnçwílos Quin.
tós, e de snbúle1tél:em ~ líssá'ssmos <'e~r<íb~ldes a
ohediencia do 'eil Ih.linoipe\S0oorah0\ J das (shas
leis, prorestfludo deJIià olTeridel'êm 'aosl€J\.le' egtlis-
sem a sda 'j'ol'rlà.tla di'recfarl1éafe' pa\'à:O 'Rio 'tle-Ja..-
neiro; e pela mais' briêSá os cnta.çãÓ'-.aeS li ofira· e
compromettêrno a séveramente l],nrnireIDJ aosr que
irítenta,ssem maltratar .pU roubar àes:P(}rtuguezes;

I "

Estando em S. P-aulo pél' cumprimento ;d~s' 01'..


dens Reaes o GOViemad0nArIMr de' .Sá.', 'seclh€l 0f...
fereçeu 'atlopp'ortunidatder:de:' Greãl .aq;qella beIlâ.
Comarca eml 2 de.Maio de 1i([)O, com. assistem
cia doOU! idot'do Rio de-JaBdro,.José Vez Pinto
e do pdmewGl (]) 11lvi 01' de Sl.Baul ntonio Luiz J

Peleja, rep;n~tindó. os diS'tcidt;Q.s/· em que ·derião


aquelles .Magistrados e 'ercer m a I aflminist.vaÇão
da} llstiç,a, dando para amova Comarca s' IDas
,
DO RI~ D~ JANEIRO. '3lp
.de~Santos ela Co~ta.jlbS\ixo parª- qL,~l!} a..s, e'rcum-
'viainJIas '.1 ~J~ Yillas, d~ ~~ ;y&j§en;te )Ç0np~i, ão:, Ca-
.nanea, 19uap,e ~ P.ar{l,~ gif.a;J Rio <J€, S :Francisco,
.a nova Colopia do S~ .<tI~.1ento; ,beJD QomOe.pe1a
pane do S~rtão f.l ter~a ~rDjl "a C;'.dadel de ,.S.
L

~aulo co ~s .YiIlas genp qi\1hi, .l\'1og,y., P)lra-


Riba, Taboaté .. Gna"ratigG titár, Pé].ratwhiba .uteis
.Sofocab.f\ ; o que fQ~c~-9-ªr . ado' pela Cax:ta.llégi<
de,29 de Outubl'o derJjoo"'lusapçlo"pQl'éD?- deter;
p1i.n~da a sua ppediencia, l1.sugeição a0.4qo~em~­
dor dq Rio' de ~aneiro, .U) quanto) 9-Jser"jçó mi-
ljtar P9r deterrpinflção da' Carta ~egijl' de 'i7 de
f.ev~reiro de 1703... _J
j .', /

fh - § "lst.
oJ} ~ I
P~a pr.~venir os moti~sfdas -,!\ipasde t~9(énfaus­
ta c,á.lamidade 'Jse nQmequ hum G9vern!ld,Q~ para
instaurar em tão -op, lento e asto, pai~ hum go-
.. ~ ~ J ; .. "

vemo. r,egulÇl,r, ·p.qr,a q. q,ua lo!,nQ.Il\t}~qg Ihltonio


, ~e ~lbuquerque, co~ os tilnl s de Govemado~
das minas, de S. ,Paulo na pale te que sq lhe pas-
~ou em 9 de oveJUbJ;o de 1'1°9, COD). ,ampla ..~to­
ridade de crea~ e ~v~ntar.e~ VilJas .as. ôv,oa.çpes
da~ minas. 'ARenas aportára a frota ao Rio de
Janeiro, -que .elle l}a maior celeridade partio para
a sua administração, seguindo occultando a dig-
nidadf' da'sua pessoa ef.!} direcção a. Cay,eté para
c?nferir com Sebasti~Pereira de Aguila r, virtuoso
e veneravel Bahiano, r'co e podero o naquelJa
TOllO II. 41~
1rO 1\10 ~I;:, JANEI1\"{:). 3/b,
~forman<to-se COBl-1\ dêterminaç.ãó fio GPverna.
dpl:, se llctirár:,ªo pato as s.uas·'fa~ndas doS' Se~
tões , :sendo i~med.iataniellte restabelecida a tran-
qlJillida~ públiça.

,:§ ~4~
< °B' ~ persu~dido:o Governa~or da necessidade
di! 'órgarfisação do governo civil do~ po os, que
stP i~ ~ ~o péla'recta . admirii~tração .da Justiça..,
prdsp'éros .p'ela segurança de slfas pessoas e ,bens,'
sénClo o maior dos ~ales, o serem privados da ..
quella bella instituicão, que tende a fazer.a Jeli-
clCÍa8e d. s ,pessoas ;eunidas na socied~dê, á qual
todos têem clireit() , -ereoll a Villa db N. Senhor-a
a'o' Cármo
r
, qu~' hoj'e se intitula ·a Cidade dé Ma-
riána , e que se digÍ1ificou 'com a denominação do
·Carmo., para re~ordação da memoria do seu des-
coberto' pelo Paulista João Lopes de Lima cm
1700, vencendo muitas fadigas e trabalhos, parll
.extrahir o ·ouro pela frieldade da torren~e de .suas
aguas., e ,despenhadeiros que o ahordavão, que
não se toleFava o trabfllho1
depois de quatro, horas:
aq~elle ribeirão .desa.gua perto de dezoito legoas na
foz do Rio doce em 20 gráos de longitude ~ 2 1 de
l<,ttitude ao Sul. Data a .creação daquella Villa em 8
d,e A'bril de:: F11:l ., ·que teve a Regia approvação
,pala Cada..R.cgia de 14 <de Abril de 17 12 ~ 1.-). Le-

.(.1) Archi-vo do Conselho ViLr. Livro D. "12 pag.82.-


Mlu
3.4 g- r • ANN-Afis" r,[
l~vQntada a NiIr.(,·inl:mediatamente a (famara ]1e'-.
di( ta,?' :g,ei'.os pri~iIegitfs ,da <Can'lat< do POl'to.; 'e
porissoRque l era pdtn'eil1aJna Cl'eãção daquella
Comarca, fosse tambem a sede do Governo; po'-
rém sámente obteve d.~ E~Rei pela Carta Regia
de 9 de Janeiro de 1715 (i) os privi1t;gios ordi-
narios d.as ,Camaras, e s.e l)f-escre\yeu".l1:J 1 C'dade
.. / '.1) J J.I t . ,j J J. ~ r:;

de S. Paulo;>
r.
deveri fixÇlr elIaro
J , '.Jc;
,Gov..e 'n
' . I c'"
dor a
sua 'residenci ,;~P9~~W. iI?s~anda l~a,(~a~ara.slf:'
~olveu-se d~R.,o!Sap~I,a (f~r.tiaJ}e9if e, Res9Iução d~
~8 de Fev~rejro.4 171'.1.(2) a. )~rmissão 4a mer-
cê po 'Foro ,de CavqI~eiro .~H?-eJItt. Camara , ha-
ve.l1,do-se ~,qado anteced~nte~ente o mesmo So-
berano ·pe.Ia C, rti:!i lleg.ia ,de'l19. de Janeir?~ d~ 17 15
fazer.-Ihe a graca ,de que 9S píliei,acs e Cilhos mi-
Iitar~s pl'eferisse~,no ç~no. H~SO ~a ig.u~ldade, do
~ • • I ,

merito aos naturfles de Pqrtu.Q-aI.


• t .J' 00 ""
T .,

,§." ~ ,. .J
• I

Se denominou Vil1a-IÚca(a segunda vmk', que


levantou'o Governador'AIbliqúerqhe estando nas
minas, agsigoaIad~ C~l a u'eIle' titula em razão
das opuientissimas betas. de'scóbertas 'naquelIa ri-
béira, onde varias outros carregos 'aul!mcntavào
. '~ua tOTrente, debaixo dos nome~ de"'passadés ,
~'am successo, ouro fino' ou búeno , auriferos,
" I.
\ , !

(1)- Dito Li 1'1'0 pog. 8fi.


(2) Dito__A~chivd Livro'5 pago g5.
DO RIO DE JANEIRO. 349
manifestada~ a sua riqueza pelos annos de 1699 ,
1700, e'1701 por Antonio Dias, natural de Tau-
baté~ pelo Padre José de Faria Fialb,o , natural da
Ilha de S. Sebastião, servindo de Capellão da Tro~
pa de Taubatê, e Thomaz Lopes de Camargo, que
abrio o lavol1 das minas nas lavras de Pascoal da Sil-
va , 'e Francisco Bueno ,da Silva, Paulistas, cuja
mémoria se conserva em alguns dos bairros de Villa
Rica. Foi erecta esta ViUa em 8 de Julho de 1711,
que obteve igualmente a Regia Approvação. Com
o nome da Villa <de Sabará . foi levantada a terceira
.
Villa en"i" '17 de Junho de 171 1 ~ e a Carta Regia
de 9 de Janeiro de 17 I 5 a confirmou dignifican-
do-a com.o titulo de N. Senhora da Conceição do
'Sabrá : elIa'se dilata1Jor extens:.\s, vastissimas e
fertrilissimas ca'ropinas. Foi tambem erecta entre
essa VilIa' e o Arraial de' Santa B3rbara a Villa
Nova da Rainhá, conhecida antes pelo nome de
·Caeté na Jingua geral. dos Indigenas , que expri-
-me-Mato tGrosso,..-;o., aescoberto pelo Sargento
-MórJLeónardo Varela Paulista,' e pelos Guerras
da .Villa dé Santqs'J .lhe. deu ,Boral o' Govérnador
.D. Braz:da Silveira em 29 dé- aneiro de 1714, o
ofIual creou ao mesmo teDi1po a Vil'la' do Serro do
(Frio, ou antes Villa_do,Principe, CljOS Serros e
riquezas'~ rà<? effeito das ~ .plorações do Paulista
. Antonio Soares', que com tantas fadigas atraves-
sando. ao Jorte os Sertões de S. Paulo por intran-
sitaveis- pen1las , descobdó aqueJ)e ~err.o do Frio
3~o ANNkES
que os Indigenas denominavãQ-Hyvituruy-quc
~prém~a, lugar combatido dos ventos frios, fi-
cando ainda hoje perpetua a memoria do seu no-
me em huma das Serras intulada - Morros de
Antonio Soares-, apossando-se do seu descopri-
.mehto do de mai.or i~ portancia das mip!8-, pela.
côpiosa e inexsondavel riqueza de ouro e diamfln~
tcs AÇltonio' Rodrigues Arzão, descendente dos
priméiros Arzões. Eliot, nas transacções philos?..
phicas na Sociedade Real de Londres, anno de
1745 ,apresentando huma memoria sobre a gra-
vidade dos"diamantes e suas differcnças. nos di-
versos paizes, deu aos do Brazil superior e e~)e­
cifica gravidade, que os do Oriente na )prQporç.ão
de 3513 era para 381', reconhecendo.nos do Bra-
zil mais dureza' e hrilhimJismo. Nesse Serro do
Filio na: Ribeira denominada-Milho Verde-, foi
encontrado hum que pesou 1.6.8Ô quilates, ou
~oze onças e meia, que foi avaluado em duzen-
tos c_vinte quatto milhões esterlinos, séndo- des- .
cripta a sua figura e gralldeza, no I Jornal Econo-
mico de Julho de l)51 , pago .1,41, e D'Argenvile
na historia dos ~abióetes da Eitró'l~ll , 'fomo íO~
Os diamantes ei.trahidos das .cadcais dos mo.nte.s
dc-Mousta fa.nagar .(;)8 maiores que serVirão forão
-o Grão Mogol de' Q79 qlJílates e 9-sextos , ó do
-Duq e de T osc:iÍla de 139 quílqtes ~ e· elta Qe ~ôr de
~idta, o de Sancas de 55 quilates d~côr'dci'.oS3,.­
.e () de França de 13.6 qllil~tes e :3 quartos.
DO RIO DE UNEIRO.

-s 16.
-Erig{o"se tambem del)BÍs a Villa do -Rio das
Mortes, digniJicada com o titulo e.e-YiUa .de S.
10:10--, assim como a de S. J.osé em 19 de Ja-
neit'o de 18! 8. Tinha sido ,aquelle Rio .fr~­ mm
qQcntado ~ pelos Pa<tIlistas, licánd-e _distante de
VilIa Rica cinco dias dejorn:ad~ : () primeiro «lHe
o reconheceu foi () Paulista Thomé F,orte -de El-
Rei, natural de Ta"iJl:~até, ea1i;se leroo.t-ou a Villa
cenl'Ü titulo-oe S. J'@âo ,d'JURei-; ncaü.Go situa-
da adeS. Jos-énomorr.0 dosàesC(')brimentos de João
de Siqueira tt.lfOllSO, 'Batufa} <ile TaubaM,-, as «i{uaes
ohtiverã'o a R-eg.iã. -co.Iitllrmaçiio pela eat'ta .Realde
a 2 -de Jhl}eil'O--de 17 I!:) " parétn"Se mand'oo ,limitar
a faeuMad(~ -de mais creaç6es-de Villa , êOlicedida
ao G€)\'eI'lWl'dor das mina>s, no gn.venllo de Oonde
de Asilmar,- paDa:não-o fazer em diaute, s~u que
a necessidade-
. e- ·utilidadedfHiaes 'Cl'ea-éaes
, f'Ossem
J.e.vadas ao con.hooiment-&·Q-c,sa-a Magestade, e-eUe
se coLlf-oI'm-ass.e 1:om a informação do Gov.er.na.Q@r,
dando -9r,deffi Faraa Cll€aç-ão ,(f(,)m a designaçã()
dos -limites.

