Aula 08 Formação Docente No Brasil
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AULA 08
CONDIÇÕES MATERIAIS
DO TRABALHO E DA
PRÁTICA DOCENTE
Há quem diga que a prática docente é uma tríade formada por: conhecimento,
docente e discente (PESSOA; MACEDO, 2018). O arcabouço teórico é o elo entre
aqueles que almejam ensinar e aqueles que tem sede por aprender. Nesse ínterim,
reside o processo de ensino-aprendizagem, com seus métodos e técnicas específicas
para cada área do conhecimento. Diante desse cenário, a prática docente recebe
fundamental importância, visto que ela possui grande responsabilidade pela formação
intelectual dos alunos. É a partir desse panorama formativo que se inicia a discussão
deste capítulo: qual o papel da prática docente da educação básica ao ensino
superior?
No Brasil, à docência sofreu profundas transformações, visto que, do século XX
até hoje, o processo educacional teve várias intervenções estatais, na tentativa de
ampliar a escolarização (NÓVOA, 1992). Nesse contexto, a prática docente passou a
ser majoritariamente efetuada nas escolas, por meio da matrícula obrigatória das
crianças e dos adolescentes em seus mais variados ciclos. O professor, por sua vez,
era tido como mero mediador do processo de ensino-aprendizagem, quando, na
realidade, ao observar a dimensão da prática docente na formação inicial dos
educandos, percebe-se a singular missão de ser mestre e guia da vida intelectiva de
outrem em busca da verdade. Sob essa ótica, confiar-se a ser educado por outra
pessoa permeia uma relação de troca de saberes e de proximidade (GALVÃO, 2002).
Assim, o docente precisa ser alguém revestido de virtudes, para que seja capaz de
ensinar e corrigir os erros encontrados pelo caminho enquanto oportunidade de
aprendizado para o aluno (GALVÃO, 2002).
Dito isso, a prática docente está presente nas escolas desde a educação
infantil, perpassando o ensino fundamental até os concluintes da educação básica,
representados pelos alunos do ensino médio. De acordo com Nóvoa (2009), a
constante busca pela formação também continua dentro da escola, de modo que deve
compor a postura docente a necessidade por atualizar-se para intervir. Tratando-se
da educação infantil, de acordo com o disposto pelas Diretrizes Curriculares Nacionais
(DCNEI), esse ciclo escolar tem por objetivo articular as experiências e os saberes do
público infantil com os conhecimentos que compõem o patrimônio cultural, científico e
tecnológico da sociedade, a fim de promover o desenvolvimento integral das crianças
de 0 a 5 anos de idade (BRASIL, 2010). Ciente disso, é um desafio e tanto para um
professor recém-formado assumir um cargo nesse ciclo educacional (RODRIGUES;
BOER, 2019), uma vez que engloba crianças desde o berçário, passando pelo
maternal até as ramificações da pré-educação.
Outro aspecto a ser destacado é o fato de que, além de ser um público que
requer múltiplos conhecimentos por parte do professor, tal dimensão formativa
confronta a realidade de que pouco se ensina na formação universitária sobre como
e quando intervir (RODRIGUES; BOER, 2019). Com base nisso, e devido ao fato de
que cada vez mais as crianças são levadas desde cedo ao cuidado dos professores
nas escolas, há educadores que compactuam com a seguinte perspectiva
educacional: que ao educador cabe a missão de observar as práticas das crianças, a
fim de desenvolver a interpretação das mensagens que são ditas mesmo que palavra
alguma seja verbalizada. Nesse sentido, a prática docente levaria em consideração
os saberes do público infantil observados durante os momentos de interação e
brincadeiras (RODRIGUES; BOER, 2019).
Já nos ensinos fundamental e médio, a prática docente recebe contornos de
formação letrada e pautada nos ditames das diretrizes educacionais vigentes
(BRASIL, 2013). Nesse interim, o aluno é formado para ser um cidadão capaz de atuar
na sociedade, e os finais da educação básica deveriam permiti-lo alcançar, caso
almeje, a formação de nível superior. No Brasil, há vários alunos que ficam pelo
caminho (LEBLANCK; SILVA, 2019), mas a grande maioria termina a escolarização,
mesmo que o letramento tenha sido alcançado em contraposição ao precário
aproveitamento escolar (INSTITUTO PAULO MONTENEGRO, 2016).
A prática docente no ensino superior perpassa atividades de ensino, pesquisa
e extensão universitária. É interessante observar que, durante muito tempo, a
formação universitária foi restrita a uma parcela da população. Em contrapartida, a
esse passado recente, cabe destacar que possibilitar apenas o acesso à universidade
não resolve o problema de analfabetismo funcional e precariedade da escolarização
no País, uma vez que tal dilema encontra eco nos cursos de formação de professores
(LEBLANCK; SILVA, 2019).
Formados por um sistema educacional ineficiente, pressupondo o domínio do
conteúdo a ser aprendido, os professores ensinam visando ao retorno financeiro.
Aqueles conscientes das suas limitações e de que precisam se educar aparentam
conhecer um pouco mais da realidade educacional brasileira, ao passo que a grande
maioria deixa-se ludibriar por ela. Nossa “pátria educadora” estaria de fato educando
os filhos seus? Outra indagação pertinente seria esta: será que de fato caberia a ela
tal missão?
Desse modo, pode-se verificar que a prática docente perpassa desde os anos
iniciais até o ensino superior. Cabe destacar que, independentemente da área de
atuação profissional e formação inicial, o professor precisa de uma formação
acadêmica que contribua para a sua intervenção profissional.