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(SANTO MONTELLO)
CONTINÊNCIA À MORTE
EDIÇÃO COMEMORATIVA DOS SETENTA ANOS DO DIA DA VITÓRIA
Organizadores:
Ana Paula de Ribamar Furtado Araújo Neves
Afrânio Franco de Oliveira Mello
Jefferson Biajone
1° Edição
Itapetininga/SP
Gráfica Regional
2015
Revisão, Ampliação e Edição Portal dos Ex-Combatentes de Itapetininga
http://pec.itapetininga.com.br
Organizadores:
Ana Paula de Ribamar Furtado Araújo Neves
Afrânio Franco de Oliveira Mello
Jefferson Biajone
ISBN 978-85-65703-08-6
Índice:
1. Itapetininga (SP) - História; 2. Itapetininga (SP) - História
Militar; 3. Segunda Guerra Mundial; 4. Força Expedicionária
Brasileira; 5. Exército Brasileiro; 6. Biografia.
CDD-920
NOTA DE AGRADECIMENTO
Prefaciadores Convidados
Ana Paula de Ribamar Furtado Araújo Neves .................19
Edomar Wiedtheuper .......................................................21
Afrânio Franco de Oliveira Mello .....................................23
Helio Rubens de Arruda e Miranda ..................................27
Mário Donato Sampaio .....................................................30
Edmundo José Vasques Nogueira ..................................33
Derek Destito Vertino .......................................................35
Primeira Parte
I. ........................................................................................39
II. .......................................................................................45
III. ......................................................................................49
IV . .....................................................................................53
V . ......................................................................................57
VI . .....................................................................................61
VII . ....................................................................................65
VIII . ...................................................................................69
IX . .....................................................................................73
X . ......................................................................................77
XI . .....................................................................................81
XII . ....................................................................................85
XIII . ...................................................................................91
XIV . ...................................................................................95
Segunda Parte
I.........................................................................................99
II........................................................................................103
III.......................................................................................105
IV.......................................................................................111
V........................................................................................117
VI.......................................................................................121
VII......................................................................................125
Terceira Parte
I.........................................................................................129
II........................................................................................139
III.......................................................................................143
Santo Montello
Um esboço biográfico........................................................147
À Memória
1º Tenente José Ribamar de Monteiro Furtado ................155
Referências Bibliográficas.............................................159
Apresentação
Caro leitor:
Não é parnasiano.
Não é também futurista.
Não tem mesmo pretensão alguma.
O Autor
8 de maio de 1951
Nota de Introdução à Continência à Morte:
Edição Comemorativa dos 70 anos do Dia da Vitória
Unidos viveremos.
E quando a morte chegar
espatifando a vida, unidos partiremos
para o seio paternal de Deus,
em busca do reino universal do Amor.
E é nesse amor que José Ribamar de Montello Furtado
soube tão bem nortear seus versos de guerra em Continência
à Morte que reconheço o seu profundo e dedicado amor à
Pátria Brasileira, o mesmo que o escritor e capitão da Guarda
Nacional João Simões Lopes Neto (1865-1916), anos antes
da Epopeia da Força Expedicionária Brasileira na Segunda
Guerra Mundial, já soube tão bem definir e aquilatar seu
significado e relevância para o Brasil de outrora, de hoje e
sempre:
Boa leitura!
1º Regimento de Infantaria
6º Regimento de Infantaria
Primeira Parte
À LUTA
«
Santo Montello
—I—
— 41 —
Continência à Morte
— 42 —
Santo Montello
— 43 —
Continência à Morte
— 44 —
Santo Montello
— 45 —
1º Regimento de Infantaria
— II —
— 47 —
Continência à Morte
— 48 —
Santo Montello
— 49 —
1º Regimento de Infantaria
— III —
— 51 —
Continência à Morte
— 52 —
1º Regimento de Infantaria
— IV —
— 55 —
Continência à Morte
— 56 —
Santo Montello
— 57 —
1º Regimento de Infantaria
—V—
— 59 —
Continência à Morte
— 60 —
1º Regimento de Infantaria
— VI —
No lar.
Na sociedade.
A luta cotidiana pela conquista do pão
é apenas simulacro de luta,
onde a razão de ser,
a fome e o receio de perecer,
embrutecem a força da razão.
Aqui, a luta é diferente.
Vieste a um “ rende-vous” com a morte
e pela primeira vez,
vais encontrá-la frente a frente.
— 63 —
Continência à Morte
Nasceste.
Nem tu sabes por que.
Na verdade,
és como todos esses desgraçados
condenados à vida, condenados
também a sofrimentos,
a mais feliz concepção biológica
que encheu a história de lamentos.
Lutaste até agora contra o inevitável.
Não foste um covarde, eu sei,
não foste
lutaste como um bravo e como um forte.
É mister porém, nesta partida,
em que se joga a vida pela vida,
vencer para viver.
E a vida, não sei porque, antecipou-se à morte.
Escuta.
Esta celeuma infernal é o tumulto da luta.
É o grito da metralha.
É o berro do canhão.
É o egoísmo embrutecido da canalha
destruindo com raiva a civilização.