Foi D61B€adO o Ünvidár ,do Rio de Jarreiro o


Desembargaàor Jdsé Vaz Ir'lílto, Super Inten-
den~ -das minas, a1im~e se·ordenar huma ad-
ministraçãó civil, 'com toda a jurisdicção neccs-
ANNAES

saria, em quanto com a creação das Villas se não


nomeavão os Magistrados ordinarios. Até então
o Guarda Mór das minas., .quando se lhe mani-
festavão os descobrimentos auriferos1J.os termos
prescriptos no Regimento, procedendo aos com-
petentes exames, por Editaes publicos marcava o
dia em que se havia de achar. presente para par-
tilhar as terl;as , com.11 dilação razoavel de pode-
rem -commo,dame'nte çhégar ao lágar os preten-
dentes, 'e çertificado do numero das pessõas'e dos
escravos que trazião, fazer reçtamente de maneira
que todos participassem dos proveitos da miha,
na conformidade do Cap. 4L,. do R€gimento: a
. razão e equidade dirigia aquelle Guarda Mór por
accommodar as partes amigavelm~nte;poupando
aos mineiros enfados, despezas, e inimizades em
questões porposas em damno de seus interesses e
da Fazenda Real; mas quando nã-o' podia tra'ze-Ios'
a conciliação, com citação das pal'tes em' certo e
determinado dia, procedia a vestoria, dando ju-
ramento aos IO\lvados, julgava a J?nal summaria-
mente, mandando processar a petição por eS~l'ipta'
do autor, a contestação da outra parte que con-
fessava ou negava, e o accordo dos arbitros se es-
tavão de conformidade, e não estando chama-se
a-outro que fosse pratico a intelligencia do ób-
jecto litigioso, dando appellação para a Justiça,
recebida em hum só effeito, e dando a parte fian-
ça , continuava o yencedor na mineraçãõ; não'ad-

/
no RIO DE JANEIRO. 3'53
mittia novas addições, nem dilações, ,empennado
sómente no exame e d~cisão da verdade. Creada
, porém a .superintel?dencia lhe dirjgi~ ElRei a se-
guinte Carta Regia: .
lf Doutor José Vaz Pinto. Eu ElRei vos envio
• muito saudar, mand:mdo ver em Junta por
• alguns meios que se me apoatárão para aarre·
tt cadação dos Quintos, sendo hum d€lles, não

« se assignar no Regimento que mandei, para

« USal' deHe na Superintcndencia das minas, de


« que vos tenho encarregado, dadas aos SOciOiS
« 'dos descobridores: Fui servido Resolver, qlfe
tt além do que/determinei no Cap. VI do mesmo

f Regimento, se dê a cada hum dos socios dos

a descobridores cinco braças a S'lla escolha, de-


(l pois da segunda data do descobridor; e entra-
l( ráõ depois na rep~rt.ição, o que tocar a cada
« hum delles, como meieiro depois destas bra-
« 'ças, que se ha de dar a cada hum dos socios,
« escolhereis huma data que tambem vos conce-,
« do, outra ao Guarda-Mór que elle escolher~ ,
(l PQrque assim o hei por bem, e co'm estas de-
« daraçóes, segundo o Cnp. VI do priméiro Re-
u' girncnto. ESCÍ'ipta em Lisboa a 7 de' Maio de

(l 1703. -Rei. -Para o Superintendente -das mi-


« nàs do ouro,.-l.a via José ,de Freitas.~Miguel
a Nunes de Mesquita. II

TOMO II.
No &leSn)~ ~m~8' dirig-iQ· @t~lt.M C<.lda ie.gia a~'
mesmo Magistrado, sonre a nom~,alfão dGs Dual'·
das s:lJlàsllittutns , da. t~Q.r s.eguinoo-:
p H~ntQr '.J~~Q V:í:lZ J"int!!. E~1.E1Jlei vos tllllia
• 'DílluitCil s.a Hilal1. PJi>r.se ~Gll,h-ec.el~ .a i i:l'lp,O!iS jJí>.iH- .
~! . ~dap:e ,élQ Guarilll,:Mól' QUÀAV -;lJi istij' , e pçJJdir a
q PArtds :tã'u rem~ J\s.,.ç~mQ illi eJ:i)íl q",e ~p Jl1e$JJlQ'
li t~t:utD,@ se xmbalb;a 1í!:aS rnhHi~ ~ em que pód.e $00
~ lTWt.es~~ia~a SR!} q8.-sis!flncia ~ toe· pÇ\.:r~C~'\l,cOnç;c,,·
I! 4~r.-lb.I3·.,. q-itle po.ssa nOllJeap·G}tçl.rdas. SJlbstilu",
f jp'~, pmJl 'Ipc::' fls.si~.ãQ MA ~aFt~§ m::ú~ di,stilP"ll'
'" ~~s,,>~' ~ªIP..lic1nl ~sçpj~~~s qn~' &,jf"t4~ ~9.m eJl~s,
U' ,2,s .q~1· ej,'~ lªIJ~4J; ~ §tHJ~ U§f{r,i~'ª§§ p~f1~J"M 'te\:
'!' q' ID~~l1ir·.Bqº~@pj{ZO{li~ d.fl. 01infl.Vªll .' ~. ªs;' ~ais.·
f H~le e119.Ju:;eªl'l;~ Pq oÇtMª-fíl.~ M~f em '~~lg;p flQ'
U· .P lp~gJ\4~qm~ ag!e§ fi~ lhes ,t-.!1~ra ~9t R.Nrim~fl1·
~: tR" \~e IIY~ Q~ a •~Q PfJl~Sl, ~ tflf~ f\$.sjÍ.P.J ~p\~%lji~
, §8~ ~'~ , §~ft:íl~~f n~é\mlg ~kel~ ~af ê~tH lWf!f!'jli r,:-
(~ ~ mM! l1!. çQ.q.y'~dp", . ,P~f~ ÇJJW Dgs~q 1J~jlr dPk
!li' ~. E. pj'i:p~a'l!§,l1, li~!>(H\ ~qS- 7J ~l~ ~AW 4~ 1 '7>~.3 ..

!'- -:rlrfJ~....-;;-;P~ax; .P .sll1IWFi\il~ªd<tllt!J da.s oom,\S do.'


9 rpm~ l~ \yja'.J~s~ ~~·l'IJ.'ej±&l.8j3 r~9;', IvJ.ig{~~l JN~h­
SIc § ~ M~
fIl!!lq! '?J
q
que Ç!€,l} 9G~~.iãit 4a fa~8~.\(;lll,<:H~ Miw~rQ'
li um additamento áquell~ I\~g.~Jín$iJQtQ ,. §.111~ lfw~ U
á' Presença Real,. que' servio' de base ao AI vará..
de Regime~tQ seguinle :.
'no RIO··trn: J ANErno. 55
l!-rf Emei Faço s·aber aos qne {f)- este men
II

Re'gitIféílto:virêM, que' wnsiclera'lldoEu que em


«! e del.\uí"sb ~é (faÍlt~ atEitíM, e pór mini/tas dIli-
(C géflCl[is fêaas pdr n. Ffálileisco' de 'SbÚZi'i , Go'-

« 'VeI'M~ót qúe foi do E ·M.do cM Brazil , e &[f~va­


" dor Cdi'têlftle Sfi ~o's '!uaes coII1l.11'ettli o de!P-
(C cdblifucil'ter das ítliiias de 0111'0, p'l'ata, e maiJs

-~( m{jtaes: dtts Cap'itaHlia~ de S. Paulo e S. Vieente


.c tlaqlleUe E&r..1d'O 1 é .11ã@ í)ó'eJiét' JJ01'-éHes a'feri!-
.« gRM a €cHéza dáS altas mimts'., ~ lião se. ter ti-

li rado dünas :ptovéito a~gn'iíi patfr..a minha Fazen:-

'1( elá; por faier nrevcê e f~01' a meu's Vassallo-s


a: dৠdna Oapitani.as, é. a t(i)dOSl os mais, mora-
« dores daqllelIe Estado : Hei por .benT de lhes
« l~rg'é\>i' as m ioas -de' .ónre>. ~ 'prata ,. e mális metaes
« qlle estflo descobert<ts , e a's qLTe ao dianté> se
(', des-cobllirem no: drt<! ilis~ricto, pagmI<ilo do que
(I del1as se tirar o Quin:t6 fi minha F:rllenda: , €o-

« md tenhá mat1dádo ·porminhás Ordenações;


,~ c l~ar' se pOCleFeltí beriefkiair' como C{)1'l',yem a
(f. meu sétviço.; é néIlt de méus VassaUos" Dàm.l-
a .dei fázer e sé RegilÚimto , 'pum- que nti forma
« tleUe se li)l-'Oteda daqui em diante.
« I. o Hei por bem fÚí!eF' mercê ás- p~ssóas" q.ue

o: UOVãJl'!ntO'te"d s'Gob-rii'euí mina; de O\'HI~, ou. pTa-


c ta , óil! de Olltl;O $ebrrJJ de vinte cruzadas, e' na
.fi beIJa Et veia que descO'brirem de oitlímta varas
55u ANNAES

« de comp[1ido.e quarenta de lar~o; e assIm mais


u outra mina de sessenta braças de comprido e

"(' trinta de largo, c.,andando juntamente com eIle.


.e dulraspessoas buscando minas-, ,e achando de-
.« pois do dito descobridor algumas betã,s e veias
,u Da mesma parte, além dos vinte cruzados de

li 'mercê ,,,, haverá huma miu~ àe sessenta. varas

« de comprido e ~rintá de lal'go. ; e. pedindo on.":'


u 1ras -pessoas mi'nas das·ditas ~aptes, posto que

a, se não achassem no descobrim.ento, se lhe dará


a huma mina de sessenta varas na fOllma sobre- .
li .dita , depois de se çlarem ao descobridor e peBr-

e soas que andárãp com. cIle no dito deseobri-

~ menta.

_ .u 2.· E para que t<?dos se possão empregar no

« descobrimentq das minas: Hei por bem que


. 'lI gozem do privilegio de descobrider, assim para

« o efTeito referido;como para os mais deste Re-.


a gimento , não,s-ómente os Portugueies que vi-
« verem'nas ditas Capitanias. e Estado do Brazil
ft. e seus fiJhos que lá nascerem, mas tambem

"., lodo~ os. Iudios e ~strangeiros que pom'liGença


e minha se presentem nelle, e os qU,e com ella

« forem lá viver pelo tempo em diante. '

- «.3-. Que tanto que- se' descobrirem~as· ditas


0

/( belas, e veias de ouro e prata, e ,0111tros me-


a taes, O fàráõ saber dentro de 15 dias'ao Juiz
(' do lugar, em cujo âistricto estiver a terra em
« que se acharem as ditas minas, o qual a ir~
no lUO l'm JANEIRO.
(l logo ver com o Escrivão da Camara, que are·
(l gistará no livro delIa " com todas as dec1ara-
ti çócs n ,cessarias, e o nome do descobridor, a

lJ qué dará juramento, ,se o metal que tirou beda

• dita mipa, e lIie passará certidão, a qual apre-


e sentqrá em termo de 20 dias ao Provedor das

• minas, que rnandm'ldo fazer ensaio do dito me-


_~ tal, e .achando que a mina he proveitosa, a
.r irá 'em pess0a demarcar, e lhe porá as estacas
,. ,e márcos necessarios nos lugares que dispõe a
ti Ot'denaçã0 (sendo porém o'comprimento e lal'~

ti gura, que se declara neste Regimento) ; e que


,u do dia da demarcação a dons mezes será obri-

11 gado a trabalhar continuamente na dita m.ina,

-li trazendo nella hum mineiro, e o numero de

« trabalhadóres que o dito Pl'óvedor lhe designar I


II que seráõ sempre os que forem necessarios para

«.lavor della; e não apresentando a certidão do'


u Escrivão da Camara ao Provedor das minas

" em termo de 20 dias, para que faça a de mar-


" cação, eu não começando a trabalhar nos di-
« tos dons mezes, 011 deixando de trabalhar q dias
u, com os j,oroaleiros, qne o dito Provedor lhe as-

a signar , perderá a dita mina para a minha Fa-


u zenda , e o Provedor a dará á pessoa qne eom-

• rnoda-mente a possa beneficiar, salvo justifi-·


II cando impedimento legitimo diante deJle, por-

" que neste caso será relevado da dita pena.


" l~. o E porque SOl'l informado qúe algumas.
\ .
-358 AN ÂES

u das minas de ouro quê se tem a~hãddITa(IüetI~s


II Capití.Úlias são de lavagem, que ~s invernadas

a trazem ~om ás correntes aos rios e ribeira's


« oride se acha: 1Jei pOÍ' bem' que o Provedor das

a minas I'ep_a~ta as de5'Cdbe1'tas , e qúé se desc(J-.


II brirem da mesma qualidade na forma desteRe·

Il girncnto'; mãs poderá assignar mais varas dás

a que neJle estão liníil:adas pela 'fabri~a de·seme-


u lban Les minaS scr menos" cnstosa~, 'é mtlitar~m

« outl;as ra'zões , que núo ha nas' m'irias .de .veei-


« 1'OS e belas, quc se Iavrão com graúde fàblica.,
a C são commumerite -mais rendosas.
(I 5, o .1s minas de ouro, prata, cobre, e de-
« mais mctacsque esti el cm descobertas., ou
« pelo "ompo em diant se descobrirem' " $e 1'0-
a rem tão ricas que conveúha sel<em beneficiadas
a por parte (la minha fazenda; o Provedor deBas
a avi~aÍ'á ao n~eu Conselho da Fazenda, darycJa
cr conta dos' ensaios que fcrdo metal das dita's' alÍ-
a nas(, e o ue responde cada quinta!., cnvial'ld6
a ao dito Conselho metaldoensaio qt1e.fizer,p'a~·a
li que parccend()-me que .c0nvem benéficiarem--

« se paTa a minha Fazenda, (). mande ordenar;


« e neste caso'mandarei'dar ao descobridór dcl-
,,- lns U' salisfação , ou fazer -a mercê que me pa-
- <t. recer , e cm todas as ma"is veias .e betas desco-

~ bertas e por descobrir., poderá o Pro\edor to·


a mar paTa a minha Fazenda cm qllalq'l1'er tem-

a po que cu qnizer hum quinhão, que será «lé


DO RIO' DE JÂJ.~EIRO. ' 55!)
te a quarta parte, entrando c,om .as despezas e pa-
~ ias dos Direitos na Jorma da ordenação.
a 6. .E porque papa provimento· dos meus 'Ar-
0

.. mazen:s he necessario> cobre, tcliumbo:,. es!a-


« nho e calaim: ordeno e mando que todo o me,.,
." tal. desta' s.orte , que se tiraI] das ditas minas,
a depois de pagos os quintos, o q~le restár seráõ.
« obrig.ados os .$r.s.. doll.(i)S' dU.3 roinas o vender á
• minhaFazenda pelo preço que j'l1sto fôr; even-
« denclo-sc a pu'tra .alguma pesso.a .sem min.ha li-
• Geoça.', ou tirando-se sem clIa no dito'Estado será
II p~r~1i9Q pªra elIa çPI)1 p dohro do l:l).leço porque

II foi veQ.djdo, e a pessoa que o denunciar e des-

CL çobrir 4av{:lrá a t~rça partG, fazenoo-o ·certo.

