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Artigo Sobre A Análise Do Livro Didático.

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DIÁLOGO INTER-RELIGIOSO: ANÁLISE DO LIVRO DIDÁTICO DE ENSINO

RELIGIOSO PARA ALUNOS DO 4 º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL

Bruna Layla Veiga Sousa


Haíssa Ramos dos Santos
Lucas Ribeiro da Gama

RESUMO.
Este artigo tem como objetivo verificar a organização dos conteúdos apresentados em um
livro base de ensino religioso do 4º ano do ensino fundamental. Através de uma análise
detalhada sobre cada um dos tópicos que são apresentados durante a leitura do mesmo se
propõe uma observação critica acerca das temáticas que são apresentadas, tais quanto a
escolha das ilustrações, a organização dos textos auxiliares, as atividades que são requisitadas
e as representações sociais e culturais diante os objetivos que são levantados no livro.
Reiterando o completo direcionamento de um estudo de ensino religioso sem qualquer ligação
com conceitos proselitistas, e com uma didática muito mais dialógica, interativa e respeitosa.
Palavras chaves: Tradições. Pluralidade. Cultura. Diálogo.
1. INTRODUÇÃO
O livro que deu a base para que este artigo fosse construído é parte de uma
coletânea de cinco livros intitulados Diálogo Inter-religioso, que compõem as cinco
primeiras séries do ensino fundamental I. Cada volume dessa coleção possui três módulos que
são estruturados em 3 capítulos diferentes para cada módulo.
O livro, Diálogo inter-religioso 4, que contempla a área de conhecimento do
ensino religioso foi publicado pela editora FTD no ano de 2017 em São Paulo, e é o quarto
volume da coleção Diálogo Inter-religioso que foi escrita e organizada pela autora Heloisa
Silva de Carvalho, e pelo autor Jorge Silvino da Cunha Neto. Heloisa Silva de Carvalho é
pedagoga com especialização em Ensino Religioso pela pontifícia Universidade Católica de
São Paulo ( PUC-SP ) e Mestra em Bíblico Verbo. É autora de livros didáticos e paradidáticos
de Ensino Religioso, também atua como professora, coordenadora e formadora de
professores, assim como ministra cursos para educadores e para agentes da pastoral na área
bíblica. E Jorge Silvino da Cunha Neto é graduado em Filosofia e pedagogia, pós-graduado
em Currículo e Prática Educacional pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro
( PUC-RJ ) e Mestre em Ciência da Religião pela Pontifícia Universidade Católica em São
Paulo ( PUC-SP ). É professor de ensino religioso, de filosofia e de história no Ensino
Fundamental, Médio e Superior em São Paulo, e desenvolve projetos sociais com
adolescentes e também dá orientações de projetos de vida.
Tendo visão sobre a formação dos autores dessa coletânea, é de suma importância
que tais profissionais tenham formação adequada na área de conhecimento do Ensino
Religioso, para que assim possam abranger com bem mais amplitude todas as formas de
tradições e conceitos religiosos que regem grande parte do território Brasileiro, e que
consequentemente influenciam grande partes dos mesmos com seus ritos, crenças e festas.
Assim, se faz necessário que assim como os autores desse livro, os profissionais de ER
tenham formação especifica nesta área de conhecimentos, para que assim possam explorar de
forma respeitosa e compreensiva, todas as diferentes visões de mundo, assim como os
diversos valores, fundamentos e costumes que regem as várias religiões que habitam no
território nacional, sempre com um olhar de reflexão sobre tais crenças, e com uma visão
pautada e direcionada para uma didática interdisciplinar e intercultural, seguindo o que consta
no Art. 33 da LDB.
2. CONTEÚDO
Este capitulo é voltado para a análise dos conteúdos apresentados no 4 livro desta
coletânea, com o intuito de observar se as temáticas apresentadas nos textos bases se ligam
com os objetivos que o próprio livro quer alcançar, e se os assuntos estão diretamente ligados
com a área de conhecimento na qual ele está se assentando.
Iniciando com a organização dos conteúdos deste volume, a um total de 3
conteúdos divididos pelo livro. O primeiro, conteúdos factuais e conteúdos conceituais, se
direciona para os fundamentos das diversas formas de religiões e crenças apresentadas, na
perspectiva de comtemplar as suas teologias, culturas, tradições e suas relações com a ciência,
e é aprofundado no primeiro módulo do livro: Um tesouro a descobrir. Já o segundo,
Conteúdos procedimentais, se direciona na organização dos trabalhos pedagógicos pautados
nas várias áreas de sua exploração como a música, os filmes, a pintura, as lendas, as parlendas
e as histórias. Esse conteúdo tem como enfoque enfatizar o pensamento reflexivo das crianças
e os seus conhecimentos específicos que são resultantes das suas próprias experiências
pessoais, e que de forma sistemática traz a interdisciplinaridade como o meio de direcionar a
exploração de tais de tais pluralidades de pensamentos, crenças e tradições, visando abranger
todas elas de forma organizada e respeitosa com as problematizações que cada um traz, o que
é aprofundado com mais força no segundo módulo do livro: Igualdade na diferença. E o
terceiro conteúdo, conteúdos atitudinais, se prende na construção de trabalhos cooperativos e
de criações coletivas entre os alunos por meio do diálogo, para que tais atitudes fomentem o
respeito e a interatividade entre eles. Sendo assim, esse conteúdo se liga com os objetivos
apresentados nos dois conteúdos anteriores, de forma que ele os faça serem colocados na
prática em sala de aula, o que é abordado com bem mais abrangência no 3 módulo do livro:
amar o próximo como a si mesmo.
Em relação a quantidade de capítulos que o livro apresenta em seus três módulos,
cada módulo possui três capítulos, o que resulta em um total de nove capítulos pelo livro. Já
em relação ao número de subcapítulos, cada módulo retém 15 subcapítulos que são
espalhados em uma divisão de 15 para 3, o que resulta em 5 subcapítulos para cada 1 capitulo
de cada módulo do livro, totalizando 45 subcapítulos divididos pelo livro.
Entrando no ponto das temáticas apresentadas pelos capítulos e subcapítulos do
livro é necessário ressaltar que diferente dos temas dos capítulos do livro, as temáticas dos
subcapítulos estão organizadas de forma que todas acompanham certo desenvolvimento por