— 64 —
Santo Montello
Morrerás depois.
— 65 —
1º Regimento de Infantaria
— VII —
— 67 —
Continência à Morte
— 68 —
1º Regimento de Infantaria
— VIII —
— 71 —
Continência à Morte
Esse lampejo
de luz silvando pelo céu,
é o sorriso da morte precedendo um beijo.
E ao sinal desse gongo, reboa afinal
do fundo do silêncio,
a gargalhada fatal
da “ponto trinta”.
E o homem que dormia indiferente,
esquecido da guerra,
nos buracos de neve escavados na serra,
desperta abruptamente
para uma luta terrível, onde a vida se lança,
despedaçando-se em convulsões horrendas,
para satisfazer um sonho de vingança.
Mas depois...
Tudo estará depois como estava antes.
O homem será ainda mais feroz.
E a vida continua.
Os jardins se enfeitarão de flores e crianças.
Surgirão na terra novas esperanças.
No céu ainda brilhará a lua
e brilharão estrelas que brilhavam já
milhões de anos luz longe de nós.
— 72 —
1º Regimento de Infantaria
— IX —
— 75 —
Continência à Morte
— 76 —
6º Regimento de Infantaria
—X—
— 79 —
Continência à Morte
Na poeira do comboio
as cidades saltam das estradas.
Pistoia, Porreta, Sila, Gajo Montano
e lá no fim,
— 80 —
Santo Montello
— 81 —
6º Regimento de Infantaria
— XI —
— 83 —
Continência à Morte
— 84 —
6º Regimento de Infantaria
— XII —
— 87 —
Continência à Morte
— 88 —
Santo Montello
— 89 —
Continência à Morte
— 90 —
6º Regimento de Infantaria
— XIII —
— 93 —
Continência à Morte
— 94 —
6º Regimento de Infantaria
— XIV —
— 97 —
Continência à Morte
— 98 —
«
Segunda Parte
AO SONHO
«
11º Regimento de Infantaria
—I—
— 101 —
Continência à Morte
— 102 —
Santo Montello
— 103 —
11º Regimento de Infantaria
— II —
— 105 —
Continência à Morte
— 106 —
Santo Montello
Rutilante.
Embelezava de jardins com flores.
Mirando-se nas águas com vaidade
e fitando com ansiedade
o empíreo a refletir-se em fundo tão distante.
Mas eu parti.
A cidade já sei que me esqueceu.
Talvez já lhe dissessem que eu morri.
Talvez ela não saiba mesmo quem sou eu.
Eu que lhe faço agora esta canção
e que conduzo pelo mundo, ao léu,
no fundo escuro do meu coração,
o lago, o rio, a floresta e o céu.
— 107 —
11º Regimento de Infantaria
— III —
— 109 —
Continência à Morte
— 110 —
11º Regimento de Infantaria
— IV —
— 113 —
Continência à Morte
— 114 —
Santo Montello
E noite.
Noite sempre e sempre noite.
E com a noite
meu quarto se encheu de vultos gigantescos.
Tantos são que não posso contê-los.
E das sombras dos móveis, oscilando
ao clarão da lâmpada pendente,
surgem continuamente
mais sombras que se vão avolumando.
Fere-me o tormento
de não poder fazer dormir o pensamento.
Parece que a noite se encheu de pesadelos
querendo amedrontar-me
porque me encontro só, na nostalgia
desta noite longa. Longa e fria.
E noite.
Noite sempre e sempre noite.
— 115 —
Continência à Morte
— 116 —
11º Regimento de Infantaria
—V—
— 119 —
Continência à Morte
— 120 —
Santo Montello
Com ela,
os sonhos regressaram.
Tornou-se a vida para mim, tão bela,
que os meus temores todos se esquivaram.
Ela trouxe consigo
nas espirais de seu perfume antigo,
nas ondulações de etérea fluidez,
aquele mesmo sorriso impreciso,
com que me cativou mais uma vez.
— 121 —
11º Regimento de Infantaria
— VI —
— 123 —
Continência à Morte
— 124 —
Santo Montello
— 125 —
11º Regimento de Infantaria
— VII —
— 127 —
Continência à Morte
— 128 —
«
Terceira Parte
À GLÓRIA
«
Placa do Monumento aos Pracinhas Itapetininganos na sede do Tiro de Guerra (2014)
Santo Montello
—I—
— 131 —
Continência à Morte
................................................
................................................
— 132 —
Santo Montello
— 133 —
Continência à Morte
— 134 —
Santo Montello
................................................
................................................
................................................
— 135 —
Continência à Morte
— 136 —
Santo Montello
................................................
................................................
................................................
— 137 —
Continência à Morte
— 138 —
Santo Montello
— 139 —
Desfile dos pracinhas itapetininganos na Avenida Campos Sales (1945)
Santo Montello
— II —
— 141 —
Continência à Morte
— 142 —
Santo Montello
Miséria.
Fome.
A guerra terminou.
E o homem,
O herdeiro do símio das cavernas.
Estúpido. Brutal. Dominador.
Atira-se com fome à glória das conquistas
e aos sonhos de ambição.
Rouba do mar as pérolas.