II 7. o & PQr.q,ue cQnveJll aQ bem commum c


" ao particlJlar dos que tivere.m minas nas cli~as,
« partes, tr~h!:dharem nelIas de continuo, e J1ão
(l as l<trgªrem por falt~ de oabedal , o q\lC nélo
« po<.leFM fªzer tenclo Qluitas, peJas m1.}itas fa-,
I< bricas que he nec/ilssario , e grande despeza que

.' se fa~ com e}lns: :aci por bem q!l6 nenhuma


'\ pessoa ·possa ter mais que até tres minas; c
~ ten~o lPais será obrigªdo a vendp.-Ias ew ter-
a mo dE: hum mez a pessoa, ou. a pessoas que te-
I! nhão p,ossibilidade para as ben~ficjar , e -não o

a fazendo (ica,ráõ.. á minha, Fªzenda., para .eu

C!. rpasdar dispô r deIlas como, wc parecer:.


" 8. o Em caso q ue algumas pessoas descubrão
.. minas' dos ditos mctues ~ão fracas que mio sof-
360 A}/NJ.ES

Q hão pagarem o quinto dellas á minha Fazenda,..


a O que- as descobrir e beneficiar, o fará saber ao-
II ProvedOl' das minas, que fazendo o ensaio do

t( metal que denas se til'a1', informará ao Conse·


l! lho da miaha Fazenda com seu parecer, para

• elte me dár coÍlta da materia , e e'H mandar so- ,


• bl'€ ella pr.over corno fÔl' mais meu serviço.
li 9,· Haverá bum Provedor das minas, pes-
~ soa de muita' cOl1fiança, que me será. consul-
a tado pelo meu Conselho 'da Fazenda, o qual

a terá ·u Snperintendencia d-ellas, e conhecerá


lL somente das causas tocantes ás ditas minas,
a nas qnaes procederá breve e summariamente I

a e das sentenças que der, dará appella(~ão e ag-


gravo para a Relação daBahia de todos os San-
a tos, passando a quantia de cem cruzados em

a bens moveis, e de cincoeuta n~s de raiz-, 'que


II stJ terá de alçada: e para escrever nas cansas
« que diante delle se 'tratarem, haverá bum Es-
II crivno' que me ser:ú nomeado pelo dito Conse-

a lho , O qual o será tambem de todos os regis-


a' tos e 'demarcações das minas, que lançará em

" hum livro que para o dito effeito terá, qrie será
« nume1'acl-e pelo Ouvidor da' Capitania.

a 10. E porqne para beneficiu das ditas mi-


0

li nas he necessarió repar'tirem-se os Indios pelos

u senhorios dellas '. o dito Proveder fará a repar-

u tição, dando a cada pessoa os que forem neces-

a sarios para o lavor qellas, os quaes. os traráõ


DO, RIO DE JANlmW. 301
Q bem daudo-1hes todo o necessario para sua SllS~
« tentação, não os ohrigando a trabalhar mais q le
« o ardina rio : e quando fiZCl' a entr~ga dos ol-
« tos Indios lhes limitará os dias ql1e lião de an~
Q dar no dito trabalho, e ordenará o que se lbes

« 'ha de J)ugar por dia, qne sed conforme á taxa


« geral que se fizer para todo o Estado, .na for-
a. ma que está ordcuClda na I~ci q~e mandei pas-
a sal' nesta Cidade de Lisboa, a \0 de Setembro
.• de \ G\ l, s0bre a ordem que se ha de ter na re-
a .partiçeio das, Aldêas dos Judias que vierem do
u Serteio, que se guardará em tudo o mai~hqne

a não estiver di!'posto por este Capitulo' (l).

,.
,. (I)' Essa Lei tev'c em grande cousiJ,~ração a conversão
dos Indígonas á Fé, sobre l"uo outro inlcre se pllhlieo,
1I11hdando o 80tH'ranO firmar no Hrazil hqnJ'gnV'erll"l pa-
~el·l)ul. que muito dependia ria p37- interna dQS Sl..!blJitos,
pai' isso declarou POI' liV!'es a-.lndns ns gentios do 13rnzil
assim ys bnplisadus e I'e.!uzír!ns li Santa fé Calholica , cu-
mo os. qne vÍ<~ssem segUIdo os seus ritos e c~remnllias ;
p:Il'n qne jlilnais fossem constrangidos a scrviço ou cousa
algllL1:a contr'a a ,;U:l vontade i e que as pe~sons que dell~s
·se ,ervis,;em lhes pngari;i:) LI seu tralwlho J assim e tia ma-
nrira que erijo o~l'ig(lllo~ á p:Jgnr a~ pessoas liv,'es ; tirIJu
as diHincções Otl IÍll1ilnçÕcs de. serem. 9u não Dp-gressores
e snlteadores contra os Portugllczes e Gentios para os co-
Increm. e de serem lomados em jusln guerra; ClJlIlllltt-

leu-se nos Jesuílas o l)(Iderem pelldral' () interior de 10"0


(J (Juiz Brnzili'co. a fim de os Clíthcrl',isnr e civilisnl' I IIt-
lento n ill'elHlo r con!jan~a que os Iorli;;cn.ls linh'if,l·ddleil,
1'0.MO ~I. 4fi
A.1Ü,AES

• E na l'eparÜç50 quê' o dilo Provedor fi...


1 1 •.
0

« ze1' dos Indios, quando osen1 'eg'arem para tJ'a-


cl halharem nas m'írlas, deixará sempre em cada

« Aldêa bS qu~ forem necessal'Íos para faze1'em


c roças de mandioca, 'e bvrare.:n feijão e outros
II legumes., com que se costumã<'> sustentar; e

li trabalharem sempre de fazer repartição dos 111-

eI dios para ml minas .que estiverem mais perto

Ic das Aldêa's em que viverem, para que com

lt maior conuoodidade possão acudir ás suas fa-

C! mílias.

« 12. o Visital'á o dito Pro:vedot, cada tres me..'


« zes, !Odos os assentos das minas, 'e tirará infor~
<: .IDaçàG., ·se se trabalha neIlas com o nn.mer-G

« dos Indios que lhes assignou.; e achando· que


a se não trabalha nellas , procederá na forma

a que está 'disposta neste Regimento,; e assim se

« informará se tratão maios ditos Senhorios os.


a Indios·, 'não lhe dando 'o nec~ssario para a sua
c sustentação, oú obrigando ·os a trabalhar mais

(/ do ordinario, se lhe não pagárão seu salario ';


II e tendo excedido procederá contra elles .. éõn-

a demnando-os até'cincoenta cruzados·, sem ap'"


({ pellação nem aggravo ~ que seráõ àpplicados
CI para captivos; c ·estando·lhes -devendo algum

s'C'glJrando-lhes a liberdade, e dirigindo--os não s.b nU9


cousas .da salvação, como na vivenda commum, e com..
mercjo CQW os habitantes,.
DO RIO DE JANEIRO, 563
• de seu 'salario lhes fará. logo pagar, e não con·
41 sentid que os. Indios a que se fizerem aggrayos

!t tl'~balhem mais com o dito SenhQrio , fazendo

'" em tudo gnardar a lf'i que passei sobre are..


~ pal:tiçào das di>tas Aldêas, no que tooa ao bom
v tratámento dos ditos Indios : e as~im proverá
~ sobre a llro.pela das urinas·, ordenal1do o este...
fF jão sempre, e haja nella~ pontes e escadas: para
IJ c{)m segurança se trabalhaI' neUas, mandando.
II: PSl-FU o. dito effcito notificaI' aos Senhorios deI-.

~ lqs com as penas. que' lhe parecer; e procederá


« contra os que c~'arem dentro das.demarcu...
! çóes , assim nas dilas. vias, on pOl' fóra dollas,
, com' ns penas da Ol1'de,nllçàQ. .
li 15.· E CQmo. da cuns:.rva~úo dos Indios de...

Q pende o .bepeücio das ditíls minas, p is sem el.


~ les se nã.o Javr5('). e beneficiáQ, P0-l' lhes. fazer
~. mcrc.ê e f:~V01': Hei por bem qlle ~[o possão
~ ser pl~epQS em cadêa por div.idas ~iveiSi , nem
cr. por eJl'ils se possa f.azeu execução. em seus, ves...

~ tidos., e de S.Ué!::; ~nu}heres, cama, e mais IDQveis


~ da ~as~, 11Cfi1 fia lel'ramenta e instrnmeütos
~ que têem , com ~ue henelicião as dita::; minas,
9 e fazem as 5ll~aSI lIoç-as e la VQuras ; e QaJ mesma
!l forroé! u50 p~del.'M ser exeeut~d~s ~s Senborios

p das minas ,.. ~ Qlweiro qos escraVOi:\, fabrica 6


~ ill!itrum€~t0S com que se l"vrãQ, é!S ditas minas~
por dividgs oontrllhida,s ~ep@is; d~ as possuirem.
• 114.." E hijlCfâ na C pJtaaia de S. Patílo.,. .ou.
46 ••
554 A~NAES
na de S. Vicente, ou n'a parte que tÍlais accaiu..
a modada pnr~ccr huma casa, que;servirá de Fei..
a toria , na qual residirá hum Thesoureiro, pes...
a soa de confiança, que me será nomeada pelo
Ir meu Conselho da Fazenda, e hum Escrivão,
a que escreverá em hum Iino que servirá de sita
a receita, os quintos de ouro, prata, e mais me7
\
a .tnes que se tirarem das ditas minas: o qual ou:

« 1'0 e prata se metterá logo em huma 'arca, que

CI para isso haverá na dila Feitoria, de tres chaves,

u de que terá huma o Thesoureiro , outra o ES4

(C crivão, e outra o Provedor, de que se não fará


a despeza alguma; salvo as que eu mandar faze~"
a por minhas Provisões; eo quinto dos mais me- .
« tnes se meHerá em' h uma casa, de que tcrá a'
• chave o dito Thesourciro. .
a 15. o E O diro Provedor terá tambem a SU 4

(f pcrintendencia da dita Feitoria, e fará vir a eIla


ú toda a pessoa que lavrar minas, ou que por

a qualquer outra. via houver metaes della a pa-


c gar o quinto e marcar o ouro, prata, e maiS .

a metacs que das ditas minas se tirarem; e os que

ci se ácharem sem as ditas marcas serÚÕ perdido~


a' para a minha Fazenda; com o dobro do que

'c valerem; e a pessoa que o denunciar, haverá

b a terça parte, fazendo·o certo.

a '16. o E O dito Provedor tirará devassa cada seis

c mezes, huma no mez de Janeiro, e a.outra no

'" de Julho de cada hum anno;' <lns pesso.as que


----
DO RIO DE JANmnO.
,
« desencaminhárão ouro, prata, e otllros metaes
« em. pagarem o quinto á mioha Fazenda; e uos
« que os não martárão na dita Feitoria; e proce-
.e derá contra elIes na forma de minhas Ordena-
e ções e Regimentos.

I
" 17. E [~ando aQ Goycrnador Geral do dito
0

ú Estadb, Chancelicl' da Relação delle, e Desem-

" burgadol' della ; Próvedor Mór dp. minha Fa-


• zenda, e mais Provedores della ; Capitães das
« mais Capitanias do dito Estado, Provedor dus _
~ minas e mais Justiça dellc; c a todas as pessoas
« a q ue o conhecimen to. deste Rcgiment.o perten-
l_ cei' , o cumprãb e guardem, e fação cllmprit'

« e guardar sem duyida uem contra dicção aJgu~


cc ma; o qual "al'erá como se fosse Carta feita em

« meu nome, posto q~e o seu eíFeito haja de du-


(, ruI' mais de hum anoo , sem em~argo da Ord.
« do Lhrro 2. o', Titulo /1.0 qne dispõe o contra-
g rio. -Francisco de Abreu a fez'em J.. ishoa a 18

« de Agosto de I 6 IS.

Parecia oh"io que por este Uegitbento ficavà o


Guarda Mór priVado da j urisc1icção qu~ pelo pri-
meiro Regimento 'lhe foi f-<lcnHado de privativa-
~bente fa'Zer as repartições de' todos os descobri-
mentos das terras minel'aes, por pertencerem <lo
, Provedor das minas, pelo segundo Regimento, o
. qlle servio de grande perturbação nas minas.com
566 l\NNAl':5

dctl'iroento dos interesses Reaes, que se expecli<>.


por isso a seguinte Provisão:
" D. João por Graça de Deos~ Ré'i de Pot'tll, aI
M. e dos Algarves, d'aquem e d'Além Mar em
cc Africa, Senhor de Guiné, ~c. faço saber a

l( vos n'. Pedro de Alrueitla, Gon~c de AS.\II,l1Ul' ,


a Governador e C.apitão General de S. Paulo e
". Mi\l~s , ~ue Eu fui informado que tendo con~
G cedido, no Regimento do Guarda. Mór das Mi~

~ nas., o pertellaér-llle priva tiv.amente as reparti...


" ções de todos os descobrimentos de terras mi~
.. neraes , e para nomear em sua all.sencia Guar~
q das suhst~tnto.5 , que cm qualqucr parte dellas

- .. nzessetn as snas vezes, que alguns Go,vern~..,


~ dores. ~ Ministros que tê..em idQ a es.se GovernG
y ~l'l'ogárão assim.a dita lllrisdicção 001 di versas
ti occasiões, po.ndo e til'anq.o Gl~alldas, e fazendo

I( pOl' si me,smo partilhas dos. descohrimentos.