parte do que cada uma apresenta primeiro, o que segue um padrão de repetição entre todos os
subcapítulos, modificando apenas o enfoque em que cada um deles irá se pautar naquele
respectivo capitulo em que está sendo apresentado.
Sendo assim, os capítulos apresentados no primeiro módulo do livro são: a beleza
da diversidade das tradições religiosas, a pluralidade religiosa em meu estado, e mitos, lendas
e narrativas sagradas. O que segue o padrão de repetição por parte dos subcapítulos que a
compõem, modificando apenas o enfoque em que cada um irá se voltar. O que dessa forma,
seguindo a divisão de 15 para 5, cada subcapitulo desse módulo se apresenta na seguinte
ordem: capitulo 1: construindo saberes: conheça os personagens, Arte que encanta: Babel, de
Cildo Meireles, Os povos e o sagrado: diversidade cultural – Cristianismo, Outros olhares:
Dados do IBGE sobre diversidade religiosa, E teia do conhecimento. Capitulo 2: Construindo
saberes: Procissões e peregrinações, Arte que encanta: Uma funerária marajoara, Os povos e o
sagrado: Texto sagrado mulçumano, Outros olhares: Revolta dos Malês, e Teia do
conhecimento. E no capitulo 3: Construindo saberes: Líderes religiosos, Arte que encanta:
Bumba Meu Boi, de Orlando Fuzinelli, Os povos e o sagrado: O coelho e a Lua, Outros
olhares: Mito de criação indígena, e Teia do conhecimento.
Em relação aos capítulos apresentados no segundo módulo do livro, são eles:
Rezar e festejar juntos, Muitos instrumentos: uma única sinfonia, e A beleza da diversidade. O
que da mesma forma traz a mesma organização de subcapítulos do módulo anterior em seus
três capítulos referentes, fazendo com que a ordem dos mesmos se siga no seguinte modelo:
capitulo 1: Construindo saberes: Celebrações e festas religiosas, Arte que encanta: A chegada
do Divino, de Wilma Ramos, Os povos e o sagrado: Mito da tradição africana, Outros
olhares: Celebração da tradição islâmica, Teia do conhecimento. Capitulo 2: Construindo
saberes: Símbolos sagrados, Arte que encanta: Maracá, Os povos e o sagrado: Sonho de jacó –
Cristianismo e Judaísmo, Outros olhares: Depoimento de menina indígena, e Teia do
conhecimento. E no capitulo 3: Construindo saberes: A fé por meio de manifestações
artísticas, Arte que encanta: Manto tupinambá, Os povos e o sagrado: A música na tradição
judaica, Outros olhares: Samba de roda, e teia do conhecimento.
E finalizando com as temáticas dos capítulos do módulo 3, tais capítulos se
dividem em: Regra de ouro, Cuidando da vida, e Fé na dia. O que novamente traz a mesma
ordem de subcapítulos em seu meio, modificando apenas o enfoque no qual será trabalhado
entre eles. Sendo assim, os subcapítulos do 3 módulo são: capítulo 1: Construindo saberes:
Respeito à diversidade religiosa, Arte que encanta: O sermão da Montanha, de James Tissot,
Os povos e o sagrado: A regra de ouro nas tradições religiosas, Outros olhares: Inter-
religiosidade na olímpiada de 2016, e Teia do conhecimento. Capitulo 2: Construindo saberes:
Tradições religiosa e o cuidado com a natureza, Arte que encanta: Igreja São Francisco de
Assis da Pampulha, Os povos e o Sagrado: Cântico do irmão Sol, São Francisco de Assis,
Outros olhares: Judaísmo e o meio ambiente, e Teia do conhecimento. E o capitulo 3:
Construindo saberes: Vida em comunidade e religião, Arte que encanta: Meninos brincando,
de Candido Portinari, Os povos e o sagrado: Tradição religiosa hinduísta, Outros olhares:
Declaração Fé no Clima, e Teia do conhecimento.
Finalizado as temáticas dos capítulos e subcapítulos, entra-se na questão dos
textos complementares que aparecem no livro como forma de dar mais embasamento aos
assuntos que foram trabalhados durante a leitura dos capítulos e consequentemente durante a
execução dos mesmos na sala de aula. Dessa forma, além dos vários textos que se ligam
diretamente a temática que foi apresentada no subcapítulo referente ( como o texto sobre os
dados do IBGE no final da página 10, o texto sobre o mito da criação humana no final na
página 30, ou o texto do dia da Bíblia no final da página 37 ) também existe os subcapítulos
que aparecem no final de cada módulo, e que servem como meios de complementar os
assuntos que são tratados durante os módulos do livro. Sendo assim, no final do módulo 1, na
página 32, a um subcapitulo intitulado Para Ler, que indica para o aluno um livro chamado
Lendas e mitos dos índios Brasileiros, que dá mais embasamento para os assuntos que
foram trabalhados no seguinte módulo. Da mesma forma que no final da página 64 do módulo
2 a um subcapítulo intitulado Para assistir, que indica um DVD com o título Palavra Cantada.
Show Canções do Brasil, que reúne canções que são interpretadas por crianças das quatro
partes do Brasil, trazendo os seus ritmos e as suas pluralidades individuais de cada região. O
que também é feito na página 96 do módulo 3, onde o subcapítulo Para Acessar indica um
site onde é possível acessar o portal da Câmara dos deputados para as crianças, de forma a
trazer informações, jogos e atividades voltadas para a cidadania, direitos sociais e política.
Adiante as analise sobre os conteúdos do livro, é possível observar que mesmo
com alguns pontos onde os textos acabam sendo demasiadamente complexos, ainda é possível
afirmar que o livro traz uma linguagem clara para o entendimento dos alunos através da boa
utilização das cores dos textos, enquadramento das imagens, assim como a qualidade e
classificação das ilustrações ( personagens ) utilizados, o que faz com que a linguagem não
seja apenas clara, mais que também dê mais embasamento para a organização no qual os
assuntos estão divididos em cada módulo, e que consequentemente trazem certa coerência
entre cada capítulo e subcapítulo apresentado no livro, e que eventualmente são retornados
através dos questionamentos feitos pelos próprios personagens do livro como forma de
reflexão, o que torna boa parte do conteúdo do livro bastante atrativa para aqueles que estão o
lendo.
Quanto aos conteúdos abordados durante o desenvolvimento do livro, é
importante ressaltar o compromisso que o mesmo tem em trazer os aspectos da diversidade,
da religião e da alteridade em seus capítulos e subcapítulos, sempre enfatizando as questões
de respeito e empatia pela cultura e crença do outro. O que faz com que o livro nãos seja