Da boca da terra ensanguentada
ouro, brilhantes, pedras coloridas.
E das entranhas escuras das cavernas,
arranca o carvão e o ferro
para fundir o aço,
para forjar canhões
para outras guerras.
A guerra terminou.
Preparemos a guerra.
— 143 —
Monumento aos Pracinhas Itapetininganos na sede do Tiro de Guerra de Itapetininga (2014)
Santo Montello
— III —
— 145 —
Continência à Morte
— 146 —
Santo Montello
— 147 —
1º Regimento de Infantaria
Na Revolução de 1932
Desta publicação e no que consta no Decreto nº 14.331,
de 27 de Agosto de 1920, o qual aprova o regulamento da
Escola de Sargentos de Infantaria (E.S.I) inferimos que
o jovem José Ribamar ingressou no Exército Brasileiro,
na referida data com destino à carreira militar que ali se
iniciava na graduação de soldado, mas tinha em vista sua
futura matricula como aluno daquela escola de formação de
sargentos para a arma de Infantaria.
O exame de admissão para essa escola exigiria de
José Ribamar, além da aprovação em Inspeção de Saúde,
duas outras aprovações, quais foram, prova escrita sobre
conteúdos de língua portuguesa, aritmética e geometria e
uma prova oral versando sobre conteúdos dessas mesmas
disciplinas. Segundo o artigo 11 do regulamento da E.S.I,
essas duas provas tinham por finalidade aferir o “gráo de
intelligencia e de vivacidade dos examinandos” (ortografia
no original).
Outras informações referentes a carreira militar de
José Ribamar após a conclusão do curso de formação de
sargentos puderam ser colhidas junto à 14° Circunscrição
do Serviço Militar em Sorocaba e na Diretoria de Civis,
Inativos, Pensionistas e Assistência Social em Brasília, tendo
contribuído também para elas documentos pessoais dele em
posse dos descendentes.
De fato, quando de seu casamento com D. Anezia
de Oliveira Rosa, no município de Taquaritinga, a 10 de
dezembro de 1929, encontrava-se José Ribamar servindo no
Tiro de Guerra daquela cidade do interior do Estado de São
Paulo e na graduação de 2º Sargento da arma de Infantaria.
De informes colhidos com familiares, constatamos
que ele participou na Revolução de 1932, ao lado de São
Paulo, em unidade do Exército Brasileiro que aderiu à causa
constitucionalista. Com o armistício em outubro daquele ano,
acreditamos que ele deva ter permanecido no Estado de São
Paulo.
Não muito depois, serviu José Ribamar no Tiro de
Guerra de Catanduva, SP. Sua atuação como instrutor e
chefe da instrução na formação de reservistas para o Exército
Brasileiro parece ter sido uma constante em sua carreira
militar na qual dedicação, austeridade e profissionalismo
foram sempre suas características mais marcantes.
Já no ano de 1944, encontrava-se José Ribamar
servindo no 5° Batalhão de Caçadores, unidade de Infantaria
Em Camaiore
1944
No Coliseu de Roma
1945
que sediada esteve em Itapetininga nos anos de 1935 a
1947. Foi dela que partiram três dezenas de voluntários
itapetininganos para integrarem a Força Expedicionária
Brasileira (FEB) com destino ao teatro de operações italiano
nos vários escalões que para lá seguiram nos meses de
julho, setembro e novembro de 1944.
Ocupando então a graduação de Subtenente, José
Ribamar de Montello Furtado, aos 42 anos de idade e 22
anos de carreira militar foi um desses voluntários, sendo
transferido do 5° BC para o 1° Regimento de Infantaria da
FEB, o lendário “Regimento Sampaio”.
O 1° RI em que José Ribamar foi um de seus integrantes
participou de operações divisionárias nos Apeninos, do Reno
ao Panaro e, depois, no Vale do Pó, mas foi nos combates ao
Monte Castello que seu regimento logrou uma das maiores
glórias para as armas brasileiras. As palavras de elogio
consignado ao Regimento Sampaio no Boletim do Exército
de 12 de Janeiro de 1946 melhor ilustram as resultantes
desse inesquecível feito:
8 de maio de 2015
À Memória
8 de maio de 1951
Monumento Nacional aos Mortos da II Guerra Mundial no Rio de Janeiro (2015)
Comemorações dos 70 anos do
Dia da Vitória em Itapetininga/SP
Na noite do dia 8 de maio de 2015, sexta-feira, realizou-
se na Câmara Municipal de Itapetininga a solenidade
comemorativa dos 70 anos do Dia da Vitória promovida pelo
Portal dos Ex-Combatentes de Itapetininga.
Nesta solenidade, homenagens foram prestadas à
memória e aos feitos dos trinta e dois pracinhas itapetininganos
partícipes da Segunda Guerra Mundial, realizado o
lançamento desta edição comemorativa de Continência à
Morte e promovida a outorga de condecorações e honrarias
às seguintes entidades e personalidades:
Exército Brasileiro
Tiro de Guerra 02-076 de Itapetininga/SP
2° Tenente Edomar Wiedtheuper
1° Sargento Cláudio Bento Garcia