Cl E p.ara que possn m91n.dar. dal' elP lliateria, ~ã(l
lf importante ao meu Real SeIViço a PrQvide'l1cia
« cünveniente, me pareceq ordenar-vos, infor.,.
Cl roeis ~e he as~im Ol} não de arrogarem, .assim

(I Q~ Governadores e mais iV.Jiuistrw a }mi;sdic..çãQ

u. que he so peru~iltida ao Gl,1urda M:Ór ve~t~

n qe.s,cohl'ifI\ ~tos. ElItei Nqsso SeqhQf ~JA)a:pdc;>,tJ.

(l por J~ã~ F0H~ da Silva, e 4l1lo,nio .1\qdl':i;gl:'c.


q da Costa, Consel~eims,do. so\\ C011s.elho YHi.'a-

,_ fIlal'ino, e se pt ssou par duas viaS. - ~~\ e1


~ {~t; l\~t\ç~do Ribeiro íl (e~ eU\ ~isboa, Oc.çidoft'
))0 RIO DE JANEIRO.

óll tal, a 8 de Outubro de 17 I 8. - O Secretario


'" Al1dl'é Lopes de Lavra a n:z e-1sc:reyor. - Joáo
II Tellesda Silva.-Antoüio Rodrigues daCo8ta~1l

§ 20.

'Mas que 'informação podia -dar o Governadol' ,


·sendo elle o mais inclinado e propicio ás inten-
ções dos Ministros, de fazerem depender s6-
m~nte delles a fortuna dos povos·, arbitl·os das
concessões c partilhas das terras que lhes trouxe·
rão gl'andes fortunas, ':que não 'podião adqui-
'rir, mediante a justiça e inregddade de cal'actçr
-do Guada 1\1 01'.. 11 os objectos de suas attribuições.
.flavia aqnelle José Vaz Pin'to fcito pal'u diminuir
a influencia dos Guarda Móres e seus substitutos-,
:hllm adclit!lmente ao primeiro Regimento. Depois
do levante dos Commerciantes dos Sertões da Da..
hia , contrabandistas 'e extraviadores do direito
-senhorial, que f~z llecessaria a instituição ~ciNil da
crea~ão das Villas·e Magistrados., 'estes -por "seu
=proprio interesse, não perdião occasiãa de incitar
nos Governad01'eS e descontentamento da.nomea-
-ção dos subrogados do Guarda MóI', afim de que
não podessem ter 0- excr.cicio de suas funcções,
'os nomeados pelo Guarda Mór, mais sim os pro-
vidos pelo Governador.; o manejo da intriga a ta~
respeito fói tambem executado, que o Conselho
Ultramarino ur<1lenou que as pessoas nomeadas
Ilelo G:u.ardu M.ór dc-vião tirar ·Pro·visüo para.~ervi"
5G8 ANNAES

,rem pelo Governador, que o COllcle das Galve:1s


não cumpl'io , c somente no decnrsp do tempo o
Conde de llobacl la, por hum bando, pelo qual
dividio as funcçõcs da Guardamoria. entre si e
os Magistrados das minas, mandaudo que os
SUb1'0gados do Guarda Mór em diante, prestas-
Ilenl o juramento nas mãos dos Ouv.idOres cornQ
Officiacs s118'eiLos ~ sl),a j n~'i!ldic~ãQ.

§ 2 t.

Com a creação dQ Sllp~r,intendente José Vaz.


Pinto, prevenia todavia o Rei. ao Governador pela
Carta Uegia ele 2q. ele Ah.ril de 1702, que sem em-
.bargo da indcpcudcncia que teria do Goverr:o' o
'superintendente das minàs na execução elo sen
'.Regimento, manelava-Ihe declarar, dividit· eo'm o
GQyern udoJ:1 -a attenção e respeito que lhe cra dc-
yido ~ .alem da obrigação de lhe dar conta dos
:ribeiros, veias, e minas que de no\'o fossem des-
.cobertas, e de tud.o quanto se ofIerecesse elaquel-
]es lugares; ficando o Governador na intelligen-
cia, de qUI} o Superintendente não carecia de
resposta sua para proceder na exeonção do seu
.Regimento; e que suecedcndo Íl~ ás minas em ob-
srl'vaueia das Reues Ol'dens, e'Xerceria o Sqperin-
tc.ndcnte a SU,1, jnrisdieçii~ d:lda no Regimento
pela mesma forma que exercia a sua o O II vidor
<lo Riu d«:: ·JaIÍl"iro nas' cousas., elo seu caurgo nÇl
no mo DE 'J:ANmnO. 5Gg
presença do Governador independentemente deI-
le (I)..
§ 22.

lendo excitaao geral indignação o procedimen-


to dos dous Frades no motim' das minas contra
os Palilistas , o Bispo do Rio de Janeiro, pesando
na sua prud(mcia quão contTaria e~'a á pureza da
Religião vagarem nos paizes centraes réligiosos :,
~í.esmo a titulo de Missionarios " representon a
El-Rei em Cal~ta ,de 6 de Setembro de I 702 , qne
se wio permittisse a Frades administrayem nas Mi-
nas os Sacraml:ntos a aquélles povos,' por quanto,
fôra das vistas dos seus Prelados, pl'alicavão li-
berdades estranhas da sua Santa Institlliçüo, pa-
recenao conve11iente .proverem-se _as Ca penas de
Sacerdotes Seculares para o 'l\1inisterio Parochial
de pessoas de experimentada sciencia e virtu:Ies,
que tão santo ministerio reclamava, Laven lo
muitos de que se lançar mã~, sem dispendio tnes-
mo da Real Fazenda " por quanto os Mineiros qlle
tã? ardentemente' os sollici:tavão e pedião, não
terião duvida proverem na sua decente suste'nta-
ção; além de· que se compl;omettia elle Bispo
para a fabrica do altar concorrer com os orna-
mentos da Sé do mais antigo uso, de ~alix e re·
licario para o viatico, e con~ todas aS mais COll~

(1) Archivo·do Conselhu 'Ultra-rnarinó Livro, Tit. J '} 12,


fmg, 4{1 e scguinte-s.
T03IO II. [~7
370 ANN{\.ES

sas necessarias para que o culto Divino se praticasse


nos Santos Altares com dccencia e aceio : S. Ma...
gesmde recebendo benignamente aqueIla justa re-
presentação, se dignou pela Cartá Regia de 23
de Fevereiro de '1703 (I) prohibir a entrada dos
(I) DilO Livro Archivo pag 55 do theor seguinte: Re-
yerendo Bispo dO,Rio de Janeiro Via-se, vossa carla de
6 de Setembro do anno passado em que representais não
ser conveniente para a salvação das almas dos que assis-
tem nas minas irem a ellas missionarias religiosos ,que
lhes, administrem os sacramentos, por não terem domi-
cilio certos uem lugar determinado, e 'nestes termos
convir mais a assisteneia de Sacerdotes como Parochos ,
que lhe nomearcis capazes para que lhes não faltem com
~ pasto espirilual a' tempo, nem e,lIes com o reoonheci,
menta de seus Pal'ochos ; o que se podia fazer sem des-
peza da F9zenda Real, por quanto os mesmos minéiros o
deseja vão , e arbitl'arião o seu snstento sufficiente, e
para a fabrica dos ãltares concorrel'ião com alguns orna·
menlos que nesta Sé ha .de uso mais antigo, e oom ca-
lices e relicaI'ios p;ra o vialico, e tudo o mais preciso para.
o altar; e que quando eu entenda se deve mandar pagar
sc receberá. E pareceu·me louvar·vos o ardente des,ejo
que tendes de acudir com quem pasta o pão espirHual da-
quellas almas quc Deos fiou do vosso cuidado. E pelo que
toca ai> pagamento das congruas dos Parochos, poderá
muito bem ser que não s6 estas, mas tabem as fabricas
'd;,J,s ~arochias dêem os freguczes, por ser esta desl'eza eli-
caminhada ao bem da salvação das suas almas, e Ocos os
ter com tão P,9uco trabalho enriquecido tanto.-Escript~
,em Li,boa a 2 de Fevereiro de '70ã.-Rei.
];i pela carta Regia de 10 de Janeiro de 1702 constante.
DO RIO DE ;JANEIRO.

Frades em minas, agradecendo ao Bispo o seu


zelo Apostolico pela salvação daquelle reb.anho ,
que lhe fôra confiado, reconhecendo qmlUto pre.
judicial era ao Estado, a Religião, e aos bons cos-
tumes ,cons~ntirem-se Frades fóra dos seus Con-
ventos, entregues ás snas paixões, devorados da
avareza e mais vicios que dominão nos homens
que querem Yiver para o mundo, e não para a
santificação de seus semelhantes ,pela pratica das
virtudes.
§ 23. '
Prohibio depois á~quelles _successos o. m~smo ,A'

Rei a emigração dos Porluguezes para o Brazil, '


pelo Alvará que transcrevo:
a D. João por Graça de Deos, Rei de Portugal
l( e dos Algqrves, d'aquem e d'além Mar em Afri·
a ca, Senhor de Guiné e da Conquista, Navega-
a ção, COJ?lmercio da Etiopia, AL'abia, Persia, e
« da India, &c. Faço saber aQS que esta minha
« Lei virem, que não t6mdo sido bastantes as pro-
l( videncias que até ao presente tenho dado nos
ex Deeretos de 25 de Novembro' de 1709 e 17 de

Fever.eiro de 1711 ~ para se prohibir que destes

do Archivo respectivo desta Camara fi. 55, se detcrminál'n


nüo fossem a minas Religiosos sem approvação da Junta
das 'mi.·sões cm homens de' virtude conhécida , que servis-
sem de b:om exemplo, zelarrdo o bem das almas, e nãd
tra,t'llnd.Q a'e mis,sões t<e1l1poraes;
4-7 **
57~" -tiNNAES'

u Ucinos passem para as Capitanias do Estaáol'


u do Brazil a muila gente que todos os annos se~

~ ausenta delIe , principalmente da Provincia do


" Minho, qrlc sendo a mais pO"voada, se acha

(I
/ .-
." hoje em estado que não ba a gente necessaria
para' a cultura' de terras ,. nem para o ,serviço'
u dos povos , Cl1 ja falta se faz tão sensivel, que;

« necessita de acudir-lhe com remedia prompto\

u e tão êfficaz , que ~e evite a fl'eqllencia com que

u se vai despovoando o Reino. Fui servido resol~

«( \'er que nenhuma pessoa de qualquer q~lali­

a dade ou estado que seja possa passar ús refe-'

a ridas Capituniâs senàà as que forem uespad:la-


a das com gove;nos , postos, ou omcios de Jus-

u liça ou fazenda, as quaes não' levaráõ maiS'

.-
« criados que a cada hum competir, cOl'lforme a

u sua qualidade e emprego, e sendo estas' Por-'

a t LI guezes; e das pessoas EccIesiasticas as que

u forem nomeadas Bispos, -Missionarias, ·Prela-

a dos, e Religiosos da Religião elo mesmo Estado..

a professos nas Previneias dclle, como ·tambem

u ds Capc1Iães dos navios que navegão' para a

« m.esmo Estado;'e dos seculares além dos refe~

a ridos so poderáõ_ ir os que mosLTando que são


« Portugnezes justifi~atem com documentos au-

« tben ticos' ,. q.ue vflo fazer negocio 'consideraver


u e de impOl:tancia , com Í<lzendas.suas e alheias

a para voltarem, 011 os que outro sim justifica:-


(L rem terem negocias tão. preciosos que se nãO!
no RIO ·DE JA.'NElRO. 373-
II' fOTem acudirà ellês-Ihecal1sará grande prejuízo,.
lt cujas circunstanciàs se hão de examinar nesta.
a- Côrte p'elo Desembargad01'llelchior do Rego de.
a An(h·ada".o~l outro qnalql1G'r ministro qne na sna
'I falta eu fâr servidonomear;.eapprovadás·ellas·

1/-' pelo dito Belchior do Reg0 ~ ou' pelo Ministro

« que nomear depois de hum exacto exam~ , re

a correráõ as partes á Secretaria cl'.Estado para se


a . lhes passarem os seus pa~saportes, os quaes se

II não'passatáõ sem a referida. ap.provaç.ão.; e dos

" que se' embarcarem na Cidade- do Pàrto pelo


« Chanceller da Relação dclla , e da Villa de Via-

/( na,. pela pessoa que governar as Armas daquel~


II la Brovi!lcia, os q"uaes sómente daráõ' os ·ditos

(t. passapOl~te& ,constando-lhe.primeil'O por exac-


II tas averiguaç3es passarem ás i'cfeáclas Cãpita-

(\.. !lias com os cargos e occupações sobreditas, e


a·' não com outro qualquer pretexto; e para que
( assim se execute ordeno á dita pessoa que go-
~ II vernar as Armas e ao ChanceUer da Relação ?
a, que. nos, na"ioS' que·daquelles portos sahirem

« para ·as-8api.lanias' do-Estado ,do Brazil, na hora


" de se fazerem á·véla , lhes mande 'dar busca,
II e achan<.lo neUe algumas 'pessoas sem· passapor-

« tes os prendão~.e tendo,·idade capaz lhes ..assen-

II· tem praça de soldado,. e não a tendo,. seráõ

(t=remeLtidas presas ás cadêas desta Côrte, on lfi


u. estaráõ seis mezes , e pagaráõ cem mil réis de

II condemnação, .q!1e applico p.ara as despezas d


« Coqsel.hú· Ultramarino; e'não tendo c@m que,
IC pagar a dita cOIldemnação irão degradados para
« a Afr-ica por tempo de tres ánnos. E nesta Côrte
II se praticará o mesmo, quando, es~i,~erem para

« partir as frotas ,. mandando-se fazer esta dili-


« gencia pela Secretaria de Estado, e os Capitães

ii e Mestres dos navios em que forem achados,


« incorreráõ na pena de 4@0';fb000 rs. , que tam-
Cl bem appHco para as despezas do mesmo, Con-

IC selho, -e por não embaraçar a sahida aos mes-

« mos fazendo-lhe auto de achada, os deixaráG


a séguir sua viagem, remettel1do o dito auto, ao

11 Consetho Ultramarino para na volta da viag,em

« se prooeder contra elles pela dita conde,mnnção:


II e para que mais exactamente se observe a dis-

« posição referida: Ordeno, que nenhum navio

IX OU embarcação, que fôr dos portos deste Reina

« para. as Capitanias do B..razil, possão sahir deHe


cr sem levarem a lista da gente para o seu serviço

a e navegação, e que nos portos do Brazil não

II desembarque pes~0a alguma sem que pr~meiro

Ir o Mestre ou Capitáo dê parte ao Governador d0


« porto a que. chegar, e. este' mande visitar a
« dita embarcação, I) qmal achando que nena vai
« ·maisgente de que constar na lista sem passa...
u p3ssaporte, a prendão'e a reme"btãa a este Rei.,.