apenas condizente com a área de conhecimento da disciplina de Ensino Religioso, como
também explore conceitos de interdisciplinaridade de forma didática e organizada, sem papear
em nenhum modo de cunho proselitista ou unilateralmente dogmático.
Na questão dos conteúdos estarem acessíveis para o entendimento da faixa etária
na qual ele se dispõe a trabalhar, não é possível afirmar com toda a precisão que ele cumpre
isso com maestria, já que há vários momentos onde o livro dispõe de textos que são
demasiadamente informativos para as crianças ( como o texto complementar do IBGE ) e que
eventualmente podem confundir demais o entendimento dos alunos que estão o lendo. Mais
ainda assim ele cumpre com boa parte desse ponto, enfatizando a linguagem clara e simples
de grande parte dos textos, assim como a boa utilização das cores em cada texto e a utilização
das várias imagens e ilustrações que compõem os vários subcapítulos do mesmo. Esse ponto é
ainda mais perceptível quando observado a forma com que os conteúdos são abordados no
livro, de forma que após o sumário de cada módulo é apresentado uma ilustração de página
inteira que não apenas inicia os assuntos que serão trabalhados a partir dali, como também
direcionam o aluno para o que ele vai estudar em cada um dos capítulos seguintes, de forma
que cada capítulo traga uma ilustração de página inteira antes de começar a abordar os
assuntos do seu tópico. E isso é aprofundado em cada um dos subcapítulos já que a ordem de
cada um organiza didaticamente a forma com que os conteúdos daquele capítulo irão ser
trabalhados naquele momento.
No aspecto da memorização do aluno, o subcapítulo Teia do conhecimento traz
uma bela revisão do que foi abordado nos subcapítulos anteriores através do diálogo interno
dos próprios personagens em relação ao que foi trabalhado anteriormente, o que
didaticamente faz com que o aluno tenha uma revisão do que ele estudou naquele capitulo
através de uma conversa com os próprios personagens do livro, que podem ser de aspecto
tanto de observador como de participante, já que se o aluno tiver uma experiência que de
algum modo se relacione com o que foi tratado ou com o que está sendo tratado pelo diálogo
dos personagens, ele também vai poder interagir diretamente com o que eles estão abordando
na conversa e talvez até a use para interagir com os próprios colegas de sala diante as
discussões que podem ser levantadas acerca do assunto.
Entrando no quesito da reflexão, o livro aborda demasiadamente esse ponto diante
as ilustrações utilizadas em vários momentos específicos do mesmo, tais quais como os textos
que são apresentados, assim como as atividades que são requisitadas após os termino de cada
assunto. Já em relação a capacidade crítica, não se tem tantas formas de afirmar que o livro se
foca inteiramente na crítica daqueles que o leem, pois, além de dar vários modos de instigar a
diversidade e a interculturalidade entre as diversas formas de crenças apresentadas, também é
utilizado abordagens que favorecem muito mais a percepção de curiosidade sobre o assunto
que está sendo tratado, do que a provocação sobre uma visão mais crítica sobre o mesmo.
No contexto da problematização de conceitos, o livro tem uma dualidade em
algumas vezes problematiza-los e em outras apenas apresenta-los, pois, o livro não tem a
preocupação de trazer os assuntos de forma sistematicamente problemática ao ponto de que os
mesmos se tornem fontes de pensamentos críticos sobre o que está sendo tratado. Mais ainda
assim, consegue em alguns subcapítulos, trazer certas problematizações acerca do conteúdo
que está sendo trabalhado, fomentando a história ou exemplos de histórias/ relatos que foram
importantes para que o que quer esteja sendo tratado se tornasse o que é hoje. Assim, além de
trazer certas problematizações em alguns momentos, o livro também tem uma preocupação
em trazer certas problemáticas da atualidade para compor a sua bagagem de informações, tais
quais como o respeito a diversidade de crenças, o cuidado com a natureza, e a inter-
religiosidade em campos fora do seu estudo direto, como nas olímpiadas de 2016, como é
abordado no módulo três.
Com relação a estimulação de atitudes e valores, o livro se utiliza de diversos
diálogos que são feitos pelos próprios personagens do livro uns com os outros e que acaba
fomentando ainda mais os conceitos que foram apresentados nos temas anteriores, de forma
que os leitores possam enxergar de forma pratica como um “ praticante” ou representante
daquela determinada cultura agiria diante certa situação em que estivesse inserido, e como
uma pessoa que não fosse daquela cultura deveria ou poderia agira com o mesmo nessa
situação. O que de certa forma, faz com que o desenvolvimento desses dois pontos seja
trabalhado no desenvolvimento dos assuntos do livro.
Já na ideia de estimular os conhecimentos prévios dos alunos, o livro se utiliza de
conhecimentos de história, em outros de campos específicos da arte, em outros até mesmo
conhecimentos regionais sobre tradições religiosas de determinadas regiões do Brasil, o que
estimula certa articulação para que os alunos consigam usar os conhecimentos que já possuem
para entender melhor o que está sendo apresentado, como também serve como ponto de
lembrança para que certas informações possam ser novamente ativadas nas suas cabeças
diante o esquecimento deles sobre as mesmas.
E em relação ao glossário, o livro não dispõe de um especifico para os alunos. O
que existe é um sumário onde os autores do livro vão apresentando orientações sobre o ensino
religioso, sobre a organização de cada módulo, capitulo e subcapitulo, e sobre alguns
conceitos gerais que são abordados na área de conhecimento sobre o ensino religioso. O mais
próximo que o livro chega a um glossário é quando os autores dão orientações gerais sobre o
ensino religioso, onde eles discorrem compactamente sobre várias vertentes religiosas, como
o budismo, o candomblé, o budismo, o cristianismo, o islamismo, o judaísmo e as religiões
indígenas, assim como um pouco do ateísmo. Entretanto, essas explicações são apresentadas
em um capitulo exclusivo para os profissionais do ensino religioso, o que não seria utilizado
diretamente para o aprendizado dos alunos.