« no" para neJ:te se ex'ecutar ar pena referida,. alU-


li tualíl dll>' o Mêstr€. e C.apit.ã:o., e remettendo o a.ut0

lJ ao, CeplseJho 1JJl1irama11ilíl.(!)J, pq,ra pçr elle e:xiee:l1-


no RIO DE JANEIRO. 5'15
u tal' a cofid.emnáção qúe fica iu'lpasta: aos que
«( levarem gente sem pãssapol'tes, cujas encom'"
u mendas e' <à'iJigenci'as recórmnend0 muito parti-

a cularmerrte aos- Go,<vern:adores. E porque ainda

«( tod-as estas cautelas poderáõ não ser bastantes,

u para<evitar a passàgem da: glmte <teste Reinopara

« as ditas Capitanias: Hei por bem declarar q;ue


t( tendo qualquet: pessna noticia que algum Ca-
« pitão ou Mestre leva, na sua embaTC:ição gente
u Sem passaporte, os p'Ossa denunciar, sendo a

a metade pal:a as despezas do €anselho Ultrama-


«( rino: e porque muit0s E'strangeiros além dos I
« que são permittidos pelos tratados passão ás
« referidas Capitanias a titulo de marinheiros,
« artilheiros, e outros por criados dos Cab'ós e
a que embarcão para ellas , e logo que chegão se

{( ausentão e ficêlo commerciando nellas : Hei por


« prohibido que Estrangeiro algum embarque

«. com os. referido pretextos, ou outros quaes-


« qrrer que' sejão nos navios que deste Reino
.. paI'til'em para' as dita~ Capitanias, e os Capil.
« t?es e Mestres que os levarem , incorreraõ na
" pena que fica referida, em que tambem po-
C( derá haver denunciante, o qual terá metade
l( da dita condemnação. Pelo que mando ao Re-

o" gedor da Casa da Supplicação ~ Governador da


.. Relacão e Casa do Porto, e do Estado dó Bra-
« zil, .Desembargadores das ditas Relações, Go-
« vernadores das Provincias. do Reino e das' Con..l
t7 Õ A'NNA1~S ,I

" guistas; e a. todos os E:orregedores, Provedores,.


-4 Ouvi.dores~, Juizes, Justiças, 01.Iiciaes e pessoas

« destes meus Reinos e Senhorios, que· cumprão e

" guardem esta minha lei, e a fação inteiramente


«( çumprir e guardar·cóm nella,se contém; é para

« que venha á noticia de todos., e se não possa


«( allegar ignorancia.,.Iilando.0utro.. sim ao Dou-

« toro José GaIvão de L.acer.da do meu Conselho,


e Chanceller Mór,destes n.einos e Senhorios., a
" faça publicar na Chancellaria na forma costn-
.«( mada, e .em iar Gl traslado della a'1l0qos os Cor-

.a ,regedores ~~uvidores Clãs Comarcas, e -aos Ou-


t', vidores das terras dos Donatariôs , em que os

a: Corregedores não ;entrão'por' correição, e se

«( registará nos'Livros dO'Desembargo ao Paço,


-« nos das Casas da Su'pplicação e Relação, dg
«( Porto, e nos do Conselho Ultramaril1o, e mais

4 partes onde .semelhantes Leis se CQstllIuão re-


.(, gistar, e esta propria se l~nçará., na Tarre do
" TTombo.-Braz de Oliveira a [€lZ em Lisboa Oé-
.a cidental ~ 20 de Março de 1720.-'-Antonio Gal-
," ...mó de Castello J3r.~uco a.fez .escre.vel:. -ReL(.!) .

. -Esta Lei parecia injllsta, negando as ~migra­


çÕes de Portugal ,para ri nrazil por 'isso que sel1~
3

·(t·) IlegisllIda 110 Livro~ij do'Rcgis!TO da Provedoria-do


.ilUo dc,Janeirõ ti fi. 224. "
no mo nE JANEIRO, :1;7
ltaoitantes não achando em seu páiz os_· meios de
subsistençia , servindo de carga ao Estado, deso-
rientado!! .pelas noticias da.riqHeza dos produclos
d-o.novo mundo., devião ,ser tentados de melho-
F3r a sua ,sorte e de sua familia ,.por aquella'in-
ü1iRação natural concedida ao homem de augmen-
tal' o seu patrimonio, que no paiz natal não po-
d.ião achar, lutando conh'a a pobreza e miseria..,
e,imperwsas necessiàades da vida., que esforços
t1ão deveria fazer para' v.cncer os vincl~los qne o
l~gão a S'ua ;Patria ·e· família onde foi alimentado
e ,acariciado, ,forçado a deixar, por não encontrar
);)ella honesta subsistencia , definhado de fome ·e
angustias. A pesar do am@r:natnral pela. patria ~
pela fami1ia, ·0 homem tendo. nascido livre, es-
r
tando na idade da razão pode benl sentir se lhe
-he ou não mais util pe.rmanecer ou sahir della,.,
Gonservando,o que se lhe~não póde tirar, os sen-
timentos de re<wnhecimento.e de amor. O ·Bra-
lil n3,o se podia dizer puiz ·.es-tr.angeir,a, era hum
ostado .tão podafoso sem o qnal Portugàl nunca.
passára de Potencia de segunda ordem, que cum-
pria povoar de Portuguezes , a exemplo de ter~rn
havido mllÍlos adquirido no' Braiil huma nã<? es-
pcradaJortuna , que repartida pela na(ural Jncli-
nação de ,bem fazer com os seus pareptcs e a sua
Patria, que abandonad.e'l pela "iolcn,cia de suas ne-
cessidades, bem cert? ia fazer-lhe hprn gl'ande bem.,
e .pelo co)).trario fa~ é;lbsolnto mal h!iliit::llldo ncHe
10MO n. 48
.~ 8'
do') >

infelizmenfe perus privaç<ges a' que o seu estaáo1


o reduzira, tm:rto lU~.is não achando pela lavoura
Rem pelas artes p.·oporç(5·és de p:oder s'ahü' da in-
digenéia. A polieia d'e mu:it@s paizes Europeos per.'
mittia a~ emigrações; dh' Pa'tria" exee'p~o no tem-
po da guel'ra, onde' todos: os' Jinembl'os são (i)bri-'-
gado's defender' o seu paiz ,- do qual sÓ'infames
desertores para se"€vadirem a-os perigos, emigrã'o'
e111 tal @l::casiáo·; fOl'a deste c'aSQ concordão os
Fublicis:tas ser li.cit:o faze-lo m6rmertte quando Não
obtêem o necessar.iÚ' da vida n0 seu paiz, pois que
á sociedade -sen.{I}o, orgaIJ!isada para faci~itar os
meios de viver e de ser feliz, seria o supra summO:
~a ilil-j nstiça neg'ar-se a ql.1'a:lquer dos assdáádos o;
procura·r aq.uelles dons obje<;;tos l)orque se ligár<'io
a s0ciedade. Quando esta não, cum:pre éOJiD o seu!
dever; he licito (i) sabir della. por direito natural;
pois que:os contiFa·hentes deveJ.il.l.: e sá@ obrigados a
eumprir com que se comppomettêl!àe , e· daepÜl
'\l€tn o direilliQ, de- -f:azer sahir ao socio qne violou

as. suas Leis. Nada' he mais: N.atu.val, do qrlle o'


h9ffiém procupar·a- sUDsistencia, onde se lhe offe-
r'cce mais €omm.od@s,e'vautagens, pois que onde
nã0 ·e~j.ste a;J:>Ul!ldanda e r,iq,uez~, s@brevem.a mi·
St}ria e a desoréIem: linuteis ,scráõ sempre as Leis'
do· $0beFaI!l0', 'que' se .esfol<çáó .Gom- peaas de fe-
~har a, ~or1taJ â,'5 e'migrações' de cidadãos., por sa-
hirerrÍ do paíz. fugindo,. da miSéi.iià " quafldo. SÓ-'
mente llubstal'á. i.:ospiran~é~'W m.ais ·'V-Â-va:coÍdiansoc.
no mo DE .JANEIRO. 5'79
·dos slibditos por S11as TIrtudes pessoaes, sabedo-
da, justiça, .es~abilidade da:administração, respei-
:tando a opinião publica, com a mais viva attenção,
provendo ás necessidades do pavo , engrandecen-
do o Reino sobre as bazes. da natureza, porque
chamará énttio até aos ricos emigr.ados para se·
'rbrigarem debaix9 do sen Trono pela rectidã9 dos
seus Juizos, e protecção .dada a todos os infeli·
~es que para elle corrêrão.

As re-presel'ltaçúes ,dirigid.as ·ao Trono pelos Ma-


'gistrados c Governadores das Minas que reda~
mavão a reforma do Regimento dos G larclas Móres
-e Superintendentes derão .·causa á segl 'ate Pro-
risào.:
a D. Jóão por Graça de 'Deos ,Rei de Portugal
« .-é dos Algarves, d'aquem e d'além, Mar em

li Airica, Senhor de. Guiné, '&c~ço saber a.


'll. v6s Desembargador .llafael Pires Pardinho. que

-a por ser d dito Regimento dos Guardas Mores

'( e Superintendentes das Minas Geraes, por ser <:)


lC dito Regimento, e mais ordens que sobre elle se

~I têem passado feitas em tempo qne as minas se


a acha.vão em diJferente forma: Sou servido 01'-
,Il denar.;;'Vos, pOl~ ResO'lução de l!~ deste presente

.fI mez em consulta do meu Conselho Ultrama-


,J.( rino, façais hum novo Reg'imento, sem atten",

~ çHG alguma ao antigo, mai.s respeitando aos


Lj8"
ANNÂES

«. Governadores, Ministros que hoje ha, e aiudiD


os que fôr necessario ·crearem-se .para o bom.
ti.

u Regimento das ditas minas, para cuja diligen-

~ cla ouvireis pOi' escripto os Ministros desse Go-


a verno, e- O- Guarda Mór das Minas, e Martinho-
«. de Mendonça de Pina de- Proença, se' se achar·· .
« ainda no Brazilj- pedindG-Ihe tambem o seu pa~

c· recer,. para que- á vis~a destes votos, e dos mais··

fi que vos parecer tomar de pessoas inteIligen...

" tes e praticas nessas mínas, formardes este Re-


e . gimento, e o remetterd~s' ao Conde das Galvéas-

a Govel'Oad0r das· ·cütas Minas-·" para que 'sobre

a clIe interpoqha () seu parecer, e á vista de tudo

« resolver eu o que fôr servido, ficando no en-


" tanto pr~ticando-se Q;.Regimento velho, e ás
ti ordens que sobre eIle se têem passado; E.. pOD
~- que se me rep-r-esenM' q\ie' seria conveniente
;, dar-se ao.Govem.atUlr, que ·ha de haver em
« oada h u~s Governos faculdade de nomear
« :l:>ú~ativamente todos, os'· subalternos neces-
• sarios,. sem que fi·que na -seu ,arbítrio remove-
I
• los' sem culp.a" .como· estava, declarado·, e sem
C( que desta nomeação· receba e~lnmento al-
.l gum ,.riem a,.faça.independente do Governador,
ci' porque aohando es-te que Q~ propostos não são

« 'capazes " lhes poderá' mo'l.rnilar nomear· outros,


.e os quaes daráõ 'residencia ,to.t,los os tres annos·,

c e ao' Guarda Mór só eu poderei mandar timr.,

c ·q'.J.ilJl~0·as5i1D parecei' conveniente, não tendo·


Do RIO UE JANEIIl.O.

• OS S"uperintendentes sobre os Guardas-Mórés ,


c nem seus subalternos mais j urisdicção, que

« . por via de appellaçã9 eaggravo, correndo to-


t«. das as mais cousas"( e·ain.da as·de forca) Col.-

•. primeira instancm perante os ditos Guardas Mó..


I( res, que as determinaráõ breve e summaria-
... mente, sem estrepito de Juizo-, e sem recebe-
c~. rem appellação suspe~siva, segurando-se .po-
c rem os appellantes com fianças aquelIas im-,
II portancias , que por meio de suas appellações

• pretendeL'em haver ,..e para o caso em que as .


II sentenças se reformem, e que aos m-esmos Guar-

II das Móres se encarregije o socego e quíetaçáo


c das minas, e comporem todas as dissensões,
li que entre os escravos dos mineirOS houver, e

c castigarem-nos, não tendo crimes que provados


c mereção pena de morte, e não se intromettendo·
c os Ou,'idóres em tirar dos crimes cómmettídos"
c por hum; escravos contra outras devassas, nem

« lhes concederem carta de segu~o ou Alvará de


• fi'ánç~, salvo em. casos' em . que possa ter ln-
a gar~, q!landó se .Nove a dita pena, e haver li-
ti vramentõ', .q,~e só 'neIlas fie conveniente haja,

c -evÍtílndõ-se despezas necessarÍas. E 'me parecen

• mandar-vos partícipar-esfas providencias, para


ti· que infórmais' s-e sel"'.íõ'con,venientes. EI-Re,i Nos-

c so Senhor o mandôu pelo dilo Mânoel Vâ.rges " .


C e Gonçalo ManoeI Gaivão de Lacerda, .Cot;lse-·

.:lheiros .do seu C0':1selho Ultramarino,. e se pas-


"
ANNAES

(( SOl:} por·duas vias.-Pedro Alêxandrino d!Abreu


II Ber.nardes a fez em Lisboa Occid~nta1 a 17 de
« Janeiro de 1755. O Secretario ManoeI Caetano
II Lopes de Leure a fez escrever.-Manoel Fernan-
li rles y.arges.~Gonçalo ManoeI GaIvão (1-): J)

Ainda buma outra R~al 'Ordem :foi dirigida


para .a refor/pa do Regimento, pela Secretaria de
Estado em data de 3 de JHarço de 17L~3, assim
concebida a instancias.do Governador G0mesFreire
de . (2)-
, Andrade
u Sendo presente a Sua Magestade a .CaI;ta de

« Y. S. de 30 de Agosto passado., ém que ~a for-


« ma da orde.m que .lbe:participei. interi)õe Y. S.

(( o sen parecer sobre a necessidade que ha de


II favoreceI: aos mineiros que fizerem novos des-

li cobrimentos no Sertão, para que se animem


« a intenta-los como se faz preciso, supposta a
' l II de~adencia em que se ~cbão presentemente as
(( mfnas., e despezas que -neIlas têem accrescido:
« Foi o ~nesmo Senhor servido approvar o arbi..
« trio que Y. S. aponta de se reformar o Regi:-
« men,to..antigo de minerar: para crijo effeito 01'-

(I) Archi vo do Co'nsclho ·'Ultrmarino Li vro Tit. 1735 ,


p~gin3 50.
(~) SecrctarJo do Governo, livro n. 1743' de registo
.pagina 20.
no RIO' DE JANEIRO. :583
q <lena que V. S; convoqile a huma Junta de Mi-
u neiros e mais pessoas que nomea na mesma car'-

~ ta " !lue feitas a~ conferencias necessarjas " e


I( assentando o <;rue se julgar mais ajustado e con-

, "eniente, assim aos mesmôs· mineiros, conao·


It á Fazenda Real, forme V. S'. as emendas, e dê

er com eHas· e Clom 0 Regimento antigo, conta a

cc S. Magestade por esta Secretaria. para se pon-

er derar e resolver tãe imp'Ortante materia. Tam-


CI bem- permitle S. Magestade interinamente, que

er fazendo-se alguns dos" novos descobrimentos


c possa V. S. dobrar O· numero das datas ao d~s·
er cobridor, dando~se-Ihe como tal em lugar da
er primeira que lhe concede o Regimento duas
« datas, e outras duas com mineiro em lugar de
(( huma que lhe costuma conceder, mas todas
II unidas, para q.ue com maior facilidade e con-

.
({ veniencia facão· os ditos· descobridores os setis
u serviços. O que tudo participo a V. S.,. para

u que inforIPado- da Resolução de' S. rrIagestade

q a prOC1'll'e executar, e promover como he ne-

I( cessario aos ditos- novos descobrimentos. Deos·


« Guarde a V. S. Lisboa, a 3 de Março de ) 743.
c, Marcos Antonio de Azeredo .Coutinho.-Sr. Go-

I( mesFreire de Andrade•.-Antonio,de So~za M<l-


• .l\ chado. II'
'ANNA>E~

,5 2;).

Os Superintendentes e mais 'Magistrados a quem


:ferão incumbidos, a repartição das minas, e a ins-
pecção de seus trabálhos,e 'Guarda do Regifi'ent0
não tinhão insh'ucçáG alguma dos óbjectos de que
estavão responsaveis: os mineiros igualmente ig-
noravão a arte de minerar, e de purificar o ouro
,. pela amalgamação do azougue, eu chumbo , se~
paraado a prata 'não !bem minera:lis-ada com o
ch-umbo " ou se cumpria empregar· o lithargio ou
outras substancias que -coI1têcm chumbo; da mes-
ma sorte se era unido com anLimonio, ou 'se
é,ra sulphuroso , e Se formava -promptamente o
régulo sem ajuntar ferro "ou·se pôde-com 'éllecx-
trahil' o diaplorético nem 'branco. Aquelles 'Ma-
gistrados tratando ":lutes da·sua fortuna para que
só dirigião os seus esfQrços, nem ao menos logo
que se-consLituirão cumulativamente com os Guar-
das Mores os repartidores das minas, -pFoclirál'iio
saher se as· pessoas a quem permittião erão·ricas ,
nat~H'aeSrou estrangeiras; C-0m ('il~e flWdos inceta-
'Vão a' exploração e lavor das-minas, 'com quantos
50cios, e se elles entendião ou ~ã,ó de minerar, ten-
do habeis dircetares que cumpria emprcgm' para
obterem o feliz resullado cÍa extL'a'cção do ouro: .in-
.,felizmenLe ,sa derüo .os terras mineracs a pessoas
mni estr,anhas daqucllc objecto, de que resul~
ton ar.nina.de muitos, e a perda' da Fazenda Real,

\
DO RIO DE JANEIRO. 385
ainda mesmo depois que ás instancias do Gover-
vernador' Artur ,de Sá lhe fossem enviados quatro
ho;nep.s que não podião ser senão trabalhado-
r~~ iornaielro~, attento I) QJ;,'denado . qne se nlan.
dOll vencer de 6';fbooo réis mensaes., Porém co-_~
mo os Ministros insisJirilio na refoqna do Regi-
mento(, com o fim de sel~ll elIes os arbitros uni 4

cqmente ,das partilhas m\~~c:raes , se exp,ediq ainda


outra Regia Determinação pela maneira seguinte:
I ; c. D. José por' Graça de Deos, Rei de Po.rtu-

c c gal e dos Algarves, d'Aquem e d'Além Mar em


(I _ Atrica .Senhor. de
. Guiné: Faco
, 'saber
, a vós Go-
«~ mes Freire de Anéh;ade ,(Capitão General da
<t. Capitania do Rio de'Jãneiro com o gove.rno das

<t, minas, que vendo-se a conta qu~ me deu o'

c; Ouvidor de Goyaz em carta de 2 de Abril do,.


<l. anno ,proxjmo passado, de que com esta se

« vos remet.te copi:l,', sobre o ~stilo em que se


(l. acha a .administracão das terras mineraes e no-
:.r. ... '

(l. vos d,escober,tos : Me pareceu ",o~'denar-vos in-


~ formeis com' o ':OSSO pa~çcer, o.t;J.vill.do aos Ou-,
~ vjd!3res no . novo districto, e o Guarda Mór
(l Pedro Dias' Leme que daráõ as sua,s ~espostas
u por escripto, apontando como será conveniente

<l formar-se novo Regimento para a repartição

~ das terras mineraes, o qual Regimento for-


~ <mareis" remettendo-me pelo meu Conselho
~ Ultramarino, com a copia do primeiro Regi-
~ ).nento que ha com os seus addit;mentos , para
TO~fO II. ~ .. ~. [~9 ..

"
I,
38'6'
(f eu approva~d'clles,. o que 'tiVer- por' c'onvelllente"
« a meu serviço; e' eUY- q:·uanto o que se não Re'-
a solver este negocio·,' fará todas as' repartiçóes

« das terras mineraes- o 6ú:arda Mór' 'llC;prie~àrio'


« nos descobrimentos a 'lJ.ue .ene podei iT pes-

• ~oal'ment:e, e na. !:1lla falita· a.láráõ . os' OuvidoreS'


« cada hum no· seu dlsrricto' nos deseobririlentias;

« a que pessoab.iletl'te-- poderem assistir, e nas


« mais que' não podere~' assiStIr @S' ditos ~Hnist-'

« tros faráõ' ae· rctparti'çã<i das' datas; os' Guardas,


• Mó!es substrru.roS'"nom-ead'os peloS'éiovenmdares ..
" do. distriéto. E', sabre' a'5' duviiiâs' que' se move-'
« rem se observavá a· 'Regiínent'O,do Stl perifiten-
• dente , sem embarga' de qualquer anttso· que"
Cf 'hal'a dn falta da sua obs·ervaneia. ElRei- N-6S'S()'
'.
(C· Senhor o mandO'l1" pelos- Cb'llsefhe'ÍTos db>- Seul

II' Conselho· ,tHtramariuo. ahaix0 assignados. Mia..

« noeI .i\nt'onio da ~R'oC'l\~. a' iliz: em' 'jLis-Doa· ·a'Os<

.- 11· de"MarçO«1e"L<'l!>.7' 0LSécretiario,Jo-a'quim' Mi-


li guel topes- da: T.avra a fez"escrever: -·Antonio:-
" .
« de Azeved'o Ceutitilio,:Diogo>Rangel' de'Nlin~itlw

'" Castellb B'ranGo, F~.ancisGo Manuel dã. 'fl:bsta:.


« ·ltaI'ro~~ •
;~- '2-8~

E.sta, Prov,ísão... era exliotbitante, por não co~­


petir ao; Conselho: ÍlJ'Itramarino alterar o lte.gi·....
Illtlntp e' o.utras lte.aes, ocdens 'sem consúftar é~\r-e";
solução· do .Soberano ,. que liavendb consti'tuHlo
aos: "GUarda.: MO:res, e seus' 5uBroGildbs:. ,os. unicos
1m RiO DE J:ANEIRo..: 3:8ry
repartidores .das datas mineraes; substit\liõ por
...t;:;,la Pr.ovisão aos O l1\'idores, quando a lei os
-Dâo chamão, mas sim aos Superintendentes, por
serem:f>ostos aquelIes Magistrados para o.exercício
· da jllrisdicção dvel e criminat O Guarda Mór a
. ,quem se mandolt (HIv,ir deu o séu rpa'Ileeer assim:
e Q~e r(ã0 :tem lugar nem he bem que seja de
I
• e todo a-bolidoestcRegimento, lDas sim que ann0-
" tado, e, postas néneas declarações nooessaI:ias .,
'e se lXlanàe aS'sim oDservar. Porquanto os nossos
· e' mineiros a.té {) presente têem andado COIllO ga- =-
• e nhadêirüs , eXH~ahindo s6 O mais faoil nas fais-

~ queiras do ouro,·e p9d~r-se-hão tr descbbrind~


- « ro,s <>t:ltt'os metae§ f, lÊU,l)!li!.a a0 meS!ID:.o la~(i)r das
.,« mina~ de ouro ha de .s~rrpreeiso', egilIir S\Uca-
, e vando nos· mop~es , vieiros.ie betas", o'oja pro-
a videncia que traFa les-re .RcgirneDto 'firad,o ·das
c Indias e minas E1e-ÇaS'tctll~ , nece.ss.a-rlatnell1te ha

a de vir a ser inconvflniente" como ,vai moslt"~mdo

II j~ a expeFiencia .,' e b'e o- mais facil e·Ü' mais ex-

Cl pe,dilo mqdg de refOFRlar.nã pa.r~e que convier

Cl O' Regimento. E ta:mbeI11 que; visto que S. Ma-

u g~stade' t€rn para a·de;penden.cia das. 1!enas mi-

o neraes,e.cousas 1oean~es a ellas· e aos mmeir'os

c Minist~08 e Offi€iaes ctcputad.os e-positivos: co-


I liDO, ~e o Go,ve.J\n:ador J!lara a repartiçã0' da ter-
~ ras mineraes, e ac<wmme"Clação do!' mineiros
u em ,seus debat<ils, e, no seu j.uizo Jilossess@rio em
Cl o lavGr as ditaiS: minas., C0n10 está dite nO'Ca-
l!. • * .
·19
3gS ANNAES'

Il pitlr1cr 4r c 58, e os Intendentes para os eri-


Il mes dé extravi~cJ('):res , e o mais como' ·$l1a Ma'-

!f gestade tem determinado, não cabe o que pre-

« tendem os Ouvidores q,ue são Ministro's, Ordi-


« narios ter sna parte nesta administração de-
u putada e positiva.,. nem convem sem 'huma

u grande confusão e desordem, como a que

Il se experimenta nas minas, porque fazendo


,« as causas ordinarias Se' vem por elles embar-
a gadas quasi todas, as terras mineraes, aquel-
e las em <lue se acha algum ouro, o que sendo
C' no grande prejuizo 'dos pobres mineiros, e nas

a fabricas , à qlle deve S. Magestade acudir, he


« ,juntamente perniciasissimo aos interesses e ln-
« cros da Fazenda e qnifltos ,Reaes ; e he o por-

(. que S. Magestade contin~a ter para si, e para as


a dcpendencias de sua Real Fazenda sempre Minrs-
u tros eOfficiaes'deputados. E para'os recursos das

« partes em as respectivas relações tem S. Mages -,


u tade creado hum Ouvidor e Juiz da Corôa e

.u .Feitor da Fa1.enda, para onde se d'eve recorrer,

« dando-se ao Guarda Mór I Geral O' seu Regi-


,C< mento, e como' está notado no Capitulo 58 na

Ir primeira parte deIle, ficando a segunda parte

(l adfinem nas que não furem da-quelIa qualidade,


u' pertencendo aos Ministros Ordinarios , porque

« só assim se terminaráõ demandas eternas, sub-

Cl tações de terras, e empate no lavor das minas


u eU1- grande prej Rizo de 5-. Magestade, por não
DO RIO' DE JANEIRO. 38"9
(l se ex:trabir o ouro das minas, que he o para
Cl que se encaminha toda a disposição destes Re-
c gimentos , como tambem evi~ar-se as~ cumula-
« tivas jurisdicções, com que os Ouvidores com
ti encontrados despachos e mal proferidas conces-
c sões -motivão todos os pleitos que se originão
« entre os Mineiros ordinariamente não tendo
« na verdade pessoa alguma autoridade para fa-
c zer concessões e mercês, que essas as tem Sua
« Magestade fcitas por sua Real Grandeza, e só'
II se dispõe, supposta a dita concessão e mercê, a

a ,forma de se repartir por 'igualdade, e couro


« bem .0 dispõe este Regimento. »