3. APRESENTAÇÃO GRÁFICA
Este capitulo é voltado para a análise das ilustrações que são apresentadas no
livro, com o intuito de verificar se elas estão relacionadas com as temáticas abordadas nos
módulos do livro, assim como se elas trazem mais peso para as discussões e problemáticas
que são apresentadas em cada capitulo e subcapítulo do mesmo.
Desse modo, inicia-se a análise desse capitulo se voltando para a qualidade das
ilustrações utilizadas no livro, que, além de serem feitas todas inteiramente voltadas para os
conteúdos que serão abordadas durante o desenvolvimento do livro, também há em todas elas
um certo cuidado de transparecer a ideia contínua de diversidade e alteridade, principalmente
por parte das ilustrações dos personagens que aparecem no livro como agentes de
entendimento e de reflexão dos conteúdos que são abordados nos capítulos. O que de certa
forma, enfatiza ainda mais os objetivos dos conteúdos que são abordados no livro, como
também realça as diversas formas de expressão e de crenças que são desenvolvidas nos 3
módulos, seja através das ilustrações bem desenhadas que facilitam o entendimento de quem
as vê, como pela qualidade das imagens que são utilizadas no mesmo como forma de
exemplificar de forma visível o assunto que está sendo tratado.
Quanto a pertinência das ilustrações do livro, é indescritivelmente importante
ressaltar que as ilustrações que compõem o livro são baseadas em uma espécie de sala de aula
dentro do próprio livro, em que cada personagem ( ilustração ) se apresenta logo no começo
do livro, de forma que além de cada um dizer o seu próprio nome, cada um também explica
de onde veio e de que determinado grupo ou cultura faz parte, o que dá força para cada umas
das suas aparições em determinados subcapítulos do livro, onde cada um discorre sobre o
assunto que está sendo tratado através das suas próprias experiências culturais. De uma forma
bastante didática e interessante, os personagens que aparecem no livro acabam sendo alunos
dos próprios conteúdos que são abordados no mesmo, o que acaba fazendo com que o leitor
do livro também seja um colega de turma dos mesmos e um estudante dos mesmos conteúdos
que estão sendo apresentados e desenvolvidos por eles.
E como já foi analisado antes, as ilustrações que compõem o livro não estão
apenas relacionadas com os conteúdos que estão sendo desenvolvidos como também utilizam
da própria origem que cada um traz consigo para movimentar ainda mais o desenvolvimento
do assunto que está sendo tratado nos subcapítulos específicos. Pois, por cada um dos
personagens trazer consigo a sua própria bagagem de experiências e de culturas, as mesmas
acabam ilustrando o próprio cenário que poderia ser vivido em sala de aula pelo profissional
de Ensino Religioso com os seus alunos, o que faz com que os personagens do livro se tornem
plenos agentes do transito de aprendizagens diante a forma com que cada um trata de entender
o assunto que está sendo desenvolvido nos capítulos referentes, através das suas próprias
bagagens de conhecimentos e de experiências advindas da cultura em que fazem parte. O que
de forma bastante didática também é utilizado pelas imagens que são colocadas para que seja
possível visualizar um exemplo prático sobre o que está sendo tratado naquele determinado
subcapítulo.
E em relação a quantidade de ilustrações utilizadas no livro, poucas são as páginas
onde nenhum dos personagens aparecem para fazer a sua própria contribuição acerca do que
está sendo trabalhado. Mais ainda assim, há uma boa divisão de imagens por todos os
capítulos do livro, o que facilita o entendimento do aluno que irá lê-lo diante as várias
representações gráficas que o mesmo apresenta para si para ilustrar melhor o que o conteúdo
daquele capitulo quer transmitir para ele. Assim, além de utilizar de poucos textos longos e de
linguagens muito complexas e de difícil entendimentos, as várias ilustrações espalhadas por
todos capítulos do livro também auxiliam ainda mais no entendimento mais natural do aluno
que está a lendo, como também auxilia o mesmo na revisão do assunto que ele não entendeu
através das próprias representações dos personagens que são utilizados no livro, assim como
nos diálogos que os mesmos apresentam uns com os outros, e que inevitavelmente acabam
sendo diálogos que o próprio leitor acaba interagindo com os personagens que estão na
conversa.
4. ATIVIDADES
Segundo o glossário da Ceale, as atividades didáticas auxiliam na organização do
trabalho dos professores e servem de mediação entre alunos e o objeto de conhecimento, e
tendo em vista esses pontos que consideramos relevante analisar este tópico no livro.
As atividades tem como objetivo exercitar e fixar os conhecimentos entre os
alunos, servindo muitas vezes como forma de avaliação. Portanto, é um tópico que merece
bastante atenção ao ser elaborado. Entre os componentes que irá se analisar se sobressaem a
equiparação entre os conteúdos e atividades e a equivalência das atividades ao nível que se
destina. As atividades do livro estão muito condizentes aos assuntos abordados no mesmo e
ao nível a qual se destinam. Apresentam uma fácil compreensão com perguntas de fácil
assimilação respeitando o grau de compreensão dos alunos dessa faixa etária. As atividades
respeitam bastante os requisitos propostos em legislação destinados aos alunos do ensino
fundamental, aprimoram os conhecimentos e habilidades adquiridos na área de linguagem,
dando ênfase na leitura de diferentes textos e aprimorando a escrita e a comunicação. Essas
entre outras são as habilidades que as atividades despertam nos alunos.
Outro ponto positivo e relevante no livro é a forma em que as atividades se
relacionam com os conteúdos do mesmo. Todo assunto é bem explorado com questões
elucidativas que servem de base ao professor para saber o grau de afinidade dos alunos com o
tema. As atividades são envolventes e facilitam a retenção de conhecimentos.
O trabalho em equipe é uma forma de trabalho que não pode deixar de ser
explorada nas atividades em sala de aula pois contribui para vários aspectos da aprendizagem
dos alunos desde aprender a socializar com o outro, aprender com o diferente e a ser uma
pessoa menos individualista, aprendizagens estas primordiais para se conviver no dia a dia
fora da sala. As atividades do livro cumprem bem este requisito pois a cada capítulo existem
ao menos duas com esse feitio. Um exemplo disto é a atividade disposta na página 10 do livro
que pede para que os alunos façam uma pesquisa em grupo sobre os povos presentes no
estado, conforme a imagem abaixo:
Imagem 1: trecho de uma atividade da página 10 do livro diálogo inter-religioso, Volume 4. Extraído do livro:
Diálogo inter-religioso, Vol. 4