A necessidade dos braços para o lavor das mi- /


nas deu occasião a cdcbrar o Conselho Ultrama-
rino , hum contracto em 15 de Dezembro de 1724
em Lisboa, com Jeronimo Lobo Guimarães do
direito dos escravos que se rematassem parami-
'n~s do Ri8 de Janeiro, desde o primeiro de Ju-
lho de 1724 até o ultimo de Junho de 1723 por
trinta e seis mil cruzados e 300';/fJooo rs. livres
para a Fazenda Real, o que se realtson nesta Ci-
dade no principio de Julho de I' 726, percebendo
o contractador o direito de 4';fb500 de~ 'cada hum
escravo que fosse enviado assim para as minas,
como para as VilIas de Paraty, Ilha Grande, Pa.
ranaguá, ,Santos,; S. Paulo, e mais partes da re-
~90 ~NNA~S
partiçãe das 'Vil1a.s do Sul. E porque inujias pes.·
.soas os t~'adãp da Uahiª e l?ernâmhuco para esta.
C.dade @ Santo,'! goro çar.tas de guiÇls para as
minas., -nãQ pagando assiql nesta Cidáde como
-elll Santos', dire~tq algoC!l, por hav~rem. pago
.•1lP~ FprlQ..6 onde ~;.\hírãQ" e.vende'JdQ-o~ JlOS1:pes-
mps PQ)1tO!i 9llde íl'PQJ;la,vtiQ', traspassav!lo .com
'tudA a~ glliw a tl.l!tros Pé\PU ~ jutrodncção de \lOVQS
outros, li\'ff:S de dire.itqs t}lll fraude da Fa~enda
Real, .comenciQnou. ~ .ct}Q.trªl':tàdor, que ·todo~
qtlall('Os"lev~~eme§er~YPsPJ:Wfl 1,\& Q'lina!i com g.uias
dQ§ diverso' (l.H)r'~O~:, f~jls(n~ oht:ig::u;lQ& apl'esepta-
*
:las no termo ,dp 15 dias SW~ chegada ae Prove-
.·dor da Fazenda, ·para se ~egistarem e se tomarem
as conf~'outações pelo Escrivão " a cujo cargo esti-
"ease O dito dcspaqho:; lahçAuclQ-se cm huól ti-
··VIlO de registro qu~ hl}veda..para .aquelle e1feito ,
•ilal'a, se eutrélr 1)0' conhecir\1E~nto.., as.sim dos.e-sera-
Vos ceguo'das p,oasQas. que os'levàO-Pf.l.ra aIS minas;
.e.. s,ell1elhantemente que (,)S· que os t.fO\lx..esse .de
Minas 'para o.s torn,arem a iliJp€!tta.r-" .de m_an.ej.:a
que-não ficando :registadas tªes cartas de gu.iasJ,'iSe
'jülg;ariüQ aS, mes.l,uas PQr u.t~ll<!s ",e, seJ;'Í.ão 'pre~s e
cas.tigados os dorws ;CQlilW' dc:seuc<).lititnhadores
da Fazenda Real, srado despaeltados pcl 'Prove-
doria da Fazenda 'Real, ..(i).ude se não le adét €me-
. .lut;Ucmto do da"lDncho., e liI\u>. se.Q.d<;>,1(r'r;lnsp,orta.elll>s
sem ·pagai."os direillos fesseru pres«)s, ID\<1le.L,ª6()S
~o kalor de .cada escll~Vo á razã@. de 1 Oo1iJQ'J9 rs_o.;
DO RIO fi,Ê- 1A'NEIRO.

e ~ qne outrO' sim fqssettl assigna.das aS €artas


de guias: e' mais: "egi:st0~ p'C1o C"Qlil.tFact~dor, sen
PFo€l:1r~dor , ou Adin1:hH~tra.d(n: "segund-e se· pra-
ti~va C()Dl' (J~ bilhetes ~rAlfarrdegtll,. e sem 0' <Fue·
não vl:tlqiãO ; podem.do o E<mlrac adot ,. seuS' Poro.....
cUFêldores ,. €" Ç)iffi'ciac àe9:tmcíéft1 dos' descaminheSl
dos.direitos, €'0udeml1~ções e'tomadtas, dando-se;
ao.- delíllun€"iante a terç'a1 parte:, e as,ou!lFa'S' a~ ~on""
tractador:- que poderiã.o- pó, em qualquer· patoo:
.A:d""minist'radol'es ,. Feit01les:,.. e: mais Obiciaes, «fué .
llre' pa~eceF ~cegSQríeJ,.. Meirinh& €om ~eu· Es«r.í~·
vão.'; &Qmo (;) poder' tra~@' Jil'OS rioS' as' ernroopcações.
de'remos, que lhes eon'Vierr a· sua «~sta; é pela'
nomeação do Contractador passar o Provedor da
Fazenda mandadoS'aos Offiéiaes para servirem em-
q.~~liltOtfl p,ça~er .~orC~I\~l'.aeta?or'.!l,??e~d? I~~~fl­
le& Otliciaes
i
rlra/lerem
.
atIDas' de~fogp
,) ~ ~
nas dilig,en- j J ... •

e~~ ;.. ser.v.inqo


.. r... de J,uizestnrivati,vos
I. JJ '- :.f, I t
.os Provedl)Je~
~ _~ Or J J J _ o,J ..

~;r~Ea~nda, senteIM1~and)~.s t0!1acUas ~.mai~Eau-


saa.. gue-~eSReit~rem·p..<>· c:Qntr.a~tio. He do Th~iQU~
I .... .._ J' • I I. ~ \., '" '-' \..I ~ '.. , ..

reiro .ou O Afio ox,arife da Fazenda .ne~1 cobNlrem


f. ~ ~ J _ ) J'

9 PJodncto ~p ~q~tJ: ,_c~p., ?~n~.? fi~nw .á «pl,aSc!fl'


P!irte',. IviStp..h'l:vaf '.I;h~s!i>~r~ir?, q~~~ PQr p'~:rt~ dJa
F~Jlda col>rarp cli,t? ll~nflü9.e?-t.?:_ q~e :~ :fw
Ele cada annl) dp cpfre .R!,:s~r~a.~p Contr~ct~.dor'1
f!Jrlo-qp~nf ~aJém dp pre~o.d9'!lpqtr~c~ph.º~yes~~
rendid\> ;. pod~Q.da a Gantractadar passar o con-
tracto, a quem, hf!m lhe par.~r. li e~ ;Li~hoa'.qu
no Brazil, passando-se: 'PJ' o'NlQ~s> neí:e5sarias~ a0S'i
392 ANNAES
Governadores e Provedores, para darem ajuda ,e
°
fayor ~ responsabilisados quando não fizess.em "
com as perdas e damnos pela omissão. E..que no
caso que nesta Cidade se estabeleça pagarem-se QS,
mesmos direitos por terr~ ou por, mar , 'p~rten",
cesse á maioria a S. Magestade. O q~le tudo foi
confirmado por Alvara de 27 de Março de 1725,
que se mandou registar nesta Provedoria em 26
de Setembro de,I725 (I) ; pOl'ém prevaleceu ,que
se pagasse aqui somente [~';fb50o rs. dos escravos,
mandados.para asminas, ficando livres deDireitos"
aquelles que fossem enviados para o serviço dos,
moradores e para as lavouras. ,,

§ ·30.
);9. ~ Tocando a sensibilidade e moralidade do Bis-
~o do Rio de Janeiro: o espectaculo ornais lasti-,
moso da nudez das escravos de hum e outro sexo
que sem alguma decencia, que a moral e a reli-,
gião rec1all?-ava, desen:rbarca~áo. e andavão nús
I~ela Cidade, como se não' fossem nossos seme-
lhantes que arrancados do seio do s,eu p'aiz para
ti ciyi1isação, devião eS,perar se ,adoçass~ a suà 001-
serayel existen,~ia , c~br'in~o-s,e os ,seus membros,
a.o menO$ com algum~ grosseir~ vestimenta á face
~e ~~ID; 'povo reJigio~o, 'tod.~via ° .Rei não jnl-'

: (I) ~ecr'etaria do Conselho do Ullramur, Livro dos


Contractos fi. 50~ , aóno de J '25.
DO RIG, DE JANEl1\O.

-gOQ, pratica.eis as pr0videncias qtle o 'Bispo lem-


,brou;expediRc1o·lhe ,a Carta seguinte': (,1)
g Rc~ereBdo Bispo do Rio de Janeh~o. Vio-se
o{l a vossa carta de Iode Setembro d0 anno pas-
'lI'sado, c as rUllões que representais para se evi·
(l tal' ~ escandalo 'qne causa a vista da desn.udez,
« com que ahi desembar.cão os escravos dos na-
'g :vios que os .Ievão.. 'E pareceH~me agradecer-vos

:jl a commiseraç;ão que mostrais neste particu-

11 ·lar. Porém () que apontais he impratic~vcl,

4 por a1gumas razões que se consideriltão sobre -

(l esta mnteria.-Escripta em Lisboa, a 1.6 de Fe-


~ verei,ro dei 703. ----:Rei. J

S 31,.
Foi crescendo f.l. .P9P\1.laç::io das 'Minas 1;\ propor-
.ção das riquezas gue as entmnhns da terra com
l)OUCO trabalho prodl1ziüo ; e os habitant~s acha-
~ão pela agricultura 'dos cereal~s e gado~ tão
facil 'slíbsistencia , qu/.') se ·çonstitliirão e el.evárfio /
a Governos os ter,l'ilorjos de Goyaz e Mato Gros-
so ,com)?reben.dendo G<o) nz 1 I Fregl,lezias e 14
J ~dgados COI,ll seu JUIZ ~>rdinarío , e de Orphãos,
com .CapiUio Genc~al , Junta da .Fazenda, Depu-
tados, e Intendente <la casa da F.ulJdi.ção, che-
gando a sun população a 30,00,0 pessoas bra~cas,

(I) Archi·vouo Ilio ue Janeiro, Liv'ro de Registo 170:>,


p:igina ,54.
TO~O II. 50
ANNAEll

'O .de uJles li~l1CS , ,o de .Q O, OOQ escl't'\ vos, ,cQlUi S6~


çomlp€1rcio .de i-tnpolllação, t,t exporlaçflo, s.endQ
iP.ClH1tO 10. redlctCil do nuvo de ao a 100 e maís mil
livrfls, €ujo valo.v 'Venal era da 1 ;jj)2.60 1'8. a oitav~ll
A situaçãe gcogl'ap~ca de Mato GrossQ a cpns-
A'itui'a da maior .imporbt'mcia pela sua extensão;
,iquezas immensas de ouvo e diamantes, limi-
tilophe do vasto,' po,pulo~o e rico Perú, confinando
-pelo NQrtri com l}S. Caropin~s do Pará e Rio Ne-
gro, pelo Olliente c.o..m S. Paulo e Goyaz. , e pelo
Sul e O..ccidente com os tres Gov:erDQs da Faeptl"-
blica Americana He!lpanhola, Generalato, As-
snmpção, e Paraguay, e com o~ das Provincias
de Moxos , e Chiquitos , comprehendendo qui-
nhentas legoas da vasta fronteim aberta aos Go-
v.~r.go~ vi,sinQ.os, e só por este lado cha~a. a ãt-
t~~Qél9. ~irc~rpspect~ 4a Na!{ão ~r~zi).eira, par<\, ~
9~Dr~ti!!,* ~e~(ufa. e armada , q~le sirva de' irope"
'9.*tré\'Y~t \>arreiX: fl aos iI)imigos, poi~ qne cobre e
~11ard1\ o ~'íltex:· Or qeste vastiSS!IDO I.m~erio" dq
~«Fad9J' CJue a ~rQyideJ,lcia dest~nou .I;lara a ad.,.
mir~ç~Q e v:e~~ça~ão de~ tndo o lIItundo '. hastando
lé,llJç1;1.t: q. vi&ta. sobre a su~ !m~erficie que IDOJ;ltl1o
~, wajs de ses,sef\ta mil. l.egoas, ~nadrada.s , q1.le s6-
p;1eJ].,Je fl-0ç esta fgçc póde çoro as lu~es e sabedo-
:p~ çl~ A~inistração publica elevar-se ao maior
~~ tod~s os Estados '. allg?1entando a sua popu·
\a~'\o chega ~ IWuÇq mais de 24,PQo pesso;is , J 7
mil no Cuiabá e seus districtos ,e 7 miJ po.uo~
no RIO 'J')E 1A.NEIRO. tg!i'
, maís ou menos em Villa BeIla, sua Capitar, sendo
ele maior numero> de escravos- aquella populaçã'()i
'que monta a 14,000 que em tempo de g.uerra se
\Jnirão aos inimig@s, desgostosoS' da dureza de seu!;
senhores' , 'Dão offereeendo o paiz expectatiwl dé
alguma felicidade, pela difliculdade dO CQmmer..
cio terretltre, e precavia a taréfa d,a extracção: do
ouro, prohihida a dos diamantes.