Outro ponto bastante interessante no livro, é a maneira como as atividades


estimulam a reflexão dos alunos, como os próprios temas e questões que os levam a refletir
sobre o sim e sobre o outro. Como por exemplo na atividade da página 5, onde os alunos são
levados a refletirem sobre a igualdade entre os seres humanos, como mostra a imagem abaixo:

Imagem 2: trecho da uma atividade da página 5 do livro Diálogo Inter-religioso, Volume 4 . Extraído do livro:
Diálogo Inter-religioso, Vol. 4

Os conteúdos do livro por serem bastante atuais e de cunho social contribuem


muito para instigar essa reflexão no aluno. A partir disto podemos incrementar que todo esse
processo de reflexão nos alunos os levam a produzir valores e atitudes éticas pois aprendem a
respeitar a si, o outro e o meio ambiente. Assuntos a respeito da diversidade e da
conscientização do com o meio ambiente contribuem muito com isso.
Em síntese, podemos dizer que as atividades do livro foram bem elaboradas,
estando condizente com a faixa etária ao grupo ao qual se destina, respeitando a capacidade
de entendimento dos alunos e colaborando para a formação de valores e atitudes éticas para
uma boa convivência em sociedade e principalmente respeito ao próximo.

5. RESPRESENTAÇÕES SOCIAIS SOBRE A POPULAÇÃO AFRO-BRASILEIRA E


INDÍGENAS E SOBRE GÊNERO NO LIVRO
A representação social é um componente fundamental na elaboração dos livros
didáticos pois é através dela que a criança chega ao processo de identificação e auto aceitação,
reconhecendo a si e ao outro, o diferente. E esse componente é um item bem contemplado no
livro nas suas diversas maneiras, seja nos assuntos, nos personagens e até mesmo nas
atividades já que são um conjunto é tem uma estreita relação um com o outro. O primeiro
capítulo do livro aborda o tema diversidade e tenta mostrar isso nas várias regiões do mundo,
na sala de aula e dentro de casa, no seio familiar. Além disto, no mesmo capítulo existe um
texto onde a professora apresenta a si e os alunos que aparecem em personagens apresentados
por suas diversidades étnicas e religiosas. Nesse aspecto, podemos perceber que o livro cobre
bem o quesito representação social, principalmente por apresentar aos alunos, personagens
com características pertencentes aos grupos minoritários, como os afro-brasileiro, indígenas,
mulheres e deficientes físicos, grupos que já sofreram e sofrem uma carência grande de
representações sociais positivas. Toda essa representação é importante para a formação de
uma boa índole da criança, para que ela se respeite e respeite o seu próximo. O livro faz
referência a diversas etnias, a branca, negra, indígena, parda e amarela e essa questão é
abordada principalmente com os personagens do livro como mencionando anteriormente, o
texto os trata igualitariamente sem direcionar privilégios a uma determinada etnia ou gênero,
isso os ajuda a entender que devem agir da mesma forma, tratando com respeito o outro
mesmo que ele seja diferente.
É importante que nas ilustrações dos povos afro suas características sejam
apresentadas de forma positiva já que ao longo da história suas características foram
relacionadas a algo ruim. Isso é demostrado na imagem abaixo:

Imagem 3: ilustração da personagem Sofia em um dos seus diálogos no livro. Extraído do livro: Diálogo Inter-
religioso, Vol. 4

Esse aspecto positivo aparece bem delineado nos personagens de Sofia e Akins
que possuem ancestralidade africana e aparecem no texto como personagens abertos ao
diálogo e que acrescentam informações importantes ao livro. Como vemos na imagem acima
com a personagem Sofia falando um pouco a respeito da diversidade das tradições religiosas,
e na imagem abaixo com o personagem Akins falando um pouco sobre sua religião:
Imagem 4: ilustração do personagem Akins explicando um pouco sobre a sua tradição. Extraído do livro:
Diálogo Inter-religioso, Vol. 4

De um modo geral, concluímos que as representações sociais foram colocadas no


livro de maneira bem assertiva, demonstrando a pluralidade e principalmente a formação
diversa da população brasileira sem suscitar algum tipo de preconceito discriminatório em
relação a gênero, etnia ou religião.

6. CONSIDERAÇÕES ACERCA DAS ANÁLISES DO LIVRO


Antes de desenvolver as considerações acerca do que foi avaliado durante as
análises deste livro, cabe-se ser importante salientar que este capitulo é direcionado para as
análises críticas de um membro especifico do grupo responsável por avaliar o livro que está
sendo trabalhado, tendo em vista que muitas das questões que serão abordadas aqui não
seriam consideradas por todos os membros do mesmo como objetos de analise ou de críticas
contundentes. O que delimita este capitulo para a análise especifica das questões apresentadas
no livro pela visão de um único avaliador do mesmo.
Dessa forma, destaca-se inicialmente alguns pontos importantes do montante
de informações que foram apresentadas no decorrer das páginas que compõem este volume
que está sendo trabalhado, e que de certa forma se mostraram como pontos positivos da
composição do mesmo. Sendo assim, além da preocupação dos autores com a organização dos
conteúdos que iriam ser abordados, a sistematização dos capítulos e subcapítulos de cada
módulo, assim como o cuidado com as representações de cada um dos personagens que
compõem o livro em conjunto com todas as temáticas da atualidade que englobam conceitos
de pluralidade, cultura e diversidade, o livro também dispõe de vários meios de associar a
tradição de cada um dos personagens que transita pelo livro com o conteúdo que está sendo
abordado no mesmo, o que torna o próprio livro a sala de aula desses personagens, e
consequentemente traz o aluno que está o lendo para dentro dela. Assim, fazendo com que o
livro didático em questão não seja apenas um instrumento de direcionamento para os alunos e
para os professores, como também seja o próprio meio no qual eles podem transitar por ele,
tanto como forma de caminho para o aprendizado de conceitos que são longínquos para
muitos, como forma de realçar os conteúdos que já foram desenvolvidos em sala, através de
exemplos práticos de experiências que os próprios personagens do mesmo trazem consigo em
suas diversas tradições culturais e religiosas.
Entretanto, é necessário ressaltar nesta analise algumas considerações críticas a
respeito dos pontos que foram avaliados, pois se faz suavemente latente em alguns espaços do
livro determinados problemas que são pertinentes a serem evidenciados aqui.
Sendo assim, pontua-se o primeiro problema que é levemente oscilante no
desenvolvimento do livro, que é a sua desconformidade com a própria temática que se propõe
a apresentar, tendo em vista que, para um livro didático que possui em seu âmago o título
Diálogo Inter-Religioso, onde engloba dois conceitos extremamente abrangentes e
acolhedores com o que está a sua volta, é no mínimo estranho perceber que os personagens
que compõem os conteúdos do mesmo tenham uma linha de tradições religiosas tão gerais uns
com os outros, já que conceitos como Ritos, Mitos e Símbolos aparecem de forma tão bem
detalhada na tradição de cada um dos personagens que compõem o percurso do livro. O que
de certa forma deixa claro a inclinação dos autores em abranger em seu livro as vertentes
religiosas que possuam mais meios de trabalhar de forma bem mais “ pratica” esses conceitos
umas com as outras, o que dá muito mais facilidade para que a palavra Diálogo seja
trabalhada no desenvolvimento dos módulos. O que de uma forma bem mascarada, acaba não
só separando determinadas vertentes religiosas como o Espiritismo e o Pentecostalismo, como
também acaba deixando claro o porquê dessas linhas religiosas não estarem nesse meio de
diálogo, já que com a dificuldade em determinar certos Ritos, Mitos e símbolos gerais dessas
duas vertentes religiosas, os autores se prendem em abordar as religiões que possuem meios
muito mais fáceis de serem trabalhados em diálogo umas com as outras, mesmo com muitas
delas sendo tradições extremamente longínquas para vários grupos sociais, como é o caso da
tradição Judaica e islâmica, e com outras que são muito mais próximas de vários grupos
sociais, como é o caso das vertentes Pentecostais, que não foram abordadas no decorrer do
livro.
Ainda preso na discrepância entre o objetivo que o título do livro propõe a
abordar com o que ele apresenta em seu interior, há um outro ponto se faz bastante incomodo
para a análise deste livro didático, que é a própria discordância que os personagens que o
compõem trazem consigo com os conceitos de Diálogo e inter-religiosidade, pois, tendo uma
personagem indígena, dois personagens de tradição afro-brasileira, uma personagem de
tradição japonesa, outro de tradição árabe, outro de tradição judaica e outro de tradição Cristã
( sendo esse aquele em que fica mais difícil determinar com precisão a vertente religiosa na
qual ele faz parte ), fica claro novamente uma inclinação dos autores em abranger bem mais
as tradições que são mais ligadas as classes mais inferiorizadas pela sociedade ( o que explica
a presença de dois personagens ligados a tradições afro-brasileiras ), como faz por seleção
uma separação das classes que devem mais aparecer nos diálogos que serão abordados nos
conteúdo do livro com aquelas que menos devem aparecer ou não aparecer nos diálogos. O
que saindo da discussão sobre classes Sociais, grupos minoritários, preconceitos territoriais e
marginalização de grupos, acaba sendo um meio de classificar novamente o que deve e o que
não deve aparecer no “ diálogo” que será trabalhado no progresso do livro, já que mesmo com
a boa intenção dos autores em dar mais ênfase para os grupos que são mais marginalizados na
estrutura social brasileira e mundial até nos dias atuais, ainda não supre a discordância com o
próprio objetivo que eles que propõem a alcançar, já que o Diálogo entre as várias tradições e
vertentes religiosas deveriam por lógica abranger as várias formas de pluralidade de crenças, e
não organiza-las de modo que seja mais “ harmonioso” para aqueles que as escolhem de
forma que abranja com bem mais força a inclinação com a qual eles estão voltados. Pois, além
de não haver nenhum personagem de vertente Espirita ou Pentecostal, assim como também
não haver nenhum personagem que não professa nenhuma religião ( como os próprios autores