Limita-se esta ~aFavilhosa Capitania C<Jm O'S


Governos d'Amel'ka do S\d, tendo poc 500 legpa$;
oe extensão 08 Rio~ Paraguay , Guapnré , e part\J
do Madejra, que são ou tros tanto-g. fossos qu~
fcchão,. guardã<t e-defendem a entra~ daqualles'
GovernQs, pal1a não l\cnetrarrom 9 inteFior do-
B,razil, cOQtendo aquelles Sertões <H)110 e c:lia-
mante~ , dist~ntes dos limites daquellas Republi-
,cas pelas immediações do Jaurá e Villa Bella de
60 a 100 lego as , ha muit.os. anQ.{)S; paIos ooa-
ws daqu.etlas intactas. l-iquezJ~&-, dizião aq:U;elles. I'
l)ossos, v.isillhos~se os. Portllguezes. não. tirão, o~.
q,iamantes d~l.PaI~~ua.y nos heremos a s.acqlp.s~ ........
O Guapuré na extensão de. 200 legoas.: banhaanul·
tiplicadps es..tab.elfldmcQtos daquellas: Rep~l>licas,­
Ulórmente os da Missõe de M,o~os.qO poe~te per-to.
do Ferte do. Principe da l3eil'a, onde-se co.mput;<v
~ :w,poo seus habitantes sopre os Rio.s Bqqpes , ç;
J~U!lélD;laS que, cQ.nlhWQl I\Q Guapql'é, o pdJll~4'o-
50··
3gu. ANN.~S ' •

quatro tcgOé\S acima daquelle Forte, e-o segllu'do<


em-pouco maís de huma légoa, e os outros sobFe
·as margens do Rio' Man~ol'é que se une ao Gna=-
puré '21' le~oas r.baixo do mendonado For·te.-
AqueUes l;ios facilitão áquellesRepublrcanos desde',
a Cidade de Santa Crnz de I::.! Sierra penetl'are'm:·
os terJ:it<>rios do Braúl pela: Rio MamQFé ao Ma---
deira , onde forti.fieando. q cachoeira daqu~lIe no~··
me a dl1oclécima.do.Rio, na jl1ncção de ambos os
rios podem impedir ~ éommnnicação entre as·
eluas Capitanias do Maia Grosso, e' Grãa Pará,
sem mesmo se afastarem dos seus 'liini'les: posi:"
ção aqueUil tão importante' que nas ullimas gUel'·
ras das M(Hlarchias· d'e Hespanha e· Portngal, teu:
t-árão expulsar aos Portllguezes do Guapm'é, logo:
'que nel1e se estabelecêrão , atacando-os mui vi-
.gorosaméQte- naquelle Forte· que da Conceição se
intitulava; e depois do Principe; sendo bem de
prever qlfe' tomárã'o' medidas proporcionúdas,
visto cónhecerem hoje á pro·ximidade da llrovin-
cia de Moxes' a mais pei·to dos estabelecimentos
nossos para COl'~centrar a fOl'ça bellica, ignorando'
nos pa,ssados' tempos que a de Chiqnitas estava
Jillltfvisin:ha á Villu Bella, por distar apenas trinta
e· tantas Ilegoas, e ser descom'enientc Moxos por
mal' sã, além de grav.e detrimento qne o local of..,
.ferece 'u' passagem de artilheria de Santa Cl'UZ't:k
lã Sierra , }>or terra ou agua, c conducção dos'
pelrexos de gnerra com inl üilo' de atacar o Forte
DO lUO' DE' JÀNEIRO. 3.~7

do Principe no ce~tro d' A~llerica bJel'idíonal, cok


t6cado de maneira q ue 'constitua hl1ma Praça I'~r
gnJ.ar c fortc; além da iil1p-raticabilidaue t da coo-
vcniencia de di\'CI's50 de forças da gnarnit;iio da~'
Missões, ficanuo expostas as do Rio Mamoré i1~
levas do Governo do Pad, que cntrando· pelo 1\1a-
fUOl:é aspóde àta'C<IT completamenfe peIos Rías
Emu'és e Il\mamas, primndo a 'Capilal de Santa-
Cruz de_viveres c braços. Accrcsce serem aquelbs
marge~s do Guapuré, pelo seu vastissimo panta-'
;Ha] mal'sás, enconlrando-sc -ignalnlenlc alagadi--
ços os l~ios quc 11elle se afogão desde as pro:cirni-'
dades tIe 'Vilta BeiJa ,atê 11 sna cooflucncia com
o Mameré, tcrmióanclo nas ~dlas Serras das Pa-'
..-ices a'onde tem nascimento, EaraHelas ao Gna-'
puré desde o seH nascimenLo' cm maior distanci:t
de zo legoas de curso, tendo--se de passar além
do Madeira, as cochoeiras de tão ca,udeloso rio, '
cujas serras oIferecem difficuldades, dcsfworavcis
ilO transito', além de ncl1as habitarem ditrercnles
Nações de Indigenas ferozes e bJrbaros, que pri-'
,.meiro cumpria debellar, quando os dtfensores
llrazilicos em canôas armadas facilmente os pod~ão'
,nt.ac.ar com muita segurauça e bom sncccsso,; ten-
·do os Republicanos nnicamente a yantngem sc-
hhol'êados- <lo Gmipmé, abl'irem porla franca'
,pel-o llio da Madeira para o ESlado <lo Par:l , pl'i-
nodo-nos desse fosso' natural, que domina o1qller..
-lcs op-nlentissimos sertões com p:mco men<)s, ~
5g8 ANNAES -

300 legoas em cjrcumferencia~ abrindo facil COD1'""


municação çom o iBteL'ior do aurifero Brazil ~ e:
COL:n a Provin::;ia de Moxos e Chiquitos" e aquellas

CO,U\ o Paraguay.

§ 35.
,
Confina tambem o Guapul'é pelas immeiliações
de ViUa BelIa com a Provincia de Chiquitos aQ
Sul habitadas aquellas Missões de 20,000 pessoas,
em terreno saudavel, passagens d~ gado v.aCllID e
c.avallar, sel)do as mai$ proximas á YiUa Belia as de.
S. Rafael ~ S. Miguel, S, Anna , e S. Ignacio em.
distancia ·de 30 a 40 legoas : pelas duas ultimas,
podem QS Republicanos peQ.etl'al'cm os C&.mpoSJ
ç~ Cazalvasco, e aportarem facilmente á Villflj
BeUa ,. d'onde distão 8 legoas com toda ~ facili.,..
dade para serem aquelles. caIQpos abertQs e d.e-.
grande largur.a, faZetldo mui p.rejudicia~ diver~ã()
as indispOl)iveis e insn fficientes fGrças dõ Govel'Q.o
qe ~Iato Grosso, pois que em J 5 dias, p.odeIQ
s.abir de Santa Cruz paFa Cbiq11itos, oQdea([:h<i~
mantimentos, braços, e cav~lgadul'as e todos O~l
SQccorros pm~a atacar com.successo a Villa Bella t
quando I)oc1essem vencer ~ passagem .pOl·, duns
vezcs,do Hio AlegT'e, e Q Guapllr.é hurna, qu..e ba-
pha' por i!J1pen traveI mataria, enLre margens
palndosas, que dão aos Brazi!eiros a gran,d,e e su..,
pedor "\'antagem de sna localidade pâr~ a dcfen:-"
<lo, cs~andQ mórmente a Capité!l q>llocada so-
no RIO J:JK .JANEIRO!. 59!)
bre a, fl'ont~ira, prevenida de' gente e arfl1ll:'lmentã
~om()( lhe €umpre por 5ua propl'ia defeza, mas
para acudir -aos @ul;ros. seus; iU'lpOrl'antes- deraF-
t-am~tos, contan.dol com :J imajl1hridad(~' das
pa~es atacados, infertilidade dos eampos, alaga-
diços. para mais do tempo do anno , que frnsft'á-
',~ os projectos de conquistadores injustos.

Aquelle Gnapuré tem a SUá fonte dos campos


cl~ P~U1~js na latit.ude. de: 14 gráos e meio. e-lon.~
gitud~ ele 318 e 2 terços, 20 Jegoas a Es. ordeste
de Villa !Jt>lIa, peJa.mesma latitu..de do Rio JatU'lí
~ leg.oas mais ao oascente , que cOl'rendo paral"
lelos de NOi',te a Sul por 2.0 lego..as ,.. voltúo em op~
N.tlsto.s 1'\lmOS o Gu.apuré ao, poente, passanda
C'@fil: J;l\a.i.s de 3Q legoas de correnteza a hanh.at}
V;illa Bdl;l ; e o JaÚl"ú. com ponco maior cnrso 'ao
Ql'.eJa~ a;té se m~rgulharn.o Pal'aguaYQm;l~ti~n.d~
c1e· l-6. gl'á,oS e dolJ,s m.Eluto~ ,. digtanclo Villa B-elJa
~a: Sllij (oz 5.0 legoas, banhandQ;·dcI)sisshna mata
r.i.<l.l,.~.alPp05' alagadiços ,. e alta.s serrarias, distan..
do algumas 6 lftgoas ao. ~~Q.ri~,. e· o~1e, estão col-
locados os seus arraíaes, e nas outras serra-s
que demorão a Sudoeste J;ehentão os dons Rios
Alegre e Agoapus; sendo unicamente o hràço do
JãuI<ú 'e &uapuré, os que fo.umíjp o Gu~puré e
JaunÚi, cobl&rtos de imp.c~_tl~.el,.bqsqu , de te ;-c-
,!Jao ANNNEoS'- -

;rena montnoso e pantanoso por 50 lcgons, que


,,'cda a p,ns~ngem ao inimigo. A ea,pita.} do Go"erno
núo ten.do força p~ra a guerra o lfcl'lsiva , pode ape-
nas obrar clefcij.siv.amcnte , pois tem par(l"a gnar-
lliç.<.lo d{) Forte do Pf\incipc de quatl'o btlluarte.s
rçgJ.1J.ares, can6as armadas para \Vigiar e ôefendel'
aSbo,c:;l,S <1os lhos llnUl'és , HUllamas, c Mamor \
, ~ outros pontos visinhos da Provincia de Moxos,
(las hos.Lis maql1'inaçõ~s ,do:s ~epublicanos, guar~
-{,br é dt>Ccrider os lugares in.lmediatos ~ Villa Bel·
Ja', .como a povoação ,de -Cara;vasGo, as vísinha~
do registo do Jam~ú que OÚQ têem outl'O il11pecli"':
mento que o da natnrezn, que cobrio de alaga-
diços, passos pa.t.:a MisSlio de S. J050 , em dis-
tancia de 50 'Jegoas, além das patrulhas e forças
qlJe a Capital deve ,ter sempre em bom 'pé , para
occorrei' e n~p.ellir .o inimigo, e çohibil' a auclac;á
dos pertnrbauorcs .e malfeitores, pondo em vi-
g.Qrosa clcfeza o Gnnpnré qne pôde se'l' atacado
30 masmo terPl;lo por Chiqnitos e 1'1o;,\ó ,e subs-

tituindo a perda' que a gHerra o:rig~na pelas reser-l.


:vns e.fi'c,cti vns, para qllC de"!'l o' Governndor seI'
nl10 só com plcto na 31't€ da guerra; mas tamben~
Jl~1 .poa ndministraçio ci,vile poRtica~

~ --
~ .}~.

Sendo o GlIilPl1ré ucfensa."d,po.r si mesmo, não


pude o illimigo_ntacnr as nossas posiçÕes, SCi~l ex-
no RIO 1)E f JANEIRO. q.O 1

'C'essiva despeza e esforços' extraordinarios, por se:-


rem superiores. as vantagens da nossa fronteira,
pelos soccorros das canôas do Pará, que' no Gua-
puré podem manobrar sem risco, peneh'ando as
Missões de Moxos, e mesmo até perto da Cidade,
de Santa Cruz de la Sierra , e por terra seguirem
p~lo interior da Provincia de Chiquitos, chaman-
do o inimigo para- o lado que nos fôr mais vanta-
joso. Parece ser de summa importancia aqnelle rio
para as operações militares, e não menos para as
vantag'ens commerciaes , durante a paz, pois sem- ,
. pre anhelárão ,as Provincias de Chiquitos c de
Moxos, -comprarem aos Portuguezes differentes
generos de ouro lavrado e pedrarias, fazendas
brancas, f~rramenta ,louça ~idros em permuta
de prata, bestâs e outros generos daquelle p3.iiZ ,
mormente na guerra de Hespanha com Inglater-
ra , em que havia total penuria daqueIles e ou-
tros objectos, assim na Cidade de Santa Cruz, co-
mo em Cochambala, laPlata, Potucy e outros lu-
gares, á pesar dos disproporcionados valores de
taes generos em Mato Grosso. As vaotage.ns que a
natureza nos liberalisou pela posição do Guapuré,
as deu aos Hespanhóes no Paraguay ; porém pelo
Tratado de que em lugar competente se fará men-
ÇélO, celebrado no anno de I ']? '), em que perdemos
a Colonia do Sacramento, terrenos, e Ilhas adjaccn-
tes, nos ficou fechada a navegação do Rio da Prata,
e' se abrirão aos Hespanhuos todos os recursos :1
TOlIO 11. .51
402 ANNAES DO lUO DE .JANEIRO.

be~l do seu commercio , riqueza, e poder pelo


Paraguay que vamos a descreWlr.

Fm DO- TOMO Ir.·


INDICE

DOS CAPITULOS QUE CONTÉM'A SEGUNDA PARTE DO LIVRO


SEGUNDO DOS ANNAES DO RIO DE JANEIRO.

Pagill:l.li o

CAPITULO PRIMEIRO. - Comprehende nélle O estado


aS$ustador dcstc bell.o Contincnte nas perigosas
fluctuaçães em que se achou durante os Gover-
nos de Martim de Sá, Duarte Corrêa Vasquea-
nes, Salvador Corrêa de Sá, Luiz Barbalho Be-
zerra, Francisco da Silva Souto Mayor por
nomeação assim do Governador Geral da Bahia
como por El-Rei ,. e da segunda vcz que gover-
nou Duarte COl'l'êa Vasqueanes na ausencia do
Governador Souto l\layor, na conquista do Rei-
no de Angola, além dos memoraveis successos
da Restamação do Governo de Portugal pela
acclamação de El-Rei D. João IV-
CAP. II. - Descobrimento das minas do Brazil até a
época de 1748 - 179
CAP. m. - Continuação dos descobrimentos das mi-
nas depois da morte de n. Rodrigo de Castello
Branco, passando a sua Administração para
Garcia Rodrigues Paes, debaixo do titulo de
Governador das mirias de S. Paulo - - 2n5

FIM DO INDICE.

51 ••
ERRATAS.

Pago linha ~ em lugar de~ leia-se:


5 19 tendó muito ,_ tendo muitos.
28 10 interessavão, interessava.
32 5 nelle vivião, nella vivião.
86' °2 foi qlle o governador; fez que o governador•.
134 3 remetter, remettir.
183 5 (nota) me havereis, me haverei.
186 10 segredo, degredo.
202 12" o ordenasse, se ordenasse.
208 7 (nota) preceder, proceder.
251 25- maladieas, maledicas.
269 20 de que as amostras , daquellas amostras.
277 8 penetrava Ser.tões, penetrava os Sertões.·
301 28 das minas, as minas.
339 1 inelinárào, inclinavào.
3'44 3 a quatro dias, por quatro dias•.
&45 7. uteis,. ltú._

Rio e Janeiro. Typ. Imp. e Consto de SBlONOT-l'LANCHEIl e C. -1835.-

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