fazem questão de acentuar sobre a questão do Ateísmo nas orientações gerais sobre o ensino
religioso ), é evidente perceber que há uma visão muito mais voltada para a ênfase nas
tradições de origem africana e afro-brasileira, que é expressado não somente pela dupla de
personagens que compõem a turma que está presente no livro, como também pela forma com
que os próprios personagens foram ilustrados no livro. Afinal, além de perceber que não há
nenhum personagem no livro que tenha uma coloração em sua pele limpidamente branca, é no
mínimo estranho visualizar que a criança que representa a crença cristã católica e que é
descendente de pai português e de mãe espanhola tenha uma coloração de pele bem mais
escurecida do que deveria pela lógica, além de possuir um traço tão afro-brasileiro como um
cabelo cacheado cheio.
Um outro ponto que se faz importante colocar nesta análise ( tendo em vista que
está é uma crítica especialmente colocada por uma única pessoa do grupo ) é a vontade
demasiada dos autores em colocar com que grande parte das atividades do livro tenham um
cunho de “ socialização” em sala, tendo em vista que em várias partes os conteúdos
apresentados não são apenas longínquos para várias camadas de alunos, como também
acabam se tornando trabalhos muito mais voltados para uma lógica de problema/solução, do
que para uma lógica de interatividade e compartilhamento de experiências entre os alunos.
Um exemplo disso é a atividade que é pedida na página 8 do livro no subcapitulo Arte que
encanta do capítulo 1 do primeiro módulo, onde é pedido para os alunos escrevam sobre a
relação entre o texto bíblico apresentado com a obra de Cildo Meireles apresentada na
imagem da página, e que eles comentem uns com os outros sobre o que responderam na
mesma. Tal atividade só consegue se fazer inteiramente plena em seu objetivo se os alunos
entenderem o texto, entenderem o que a imagem apresentada quer passar para eles,
conseguirem relacionar o significado das duas com a temática que está sendo abordada
naquela capitulo, e terem a desenvoltura de não somente conseguir escrever isso em palavras
minimamente condizentes umas com as outras, como também de terem a coragem e manejo
para apresentar isso para os seus colegas de turma, que inevitavelmente vão ter das mais
diversas reações a sua resposta.
Tal crítica não é levantada em relação a presença de atividades que englobem a
interatividade direta dos alunos uns com os outros, mais sim com a quantidade de atividades
que são pedidas nesse modelo de resposta, que além de causar certo desconforto por parte de
alguns alunos ( já que é no mínimo estranho acreditar que aulas interativas conseguem ser
atrativas e confortáveis para todos os alunos que estão nela ), também acabam criando um
ciclo progressivo de exaustão por parte de alguns alunos, já que, quando um livro didático
possui em seu âmago atividades já prontas onde você é obrigado a participar interativamente
da aula, isso inevitavelmente cria em uma parcela da sala um certo desconforto não somente
por já saber o que irá ter que fazer, como também por não ter uma dinâmica de pedir ou
passar aquela atividade em consequência do que foi ministrado pelo próprio professor em sala
de aula, ou pela própria interatividade que os alunos tiveram com o conteúdo que estava
sendo abordado na mesma. O que de uma forma lentamente silenciosa, acaba causando uma
reação de desinteresse do aluno não somente pelo que está sendo pedido como exercício sobre
o que ele estudou, como também pelo fato de que o livro acaba se tornando um manual que o
aluno precisa seguir para conseguir entender o que está sendo ministrado a aula, o que para
um livro com o título de Diálogo Inter-religioso, se faz no mínimo incoerente o próprio livro
ter uma dinâmica muito mais manual em suas atividades do que uma dinâmica mais aberta,
não somente para a interação dos alunos, como também para a própria desenvoltura do
profissional de ER na elucidação de exercícios baseados no ritmo da aula e na pluralidade de
inteligências e entendimentos dos alunos que a compõe.
E para finalizar este capitulo de analises críticas sobre o livro, um último ponto a
ser levantado nesta avaliação sobre o mesmo é a falta de um glossário especifico para os
alunos sobre os vários conceitos e palavras que aparecem no decorrer do mesmo. Pois, cabe-
se ressaltar que o livro retém uma espécie de glossário nas orientações gerais que os próprios
autores fazem para os profissionais de ER, mais que ainda sim são muito rasos na elucidação
de vários conceitos, assim como se limita apenas para os professores que estão lendo o livro.
O que de forma bastante frágil, faz com que muitos conceitos e palavras que são apresentados
no decorrer do livro não tenham uma tradução especifica sobre o significado do mesmo, assim
como deixe muitos outros conceitos que poderiam ser bem mais aproveitados a margem da
normalidade. Exemplos disso podem ser visualizados na própria fala do personagem Akins
quando ele explica que veio da etnia zulu. Outro exemplo é a história que a personagem Tainã
conta sobre a garotinha Guanamby. Ou a própria palavra Naif que o texto explica sobre na
página 28, mais que ainda sim está muito avulso diante a gama de informações que está sendo
trabalhada ali, da mesma forma que dificulta muito a procura do aluno que precisa achar ou se
lembrar do significado dessa palavra.
É importante salientar que muitos textos se comprometem a explicar vários
termos que são utilizados no discorrer de suas apresentações. Mais ainda sim os mesmos não
conseguem suprir a falta que o glossário faz na organização desses termos, tanto como forma
de facilitar a busca pelo significado dos mesmos por parte dos alunos, como para atiçar de
forma pratica e dinâmica entre eles, a curiosidade e o interesse dos mesmos sobre o contexto
em que aquelas estranhas palavras estão inseridas. O que daria muito mais ênfase para os
conteúdos que são abordados em cada capítulo do livro, como também ajudaria a enfatizar os
mesmos no entendimento dos alunos, não somente como campos de informações, mais como
campos de respostas para as informações que cada um busca ao se depararem com aquelas
palavras tão estranhas e longínquas para muitos que estão as enxergando.

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O livro que foi apresentado para os integrantes desse grupo é composto por uma
gama de conteúdos práticos e atuais, assim como uma boa representação de personagens que
até o período atual ainda sofrem com vários problemas de estigmatização em seus meios de
convivência, tais quais como temáticas e abordagens muito contemporâneas e pertinentes no
meio social brasileiro e mundial no qual estamos agora.
Tal documento que é uma continuação dos volumes anteriores trata não somente
de continuar a abordagem pratica que foi utilizada nos volumes anteriores, como também
tenta, da sua forma, abordar vários conceitos atuais como diversidade de crenças, pluralidade
de ideias, preocupação com a questão ambiental, assim como questões de convivência
harmoniosa e respeitosa com o outro, o que é representado pelos próprios personagens que
estão participando do livro. O que de certa forma traz um leque de informações, práticas e
abordagens extremamente didáticas e interessantes para que os profissionais de Ensino
Religioso, não somente do estado do Pará como também dos outros estados do território
nacional, possam se basear nele não apenas para direcionar como seria a sua metodologia de
explicação em sala de aula, mais também para organiza-la de forma pratica e harmoniosa com
todas as diferenças que estão presentes no âmbito da mesma, mesmo com as várias
pontuações que foram apresentadas acerca de alguns pontos de divergência da própria
proposta do livro com o que ele aborda em seu meio.
Sendo assim, o livro em que foi utilizado para esta analise se propõe como um
bom meio de base para os profissionais de Ensino Religioso que precisam de uma base para
fomentar o seu próprio livro didático, assim como também serve como um bom modelo para a
utilização de ilustrações participativas, assim como para a boa escolha de conteúdos e
temáticas a serem abordadas em uma turma de alunos do 4º ano do Ensino Fundamental I,
visando não somente a apreciação dos conteúdos apresentados, como a preocupação com a
forma e o meio com que esses conteúdos serão abordado tanto no livro como em sala de aula,
com a organização do professor em sua explicação e didática sobre os mesmos.

8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
SILVA, Heloisa. SILVINO, Jorge. Diálogo Inter-religioso, Vol. 4. São Paulo: Editora FTD,
2017.

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